Saberes populares e políticas sociais na universidade
1. COLEÇÃO GRANDES TEMAS
(PROGRAMA CONEXÕES DE SABERES)
“PRÁTICAS E SABERES
POPULARES: INTERAÇÕES COM
DIFERENTES ESPAÇOS”
ORGANIZAÇÃO: Jorge Luiz Barbosa, Jailson
de Souza e Silva, Ana Inês Sousa. 2010.
2. * OS TEMAS QUE NORTEARAM A PRODUÇÃO DOS ARTIGOS FORAM
SUGERIDOS PELOS COORDENADORES E BOLSISTAS DO PROGRAMA
CONEXÕES DE SABERES NAS UNIVERSIDADES. AOS
COORDENADORES COUBE A RESPONSABILIDADE PELA FORMAÇÃO
TEORICO-METODOLÓGICA DOS AUTORES E ACOMPANHAMENTO AO
TRABALHO DE PESQUISA E REDAÇÃO;
* BUSCAVA-SE UM TRATAMENTO INOVADOR PARA QUESTÕES
FUNDAMENTAIS NA CONSTRUÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA,
QUE RECONHEÇA E LEGITIME A DIFERENÇA, ESTABELEÇA
VÍNCULOS ABRANGENTES E EFETIVAMENTE DURADOUROS COM OS
MORADORES DOS ESPAÇOS POPULARES E, SOBRE TUDO, ESTEJA
MAIS ABERTA PARA A PRODUÇÃO DE POLÍTICAS VOLTADAS PARA O
INTERESSE DA MAIORIA DA POPULAÇÃO, EM PARTICULAR DAS
JUVENTUDES.
3. * ESTE LIVRO É DIVIDIDO EM DOIS EIXOS:1) AS
POLÍTICAS SOCIAIS E AÇÕES DAS COMUNIDADES; E 2)
CULTURA E IDENTIDADE NAS COMUNIDADES POPULARES.
Eixo 1:
A) “Conexões com a realidade: os desafios para uma
mudança sócio-educativa e para a formação eco-
política nas comunidades populares”
O trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto de
extensão do Programa Conexões de Saberes da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e sua parceria
com o programa Escola Aberta. Trabalhou a temática
educação ambiental;
Utilização de oficinas com a temática de Direitos
Humanos e Leituração foram algumas das estratégias
metodológicas para o desenvolvimento dos debates.
4. B) As políticas sociais nas comunidades e ações da
Universidade [ educação, saúde, meio ambiente,
trabalho e geração de renda, segurança]
Este estudo dedicou-se a levantar as atividades e ações que
voltam ao público externo, muitas vezes especificados
enquanto grupos vulneráveis tais como definidos nos
programas de Direitos Humanos, com objetivos também de
promoção de justiça social, considerada enquanto
distribuição mais equitativa de bens, valores e serviços;
Utilizou como metodologia o estudo de caso, levantando
informações de ações que realizam políticas sociais na
Universidade Federal de São Carlos. Levantar informações
que permitem caracterizar sua atuação do ponto de vista
das políticas sociais.
5. C) Políticas Públicas: Universidade Federal do Acre e ações
na comunidade.
Este trabalho, surgiu da necessidade de analisar o
desempenho da universidade e do Estado frente às políticas
públicas;
Avaliar a intervenção da Universidade Federal do Acre no
processo de interação e execução das políticas públicas nas
comunidades e qual o impacto que tem provocado;
Trazendo a discussão do papel do Estado neste âmbito, a
participação da universidade nessas políticas e as ações da
mesma através da extensão.
6. D) Políticas sociais na comunidade e ações da universidade
( Universidade Federal do Mato Grosso do sul )
Procurou conhecer as políticas sociais da Universidade que se
tem efetivado no campus do Pantanal;
Foi realizado aprofundamento teórico sobre os conceitos de:
política social, comunidade e sociedade. Levantamentos dos
projetos de extensão que foram desenvolvidas;
Pelos dados levantados, é possível afirmar que a universidade
participa pouco ou nada, pois são poucos os projetos, muitos dos
departamentos estão distantes da realidade social, não oferecem
quase nenhuma oportunidade para os alunos participarem de
ações que envolvam a comunidade.
7. E) Universidade e intervenção social: a experiência do
projeto “Plantando a cidadania como agente de
transformação social”
Tem por objetivo descrever o trabalho desenvolvido pelo
projeto Conexões de Saberes: Plantando cidadania; da
Universidade Federal do Amazonas – UFAM;
Faz-se um breve percurso sobre sua contribuição para a
organização comunitária, passando pela importância da
atuação da universidade frente as demandas sociais;
Desenvolvido na Escola Comunitária, na cidade de Manaus;
Observou-se, a necessidade de uma ação que desperte seus
moradores para a ideia de coletividade e promova
integrações dos indivíduos.
8. F) Ações da extensão e políticas sociais na Universidade Federal
do Ceará
Resultado das discussões e análises realizadas por um grupo de
estudantes da UFC, bolsistas do Programa Conexões de Saberes:
diálogo entre a universidade e as comunidades populares;
Foi feito um histórico de extensão no Brasil, focando os principais
marcos que viabilizaram o seu surgimento. Em seguida foram feitos
mapeamentos da extensão na UFC, problematizando a distribuição
geográfica dos projetos e programas no território cearense;
Segundo Paiva & Marcellino (2004), o movimento de
implementação da extensão universitária tem como justificativa o
desenvolvimento nacional, a redução da distância e do isolamento
da universidade em relação ao conjunto da população. Este fato
evidencia, em sua origem, o caráter elitista das universidades no
Brasil
9. G) As ações da universidade e as políticas sociais na
comunidade: pra quê? Pra quem?
Se deu através de diálogos, leituras e debates em grupo,
articuladas às observações e dados coletados, objetivando
estabelecer uma melhor articulação com as ações
realizadas na comunidade em foco: a Serrinha
(Florionópolis/SC);
E suas demandas, numa relação de via de mão dupla entre
a comunidade e a universidade na busca de localizar as
dificuldades e possibilidades de se estabelecer um
horizontalidade de diálogos e troca de saberes;
“(...) muito próxima geograficamente, mas socialmente as
condições precárias que condicionam o cotidiano...
Evidenciam que ainda há uma distância imensa entre a
universidade e a comunidade; principalmente se
focalizarmos a troca de saberes”.
10. EIXO 2: CULTURA E IDENTIDADE NAS
COMUNIDADES
A)Descobrindo e reconhecendo o saber popular: um olhar
da universidade em direção a outros saberes e práticas
Foram alvos deste trabalho os saberes e práticas populares
brasileiras, que nem sempre são reconhecidos na
universidade como saberes legítimos que podem e devem
dialogar com os saberes e práticas acadêmicas;
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com sujeitos
detentores de saberes e práticas populares de caráter
literário, artesanal, medicinal e religioso; procurando conhecer
as suas origens, socialização e transmissão, bem como suas
possíveis relações com os saberes formais/acadêmicos.
11. B) Território e expressão de sabedoria sobre a comunidade de
Três Lagoas no Recôncavo da Bahia
Traz uma reflexão acerca da vida e da cultura da comunidade rural
de Três Lagoas, no município de Amargosa-BA;
A escolha dessa comunidade, em especial, por congregar
significativas experiências culturais relacionadas à tradição afro-
brasileira;
Usou-se como metodologia a experiência de convivência, no
diálogo sobre as vivências produzidas pela comunidade. Ou seja,
observação participativa;
Observou-se as formas de viver a vida, a relação com o território, a
cultura, a luta pela sobrevivência, o respeito entre pares, a
solidariedade, o trabalho coletivo, atividades referentes a um saber
que transcende a condição da escrita.
12. C) A força da comunidade: desafios sociais e
possibilidades
Tem como objetivo uma abordagem do significado de
comunidades populares, seu modo de vida, perspectivas
perante a sua realidade , e , o projeto Escola Aberta como
maneira de interação entre universidade e comunidade.
Visando destacar as desigualdades sociais;
Refletir a situação da vida de pessoas que moram em duas
grandes periferias da cidade de Manaus. Possibilitando a
troca de saberes, protagonizando ações de ensino, pesquisa
e extensão junto às comunidades, fortalecendo o elo
universidade e comunidades;
“ A proposta maior do programa é fazer com que acadêmicos
oriundos de espaços populares pensem nas ações de
intervenção dentro da comunidade, visando uma equidade
social.”
13. D) Memória oral e cotidiano: um estudo da comunidade do bairro
Aureny III do município de Palmas, Estado do Tocantins – UFT
Analisar por meio da memória oral, o cotidiano e a história da
comunidade do bairro;
Utilizou como metodologia de trabalho visitas in loco, entrevistas
com os moradores, registros fotográficos e audiovisuais;
Foi elaborado um roteiro, com o objetivo de registrar as
informações em forma de relato, sobre o tempo de moradia,
quando chegou no bairro, suas motivações, a realidade do bairro e
o relacionamento dos moradores entre si e com o espaço;
“ A memória oral é um importante recurso na reconstrução da
história. A história oral é o registro da história de vida de indivíduos
que ao focalizar suas memórias pessoais, constroem também uma
visão mais concreta da dinâmica de funcionamento e das várias
etapas da trajetória do grupo social ao qual pertencem.”
14. E) Beiru/ Tancredo Neves [Salvador-Bahia]: políticas e
identidades de uma comunidade popular
Buscou pensar no que significa para os moradores cada uma
dessas lideranças; ou seja, o que significa dentro de um contexto
nacional essa mudança de nome. Buscando ver o que os levam a
se identificarem com uma ou outra liderança;
Como isso reflete a questão de identidade?
Tal discussão reflete um conflito entre forças internas e externas
na construção da identidade. (Beiru(interno) X “Tancredismo”
(externo));
“Estamos usando a noção abstrata. O que eles representam, o
que significam para o imaginário da comunidade. (...) ora Beiru
(no sentido simbólico) é inato. O “Tancredismo” é comum, e aquilo
que há em outros espaços. Ao invés de individualizar
homogeniza. Torna tudo o mesmo. Tira o encanto, a magia, a
beleza do que é diferente. (...) Os elementos que compõem o
“Tancredismo” são muito mais universais.”
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS
“O Estado deve redefinir o seu papel no que se refere à prestação
de serviços públicos, buscando ampliar a sua intervenção e
assegurando a igualdade de oportunidades, tratamentos e
assistência.”
“A universidade contribui apresentando ao Estado propostas que
podem ser aprovadas como políticas públicas, visando a solução
da problemática social, e exercendo a crítica, para que não só o
Estado, mas a sociedade em geral tome conhecimento das causas
e possíveis soluções para estes problemas.”
“A universidade não tem o papel do Estado nas políticas públicas,
mas é lá onde ela mais está presente por meio de discussões e
debates. É ali que sairão os agentes reprodutores das políticas
públicas e sociais. Isso leva a refletir sobre a importância da
universidade, não apenas no contexto dessas políticas, mas
principalmente para a sociedade como um todo.”
16. “ (...) a universidade possui um papel importante no processo
dialógico que confronta e une os saberes acadêmicos e popular.
O que contribui para o desenvolvimento de respostas e
tecnologias sociais que possibilitem o desenvolvimento de ações
voltadas a melhoria dessas comunidades.”
“(...) propõe-se então que as políticas de extensão se voltem para
o desenvolvimento de relações consistentes, onde não haja
hierarquização do saber, mas que o saber construído dentro da
universidade e o saber popular, caminhem juntos. Colaborando na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.”
“(...) cabe-nos ressaltar , que a produção dos espaços nas
comunidades de origem popular obedece a uma ordem e
singularidades próprias. O que contraria a ideia de um todo
caótico e/ou homogêneo perpetuado por uma hegemonia
classista.”
17. “EU SOU DE UMA TERRA QUE O POVO PADECE
MAS NÃO ESMORECE E PROCURA VENCER.
DA TERRA QUERIDA, QUE A LINDA CABOCLA
DE RISO NA BOCA ZOMBA NO SOFRER
NÃO NEGO MEU SANGUE, NÃO NEGO MEU NOME
OLHO PARA A FOME, PERGUNTO O QUE HÁ?
EU SOU BRASILEIRO, FILHO DO NORDESTE,
SOU CABRA DA PESTE, SOU DO CEARÁ.”
(PATATIVA DO ASSARÉ)