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Folha de Rosto
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Direitos de publicação reservados à Cláudia Maria Ribeiro
Impresso no Brasil – ISBN: 978-85-8127-015-9
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
Reitor: José Roberto Soares Scolforo
Vice-Reitora: Édila Vilela de Resende Von Pinho
Editora UFLA
Campus UFLA - Pavilhão 5
Caixa Postal 3037 – 37200-000 – Lavras – MG
Tel: (35) 3829-1532 – Fax: (35) 3829-1551
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Diretoria Executiva: Renato Paiva (Diretor)
Conselho Editorial: Renato Paiva (Presidente), Brígida de Souza, Flávio Meira Borém, Joelma
Pereira, Luiz Antônio Augusto Gomes
Administração: Sebastião Gonçalves Filho
Comercial/Financeiro: Glaucyane Paula Araujo Ramos e Quele Pereira de Gois
Revisão de Texto: Rosemary Chalfoun Bertolucci
Referências Bibliográficas: Patrícia Carvalho de Morais
Editoração Eletrônica: Chris W. Sandy
Concepção Capa: Chris W. Sandy
Ilustração da Capa: Desenhos das crianças do Projeto Tecendo Gênero e Diversidades nos Currículos
da Educação Infantil – Ações em Campo Grande/MS
Fotografias: Maria de Fátima Ribeiro
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da
Educação Infantil/organizado por Cláudia Maria Ribeiro
– Lavras: UFLA, 2012. 532 p. il. ; 17x24 cm.
Bibliografia.
1.Educação para a Sexualidade. 2. Sexualidade. 3. Relações
de gênero. 4. Infância. I. Ribeiro, Cláudia Maria. II. Título.
CDD – 372.372
9
SUMÁRIO
PREFÁCIO.............................................................................................................................09
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13
PARTE I - O PROJETO E SUAS MULTIPLICIDADES
- Educação para as Sexualidades, para a Equidade de Gênero e para as Diversidades:
Desafios Na e Para a Formação Docente.............................................................................27
Constantina Xavier Filha
- “Tecendo...” na UFLA.........................................................................................................32
Cláudia Maria Ribeiro
- O Curso de Formação em Campinas..................................................................................45
Beatriz Tomaz Ruela, Sofia Farias, Dolores Setúval Assiratti, Júlio Paulo de Moraes e Lauren
Aparecida de Souza Santos
- Os Caminhos do Projeto “Tecendo...” em Juiz de Fora (MG): Percursos e
Percalços..............................................................................................................................56
Roney Polato de Castro
- São Paulo Tecendo Gênero................................................................................................65
Elizabete Franco Cruz
PARTE II - PANORAMA CONCEITUAL
- Reflexões sobre o Projeto Político Pedagógico como instrumento de gestão nas
instituições de educação infantil: acentos teóricos.............................................................79
Ila Maria Silva de Souza
- Cultura e diferenças no cotidiano da escola e no currículo.............................................100
Ana Maria Faccioli de Camargo
- Memória e história na linha do tempo do gênero e sexualidades...................................119
Anderson Ferrari, Raphaela Souza dos Santos, Zaine Mattos
- Perspectivas da formação docente no enfrentamento ao sexismo e à homofobia.........140
Roney Polato de Castro
- Livros para a infância nas temáticas de gênero, sexualidade, diferenças/identidades e
diversidades.......................................................................................................................158
Constantina Xavier Filha
10
- Infâncias, gênero e sexualidades: perspectivas plurais para a educação
infantil................................................................................................................................177
Gabriela Silveira Meireles, Marilda de Paula Pedrosa, Roney Polato de Castro
- Reconfigurando Famílias: as mudanças na sociedade e na legislação desencadeando
novas práticas pedagógicas................................................................................................191
Sabrina Azevedo Ferreira Assis, Marina Aparecida Marques Castanheira, Lívia Monique de
Castro Faria, Alessandro Garcia Paulino
- As sexualidades e as infâncias nas(das) escolas de E(e)ducação Infantil.........................216
Ricardo de Castro e Silva
- A AIDS nos fios da Educação Infantil – conversa com educadoras e
educadores.........................................................................................................................226
Elizabete Franco Cruz
PARTE III – APRENDIZES E ENSINANTES: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS. SABERES, PRÁTICAS
EDUCATIVAS, METODOLOGIAS PARA A AÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
- A formação discente no interior de um projeto de extensão universitária: desafios e
possibilidades ao discutir sexualidades e gênero...............................................................239
Luciene Aparecida Silva e Carolina Faria Alvarenga
- Saberes, Vivências e Sentimentos de Professoras/es sobre gênero e diversidade sexual na
educação infantil................................................................................................................250
Carolina Faria Alvarenga
- Entre o vivido e o não dito: a emergência do saber sobre gênero e
sexualidade........................................................................................................................262
Kelly da Silva, Mariana Meggiolaro Brandão, Thomaz Spartacus Martins Fonseca e Wescley
Dinali
- O brincar, os brinquedos e as brincadeiras na educação infantil: possibilidades para
articular sexualidade e gênero...........................................................................................275
Marina Aparecida Marques Castanheira e Anderson Rodrigo Mira, Alessandro Garcia
Paulino, Sabrina Azevedo Ferreira Assis
- Banco de Brinquedos: entretecendo diversidades..........................................................287
Márcia Aparecida Teodoro e Rosemary Almeida Passos
- Sexualidade e diversidade sexual nas teias da educação infantil: profissionais da
educação e a experiência de Juiz de Fora (MG).................................................................294
11
Leonardo Francisco de Azevedo, Dartagnan Adbias Silva, Fernanda Maria Leite Winter de
Oliveira e Iara Mendes Lima
- Construindo e trabalhando com as diferenças: aprendizes e ensinantes em busca da
espera e do tempo pedagógicos........................................................................................305
Dolores Setúval Assaritti e Lauren Aparecida Souza Santos
- A metáfora da borboleta: relatando experiências imbricadas em construções e
desconstruções..................................................................................................................320
Luciene Aparecida Silva e Carolina Faria Alvarenga
- “Minha Vida de João” e “Era Uma Vez Outra Maria”: reflexões sobre masculinidades e
feminilidades em momentos de formação docente..........................................................335
Constantina Xavier Filha, Cristine Novaes Barbosa da Rocha, Lorena Silva Martins, Poliana
Evely Mori e Suellen Oliveira Duarte Ramos Próspero
- Entre Marias e Preciosas: textos culturais, gênero e violência sexual.............................355
Livia Monique de Castro Faria e Alessandro Garcia Paulino
- A experiência de um Homem, Educador, Cuidador, Recreacionista em uma Creche:
análise fundamentada a partir das ideias e conteúdos aprendidos no projeto
“Tecendo...”.......................................................................................................................371
Julio Paulo de Moraes
- Creche: direito da criança, lugar de mães...e de pais também........................................385
Adriana Rosell, Ana Paula da Costa, Carla de Oliveira, Karina de Oliveira, Valdineia Bento e
Roberta Rocha Borges
- Histórias de vida de crianças: identidades de gênero......................................................394
Kátia Batista Martins
- Falas de crianças de 2, 3, 4 e 5 anos – me deixa brincar??: Gênero x Fantasia/Brinquedo x
Preconceito/Estereótipo....................................................................................................408
Adriana Elizabeth Risi Simões Signoretti e Cândida Maria dos Santos Daltro Alves
- Reflexões sobre o projeto “Tecendo...”...........................................................................418
Rosângela Cristina Rodrigues dos Santos
- Diários de bordo – as experiências da viagem.................................................................422
Elizabete Franco Cruz
- Cartas das Infâncias: escritas e vozes das crianças na formação docente.......................432
Constantina Xavier Filha
12
- (In)esperados, sensações, (des)construções: as trajetórias e problematizações do projeto
“Tecendo...” no seu Seminário de encerramento..............................................................446
Leonardo Francisco de Azevedo
PARTE IV – PROJETOS E METODOLOGIAS – CAMINHOS POSSÍVEIS
- “Colocando a mão na massa...” exercitando o planejamento e a execução de atividades
no contexto do projeto “Tecendo...”.................................................................................463
Roney Polato de Castro
- Os caminhos trilhados pelo projeto de formação docente: construção de saberes-
poderes com crianças e professoras-cursistas...................................................................475
Constantina Xavier Filha
- Projetos de Intervenção – Grupo da UNICAMP...............................................................491
Ricardo de Castro e Silva
- Projetos de Intervenção: momento de sistematizar para repensar as práticas educativas
que envolvem gênero e sexualidades................................................................................497
Carolina Faria Alvarenga
- Tecendo Projetos – fiar e desfiar no cotidiano................................................................509
Elizabete Franco Cruz
9
Quem convidar para prefaciar o livro “Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos
Currículos da Educação Infantil”? Essa era uma pergunta recorrente. Alguém da equipe
teve a brilhante ideia: as crianças! Pois todo o projeto foi escrito, planejado, executado e
avaliado pensando nelas e concordando com Larrosa quando afirma sobre “a alteridade
da infância (...) e sua absoluta heterogeneidade em relação a nós e ao nosso mundo, sua
absoluta diferença” (LARROSA, 1999, p. 185).
A equipe assumiu discutir os lugares que as crianças ocupam e resolveu que,
simbolicamente, deveriam ocupar o espaço do “prefácio” para evidenciar sua importância.
O texto de Larrosa (1999) intitulado “O Enigma da Infância” foi estudado em todos os
cursos e afirmamos com o autor que a criança:
“Inquieta o que sabemos (e inquieta a soberba da nossa vontade de saber), na medida em que
suspende o que podemos (e a arrogância da nossa vontade de poder) e na medida em que
coloca em questão os lugares que construímos para ela (e a presunção da nossa vontade de
abarcá-la)” (LARROSA, 1999, p. 185)
10
11
UM PROJETO E MUITAS MÃOS! 1
Cláudia Maria Ribeiro
“O ajuntamento não se explica pela indiferença das coisas juntadas,
mas pela diferença como o que o constitui,
de maneira a não se confundir as coisas “ajuntadas” com o ajuntamento feito.
Este é o trabalho da criança nas suas idas e vindas, nos seus percursos, como afirmação da
vontade, linha de fuga mágica que arrasta o mundo e o faz devir”.
Ana Godoy, 2008
Muitas mãos... muitos corpos!
Muitos saberes! Muitos fazeres!
Muito compartilhar... muita coisa “ajuntada”!
Devires!
Movimentos criando espaços... tecidos... tecelagens... redes... rizomas! Labirintos
de labirintos... “ajuntando” experiências acumuladas nesses anos, nas atividades de
ensino, pesquisa e extensão universitária do Departamento de Educação da UFLA e das
universidades públicas2
parceiras nesse Projeto. Todas essas idas e vindas revelam que
não é suficiente indicar, a partir de propostas curriculares nacionais3
(BRASIL, 1998,
BRASIL, 1995), a inclusão do tema sexualidade e gênero no cotidiano das escolas, mas
torna-se premente atuar na construção de redes que possibilitem a concretização de
políticas públicas para a formação de educadoras e educadores que foquem a temática.
Percursos, divergências e convergências, a cada dia, em cada espaço, produzindo novas
demandas, descobertas, problematizações e o desafio da continuidade dos trabalhos, haja
vista a complexidade do tema e do aprofundamento teórico considerando “a linha de fuga
mágica que arrasta o mundo e o faz devir” (GODOY, 2008).
1 Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação Infantil aprovado pela SECAD – Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC em 2009/2010, coordenado pelo Departamento de
Educação da Universidade Federal de Lavras – MG.
2 As docentes e os docentes que integram a equipe do Projeto “Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos
Currículos da Educação Infantil” – a partir de agora denominado “Tecendo...” participam do ANAHÍ - Grupo de
Estudos Interinstitucional de Relações de Gênero e Sexualidade – e atuam nas Universidades: USP Leste,
UNICAMP, Federal de Mato Grosso do Sul, Federal de Juiz de Fora e Federal de Lavras encontrando-se
sistematicamente para aprofundar estudos nos campos de Gênero e Sexualidade. Cada docente participa,
também, nestas Universidades, dos Grupos de Estudos e Pesquisas específicos na Instituição.
3 A Educação Sexual está proposta no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI/MEC) e nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), na Flexibilização Curricular nas universidades.
12
O desafio para toda a equipe que atuou no projeto “Tecendo...” consistiu em
tentar desconstruir formas de ensinar/aprender e inventar possibilidades metodológicas
na e para a temática da educação para a sexualidade e gênero, objetivando qualificar
técnica e politicamente 500 professoras/es que atuam na educação infantil com vistas a
implementar a temática para e – com – crianças de 0 até 6 anos, intencional e
sistematicamente, nas referidas Instituições.
Durante mais de um ano, traçamos percursos, idas e vindas – ajuntando –
constituindo saberes e fazeres alicerçados em teorizações que coadunam com o que diz
Ana Godoy (2008):
“A noção de percurso tal como venho desenvolvendo funciona na articulação com uma
cartografia/rizomática trabalhada por Deleuze e Guattari e com os contraposicionamentos
propiciados pela noção de heterotopias, tal qual Passetti vem trabalhando com base em
Foucault, apresentada no artigo “Vivendo e Revirando-se: Heterotopias Libertárias na
Sociedade de Controle, 2003” (p. 178)
Assim, transitar pelas perspectivas que assumimos representa lidar com um conjunto de
conceitos e teorizações recentes no que se refere à relação com a educação. Conceitos e
teorizações situadas nas teorias pós-críticas, possibilitando colocar em discussão:
identidade, alteridade, diferença, subjetividade, discurso, representação, cultura, gênero,
raça, etnia, sexualidade, dentre outros. Isso acena para desafios e potencialidades para e
dos grupos de estudos e pesquisas4
integrantes do projeto “Tecendo...” na medida em
que estamos participando de um campo de estudos ainda em construção e, portanto, com
discussões que, constantemente, são tensionadas enquanto ferramentas conceituais e
norteadoras das experiências educativas.
Os textos escolhidos para discussão dos temas propostos tanto com discentes das
universidades participantes quanto com as cursistas foram, basicamente, os seguintes:
GALLO, Sílvio. Acontecimento e resistência: Educação menor no cotidiano da Escola (2007);
LOURO, Guacira Lopes. A emergência do Gênero e Gênero, Sexualidade e Poder. Gênero,
4
ANAHÍ – Grupo de Estudos Interinstitucional de Relações de Gênero e Sexualidade coordenado pela profa. Dra.
Elizabete Franco Cruz (USP-Leste); Grupo GEPSEX – Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades, Educação e
Gênero coordenado pela profa. Dra. Constantina Xavier Filha (UFMS); Grupo de Estudos e Pesquisas Gênero,
Sexualidade, Educação e Diversidade coordenado pelo prof. Dr. Anderson Ferrari (UFJF), Grupo de Estudos e
Pesquisas Relações entre Filosofia e Educação para a Sexualidade na Contemporaneidade: a problemática da
formação docente coordenado pela profa. Dra. Cláudia Maria Ribeiro (UFLA) .
13
sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista (1997); BONDÍA, Jorge
Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência (2002); SILVA, Tomaz Tadeu.
Teorias do Currículo: o que é isto? – Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias
do currículo (1999); FERRARI, Anderson. Mãe! E a Tia Lu? É menino ou menina? (2003);
COSTA, Jurandir Freire. Homoerotismo: A Palavra e a Coisa – A ética e o espelho da cultura
(1994); CRUZ, Elizabete Franco. “Quem Leva o Nenê e a Bolsa?”: O Masculino na Creche –
Homens e Masculinidades: Outras Palavras (1998); RIBEIRO, Cláudia. Gênero e sexualidade
no cuidar e educar (2008); BONDÍA, Jorge Larrosa. O Enigma da Infância – Pedagogia
Profana: Danças, piruetas e mascaradas (1999).
E não apenas esses textos pois, em cada universidade, as equipes responsáveis
pela coordenação local dos cursos, dependendo das especificidades de produção de
conhecimento, navegavam por outros textos mas, sempre, considerando o conceito de
gênero e o conceito de sexualidade focando as construções discursivas realizadas no
campo social em cada cultura – desejos, emoções, vivências, práticas, pensamentos
(FOUCAULT, 1988). Cultura essa entendida como campo de lutas, negociações,
contestações e enfrentamentos, em que se produzem tanto os sentidos quanto os sujeitos
que constroem os diversos grupos sociais e suas singularidades (SILVA,1999). A equipe
tentou, constantemente, colocar-se em alerta com vistas a atentar para os múltiplos
mecanismos de vigilância, controle, confissão e curiosidade, que objetivam desvendar os
prazeres, sentimentos, práticas, comportamentos.
Para ampliar as referidas possibilidades de estudo foram adquiridos e disponibilizados
para leituras, consultas, aprofundamentos, as seguintes obras: Louro (1999, 2000, 2004);
Foucault (1988); Camargo e Ribeiro (1999) e, para as crianças: GIV (1999); Cole (1993);
Branco (2008); Lenain (2004) e Ribeiro (2001).
Tudo isso instigou a pensar nas possibilidades de inventar outras combinações
que não passem pela sujeição, tampouco pela dominação (GODOY, 2004). Pensar na
metáfora do rizoma, no labirinto-rede:
“o rizoma, labirinto-rede, em que cada caminho pode se ligar com qualquer outro, de
maneira que o labirinto já não possui centro e periferia, tampouco saída, porque ele é
potencialmente infinito. O labirinto constituído pelo rizoma já é processo, e não apenas
distribuição espacial” (ECO, 1985, p. 46,47).
14
Entraram e saíram desse labirinto todas as equipes docentes das cinco
universidades, cursistas, discentes, respingando nas muitas escolas envolvidas, Conselhos
Tutelares, mídias, famílias, Secretarias de Saúde, Secretarias de Educação, Ministério
Público, Juizado da Infância e Juventude e... AS CRIANÇAS! Quantas foram afetadas pelo
projeto “Tecendo...” construindo conosco as “multiplicidades em processo, diferença
enquanto o que experimenta a vida” (KATZ, 1996).
Nessa contramão da pedagogização do sexo das crianças, dispositivo específico
de saber e poder, que transformou a criança em objeto privilegiado da vontade de saber
constituindo a infância em objeto de intervenção higiênica, disciplinar e de controle, a
equipe coordenadora do projeto considerou, no entanto, a positividade do poder e as
possibilidades das transgressões, buscando o conceito de “Crianceria” e afirmando que as
crianças experimentam a vida driblando o poder do adulto. Como? Quando? Por quê?
Onde? E, no processo educativo, tanto no Curso quanto em decorrência das outras linhas
de ação do projeto, as profissionais que atuam na Educação Infantil foram instigadas a
refletir: na Educação para a Sexualidade e Gênero, no cotidiano da Educação Infantil, as
profissionais: Desviam? Ampliam? Dificultam? Facilitam? Limitam? a temática da
sexualidade e de gênero?
Assim, tanto as profissionais da educação infantil, nós que atuamos na Educação
Superior, as crianças, todos e todas nós estamos mergulhadas/os nas relações de poder-
saber da sociedade disciplinar e de regimes de verdade5
. Perguntamos: que tipos de
discurso sobre a sexualidade infantil a sociedade ocidental aceita e faz funcionar como
verdadeiros? Quem diz o que conta como verdadeiro: o adulto? A criança tenta exercer a
sua especificidade infantil?
Será a criança apenas obediência aos poderes, um pré-adulto normatizado pelo
desejo instituído e constituído ou tenta produzir modos de subjetividade originais e
singulares, escapando das estruturas sociais organizadas? A criança escapa, “esperneia”?
5 Cf. FOUCAULT, M. Truth and power. In: C. Gordon (Ed.) Power and knowledge: Select interviews and other
writings 1972-1977. Nova York, Pantheon Books, 1980: 109-133. “Cada sociedade tem seu regime de verdade,
sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que aceita e faz funcionar como verdadeiros; os
mecanismos e instâncias que permitem distinguir entre sentenças verdadeiras e falsas, os meios pelos quais cada
um deles é sancionado; as técnicas e procedimentos valorizados na aquisição da verdade; o status daqueles que
estão encarregados de dizer o que conta como verdadeiro (p. 131).
15
Os discursos que circulam no campo social se ligam tanto a estratégias de
dominação, quanto a estratégias de resistência? Será que a criança cria espaços de
resistência, transformando discursos dominadores que agiram sobre os seus corpos?
Sobre seus olhos, suas mãos, suas bocas, seus movimentos...
Todas essas perguntas imbricaram, entrelaçaram, engalfinharam os percursos do
Projeto “Tecendo...” em sete linhas de ação, descritas a seguir e, agora, apresentadas não
como planejamento, mas como caminho, percurso, trajetória, labirintos já percorridos em
que se tentou:
“esquivar [da] banalização da vida, [dos] pensamentos e [das] práticas empobrecedoras e
redutoras das possibilidades de experimentação da vida. Esquiva que, por conseguinte, não
se confundirá com nenhuma forma de evasão, ao contrário, é invenção de linhas de fuga,
em relação às quais a fronteira é sempre o expresso de uma tensão incessante” (GODOY,
2008, p. 185).
Optamos por apresentar cada linha de ação – tantas possibilidades de
experimentação da vida, de muitas invenções – a partir dos registros fotográficos que
concretizam a “potência do menor” 6
(GALLO, 2007).
1ª. Grupo de Estudos/Trabalho: Encontros da equipe de docentes profissionais das
universidades que integram o projeto com vistas a aprofundar o referencial teórico,
planejar, executar e monitorar as atividades; pesquisar, revisar e problematizar os
6 “A ciência menor, marginal, traça linhas de fuga, produzindo saberes autônomos que se conectam de forma
aleatória, originando efeitos e experiências novas. Não tem a intenção de criar uma visão de conjunto e
abrangente do mundo, mas peças fragmentárias que podem articular-se em diferentes puzzles.” (GALLO, p.25)
16
conceitos de gênero, sexualidades e suas relações com as infâncias e a construção das
identidades. Contribuir para a discussão e formulação de políticas públicas em torno da
relação entre formação de professoras/professores, infâncias e as temáticas de gênero e
sexualidade.
2ª. Curso para discentes: Formação de 25 discentes das universidades para participação
nas atividades, num total de 40h sendo 24h presenciais e 16h a distância. Essa era a
proposta mas, pelo envolvimento dos Grupos de Pesquisa, totalizamos 53 pessoas.
17
3ª. Curso para Educadoras da Educação Infantil: Curso de formação de 500 educadoras e
educadores com duração de 80 horas, sendo 60h presenciais e 20h a distância.
Os cronogramas variaram de acordo com a universidade responsável.
4ª. Projetos de Intervenção Educacional nas escolas: elaboração e apresentação, pelos/as
cursistas de projetos de intervenção nas escolas em que atuam. A equipe de docentes
responsável pela oferta do Curso subsidiou as/os participantes do mesmo na elaboração
dos Projetos de Intervenção Educacional. Foi proposta uma pesquisa colaborativa
realizada pelos/as cursistas para observar a sua realidade na Educação Infantil, ou seja, o
cotidiano das instituições e, a partir daí, elaborar os Projetos de Intervenção Educacional
contendo: a indicação do prazo de início e término para a sua execução; foco na Educação
Infantil; o envolvimento das famílias; articulação com o projeto Político Pedagógico da
escola.
18
5ª. Produção de material didático: este livro intitulado: Tecendo Gênero e Diversidade
Sexual nos Currículos da Educação Infantil foi escrito para subsidiar teórico-
metodologicamente as propostas curriculares da Educação Infantil.
19
6ª. Comunicação/Divulgação:
Página na internet, jornal temático e blog.
7ª. Seminário: Seminário em torno da temática Gênero e Diversidade Sexual nos
currículos da Educação Infantil, apresentando as experiências e os resultados do Projeto.
20
Percursos...
Todas as atividades foram planejadas, executadas e
avaliadas sob a responsabilidade da Coordenação do
Projeto, utilizando-se de diversos instrumentos, tais como:
listas de recebimento de material, listas de presença nos
cursos, registros da pré-testagem da produção do livro,
fotos, filmagens, arquivo de recortes de jornal, arquivo das
reportagens de rádio e TV, dentre outros.
21
Referências Bibliográficas
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental
(1995).Parâmetros Curriculares Nacionais – Convívio Social e Ética. Orientação Sexual e
Meio Ambiente.
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CAMARGO, A. M. F.; RIBEIRO, C. M. Sexualidade(s) e Infância(s): a
sexualidade como um tema transversal. Campinas, SP: Ed. Moderna, 1999.
COSTA, J. F. Homoerotismo: A Palavra e a Coisa – A ética e o espelho da cultura – 2ª
edição – Rio de Janeiro: Rocco. 1994.
CRUZ, E. F. “Quem Leva o Nenê e a Bolsa?”: O Masculino na Creche – Homens e
Masculinidades: Outras Palavras – 1ª edição – São Paulo: ECOS/Ed.34. 1998.
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FERRARI, A. "Mãe! E a Tia Lu? É menino ou menina?" - Corpo, Imagem e
Educação. Gênero: Núcleo Transdisciplinar de Estudo de Gênero - NUTEG - v. 4, n.1,
Niterói: EdUFF, 2003, p.115-132.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1988.
GALLO, S. Acontecimento e resistência: Educação menor no cotidiano da Escola -
Cotidiano Escolar: Emergência e Inversão – Piracicaba: Jacintha. 2007.
GODOY, A. A Menor das Ecologias. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2008.
KATZ, C. S. Crianceria. O que é a Criança. In: Cadernos de Subjetividade. Núcleo
de Estudos e Pesquisas da Subjetividade - PUC-SP. jun. 1996.
KOHAN, W. O. e Gondra, J. (orgs.) Foucault 80 anos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
LARROSA BONDIA, J. O Enigma da Infância – Pedagogia Profana: Danças, piruetas e
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________. Notas sobre a experiência e o saber de experiência – Revista
Brasileira de Educação – p. 20-28, Ano VI n.19, Jan/Fev/Mar/Abr 2002.
22
LOURO, G.- Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. – 8ª
edição – Petrópolis/RJ: Vozes. 1997.
________. Gênero, Sexualidade e Poder - Gênero, sexualidade e educação: Uma
perspectiva pós-estruturalista. – 8ª edição – Petrópolis/RJ: Vozes. 1997.
________. (org.) O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica,
1999.
________. Currículo, Gênero e Sexualidade. Porto, Portugal: Ed. Porto, 2000.
________. Um Corpo Estranho: Ensaios sobre Sexualidade e Teoria Queer. 1ª ed.,
1ª reimp. Belo Horizonte, MG: Ed. Autêntica, 2004.
SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo
Horizonte: Autêntica, 1999.
________.Teorias do Currículo: o que é isto? – Documentos de Identidade: Uma
introdução às teorias do currículo – 2ª edição – Belo Horizonte/MG: Autêntica. 1999.
RIBEIRO, C. M. Gênero e sexualidade no cuidar e educar – Revista Pátio: Educação
Infantil – p. 14-17, Ano VI n.16, Março/Junho 2008. Porto Alegre/RS: Artmed. 2008.
RIBEIRO, C. M. e SOUZA. I. M.S.Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nas Redes de
Proteção. Lavras (MG): Editora UFLA. 2008.
Referências para Crianças
Casa Siloé/GIV – Grupo de Incentivo à Vida. Daniel e Letícia Falando Sobre Aids. 5ª ed.
São Paulo, SP: Ed. Ave Maria, 1999.
COLE, B. Mamãe Botou um Ovo! São Paulo, SP: Ed. Ática, 1993.
BRANCO, S. Porque Meninos têm Pés Grandes e Meninas têm Pés Pequenos? 2ª ed.
São Paulo, SP: Ed. Cortez, 2008.
LENAIN, T. Ceci Tem pipi? 3ª reimp. São Paulo, SP: Ed. Companhia das Letrinhas,
2004.
RIBEIRO, M. Menino Brinca de Boneca? 2ª ed. 14ª reimp. Rio de Janeiro, RJ: Ed.
Salamandra, 2001.
23
Moisaico
24
Parte 1
25
EDUCAÇÃO PARA AS SEXUALIDADES, PARA A EQUIDADE DE GÊNERO E PARA AS
DIVERSIDADES: DESAFIOS NA E PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
Constantina Xavier Filha
Escrevi, em outro texto7
, sobre desafios na formação docente, tendo em vista as
temáticas: sexualidade, gênero, diferenças/identidades e diversidades. Vali-me de uma
poesia de Manoel de Barros chamada ‘O menino que carregava água na peneira’, pois ela
me faz pensar nesses temas na formação inicial e continuada de professoras e
professores.
Na poesia, um menino relata sua trajetória para se constituir em meio a
inventividades, peraltagens, experimentações e às dores e possibilidades de ser. Todas
essas questões estão presentes em momentos presenciais de formação docente quando
nos propomos a refletir sobre questões que são/foram historicamente naturalizadas e que
nos constituem como sujeitos.
As palavras do poeta sobre o menino que carregava água na peneira, catava
espinhos n’água, gostava mais de vazios do que cheios, que fazia peraltagens com as
palavras e exercitava a prática do despropósito instigam-me a pensar, e a provocar
problematizações nos momentos de capacitação na graduação, na pós-graduação e/ou
em momentos de formação continuada como o que propiciamos no projeto de extensão,
com o apoio da SECAD/MEC, em cinco cidades brasileiras, por diferentes instituições de
ensino superior: Lavras/MG (UFLA); Campo Grande/MS (UFMS); São Paulo/SP (USP);
Campinas/SP (Unicamp) e Juiz de Fora/MG (UFJF).
O projeto nacional, coordenado pela Universidade Federal de Lavras, e os demais
projetos locais, coordenados pelas referidas universidades, surgiram de um desejo
premente de discutir, no contexto da Educação, os temas listados na abertura deste texto.
Ao longo da execução do projeto, percebemos todas as peraltagens teóricas e
metodológicas vividas em espaços diversos deste imenso país. Evidenciamos, sobretudo, o
caráter político dessa proposta. Apesar de todas as adversidades, limites, desafios...
7 XAVIER FILHA, Constantina. Educação para a sexualidade, equidade de gênero e diversidade sexual: entre
carregar água na peneira, catar espinhos na água e a prática de (des)propósitos. In: XAVIER FILHA, Constantina
(org.). Educação para a sexualidade, para a equidade de gênero e para a diversidade sexual. Campo Grande, MS:
Editora da UFMS, 2009.
26
construímos novas possibilidades de diálogo, proposições críticas e reflexivas que nos
motivam a pensar no conceito de educação para a sexualidade como espaço permanente
de desconstrução de verdades únicas. Nos momentos de formação, não nos propúnhamos
oferecer respostas taxativas sobre como atuar diante das expressões de sexualidade na
infância; pelo contrário, desafiávamos a pensar e a aprofundar teoricamente um modo
diferente de entender situações e problemas enfrentados pelas educadoras que atuam
com crianças pequenas.
Ainda lembrando a poesia de Manoel de Barros, sei que em muitos momentos a
capacitação/formação docente não é mais que uma tentativa parecida com a do menino
que carregava água na peneira. Admitimos que a poesia é uma metáfora, ou imagem
poética das possibilidades e limites que afetam a formação em sua dimensão social ou
coletiva.
Lembro-me de vários momentos em que as cursistas vinham me contar o que,
graças às discussões teórico-metodológicas do curso, já conseguiam reformular em suas
vidas, admitindo novas formas de ver e agir no que dizia respeito a manifestações de
sexualidade das crianças em seu cotidiano pedagógico. Novas práticas foram gestadas e
vividas. Novas possibilidades de ensinar foram vislumbradas.
A criança pode ser enxergada como ser sexuado, graças às reflexões propiciadas
que demonstraram o direito de ela se expressar, de manifestar desejos, dúvidas,
hipóteses... sobre qualquer assunto, principalmente sobre a sua sexualidade.
O caminho trilhado no projeto de extensão “Tecendo Gênero e Diversidades nos
Currículos da Educação Infantil – Ações em Campo Grande/MS”8
, realizado e coordenado
pelo Departamento de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS
– no segundo semestre de 2010, pautou-se pelos princípios de reflexão, desconstrução,
estudo, problematização de situações cotidianas e conhecimentos de situações vividas
com as crianças no cotidiano da Educação Infantil. Essas vivências com invencionices,
dificuldades, superações..., são objeto do presente trabalho.
8
O projeto foi desenvolvido pela seguinte equipe: Profa. Dra. Constantina Xavier Filha (Coordenadora e
ministrante). Equipe de apoio: Cristine Novaes Barbosa da Rocha; Daniel Galvão Rosa Delmanto; Ingrid Roque
Pérez; Laysa Ferreira da Silva; Lorena Silva Martins; Poliana Evely Mori; Sabrina Canepa Lameu; Suellen Oliveira
Duarte Ramos Próspero; Telma Iara Bacarin.
27
Os caminhos iniciais do projeto
O projeto realizado em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul,
desenvolvido como projeto de extensão, seguiu os referenciais teóricos e os
direcionamentos construídos coletivamente pelas pessoas e instituições que compuseram
o projeto nacional, já citadas. Cada um dos locais de realização, no entanto, seguiu
trajetórias diferenciadas em relação a organização, parcerias e pressupostos
metodológicos.
Conduziu-se o projeto, com o objetivo geral de capacitar 100 professoras/es e
profissionais da educação que atuavam na Educação Infantil com vistas a implementar a
Educação para a Sexualidade e Gênero de crianças de 0 até 6 anos, intencional e
sistematicamente, nas instituições de Educação Infantil na cidade de Campo Grande/MS.
O cronograma de capacitação foi elaborado guiando-se pelo objetivo geral e
pelos específicos, com base nos pressupostos teórico-metodológicos e tendo em vista o
público privilegiado.
A proposta de capacitação foi feita à coordenação de Educação Infantil da
Secretaria Municipal de Educação – Semed –, que aceitou e ratificou a mesma. A
secretaria contribuiu com as seguintes ações: divulgação, seleção e inscrição de
professoras e profissionais da educação que atuam na Educação Infantil; liberação das
profissionais da Educação Infantil de seu trabalho para a participação nos momentos de
capacitação presenciais; disponibilização de espaço físico equipado com suporte técnico
(projetor de multimídia, caixa de som, entre outros) para os momentos de capacitação. A
parceria foi profícua, especialmente com a liberação das cursistas de suas atividades
pedagógicas, além da distribuição de vale-transporte para o deslocamento e
disponibilização de lanche nos momentos presenciais dos cursos.
Inscreveram-se 115 pessoas que atuam diretamente com a educação da infância,
nos centros de Educação Infantil, bem como na Secretaria Municipal de Educação. Ao final
da formação tivemos 13% de reprovação/desistência ao longo do curso, perfazendo um
total de 15 pessoas. Portanto, 100 cursistas atingiram todas as exigências de formação da
UFMS, com o mínimo de 75% de presença e entregaram as atividades de avaliação
exigidas para a certificação. Dentre os Centros de Educação Infantil – Ceinfs –, 87 foram
28
atingidos por intermédio das cursistas que finalizaram a capacitação. Os dados revelam
que, por termos ampliado o número inicial de cursistas, atingimos, ao final, 100% do
objetivo proposto de capacitar 100 profissionais que atuam na Educação Infantil em
diversas funções9
: recreação; apoio pedagógico; atendimento; coordenadoria pedagógica,
secretaria e docência.
Os Estudos Culturais, os Estudos Feministas, a perspectiva pós-estruturalista e os
pressupostos foucaultianos constituíram o referencial teórico das discussões, estudos e
reflexões. Predominaram os temas sexualidade, gênero e diversidades nos currículos da
Educação Infantil, voltados a questões vivenciadas pelas educadoras nos cotidianos das
práticas pedagógicas. Os conteúdos trabalhados foram os seguintes:
 sexualidades, gênero e diversidades na Educação Infantil;
 sexualidades e infâncias;
 gêneros e infâncias;
 diversidades e infâncias;
 educação para a sexualidade, para a equidade de gênero e para a diversidade
sexual;
 saberes, práticas educativas, metodologias para a ação docente na Educação
Infantil para a promoção do reconhecimento das diversidades, da diversidade
sexual e enfrentamento de situações de violência.
No início da capacitação, cada cursista recebeu uma coletânea de textos para
subsidiar as leituras e os estudos nos momentos não-presenciais.
A avaliação ocorreu em vários momentos do curso de formação; portanto, foi
pontual, processual e final. As cartas das cursistas e o projeto de intervenção foram
utilizados como estratégias avaliativas. O engajamento, a criatividade, o capricho e o
carinho das cursistas na condução da produção das cartas das infâncias foram
significativos para observar o empenho e a vontade em socializar e discutir com as
crianças os temas trabalhados nos momentos presenciais de formação.
9 Inicialmente, havíamos solicitado que somente as professoras fossem selecionadas; no entanto, a Secretaria de
Educação, juntamente com as direções das instituições educativas, decidiram selecionar e indicar profissionais
que exerciam outras funções, também educativas. Além deste critério, outro dizia respeito ao trabalho integral
dessas pessoas, pois facilitaria a liberação delas para as capacitações que ocorriam durante dias inteiros.
29
Durante as atividades desenvolvidas no decorrer do projeto de extensão em
Campo Grande/MS, o pensamento e reflexão do poeta Manoel de Barros sobre o ato de
‘carregar água na peneira’, que apontei no início do texto, estiveram presentes. As sábias
palavras do poeta me fazem pensar nas possibilidades e também nos limites do processo
de formação. Não vejo uma coisa em detrimento de outra, ou seja, há possibilidades,
limites, e resistências nesse processo. Ao terminar o projeto, prevalece em mim a
tendência a pensar muito mais nas possibilidades de atuação profissional... do que nas
impossibilidades. Não que tenha a pretensão de ter provocado mudanças radicais e
efetivas com o projeto de formação, mas de termos conseguido admitir a possibilidade de
refletir sobre nossas ações e nossa vida. Muitas cursistas se dispuseram a sair da zona de
conforto das verdades sedimentadas para se abrir a novas possibilidades, sem respostas
prontas e sem receituário de como agir com as crianças. Buscamos construir caminhos de
reflexão e problematizações teóricas sobre a construção social e cultural que envolve as
sexualidades e as infâncias. Com tudo o que vivemos neste processo... penso em outras
palavras de outro poeta... ‘Sempre vale a pena...’
30
“TECENDO...” NA UFLA
Cláudia Maria Ribeiro
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia
Gonzaguinha
Para falar do processo de implantação do projeto “Tecendo...” em Lavras busco
as ideias força que são veiculadas na música Redescobrir de autoria de Gonzaguinha.
Inicio com as palavras: memória e história.
Há anos, desde 1998 – o Departamento de Educação da Universidade Federal de
Lavras, atua articulando o Fórum Sul Mineiro de Educação Infantil integrando o MIEIB –
Movimento Interfóruns de Educação Infantil no Brasil e que se constituem em espaços
suprapartidários, integrados por diversas instituições, órgãos e entidades comprometidas
com a expansão e melhoria da Educação Infantil. Assim, assume que a universidade
concebe a extensão universitária como um processo educativo, cultural e científico, que
articula o ensino à pesquisa e à extensão de forma indissociável com vistas a viabilizar a
relação transformadora entre universidade e sociedade buscando parceria com as
prefeituras, que assumem junto conosco, a construção de diretrizes prioritárias para o
fortalecimento da educação básica.
Essa ideia força me remete à outra: dança das mãos. Isso exige falar em
complexidades: das relações pessoais, profissionais e institucionais que geraram (e geram)
diferentes caminhos e muitos desafios; que abriram (e abrem) novas e enriquecedoras
experiências.
Experiências! No plural, no singular! Larrosa (1999), pesquisador espanhol,
convida-nos a (...) pensar a educação a partir do par experiência/sentido; (...) a
experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. (...) a experiência, a
possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque.
Assim, o projeto “Tecendo...” tinha a possibilidade de articular cidades do sul de
Minas Gerais – quase trinta cidades da região – que, sistematicamente, participam dessa
31
“dança das mãos” ampliando sobremaneira a possibilidade de produção de conhecimento
na Educação Infantil, campo intersetorial, interdisciplinar, multidimensional e em
permanente transformação, em prol da luta coletiva pela efetivação dos direitos
fundamentais das crianças de 0 até 6 anos assegurados por lei (Constituição Federal,
Estatuto da Criança e do Adolescente e Lei de Diretrizes e Bases).
A história dessa articulação possibilitou a efetivação de projetos tais como: 2004,
2005 e 2006 (PROEXT/MEC): Construindo práticas a partir dos compromissos com a defesa
dos direitos sexuais de crianças e adolescentes no combate ao abuso e exploração sexual;
2007, 2008 (SECAD/MEC): Educação Inclusiva: tecendo gênero e diversidade sexual nas
redes e proteção e, em 2009, para execução em 2010 (SECAD/MEC): Tecendo gênero e
diversidade sexual nos currículos da educação infantil.
Assim surge outra ideia força: jogo do trabalho! Não foi difícil planejar o trabalho
com as cidades da região pois, há reuniões mensais do Fórum Sul Mineiro de Educação
Infantil. Reuniões itinerantes, ou seja, a cada mês, uma secretaria municipal de educação
da região fica responsável por organizar o trabalho: planejamento, execução e avaliação
das referidas reuniões. Tema, convites, lanches, local, decoração... Essa sistemática de
encontros, de troca de experiências, referenciais teóricos e metodológicos fortalecem o
vínculo e a confiança entre as profissionais das cidades e o Departamento de Educação da
UFLA. Portanto, foi suficiente apresentar a proposta do projeto para preencher as 100
vagas oferecidas.
A proposta para o trabalho conjunto, entregue em uma das reuniões do fórum e
enviada por correio eletrônico, foi a seguinte: resumo do projeto contendo: título,
instituição proponente, coordenação, equipe, objetivos geral e específicos, metodologia,
acompanhamento e avaliação, cronograma de execução, público alvo, infra-estrutura na
UFLA e, cada secretaria de educação das cidades que integraram o projeto
responsabilizariam pelo transporte para as educadoras e a cidade teria direito a até 10
vagas. A cidade de Lavras teria direito a uma vaga por Centro de Educação Infantil.
Reuniram-se, então, doze cidades, para efetivar o planejado. Cabe aqui outra
ideia força: o suor dos corpos na canção da vida! Idas e vindas em muitas sextas-feiras,
pelas estradas do sul das Gerais. Para quem mora na cidade de Lavras, algumas
32
reivindicações não atendidas pela Secretaria Municipal de Educação: o transporte, o
questionamento e a cobrança da ausência das atividades na instituição de Educação
Infantil no dia do curso; estudos; reuniões em outros dias e horários para a elaboração das
Propostas de Intervenção; as descobertas cotidianas.
O cronograma do curso em Lavras, cumpriu o que se segue, no decorrer do ano
de 2010: abril: 09, 16 e 23; maio: 07, 14, 21 e 28; junho: 11 e 18; agosto: 06 e 20;
setembro: 10 e 24; outubro: 01 e 22.
Quanta canção da vida foi sendo composta pelas participantes! Letras que
reclamam autoria. Portanto, buscarei nas avaliações escritas no último dia do curso, os
depoimentos agregados nos seguintes temas: as possibilidades de ampliação do trabalho;
as desconstruções; as dificuldades; o respeito às diferenças; os compromissos partilhados
e as experiências.
Possibilidades de ampliação do trabalho
Este curso me fez repensar muitos conceitos sobre gênero e sexualidade que
tenho discutido, no local de trabalho, com a minha família e me estimulado a colocar a
Proposta de Intervenção Pedagógica em prática.
O meu grupo vai fazer a formação dos profissionais de Educação Infantil, com o
desenvolvimento do curso, com palestras, vídeos, planejamento e acompanhamento dos
projetos destes profissionais nos Centros Educacionais de Alfenas.
Alfenas
Pude entender que temos o dever de permitir que o outro seja feliz, pois cada um
tem o direito de fazer suas próprias escolhas e a nós só cabe respeitar as diferenças. Na
escola onde atuo aprendi a vivenciar as situações que envolvem sexualidade com mais
naturalidade. A parceria escola/família já acontece na instituição em que trabalho e esta é
de suma importância para a proteção de nossas crianças. Quanto à questão do
planejamento e execução de cursos, palestras, reuniões para formação de educadoras(es)
(sic), o projeto que nós cursistas da cidade de Campo Belo elaboramos, visa atingir todas
as instituições da rede municipal.
Campo Belo
Estamos nos preparando para dar continuidade ao tema, aplicar o projeto em
nossa escola e esperamos colher bons frutos.
Campo Belo
Que tal colocar em prática em 2011 os projetos apresentados hoje e fazer uma
observação dos resultados? Lavras
33
Que tal reunirmos daqui um tempo e contar nossas experiências aplicadas,
aprendidas através desse curso?
Campo Belo
Assim como Campos Gerais, é o nosso desejo que este projeto atinja o mais rápido
possível outros municípios, outras pessoas para que nossas crianças sejam respeitadas
como ser. Que tal colocar nosso município em toda a rede de informação e transformação?
Assim que forem surgindo projetos como este pode nos convidar; estamos abertos e temos
apoio dos profissionais/autoridades que representam Campos Gerais. Com certeza outras
profissionais também terão a chance de representar Campos Gerais.
Campos Gerais
Que tal: Outras capacitações, Cláudia e equipe em nossa cidade para conversar
com educadores e pais.
Sozinha ou acompanhada sinto que tenho a “missão” de transpor barreiras e
pensar nas “crianças” e assim levar para as escolas (que trabalho) tudo que aprendi nesse
curso.
Elói Mendes
Que tal um curso, ou um módulo de estudo acerca dessa temática de forma
contínua?
Ijaci
Que bom ter tido a oportunidade de participar desse curso, onde pudemos rever
nossos conceitos sobre sexualidade infantil, para trabalhar melhor com as manifestações
das crianças e ajudá-las a se desenvolverem de forma saudável, sem tabus ou
preconceitos.
Sou supervisora pedagógica na Escola Municipal Prefeito Ribeiro Neto, e já incluí
o estudo do material veiculado nesse curso nas nossas reuniões pedagógicas, objetivando
formação continuada dos professores e professoras e a partir daí, desenvolver o “Projeto
Pedagógico” que fizemos.
Algumas atitudes em relação à manifestação da sexualidade pelas crianças já
estão também sendo mudadas, com consequências positivas para a formação das
mesmas.
Nepomuceno
O curso desencadeou muitas ações no meu cotidiano, como:
 Palestra sobre a temática afetividade/sexualidade na Educação Infantil, para
professores/as da Educação Infantil do município;
 Palestra para crianças de 8 e 9 anos de uma escola municipal de educação infantil
no dia 20/10;
34
 oficinas com os/as professores/as da APAE de Três Pontas;
 planejamento de ações e atividades para o ano de 2011, para serem levadas às
APAEs que compõem o Conselho Regional Sul II;
 mas, sobretudo, mudou minha postura diante de meus filhos e de meus alunos
deficientes, cujos alunos que já são excluídos socialmente, o são também
“sexualmente”, pelas famílias e pela sociedade.
Três Pontas
… fiquei muito feliz com a oportunidade que a Secretária de Educação de Três
Pontas nos deu, em poder passar o que aprendemos a todas as professoras de Educação
Infantil de Três Pontas.
Três Pontas
As desconstruções
A minha postura diante do tema Sexualidade não era totalmente de resistência ao
assunto, mas achava que era “obrigação” a formação, a transmissão do conhecimento da
família, e não da escola, ou da sociedade.
Hoje minha postura é completamente diferente. Vi que posso trabalhar com o
tema de forma prazerosa e natural na escola, através de jogos, brincadeiras, ensinando e
ajudando o desenvolvimento da criança.
Alfenas
Maravilhoso participar desse curso. Quanto aprendizado, desconstrução de tantas
concepções que nem imaginava que eram tão preconceituosas. Aprendi a respeitar o outro
pelo que ele é, e não pelo que a sociedade “gostaria” que fosse.
O curso me ajudou muito a construir novos conceitos, a desconstruir
preconceitos... a não mais enxergar a vida e as pessoas como “azul” ou “rosa”, mas da cor
preferida de cada um.
Alfenas
O curso possibilitou construir e agregar novos conceitos à temática oferecendo
uma amplitude em grande escala das variedades e processos implícitos sobre corpo,
gênero, sexualidade. Os textos compilados, os vídeos, os discursos analisados e
proclamados tendo como base os citados proporcionou uma ressignificação no olhar para
certas questões, saber situá-las, problematizá-las. Desta forma, consequentemente,
mobilizou uma série de novas posturas e olhares apaixonados por um ponto de vista novo,
mas, podendo ser abandonado assim que necessário. Este discurso ressignificado articula-
se com novos fazeres e, certamente, nos ancora para dar margem a planejamentos e
execuções de tarefas positivas e assertivas no desenvolvimento de políticas, valores,
atitudes e comportamentos assertivos com relação à diversidade sexual, em prol da
cidadania e inclusão social.
35
Elói Mendes
Mudou muito em relação ao tema, dando oportunidades de aprendizado, vendo
esta questão de forma mais abrangente, confrontando com mais ética, valor afetivo, no
decorrer de várias situações enfrentadas escola/família, possibilitando assim a execução
de planejamento, reuniões com pais e educadores, com mais significação e liberdade de
expressão. Como diz a frase: "Não me pergunte quem eu sou e nem me peça pra
permanecer a mesma". Foi maravilhoso este curso!!!
Elói Mendes
O azul e o rosa, o carrinho e a boneca, nunca serão vistos com o olhar de algum
tempo atrás.
Campos Gerais
Com o curso pude estar em contato com um referencial teórico muito rico que me
permitiu desconstruir conceitos e valores tanto diante da vida ou em relação à vida
profissional.
Itumirim
Mudou a minha postura com as crianças que trabalho, com a comunidade e
principalmente com meus filhos. Você, tendo uma mente mais aberta, tudo fica mais fácil
e no trabalho as pessoas até perguntam coisas, tiram dúvidas, pois mesmo não fazendo o
curso, acreditam que o curso é importante e, em muitas situações lá no CMEI onde
trabalho, foram resolvidas sem dramas por eu estar participando deste curso.
Lavras
A temática do curso fez com que eu percebesse que os seres humanos não podem
ser divididos apenas em dois grupos: homens e mulheres. O ser humano pode e deve ser o
que quiser ser (respeitando o outro sempre) independente do que vão pensar a respeito
dele.
Lavras
Respeito às diferenças
Depois que participei do curso cresci muito como ser humano. Comecei a ver a
vida com um olhar diferente. Vejo que temos que respeitar as diferenças, permitir que o
outro seja feliz independente de suas escolhas.
Para minha prática pedagógica foi muito enriquecedor, pois tenho uma bagagem
de conhecimento maior para lidar com as situações do dia a dia, encarando-as com mais
naturalidade.
36
Campo Belo
Que tal erguermos nossas cabeças para então, iniciarmos a Prática do Projeto,
juntando as 'pedras' que nos serão jogadas, porque todo “Novo” assusta, gera polêmica e,
enfim, juntar todas essas “pedras” e construirmos o castelo dos nossos sonhos: o respeito
ao ser humano.
O curso abriu meus horizontes, obviamente que não concordei com tudo,
participei com muita fome de aprender e, o que julgo fazer parte do meu viver, colocarei
em prática.
Campo Belo
 Em relação à temática, cresci muito através das trocas e conhecimentos;
 Diante da vida, aprendi que devemos permitir que o outro seja feliz, independente
de sua escolha, que é pessoal e única, e a respeitar as diferenças;
 no exercício da minha profissão, aprendi a olhar tudo com mais naturalidade;
 na relação da escola com a família, estou confiante que podemos fazer muito
pelas crianças através dessas instituições.
 No planejamento e execução de cursos, estamos nos preparando para que
possamos colher muitos frutos, com varias estratégias, com o objetivo de dar
continuidade ao tema e colaborar para que todos possam ter oportunidade de
crescimento e reflexão.
Campo Belo
As dificuldades
Que pena que muitas pessoas ainda pensem que educação sexual é falar de sexo;
é expor de forma indecorosa as relações afetivo/sexuais para as crianças. E ainda, que
muitas crianças sofram violência por falta de informações sobre si próprias.
Campo Belo
Estar aqui a cada sexta-feira, vencendo barreiras: família, trabalho, veículo,
rodovias, tempo (relógio), medo, etc, é uma glória!
Campos Gerais
(…) às vezes, em determinadas situações, alguns temas são, ainda, inadequados
aos pequenos. Não sou omissa e indiferente, mas possuo algumas reservas que me
impedem a tomada de iniciativa.
Elói Mendes
Quanto a planejar cursos e palestras para formação de educadores/as, pelo
menos dentro de minha escola, não vai ser fácil. Minha diretora é totalmente contra a
abordagem deste tema.
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Paraguaçu
“A maior de todas as jornadas começa com um primeiro passo.” Essa frase é
citada em um dos filmes exibidos no curso. Ela fala da história de uma personagem negra,
pobre, que é abusada pelo pai desde os 3 anos. Porém “Preciosa” busca vencer suas
barreiras dando seu primeiro passo.
Considero esse curso como o primeiro grandioso passo na construção de uma
sociedade que seja capaz de respeitar suas diferenças pois a discussão traz a tão
importante visibilidade.
Lembrando da fala de Michel Foucault: “onde há poder, há resistência”,
pensemos o curso “Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação
Infantil” como essa resistência, que como na metáfora da água que escorre, que vaza, que
evapora, ela acontece, existe. Que, por mais que o discurso tente isolar as sexualidades,
tente enquadrá-las, iniciativas como esta de resistir, de chamar à discussão, de
desconstruir, provam que é com um primeiro passo que se inicia uma jornada.
Se a jornada é difícil, logo as dificuldades aparecem, porém estamos falando de
resistência. E resistir é não se deixar abater, é lidar com o inesperado, com o taxativo, com
o desanimador.
Esses podem aparecer na figura da coordenadora de uma escola que manda-nos
“tangenciar” a homossexualidade, como se essa existisse por si só e não muito mais em
seu discurso “normatizador”, enquadrante, heteronormativo.
Mas falar de longas jornadas é falar de inesperados, de medos e anseios. No
entanto, se quisermos seguir a caminhada, é com eles que devemos lidar. Lidar com os
monstros da discriminação, do abuso, da crítica, isso é resistir.
E falando em monstros aparece a figura da coordenadora daquela escola que não
é capaz de diálogo; não é capaz de pensar o diverso, o plural, no qual o ser humano se
constitui. O “tangenciar” nasce quando, ao passar o filme “Minha vida de João”, forma-se
uma discussão na sala, porém, a norma vem à tona, como era de se esperar. “Menino com
menino não encaixa, professor.”, “sempre foi assim”. Diante dessas falas houve uma
tentativa de trazer à discussão, mas se é uma jornada, e ela tem muitos desafios, aparece
a primeira dessas dificuldades, o falar sobre a homossexualidade.
O tema da homossexualidade aparece sempre com palavras que demonstram
receio, nojo. Desse modo, chega aos ouvidos do “normatizador” ou “normatizadora” a
questão de que o professor quer que “todos virem 'viados'”. Assim se institui mais uma
vez, o “tangenciar”, uma das formas dos seres humanos sentirem prazer, mais uma forma
de amar. Essa coordenadora chega até o professor e o proíbe de falar sobre a
homossexualidade e sobre sexualidade no geral, esquecendo-se que esta é descrita nos
PCN's, como um tema transversal.
Mas como diz Foucault: “Onde há poder, há resistência”.
Perdões
Que bom que viemos e voltamos sem acidentes.
38
São Francisco de Paula
Compromissos partilhados
Que bom conhecer pessoas inteligentes e comprometidas com a educação,
principalmente com a educação infantil! O mundo sempre será melhor porque sempre vão
existir pessoas coerentes e apaixonadas com as escolhas profissionais e de bem com seu
interior. São poucas, tudo bem, é melhor assim, porque daí novos grupos estão surgindo,
surgindo até que podemos transformar o nosso pensamento e nosso cotidiano.
Campos Gerais
Pena que não foi pensado e fixado “maneiras” de comportamento de um
professor e principalmente de diretores de escolas e creches, diante de situações
relacionadas com o tema em discussão. Ideias foram poucas.
Será bom podermos contar com as leis municipais. Mas é preciso “cobrança” na
continuidade da inserção de conteúdos sobre Educação Sexual no currículo das Escolas e
creches.
Lavras
… fazer uma reunião com os pais sobre gênero e sexualidade na Educação Infantil,
que não é um bicho de sete cabeças, para eles estarem conscientes de que não estamos
prejudicando seus filhos, mas sim ajudando.
Lavras
Que tal colocarmos em prática tudo que aprendemos, e dizer um “não!” para o
engavetamento?
Lavras
Experiências
O curso proporcionou refletir tanto nas minhas ações quanto na minha postura,
tornei-me uma pessoa melhor, uma profissional melhor. Sempre fui uma pessoa sensível
mas, muitas vezes, passiva ao sofrimento, tanto meu, quanto dos outros e, através do
curso aprendi que não preciso ser conivente com o sofrimento, pelo contrario, posso lutar
por minha felicidade e posso contribuir pela felicidade do outro, das nossas crianças.
Sempre amei a Educação Infantil onde trabalho há mais de 10 anos, mas não tinha essa
visão, esta compreensão sobre a temática de gênero e sexualidade. É lindo demais, é
profundo, é necessário e urgente; emocionei-me em cada etapa, em cada filme, em cada
livro, em cada brinquedo de intervenção, em cada projeto, em cada fala; foi uma
experiência viva a qual me acompanhará ao longo da vida.
Campos Gerais
39
Na minha vida acrescentou muito as experiências que outras cursistas relataram.
Todo curso foi de grande valia para o meu Ser enquanto mãe, avó, educadora, profissional,
pois a temática envolve vidas e conflitos, e o compromisso de todos para construir um
mundo melhor para as gerações.
Elói Mendes
Como educadora da Educação Infantil, sempre me vi diante de situações que
foram abordadas no curso.
Ainda tenho muito que aprender, mas posso dizer que hoje, consigo intervir de
forma adequada.
Continuarei pesquisando, capacitarei as monitoras do CEMEI, para que elas
saibam como agir, quando se depararem com situações que envolvam a sexualidade
infantil.
Elói Mendes
O curso abriu um leque de possibilidades em minha vida. A começar pelo lado
pessoal, pois o primeiro ensinamento que ficou foi respeitar as pessoas em suas opiniões e
decisões. Quanto ao lado profissional, o curso foi fundamental no meu processo de auto-
avaliação enquanto educadora, bem como na forma de refletir ao elaborar projetos e
planejamentos.
Foram de grande valia as palestras, vídeos, danças circulares, trocas de
experiências, músicas, enfim. Os momentos vividos durante o curso não foram meros
momentos, e sim momentos que marcaram a minha vida. Como esquecer os relatos aqui
ouvidos, como também os que escrevi? Como esquecer o filme “Preciosa”? Aqui eu me
senti acolhida, segura diante de tudo que vivi.
Ijaci
São iniciativas assim que nos fazem crescer e reconstruirmos um país melhor, se
não para nós, pelo menos para os que virão depois de nós.
Lavras
Que pena: pensar que é o último encontro, me deixa triste porque “acabou”... mas
me deixa feliz porque consegui, pois minha escola não queria me liberar, foi uma luta mas
bati o pé e hoje ao concluir... posso dizer que valeu a pena. Sou uma sementinha...
obrigada pela oportunidade.
A Educação Infantil frequentemente ocupa um lugar importante para o
aprendizado: é o “início”, precisamos conhecer ainda mais pois é o espaço da Educação
Infantil que propicia a construção para os acontecimentos naturais. O curso mudou minha
postura diante da temática, em meu planejamento contribuiu para introduzir e responder
a “verdade” para as crianças, o “certo” sem rodeios, no meu cotidiano escolar.
Finalizo com as palavras de Rubem Alves: “...ao aprender as respostas certas, os
alunos desaprendem a arte de se aventurar e de errar, sem saber que, para uma resposta
certa, milhares de tentativas erradas devem ser feitas.”
40
“Ninguém vence uma guerra lutando sozinho...”
Lavras
Me sinto ricamente subsidiada e quero que essa jornada não pare aqui mas venha
a se refletir no cotidiano escolar e na vida das crianças que estiverem perto de mim.
Lavras
Que bom que eu descobri este curso a tempo de participar e descobrir a maravilha
que é a discussão atual sobre Gênero e Sexualidade. Que pena que passei muitos anos da
minha vida acadêmica sem perceber esse tema. Sendo da área de saúde muitas destas
temáticas não são vitais na minha área. Porém, hoje afirmo que esta temática tem TUDO
a ver com Terapia Ocupacional; aliás, gênero e sexualidade deviam ser estudados por
todos os profissionais, pois tudo que nos cerca fala e se relaciona com essa temática.
Que tal termos uma segunda parte deste curso e que tal a turma de Lavras criar
um Grupo de Estudos? Quero de todo o meu coração continuar discutindo e aprendendo
mais.
Este curso mudou minha forma pessoal diante da questão homossexual,
compreender um pouco sobre eles e principalmente, me perguntei sobre o preconceito
existente, as pré-definições que existem. Com o filme “Minha Vida em Cor de Rosa”
imaginei e vivenciei o sofrimento e angústia daquela criança. A partir daí, decidi olhar de
uma forma especial para cada criança e tentar deixá-la à vontade para fazer suas escolhas
e autonomia.
Passei também a julgar e analisar a propaganda, procuro interpretar todas as
ideias de gênero e de sexualidade e tento buscar uma discussão profunda sobre isso.
Na minha profissão, durante os grupos de alongamento, sempre dou exemplos de
atividades que podem prejudicar o punho e normalmente só dou exemplo de atividades
domésticas que as mulheres fazem: varrer, torcer pano de chão, carregar sacola. Após o
curso, introduzi outras tarefas que as mulheres fazem: dirigir, abrir porta, usar o
computador. Até nisso consegui melhorar minha visão.
Durante meus atendimentos terapêuticos não direciono mais as brincadeiras de
meninos e meninas. Permito que elas brinquem de tudo.
Lavras
Mudou muito minha postura diante da vida no que se refere à preocupação no
trabalho desse tema, em pensar o quanto, a maioria de nós, éramos leigos e até
“inocentes” em achar que tais incidentes eram poucos...
Acredito que podemos muito diante do que aprendemos, podemos fazer a
diferença na vida de uma criança. Para isso, basta ter os olhos, os ouvidos, enfim os
sentidos atentos aos pequenos detalhes por ela demonstrados.
Lavras
41
O curso desencadeou ações no exercício de minha profissão. Antes do curso, ao
trabalhar com as crianças da educação infantil encontrava dificuldades para soluções de
dúvidas (problemas) que surgiam no dia a dia. Hoje, graças a este curso, tenho mais
segurança ao se tratar do assunto, não podando certas ações e atitudes das crianças.
Macuco de Minas
O curso colaborou muito com todos esses tópicos. Achei esse curso muito rico em
experiências dos outros educadores. Acredito que agora cabe a cada um de nós levar esta
bagagem que adquirimos aqui e semear em nossas cidades. Precisamos conseguir mais
adeptos destas ideias para que elas se efetivem em nossas escolas.
Paraguaçu
Este curso nos deu base para passar para os alunos respeito à diversidade; “Cada
um é como é, e não como gostaríamos que fosse”.
Paraguaçu
… através de histórias que não conhecia, como “Mamãe Botou um Ovo”, trabalhei
com meus alunos e vi a curiosidade deles e poder olhar os desenhos, saber como nascem
os bebês.
Paraguaçu
Passou muito depressa, acho que ainda temos muito a aprender.
Paraguaçu
Depois do curso, tenho um novo olhar para os detalhes. Situações que antes
passavam despercebidas, hoje são olhadas com mais atenção e carinho, e trabalhadas
com todos alunos.
Paraguaçu
O curso está contribuindo de forma positiva possibilitando o meu crescimento,
amadurecendo e acelerando minha postura na minha vivência diária, tanto no âmbito
escolar como familiar. Trata-se, porém, de um tema polêmico do qual deparei com vários
desafios, havendo uma certa dificuldade em superá-los pelo fato de pertencer a uma
cidade do interior, onde na verdade somos todos parentes. No entanto, conto com a ajuda
da supervisora, onde as questões surgidas são resolvidas com os familiares quando
necessário e sempre da melhor forma, de modo que a criança seja respeitada. Com
certeza, esta conscientização é possível através do curso que tem realizado em etapas e
anos diferenciados.
São Francisco de Paula
O curso foi de grande valia, ampliou de forma significativa meus conhecimentos,
tanto na vida profissional, como pessoal. Mudei minha postura e visão diante de algumas
situações em que antes deste curso teria grandes dificuldades em resolver e hoje já tenho
argumentos para discutir e esclarecer assuntos relacionados ao tema sexualidade, o que é
de grande importância para o desenvolvimento das crianças.
42
São Francisco de Paula
Tive uma experiência com meus alunos e pensei que iria gerar um conflito muito
grande entre os pais, mas foi tranquilo; pensei que teriam uma reação chocante, mas não.
São Francisco de Paula
O meu medo de pensar em relação sobre a sexualidade infantil mudou muito.
Meu pensamento agora é outro. Foi muito bom ter feito esse curso tanto na área
profissional quanto na vida cotidiana.
São Francisco de Paula
A última ideia força que acentuarei para terminar o que não tem fim: o suor da
vida no calor de irmãos... referenciais teóricos e metodológicos que continuam pulsando
nos encontros mensais dos fóruns de Educação Infantil, nas disciplinas ministradas na
graduação e na pós-graduação; nas reuniões do Grupo de Pesquisa: Relações entre
filosofia e educação para a sexualidade na contemporaneidade: a problemática da
formação docente; nos infindáveis convites para palestras, mini-cursos, colóquios, mesas-
redondas.
Enfim... não tem fim!
43
O CURSO DE FORMAÇÃO EM CAMPINAS
Beatriz Tomaz Ruela, Sofia Farias Zacura, Dolores
Setuval Assaritti, Júlio Paulo de Moraes
Lauren Aparecida de Souza Santos
O projeto “Tecendo...” foi desenvolvido em cinco cidades, e uma delas foi
Campinas/SP, onde contamos com profissionais da Educação Infantil da rede
metropolitana de Campinas (Campinas, Paulínia e Hortolândia) e também de escolas
confessionais da rede particular. Foram mais de cem inscrições, havendo apenas dez por
cento de desistência até o final do curso. Importante destacar que contamos com a
inscrição de apenas um homem, o que evidencia a elevada participação das mulheres
nesse espaço educacional na região mencionada.
Uma questão marcante foi a participação das monitoras, de um monitor e
agentes de educação infantil, profissionais que atuam diretamente com as crianças, que
em suas avaliações demonstraram dificuldades e falta de abertura para desenvolverem
seus projetos nas unidades em que atuam, mostrando mais uma vez que as relações de
poder existem nas instituições escolares.
Iniciamos o curso com muita expectativa. Não sabíamos o que iríamos encontrar.
Nossas perguntas nos guiaram em nossos passos iniciais. Quem seriam essas pessoas? O
que elas estariam esperando do curso? E nós, daríamos conta de responder às suas
perguntas? Era o encontro com o inesperado.
As aulas afetuosamente referidas como encontros, aconteceram na Faculdade de
Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE/UNICAMP), em duas turmas
semanais, uma à tarde e outra à noite, entre os meses de abril a outubro. O fato da
formação ter sido oferecida em dois turnos possibilitou um número considerável de
participantes de uma mesma escola.
O grupo de trabalho contou com a participação de um coordenador, o psicólogo
Ricardo de Castro e Silva, doutorando em Educação (FE/UNICAMP) e quatro monitoras e
um monitor, estudantes da graduação: Beatriz Tomaz Ruela e Sofia Farias (FE/UNICAMP);
Dolores Setuval Assaritti, Júlio Paulo de Moraes e Lauren Aparecida de Souza Santos da
44
Faculdade de Educação Física (FEF/UNICAMP). Esse grupo realizou reuniões quinzenais
para planejamento de aulas e atividades, participou dos encontros semanais, manteve
comunicação constante com as e o participante pelos grupos de emails de cada turma,
além de realizar pesquisas e produção de artigos.
No primeiro semestre, foram trabalhadas no curso importantes teorias
pertencentes as três temáticas: Gênero(s), Sexualidade(s) e Identidade(s). Para tanto,
contamos com a participação de palestrantes, docentes e/ou pesquisadores, que
contribuíram imensamente para este processo educativo. A professora Dra. Ana Maria
Faccioli de Camargo (FE/UNICAMP), apresentou o tema: Foucault e o pós-estruturalismo -
cultura, linguagem e poder. A professora Dra. Helena Altmann (FEF/UNICAMP) apresentou
o tema Gênero numa turma e, Simone Cecília Fernandes, mestre em Educação Física
(FEF/UNICAMP), em outra. Rodrigo Braga do Couto Rosa, mestre em Educação Física
(FEF/UNICAMP), e Tiago Duque, doutorando em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas (IFCH/UNICAMP), apresentaram Diversidade Sexual. Paulo Reis dos
Santos, mestre em Educação (FE/UNICAMP), apresentou Identidade Sexual. O
coordenador Ricardo de Castro e Silva apresentou Sexualidade Infantil. A professora Dra.
Regina Maria de Souza (FE/UNICAMP), apresentou Racismo e Racismo de Estado, no
segundo semestre. Também no segundo semestre foi abordado o tema Violência
doméstica e sexual apresentado pelo coordenador.
Os encontros, organizados por temas, eram compostos de palestras ou aulas
expositivas, filmes, discussão das leituras, trabalhos em grupo, etc. No mês de julho não
tivemos encontros, mas as participantes realizaram um trabalho individual de escrita de
um exercício de problematização de casos discutidos em sala de aula, trazidos pelas
professoras de seu cotidiano. Também solicitamos que fizessem um desenho que, para
elas, representasse a Sexualidade Infantil. Essa segunda atividade foi livre. Já, as
produções deveriam partir de um dos casos relatados e disponibilizados nos grupos de
emails. Os textos foram entregues às monitoras e monitor que os devolviam com
comentários. Todas as pessoas tiveram oportunidade de receber os comentários e refazer
o texto, até o final do curso, e alguns foram indicados como artigo para serem publicados
no livro e no site do projeto. Pretendíamos com essa proposta de trabalho possibilitar
45
uma maior reflexão sobre os acontecimentos inusitados das creches e escolas infantis, que
correspondessem aos temas estudados.
No segundo semestre, permaneceram as aulas expositivas, palestras, filmes,
leituras e foram acrescentadas atividades em grupo sobre a relação das/o participante/s
com as crianças, com os outros profissionais e com os familiares no local de trabalho. Uma
das atividades foi a elaboração de um projeto de intervenção na escola, individual ou
coletivo. Esperávamos que, com essa proposta, cada instituição fosse vista sob uma nova
perspectiva e pelos seus próprios profissionais, para planejarem novas ações e renovações
no que se refere às questões da educação em gênero, sexualidade e diversidade de suas
crianças.
No último encontro, foi feita uma avaliação oral e coletiva sobre o andamento do
curso e também uma por escrito e individual. Destacamos abaixo algumas das opiniões
mais recorrentes nas avaliações:
Que bom que o curso permitiu um novo olhar para situações que antes passavam
despercebidas na sala com as crianças e ainda possibilitou diferentes materiais que
enriqueceram a minha prática, como livros, vídeos, músicas e poemas.
Que pena não ter sido possível levar essas experiências a todas as pessoas que
não conseguem se desvincular dos preconceitos sexuais nas escolas.
Que tal abrir novas turmas deste curso no próximo semestre para dar
oportunidade a outros educadores?
O grupo de trabalho compartilha da seguinte opinião:
Que bom que as participantes e o participante tiveram oportunidade de ampliar
seus saberes sobre Educação para a Sexualidade e Gênero, a fim de transformar sua
prática pedagógica num facilitador para as crianças se conhecerem e desenvolverem
naturalmente sua identidade autônoma.
Que pena que algumas de nossas propostas de atividades não puderam se
concretizar, em razão da falta de espaço e tempo. Uma delas seria a realização de
atividades corporais, possibilitando tanto uma prática de autoconhecimento, quanto uma
rica experiência para ser levada às escolas.
Que tal mantermos contato com as turmas por meio dos grupos de email para
sabermos o que foi possível (e quase impossível) de realizar, transformar e inventar nas
relações e espaços do cotidiano?
Para finalizar essa breve apresentação inicial, encerramos com a concepção de
um autor que foi referência em nossos encontros:
46
Pelo fato de que constantemente nascem seres humanos no mundo,
o tempo está sempre aberto a um novo começo: ao aparecimento de
algo novo que o mundo deve ser capaz de receber, ainda que, para
recebê-lo, tenha de ser capaz de se renovar; à vinda de algo novo ao
qual tem de ser capaz de responder, ainda que, para responder, deva
ser capaz de se colocar em questão. (LARROSA, 2001, p.189)
Desmistificação da Sexualidade
O tema da Sexualidade há tempos vem sendo tratado com muitos tabus em
nossa sociedade. Na formação em Campinas, havia pessoas de estratos geracionais e
sócioeconômicos diversos. Em todos esses estratos, pudemos observar a insegurança, a
vergonha e o medo que se tinha em falar e agir perante esse tema junto às crianças. A
ideia de que sexualidade se refere apenas ao ato sexual, era recorrente entre alguns dos
participantes no início do curso. A descoberta da amplitude e complexidade do assunto
gerou curiosidade e alívio. A formação contribuiu para um novo olhar sobre a sexualidade
humana, por meio das aulas teóricas com profissionais que pesquisam e lecionam sobre
essa área do saber e, ainda, por assegurar espaços mais abertos ao diálogo, às dúvidas, às
posições individuais e coletivas, por meio da aproximação que fomos estabelecendo com
cada pessoa. Elas e ele nos traziam casos e experiências do dia a dia da escola, na busca
por respostas e soluções e, com isso, fomos estabelecendo um vínculo de confiança
fundamental para os resultados finais.
Nos encontros, fomos percebendo o quanto o tema era tão presente no cotidiano
da escola e o quanto ele trazia posições e imposições, muitas vezes arbitrárias, por parte
dos adultos, pais ou profissionais da escola, no intuito da normatizar e controlar os corpos
e os saberes das crianças, baseado numa lógica heterossexual e machista. Os relatos das
educadoras e do educador sobre sua prática nos revelaram grande parte do olhar e da
preocupação sobre a sexualidade da criança expressa no ambiente escolar. Dentre eles, os
mais observados eram a respeito da masturbação e da existência de um tratamento
diferenciado entre o gênero masculino e feminino. Percebemos, claramente, os muitos
47
limites à expressão da cultura de movimento10
infantil e ao conhecimento do seu corpo e
do corpo do outro.
Limites esses, educados e impostos desde os primeiros anos de vida e refletidos
em muitas ações do cotidiano nas creches, como, por exemplo, ensinar aos meninos a
fazer xixi em pé; incentivar determinações de cores para ambos os gêneros; proibir
qualquer ação considerada fora dos padrões do ser masculino ou do ser feminino: não
permitir certas roupas de fantasias que denotem o sexo oposto, ou não permitir aos
meninos pintar as unhas, etc.
O estudo de casos contribuiu para o aprofundamento sobre o tema da
Sexualidade, para o compartilhamento de sentimentos e para a revisão das próprias ações
pedagógicas. Ações inviabilizadas em alguns momentos, em razão do confronto de ideias
entre educador(a) e direção escolar ou entre educador(a) e pais. Citamos algumas das
frases recorrentes que revelam a fragilidade da política pedagógica da escola, no que se
refere a Sexualidade, justificando este fim imobilizador: “Não posso permitir o menino
passar batom porque o pai não deixa”; “A direção da minha escola acredita que esse
assunto é da família e não da escola”. Encarar e/ou resistir a determinadas manifestações
de poder em forma de ordens e padrões impostos pelas famílias ou qualquer outra
instituição de poder mais influente e dominador não é uma tarefa fácil a ser assumida
pelas educadoras e pelo educador.
As questões que interligam a Educação com os temas de Gênero e Sexualidade
são historicamente pouco discutidas em instituições como a escola e a família, além de
serem pouco trabalhadas nos cursos superiores de formação docente. Talvez, por essa
razão, as participantes e o participante trouxeram um pouco do desamparo que sentem
quando as crianças os surpreendem com suas curiosidades e ações espontâneas sobre sua
própria sexualidade ou, em casos críticos, quando apresentam indícios de violência sexual.
Nosso curso não se preocupou somente em analisar os variados casos para propor-lhes
outros desfechos, mas sim fortalecer o posicionamento do(a) educador(a) como autor de
sua ação, estimular o senso crítico para questionar o posicionamento de familiares,
10 Cultura de Movimento é um termo cunhado pelo professor Doutor da área da Educação Física, Elenor Kunz, o
qual define o termo como todas as atividades pertencentes ao “se-movimentar humano”, todas as ações e
gestos que o indivíduo produz, reproduz e resiste em seu meio.
48
gestores(as) e governantes, proporcionar a auto-reflexão e fomentar a curiosidade sobre
os diversos saberes e fazeres que permeiam seus relacionamentos com os adultos e com
as crianças na creche e escola.
Um texto que foi fundamental na discussão sobre a atuação do/a educador/a foi
do professor Silvio Gallo, em seu livro Deleuze e a Educação (2003). O autor faz um
deslocamento dos termos cunhados pelos filósofos Deleuze e Guatarri – Literatura Maior
e Literatura Menor, para o termo criado por ele – Educação Maior e Educação Menor. Este
último é referente à educação desenvolvida no cotidiano escolar, a partir de seus
acontecimentos inusitados, constituindo-se numa resistência às ações de poder da
Educação Maior, a qual é pertencente a uma macropolítica educacional vigente. O autor
diz ainda que tudo o que ocorre na escola é pedagógico, logo, nas mínimas e máximas
ações e acontecimentos, pode-se aprender e ensinar.
A Educação Menor se faz presente, por exemplo, quando discutimos a
importância da atuação dessas educadoras em propor uma educação para meninos e
meninas, que não os impeçam de vivenciar a infância e de experimentar e esclarecer suas
curiosidades. Essa educação e resistência do adulto que rompe com as normas, com a
homogeneização dos saberes e com o controle, é que permite aos meninos e meninas a
dimensão lúdica, curiosa e brincalhona que lhes são próprias.
O Projeto “Tecendo...”, em todas as cinco cidades envolvidas, por meio da
formação oferecida para, aproximadamente, 500 educadoras e educadores, dessas
localidades, colaborou para a educação menor ao formar educadores/as mais bem
preparados/as para a realização de um trabalho que promova o desenvolvimento e o
descobrimento pela criança de uma sexualidade infantil prazerosa e questionadora. Em
Campinas, o grupo foi percebendo, no seu ritmo, o quanto existe de sexualidade na
instituição infantil, seja ela reprimida ou não, e puderam reconhecer crianças ávidas pelas
descobertas do mundo e de seus corpos. É necessário, portanto, que esses profissionais
estejam preparados, a fim de conferir a elas espaços de vivências de suas identidades
sexuais e de gênero, sem mistificações e preconceitos.
49
A homossexualidade: uma questão pertinente à Educação Infantil?
A formação realizada como etapa central do Projeto foi planejada para abordar as
temáticas de Gênero(s), Sexualidade(s) e Diversidade(s), focando as questões referentes
às infâncias, à sexualidade nas infâncias, relações de gênero e diversidade sexual. Nesse
contexto, identidade sexual, as formas de violência doméstica e sexual e racismo nos
contextos da família e da instituição de Educação Infantil, foram temas centrais. Podemos
dizer que em nossa realidade - em Campinas - os temas da homossexualidade e violência
foram os itens marcantes do processo. A intenção de refletir sobre esses temas era
problematizar cada uma das questões envolvidas a fim de desestabilizar os pensamentos e
as verdades pré-concebidas que cada pessoa trazia consigo.
O tema gênero sempre foi compreendido como uma categoria relacional e,
portanto, construído nas relações com o outro. Sendo assim, um dos espaços possíveis
para a sua construção é o ambiente de Educação Infantil. Uma, dentre as muitas
responsabilidades desse lugar, de educação das crianças, é ensinar meninos e meninas
como devem ser e estar no mundo, de acordo com o gênero, porém, suas
classificações/hierarquização muitas vezes não condizem com os desejos e as vontades
das crianças. É aí que entra em cena o/a educador/a munido/a das normas sociais para
limitar as ações das crianças e fazer com que ela haja de acordo com sua classificação de
gênero.
No decorrer da formação as educadoras e o educador relataram suas
preocupações nas atividades com as crianças quando reconheciam que classificavam as
crianças em meninos e meninas e em cuidar para que suas atitudes fossem fiéis à
classificação de gênero na qual cada uma se encaixava, ou seja, meninos usam azul,
brincam de carrinho e gostam de meninas, e meninas usam cor-de-rosa, brincam de
boneca e gostam de meninos. Muitos participantes comentavam a dificuldade de
abandonar essa classificação ao lidar com suas crianças. Já, algumas que ousaram,
obtiveram sucesso ao oferecer novas oportunidades de brincadeiras para meninos e
meninas, sem restrições de gênero.
Quando as crianças rompem os limites dessa classificação, principalmente no
caso dos meninos, surge a problemática da homossexualidade, que aparece envolta em
50
preconceitos não só por parte dos profissionais da escola, mas também por parte da
família que, muitas vezes, exige providências da escola; afinal, no seu entender, caberia à
instituição a responsabilidade de educar seus filhos e filhas para serem homens e
mulheres heterossexuais.
Grande parte das reflexões feitas nos encontros possibilitou o debate referente à
homossexualidade. Quando voltávamos nossos olhares para tal questão surgiam muitas
curiosidades, dúvidas, medos que diziam respeito à orientação sexual e aos desejos dos
adultos e das crianças. Exemplos da dificuldade em lidar com o tema da
homossexualidade são os casos de proibição aos meninos de exploração dos brinquedos e
brincadeiras que fazem parte do universo feminino, como bonecas e fantasias de princesa,
esmaltes e maquiagens, etc. Algumas pessoas admitiam não permitir aos meninos
explorarem esses materiais por medo de estimulá-los a serem homossexuais e se
sentirem, portanto, responsáveis por isso. Outras professoras disseram que não
permitiam, pois acreditavam que isso o faria afeminado, e outras, ainda, afirmaram não
ter nada contra os meninos brincarem com coisas de menina, porém, não permitiam
porque a escola ou a família não autorizavam. Há um jogo no qual a professora faz parte
de vigiar e impedir tais atitudes, em nome da normalidade.
Uma das metas do curso foi romper com esse pensamento sexista e
preconceituoso e que atinge de forma desastrosa a instituição de Educação Infantil. A
princípio, algumas palavras causavam embaraço entre os participantes, tais como, ‘sexo’,
‘homossexual’ ‘gay’, ‘lésbica’, entre outras, mas com o aprofundamento dos estudos sobre
Gênero, Sexualidades e Identidades, essas palavras passaram a ser usadas com mais
tranquilidade.
Salientávamos, a cada reflexão, que a sexualidade na criança perpassa suas
relações, nas brincadeiras como respostas espontâneas e propositais. São os adultos que
olham para as atitudes da criança com certa malícia e reprimem a expressão da sua
sexualidade. Essa repressão é de certa forma, uma violência contra a liberdade da criança
em descobrir e explorar o seu corpo e o corpo do outro. Por meio dos casos relatados,
evidenciamos o que afirma a autora Guacira Lopes Louro:
51
Em nossa cultura, esse movimento, ou seja, o processo de
heteronormatividade, parece ser exercido de modo mais intenso ou
mais visível em relação ao gênero masculino. Observamos que desde
os primeiros anos de infância os meninos são alvo de uma
especialíssima atenção na construção de uma sexualidade
heterossexual. As práticas afetivas entre meninas e mulheres
costumam ter, entre nós, um leque de expressões mais amplo do que
aquele admitido para garotos e homens (LOURO, 2009, p.91).
Exercício da Problematização
O projeto em Campinas buscou provocar novas visões, novos olhares, com os
mesmos olhos das pessoas envolvidas, apenas com novos conceitos e nova visão. Não
poderemos nos considerar os mesmos depois de ter transcorrido esse curso que muito
mobilizou as professoras e nós, monitoras e monitor. Esses olhos, se considerados como
algo físico de nossos corpos, podem não mudar na aparência, mas mudam nas sensações,
nas emoções, no passar do tempo, no ambiente em que se inserem, pois é possível as
mudanças acontecerem. Por isso, temos a certeza de que movimentamos partes da vida
de cada pessoa que esteve envolvida conosco no projeto. O movimentar se deu com o
pensar, o criticar, o refletir e o fazer de cada dia.
Buscamos desenvolver novas percepções, foram despertados novos sentimentos,
sensações, sobre as mudanças de valores no tempo, e os fatores que nos rodeiam,
pessoas, amizades, o trabalho, as histórias, famílias, grupos sociais, crenças, com infinitas
variações e possibilidades.
Mostramos nos encontros questões de gênero, sexualidade, violência, famílias,
diversidades; ilustramos com histórias infantis, filmes e casos que traziam do cotidiano da
escola e da sala de aula, buscamos pensar e, principalmente, problematizar as situações
citadas.
Essa palavra “problematizar”, foi e é muito importante para o curso em
Campinas, por significar reflexões e deixar suspensas respostas, de rever com calma os
acontecimentos, com ângulos diferentes para uma mesma situação. Pensar no tempo que
aconteceu, na cultura, nos valores de cada comunidade. Sempre com uma pergunta de
fundo: como se estruturaram as questões? De onde vêm normas e regras? Elas servem
para que?A quem?
52
Problematizar o controle, o enquadramento de tudo, dentro de palavras (normal
ou anormal, heterossexual ou homossexual, de menino ou de menina, etc), nos coloca
questões como: qual o discurso produzido que mantêm esta situação? Que o faz? O que
se produz com isto? Quais valores afirmam ou reproduzem?
Problematizar nossas ações a partir de novos olhares sobre as relações de
gênero, sua diversidade e possibilidades, foi o exercício que ocupou grande parte de nosso
tempo. Foi também nossa preocupação pensar sobre as relações homoafetivas,
homossexuais, as violências e exclusões com os sujeitos que fogem do padrão e mesmo
para os que sofrem para se manterem dentro do padrão.
É um convite a problematizar, pensar com calma, rever conceitos, valores,
normas, tudo para não sermos reprodutores de preconceitos, de violências, de exclusões.
Quando não fazemos isso, construímos uma realidade de violências cotidianas
que a escola infantil comete frente às crianças diante de controles estabelecidos e que
não encontram justificativas para tal. Mas, por que controlar o tempo e os corpos das
meninas e meninos? Por que ocupar o tempo das crianças com tantos afazeres? Por que,
ao invés de educar meninos e meninas para virem a ser adultos produtivos, não
valorizamos suas experiências? Por que educar crianças, esperando que elas sejam algo já
determinado pelo adulto?
“Uma imagem do totalitarismo: o rosto daqueles que, quando olham
para uma criança, já sabem de antemão, o que veem e o que têm de
fazer com ela. A contraimagem poderia resultar da inversão da
direção do olhar: o rosto daqueles que são capazes de sentir sobre si
mesmos o olhar enigmático de uma criança, de perceber o que, nesse
olhar, existe de inquietante para todas suas certezas e seguranças e,
apesar disso, são capazes de permanecer atentos a esse olhar e de se
sentirem responsáveis diante da sua ordem: deves abrir para mim,
um espaço no mundo, de forma que eu possa encontrar um lugar e
elevar a minha voz! (LARROSA, 2001, p.192).
Com as contribuições de Larrosa, pensamos sobre a criança do porvir, a criança
do inesperado e refletimos sobre nosso compromisso de educar meninos e meninas com
corpos e mentes juntos. Educar crianças que pensam e se movimentam. Crianças curiosas,
atentas e que, a cada instante, fazem novas descobertas sobre seus corpos e sobre o
mundo. Meninos e meninas que perguntam, relacionam-se, experimentam e transgridem.
Temos que nos abrir para que o inesperado aconteça.
53
Referências Bibliográficas
GALLO, S. Acontecimento e Resistência: educação menor no cotidiano da escola. In:
CAMARGO A.; MARIGUELA, M. (Orgs.). Cotidiano Escolar: Emergência e Cotidiano.
Jacintha. Editores. Piracicaba, SP. 2007.
________. Deleuze e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
LARROSA, J. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Tradução: Alfredo Veiga-
Neto. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p.189.
LOURO, G. L. Heteronormatividade e homofobia. In: Diversidade Sexual na Educação:
problematizações sobre a homofobia nas escolas. Rogério Diniz Junqueira (org.).
Ministério da Educação (MEC). Brasília, 2009.
54
OS CAMINHOS DO PROJETO “TECENDO...” EM JUIZ DE FORA (MG): PERCURSOS E
PERCALÇOS
Roney Polato de Castro
Conduziu-se este texto, com o objetivo de fazer um breve relato sobre a
organização e o desenvolvimento do curso vinculado ao projeto “Tecendo...”, realizado no
município de Juiz de Fora (MG). Ao fazer isso, o texto também se propõe a apresentar
algumas reflexões consideradas relevantes para pensar a questão da formação docente,
especialmente a formação continuada, no campo de gênero e sexualidade.
1 - Um pouco sobre o que representou o “Tecendo Gênero...” em Juiz de Fora: uma
rápida conversa sobre formação docente, gênero e sexualidade
Para começar, considero relevante dizer que o projeto “Tecendo...” chegou a Juiz
de Fora em um momento muito significativo, marcado por dois acontecimentos
importantes. Em primeiro lugar, no ano de 2010 a coordenação das creches públicas
passou a ser realizada pela equipe do Departamento de Educação Infantil, da Secretaria
Municipal de Educação, o que significou maior possibilidade de acesso das profissionais
dessas instituições aos cursos de formação oferecidos por esta Secretaria. Também, em
2010, surgiu o GESED (Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e
Diversidade), vinculado ao NEPED (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e
Diversidade), núcleo pertencente à Faculdade de Educação – Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF). O GESED, coordenado pelo professor Dr. Anderson Ferrari, foi reunido em
torno de interesses comuns, no campo pessoal, político e acadêmico, englobando as
questões de gênero, sexualidade, diversidade e educação, numa perspectiva pós-
estruturalista, dos Estudos Culturais, dos Estudos Foucaultianos, de Gênero e Sexualidade.
O curso “Tecendo...” foi incorporado às atividades do GESED, tornando-se uma
preocupação de todo o grupo.
Em Juiz de Fora, a Secretaria Municipal de Educação tem uma tradição de
oferecimento de cursos de formação continuada para os/as profissionais que atuam em
suas escolas e, recentemente, essa prerrogativa foi ampliada em relação às creches
55
municipais. O Centro de Formação do Professor (CFP), órgão vinculado diretamente a essa
Secretaria, oferece cursos em diversas temáticas consideradas importantes para o
enriquecimento das práticas pedagógicas das/os docentes e outros profissionais que
atuam em escolas da rede municipal de ensino.
Talvez seja relevante mencionar que, ao observarmos a programação de cursos
da Secretaria Municipal de Educação, são raras as propostas de formação relacionadas às
questões de gênero e sexualidade. Alguns cursos, como o “Educar na Diversidade”,
apresentam uma visão parcial sobre o tema, sem grandes aprofundamentos, já que
discutem a diversidade. Via de regra, as iniciativas que abordam diretamente as temáticas
têm sido realizadas por meio de parcerias com outras instituições. Esse foi o caso do curso
“Tecendo...” e de outras propostas como o “Lidando com as Homossexualidades”
(parceria com o MGM – realizado na sede do MGM – 2006-2007), o “Gênero e
Diversidade na Escola” (curso de aperfeiçoamento a distância oferecido por meio da
Universidade Aberta do Brasil em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais –
2009) e o “Educação Sem Homofobia” (parceria com as Universidades Federais de Juiz de
Fora e de Minas Gerais e com o MGM – realizado no Centro de Psicologia Aplicada da UFJF
– 2010).
Nesse contexto, o fato de termos iniciativas de formação docente direcionadas às
questões de gênero, sexualidade e diversidade sexual representa um ato político, no
sentido de provocar deslocamentos nas práticas “de sempre”, geralmente relacionadas
majoritariamente a temas como “alfabetização” e “leitura”, cujo enfoque e metodologia
excluem qualquer discussão sobre as construções culturais e os atravessamentos de
gênero e sexualidade na escola. Não estou afirmando que as temáticas citadas sejam
menos importantes ou que não devam ser objeto de discussão dos cursos de formação
continuada. Apenas chamo a atenção para o fato de que, historicamente, a discussão
sobre gênero e sexualidade tem sido silenciada, ou negada, nas escolas e nos cursos de
formação docente, seja nas universidades, ou nas secretarias de educação. Assim, o
espaço físico11
e simbólico ocupado pelo “Tecendo...” pode perturbar as políticas culturais
11 Pode ser importante destacar que outros cursos mencionados que abordavam as temáticas de gênero e
sexualidade foram realizados fora dos espaços da Secretaria Municipal de Educação. Desse modo, ao realizarmos
Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da educação infantil
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  • 8. 8 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer meio ou forma, sem a autorização escrita e prévia dos detentores do copyright. Direitos de publicação reservados à Cláudia Maria Ribeiro Impresso no Brasil – ISBN: 978-85-8127-015-9 UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS Reitor: José Roberto Soares Scolforo Vice-Reitora: Édila Vilela de Resende Von Pinho Editora UFLA Campus UFLA - Pavilhão 5 Caixa Postal 3037 – 37200-000 – Lavras – MG Tel: (35) 3829-1532 – Fax: (35) 3829-1551 E-mail: editora@editora.ufla.br Homepage: www.editora.ufla.br Diretoria Executiva: Renato Paiva (Diretor) Conselho Editorial: Renato Paiva (Presidente), Brígida de Souza, Flávio Meira Borém, Joelma Pereira, Luiz Antônio Augusto Gomes Administração: Sebastião Gonçalves Filho Comercial/Financeiro: Glaucyane Paula Araujo Ramos e Quele Pereira de Gois Revisão de Texto: Rosemary Chalfoun Bertolucci Referências Bibliográficas: Patrícia Carvalho de Morais Editoração Eletrônica: Chris W. Sandy Concepção Capa: Chris W. Sandy Ilustração da Capa: Desenhos das crianças do Projeto Tecendo Gênero e Diversidades nos Currículos da Educação Infantil – Ações em Campo Grande/MS Fotografias: Maria de Fátima Ribeiro Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da UFLA Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da Educação Infantil/organizado por Cláudia Maria Ribeiro – Lavras: UFLA, 2012. 532 p. il. ; 17x24 cm. Bibliografia. 1.Educação para a Sexualidade. 2. Sexualidade. 3. Relações de gênero. 4. Infância. I. Ribeiro, Cláudia Maria. II. Título. CDD – 372.372
  • 9. 9 SUMÁRIO PREFÁCIO.............................................................................................................................09 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13 PARTE I - O PROJETO E SUAS MULTIPLICIDADES - Educação para as Sexualidades, para a Equidade de Gênero e para as Diversidades: Desafios Na e Para a Formação Docente.............................................................................27 Constantina Xavier Filha - “Tecendo...” na UFLA.........................................................................................................32 Cláudia Maria Ribeiro - O Curso de Formação em Campinas..................................................................................45 Beatriz Tomaz Ruela, Sofia Farias, Dolores Setúval Assiratti, Júlio Paulo de Moraes e Lauren Aparecida de Souza Santos - Os Caminhos do Projeto “Tecendo...” em Juiz de Fora (MG): Percursos e Percalços..............................................................................................................................56 Roney Polato de Castro - São Paulo Tecendo Gênero................................................................................................65 Elizabete Franco Cruz PARTE II - PANORAMA CONCEITUAL - Reflexões sobre o Projeto Político Pedagógico como instrumento de gestão nas instituições de educação infantil: acentos teóricos.............................................................79 Ila Maria Silva de Souza - Cultura e diferenças no cotidiano da escola e no currículo.............................................100 Ana Maria Faccioli de Camargo - Memória e história na linha do tempo do gênero e sexualidades...................................119 Anderson Ferrari, Raphaela Souza dos Santos, Zaine Mattos - Perspectivas da formação docente no enfrentamento ao sexismo e à homofobia.........140 Roney Polato de Castro - Livros para a infância nas temáticas de gênero, sexualidade, diferenças/identidades e diversidades.......................................................................................................................158 Constantina Xavier Filha
  • 10. 10 - Infâncias, gênero e sexualidades: perspectivas plurais para a educação infantil................................................................................................................................177 Gabriela Silveira Meireles, Marilda de Paula Pedrosa, Roney Polato de Castro - Reconfigurando Famílias: as mudanças na sociedade e na legislação desencadeando novas práticas pedagógicas................................................................................................191 Sabrina Azevedo Ferreira Assis, Marina Aparecida Marques Castanheira, Lívia Monique de Castro Faria, Alessandro Garcia Paulino - As sexualidades e as infâncias nas(das) escolas de E(e)ducação Infantil.........................216 Ricardo de Castro e Silva - A AIDS nos fios da Educação Infantil – conversa com educadoras e educadores.........................................................................................................................226 Elizabete Franco Cruz PARTE III – APRENDIZES E ENSINANTES: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS. SABERES, PRÁTICAS EDUCATIVAS, METODOLOGIAS PARA A AÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL - A formação discente no interior de um projeto de extensão universitária: desafios e possibilidades ao discutir sexualidades e gênero...............................................................239 Luciene Aparecida Silva e Carolina Faria Alvarenga - Saberes, Vivências e Sentimentos de Professoras/es sobre gênero e diversidade sexual na educação infantil................................................................................................................250 Carolina Faria Alvarenga - Entre o vivido e o não dito: a emergência do saber sobre gênero e sexualidade........................................................................................................................262 Kelly da Silva, Mariana Meggiolaro Brandão, Thomaz Spartacus Martins Fonseca e Wescley Dinali - O brincar, os brinquedos e as brincadeiras na educação infantil: possibilidades para articular sexualidade e gênero...........................................................................................275 Marina Aparecida Marques Castanheira e Anderson Rodrigo Mira, Alessandro Garcia Paulino, Sabrina Azevedo Ferreira Assis - Banco de Brinquedos: entretecendo diversidades..........................................................287 Márcia Aparecida Teodoro e Rosemary Almeida Passos - Sexualidade e diversidade sexual nas teias da educação infantil: profissionais da educação e a experiência de Juiz de Fora (MG).................................................................294
  • 11. 11 Leonardo Francisco de Azevedo, Dartagnan Adbias Silva, Fernanda Maria Leite Winter de Oliveira e Iara Mendes Lima - Construindo e trabalhando com as diferenças: aprendizes e ensinantes em busca da espera e do tempo pedagógicos........................................................................................305 Dolores Setúval Assaritti e Lauren Aparecida Souza Santos - A metáfora da borboleta: relatando experiências imbricadas em construções e desconstruções..................................................................................................................320 Luciene Aparecida Silva e Carolina Faria Alvarenga - “Minha Vida de João” e “Era Uma Vez Outra Maria”: reflexões sobre masculinidades e feminilidades em momentos de formação docente..........................................................335 Constantina Xavier Filha, Cristine Novaes Barbosa da Rocha, Lorena Silva Martins, Poliana Evely Mori e Suellen Oliveira Duarte Ramos Próspero - Entre Marias e Preciosas: textos culturais, gênero e violência sexual.............................355 Livia Monique de Castro Faria e Alessandro Garcia Paulino - A experiência de um Homem, Educador, Cuidador, Recreacionista em uma Creche: análise fundamentada a partir das ideias e conteúdos aprendidos no projeto “Tecendo...”.......................................................................................................................371 Julio Paulo de Moraes - Creche: direito da criança, lugar de mães...e de pais também........................................385 Adriana Rosell, Ana Paula da Costa, Carla de Oliveira, Karina de Oliveira, Valdineia Bento e Roberta Rocha Borges - Histórias de vida de crianças: identidades de gênero......................................................394 Kátia Batista Martins - Falas de crianças de 2, 3, 4 e 5 anos – me deixa brincar??: Gênero x Fantasia/Brinquedo x Preconceito/Estereótipo....................................................................................................408 Adriana Elizabeth Risi Simões Signoretti e Cândida Maria dos Santos Daltro Alves - Reflexões sobre o projeto “Tecendo...”...........................................................................418 Rosângela Cristina Rodrigues dos Santos - Diários de bordo – as experiências da viagem.................................................................422 Elizabete Franco Cruz - Cartas das Infâncias: escritas e vozes das crianças na formação docente.......................432 Constantina Xavier Filha
  • 12. 12 - (In)esperados, sensações, (des)construções: as trajetórias e problematizações do projeto “Tecendo...” no seu Seminário de encerramento..............................................................446 Leonardo Francisco de Azevedo PARTE IV – PROJETOS E METODOLOGIAS – CAMINHOS POSSÍVEIS - “Colocando a mão na massa...” exercitando o planejamento e a execução de atividades no contexto do projeto “Tecendo...”.................................................................................463 Roney Polato de Castro - Os caminhos trilhados pelo projeto de formação docente: construção de saberes- poderes com crianças e professoras-cursistas...................................................................475 Constantina Xavier Filha - Projetos de Intervenção – Grupo da UNICAMP...............................................................491 Ricardo de Castro e Silva - Projetos de Intervenção: momento de sistematizar para repensar as práticas educativas que envolvem gênero e sexualidades................................................................................497 Carolina Faria Alvarenga - Tecendo Projetos – fiar e desfiar no cotidiano................................................................509 Elizabete Franco Cruz
  • 13. 9 Quem convidar para prefaciar o livro “Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação Infantil”? Essa era uma pergunta recorrente. Alguém da equipe teve a brilhante ideia: as crianças! Pois todo o projeto foi escrito, planejado, executado e avaliado pensando nelas e concordando com Larrosa quando afirma sobre “a alteridade da infância (...) e sua absoluta heterogeneidade em relação a nós e ao nosso mundo, sua absoluta diferença” (LARROSA, 1999, p. 185). A equipe assumiu discutir os lugares que as crianças ocupam e resolveu que, simbolicamente, deveriam ocupar o espaço do “prefácio” para evidenciar sua importância. O texto de Larrosa (1999) intitulado “O Enigma da Infância” foi estudado em todos os cursos e afirmamos com o autor que a criança: “Inquieta o que sabemos (e inquieta a soberba da nossa vontade de saber), na medida em que suspende o que podemos (e a arrogância da nossa vontade de poder) e na medida em que coloca em questão os lugares que construímos para ela (e a presunção da nossa vontade de abarcá-la)” (LARROSA, 1999, p. 185)
  • 14. 10
  • 15. 11 UM PROJETO E MUITAS MÃOS! 1 Cláudia Maria Ribeiro “O ajuntamento não se explica pela indiferença das coisas juntadas, mas pela diferença como o que o constitui, de maneira a não se confundir as coisas “ajuntadas” com o ajuntamento feito. Este é o trabalho da criança nas suas idas e vindas, nos seus percursos, como afirmação da vontade, linha de fuga mágica que arrasta o mundo e o faz devir”. Ana Godoy, 2008 Muitas mãos... muitos corpos! Muitos saberes! Muitos fazeres! Muito compartilhar... muita coisa “ajuntada”! Devires! Movimentos criando espaços... tecidos... tecelagens... redes... rizomas! Labirintos de labirintos... “ajuntando” experiências acumuladas nesses anos, nas atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária do Departamento de Educação da UFLA e das universidades públicas2 parceiras nesse Projeto. Todas essas idas e vindas revelam que não é suficiente indicar, a partir de propostas curriculares nacionais3 (BRASIL, 1998, BRASIL, 1995), a inclusão do tema sexualidade e gênero no cotidiano das escolas, mas torna-se premente atuar na construção de redes que possibilitem a concretização de políticas públicas para a formação de educadoras e educadores que foquem a temática. Percursos, divergências e convergências, a cada dia, em cada espaço, produzindo novas demandas, descobertas, problematizações e o desafio da continuidade dos trabalhos, haja vista a complexidade do tema e do aprofundamento teórico considerando “a linha de fuga mágica que arrasta o mundo e o faz devir” (GODOY, 2008). 1 Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação Infantil aprovado pela SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC em 2009/2010, coordenado pelo Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras – MG. 2 As docentes e os docentes que integram a equipe do Projeto “Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação Infantil” – a partir de agora denominado “Tecendo...” participam do ANAHÍ - Grupo de Estudos Interinstitucional de Relações de Gênero e Sexualidade – e atuam nas Universidades: USP Leste, UNICAMP, Federal de Mato Grosso do Sul, Federal de Juiz de Fora e Federal de Lavras encontrando-se sistematicamente para aprofundar estudos nos campos de Gênero e Sexualidade. Cada docente participa, também, nestas Universidades, dos Grupos de Estudos e Pesquisas específicos na Instituição. 3 A Educação Sexual está proposta no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI/MEC) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), na Flexibilização Curricular nas universidades.
  • 16. 12 O desafio para toda a equipe que atuou no projeto “Tecendo...” consistiu em tentar desconstruir formas de ensinar/aprender e inventar possibilidades metodológicas na e para a temática da educação para a sexualidade e gênero, objetivando qualificar técnica e politicamente 500 professoras/es que atuam na educação infantil com vistas a implementar a temática para e – com – crianças de 0 até 6 anos, intencional e sistematicamente, nas referidas Instituições. Durante mais de um ano, traçamos percursos, idas e vindas – ajuntando – constituindo saberes e fazeres alicerçados em teorizações que coadunam com o que diz Ana Godoy (2008): “A noção de percurso tal como venho desenvolvendo funciona na articulação com uma cartografia/rizomática trabalhada por Deleuze e Guattari e com os contraposicionamentos propiciados pela noção de heterotopias, tal qual Passetti vem trabalhando com base em Foucault, apresentada no artigo “Vivendo e Revirando-se: Heterotopias Libertárias na Sociedade de Controle, 2003” (p. 178) Assim, transitar pelas perspectivas que assumimos representa lidar com um conjunto de conceitos e teorizações recentes no que se refere à relação com a educação. Conceitos e teorizações situadas nas teorias pós-críticas, possibilitando colocar em discussão: identidade, alteridade, diferença, subjetividade, discurso, representação, cultura, gênero, raça, etnia, sexualidade, dentre outros. Isso acena para desafios e potencialidades para e dos grupos de estudos e pesquisas4 integrantes do projeto “Tecendo...” na medida em que estamos participando de um campo de estudos ainda em construção e, portanto, com discussões que, constantemente, são tensionadas enquanto ferramentas conceituais e norteadoras das experiências educativas. Os textos escolhidos para discussão dos temas propostos tanto com discentes das universidades participantes quanto com as cursistas foram, basicamente, os seguintes: GALLO, Sílvio. Acontecimento e resistência: Educação menor no cotidiano da Escola (2007); LOURO, Guacira Lopes. A emergência do Gênero e Gênero, Sexualidade e Poder. Gênero, 4 ANAHÍ – Grupo de Estudos Interinstitucional de Relações de Gênero e Sexualidade coordenado pela profa. Dra. Elizabete Franco Cruz (USP-Leste); Grupo GEPSEX – Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades, Educação e Gênero coordenado pela profa. Dra. Constantina Xavier Filha (UFMS); Grupo de Estudos e Pesquisas Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade coordenado pelo prof. Dr. Anderson Ferrari (UFJF), Grupo de Estudos e Pesquisas Relações entre Filosofia e Educação para a Sexualidade na Contemporaneidade: a problemática da formação docente coordenado pela profa. Dra. Cláudia Maria Ribeiro (UFLA) .
  • 17. 13 sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista (1997); BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência (2002); SILVA, Tomaz Tadeu. Teorias do Currículo: o que é isto? – Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias do currículo (1999); FERRARI, Anderson. Mãe! E a Tia Lu? É menino ou menina? (2003); COSTA, Jurandir Freire. Homoerotismo: A Palavra e a Coisa – A ética e o espelho da cultura (1994); CRUZ, Elizabete Franco. “Quem Leva o Nenê e a Bolsa?”: O Masculino na Creche – Homens e Masculinidades: Outras Palavras (1998); RIBEIRO, Cláudia. Gênero e sexualidade no cuidar e educar (2008); BONDÍA, Jorge Larrosa. O Enigma da Infância – Pedagogia Profana: Danças, piruetas e mascaradas (1999). E não apenas esses textos pois, em cada universidade, as equipes responsáveis pela coordenação local dos cursos, dependendo das especificidades de produção de conhecimento, navegavam por outros textos mas, sempre, considerando o conceito de gênero e o conceito de sexualidade focando as construções discursivas realizadas no campo social em cada cultura – desejos, emoções, vivências, práticas, pensamentos (FOUCAULT, 1988). Cultura essa entendida como campo de lutas, negociações, contestações e enfrentamentos, em que se produzem tanto os sentidos quanto os sujeitos que constroem os diversos grupos sociais e suas singularidades (SILVA,1999). A equipe tentou, constantemente, colocar-se em alerta com vistas a atentar para os múltiplos mecanismos de vigilância, controle, confissão e curiosidade, que objetivam desvendar os prazeres, sentimentos, práticas, comportamentos. Para ampliar as referidas possibilidades de estudo foram adquiridos e disponibilizados para leituras, consultas, aprofundamentos, as seguintes obras: Louro (1999, 2000, 2004); Foucault (1988); Camargo e Ribeiro (1999) e, para as crianças: GIV (1999); Cole (1993); Branco (2008); Lenain (2004) e Ribeiro (2001). Tudo isso instigou a pensar nas possibilidades de inventar outras combinações que não passem pela sujeição, tampouco pela dominação (GODOY, 2004). Pensar na metáfora do rizoma, no labirinto-rede: “o rizoma, labirinto-rede, em que cada caminho pode se ligar com qualquer outro, de maneira que o labirinto já não possui centro e periferia, tampouco saída, porque ele é potencialmente infinito. O labirinto constituído pelo rizoma já é processo, e não apenas distribuição espacial” (ECO, 1985, p. 46,47).
  • 18. 14 Entraram e saíram desse labirinto todas as equipes docentes das cinco universidades, cursistas, discentes, respingando nas muitas escolas envolvidas, Conselhos Tutelares, mídias, famílias, Secretarias de Saúde, Secretarias de Educação, Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude e... AS CRIANÇAS! Quantas foram afetadas pelo projeto “Tecendo...” construindo conosco as “multiplicidades em processo, diferença enquanto o que experimenta a vida” (KATZ, 1996). Nessa contramão da pedagogização do sexo das crianças, dispositivo específico de saber e poder, que transformou a criança em objeto privilegiado da vontade de saber constituindo a infância em objeto de intervenção higiênica, disciplinar e de controle, a equipe coordenadora do projeto considerou, no entanto, a positividade do poder e as possibilidades das transgressões, buscando o conceito de “Crianceria” e afirmando que as crianças experimentam a vida driblando o poder do adulto. Como? Quando? Por quê? Onde? E, no processo educativo, tanto no Curso quanto em decorrência das outras linhas de ação do projeto, as profissionais que atuam na Educação Infantil foram instigadas a refletir: na Educação para a Sexualidade e Gênero, no cotidiano da Educação Infantil, as profissionais: Desviam? Ampliam? Dificultam? Facilitam? Limitam? a temática da sexualidade e de gênero? Assim, tanto as profissionais da educação infantil, nós que atuamos na Educação Superior, as crianças, todos e todas nós estamos mergulhadas/os nas relações de poder- saber da sociedade disciplinar e de regimes de verdade5 . Perguntamos: que tipos de discurso sobre a sexualidade infantil a sociedade ocidental aceita e faz funcionar como verdadeiros? Quem diz o que conta como verdadeiro: o adulto? A criança tenta exercer a sua especificidade infantil? Será a criança apenas obediência aos poderes, um pré-adulto normatizado pelo desejo instituído e constituído ou tenta produzir modos de subjetividade originais e singulares, escapando das estruturas sociais organizadas? A criança escapa, “esperneia”? 5 Cf. FOUCAULT, M. Truth and power. In: C. Gordon (Ed.) Power and knowledge: Select interviews and other writings 1972-1977. Nova York, Pantheon Books, 1980: 109-133. “Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que aceita e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e instâncias que permitem distinguir entre sentenças verdadeiras e falsas, os meios pelos quais cada um deles é sancionado; as técnicas e procedimentos valorizados na aquisição da verdade; o status daqueles que estão encarregados de dizer o que conta como verdadeiro (p. 131).
  • 19. 15 Os discursos que circulam no campo social se ligam tanto a estratégias de dominação, quanto a estratégias de resistência? Será que a criança cria espaços de resistência, transformando discursos dominadores que agiram sobre os seus corpos? Sobre seus olhos, suas mãos, suas bocas, seus movimentos... Todas essas perguntas imbricaram, entrelaçaram, engalfinharam os percursos do Projeto “Tecendo...” em sete linhas de ação, descritas a seguir e, agora, apresentadas não como planejamento, mas como caminho, percurso, trajetória, labirintos já percorridos em que se tentou: “esquivar [da] banalização da vida, [dos] pensamentos e [das] práticas empobrecedoras e redutoras das possibilidades de experimentação da vida. Esquiva que, por conseguinte, não se confundirá com nenhuma forma de evasão, ao contrário, é invenção de linhas de fuga, em relação às quais a fronteira é sempre o expresso de uma tensão incessante” (GODOY, 2008, p. 185). Optamos por apresentar cada linha de ação – tantas possibilidades de experimentação da vida, de muitas invenções – a partir dos registros fotográficos que concretizam a “potência do menor” 6 (GALLO, 2007). 1ª. Grupo de Estudos/Trabalho: Encontros da equipe de docentes profissionais das universidades que integram o projeto com vistas a aprofundar o referencial teórico, planejar, executar e monitorar as atividades; pesquisar, revisar e problematizar os 6 “A ciência menor, marginal, traça linhas de fuga, produzindo saberes autônomos que se conectam de forma aleatória, originando efeitos e experiências novas. Não tem a intenção de criar uma visão de conjunto e abrangente do mundo, mas peças fragmentárias que podem articular-se em diferentes puzzles.” (GALLO, p.25)
  • 20. 16 conceitos de gênero, sexualidades e suas relações com as infâncias e a construção das identidades. Contribuir para a discussão e formulação de políticas públicas em torno da relação entre formação de professoras/professores, infâncias e as temáticas de gênero e sexualidade. 2ª. Curso para discentes: Formação de 25 discentes das universidades para participação nas atividades, num total de 40h sendo 24h presenciais e 16h a distância. Essa era a proposta mas, pelo envolvimento dos Grupos de Pesquisa, totalizamos 53 pessoas.
  • 21. 17 3ª. Curso para Educadoras da Educação Infantil: Curso de formação de 500 educadoras e educadores com duração de 80 horas, sendo 60h presenciais e 20h a distância. Os cronogramas variaram de acordo com a universidade responsável. 4ª. Projetos de Intervenção Educacional nas escolas: elaboração e apresentação, pelos/as cursistas de projetos de intervenção nas escolas em que atuam. A equipe de docentes responsável pela oferta do Curso subsidiou as/os participantes do mesmo na elaboração dos Projetos de Intervenção Educacional. Foi proposta uma pesquisa colaborativa realizada pelos/as cursistas para observar a sua realidade na Educação Infantil, ou seja, o cotidiano das instituições e, a partir daí, elaborar os Projetos de Intervenção Educacional contendo: a indicação do prazo de início e término para a sua execução; foco na Educação Infantil; o envolvimento das famílias; articulação com o projeto Político Pedagógico da escola.
  • 22. 18 5ª. Produção de material didático: este livro intitulado: Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação Infantil foi escrito para subsidiar teórico- metodologicamente as propostas curriculares da Educação Infantil.
  • 23. 19 6ª. Comunicação/Divulgação: Página na internet, jornal temático e blog. 7ª. Seminário: Seminário em torno da temática Gênero e Diversidade Sexual nos currículos da Educação Infantil, apresentando as experiências e os resultados do Projeto.
  • 24. 20 Percursos... Todas as atividades foram planejadas, executadas e avaliadas sob a responsabilidade da Coordenação do Projeto, utilizando-se de diversos instrumentos, tais como: listas de recebimento de material, listas de presença nos cursos, registros da pré-testagem da produção do livro, fotos, filmagens, arquivo de recortes de jornal, arquivo das reportagens de rádio e TV, dentre outros.
  • 25. 21 Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental (1995).Parâmetros Curriculares Nacionais – Convívio Social e Ética. Orientação Sexual e Meio Ambiente. ________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAMARGO, A. M. F.; RIBEIRO, C. M. Sexualidade(s) e Infância(s): a sexualidade como um tema transversal. Campinas, SP: Ed. Moderna, 1999. COSTA, J. F. Homoerotismo: A Palavra e a Coisa – A ética e o espelho da cultura – 2ª edição – Rio de Janeiro: Rocco. 1994. CRUZ, E. F. “Quem Leva o Nenê e a Bolsa?”: O Masculino na Creche – Homens e Masculinidades: Outras Palavras – 1ª edição – São Paulo: ECOS/Ed.34. 1998. ECO, U. Pós escrito a O Nome da Rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1985. FERRARI, A. "Mãe! E a Tia Lu? É menino ou menina?" - Corpo, Imagem e Educação. Gênero: Núcleo Transdisciplinar de Estudo de Gênero - NUTEG - v. 4, n.1, Niterói: EdUFF, 2003, p.115-132. FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988. GALLO, S. Acontecimento e resistência: Educação menor no cotidiano da Escola - Cotidiano Escolar: Emergência e Inversão – Piracicaba: Jacintha. 2007. GODOY, A. A Menor das Ecologias. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. KATZ, C. S. Crianceria. O que é a Criança. In: Cadernos de Subjetividade. Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade - PUC-SP. jun. 1996. KOHAN, W. O. e Gondra, J. (orgs.) Foucault 80 anos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. LARROSA BONDIA, J. O Enigma da Infância – Pedagogia Profana: Danças, piruetas e mascaradas. - 2ª edição – Belo Horizonte/MG: Autêntica. 1999. ________. Notas sobre a experiência e o saber de experiência – Revista Brasileira de Educação – p. 20-28, Ano VI n.19, Jan/Fev/Mar/Abr 2002.
  • 26. 22 LOURO, G.- Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. – 8ª edição – Petrópolis/RJ: Vozes. 1997. ________. Gênero, Sexualidade e Poder - Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. – 8ª edição – Petrópolis/RJ: Vozes. 1997. ________. (org.) O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. ________. Currículo, Gênero e Sexualidade. Porto, Portugal: Ed. Porto, 2000. ________. Um Corpo Estranho: Ensaios sobre Sexualidade e Teoria Queer. 1ª ed., 1ª reimp. Belo Horizonte, MG: Ed. Autêntica, 2004. SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. ________.Teorias do Currículo: o que é isto? – Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias do currículo – 2ª edição – Belo Horizonte/MG: Autêntica. 1999. RIBEIRO, C. M. Gênero e sexualidade no cuidar e educar – Revista Pátio: Educação Infantil – p. 14-17, Ano VI n.16, Março/Junho 2008. Porto Alegre/RS: Artmed. 2008. RIBEIRO, C. M. e SOUZA. I. M.S.Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nas Redes de Proteção. Lavras (MG): Editora UFLA. 2008. Referências para Crianças Casa Siloé/GIV – Grupo de Incentivo à Vida. Daniel e Letícia Falando Sobre Aids. 5ª ed. São Paulo, SP: Ed. Ave Maria, 1999. COLE, B. Mamãe Botou um Ovo! São Paulo, SP: Ed. Ática, 1993. BRANCO, S. Porque Meninos têm Pés Grandes e Meninas têm Pés Pequenos? 2ª ed. São Paulo, SP: Ed. Cortez, 2008. LENAIN, T. Ceci Tem pipi? 3ª reimp. São Paulo, SP: Ed. Companhia das Letrinhas, 2004. RIBEIRO, M. Menino Brinca de Boneca? 2ª ed. 14ª reimp. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Salamandra, 2001.
  • 29. 25 EDUCAÇÃO PARA AS SEXUALIDADES, PARA A EQUIDADE DE GÊNERO E PARA AS DIVERSIDADES: DESAFIOS NA E PARA A FORMAÇÃO DOCENTE Constantina Xavier Filha Escrevi, em outro texto7 , sobre desafios na formação docente, tendo em vista as temáticas: sexualidade, gênero, diferenças/identidades e diversidades. Vali-me de uma poesia de Manoel de Barros chamada ‘O menino que carregava água na peneira’, pois ela me faz pensar nesses temas na formação inicial e continuada de professoras e professores. Na poesia, um menino relata sua trajetória para se constituir em meio a inventividades, peraltagens, experimentações e às dores e possibilidades de ser. Todas essas questões estão presentes em momentos presenciais de formação docente quando nos propomos a refletir sobre questões que são/foram historicamente naturalizadas e que nos constituem como sujeitos. As palavras do poeta sobre o menino que carregava água na peneira, catava espinhos n’água, gostava mais de vazios do que cheios, que fazia peraltagens com as palavras e exercitava a prática do despropósito instigam-me a pensar, e a provocar problematizações nos momentos de capacitação na graduação, na pós-graduação e/ou em momentos de formação continuada como o que propiciamos no projeto de extensão, com o apoio da SECAD/MEC, em cinco cidades brasileiras, por diferentes instituições de ensino superior: Lavras/MG (UFLA); Campo Grande/MS (UFMS); São Paulo/SP (USP); Campinas/SP (Unicamp) e Juiz de Fora/MG (UFJF). O projeto nacional, coordenado pela Universidade Federal de Lavras, e os demais projetos locais, coordenados pelas referidas universidades, surgiram de um desejo premente de discutir, no contexto da Educação, os temas listados na abertura deste texto. Ao longo da execução do projeto, percebemos todas as peraltagens teóricas e metodológicas vividas em espaços diversos deste imenso país. Evidenciamos, sobretudo, o caráter político dessa proposta. Apesar de todas as adversidades, limites, desafios... 7 XAVIER FILHA, Constantina. Educação para a sexualidade, equidade de gênero e diversidade sexual: entre carregar água na peneira, catar espinhos na água e a prática de (des)propósitos. In: XAVIER FILHA, Constantina (org.). Educação para a sexualidade, para a equidade de gênero e para a diversidade sexual. Campo Grande, MS: Editora da UFMS, 2009.
  • 30. 26 construímos novas possibilidades de diálogo, proposições críticas e reflexivas que nos motivam a pensar no conceito de educação para a sexualidade como espaço permanente de desconstrução de verdades únicas. Nos momentos de formação, não nos propúnhamos oferecer respostas taxativas sobre como atuar diante das expressões de sexualidade na infância; pelo contrário, desafiávamos a pensar e a aprofundar teoricamente um modo diferente de entender situações e problemas enfrentados pelas educadoras que atuam com crianças pequenas. Ainda lembrando a poesia de Manoel de Barros, sei que em muitos momentos a capacitação/formação docente não é mais que uma tentativa parecida com a do menino que carregava água na peneira. Admitimos que a poesia é uma metáfora, ou imagem poética das possibilidades e limites que afetam a formação em sua dimensão social ou coletiva. Lembro-me de vários momentos em que as cursistas vinham me contar o que, graças às discussões teórico-metodológicas do curso, já conseguiam reformular em suas vidas, admitindo novas formas de ver e agir no que dizia respeito a manifestações de sexualidade das crianças em seu cotidiano pedagógico. Novas práticas foram gestadas e vividas. Novas possibilidades de ensinar foram vislumbradas. A criança pode ser enxergada como ser sexuado, graças às reflexões propiciadas que demonstraram o direito de ela se expressar, de manifestar desejos, dúvidas, hipóteses... sobre qualquer assunto, principalmente sobre a sua sexualidade. O caminho trilhado no projeto de extensão “Tecendo Gênero e Diversidades nos Currículos da Educação Infantil – Ações em Campo Grande/MS”8 , realizado e coordenado pelo Departamento de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – no segundo semestre de 2010, pautou-se pelos princípios de reflexão, desconstrução, estudo, problematização de situações cotidianas e conhecimentos de situações vividas com as crianças no cotidiano da Educação Infantil. Essas vivências com invencionices, dificuldades, superações..., são objeto do presente trabalho. 8 O projeto foi desenvolvido pela seguinte equipe: Profa. Dra. Constantina Xavier Filha (Coordenadora e ministrante). Equipe de apoio: Cristine Novaes Barbosa da Rocha; Daniel Galvão Rosa Delmanto; Ingrid Roque Pérez; Laysa Ferreira da Silva; Lorena Silva Martins; Poliana Evely Mori; Sabrina Canepa Lameu; Suellen Oliveira Duarte Ramos Próspero; Telma Iara Bacarin.
  • 31. 27 Os caminhos iniciais do projeto O projeto realizado em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, desenvolvido como projeto de extensão, seguiu os referenciais teóricos e os direcionamentos construídos coletivamente pelas pessoas e instituições que compuseram o projeto nacional, já citadas. Cada um dos locais de realização, no entanto, seguiu trajetórias diferenciadas em relação a organização, parcerias e pressupostos metodológicos. Conduziu-se o projeto, com o objetivo geral de capacitar 100 professoras/es e profissionais da educação que atuavam na Educação Infantil com vistas a implementar a Educação para a Sexualidade e Gênero de crianças de 0 até 6 anos, intencional e sistematicamente, nas instituições de Educação Infantil na cidade de Campo Grande/MS. O cronograma de capacitação foi elaborado guiando-se pelo objetivo geral e pelos específicos, com base nos pressupostos teórico-metodológicos e tendo em vista o público privilegiado. A proposta de capacitação foi feita à coordenação de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação – Semed –, que aceitou e ratificou a mesma. A secretaria contribuiu com as seguintes ações: divulgação, seleção e inscrição de professoras e profissionais da educação que atuam na Educação Infantil; liberação das profissionais da Educação Infantil de seu trabalho para a participação nos momentos de capacitação presenciais; disponibilização de espaço físico equipado com suporte técnico (projetor de multimídia, caixa de som, entre outros) para os momentos de capacitação. A parceria foi profícua, especialmente com a liberação das cursistas de suas atividades pedagógicas, além da distribuição de vale-transporte para o deslocamento e disponibilização de lanche nos momentos presenciais dos cursos. Inscreveram-se 115 pessoas que atuam diretamente com a educação da infância, nos centros de Educação Infantil, bem como na Secretaria Municipal de Educação. Ao final da formação tivemos 13% de reprovação/desistência ao longo do curso, perfazendo um total de 15 pessoas. Portanto, 100 cursistas atingiram todas as exigências de formação da UFMS, com o mínimo de 75% de presença e entregaram as atividades de avaliação exigidas para a certificação. Dentre os Centros de Educação Infantil – Ceinfs –, 87 foram
  • 32. 28 atingidos por intermédio das cursistas que finalizaram a capacitação. Os dados revelam que, por termos ampliado o número inicial de cursistas, atingimos, ao final, 100% do objetivo proposto de capacitar 100 profissionais que atuam na Educação Infantil em diversas funções9 : recreação; apoio pedagógico; atendimento; coordenadoria pedagógica, secretaria e docência. Os Estudos Culturais, os Estudos Feministas, a perspectiva pós-estruturalista e os pressupostos foucaultianos constituíram o referencial teórico das discussões, estudos e reflexões. Predominaram os temas sexualidade, gênero e diversidades nos currículos da Educação Infantil, voltados a questões vivenciadas pelas educadoras nos cotidianos das práticas pedagógicas. Os conteúdos trabalhados foram os seguintes:  sexualidades, gênero e diversidades na Educação Infantil;  sexualidades e infâncias;  gêneros e infâncias;  diversidades e infâncias;  educação para a sexualidade, para a equidade de gênero e para a diversidade sexual;  saberes, práticas educativas, metodologias para a ação docente na Educação Infantil para a promoção do reconhecimento das diversidades, da diversidade sexual e enfrentamento de situações de violência. No início da capacitação, cada cursista recebeu uma coletânea de textos para subsidiar as leituras e os estudos nos momentos não-presenciais. A avaliação ocorreu em vários momentos do curso de formação; portanto, foi pontual, processual e final. As cartas das cursistas e o projeto de intervenção foram utilizados como estratégias avaliativas. O engajamento, a criatividade, o capricho e o carinho das cursistas na condução da produção das cartas das infâncias foram significativos para observar o empenho e a vontade em socializar e discutir com as crianças os temas trabalhados nos momentos presenciais de formação. 9 Inicialmente, havíamos solicitado que somente as professoras fossem selecionadas; no entanto, a Secretaria de Educação, juntamente com as direções das instituições educativas, decidiram selecionar e indicar profissionais que exerciam outras funções, também educativas. Além deste critério, outro dizia respeito ao trabalho integral dessas pessoas, pois facilitaria a liberação delas para as capacitações que ocorriam durante dias inteiros.
  • 33. 29 Durante as atividades desenvolvidas no decorrer do projeto de extensão em Campo Grande/MS, o pensamento e reflexão do poeta Manoel de Barros sobre o ato de ‘carregar água na peneira’, que apontei no início do texto, estiveram presentes. As sábias palavras do poeta me fazem pensar nas possibilidades e também nos limites do processo de formação. Não vejo uma coisa em detrimento de outra, ou seja, há possibilidades, limites, e resistências nesse processo. Ao terminar o projeto, prevalece em mim a tendência a pensar muito mais nas possibilidades de atuação profissional... do que nas impossibilidades. Não que tenha a pretensão de ter provocado mudanças radicais e efetivas com o projeto de formação, mas de termos conseguido admitir a possibilidade de refletir sobre nossas ações e nossa vida. Muitas cursistas se dispuseram a sair da zona de conforto das verdades sedimentadas para se abrir a novas possibilidades, sem respostas prontas e sem receituário de como agir com as crianças. Buscamos construir caminhos de reflexão e problematizações teóricas sobre a construção social e cultural que envolve as sexualidades e as infâncias. Com tudo o que vivemos neste processo... penso em outras palavras de outro poeta... ‘Sempre vale a pena...’
  • 34. 30 “TECENDO...” NA UFLA Cláudia Maria Ribeiro Como se fora brincadeira de roda, memória Jogo do trabalho na dança das mãos, macias O suor dos corpos na canção da vida, história O suor da vida no calor de irmãos, magia Gonzaguinha Para falar do processo de implantação do projeto “Tecendo...” em Lavras busco as ideias força que são veiculadas na música Redescobrir de autoria de Gonzaguinha. Inicio com as palavras: memória e história. Há anos, desde 1998 – o Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras, atua articulando o Fórum Sul Mineiro de Educação Infantil integrando o MIEIB – Movimento Interfóruns de Educação Infantil no Brasil e que se constituem em espaços suprapartidários, integrados por diversas instituições, órgãos e entidades comprometidas com a expansão e melhoria da Educação Infantil. Assim, assume que a universidade concebe a extensão universitária como um processo educativo, cultural e científico, que articula o ensino à pesquisa e à extensão de forma indissociável com vistas a viabilizar a relação transformadora entre universidade e sociedade buscando parceria com as prefeituras, que assumem junto conosco, a construção de diretrizes prioritárias para o fortalecimento da educação básica. Essa ideia força me remete à outra: dança das mãos. Isso exige falar em complexidades: das relações pessoais, profissionais e institucionais que geraram (e geram) diferentes caminhos e muitos desafios; que abriram (e abrem) novas e enriquecedoras experiências. Experiências! No plural, no singular! Larrosa (1999), pesquisador espanhol, convida-nos a (...) pensar a educação a partir do par experiência/sentido; (...) a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. (...) a experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque. Assim, o projeto “Tecendo...” tinha a possibilidade de articular cidades do sul de Minas Gerais – quase trinta cidades da região – que, sistematicamente, participam dessa
  • 35. 31 “dança das mãos” ampliando sobremaneira a possibilidade de produção de conhecimento na Educação Infantil, campo intersetorial, interdisciplinar, multidimensional e em permanente transformação, em prol da luta coletiva pela efetivação dos direitos fundamentais das crianças de 0 até 6 anos assegurados por lei (Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente e Lei de Diretrizes e Bases). A história dessa articulação possibilitou a efetivação de projetos tais como: 2004, 2005 e 2006 (PROEXT/MEC): Construindo práticas a partir dos compromissos com a defesa dos direitos sexuais de crianças e adolescentes no combate ao abuso e exploração sexual; 2007, 2008 (SECAD/MEC): Educação Inclusiva: tecendo gênero e diversidade sexual nas redes e proteção e, em 2009, para execução em 2010 (SECAD/MEC): Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da educação infantil. Assim surge outra ideia força: jogo do trabalho! Não foi difícil planejar o trabalho com as cidades da região pois, há reuniões mensais do Fórum Sul Mineiro de Educação Infantil. Reuniões itinerantes, ou seja, a cada mês, uma secretaria municipal de educação da região fica responsável por organizar o trabalho: planejamento, execução e avaliação das referidas reuniões. Tema, convites, lanches, local, decoração... Essa sistemática de encontros, de troca de experiências, referenciais teóricos e metodológicos fortalecem o vínculo e a confiança entre as profissionais das cidades e o Departamento de Educação da UFLA. Portanto, foi suficiente apresentar a proposta do projeto para preencher as 100 vagas oferecidas. A proposta para o trabalho conjunto, entregue em uma das reuniões do fórum e enviada por correio eletrônico, foi a seguinte: resumo do projeto contendo: título, instituição proponente, coordenação, equipe, objetivos geral e específicos, metodologia, acompanhamento e avaliação, cronograma de execução, público alvo, infra-estrutura na UFLA e, cada secretaria de educação das cidades que integraram o projeto responsabilizariam pelo transporte para as educadoras e a cidade teria direito a até 10 vagas. A cidade de Lavras teria direito a uma vaga por Centro de Educação Infantil. Reuniram-se, então, doze cidades, para efetivar o planejado. Cabe aqui outra ideia força: o suor dos corpos na canção da vida! Idas e vindas em muitas sextas-feiras, pelas estradas do sul das Gerais. Para quem mora na cidade de Lavras, algumas
  • 36. 32 reivindicações não atendidas pela Secretaria Municipal de Educação: o transporte, o questionamento e a cobrança da ausência das atividades na instituição de Educação Infantil no dia do curso; estudos; reuniões em outros dias e horários para a elaboração das Propostas de Intervenção; as descobertas cotidianas. O cronograma do curso em Lavras, cumpriu o que se segue, no decorrer do ano de 2010: abril: 09, 16 e 23; maio: 07, 14, 21 e 28; junho: 11 e 18; agosto: 06 e 20; setembro: 10 e 24; outubro: 01 e 22. Quanta canção da vida foi sendo composta pelas participantes! Letras que reclamam autoria. Portanto, buscarei nas avaliações escritas no último dia do curso, os depoimentos agregados nos seguintes temas: as possibilidades de ampliação do trabalho; as desconstruções; as dificuldades; o respeito às diferenças; os compromissos partilhados e as experiências. Possibilidades de ampliação do trabalho Este curso me fez repensar muitos conceitos sobre gênero e sexualidade que tenho discutido, no local de trabalho, com a minha família e me estimulado a colocar a Proposta de Intervenção Pedagógica em prática. O meu grupo vai fazer a formação dos profissionais de Educação Infantil, com o desenvolvimento do curso, com palestras, vídeos, planejamento e acompanhamento dos projetos destes profissionais nos Centros Educacionais de Alfenas. Alfenas Pude entender que temos o dever de permitir que o outro seja feliz, pois cada um tem o direito de fazer suas próprias escolhas e a nós só cabe respeitar as diferenças. Na escola onde atuo aprendi a vivenciar as situações que envolvem sexualidade com mais naturalidade. A parceria escola/família já acontece na instituição em que trabalho e esta é de suma importância para a proteção de nossas crianças. Quanto à questão do planejamento e execução de cursos, palestras, reuniões para formação de educadoras(es) (sic), o projeto que nós cursistas da cidade de Campo Belo elaboramos, visa atingir todas as instituições da rede municipal. Campo Belo Estamos nos preparando para dar continuidade ao tema, aplicar o projeto em nossa escola e esperamos colher bons frutos. Campo Belo Que tal colocar em prática em 2011 os projetos apresentados hoje e fazer uma observação dos resultados? Lavras
  • 37. 33 Que tal reunirmos daqui um tempo e contar nossas experiências aplicadas, aprendidas através desse curso? Campo Belo Assim como Campos Gerais, é o nosso desejo que este projeto atinja o mais rápido possível outros municípios, outras pessoas para que nossas crianças sejam respeitadas como ser. Que tal colocar nosso município em toda a rede de informação e transformação? Assim que forem surgindo projetos como este pode nos convidar; estamos abertos e temos apoio dos profissionais/autoridades que representam Campos Gerais. Com certeza outras profissionais também terão a chance de representar Campos Gerais. Campos Gerais Que tal: Outras capacitações, Cláudia e equipe em nossa cidade para conversar com educadores e pais. Sozinha ou acompanhada sinto que tenho a “missão” de transpor barreiras e pensar nas “crianças” e assim levar para as escolas (que trabalho) tudo que aprendi nesse curso. Elói Mendes Que tal um curso, ou um módulo de estudo acerca dessa temática de forma contínua? Ijaci Que bom ter tido a oportunidade de participar desse curso, onde pudemos rever nossos conceitos sobre sexualidade infantil, para trabalhar melhor com as manifestações das crianças e ajudá-las a se desenvolverem de forma saudável, sem tabus ou preconceitos. Sou supervisora pedagógica na Escola Municipal Prefeito Ribeiro Neto, e já incluí o estudo do material veiculado nesse curso nas nossas reuniões pedagógicas, objetivando formação continuada dos professores e professoras e a partir daí, desenvolver o “Projeto Pedagógico” que fizemos. Algumas atitudes em relação à manifestação da sexualidade pelas crianças já estão também sendo mudadas, com consequências positivas para a formação das mesmas. Nepomuceno O curso desencadeou muitas ações no meu cotidiano, como:  Palestra sobre a temática afetividade/sexualidade na Educação Infantil, para professores/as da Educação Infantil do município;  Palestra para crianças de 8 e 9 anos de uma escola municipal de educação infantil no dia 20/10;
  • 38. 34  oficinas com os/as professores/as da APAE de Três Pontas;  planejamento de ações e atividades para o ano de 2011, para serem levadas às APAEs que compõem o Conselho Regional Sul II;  mas, sobretudo, mudou minha postura diante de meus filhos e de meus alunos deficientes, cujos alunos que já são excluídos socialmente, o são também “sexualmente”, pelas famílias e pela sociedade. Três Pontas … fiquei muito feliz com a oportunidade que a Secretária de Educação de Três Pontas nos deu, em poder passar o que aprendemos a todas as professoras de Educação Infantil de Três Pontas. Três Pontas As desconstruções A minha postura diante do tema Sexualidade não era totalmente de resistência ao assunto, mas achava que era “obrigação” a formação, a transmissão do conhecimento da família, e não da escola, ou da sociedade. Hoje minha postura é completamente diferente. Vi que posso trabalhar com o tema de forma prazerosa e natural na escola, através de jogos, brincadeiras, ensinando e ajudando o desenvolvimento da criança. Alfenas Maravilhoso participar desse curso. Quanto aprendizado, desconstrução de tantas concepções que nem imaginava que eram tão preconceituosas. Aprendi a respeitar o outro pelo que ele é, e não pelo que a sociedade “gostaria” que fosse. O curso me ajudou muito a construir novos conceitos, a desconstruir preconceitos... a não mais enxergar a vida e as pessoas como “azul” ou “rosa”, mas da cor preferida de cada um. Alfenas O curso possibilitou construir e agregar novos conceitos à temática oferecendo uma amplitude em grande escala das variedades e processos implícitos sobre corpo, gênero, sexualidade. Os textos compilados, os vídeos, os discursos analisados e proclamados tendo como base os citados proporcionou uma ressignificação no olhar para certas questões, saber situá-las, problematizá-las. Desta forma, consequentemente, mobilizou uma série de novas posturas e olhares apaixonados por um ponto de vista novo, mas, podendo ser abandonado assim que necessário. Este discurso ressignificado articula- se com novos fazeres e, certamente, nos ancora para dar margem a planejamentos e execuções de tarefas positivas e assertivas no desenvolvimento de políticas, valores, atitudes e comportamentos assertivos com relação à diversidade sexual, em prol da cidadania e inclusão social.
  • 39. 35 Elói Mendes Mudou muito em relação ao tema, dando oportunidades de aprendizado, vendo esta questão de forma mais abrangente, confrontando com mais ética, valor afetivo, no decorrer de várias situações enfrentadas escola/família, possibilitando assim a execução de planejamento, reuniões com pais e educadores, com mais significação e liberdade de expressão. Como diz a frase: "Não me pergunte quem eu sou e nem me peça pra permanecer a mesma". Foi maravilhoso este curso!!! Elói Mendes O azul e o rosa, o carrinho e a boneca, nunca serão vistos com o olhar de algum tempo atrás. Campos Gerais Com o curso pude estar em contato com um referencial teórico muito rico que me permitiu desconstruir conceitos e valores tanto diante da vida ou em relação à vida profissional. Itumirim Mudou a minha postura com as crianças que trabalho, com a comunidade e principalmente com meus filhos. Você, tendo uma mente mais aberta, tudo fica mais fácil e no trabalho as pessoas até perguntam coisas, tiram dúvidas, pois mesmo não fazendo o curso, acreditam que o curso é importante e, em muitas situações lá no CMEI onde trabalho, foram resolvidas sem dramas por eu estar participando deste curso. Lavras A temática do curso fez com que eu percebesse que os seres humanos não podem ser divididos apenas em dois grupos: homens e mulheres. O ser humano pode e deve ser o que quiser ser (respeitando o outro sempre) independente do que vão pensar a respeito dele. Lavras Respeito às diferenças Depois que participei do curso cresci muito como ser humano. Comecei a ver a vida com um olhar diferente. Vejo que temos que respeitar as diferenças, permitir que o outro seja feliz independente de suas escolhas. Para minha prática pedagógica foi muito enriquecedor, pois tenho uma bagagem de conhecimento maior para lidar com as situações do dia a dia, encarando-as com mais naturalidade.
  • 40. 36 Campo Belo Que tal erguermos nossas cabeças para então, iniciarmos a Prática do Projeto, juntando as 'pedras' que nos serão jogadas, porque todo “Novo” assusta, gera polêmica e, enfim, juntar todas essas “pedras” e construirmos o castelo dos nossos sonhos: o respeito ao ser humano. O curso abriu meus horizontes, obviamente que não concordei com tudo, participei com muita fome de aprender e, o que julgo fazer parte do meu viver, colocarei em prática. Campo Belo  Em relação à temática, cresci muito através das trocas e conhecimentos;  Diante da vida, aprendi que devemos permitir que o outro seja feliz, independente de sua escolha, que é pessoal e única, e a respeitar as diferenças;  no exercício da minha profissão, aprendi a olhar tudo com mais naturalidade;  na relação da escola com a família, estou confiante que podemos fazer muito pelas crianças através dessas instituições.  No planejamento e execução de cursos, estamos nos preparando para que possamos colher muitos frutos, com varias estratégias, com o objetivo de dar continuidade ao tema e colaborar para que todos possam ter oportunidade de crescimento e reflexão. Campo Belo As dificuldades Que pena que muitas pessoas ainda pensem que educação sexual é falar de sexo; é expor de forma indecorosa as relações afetivo/sexuais para as crianças. E ainda, que muitas crianças sofram violência por falta de informações sobre si próprias. Campo Belo Estar aqui a cada sexta-feira, vencendo barreiras: família, trabalho, veículo, rodovias, tempo (relógio), medo, etc, é uma glória! Campos Gerais (…) às vezes, em determinadas situações, alguns temas são, ainda, inadequados aos pequenos. Não sou omissa e indiferente, mas possuo algumas reservas que me impedem a tomada de iniciativa. Elói Mendes Quanto a planejar cursos e palestras para formação de educadores/as, pelo menos dentro de minha escola, não vai ser fácil. Minha diretora é totalmente contra a abordagem deste tema.
  • 41. 37 Paraguaçu “A maior de todas as jornadas começa com um primeiro passo.” Essa frase é citada em um dos filmes exibidos no curso. Ela fala da história de uma personagem negra, pobre, que é abusada pelo pai desde os 3 anos. Porém “Preciosa” busca vencer suas barreiras dando seu primeiro passo. Considero esse curso como o primeiro grandioso passo na construção de uma sociedade que seja capaz de respeitar suas diferenças pois a discussão traz a tão importante visibilidade. Lembrando da fala de Michel Foucault: “onde há poder, há resistência”, pensemos o curso “Tecendo Gênero e Diversidade Sexual nos Currículos da Educação Infantil” como essa resistência, que como na metáfora da água que escorre, que vaza, que evapora, ela acontece, existe. Que, por mais que o discurso tente isolar as sexualidades, tente enquadrá-las, iniciativas como esta de resistir, de chamar à discussão, de desconstruir, provam que é com um primeiro passo que se inicia uma jornada. Se a jornada é difícil, logo as dificuldades aparecem, porém estamos falando de resistência. E resistir é não se deixar abater, é lidar com o inesperado, com o taxativo, com o desanimador. Esses podem aparecer na figura da coordenadora de uma escola que manda-nos “tangenciar” a homossexualidade, como se essa existisse por si só e não muito mais em seu discurso “normatizador”, enquadrante, heteronormativo. Mas falar de longas jornadas é falar de inesperados, de medos e anseios. No entanto, se quisermos seguir a caminhada, é com eles que devemos lidar. Lidar com os monstros da discriminação, do abuso, da crítica, isso é resistir. E falando em monstros aparece a figura da coordenadora daquela escola que não é capaz de diálogo; não é capaz de pensar o diverso, o plural, no qual o ser humano se constitui. O “tangenciar” nasce quando, ao passar o filme “Minha vida de João”, forma-se uma discussão na sala, porém, a norma vem à tona, como era de se esperar. “Menino com menino não encaixa, professor.”, “sempre foi assim”. Diante dessas falas houve uma tentativa de trazer à discussão, mas se é uma jornada, e ela tem muitos desafios, aparece a primeira dessas dificuldades, o falar sobre a homossexualidade. O tema da homossexualidade aparece sempre com palavras que demonstram receio, nojo. Desse modo, chega aos ouvidos do “normatizador” ou “normatizadora” a questão de que o professor quer que “todos virem 'viados'”. Assim se institui mais uma vez, o “tangenciar”, uma das formas dos seres humanos sentirem prazer, mais uma forma de amar. Essa coordenadora chega até o professor e o proíbe de falar sobre a homossexualidade e sobre sexualidade no geral, esquecendo-se que esta é descrita nos PCN's, como um tema transversal. Mas como diz Foucault: “Onde há poder, há resistência”. Perdões Que bom que viemos e voltamos sem acidentes.
  • 42. 38 São Francisco de Paula Compromissos partilhados Que bom conhecer pessoas inteligentes e comprometidas com a educação, principalmente com a educação infantil! O mundo sempre será melhor porque sempre vão existir pessoas coerentes e apaixonadas com as escolhas profissionais e de bem com seu interior. São poucas, tudo bem, é melhor assim, porque daí novos grupos estão surgindo, surgindo até que podemos transformar o nosso pensamento e nosso cotidiano. Campos Gerais Pena que não foi pensado e fixado “maneiras” de comportamento de um professor e principalmente de diretores de escolas e creches, diante de situações relacionadas com o tema em discussão. Ideias foram poucas. Será bom podermos contar com as leis municipais. Mas é preciso “cobrança” na continuidade da inserção de conteúdos sobre Educação Sexual no currículo das Escolas e creches. Lavras … fazer uma reunião com os pais sobre gênero e sexualidade na Educação Infantil, que não é um bicho de sete cabeças, para eles estarem conscientes de que não estamos prejudicando seus filhos, mas sim ajudando. Lavras Que tal colocarmos em prática tudo que aprendemos, e dizer um “não!” para o engavetamento? Lavras Experiências O curso proporcionou refletir tanto nas minhas ações quanto na minha postura, tornei-me uma pessoa melhor, uma profissional melhor. Sempre fui uma pessoa sensível mas, muitas vezes, passiva ao sofrimento, tanto meu, quanto dos outros e, através do curso aprendi que não preciso ser conivente com o sofrimento, pelo contrario, posso lutar por minha felicidade e posso contribuir pela felicidade do outro, das nossas crianças. Sempre amei a Educação Infantil onde trabalho há mais de 10 anos, mas não tinha essa visão, esta compreensão sobre a temática de gênero e sexualidade. É lindo demais, é profundo, é necessário e urgente; emocionei-me em cada etapa, em cada filme, em cada livro, em cada brinquedo de intervenção, em cada projeto, em cada fala; foi uma experiência viva a qual me acompanhará ao longo da vida. Campos Gerais
  • 43. 39 Na minha vida acrescentou muito as experiências que outras cursistas relataram. Todo curso foi de grande valia para o meu Ser enquanto mãe, avó, educadora, profissional, pois a temática envolve vidas e conflitos, e o compromisso de todos para construir um mundo melhor para as gerações. Elói Mendes Como educadora da Educação Infantil, sempre me vi diante de situações que foram abordadas no curso. Ainda tenho muito que aprender, mas posso dizer que hoje, consigo intervir de forma adequada. Continuarei pesquisando, capacitarei as monitoras do CEMEI, para que elas saibam como agir, quando se depararem com situações que envolvam a sexualidade infantil. Elói Mendes O curso abriu um leque de possibilidades em minha vida. A começar pelo lado pessoal, pois o primeiro ensinamento que ficou foi respeitar as pessoas em suas opiniões e decisões. Quanto ao lado profissional, o curso foi fundamental no meu processo de auto- avaliação enquanto educadora, bem como na forma de refletir ao elaborar projetos e planejamentos. Foram de grande valia as palestras, vídeos, danças circulares, trocas de experiências, músicas, enfim. Os momentos vividos durante o curso não foram meros momentos, e sim momentos que marcaram a minha vida. Como esquecer os relatos aqui ouvidos, como também os que escrevi? Como esquecer o filme “Preciosa”? Aqui eu me senti acolhida, segura diante de tudo que vivi. Ijaci São iniciativas assim que nos fazem crescer e reconstruirmos um país melhor, se não para nós, pelo menos para os que virão depois de nós. Lavras Que pena: pensar que é o último encontro, me deixa triste porque “acabou”... mas me deixa feliz porque consegui, pois minha escola não queria me liberar, foi uma luta mas bati o pé e hoje ao concluir... posso dizer que valeu a pena. Sou uma sementinha... obrigada pela oportunidade. A Educação Infantil frequentemente ocupa um lugar importante para o aprendizado: é o “início”, precisamos conhecer ainda mais pois é o espaço da Educação Infantil que propicia a construção para os acontecimentos naturais. O curso mudou minha postura diante da temática, em meu planejamento contribuiu para introduzir e responder a “verdade” para as crianças, o “certo” sem rodeios, no meu cotidiano escolar. Finalizo com as palavras de Rubem Alves: “...ao aprender as respostas certas, os alunos desaprendem a arte de se aventurar e de errar, sem saber que, para uma resposta certa, milhares de tentativas erradas devem ser feitas.”
  • 44. 40 “Ninguém vence uma guerra lutando sozinho...” Lavras Me sinto ricamente subsidiada e quero que essa jornada não pare aqui mas venha a se refletir no cotidiano escolar e na vida das crianças que estiverem perto de mim. Lavras Que bom que eu descobri este curso a tempo de participar e descobrir a maravilha que é a discussão atual sobre Gênero e Sexualidade. Que pena que passei muitos anos da minha vida acadêmica sem perceber esse tema. Sendo da área de saúde muitas destas temáticas não são vitais na minha área. Porém, hoje afirmo que esta temática tem TUDO a ver com Terapia Ocupacional; aliás, gênero e sexualidade deviam ser estudados por todos os profissionais, pois tudo que nos cerca fala e se relaciona com essa temática. Que tal termos uma segunda parte deste curso e que tal a turma de Lavras criar um Grupo de Estudos? Quero de todo o meu coração continuar discutindo e aprendendo mais. Este curso mudou minha forma pessoal diante da questão homossexual, compreender um pouco sobre eles e principalmente, me perguntei sobre o preconceito existente, as pré-definições que existem. Com o filme “Minha Vida em Cor de Rosa” imaginei e vivenciei o sofrimento e angústia daquela criança. A partir daí, decidi olhar de uma forma especial para cada criança e tentar deixá-la à vontade para fazer suas escolhas e autonomia. Passei também a julgar e analisar a propaganda, procuro interpretar todas as ideias de gênero e de sexualidade e tento buscar uma discussão profunda sobre isso. Na minha profissão, durante os grupos de alongamento, sempre dou exemplos de atividades que podem prejudicar o punho e normalmente só dou exemplo de atividades domésticas que as mulheres fazem: varrer, torcer pano de chão, carregar sacola. Após o curso, introduzi outras tarefas que as mulheres fazem: dirigir, abrir porta, usar o computador. Até nisso consegui melhorar minha visão. Durante meus atendimentos terapêuticos não direciono mais as brincadeiras de meninos e meninas. Permito que elas brinquem de tudo. Lavras Mudou muito minha postura diante da vida no que se refere à preocupação no trabalho desse tema, em pensar o quanto, a maioria de nós, éramos leigos e até “inocentes” em achar que tais incidentes eram poucos... Acredito que podemos muito diante do que aprendemos, podemos fazer a diferença na vida de uma criança. Para isso, basta ter os olhos, os ouvidos, enfim os sentidos atentos aos pequenos detalhes por ela demonstrados. Lavras
  • 45. 41 O curso desencadeou ações no exercício de minha profissão. Antes do curso, ao trabalhar com as crianças da educação infantil encontrava dificuldades para soluções de dúvidas (problemas) que surgiam no dia a dia. Hoje, graças a este curso, tenho mais segurança ao se tratar do assunto, não podando certas ações e atitudes das crianças. Macuco de Minas O curso colaborou muito com todos esses tópicos. Achei esse curso muito rico em experiências dos outros educadores. Acredito que agora cabe a cada um de nós levar esta bagagem que adquirimos aqui e semear em nossas cidades. Precisamos conseguir mais adeptos destas ideias para que elas se efetivem em nossas escolas. Paraguaçu Este curso nos deu base para passar para os alunos respeito à diversidade; “Cada um é como é, e não como gostaríamos que fosse”. Paraguaçu … através de histórias que não conhecia, como “Mamãe Botou um Ovo”, trabalhei com meus alunos e vi a curiosidade deles e poder olhar os desenhos, saber como nascem os bebês. Paraguaçu Passou muito depressa, acho que ainda temos muito a aprender. Paraguaçu Depois do curso, tenho um novo olhar para os detalhes. Situações que antes passavam despercebidas, hoje são olhadas com mais atenção e carinho, e trabalhadas com todos alunos. Paraguaçu O curso está contribuindo de forma positiva possibilitando o meu crescimento, amadurecendo e acelerando minha postura na minha vivência diária, tanto no âmbito escolar como familiar. Trata-se, porém, de um tema polêmico do qual deparei com vários desafios, havendo uma certa dificuldade em superá-los pelo fato de pertencer a uma cidade do interior, onde na verdade somos todos parentes. No entanto, conto com a ajuda da supervisora, onde as questões surgidas são resolvidas com os familiares quando necessário e sempre da melhor forma, de modo que a criança seja respeitada. Com certeza, esta conscientização é possível através do curso que tem realizado em etapas e anos diferenciados. São Francisco de Paula O curso foi de grande valia, ampliou de forma significativa meus conhecimentos, tanto na vida profissional, como pessoal. Mudei minha postura e visão diante de algumas situações em que antes deste curso teria grandes dificuldades em resolver e hoje já tenho argumentos para discutir e esclarecer assuntos relacionados ao tema sexualidade, o que é de grande importância para o desenvolvimento das crianças.
  • 46. 42 São Francisco de Paula Tive uma experiência com meus alunos e pensei que iria gerar um conflito muito grande entre os pais, mas foi tranquilo; pensei que teriam uma reação chocante, mas não. São Francisco de Paula O meu medo de pensar em relação sobre a sexualidade infantil mudou muito. Meu pensamento agora é outro. Foi muito bom ter feito esse curso tanto na área profissional quanto na vida cotidiana. São Francisco de Paula A última ideia força que acentuarei para terminar o que não tem fim: o suor da vida no calor de irmãos... referenciais teóricos e metodológicos que continuam pulsando nos encontros mensais dos fóruns de Educação Infantil, nas disciplinas ministradas na graduação e na pós-graduação; nas reuniões do Grupo de Pesquisa: Relações entre filosofia e educação para a sexualidade na contemporaneidade: a problemática da formação docente; nos infindáveis convites para palestras, mini-cursos, colóquios, mesas- redondas. Enfim... não tem fim!
  • 47. 43 O CURSO DE FORMAÇÃO EM CAMPINAS Beatriz Tomaz Ruela, Sofia Farias Zacura, Dolores Setuval Assaritti, Júlio Paulo de Moraes Lauren Aparecida de Souza Santos O projeto “Tecendo...” foi desenvolvido em cinco cidades, e uma delas foi Campinas/SP, onde contamos com profissionais da Educação Infantil da rede metropolitana de Campinas (Campinas, Paulínia e Hortolândia) e também de escolas confessionais da rede particular. Foram mais de cem inscrições, havendo apenas dez por cento de desistência até o final do curso. Importante destacar que contamos com a inscrição de apenas um homem, o que evidencia a elevada participação das mulheres nesse espaço educacional na região mencionada. Uma questão marcante foi a participação das monitoras, de um monitor e agentes de educação infantil, profissionais que atuam diretamente com as crianças, que em suas avaliações demonstraram dificuldades e falta de abertura para desenvolverem seus projetos nas unidades em que atuam, mostrando mais uma vez que as relações de poder existem nas instituições escolares. Iniciamos o curso com muita expectativa. Não sabíamos o que iríamos encontrar. Nossas perguntas nos guiaram em nossos passos iniciais. Quem seriam essas pessoas? O que elas estariam esperando do curso? E nós, daríamos conta de responder às suas perguntas? Era o encontro com o inesperado. As aulas afetuosamente referidas como encontros, aconteceram na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE/UNICAMP), em duas turmas semanais, uma à tarde e outra à noite, entre os meses de abril a outubro. O fato da formação ter sido oferecida em dois turnos possibilitou um número considerável de participantes de uma mesma escola. O grupo de trabalho contou com a participação de um coordenador, o psicólogo Ricardo de Castro e Silva, doutorando em Educação (FE/UNICAMP) e quatro monitoras e um monitor, estudantes da graduação: Beatriz Tomaz Ruela e Sofia Farias (FE/UNICAMP); Dolores Setuval Assaritti, Júlio Paulo de Moraes e Lauren Aparecida de Souza Santos da
  • 48. 44 Faculdade de Educação Física (FEF/UNICAMP). Esse grupo realizou reuniões quinzenais para planejamento de aulas e atividades, participou dos encontros semanais, manteve comunicação constante com as e o participante pelos grupos de emails de cada turma, além de realizar pesquisas e produção de artigos. No primeiro semestre, foram trabalhadas no curso importantes teorias pertencentes as três temáticas: Gênero(s), Sexualidade(s) e Identidade(s). Para tanto, contamos com a participação de palestrantes, docentes e/ou pesquisadores, que contribuíram imensamente para este processo educativo. A professora Dra. Ana Maria Faccioli de Camargo (FE/UNICAMP), apresentou o tema: Foucault e o pós-estruturalismo - cultura, linguagem e poder. A professora Dra. Helena Altmann (FEF/UNICAMP) apresentou o tema Gênero numa turma e, Simone Cecília Fernandes, mestre em Educação Física (FEF/UNICAMP), em outra. Rodrigo Braga do Couto Rosa, mestre em Educação Física (FEF/UNICAMP), e Tiago Duque, doutorando em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH/UNICAMP), apresentaram Diversidade Sexual. Paulo Reis dos Santos, mestre em Educação (FE/UNICAMP), apresentou Identidade Sexual. O coordenador Ricardo de Castro e Silva apresentou Sexualidade Infantil. A professora Dra. Regina Maria de Souza (FE/UNICAMP), apresentou Racismo e Racismo de Estado, no segundo semestre. Também no segundo semestre foi abordado o tema Violência doméstica e sexual apresentado pelo coordenador. Os encontros, organizados por temas, eram compostos de palestras ou aulas expositivas, filmes, discussão das leituras, trabalhos em grupo, etc. No mês de julho não tivemos encontros, mas as participantes realizaram um trabalho individual de escrita de um exercício de problematização de casos discutidos em sala de aula, trazidos pelas professoras de seu cotidiano. Também solicitamos que fizessem um desenho que, para elas, representasse a Sexualidade Infantil. Essa segunda atividade foi livre. Já, as produções deveriam partir de um dos casos relatados e disponibilizados nos grupos de emails. Os textos foram entregues às monitoras e monitor que os devolviam com comentários. Todas as pessoas tiveram oportunidade de receber os comentários e refazer o texto, até o final do curso, e alguns foram indicados como artigo para serem publicados no livro e no site do projeto. Pretendíamos com essa proposta de trabalho possibilitar
  • 49. 45 uma maior reflexão sobre os acontecimentos inusitados das creches e escolas infantis, que correspondessem aos temas estudados. No segundo semestre, permaneceram as aulas expositivas, palestras, filmes, leituras e foram acrescentadas atividades em grupo sobre a relação das/o participante/s com as crianças, com os outros profissionais e com os familiares no local de trabalho. Uma das atividades foi a elaboração de um projeto de intervenção na escola, individual ou coletivo. Esperávamos que, com essa proposta, cada instituição fosse vista sob uma nova perspectiva e pelos seus próprios profissionais, para planejarem novas ações e renovações no que se refere às questões da educação em gênero, sexualidade e diversidade de suas crianças. No último encontro, foi feita uma avaliação oral e coletiva sobre o andamento do curso e também uma por escrito e individual. Destacamos abaixo algumas das opiniões mais recorrentes nas avaliações: Que bom que o curso permitiu um novo olhar para situações que antes passavam despercebidas na sala com as crianças e ainda possibilitou diferentes materiais que enriqueceram a minha prática, como livros, vídeos, músicas e poemas. Que pena não ter sido possível levar essas experiências a todas as pessoas que não conseguem se desvincular dos preconceitos sexuais nas escolas. Que tal abrir novas turmas deste curso no próximo semestre para dar oportunidade a outros educadores? O grupo de trabalho compartilha da seguinte opinião: Que bom que as participantes e o participante tiveram oportunidade de ampliar seus saberes sobre Educação para a Sexualidade e Gênero, a fim de transformar sua prática pedagógica num facilitador para as crianças se conhecerem e desenvolverem naturalmente sua identidade autônoma. Que pena que algumas de nossas propostas de atividades não puderam se concretizar, em razão da falta de espaço e tempo. Uma delas seria a realização de atividades corporais, possibilitando tanto uma prática de autoconhecimento, quanto uma rica experiência para ser levada às escolas. Que tal mantermos contato com as turmas por meio dos grupos de email para sabermos o que foi possível (e quase impossível) de realizar, transformar e inventar nas relações e espaços do cotidiano? Para finalizar essa breve apresentação inicial, encerramos com a concepção de um autor que foi referência em nossos encontros:
  • 50. 46 Pelo fato de que constantemente nascem seres humanos no mundo, o tempo está sempre aberto a um novo começo: ao aparecimento de algo novo que o mundo deve ser capaz de receber, ainda que, para recebê-lo, tenha de ser capaz de se renovar; à vinda de algo novo ao qual tem de ser capaz de responder, ainda que, para responder, deva ser capaz de se colocar em questão. (LARROSA, 2001, p.189) Desmistificação da Sexualidade O tema da Sexualidade há tempos vem sendo tratado com muitos tabus em nossa sociedade. Na formação em Campinas, havia pessoas de estratos geracionais e sócioeconômicos diversos. Em todos esses estratos, pudemos observar a insegurança, a vergonha e o medo que se tinha em falar e agir perante esse tema junto às crianças. A ideia de que sexualidade se refere apenas ao ato sexual, era recorrente entre alguns dos participantes no início do curso. A descoberta da amplitude e complexidade do assunto gerou curiosidade e alívio. A formação contribuiu para um novo olhar sobre a sexualidade humana, por meio das aulas teóricas com profissionais que pesquisam e lecionam sobre essa área do saber e, ainda, por assegurar espaços mais abertos ao diálogo, às dúvidas, às posições individuais e coletivas, por meio da aproximação que fomos estabelecendo com cada pessoa. Elas e ele nos traziam casos e experiências do dia a dia da escola, na busca por respostas e soluções e, com isso, fomos estabelecendo um vínculo de confiança fundamental para os resultados finais. Nos encontros, fomos percebendo o quanto o tema era tão presente no cotidiano da escola e o quanto ele trazia posições e imposições, muitas vezes arbitrárias, por parte dos adultos, pais ou profissionais da escola, no intuito da normatizar e controlar os corpos e os saberes das crianças, baseado numa lógica heterossexual e machista. Os relatos das educadoras e do educador sobre sua prática nos revelaram grande parte do olhar e da preocupação sobre a sexualidade da criança expressa no ambiente escolar. Dentre eles, os mais observados eram a respeito da masturbação e da existência de um tratamento diferenciado entre o gênero masculino e feminino. Percebemos, claramente, os muitos
  • 51. 47 limites à expressão da cultura de movimento10 infantil e ao conhecimento do seu corpo e do corpo do outro. Limites esses, educados e impostos desde os primeiros anos de vida e refletidos em muitas ações do cotidiano nas creches, como, por exemplo, ensinar aos meninos a fazer xixi em pé; incentivar determinações de cores para ambos os gêneros; proibir qualquer ação considerada fora dos padrões do ser masculino ou do ser feminino: não permitir certas roupas de fantasias que denotem o sexo oposto, ou não permitir aos meninos pintar as unhas, etc. O estudo de casos contribuiu para o aprofundamento sobre o tema da Sexualidade, para o compartilhamento de sentimentos e para a revisão das próprias ações pedagógicas. Ações inviabilizadas em alguns momentos, em razão do confronto de ideias entre educador(a) e direção escolar ou entre educador(a) e pais. Citamos algumas das frases recorrentes que revelam a fragilidade da política pedagógica da escola, no que se refere a Sexualidade, justificando este fim imobilizador: “Não posso permitir o menino passar batom porque o pai não deixa”; “A direção da minha escola acredita que esse assunto é da família e não da escola”. Encarar e/ou resistir a determinadas manifestações de poder em forma de ordens e padrões impostos pelas famílias ou qualquer outra instituição de poder mais influente e dominador não é uma tarefa fácil a ser assumida pelas educadoras e pelo educador. As questões que interligam a Educação com os temas de Gênero e Sexualidade são historicamente pouco discutidas em instituições como a escola e a família, além de serem pouco trabalhadas nos cursos superiores de formação docente. Talvez, por essa razão, as participantes e o participante trouxeram um pouco do desamparo que sentem quando as crianças os surpreendem com suas curiosidades e ações espontâneas sobre sua própria sexualidade ou, em casos críticos, quando apresentam indícios de violência sexual. Nosso curso não se preocupou somente em analisar os variados casos para propor-lhes outros desfechos, mas sim fortalecer o posicionamento do(a) educador(a) como autor de sua ação, estimular o senso crítico para questionar o posicionamento de familiares, 10 Cultura de Movimento é um termo cunhado pelo professor Doutor da área da Educação Física, Elenor Kunz, o qual define o termo como todas as atividades pertencentes ao “se-movimentar humano”, todas as ações e gestos que o indivíduo produz, reproduz e resiste em seu meio.
  • 52. 48 gestores(as) e governantes, proporcionar a auto-reflexão e fomentar a curiosidade sobre os diversos saberes e fazeres que permeiam seus relacionamentos com os adultos e com as crianças na creche e escola. Um texto que foi fundamental na discussão sobre a atuação do/a educador/a foi do professor Silvio Gallo, em seu livro Deleuze e a Educação (2003). O autor faz um deslocamento dos termos cunhados pelos filósofos Deleuze e Guatarri – Literatura Maior e Literatura Menor, para o termo criado por ele – Educação Maior e Educação Menor. Este último é referente à educação desenvolvida no cotidiano escolar, a partir de seus acontecimentos inusitados, constituindo-se numa resistência às ações de poder da Educação Maior, a qual é pertencente a uma macropolítica educacional vigente. O autor diz ainda que tudo o que ocorre na escola é pedagógico, logo, nas mínimas e máximas ações e acontecimentos, pode-se aprender e ensinar. A Educação Menor se faz presente, por exemplo, quando discutimos a importância da atuação dessas educadoras em propor uma educação para meninos e meninas, que não os impeçam de vivenciar a infância e de experimentar e esclarecer suas curiosidades. Essa educação e resistência do adulto que rompe com as normas, com a homogeneização dos saberes e com o controle, é que permite aos meninos e meninas a dimensão lúdica, curiosa e brincalhona que lhes são próprias. O Projeto “Tecendo...”, em todas as cinco cidades envolvidas, por meio da formação oferecida para, aproximadamente, 500 educadoras e educadores, dessas localidades, colaborou para a educação menor ao formar educadores/as mais bem preparados/as para a realização de um trabalho que promova o desenvolvimento e o descobrimento pela criança de uma sexualidade infantil prazerosa e questionadora. Em Campinas, o grupo foi percebendo, no seu ritmo, o quanto existe de sexualidade na instituição infantil, seja ela reprimida ou não, e puderam reconhecer crianças ávidas pelas descobertas do mundo e de seus corpos. É necessário, portanto, que esses profissionais estejam preparados, a fim de conferir a elas espaços de vivências de suas identidades sexuais e de gênero, sem mistificações e preconceitos.
  • 53. 49 A homossexualidade: uma questão pertinente à Educação Infantil? A formação realizada como etapa central do Projeto foi planejada para abordar as temáticas de Gênero(s), Sexualidade(s) e Diversidade(s), focando as questões referentes às infâncias, à sexualidade nas infâncias, relações de gênero e diversidade sexual. Nesse contexto, identidade sexual, as formas de violência doméstica e sexual e racismo nos contextos da família e da instituição de Educação Infantil, foram temas centrais. Podemos dizer que em nossa realidade - em Campinas - os temas da homossexualidade e violência foram os itens marcantes do processo. A intenção de refletir sobre esses temas era problematizar cada uma das questões envolvidas a fim de desestabilizar os pensamentos e as verdades pré-concebidas que cada pessoa trazia consigo. O tema gênero sempre foi compreendido como uma categoria relacional e, portanto, construído nas relações com o outro. Sendo assim, um dos espaços possíveis para a sua construção é o ambiente de Educação Infantil. Uma, dentre as muitas responsabilidades desse lugar, de educação das crianças, é ensinar meninos e meninas como devem ser e estar no mundo, de acordo com o gênero, porém, suas classificações/hierarquização muitas vezes não condizem com os desejos e as vontades das crianças. É aí que entra em cena o/a educador/a munido/a das normas sociais para limitar as ações das crianças e fazer com que ela haja de acordo com sua classificação de gênero. No decorrer da formação as educadoras e o educador relataram suas preocupações nas atividades com as crianças quando reconheciam que classificavam as crianças em meninos e meninas e em cuidar para que suas atitudes fossem fiéis à classificação de gênero na qual cada uma se encaixava, ou seja, meninos usam azul, brincam de carrinho e gostam de meninas, e meninas usam cor-de-rosa, brincam de boneca e gostam de meninos. Muitos participantes comentavam a dificuldade de abandonar essa classificação ao lidar com suas crianças. Já, algumas que ousaram, obtiveram sucesso ao oferecer novas oportunidades de brincadeiras para meninos e meninas, sem restrições de gênero. Quando as crianças rompem os limites dessa classificação, principalmente no caso dos meninos, surge a problemática da homossexualidade, que aparece envolta em
  • 54. 50 preconceitos não só por parte dos profissionais da escola, mas também por parte da família que, muitas vezes, exige providências da escola; afinal, no seu entender, caberia à instituição a responsabilidade de educar seus filhos e filhas para serem homens e mulheres heterossexuais. Grande parte das reflexões feitas nos encontros possibilitou o debate referente à homossexualidade. Quando voltávamos nossos olhares para tal questão surgiam muitas curiosidades, dúvidas, medos que diziam respeito à orientação sexual e aos desejos dos adultos e das crianças. Exemplos da dificuldade em lidar com o tema da homossexualidade são os casos de proibição aos meninos de exploração dos brinquedos e brincadeiras que fazem parte do universo feminino, como bonecas e fantasias de princesa, esmaltes e maquiagens, etc. Algumas pessoas admitiam não permitir aos meninos explorarem esses materiais por medo de estimulá-los a serem homossexuais e se sentirem, portanto, responsáveis por isso. Outras professoras disseram que não permitiam, pois acreditavam que isso o faria afeminado, e outras, ainda, afirmaram não ter nada contra os meninos brincarem com coisas de menina, porém, não permitiam porque a escola ou a família não autorizavam. Há um jogo no qual a professora faz parte de vigiar e impedir tais atitudes, em nome da normalidade. Uma das metas do curso foi romper com esse pensamento sexista e preconceituoso e que atinge de forma desastrosa a instituição de Educação Infantil. A princípio, algumas palavras causavam embaraço entre os participantes, tais como, ‘sexo’, ‘homossexual’ ‘gay’, ‘lésbica’, entre outras, mas com o aprofundamento dos estudos sobre Gênero, Sexualidades e Identidades, essas palavras passaram a ser usadas com mais tranquilidade. Salientávamos, a cada reflexão, que a sexualidade na criança perpassa suas relações, nas brincadeiras como respostas espontâneas e propositais. São os adultos que olham para as atitudes da criança com certa malícia e reprimem a expressão da sua sexualidade. Essa repressão é de certa forma, uma violência contra a liberdade da criança em descobrir e explorar o seu corpo e o corpo do outro. Por meio dos casos relatados, evidenciamos o que afirma a autora Guacira Lopes Louro:
  • 55. 51 Em nossa cultura, esse movimento, ou seja, o processo de heteronormatividade, parece ser exercido de modo mais intenso ou mais visível em relação ao gênero masculino. Observamos que desde os primeiros anos de infância os meninos são alvo de uma especialíssima atenção na construção de uma sexualidade heterossexual. As práticas afetivas entre meninas e mulheres costumam ter, entre nós, um leque de expressões mais amplo do que aquele admitido para garotos e homens (LOURO, 2009, p.91). Exercício da Problematização O projeto em Campinas buscou provocar novas visões, novos olhares, com os mesmos olhos das pessoas envolvidas, apenas com novos conceitos e nova visão. Não poderemos nos considerar os mesmos depois de ter transcorrido esse curso que muito mobilizou as professoras e nós, monitoras e monitor. Esses olhos, se considerados como algo físico de nossos corpos, podem não mudar na aparência, mas mudam nas sensações, nas emoções, no passar do tempo, no ambiente em que se inserem, pois é possível as mudanças acontecerem. Por isso, temos a certeza de que movimentamos partes da vida de cada pessoa que esteve envolvida conosco no projeto. O movimentar se deu com o pensar, o criticar, o refletir e o fazer de cada dia. Buscamos desenvolver novas percepções, foram despertados novos sentimentos, sensações, sobre as mudanças de valores no tempo, e os fatores que nos rodeiam, pessoas, amizades, o trabalho, as histórias, famílias, grupos sociais, crenças, com infinitas variações e possibilidades. Mostramos nos encontros questões de gênero, sexualidade, violência, famílias, diversidades; ilustramos com histórias infantis, filmes e casos que traziam do cotidiano da escola e da sala de aula, buscamos pensar e, principalmente, problematizar as situações citadas. Essa palavra “problematizar”, foi e é muito importante para o curso em Campinas, por significar reflexões e deixar suspensas respostas, de rever com calma os acontecimentos, com ângulos diferentes para uma mesma situação. Pensar no tempo que aconteceu, na cultura, nos valores de cada comunidade. Sempre com uma pergunta de fundo: como se estruturaram as questões? De onde vêm normas e regras? Elas servem para que?A quem?
  • 56. 52 Problematizar o controle, o enquadramento de tudo, dentro de palavras (normal ou anormal, heterossexual ou homossexual, de menino ou de menina, etc), nos coloca questões como: qual o discurso produzido que mantêm esta situação? Que o faz? O que se produz com isto? Quais valores afirmam ou reproduzem? Problematizar nossas ações a partir de novos olhares sobre as relações de gênero, sua diversidade e possibilidades, foi o exercício que ocupou grande parte de nosso tempo. Foi também nossa preocupação pensar sobre as relações homoafetivas, homossexuais, as violências e exclusões com os sujeitos que fogem do padrão e mesmo para os que sofrem para se manterem dentro do padrão. É um convite a problematizar, pensar com calma, rever conceitos, valores, normas, tudo para não sermos reprodutores de preconceitos, de violências, de exclusões. Quando não fazemos isso, construímos uma realidade de violências cotidianas que a escola infantil comete frente às crianças diante de controles estabelecidos e que não encontram justificativas para tal. Mas, por que controlar o tempo e os corpos das meninas e meninos? Por que ocupar o tempo das crianças com tantos afazeres? Por que, ao invés de educar meninos e meninas para virem a ser adultos produtivos, não valorizamos suas experiências? Por que educar crianças, esperando que elas sejam algo já determinado pelo adulto? “Uma imagem do totalitarismo: o rosto daqueles que, quando olham para uma criança, já sabem de antemão, o que veem e o que têm de fazer com ela. A contraimagem poderia resultar da inversão da direção do olhar: o rosto daqueles que são capazes de sentir sobre si mesmos o olhar enigmático de uma criança, de perceber o que, nesse olhar, existe de inquietante para todas suas certezas e seguranças e, apesar disso, são capazes de permanecer atentos a esse olhar e de se sentirem responsáveis diante da sua ordem: deves abrir para mim, um espaço no mundo, de forma que eu possa encontrar um lugar e elevar a minha voz! (LARROSA, 2001, p.192). Com as contribuições de Larrosa, pensamos sobre a criança do porvir, a criança do inesperado e refletimos sobre nosso compromisso de educar meninos e meninas com corpos e mentes juntos. Educar crianças que pensam e se movimentam. Crianças curiosas, atentas e que, a cada instante, fazem novas descobertas sobre seus corpos e sobre o mundo. Meninos e meninas que perguntam, relacionam-se, experimentam e transgridem. Temos que nos abrir para que o inesperado aconteça.
  • 57. 53 Referências Bibliográficas GALLO, S. Acontecimento e Resistência: educação menor no cotidiano da escola. In: CAMARGO A.; MARIGUELA, M. (Orgs.). Cotidiano Escolar: Emergência e Cotidiano. Jacintha. Editores. Piracicaba, SP. 2007. ________. Deleuze e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. LARROSA, J. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Tradução: Alfredo Veiga- Neto. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p.189. LOURO, G. L. Heteronormatividade e homofobia. In: Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Rogério Diniz Junqueira (org.). Ministério da Educação (MEC). Brasília, 2009.
  • 58. 54 OS CAMINHOS DO PROJETO “TECENDO...” EM JUIZ DE FORA (MG): PERCURSOS E PERCALÇOS Roney Polato de Castro Conduziu-se este texto, com o objetivo de fazer um breve relato sobre a organização e o desenvolvimento do curso vinculado ao projeto “Tecendo...”, realizado no município de Juiz de Fora (MG). Ao fazer isso, o texto também se propõe a apresentar algumas reflexões consideradas relevantes para pensar a questão da formação docente, especialmente a formação continuada, no campo de gênero e sexualidade. 1 - Um pouco sobre o que representou o “Tecendo Gênero...” em Juiz de Fora: uma rápida conversa sobre formação docente, gênero e sexualidade Para começar, considero relevante dizer que o projeto “Tecendo...” chegou a Juiz de Fora em um momento muito significativo, marcado por dois acontecimentos importantes. Em primeiro lugar, no ano de 2010 a coordenação das creches públicas passou a ser realizada pela equipe do Departamento de Educação Infantil, da Secretaria Municipal de Educação, o que significou maior possibilidade de acesso das profissionais dessas instituições aos cursos de formação oferecidos por esta Secretaria. Também, em 2010, surgiu o GESED (Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade), vinculado ao NEPED (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade), núcleo pertencente à Faculdade de Educação – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O GESED, coordenado pelo professor Dr. Anderson Ferrari, foi reunido em torno de interesses comuns, no campo pessoal, político e acadêmico, englobando as questões de gênero, sexualidade, diversidade e educação, numa perspectiva pós- estruturalista, dos Estudos Culturais, dos Estudos Foucaultianos, de Gênero e Sexualidade. O curso “Tecendo...” foi incorporado às atividades do GESED, tornando-se uma preocupação de todo o grupo. Em Juiz de Fora, a Secretaria Municipal de Educação tem uma tradição de oferecimento de cursos de formação continuada para os/as profissionais que atuam em suas escolas e, recentemente, essa prerrogativa foi ampliada em relação às creches
  • 59. 55 municipais. O Centro de Formação do Professor (CFP), órgão vinculado diretamente a essa Secretaria, oferece cursos em diversas temáticas consideradas importantes para o enriquecimento das práticas pedagógicas das/os docentes e outros profissionais que atuam em escolas da rede municipal de ensino. Talvez seja relevante mencionar que, ao observarmos a programação de cursos da Secretaria Municipal de Educação, são raras as propostas de formação relacionadas às questões de gênero e sexualidade. Alguns cursos, como o “Educar na Diversidade”, apresentam uma visão parcial sobre o tema, sem grandes aprofundamentos, já que discutem a diversidade. Via de regra, as iniciativas que abordam diretamente as temáticas têm sido realizadas por meio de parcerias com outras instituições. Esse foi o caso do curso “Tecendo...” e de outras propostas como o “Lidando com as Homossexualidades” (parceria com o MGM – realizado na sede do MGM – 2006-2007), o “Gênero e Diversidade na Escola” (curso de aperfeiçoamento a distância oferecido por meio da Universidade Aberta do Brasil em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais – 2009) e o “Educação Sem Homofobia” (parceria com as Universidades Federais de Juiz de Fora e de Minas Gerais e com o MGM – realizado no Centro de Psicologia Aplicada da UFJF – 2010). Nesse contexto, o fato de termos iniciativas de formação docente direcionadas às questões de gênero, sexualidade e diversidade sexual representa um ato político, no sentido de provocar deslocamentos nas práticas “de sempre”, geralmente relacionadas majoritariamente a temas como “alfabetização” e “leitura”, cujo enfoque e metodologia excluem qualquer discussão sobre as construções culturais e os atravessamentos de gênero e sexualidade na escola. Não estou afirmando que as temáticas citadas sejam menos importantes ou que não devam ser objeto de discussão dos cursos de formação continuada. Apenas chamo a atenção para o fato de que, historicamente, a discussão sobre gênero e sexualidade tem sido silenciada, ou negada, nas escolas e nos cursos de formação docente, seja nas universidades, ou nas secretarias de educação. Assim, o espaço físico11 e simbólico ocupado pelo “Tecendo...” pode perturbar as políticas culturais 11 Pode ser importante destacar que outros cursos mencionados que abordavam as temáticas de gênero e sexualidade foram realizados fora dos espaços da Secretaria Municipal de Educação. Desse modo, ao realizarmos