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CURSO SUPERIOR DE TEOLOGIA À DISTÂNCIA
 Seminário Teológico Dom Egmont Machado
             Krischke – SETEK
   Rôde Laco Gonçalves Hartwig
                Psicóloga
           plafi@terra.com.br
               99810853

               Disciplina:
           Psicologia Pastoral
Psicologia Pastoral
Psicologia Pastoral
               Aconselhamento Pastoral
      É um modelo centrado em libertação e crescimento
segundo Howard J. Clinibell, um pastor que transmite sua
larga experiência em aconselhamento pastoral aliada a
recursos da psicoterapia com o objetivo de uma vivência
curadora na comunidade de fé que denomina como
poimênica
     Poimênica significa o cuidado pastoral na comunidade,
ou mesmo de conselheiros leigos para com pessoas que
precisam de aconselhamento.
     Aconselhamento Pastoral designa especificamente o
trabalho do pastor/a no atendimento pessoal como primeiro
conselheiro da comunidade de fé.
Psicologia Pastoral
  O atual desafio da Poimênica e do Aconselhamento Pastoral.
     Theodore Wedel, retrata a situação de muitas igrejas que começam
bem a sua missão e perdem a noção de seu propósito no meio da
caminhada. Compara a Igreja com um posto de salva-vidas.
     O primeiro desafio atual citado por Howard J. Clinibell para a
poimênica e o aconselhamento pastoral é a irrelevância das necessidades
das pessoas para a igreja nos últimos tempos. Ainda destaca a necessidade
da comunidade de fé ter uma ―linguagem de relacionamentos para tratar
com vidas e comunicar o evangelho.
     O aconselhamento pastoral é uma coluna da igreja que mantém de pé
seus relacionamentos fazendo reconciliações constantes na vida das
pessoas e lutando pela preservação do amor.
    A poimênica, proporciona à Igreja relacionamentos profundos, que
capacitam pessoas para a cura, libertação e crescimento de seu próximo. À
semelhança do convívio de Jesus com seus discípulos, é no interior da
comunidade de fé que surgem as situações para o tratamento de vidas.
Psicologia Pastoral
      Clinibell, fala sobre a renascença contemporânea com satisfação pelas
pesquisas e descobertas da psicanálise, principalmente pela aceitação pela
Igreja a estes recursos no acompanhamento dos problemas humanos até
então tratados apenas espiritualmente.
     O interesse pela psicologia aliada à ação pastoral tem crescido a cada
dia e vários grupos ou instituições têm sido formados para esta área
específica da missão.
     A abertura da teologia para a psicologia tem dado relevantes
contribuições ao ministério pastoral principalmente quanto à auto
compreensão ou auto imagem do/a pastor/a e sua função como
conselheiro/a.
     A partir desta aliança entre conhecimento teológico e técnicas da
psicanálise muitos equívocos foram evitados no seio da igreja.
    Há um maior discernimento quanto aos problemas humanos que hoje
são reconhecidos por suas causas reais e não são espiritualizados. Com isso
a aceitação no meio da comunidade de fé é muito maior e mútuo
tratamento é consequência natural na poimênica da igreja.
Psicologia Pastoral
     Poimênica e Aconselhamento estão ligados e devem
agir juntas, mas não é a mesma coisa.
     O aconselhamento pastoral é o trabalho específico do
pastor no acompanhamento de vidas tratando seus
problemas pessoais com apoio da teologia e com auxílio
de técnicas da psicanálise.
     A poimênica é proporcionada pela igreja como um
todo que acolhe e trata pessoas contribuindo para o
crescimento e cura de vidas no meio da comunidade de fé
ou na sociedade em geral.
    Nota-se que uma precisa da outra. Se houver
poimênica e faltar aconselhamento pastoral o trabalho
fica incompleto e vice-versa.
Psicologia Pastoral
Esclarecimento do objetivo da Poimênica:
-Objetivo geral:
      -auxiliar pastores/as ou estudantes de teologia para desenvolverem suas aptidões de poimênica e
aconselhamento pastoral com vistas à cura e crescimento.
-Objetivos específicos:
1) descrever um novo paradigma mais abrangente centrado na integralidade humana e com objetivo de
     libertação e crescimento.
2) dar uma visão geral:
      a- da missão da poimênica;
      b- dos fundamentos teológicos para o aconselhamento;
      c- da herança histórica deste ministério;
     d- falar sobre o caráter único da poimênica e do aconselhamento pastoral.
3) apresentar uma tipologia sobre situações do aconselhamento pastoral e da poimênica para melhorar o
entendimento do objetivo das mesmas que é a cura e o crescimento.
4) ressaltar os tipos de poimênica e aconselhamento pastoral que são essenciais e normativos para o
     trabalho de cura e crescimento em diversos tipos de problemas humanos, com uma forma especial de
     tratar cada situação especificamente.
5) promover o uso do ensaio de realidade ou desempenho de papéis como método de aprendizagem da
     poimênica e do aconselhamento pastoral. Uma técnica simples que permite aprender fazendo sem
     correr risco de utilizar pessoas e seus reais problemas como cobaias.
Psicologia Pastoral
     Clinibell, além de especificar seus objetivos ainda ensina como tirar proveito
máximo e como uma bula que ensina a utilização e dosagem de um remédio em
cinco passos:
1. Ter uma visão geral dos métodos expostos.
2. Estudar cuidadosamente refletindo sobre cada item, destacando as idéias úteis e
    como se aplica ao trabalho pessoal de poimênica ou como conselheiro/apastoral.
3. Procurar companheiros interessados em aprender mais sobre aconselhamento
pastoral e poimênica, de preferência que queiram conhecer o exercício através do
ensaio de realidade.
4. Utilizar o que foi aprendido na medida em que surgirem oportunidades para o
aconselhamento pastoral intercalando o aprendizado, ensaios de realidade e prática
do aconselhamento.
 5. Procurar por supervisão de algum especialista ou conselheiro experiente para
solucionar dúvidas. Se possível é também importante fazer cursos de capacitação ou
especialização na área da psicanálise.
Psicologia Pastoral
    Clinibell, acredita que a proposta de ensaios da realidade, seja uma
forma eficaz de aprendizado e orienta que seja feito entre duas ou três
pessoas interessadas em treinar esta técnica. Basta a organização de um
grupo, podendo variar ou intercalar os papéis para que todos possam
aprender:
Pessoa 1: CONSELHEIRO/A
– ouve e aplica as técnicas para o aconselhamento pastoral e poimênica
com vistas à libertação e crescimento. O conselheiro precisa saber
antecipadamente qual o tipo de caso para se inteirar dos métodos
apropriados para o tratamento.
Pessoa 2: ACONSELHANDO/A
– expõe a situação ou problema a ser tratado, representando o
personagem real (ou vítima). O caso apresentado pode ser uma situação
real da vida de um dos participantes ou uma situação específica para o
treinamento como, por exemplo, o luto, vícios, desemprego,
enfermidade, etc.
Psicologia Pastoral
Pessoa 3: OBSERVADOR/A
 – assiste o ensaio da realidade passivamente analisando a forma e a aplicação das
técnicas utilizadas para correção de possíveis falhas posteriores. Caso não haja uma
terceira pessoa para ser observador, Clinibell orienta a utilização de tecnologias de
gravação em áudio ou preferencialmente vídeo para uma posterior análise e estudo.
Pessoa 4: SUPERVISOR/A
 – se possível é bom ter alguém capacitado e experiente na área de aconselhamento
ou mesmo psicanálise que assiste e contribui com orientações e intervenções para
melhor alcançar o objetivo e e aprender a utilização dos métodos técnicos. Mas caso
não seja possível a presença de um supervisor nada impede que o ensaio de
realidade aconteça.
    O ensaio da realidade é uma forma de treinamento eficaz que proporciona ao/à
estudante a habilidade com o método teórico. No início pode parecer apenas um
teatro, mas com o tempo o/a aprendiz de conselheiro entende sua importância
como treinamento de teorias que devem ser vividas na prática e colocam em jogo a
vida das pessoas. À medida que repete a técnica ganha mais capacidade para lidar
com situações reais do aconselhamento pastoral e da poimênica.
Psicologia Pastoral
   Quanto ao uso de aconselhamento, Clinibell também dá orientações
baseado em suas próprias experiências na utilização do conteúdo da técnica
e considera que a melhor forma de compreensão é composta por três
passos:
1.Dar um mapa cognitivo através de uma primeira explanação geral do tema
com as propostas de técnicas.
2.Proporcionar uma prévia observação de como utilizar os métodos através
de uma apresentação de um ensaio da realidade para que vejam e
aprendam.
3.Prática em grupo através do ensaio da realidade a partir do que foi
aprendido e posteriormente fazer um feedback com a teoria e a técnica.
    A proposta é muito útil levando a sério o objetivo a ser alcançado que é
fazer do/a conselheiro/a alguém capaz de tratar pessoas de forma eficaz. O
método de aprendizado é intercalar teoria e prática até que se torne algo
natural na vida do/a conselheiro/a a aplicação das técnicas propostas. Essa
forma de didática se manifesta em uma primeira explanação do tema com
subtítulos, depois uma explicação detalhada de cada tópico e com
propostas para a prática do aconselhamento.
Psicologia Pastoral
                Modelo centrado em Libertação e Crescimento.
        Apresentamos paradigmas úteis para o aconselhamento pastoral e a
poimênica, mostrando um modelo de trabalho que vise a integralidade
humana centrada no Espírito, conduzindo para libertação e crescimento.
       Num primeiro momento, apresentamos as definições de
terminologias utilizadas, depois uma apresentação geral do modelo em
dezesseis tópicos e então realizamos a explicação do modelo passo a passo.
       Clinibell, demonstra que nos tempos modernos há grandes
possibilidades para o trabalho da psicoterapia pelo amplo estudo do
comportamento humano. Também a teologia tem considerado o fator
antropológico como alvo de seus estudos reconsiderando a forma do
trabalho religioso de forma a apontar para o divino e o humano
equilibradamente.
      Chamamos a atenção para não confiar apenas nestas ciências devido à
fácil mutação nos comportamentos tão presente na atualidade. Para isso é
preciso estar atento, com olhos abertos para novas possibilidades.
Psicologia Pastoral
    Definições das terminologias mais utilizadas: poimênica e aconselhamento
pastoral (juntos), poimênica, aconselhamento pastoral(separados) e psicoterapia
pastoral.
 Assim são conceituadas:
- Poimênica e Aconselhamento Pastoral: é a prática de pessoas que exercem o ministério de
    relacionar com indivíduos ou grupos buscando potencializar situações curativas e de
    crescimento através relacionamentos principalmente no meio da comunidade de fé.
- Poimênica: acontece no meio da comunidade de fé como um ministério natural da Igreja
    em cuidar de vidas que se achegam durante o ciclo da vida visando sua integralidade
    centrada no Espírito com propósito de crescimento.
- Aconselhamento Pastoral: é uma face da poimênica a ser praticada de forma mais técnica
    por alguém que se dedique especialmente a este ministério como o/a pastor/a.
    Principalmente em períodos de crise o trabalho terapêutico durante um curto prazo é uma
    grande ajuda para pessoas que têm seu crescimento comprometido.
- Psicoterapia Pastoral: é um trabalho mais profundo e demorado quando o/a pastor/a
    acompanha por longo prazo uma pessoa que precisa de tratamento devido a um trauma
    que precise de acompanhamento especializado. Este trabalho é geralmente exercido por
    pessoas que se dedicam a este ministério e se capacitam com técnicas e métodos
    psicoterápicos visando a reconstrução de vidas.
Psicologia Pastoral
Os principais temas do modelo centrado no Espírito e visando a libertação e o
crescimento :
1.O objetivo de libertar visando à integralidade humana centrada no Espírito;
2.O caminho da integralidade humana é a integralidade espiritual e ética;
3.Integrar insights psicológicos e teológicos;
4.Contemplar todas as dimensões da integralidade humana;
5.Aproveitar oportunidades de crescimento nas diversas fases da vida;
6.A poimênica no meio da comunidade é a base para o aconselhamento pastoral;
7.Tanto a comunidade como o/a pastor/a deve exercer a poimênica;
8.As crises e mudanças são situações que proporcionam o crescimento;
9.A poimênica e A. P. deve ser inclusivo principalmente na questão de gênero;
10.É necessário capacitar pessoas para o trabalho da poimênica e A.P.;
11.Aproveitamento do papel de autoridade pastoral para o aconselhamento;
12.Maior aproveitamento de métodos intuitivos (lado direito do cérebro);
13.Conceber a integralidade, livre de estereótipos sexuais;
14.Recorrer às novas psicoterapias orientadas para o crescimento de sistemas;
15.Contemplar o exercício da poimênica em todas as áreas e ministérios da igreja;
16. Continuar a crescer! Reconhecendo a necessidade de ajuda e crescimento.
Psicologia Pastoral
       Este modelo, compreende desde a integralidade do ser humano com suas
características físicas, emocionais e espirituais até a integralidade de técnicas
terapêuticas, teológicas e pastorais, à vivência da comunidade de fé como um todo e
ao treinamento do/a pastor/a como líder espiritual e agente da poimênica.
      O objetivo é alcançar a vida abundante prometida por Jesus. Para isso o trabalho
do aconselhamento pastoral e da poimênica são muito eficazes porque contemplam
a espiritualidade humana muito mais do que psicologia somente.
      O ministério da igreja e do/aconselheiro/a pastoral juntos possibilitam o
empoderamento de pessoas para serem curadas e libertas alcançando sua
integralidade.
      O objetivo da poimênica e do aconselhamento pastoral é em libertar vidas
conduzindo para um crescimento para viver uma vida abundante. A humanidade não
utiliza toda a sua potencialidade e, além disso, há muitas vidas feridas e traumatizas
que não conseguem viver uma vida livre e plena reduzindo sua capacidade de ser
feliz.
     Clinibell, acredita no crescimento através de técnicas que possam algum dia
medir em uma escala o Quociente de Vivacidade (QV) expressando o nível de
capacidade humana utilizada por um indivíduo como um exame para o tratamento
que vise o máximo de crescimento para a vida.
Psicologia Pastoral
      No modelo centrado na cura da integralidade é o Espírito. Por isso o tratamento deve ser
feito nas direções vertical (espiritual) e horizontal (humana) associando conhecimentos da
teologia e da psicoterapia unindo forças contra tudo o que impede o ser humano de crescer e
ser livre. O acúmulo de sofrimentos e decepções da vida provoca uma dor que só pode ser
aliviada quando se quebra este círculo vicioso que impede o ser humano de crescer.
    Neste momento o aconselhamento pastoral e a poimênica são a ferramenta de libertação.
Mas libertação de quê?
É preciso LIBERTAR:


        em direção à VIDA em toda a sua plenitude;


        para uma vida no ESPÍRITO;


       das muitas forças que LIMITAM o crescimento humano.
Psicologia Pastoral
  O ser humano não é um sistema fechado, pronto e sem transformação. É
um ser vulnerável de transformações e mudanças. Por isso o tratamento
deve acontecer em meio aos relacionamentos com vistas ao crescimento.
    Clinibell, não acredita na auto-realização e sim na integralidade sempre
por meio relacional. Somente em conjunto é possível alcançar a satisfação
total. A eficácia da poimênica e o aconselhamento pastoral consistem em
proporcionar às pessoas um melhor convívio em seus relacionamentos para
alcançar integralidade em si e nas pessoas de sua vivência. Isso acontece
através da satisfação mútua das necessidades.
     A integralidade pode ser alcançada gradualmente em cada estágio da
vida. A poimênica e o aconselhamento pastoral não compreendem o
crescimento humano como algo imediato e sim como um processo, por isso
trabalham como orientação para o desenvolvimento das capacidades de
libertação e crescimento em várias fases da vida. Especialmente na
comunidade de fé onde há pessoas em faixas etárias diferentes e formações
variadas é possível criar um programa de acompanhamento e troca de
experiências para que um ajude o outro a superar suas dificuldades. Ou
seja, que já viveu e venceu um problema aconselha quem está vivendo tal
situação no momento.
Psicologia Pastoral
     Clinibell ,acredita que tanto os as mudanças nos comportamentos podem resultar em transformações
nos sentimentos e na auto percepção -terapia tradicional orientada para o insight- como também as
mudanças construtivas nos relacionamentos e no comportamento produz transformações de sentimentos e
atitudes.
     Com o objetivo de compreender melhor a integralidade o autor descreve seis dimensões que são alvo da
poimênica e o aconselhamento pastoral:
1)Avivar a mente: Desenvolver os recursos da personalidade. O ser humano tem muito mais capacidade do
que o que utiliza e pode aumentar seu potencial enriquecendo seu conhecimento, libertando a imaginação e
a criatividade além de expandir intelectualmente.
2)Revitalizar o corpo: Cuidar melhor da saúde e utilizar plenamente o corpo de forma mais prazerosa e
amorosa. Valorizar o tato e o bem estar para um equilíbrio entre corpo-mente-espírito.
3)Renovar e enriquecer os relacionamentos: Melhorar a qualidade dos relacionamentos e aumentar o círculo
de convivências. Ter relações mais saudáveis e profundas para mútua satisfação e integralidade.
4)Aprofundar a relação com a natureza e a biosfera: Aumentar a consciência, comunhão e cuidado ecológicos
são formas de buscar equilíbrio com o que é externo, mas essencial à vida integral do ser humano cuidando
da saúde.
5)Crescer em relação às instituições significativas para a vida: Lutar em conjunto pela justiça social para a
libertação e crescimento de mais vidas na sociedade derrubando tudo o que subtrai a integralidade humana.
Isso é possível através da união de forças com instituições que lutam pela vida. O autor cita exemplos de
grandes líderes que alcançaram sua integralidade em conjunto com sua geração pelo amor à vida humana
unida ao trabalho social.
6)Aprofundar e vitalizar o relacionamento com Deus: O crescimento espiritual é um vínculo unificador com
as outras dimensões da integralidade. A vida precisa de valores, de fé e amor para fortalecer os
relacionamentos. O cultivo espiritual é uma força proporcionada pela poimênica e o aconselhamento
pastoral para a libertação e o crescimento do indivíduo considerando sua potencialidade.
Psicologia Pastoral
   No ambiente da igreja como comunidade de fé é que acontecem as oportunidades para
apoimênica e o aconselhamento pastoral.
     O/a pastor/a tem a função de promover a capacitação para este ministério nutrindo o
rebanho não só espiritualmente, mas com conhecimentos que possibilitem a comunidade
saber e querer cuidar de vidas.
     As crises são oportunidades para o crescimento desde que haja uma identificação desta se
a consideração de que há possibilidade para libertação e crescimento.
     Clinibell, diferencia dois tipos de crises:
-crises desenvolvimentais: acontecem em situações de mudanças e momentos de transições
que são normais na vida, mas que se tornam um pesadelo se não for bem trabalhado. Por
exemplo, uma mudança de cidade ou trabalho, o casamento, o nascimento de um/a filho/a, etc
-crises acidentais: problemas inesperados que pegam a pessoa despreparada gerando uma
situação de pânico em meio a tensões e perdas. Em geral são doenças, acidentes, desemprego,
catástrofes naturais, etc.
    O aconselhamento pastoral visa dar forças num momento de fraqueza, para que a pessoa
enfrente seus problemas acreditando em seu potencial e transforme a crise em uma
oportunidade para crescimento. O medo é o principal obstáculo em situações de crise. Ao invés
da fuga a melhor solução é o enfrentamento das crises orientado por alguém capaz. O autor
chama atenção para a valorização da identidade e autoridade pastoral como agente da
poimênica e o aconselhamento pastoral, incentivando que este ministério seja muito mais do
que um atendimento formalizado. O relacionamento na comunidade de fé e do/a pastor/as
para as ovelhas proporciona as maiores oportunidades de libertação e crescimento.
Psicologia Pastoral
Clinibell aconselha aos/às pastores/as:
1-conhecer as técnicas para encontros de aconselhamento pastoral,
como entrevistas, por exemplo, e utilizá-las sempre que possível;
2-aproveitar as oportunidades que acontecem em momentos
informais para dar um primeiro passo em direção à libertação e
crescimento de vidas;
3-ir em direção às pessoas através de uma visita ou um encontro é
uma liberdade que o/a pastor/a tem de não esperar ser procurado,
mas tomar a iniciativa assim que diagnostica a necessidade;
4-usar sua autoridade pastoral através de sua influência social e
racional para trabalhar os relacionamentos e conduzir a comunidade
a um processo de cura, crescimento e auto satisfação de suas
necessidades.
Psicologia Pastoral
    Outro fator interessante que visa à integralidade não só do aconselhando, mas
também do conselheiro é a utilização do cérebro todo conforme as descobertas do
cientista Roger Sperry, que permite um conhecimento integral do cérebro humano
com seus dois lados e suas respectivas funções ou capacidades:
Psicologia Pastoral
      Até pouco tempo os métodos da psicoterapia não conheciam esta capacidade da
mente humana, por isso o autor incentiva uma maior utilização de métodos
intuitivos do cérebro direito com sua capacidade aliada à racionalidade do cérebro
esquerdo, que é mais analítico, como ferramenta eficaz para a poimênica e o
aconselhamento pastoral.
     Uma compreensão andrógena da integralidade surge à medida que a
humanidade alcança valores igualitários para homens e mulheres bem como a
derrubada de preconceitos raciais e abertura de espaço para pessoas com
necessidades especiais.
     Principalmente a contribuição feminina é um potencial a mais para a saúde do
ser humano.
     Para entender a humanidade de forma integral é preciso deixar a cultura
machista para dar espaço às mulheres que são muito capazes principalmente para o
ministério da poimênica e o aconselhamento pastoral.
     O autor incentiva a utilização de diferentes terapias centradas no crescimento.
Nos últimos tempos com o desenvolvimento das ciências e da capacidade
terapêutica existem diversos tipos de terapias que não devem ser ignoradas pela
poimênica e o aconselhamento pastoral porque podem contribuir ricamente para
este ministério. Este campo tem sido amplamente explorado e deve ser aceito e
utilizado pelos conselheiros desde que sejam centradas no crescimento.
Psicologia Pastoral
      Sobre a relação entre a poimênica e as demais funções do ministério na comunidade de fé
o autor ilustra com um diagrama que tem ao centro a integralidade centrada no Espírito e ao
seu redor os ministérios ou funções da igreja num círculo que demonstra a atividade da
poimênica.
     Todas as funções em conjunto formam uma órbita em torno de seu objetivo unificador
que é a integralidade centrada no Espírito.
As funções citadas são:
-Proclamação da boa-nova (pregador/a): a transmissão de uma mensagem centrada na pessoa
é uma rica oportunidade para tratar os problemas humanos, investir no crescimento cultural e
espiritual e valorizar os relacionamentos.
-Culto e adoração (sacerdote): o grupo expressa juntos seus sentimentos e se alimenta
espiritualmente, recebe o perdão dos pecados e adquire maior confiança;
-Educação (professor/a): é uma forma de ensinar e capacitar para o crescimento em diferentes
grupos que podem ser formados para ajuda mútua;
-Liderança e desenvolvimento congregacional (administração): cria um ambiente curador e
organiza as pessoas em grupos de convivência que valorize relacionamentos sadios;
-Capacitação de leigos (treinador): investir na capacidade das pessoas para o exercício do
ministério e o crescimento na comunidade;
-Serviço comunitário (servidor): vai além da comunidade em direção à sociedade para a
transformação social com objetivo de libertar vidas;
-Ação Social (profeta): luta por mudança nas instituições e na comunidade para o apoio mútuo
e não repressão da integralidade humana.
Psicologia Pastoral
        História da poimênica e o aconselhamento pastoral
Como começou este ministério?
    Uma ponte histórica também é feita pelo autor em direção à herança deste
modelo centrado em libertação e crescimento.
    Embora as últimas décadas tenham sido marcadas pelo desenvolvimento de
teorias, técnicas e práticas psicoterápicas que auxiliam a poimênica e o
aconselhamento pastoral, este ministério é muito mais antigo do que estas ciências.
    Na igreja primitiva a poimênica era conhecida como ―cura d‘almas com o
significado de cuidado e crescimento de vidas na comunidade.
    Clinibell, cita diversos nomes de mulheres e homens que marcaram o trabalho de
aconselhamento em toda a história da Igreja cristã mostrando a importância e
antiguidade da poimênica.
    Na modernidade, o que marcou o aumento de interesse na área foi
principalmente a difusão dos conhecimentos da psicanálise e sua grande
necessidade devido aos problemas humanos deixados após a Segunda Guerra
Mundial.
    A renascença da poimênica remonta da década de 1920, com apoio para
tratamento de outras doenças e através de treinamento para capelania hospitalar.
Posteriormente os insights do conhecimento da psicoterapia foram associados para
contribuir com o trabalho da poimênica.
Psicologia Pastoral
      Baseado no trabalho de William A. Clebsch e Charles R. Jaekle, o autor apresenta quatro funções da
poimênica secular e fazem um quadro explicando sua funcionalidade, as expressões históricas que
denominavam este ministério e as terminologias utilizadas atualmente. Em seguida Clinibell, acrescenta um
tópico a mais de acordo com seus conhecimentos e sua experiência pessoal.
Principais funções da poimênica:
Cura: tem por objetivo superar alguma debilitação e restituir à pessoa a sua integralidade. Antigamente
utilizada através de unção, exorcismo, santos, relíquias e curandeiros carismáticos. Atualmente é
denominado como psicoterapia pastoral, cura espiritual, aconselhamento e terapia matrimonial.
Sustentação: auxílio para pessoas que têm dificuldade em transcender situações que aparentemente são
insolúveis. Teve expressões históricas através de preservar, consolar e consolidar e no momento é chamada
de poimênica e o aconselhamento de apoio em casos de crise, luto ou perda.
Orientação: ajuda para tomada de decisões quando alguém não sabe que direção tomarem meio aos
desafios e alternativas da vida. Antes conhecida como dar conselhos, exorcismo e o simples ato de escutar e
na atualidade é chamada de aconselhamento educativo, tomada de decisões em curto prazo,
aconselhamento de confrontação e orientação espiritual.
Reconciliação: auxílio para restabelecer relacionamentos rompidos entre a pessoa e seu próximo ou até
mesmo com Deus. Historicamente conhecida como confissão, perdão e disciplina e para a prática atual é
chamada de aconselhamento matrimonial e aconselhamento existencial (reconciliação com Deus).
Nutrição: capacitação de pessoas para o crescimento desenvolvendo as potencialidades recebidas por Deus
para vencer diante das situações da vida. Na teologia tradicional é conhecida como santificação ou
treinamento de membros novos na vida cristã ou educação religiosa. O autor denomina este novo item para
as funções da poimênica de aconselhamento educativo, grupos de crescimento, enriquecimento do
matrimônio e da família, assistência para a possibilitação de crescimento através de crises
desenvolvimentais.
Psicologia Pastoral
         A Missão, os Fundamentos Bíblicos e a Unicidade da Poimênica e do
                            Aconselhamento Pastoral.
      A importância crucial do aconselhamento pastoral, uma pesquisa comprova um
considerável aumento na procura de profissionais na área da saúde mental e maior ainda a
procura por clérigos, o que demonstra a importância e confiabilidade do aconselhamento
pastoral para a vida das pessoas.
     Conforme a pesquisa antes mesmo de procurar um psicólogo ou terapeuta a maioria das
pessoas procura um ministro religioso para se aconselhar. A maioria das pessoas também tem
procurado ajuda para resolver questões de relacionamentos. O que a maior parte destas
pessoas procura é alguém para conversar, para ser entendido e se aconselhar sobre seus
problemas. Por causa dessa confiança e a demanda por aconselhamento pastoral maior é o
desafio da poimênica na igreja local.
    É preciso de capacitação para que haja conselheiros para acolher vidas que procuram a
comunidade de fé, bem como auxiliar ao ministério pastoral na função do aconselhamento.
O/a pastor/a não deve ignorar os conhecimentos de métodos terapêuticos por causa de sua
primazia em relação aos outros profissionais da área. Por causa disso deve ser maior ainda a
busca por treinamento em técnicas que contribuam para o aconselhamento.
    Contudo se o/a pastor/ não é um/a clínico/a na área de psicoterapia não deve se aventurar
em ascender uma fogueira que depois não possa apagar. O ministério do aconselhamento
pastoral tem sua contribuição ímpar para a cura e libertação de vidas. Além do conhecimento
de técnicas terapêuticas o/a pastor/a conta com um arsenal de conhecimentos bíblicos que são
úteis no aconselhamento. É possível fazer teologia através da poimênica e do aconselhamento
com insights de exemplos bíblicos de pessoas que passaram por situações semelhantes ao/à
aconselhando/a e outros textos que servem de inspiração em momentos de angústia.
Psicologia Pastoral
     A Bíblia é um livro que fala de Deus para o ser humano pode e deve ser usada no
aconselhamento por que:
     _ A Bíblia é fonte do imaginário ocidental (judaico-cristão) por isso comunicam deforma
eficaz na sua linguagem quanto aos valores, costumes e a própria herança histórica e religiosa;
     _O diálogo com insights bíblicos ajuda o/a conselheiro/a ter atitudes e consciência de cura
e crescimento;
      _Principalmente se as histórias da Bíblia fazem parte das verdades consagradas na mente
da pessoa, o uso de imagens bíblicas pode avivar de forma criativa essa esperança na mentes
dessas pessoas;
     A Bíblia tem uma concepção de integralidade maior do que a cultura atual e até mesmo
que as ciências atuais.
     Conceitos bíblicos podem ser utilizados para criticar, corrigir e enriquecer esta falta de
concepção da integralidade humana. Devido à fragmentação dos conhecimentos humanos em
diversas especialidades nas quais visam aprofundamento específico de uma área, o mundo
sofre de miopia e não consegue observar-se na sua integralidade.
     Os paradigmas bíblicos presentes em personagens judaico-cristãos são instrumentos para a
reconstrução da auto imagem e consciência de si mesmo.
     Vários textos bíblicos podem ser usados para falar de integralidade. Desde a criação ―à
imagem e semelhança de Deus como referencial de integralidade. Até ao famoso versículo ―o
Senhor é o meu pastor e nada me faltará como desejo de manutenção dessa integralidade. E
também a ―vida abundante dada por Jesus em restituição ao que o ladrão veio roubar, matar
e destruir da integralidade humana. Além destas imagens várias palavras (termos bíblicos em
seu sentido original), parábolas e personagens falam sobre a humanidade em seu significado
integral.
Psicologia Pastoral
     Falar da integralidade compreende equilibrar a potencialidade e as limitações
humanas. É preciso restituir potencialidades subtraídas das pessoas sem cair no erro
de esquecer-se de avisar sobre suas limitações. Seria como tomar um remédio sem
receita e sofrer as consequências de contra indicações. Por isso a finitude humana
faz parte de sua integralidade.
    No mundo há um desequilíbrio que faz com que homens e mulheres pensem que
são infinitos e outros/as que não são capazes de suas atribuições mais simples.
Contrabalancear isso é tarefa contínua do aconselhamento.
    O autor faz um paralelo entre as seis dimensões da integralidade a partir de suas
raízes bíblicas:
1- Avivar a mente: Na visão bíblica não há separação entre alma, espírito e corpo ou
o dualismo mente e corpo. Isso faz a visão bíblica de integralidade mais holística
através de uma compreensão total do ser humano e não em partes. Integralidade
mental é o aspecto cognitivo, intelectual, emocional e espiritual valorizado por Jesus
em Marcos 12.30 que fala do amor total com ―todo o teu coração, de toda a tua
alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.
 2- Revitalizar o corpo: A integralidade física porque o corpo é considerado sagrado
no Antigo Testamento e no Novo ganha significado ainda maior como habitação de
Deus em I Coríntios 6.19 onde fala do corpo como templo do Espírito Santo.
Psicologia Pastoral
3- Renovar e enriquecer os relacionamentos: a integralidade relacional é tema constantena Bíblia através das
palavras shalom que significa inteiro, paz e saúde bem como o termo koinonia num sentido comunitário da
paz que deve ser coletiva, como fruto de relacionamentos saudáveis. Deus não criou a humanidade para
viver só, mas em família como uma só carne (Gênesis 2.24) em a igreja como membros do corpo de Cristo
(Romanos 12.5).
4- Aprofundar a relação com a natureza e a biosfera: a integralidade ecológica é vista na Bíblia através de um
Deus que é Criador e sustentador de sua criação tendo dado a humanidade a função de mordomos. Na Bíblia
tudo que Deus fez é BOM (Gênesis1.31) e Ele é o dono de tudo (Êxodo 9.29). Jesus andava sempre em meio à
natureza e fazia uso poético de imagens dela tema de suas palavras para ensinar sobre o Reino de Deus.
5- Crescer em relação às instituições significativas para a vida: a integralidade institucional ou social é vista
na Bíblia pela atuação profética que busca transformar não somente o indivíduo, mas tudo ao seu redor. A
luta por justiça está presente na história bíblica desde a instituição da lei como parâmetro da vontade de
Deus até o ministério de cura e libertação de Cristo. Jesus curava pessoas individualmente como propósito de
libertar a sociedade. Novas teologias como a da libertação, a feminista, negra, africana e latino-americana
têm contribuído para uma melhor compreensão sobre necessidade de libertação para cumprimento da
justiça e estabelecimento do Reino de Deus.
6- Aprofundar e vitalizar o relacionamento com Deus: a integralidade espiritual é o centro da mensagem
bíblica para a humanidade. A Bíblia devolve ao homem e à mulher esta consciência de que é um ser
espiritual. Este fator soma todos outros itens da integralidade humana reunindo suas potencialidades
conforme é o propósito de Deus.
Psicologia Pastoral
     Esta visão panorâmica da Bíblia sobre a integralidade humana contribui
ricamente para os insights durante um aconselhamento, devido ao conteúdo prático
que pode ser utilizado e à visão geral da vida. Não é à toa que a Bíblia é comparada a
um manual de instruções, uma bula, uma lâmpada, uma bússola, mapa, alimento,
água e outros essenciais para a vida. Contudo o uso da Bíblia não é algo mágico. É
um processo onde interagem o/a conselheiro/a, o/a aconselhando/a com seu meio
relacional e Deus como fomentador deste processo de cura e crescimento.
      Trabalhar em busca da integralidade humana é como montar pacientemente
um quebra-cabeça aonde pouco a pouco cada coisa vai chegando ao seu lugar e a
imagem original de Deus vai aparecendo no semblante humano. Jesus mostrou este
quadro completo quando se fez carne e habitou entre os humanos, dando esperança
para a restauração da integralidade.
      A poimênica e o aconselhamento pastoral, visam à cura e o crescimento em
direção à integralidade. Isso acontece quando alguém ferido procura a comunidade
de fé como um hospital para sua alma e recebe primeiro um tratamento para cura.
Imediatamente a mesma pessoa deve ser enviada para crescimento. Isso é o que
Jesus fazia quando perguntava que queres que eu te faça mostrando o objetivo de
cura e libertação e depois enviando com as palavras toma teu leito e anda vai a tua
fé te salvou ou vá e não peques mais, quer e presentam o desejo de Cristo pelo
crescimento para estas pessoas.
Psicologia Pastoral
      O próprio Cristo desejou viver em conjunto mostrando que desta forma seria
possível fazer as pessoas crescer muito mais, por isso procurou pessoas que não
tinham grandes expectativas para serem seus discípulos e se tornarem em grandes
homens de Deus.
Para Clinibell, a igreja proporciona crescimento por que:
- tem como paradigma de integralidade a pessoa de Cristo;
- a integralidade é vista como um processo contínuo em busca da santificação;
- tem como parâmetros o amor e a justiça;
- acontece em meio aos relacionamentos;
- tem a missão de servir ao próximo.
      Antes de iniciar um processo de cura e libertação para o crescimento em
direção a integralidade é preciso acontecer um quebrantamento, tanto pessoal como
social. A situação humana de degradação de sua original integralidade é descrita na
Bíblia com a queda da humanidade para apontar o pecado como fator gerador de
morte. É nesta raiz do problema que a poimênica e o aconselhamento pastoral
contribuem para cura e crescimento, mais do que outras práticas terapêuticas
otimistas que não alcançam este entendimento. Contudo o objetivo não é condenar
o pecado porque este já tem suas consequências e sim libertar vidas para continuar
crescendo. Deus tem o remédio para o pecado que é o perdão e cura para a
consequência do pecado que é a ressurreição.
Psicologia Pastoral
      A igreja é um centro para a integralidade levando o amor de Deus para as pessoas que
estão privadas deste sentimento devido à falta de amor nos seus relacionamentos.
      Somente através da vivência do amor a igreja reintegra vidas mutiladas em sua
capacidade de amar.
      Essa tarefa da Igreja é descrita tradicionalmente por quatro palavras gregas no Novo
Testamento:
      Na Igreja acontecem estas quatro dimensões do crescimento em busca da integralidade
quando recebem a mensagem libertadora do evangelho:
1. Didache: o ensino em direção ao crescimento, quando são integradas a um grupo que vive
em comum;
2. Koinonia: uma comunidade unida e voltada para Cristo que são enviados ;
3. Kerygma: proclamação da mensagem do evangelho que restaura o ser humano, quando
aprendem a verdade que liberta;
4. Diakonia: o serviço ao próximo como expressão de amor que na Igreja acontece o servir ao
próximo dando continuidade a este círculo de proclamação, ensino, comunhão e serviço.
     Atualmente a poimênica e o aconselhamento pastoral numa perspectiva holística
associadas a uma teologia integral, sem distinções culturais, sexuais, sociais ou raciais
contribuem para a visão cristã do Reino de Deus. Quanto a esta teologia inclusiva nas
concepções bíblicas de não haver distinção entre homem e mulher, quanto a palavras
femininas que se referem a Deus e principalmente no trato de Jesus igualmente para todas as
pessoas quer sejam mulheres, crianças, pobres, ricos e outros desprezados da sociedade. O
autor ressalta a contribuição das mulheres para a igreja bem como para a teologia quanto a
essa abertura com uma visão holística sem estes limites preconceituosos.
Psicologia Pastoral
     O Fundamento de todos os tipos de Poimênica e Aconselhamento.
      Um relacionamento curativo não acontece de uma vez. Pode ser comparado a
uma semente que embora pequena tenha a capacidade de crescer. Assim o
aconselhamento deve ser algo crescente. Na primeira sessão de aconselhamento
existem cinco passos que devem ser tomados para estabelecer inicialmente uma
relação curativa:
Se continuar o aconselhamento fazer um contrato com objetivos e expectativas
1º passo: _ Recomendar uma forma de obter ajuda, como um aconselhamento;
2º passo: _ Diagnóstico inicial de como a pessoa se sente interiormente;
3º passo: _ Ouvir com atenção e refletir empaticamente;
4º passo: _ Crescimento em uma Relação de Cura, proporcionar calor e solicitude;
5º passo: _ Desta forma o/a conselheiro/a pode ajudar pessoas que têm dificuldade
de se abrir inicialmente não perdendo a oportunidade de um primeiro contato.
      Outros três conceitos importantes na mente do/a aconselhador/a são
qualidades de uma conversa:
-terapêutica: com o objetivo de cuidar e curar pessoas, tomando cuidado
principalmente com julgamentos;
-maiêutica: ajudar a pessoa a nascer e crescer. Segundo a filosofia de Sócrates é uma
arte de saber inquirir a pessoa para extrair verdades que estão encobertas;
-reconciliação: ajudar a enfrentar situações e reativar os laços quebrados.
Psicologia Pastoral
       Pesquisas apontam, que a maior necessidade de pessoas que procuram aconselhamento
ou tratamento terapêutico é de serem ouvidas por alguém. A tarefa mais desafiadora para o
aconselhamento não é o que será dito pelo/a conselheiro/a ao/à aconselhando/a e sim o ouvir
verdadeiramente durante o atendimento. Principalmente para pastores e pastoras que são
tentados/as a falar respondendo de imediato, para alcançar este ouvir verdadeiro é preciso
disciplina e treinamento constante. Por isso todo/a conselheiro deve evitar distrações e outras
impressões internas que possam lhe impedir de ouvir atentamente, principalmente se o/a
conselheiro/a não estiver bem emocionalmente podem acontecer interferências.
      Segundo Clinibell ,ouvir é:
- presença (estar com a pessoa);
-prestar atenção somente na pessoa sem interromper;
- se interessar pelo que a pessoa está falando;
-estar em sintonia com o sentimento da pessoa;
- ser empático e reflexivo enquanto a pessoa fala;
-ter profundidade na expressão corporal.
     Para o autor o/a conselheiro/a deve prestar mais atenção aos sentimentos expressos do
que às palavras utilizadas na conversa ou fatos ocorridos. O objetivo de ouvir em profundidade
proporciona por si só a cura para pessoas em crise quando o/a conselheiro/a alcança uma
compreensão empática ou demonstra o desejo de compreender de forma que a pessoa se sinta
aceita e motivada ao crescimento.
Psicologia Pastoral
       Antes de continuar as sessões de aconselhamento, o/a conselheiro/a precisa descobrir qual foi a
motivação que conduziu a pessoa a procurar sua ajuda. Isso pode ser feito perguntando por que a pessoa
procurou aconselhamento pastoral, o que espera do aconselhamento, qual é o problema e o que pode ser
feito para ajudar. Enquanto a pessoa fala, deve-se prestar atenção especial aos sentimentos dominantes
       Algumas motivações talvez estejam encobertas ou inconscientes para a pessoa e não deve haver
pressão. Para isso é preciso concentrar-se no problema de apresentação ou problema inicialmente
apresentado como motivo de procurar aconselhamento.
Mas caso a pessoa seja pressionada a ir a um/a conselheiro/a sem vontade própria, segundo Clinibell cinco
passos são tomados para alcançar um diagnóstico:

1.Descobrir como a pessoa vê seu problema;
2.Saber onde a pessoa sente dor e se este é o motivo de procurar ajuda;
3.Encorajar a expressar sua raiva em ter sido pressionada;
4.Aceitar o direito da pessoa em não continuar o aconselhamento;
5.Fazer com que a pessoa se sinta livre e calorosamente envolvida para continuar a conversa apresentando
seus verdadeiros motivos para pedir ajuda.
     Além destas dicas o autor orienta que caso a pessoa seja pressionada a procurar aconselhamento pode-
se procurar quem fez tal pressão para participar da próxima sessão porque possivelmente tem algum
problema entre as duas pessoas. Neste caso deve também trabalhar a reconciliação entre ambas.
Psicologia Pastoral
      Qualquer tipo de intervenção na fala do/a aconselhando deve ser feita cuidadosamente
sem interferir diretamente no que pensa. O/a conselheiro/a pode ajudar a pessoa a elaborar
suas palavras para expressar seus sentimentos. Isso pode ser feito através de perguntas
referindo-se a como a pessoa se sente. Toda e qualquer intervenção além de cuidadosa deve
ter como objetivo alcançar o diagnóstico do problema.
      O diagnóstico é feito para a continuidade do aconselhamento de forma eficaz e para isso
deve-se observar:
- as seis áreas da integralidade humana, descobrindo em qual delas está o problema;
- a forma de tratamento que pode ser feita para a pessoa, se de curto ou longo prazo ou
mesmo se a pessoa deve ser encaminhada para tratamento clínico especializado;
- um diagnóstico pastoral, se o/a pastor/a tem condições de atender a necessidade da pessoa a
ser aconselhada.
     Depois de diagnosticar a motivação ou problema inicial é preciso propor uma continuidade
no aconselhamento marcando outras sessões para conversar. Isso não deve ser feito
diretamente e sim sugerir se dispondo caso a pessoa quiser continuar. Se não aceitar ou
procurar novamente deve ser respeitada. Se concordar marcam as próximas sessões e pode ser
feito um contrato especificando objetivos, expectativas e a forma do acompanhamento. Para o
sucesso da continuidade no aconselhamento o/a conselheiro deve focalizar em cada encontro a
catarse emocional que mostrará os verdadeiros sentimentos da pessoa por trás dos diversos
problemas que vão sendo apresentados. Essa catarse é alcançada com aceitação solícita através
de uma linguagem emocional e compreensiva. Além disso, o aconselhando deve saber que seu
engajamento ativo na mobilização de seus próprios recursos é essencial para resolver seus
problemas e para o sucesso do aconselhamento muito mais do que qualquer intervenção do/a
conselheiro/a.
Psicologia Pastoral
                        Dicas de como alcançar a catarse emocional:
- Evitar fazer perguntas de informação para não deslocar os sentimentos em detrimento de
detalhes ou fatos;
- Fazer apenas perguntas de sentimentos ajudando a pessoa a descobrir suas emoções
escondidas por trás de suas razões;
- Responder aos sentimentos e não tomar tempo com respostas intelectuais;
- Ficar atento à portas para os sentimentos com as expressões, palavras, postura corporal ou
facial que demonstrem dor, raiva ou qualquer sentimento;
- Estar alerta para sentimentos negativos especialmente;
- Evitar conselhos e interpretações prematuras sobre os fatos ou sentimentos.
     Outra preocupação de Clinibell é quanto a aconselhamentos que começam e não têm
continuidade, por isso deixa algumas dicas de como evitar isso:
- Expressar interesse ativo em trabalhar com a pessoa;
- Explicar sobre a necessidade de várias conversas de aconselhamento;
- Dar esperança de que o aconselhamento pode ajudar a pessoa;
- Desde a primeira entrevista deixar algo para que pessoa possa refletir;
- No fim de cada sessão perguntar como se sentiu com a conversa;
- Deixar a pessoa à vontade para falar se não está gostando do aconselhamento
paraconversarem evitando ocorrer uma interrupção pelo abandono aos encontros;
- Conduzir a expectativas realistas de forma gentil;
- Fazer um contrato claro determinando o número de sessões como padrão para que otempo
seja aproveitado e a pessoa se esforce para alcançar o objetivo.
Psicologia Pastoral
          O autor também orienta prestar atenção em alguns detalhes chamados de mecânicos.
As recomendações de Clinibell são:
-Publicidade: visto que muitas pessoas não sabem que o/a pastor/a tem habilidade ou treinamento em
aconselhamento por isso é preciso divulgar isso na comunidade para que as pessoas procurem o
aconselhamento pastoral. Para isso também é preciso organizar a agenda de atendimento pastoral marcando
horários.
-Ambiente: deve ser em um lugar tranquilo e livre de interrupções e para isso deve desligar o telefone, deixar
um cartaz na porta ou ter uma secretária.
-Fichário: deve ser um arquivo confidencial com informações sobre os aconselhamentos visando uma visão
holística da situação do/a aconselhando/a para um futuro feedback. Isso deve ser feito discretamente e com
o conhecimento da pessoa e destruído quando não houver mais utilidade.
-Telefone: embora nunca substitua o aconselhamento pessoalmente pode ser utilizado nos intervalos entre
as sessões como uma forma de acompanhamento e também na impossibilidade de um encontro deve ser
usado como recurso além de servir para marcar horários de aconselhamento.
        Um sério conselho é que pastores/as nunca podem priorizar questões administrativas a frente dos
sentimentos das pessoas. Para isso é preciso ter cuidado na linguagem e nas decisões com pessoas e famílias
que estão em crise ou sofrimento.
De forma prática Clinibell apresenta uma proposta de como aplicar os princípios no aconselhamento
pastoral:
1. Incluir todas as seis dimensões da integralidade inclusive a física;
2.Ter consciência das forças e potencialidades encobertas no/a aconselhando/a e declarar isso quando for
apropriado;
3.Usar de forma equilibrada a Fórmula do Crescimento: Solicitude + Confrontação;
4.Ter em mente o objetivo do crescimento-em-direção-à-integralidade articulando com expectativas e
desafios;
5.Relacionar-se com o/a aconselhando e considerar sua rede de relacionamentos como seu ambiente de
crises e potencialidades para o tratamento;
6.Centralizar a espiritualidade na pessoa levando-a a compreender sua necessidade de crescimento.
Psicologia Pastoral
       Além de focalizar a integralidade humana, há também aptidões essenciais para o
ministério do aconselhamento pastoral baseado na experiência de Robertr Carkhuff.
As aptidões fundamentais para o aconselhamento são:
-comportamento atencioso e solícito até nas expressões corporais e faciais;
-fazer perguntas breves convidando a pessoa a falar sobre assuntos significativos para sua vida;
-ouvir e observar mensagens não verbais de forma cuidadosa;
-deixar a conversa fluir naturalmente evitando mudar de assunto e seguir a iniciativa da
pessoa;
-responder empaticamente mostrando que compreende o que a pessoa está sentindo;
-procurar clarear as coisas de forma que tanto conselheiro/a como aconselhando/atenham
consciência de que entendem o que está acontecendo em cada estágio ou sessão;
-focar e explorar as áreas mais significativas para a pessoa;- confrontar na medida em que for
necessário sempre valorizando a potencialidade da pessoa;
-a partir da compreensão por meio de insights diagnósticos recomendar auxílio necessário para
a solução do problema.
     Estas aptidões devem ser alvo de toda pessoa que deseja se preparar para o ministério do
aconselhamento de forma holística e desenvolver a capacidade de trabalhar com pessoas
conduzindo para a cura e libertação com vistas ao crescimento centrado no Espírito para a
restauração da integralidade humana.
Psicologia Pastoral
       O cuidado com as respostas dadas pelo/a conselheiro/a é uma das preocupações no aconselhamento
e apresenta cinco tipos de respostas baseado em Elias H. Porter Jr. e uma acrescentada pelo próprio Clinibell.
Os seis tipos de respostas são:
1. INTERPRETAÇÃO: Indica a intenção de ensinar, comunicar algo significativo ou explicar o porquê. Útil no
aconselhamento matrimonial;
2.APOIO: Indica o propósito de tranquilizar e reduzir o sofrimento. Principalmente em situações de crise as
respostas de apoio são muito importantes.;
3.INDAGAÇÃO: Frases que ajudam a pessoa a responder questões internas ou temas para a discussão. Usada
no aconselhamento educativo de curto prazo;
4.COMPREENSÃO: Um retorno à pessoa para que saiba que está sendo ouvida deforma empática. Muito
importante na fase inicial do aconselhamento;
5.CONSELHO: Sugerir abordagens, ações, crenças ou atitudes recomendando como lidar com o problema.
Também útil para aconselhamento de confrontação;
6.AVALIAÇÃO: Um julgamento dos sentimentos da pessoa com uma sugestão embutida. Usado em
aconselhamento de confrontação.
 A seguir um exemplo de como em uma situação de aconselhamento estes tipos de respostas é útil no caso
de uma jovem que demonstra ódio pelo próprio pai sem mesmo saber o motivo. O autor apresenta os seis
tipos de respostas que podem ajudar neste exemplo específico e ensina como estas respostas podem ser
práticas para o aconselhamento. O tipo de resposta mais escasso entre conselheiros é a de compreensão.
Para pessoas moralistas rapidamente dão respostas de avaliação. A posição pastoral de autoridade e a
tendência a uma resposta pronta e rápida são perigos para o aconselhamento. Quanto a resposta o/a
pastor/a deve ser muito cauteloso/a e quanto a autoridade deve ter cuidado para não ser repressivo/a ou
criar expectativas de resolver o problema da pessoa fazendo-se continuar dependente e inibindo sua
libertação e crescimento.
Psicologia Pastoral
       Mais uma vez Clinibell insiste em que o aconselhamento seja mais inclusivo e transcultural
denunciando o sexismo racista e classicista tão forte na sociedade e influente sobre as demais ciências. Para
o autor a contribuição de pessoas negras, mulheres deficientes e de diversas culturas é um grande avanço
para a poimênica. Não são apenas pessoas de cultura anglo-européia, brancos de classe média e do sexo
masculino que precisam e podem fazer o aconselhamento pastoral.
      Segundo Clinibell é preciso uma abertura para outros backgrounds que é o conteúdo de conhecimento
e experiência de vida trazida por pessoas diferentes. A contribuição de diferentes tipos de pessoas é um
grande avanço para o aconselhamento pastoral porque abre o leque de alcance deste ministério para pessoas
que não têm acesso a outro tratamento terapêutico. Isso é perceptível na formação de grupos que lutam
para atender seus desafios étnicos e culturais como, por exemplo, os ministérios negros, feministas, latino-
americanos com a teologia da libertação, associações como os Alcoólicos Anônimos e de deficientes que têm
lutado pela cura e crescimento atingindo pessoas fora do alcance de tradicionais meios de terapia.
      Vários estudos demonstram que a principal crise no mundo é a falta de significado chamada de crise
existencial e tem como sintomas emocionais um desequilíbrio religioso em forma de excesso ou falta de
espiritualidade e o medo da morte como fruto de aceitação, quanto sua origem familiar. O aumento de
tecnologia e modernidade tem feito a sociedade quebrar sua ponte histórica e como consequência as
pessoas têm perdido seu sentimento de origem e significado existencial. Problemas espirituais também são
percebidos conjuntamente com problemas familiares. A ligação entre a figura paterna e divina é um
exemplo: ausência do pai pode ser o motivo para não crer em Deus ou um pai muito rigoroso pode fazer a
pessoa acreditar em um Deus ditador. Do mesmo modo é possível perceber outras raízes espirituais em
problemas familiares como a má convivência entre irmãos e a dificuldade de comunhão com a igreja.
Psicologia Pastoral
         Ao falar sobre a dimensão espiritual em todos os problemas humanos o autor mostra
que a ansiedade é um sentimento muito presente em todas as fases da vida humana e mais
forte ainda no intervalo entre estas fazes como na adolescência e intervalo da idade adulta
para terceira idade.
        A ansiedade pode ser percebida pelo medo da morte, frustração quanto aos sonhos,
falta de sentido para a vida por causa da dificuldade de fazer vínculo com o passado e um
medo do futuro por causa das decepções com o passado.
        Para Paul Tillich a ameaça da ansiedade existencial que toca a ―herança da finitude no
ser humano, quando este tem a consciência de sua finitude.
Este medo do não-ser tem três formas:
 -ameaça de destino e morte;
 -culpa e condenação e vazio ;
 -perda de sentido tendo no âmago destes sintomas o medo de não-ser.
      Contudo a religião é uma forma de enfrentar a ansiedade existencial e presta o
importante serviço de dar sentido à vida, quando prega o perdão para o passado e esperança
para o futuro.
Psicologia Pastoral
       Segundo Paul Tillich o impacto religioso poder ter duas
formas de consequências: destrutiva ou Patogênica e a criativa ou
Salugênica.
Religiosidade Criativa ou Salugênica:
-Uma religião aberta que incrementa a vida e capacita a enfrentar a ansiedade existencial
ao invés de fugir dela. Ensina a transcender a transitoriedade em busca da fé na
eternidade. Uma vida religiosa autêntica ajuda a pessoa a perceber a imagem de Deus
dentro de si a aceitar sua existência. Uma religiosidade criativa respeita a realidade,
produz comunhão com Deus e com as pessoas e diz um sim à vida acima de tudo.
Religiosidade Destrutiva ou Patogênica:
-Qualquer forma de idolatria que se torne uma preocupação incondicional como a
deificação de posses, saúde, sucesso, álcool, o estado ou uma instituição como a igreja.
Uma religiosidade repressiva leva a fugas através da negação do ser manifestam em
forma de neuroses mutiladoras. Uma religiosidade patogênica produz doença e bloqueia
o crescimento. Manifesta-se em formas rigidas, autoritárias e que negam a realidade.
Psicologia Pastoral
     Sobre como diagnosticar o problema de origem espiritual o autor
orienta ao/aconselheiro/a a não ter receio de perguntar sobre questões
espirituais ou sentimentais que tenham raízes no espírito como a culpa, o
rancor e o medo da morte, por exemplo.
    Após diagnosticar uma questão de cunho espiritual deve-se conduzir a
pessoa quebrantada a um momento de cura para que possa se sentir livre
para crescer.
Clinibell, pontua dois níveis no processo do aconselhamento:
    -Ajudar as pessoas a enfrentar seus problemas ou crises;
    -Encorajar a examinar questões espirituais causadoras dos sintomas.
    A partir da compreensão das causas fundantes dos problemas espirituais
e sua sequente cura é possível dar continuidade ao crescimento por novas
portas que vão se abrindo a medida que a pessoa tem forças para enfrentar
suas crises existenciais e encontra sentido para a vida.
Psicologia Pastoral
      A importância do uso da Bíblia no aconselhamento e algumas
orientações de como utilizar a Bíblia de forma eficiente:
1- permite que a sabedoria bíblica informe o processo através dos insights
bíblicos que acontecem durante a conversa;
2- palavras de consolo da Bíblia podem ser muito úteis para ajudar pessoas
em situação de sofrimento para fortalecer e curar;
3- ajuda a diagnosticar problemas através dos temas e histórias bíblicas
principais que auxiliam a compreender pessoas no aconselhamento;
4- proporciona cura e mudança de pensamentos patogênicos com um
ensino adequado da verdade bíblica;
5- a Bíblia ensina o que é bom para manter uma vida espiritual saudável e
produz crescimento na fé e nos relacionamentos da comunidade.
    Clinibell, alerta quanto ao perigo do mau uso da Bíblia na poimênica e
no aconselhamento pastoral muito difundido no meio de teologias
fundamentalistas que utilizam imagens bíblicas para confrontação das
pessoas culpando-as, diagnosticando seus problemas como consequência
do pecado e não direcionando para a cura e crescimento.
Psicologia Pastoral
       Deste modo o autor depois de ensinar como utilizar a bíblia no
aconselhamento e alertar sobre os riscos do mau uso da Bíblia ainda mostra três
erros principais que devem ser evitados que são:
 1-O fundamentalismo impede de integrar a sabedoria bíblica com as ciências
humanas e disciplinas psicoterápicas;
2-O legalismo faz que o/a conselheiro/a dê conselhos imediatos inibindo o
crescimento e aumentando a dependência do aconselhando;
3-O biblicismo rígido impede as pessoas de descobrir a Bíblia como Palavra Viva de
Deus que fala e transforma suas vidas.
      A oração também é um subsídio importante para a poimênica e o
aconselhamentopastoral e tem três utilidades principais segundo o autor:
1)Preparação espiritual do/a próprio/a conselheiro/a para o aconselhamento;
2)Para intercessão em favor do/a aconselhando/a;
3)Pode ser ensinada ao/à aconselhando/a como forma pessoal de buscar sua cura e
crescimento.
      Num mundo agitado e cheio de obrigações se torna cada vez mais difícil parar
para pensar em Deus. E em meio a tanto materialismo é quase impossível crer no
invisível. Por isso e outras coisas a oração é um grande desafio.
Psicologia Pastoral
                          ATIVIDADE PROPOSTA DE ENSAIO DA REALIDADE:
        Exemplo para exercício de ensaio da realidade é recomendado com três tipos de
situações-problema podendo ser representados pelo papel do/a paroquiano/a baseado em
causas reais no meio do grupo:
Primeiro
-Sobre conflitos, dúvidas ou confusão de ordem religiosa;
Segundo
-Uma mulher que não se conforma com os termos masculinos para falarde Deus e quer saber
se é aceita como mulher;
Terceiro
- Um homem de classe média está fraco na fé por causa de problemas desaúde e a esposa
desanimada por causa de dívidas com medicamentos.
      Nos três casos representados o/a paroquiano/a procura o/a pastor/a que deve
aconselhar baseado no conteúdo estudado.
      Enquanto isso o observador ou monitor faz um feedback para enriquecer o conteúdo do
grupo.
     Os papéis podem ser trocados para fazer o aconselhamento.
Psicologia Pastoral
                           BIBLIOGRAFIA

CLINIBELL, Howard J. Aconselhamento Pastoral: modelo centrado em
libertação e crescimento; tradução de Walter O. Schlupp e Luís Marcos
Sander. São Leopoldo: Sinodal, 1987.

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Curso superior de teologia à distância 4

  • 1. CURSO SUPERIOR DE TEOLOGIA À DISTÂNCIA Seminário Teológico Dom Egmont Machado Krischke – SETEK Rôde Laco Gonçalves Hartwig Psicóloga plafi@terra.com.br 99810853 Disciplina: Psicologia Pastoral
  • 3. Psicologia Pastoral Aconselhamento Pastoral É um modelo centrado em libertação e crescimento segundo Howard J. Clinibell, um pastor que transmite sua larga experiência em aconselhamento pastoral aliada a recursos da psicoterapia com o objetivo de uma vivência curadora na comunidade de fé que denomina como poimênica Poimênica significa o cuidado pastoral na comunidade, ou mesmo de conselheiros leigos para com pessoas que precisam de aconselhamento. Aconselhamento Pastoral designa especificamente o trabalho do pastor/a no atendimento pessoal como primeiro conselheiro da comunidade de fé.
  • 4. Psicologia Pastoral O atual desafio da Poimênica e do Aconselhamento Pastoral. Theodore Wedel, retrata a situação de muitas igrejas que começam bem a sua missão e perdem a noção de seu propósito no meio da caminhada. Compara a Igreja com um posto de salva-vidas. O primeiro desafio atual citado por Howard J. Clinibell para a poimênica e o aconselhamento pastoral é a irrelevância das necessidades das pessoas para a igreja nos últimos tempos. Ainda destaca a necessidade da comunidade de fé ter uma ―linguagem de relacionamentos para tratar com vidas e comunicar o evangelho. O aconselhamento pastoral é uma coluna da igreja que mantém de pé seus relacionamentos fazendo reconciliações constantes na vida das pessoas e lutando pela preservação do amor. A poimênica, proporciona à Igreja relacionamentos profundos, que capacitam pessoas para a cura, libertação e crescimento de seu próximo. À semelhança do convívio de Jesus com seus discípulos, é no interior da comunidade de fé que surgem as situações para o tratamento de vidas.
  • 5. Psicologia Pastoral Clinibell, fala sobre a renascença contemporânea com satisfação pelas pesquisas e descobertas da psicanálise, principalmente pela aceitação pela Igreja a estes recursos no acompanhamento dos problemas humanos até então tratados apenas espiritualmente. O interesse pela psicologia aliada à ação pastoral tem crescido a cada dia e vários grupos ou instituições têm sido formados para esta área específica da missão. A abertura da teologia para a psicologia tem dado relevantes contribuições ao ministério pastoral principalmente quanto à auto compreensão ou auto imagem do/a pastor/a e sua função como conselheiro/a. A partir desta aliança entre conhecimento teológico e técnicas da psicanálise muitos equívocos foram evitados no seio da igreja. Há um maior discernimento quanto aos problemas humanos que hoje são reconhecidos por suas causas reais e não são espiritualizados. Com isso a aceitação no meio da comunidade de fé é muito maior e mútuo tratamento é consequência natural na poimênica da igreja.
  • 6. Psicologia Pastoral Poimênica e Aconselhamento estão ligados e devem agir juntas, mas não é a mesma coisa. O aconselhamento pastoral é o trabalho específico do pastor no acompanhamento de vidas tratando seus problemas pessoais com apoio da teologia e com auxílio de técnicas da psicanálise. A poimênica é proporcionada pela igreja como um todo que acolhe e trata pessoas contribuindo para o crescimento e cura de vidas no meio da comunidade de fé ou na sociedade em geral. Nota-se que uma precisa da outra. Se houver poimênica e faltar aconselhamento pastoral o trabalho fica incompleto e vice-versa.
  • 7. Psicologia Pastoral Esclarecimento do objetivo da Poimênica: -Objetivo geral: -auxiliar pastores/as ou estudantes de teologia para desenvolverem suas aptidões de poimênica e aconselhamento pastoral com vistas à cura e crescimento. -Objetivos específicos: 1) descrever um novo paradigma mais abrangente centrado na integralidade humana e com objetivo de libertação e crescimento. 2) dar uma visão geral: a- da missão da poimênica; b- dos fundamentos teológicos para o aconselhamento; c- da herança histórica deste ministério; d- falar sobre o caráter único da poimênica e do aconselhamento pastoral. 3) apresentar uma tipologia sobre situações do aconselhamento pastoral e da poimênica para melhorar o entendimento do objetivo das mesmas que é a cura e o crescimento. 4) ressaltar os tipos de poimênica e aconselhamento pastoral que são essenciais e normativos para o trabalho de cura e crescimento em diversos tipos de problemas humanos, com uma forma especial de tratar cada situação especificamente. 5) promover o uso do ensaio de realidade ou desempenho de papéis como método de aprendizagem da poimênica e do aconselhamento pastoral. Uma técnica simples que permite aprender fazendo sem correr risco de utilizar pessoas e seus reais problemas como cobaias.
  • 8. Psicologia Pastoral Clinibell, além de especificar seus objetivos ainda ensina como tirar proveito máximo e como uma bula que ensina a utilização e dosagem de um remédio em cinco passos: 1. Ter uma visão geral dos métodos expostos. 2. Estudar cuidadosamente refletindo sobre cada item, destacando as idéias úteis e como se aplica ao trabalho pessoal de poimênica ou como conselheiro/apastoral. 3. Procurar companheiros interessados em aprender mais sobre aconselhamento pastoral e poimênica, de preferência que queiram conhecer o exercício através do ensaio de realidade. 4. Utilizar o que foi aprendido na medida em que surgirem oportunidades para o aconselhamento pastoral intercalando o aprendizado, ensaios de realidade e prática do aconselhamento. 5. Procurar por supervisão de algum especialista ou conselheiro experiente para solucionar dúvidas. Se possível é também importante fazer cursos de capacitação ou especialização na área da psicanálise.
  • 9. Psicologia Pastoral Clinibell, acredita que a proposta de ensaios da realidade, seja uma forma eficaz de aprendizado e orienta que seja feito entre duas ou três pessoas interessadas em treinar esta técnica. Basta a organização de um grupo, podendo variar ou intercalar os papéis para que todos possam aprender: Pessoa 1: CONSELHEIRO/A – ouve e aplica as técnicas para o aconselhamento pastoral e poimênica com vistas à libertação e crescimento. O conselheiro precisa saber antecipadamente qual o tipo de caso para se inteirar dos métodos apropriados para o tratamento. Pessoa 2: ACONSELHANDO/A – expõe a situação ou problema a ser tratado, representando o personagem real (ou vítima). O caso apresentado pode ser uma situação real da vida de um dos participantes ou uma situação específica para o treinamento como, por exemplo, o luto, vícios, desemprego, enfermidade, etc.
  • 10. Psicologia Pastoral Pessoa 3: OBSERVADOR/A – assiste o ensaio da realidade passivamente analisando a forma e a aplicação das técnicas utilizadas para correção de possíveis falhas posteriores. Caso não haja uma terceira pessoa para ser observador, Clinibell orienta a utilização de tecnologias de gravação em áudio ou preferencialmente vídeo para uma posterior análise e estudo. Pessoa 4: SUPERVISOR/A – se possível é bom ter alguém capacitado e experiente na área de aconselhamento ou mesmo psicanálise que assiste e contribui com orientações e intervenções para melhor alcançar o objetivo e e aprender a utilização dos métodos técnicos. Mas caso não seja possível a presença de um supervisor nada impede que o ensaio de realidade aconteça. O ensaio da realidade é uma forma de treinamento eficaz que proporciona ao/à estudante a habilidade com o método teórico. No início pode parecer apenas um teatro, mas com o tempo o/a aprendiz de conselheiro entende sua importância como treinamento de teorias que devem ser vividas na prática e colocam em jogo a vida das pessoas. À medida que repete a técnica ganha mais capacidade para lidar com situações reais do aconselhamento pastoral e da poimênica.
  • 11. Psicologia Pastoral Quanto ao uso de aconselhamento, Clinibell também dá orientações baseado em suas próprias experiências na utilização do conteúdo da técnica e considera que a melhor forma de compreensão é composta por três passos: 1.Dar um mapa cognitivo através de uma primeira explanação geral do tema com as propostas de técnicas. 2.Proporcionar uma prévia observação de como utilizar os métodos através de uma apresentação de um ensaio da realidade para que vejam e aprendam. 3.Prática em grupo através do ensaio da realidade a partir do que foi aprendido e posteriormente fazer um feedback com a teoria e a técnica. A proposta é muito útil levando a sério o objetivo a ser alcançado que é fazer do/a conselheiro/a alguém capaz de tratar pessoas de forma eficaz. O método de aprendizado é intercalar teoria e prática até que se torne algo natural na vida do/a conselheiro/a a aplicação das técnicas propostas. Essa forma de didática se manifesta em uma primeira explanação do tema com subtítulos, depois uma explicação detalhada de cada tópico e com propostas para a prática do aconselhamento.
  • 12. Psicologia Pastoral Modelo centrado em Libertação e Crescimento. Apresentamos paradigmas úteis para o aconselhamento pastoral e a poimênica, mostrando um modelo de trabalho que vise a integralidade humana centrada no Espírito, conduzindo para libertação e crescimento. Num primeiro momento, apresentamos as definições de terminologias utilizadas, depois uma apresentação geral do modelo em dezesseis tópicos e então realizamos a explicação do modelo passo a passo. Clinibell, demonstra que nos tempos modernos há grandes possibilidades para o trabalho da psicoterapia pelo amplo estudo do comportamento humano. Também a teologia tem considerado o fator antropológico como alvo de seus estudos reconsiderando a forma do trabalho religioso de forma a apontar para o divino e o humano equilibradamente. Chamamos a atenção para não confiar apenas nestas ciências devido à fácil mutação nos comportamentos tão presente na atualidade. Para isso é preciso estar atento, com olhos abertos para novas possibilidades.
  • 13. Psicologia Pastoral Definições das terminologias mais utilizadas: poimênica e aconselhamento pastoral (juntos), poimênica, aconselhamento pastoral(separados) e psicoterapia pastoral. Assim são conceituadas: - Poimênica e Aconselhamento Pastoral: é a prática de pessoas que exercem o ministério de relacionar com indivíduos ou grupos buscando potencializar situações curativas e de crescimento através relacionamentos principalmente no meio da comunidade de fé. - Poimênica: acontece no meio da comunidade de fé como um ministério natural da Igreja em cuidar de vidas que se achegam durante o ciclo da vida visando sua integralidade centrada no Espírito com propósito de crescimento. - Aconselhamento Pastoral: é uma face da poimênica a ser praticada de forma mais técnica por alguém que se dedique especialmente a este ministério como o/a pastor/a. Principalmente em períodos de crise o trabalho terapêutico durante um curto prazo é uma grande ajuda para pessoas que têm seu crescimento comprometido. - Psicoterapia Pastoral: é um trabalho mais profundo e demorado quando o/a pastor/a acompanha por longo prazo uma pessoa que precisa de tratamento devido a um trauma que precise de acompanhamento especializado. Este trabalho é geralmente exercido por pessoas que se dedicam a este ministério e se capacitam com técnicas e métodos psicoterápicos visando a reconstrução de vidas.
  • 14. Psicologia Pastoral Os principais temas do modelo centrado no Espírito e visando a libertação e o crescimento : 1.O objetivo de libertar visando à integralidade humana centrada no Espírito; 2.O caminho da integralidade humana é a integralidade espiritual e ética; 3.Integrar insights psicológicos e teológicos; 4.Contemplar todas as dimensões da integralidade humana; 5.Aproveitar oportunidades de crescimento nas diversas fases da vida; 6.A poimênica no meio da comunidade é a base para o aconselhamento pastoral; 7.Tanto a comunidade como o/a pastor/a deve exercer a poimênica; 8.As crises e mudanças são situações que proporcionam o crescimento; 9.A poimênica e A. P. deve ser inclusivo principalmente na questão de gênero; 10.É necessário capacitar pessoas para o trabalho da poimênica e A.P.; 11.Aproveitamento do papel de autoridade pastoral para o aconselhamento; 12.Maior aproveitamento de métodos intuitivos (lado direito do cérebro); 13.Conceber a integralidade, livre de estereótipos sexuais; 14.Recorrer às novas psicoterapias orientadas para o crescimento de sistemas; 15.Contemplar o exercício da poimênica em todas as áreas e ministérios da igreja; 16. Continuar a crescer! Reconhecendo a necessidade de ajuda e crescimento.
  • 15. Psicologia Pastoral Este modelo, compreende desde a integralidade do ser humano com suas características físicas, emocionais e espirituais até a integralidade de técnicas terapêuticas, teológicas e pastorais, à vivência da comunidade de fé como um todo e ao treinamento do/a pastor/a como líder espiritual e agente da poimênica. O objetivo é alcançar a vida abundante prometida por Jesus. Para isso o trabalho do aconselhamento pastoral e da poimênica são muito eficazes porque contemplam a espiritualidade humana muito mais do que psicologia somente. O ministério da igreja e do/aconselheiro/a pastoral juntos possibilitam o empoderamento de pessoas para serem curadas e libertas alcançando sua integralidade. O objetivo da poimênica e do aconselhamento pastoral é em libertar vidas conduzindo para um crescimento para viver uma vida abundante. A humanidade não utiliza toda a sua potencialidade e, além disso, há muitas vidas feridas e traumatizas que não conseguem viver uma vida livre e plena reduzindo sua capacidade de ser feliz. Clinibell, acredita no crescimento através de técnicas que possam algum dia medir em uma escala o Quociente de Vivacidade (QV) expressando o nível de capacidade humana utilizada por um indivíduo como um exame para o tratamento que vise o máximo de crescimento para a vida.
  • 16. Psicologia Pastoral No modelo centrado na cura da integralidade é o Espírito. Por isso o tratamento deve ser feito nas direções vertical (espiritual) e horizontal (humana) associando conhecimentos da teologia e da psicoterapia unindo forças contra tudo o que impede o ser humano de crescer e ser livre. O acúmulo de sofrimentos e decepções da vida provoca uma dor que só pode ser aliviada quando se quebra este círculo vicioso que impede o ser humano de crescer. Neste momento o aconselhamento pastoral e a poimênica são a ferramenta de libertação. Mas libertação de quê? É preciso LIBERTAR: em direção à VIDA em toda a sua plenitude; para uma vida no ESPÍRITO; das muitas forças que LIMITAM o crescimento humano.
  • 17. Psicologia Pastoral O ser humano não é um sistema fechado, pronto e sem transformação. É um ser vulnerável de transformações e mudanças. Por isso o tratamento deve acontecer em meio aos relacionamentos com vistas ao crescimento. Clinibell, não acredita na auto-realização e sim na integralidade sempre por meio relacional. Somente em conjunto é possível alcançar a satisfação total. A eficácia da poimênica e o aconselhamento pastoral consistem em proporcionar às pessoas um melhor convívio em seus relacionamentos para alcançar integralidade em si e nas pessoas de sua vivência. Isso acontece através da satisfação mútua das necessidades. A integralidade pode ser alcançada gradualmente em cada estágio da vida. A poimênica e o aconselhamento pastoral não compreendem o crescimento humano como algo imediato e sim como um processo, por isso trabalham como orientação para o desenvolvimento das capacidades de libertação e crescimento em várias fases da vida. Especialmente na comunidade de fé onde há pessoas em faixas etárias diferentes e formações variadas é possível criar um programa de acompanhamento e troca de experiências para que um ajude o outro a superar suas dificuldades. Ou seja, que já viveu e venceu um problema aconselha quem está vivendo tal situação no momento.
  • 18. Psicologia Pastoral Clinibell ,acredita que tanto os as mudanças nos comportamentos podem resultar em transformações nos sentimentos e na auto percepção -terapia tradicional orientada para o insight- como também as mudanças construtivas nos relacionamentos e no comportamento produz transformações de sentimentos e atitudes. Com o objetivo de compreender melhor a integralidade o autor descreve seis dimensões que são alvo da poimênica e o aconselhamento pastoral: 1)Avivar a mente: Desenvolver os recursos da personalidade. O ser humano tem muito mais capacidade do que o que utiliza e pode aumentar seu potencial enriquecendo seu conhecimento, libertando a imaginação e a criatividade além de expandir intelectualmente. 2)Revitalizar o corpo: Cuidar melhor da saúde e utilizar plenamente o corpo de forma mais prazerosa e amorosa. Valorizar o tato e o bem estar para um equilíbrio entre corpo-mente-espírito. 3)Renovar e enriquecer os relacionamentos: Melhorar a qualidade dos relacionamentos e aumentar o círculo de convivências. Ter relações mais saudáveis e profundas para mútua satisfação e integralidade. 4)Aprofundar a relação com a natureza e a biosfera: Aumentar a consciência, comunhão e cuidado ecológicos são formas de buscar equilíbrio com o que é externo, mas essencial à vida integral do ser humano cuidando da saúde. 5)Crescer em relação às instituições significativas para a vida: Lutar em conjunto pela justiça social para a libertação e crescimento de mais vidas na sociedade derrubando tudo o que subtrai a integralidade humana. Isso é possível através da união de forças com instituições que lutam pela vida. O autor cita exemplos de grandes líderes que alcançaram sua integralidade em conjunto com sua geração pelo amor à vida humana unida ao trabalho social. 6)Aprofundar e vitalizar o relacionamento com Deus: O crescimento espiritual é um vínculo unificador com as outras dimensões da integralidade. A vida precisa de valores, de fé e amor para fortalecer os relacionamentos. O cultivo espiritual é uma força proporcionada pela poimênica e o aconselhamento pastoral para a libertação e o crescimento do indivíduo considerando sua potencialidade.
  • 19. Psicologia Pastoral No ambiente da igreja como comunidade de fé é que acontecem as oportunidades para apoimênica e o aconselhamento pastoral. O/a pastor/a tem a função de promover a capacitação para este ministério nutrindo o rebanho não só espiritualmente, mas com conhecimentos que possibilitem a comunidade saber e querer cuidar de vidas. As crises são oportunidades para o crescimento desde que haja uma identificação desta se a consideração de que há possibilidade para libertação e crescimento. Clinibell, diferencia dois tipos de crises: -crises desenvolvimentais: acontecem em situações de mudanças e momentos de transições que são normais na vida, mas que se tornam um pesadelo se não for bem trabalhado. Por exemplo, uma mudança de cidade ou trabalho, o casamento, o nascimento de um/a filho/a, etc -crises acidentais: problemas inesperados que pegam a pessoa despreparada gerando uma situação de pânico em meio a tensões e perdas. Em geral são doenças, acidentes, desemprego, catástrofes naturais, etc. O aconselhamento pastoral visa dar forças num momento de fraqueza, para que a pessoa enfrente seus problemas acreditando em seu potencial e transforme a crise em uma oportunidade para crescimento. O medo é o principal obstáculo em situações de crise. Ao invés da fuga a melhor solução é o enfrentamento das crises orientado por alguém capaz. O autor chama atenção para a valorização da identidade e autoridade pastoral como agente da poimênica e o aconselhamento pastoral, incentivando que este ministério seja muito mais do que um atendimento formalizado. O relacionamento na comunidade de fé e do/a pastor/as para as ovelhas proporciona as maiores oportunidades de libertação e crescimento.
  • 20. Psicologia Pastoral Clinibell aconselha aos/às pastores/as: 1-conhecer as técnicas para encontros de aconselhamento pastoral, como entrevistas, por exemplo, e utilizá-las sempre que possível; 2-aproveitar as oportunidades que acontecem em momentos informais para dar um primeiro passo em direção à libertação e crescimento de vidas; 3-ir em direção às pessoas através de uma visita ou um encontro é uma liberdade que o/a pastor/a tem de não esperar ser procurado, mas tomar a iniciativa assim que diagnostica a necessidade; 4-usar sua autoridade pastoral através de sua influência social e racional para trabalhar os relacionamentos e conduzir a comunidade a um processo de cura, crescimento e auto satisfação de suas necessidades.
  • 21. Psicologia Pastoral Outro fator interessante que visa à integralidade não só do aconselhando, mas também do conselheiro é a utilização do cérebro todo conforme as descobertas do cientista Roger Sperry, que permite um conhecimento integral do cérebro humano com seus dois lados e suas respectivas funções ou capacidades:
  • 22. Psicologia Pastoral Até pouco tempo os métodos da psicoterapia não conheciam esta capacidade da mente humana, por isso o autor incentiva uma maior utilização de métodos intuitivos do cérebro direito com sua capacidade aliada à racionalidade do cérebro esquerdo, que é mais analítico, como ferramenta eficaz para a poimênica e o aconselhamento pastoral. Uma compreensão andrógena da integralidade surge à medida que a humanidade alcança valores igualitários para homens e mulheres bem como a derrubada de preconceitos raciais e abertura de espaço para pessoas com necessidades especiais. Principalmente a contribuição feminina é um potencial a mais para a saúde do ser humano. Para entender a humanidade de forma integral é preciso deixar a cultura machista para dar espaço às mulheres que são muito capazes principalmente para o ministério da poimênica e o aconselhamento pastoral. O autor incentiva a utilização de diferentes terapias centradas no crescimento. Nos últimos tempos com o desenvolvimento das ciências e da capacidade terapêutica existem diversos tipos de terapias que não devem ser ignoradas pela poimênica e o aconselhamento pastoral porque podem contribuir ricamente para este ministério. Este campo tem sido amplamente explorado e deve ser aceito e utilizado pelos conselheiros desde que sejam centradas no crescimento.
  • 23. Psicologia Pastoral Sobre a relação entre a poimênica e as demais funções do ministério na comunidade de fé o autor ilustra com um diagrama que tem ao centro a integralidade centrada no Espírito e ao seu redor os ministérios ou funções da igreja num círculo que demonstra a atividade da poimênica. Todas as funções em conjunto formam uma órbita em torno de seu objetivo unificador que é a integralidade centrada no Espírito. As funções citadas são: -Proclamação da boa-nova (pregador/a): a transmissão de uma mensagem centrada na pessoa é uma rica oportunidade para tratar os problemas humanos, investir no crescimento cultural e espiritual e valorizar os relacionamentos. -Culto e adoração (sacerdote): o grupo expressa juntos seus sentimentos e se alimenta espiritualmente, recebe o perdão dos pecados e adquire maior confiança; -Educação (professor/a): é uma forma de ensinar e capacitar para o crescimento em diferentes grupos que podem ser formados para ajuda mútua; -Liderança e desenvolvimento congregacional (administração): cria um ambiente curador e organiza as pessoas em grupos de convivência que valorize relacionamentos sadios; -Capacitação de leigos (treinador): investir na capacidade das pessoas para o exercício do ministério e o crescimento na comunidade; -Serviço comunitário (servidor): vai além da comunidade em direção à sociedade para a transformação social com objetivo de libertar vidas; -Ação Social (profeta): luta por mudança nas instituições e na comunidade para o apoio mútuo e não repressão da integralidade humana.
  • 24. Psicologia Pastoral História da poimênica e o aconselhamento pastoral Como começou este ministério? Uma ponte histórica também é feita pelo autor em direção à herança deste modelo centrado em libertação e crescimento. Embora as últimas décadas tenham sido marcadas pelo desenvolvimento de teorias, técnicas e práticas psicoterápicas que auxiliam a poimênica e o aconselhamento pastoral, este ministério é muito mais antigo do que estas ciências. Na igreja primitiva a poimênica era conhecida como ―cura d‘almas com o significado de cuidado e crescimento de vidas na comunidade. Clinibell, cita diversos nomes de mulheres e homens que marcaram o trabalho de aconselhamento em toda a história da Igreja cristã mostrando a importância e antiguidade da poimênica. Na modernidade, o que marcou o aumento de interesse na área foi principalmente a difusão dos conhecimentos da psicanálise e sua grande necessidade devido aos problemas humanos deixados após a Segunda Guerra Mundial. A renascença da poimênica remonta da década de 1920, com apoio para tratamento de outras doenças e através de treinamento para capelania hospitalar. Posteriormente os insights do conhecimento da psicoterapia foram associados para contribuir com o trabalho da poimênica.
  • 25. Psicologia Pastoral Baseado no trabalho de William A. Clebsch e Charles R. Jaekle, o autor apresenta quatro funções da poimênica secular e fazem um quadro explicando sua funcionalidade, as expressões históricas que denominavam este ministério e as terminologias utilizadas atualmente. Em seguida Clinibell, acrescenta um tópico a mais de acordo com seus conhecimentos e sua experiência pessoal. Principais funções da poimênica: Cura: tem por objetivo superar alguma debilitação e restituir à pessoa a sua integralidade. Antigamente utilizada através de unção, exorcismo, santos, relíquias e curandeiros carismáticos. Atualmente é denominado como psicoterapia pastoral, cura espiritual, aconselhamento e terapia matrimonial. Sustentação: auxílio para pessoas que têm dificuldade em transcender situações que aparentemente são insolúveis. Teve expressões históricas através de preservar, consolar e consolidar e no momento é chamada de poimênica e o aconselhamento de apoio em casos de crise, luto ou perda. Orientação: ajuda para tomada de decisões quando alguém não sabe que direção tomarem meio aos desafios e alternativas da vida. Antes conhecida como dar conselhos, exorcismo e o simples ato de escutar e na atualidade é chamada de aconselhamento educativo, tomada de decisões em curto prazo, aconselhamento de confrontação e orientação espiritual. Reconciliação: auxílio para restabelecer relacionamentos rompidos entre a pessoa e seu próximo ou até mesmo com Deus. Historicamente conhecida como confissão, perdão e disciplina e para a prática atual é chamada de aconselhamento matrimonial e aconselhamento existencial (reconciliação com Deus). Nutrição: capacitação de pessoas para o crescimento desenvolvendo as potencialidades recebidas por Deus para vencer diante das situações da vida. Na teologia tradicional é conhecida como santificação ou treinamento de membros novos na vida cristã ou educação religiosa. O autor denomina este novo item para as funções da poimênica de aconselhamento educativo, grupos de crescimento, enriquecimento do matrimônio e da família, assistência para a possibilitação de crescimento através de crises desenvolvimentais.
  • 26. Psicologia Pastoral A Missão, os Fundamentos Bíblicos e a Unicidade da Poimênica e do Aconselhamento Pastoral. A importância crucial do aconselhamento pastoral, uma pesquisa comprova um considerável aumento na procura de profissionais na área da saúde mental e maior ainda a procura por clérigos, o que demonstra a importância e confiabilidade do aconselhamento pastoral para a vida das pessoas. Conforme a pesquisa antes mesmo de procurar um psicólogo ou terapeuta a maioria das pessoas procura um ministro religioso para se aconselhar. A maioria das pessoas também tem procurado ajuda para resolver questões de relacionamentos. O que a maior parte destas pessoas procura é alguém para conversar, para ser entendido e se aconselhar sobre seus problemas. Por causa dessa confiança e a demanda por aconselhamento pastoral maior é o desafio da poimênica na igreja local. É preciso de capacitação para que haja conselheiros para acolher vidas que procuram a comunidade de fé, bem como auxiliar ao ministério pastoral na função do aconselhamento. O/a pastor/a não deve ignorar os conhecimentos de métodos terapêuticos por causa de sua primazia em relação aos outros profissionais da área. Por causa disso deve ser maior ainda a busca por treinamento em técnicas que contribuam para o aconselhamento. Contudo se o/a pastor/ não é um/a clínico/a na área de psicoterapia não deve se aventurar em ascender uma fogueira que depois não possa apagar. O ministério do aconselhamento pastoral tem sua contribuição ímpar para a cura e libertação de vidas. Além do conhecimento de técnicas terapêuticas o/a pastor/a conta com um arsenal de conhecimentos bíblicos que são úteis no aconselhamento. É possível fazer teologia através da poimênica e do aconselhamento com insights de exemplos bíblicos de pessoas que passaram por situações semelhantes ao/à aconselhando/a e outros textos que servem de inspiração em momentos de angústia.
  • 27. Psicologia Pastoral A Bíblia é um livro que fala de Deus para o ser humano pode e deve ser usada no aconselhamento por que: _ A Bíblia é fonte do imaginário ocidental (judaico-cristão) por isso comunicam deforma eficaz na sua linguagem quanto aos valores, costumes e a própria herança histórica e religiosa; _O diálogo com insights bíblicos ajuda o/a conselheiro/a ter atitudes e consciência de cura e crescimento; _Principalmente se as histórias da Bíblia fazem parte das verdades consagradas na mente da pessoa, o uso de imagens bíblicas pode avivar de forma criativa essa esperança na mentes dessas pessoas; A Bíblia tem uma concepção de integralidade maior do que a cultura atual e até mesmo que as ciências atuais. Conceitos bíblicos podem ser utilizados para criticar, corrigir e enriquecer esta falta de concepção da integralidade humana. Devido à fragmentação dos conhecimentos humanos em diversas especialidades nas quais visam aprofundamento específico de uma área, o mundo sofre de miopia e não consegue observar-se na sua integralidade. Os paradigmas bíblicos presentes em personagens judaico-cristãos são instrumentos para a reconstrução da auto imagem e consciência de si mesmo. Vários textos bíblicos podem ser usados para falar de integralidade. Desde a criação ―à imagem e semelhança de Deus como referencial de integralidade. Até ao famoso versículo ―o Senhor é o meu pastor e nada me faltará como desejo de manutenção dessa integralidade. E também a ―vida abundante dada por Jesus em restituição ao que o ladrão veio roubar, matar e destruir da integralidade humana. Além destas imagens várias palavras (termos bíblicos em seu sentido original), parábolas e personagens falam sobre a humanidade em seu significado integral.
  • 28. Psicologia Pastoral Falar da integralidade compreende equilibrar a potencialidade e as limitações humanas. É preciso restituir potencialidades subtraídas das pessoas sem cair no erro de esquecer-se de avisar sobre suas limitações. Seria como tomar um remédio sem receita e sofrer as consequências de contra indicações. Por isso a finitude humana faz parte de sua integralidade. No mundo há um desequilíbrio que faz com que homens e mulheres pensem que são infinitos e outros/as que não são capazes de suas atribuições mais simples. Contrabalancear isso é tarefa contínua do aconselhamento. O autor faz um paralelo entre as seis dimensões da integralidade a partir de suas raízes bíblicas: 1- Avivar a mente: Na visão bíblica não há separação entre alma, espírito e corpo ou o dualismo mente e corpo. Isso faz a visão bíblica de integralidade mais holística através de uma compreensão total do ser humano e não em partes. Integralidade mental é o aspecto cognitivo, intelectual, emocional e espiritual valorizado por Jesus em Marcos 12.30 que fala do amor total com ―todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. 2- Revitalizar o corpo: A integralidade física porque o corpo é considerado sagrado no Antigo Testamento e no Novo ganha significado ainda maior como habitação de Deus em I Coríntios 6.19 onde fala do corpo como templo do Espírito Santo.
  • 29. Psicologia Pastoral 3- Renovar e enriquecer os relacionamentos: a integralidade relacional é tema constantena Bíblia através das palavras shalom que significa inteiro, paz e saúde bem como o termo koinonia num sentido comunitário da paz que deve ser coletiva, como fruto de relacionamentos saudáveis. Deus não criou a humanidade para viver só, mas em família como uma só carne (Gênesis 2.24) em a igreja como membros do corpo de Cristo (Romanos 12.5). 4- Aprofundar a relação com a natureza e a biosfera: a integralidade ecológica é vista na Bíblia através de um Deus que é Criador e sustentador de sua criação tendo dado a humanidade a função de mordomos. Na Bíblia tudo que Deus fez é BOM (Gênesis1.31) e Ele é o dono de tudo (Êxodo 9.29). Jesus andava sempre em meio à natureza e fazia uso poético de imagens dela tema de suas palavras para ensinar sobre o Reino de Deus. 5- Crescer em relação às instituições significativas para a vida: a integralidade institucional ou social é vista na Bíblia pela atuação profética que busca transformar não somente o indivíduo, mas tudo ao seu redor. A luta por justiça está presente na história bíblica desde a instituição da lei como parâmetro da vontade de Deus até o ministério de cura e libertação de Cristo. Jesus curava pessoas individualmente como propósito de libertar a sociedade. Novas teologias como a da libertação, a feminista, negra, africana e latino-americana têm contribuído para uma melhor compreensão sobre necessidade de libertação para cumprimento da justiça e estabelecimento do Reino de Deus. 6- Aprofundar e vitalizar o relacionamento com Deus: a integralidade espiritual é o centro da mensagem bíblica para a humanidade. A Bíblia devolve ao homem e à mulher esta consciência de que é um ser espiritual. Este fator soma todos outros itens da integralidade humana reunindo suas potencialidades conforme é o propósito de Deus.
  • 30. Psicologia Pastoral Esta visão panorâmica da Bíblia sobre a integralidade humana contribui ricamente para os insights durante um aconselhamento, devido ao conteúdo prático que pode ser utilizado e à visão geral da vida. Não é à toa que a Bíblia é comparada a um manual de instruções, uma bula, uma lâmpada, uma bússola, mapa, alimento, água e outros essenciais para a vida. Contudo o uso da Bíblia não é algo mágico. É um processo onde interagem o/a conselheiro/a, o/a aconselhando/a com seu meio relacional e Deus como fomentador deste processo de cura e crescimento. Trabalhar em busca da integralidade humana é como montar pacientemente um quebra-cabeça aonde pouco a pouco cada coisa vai chegando ao seu lugar e a imagem original de Deus vai aparecendo no semblante humano. Jesus mostrou este quadro completo quando se fez carne e habitou entre os humanos, dando esperança para a restauração da integralidade. A poimênica e o aconselhamento pastoral, visam à cura e o crescimento em direção à integralidade. Isso acontece quando alguém ferido procura a comunidade de fé como um hospital para sua alma e recebe primeiro um tratamento para cura. Imediatamente a mesma pessoa deve ser enviada para crescimento. Isso é o que Jesus fazia quando perguntava que queres que eu te faça mostrando o objetivo de cura e libertação e depois enviando com as palavras toma teu leito e anda vai a tua fé te salvou ou vá e não peques mais, quer e presentam o desejo de Cristo pelo crescimento para estas pessoas.
  • 31. Psicologia Pastoral O próprio Cristo desejou viver em conjunto mostrando que desta forma seria possível fazer as pessoas crescer muito mais, por isso procurou pessoas que não tinham grandes expectativas para serem seus discípulos e se tornarem em grandes homens de Deus. Para Clinibell, a igreja proporciona crescimento por que: - tem como paradigma de integralidade a pessoa de Cristo; - a integralidade é vista como um processo contínuo em busca da santificação; - tem como parâmetros o amor e a justiça; - acontece em meio aos relacionamentos; - tem a missão de servir ao próximo. Antes de iniciar um processo de cura e libertação para o crescimento em direção a integralidade é preciso acontecer um quebrantamento, tanto pessoal como social. A situação humana de degradação de sua original integralidade é descrita na Bíblia com a queda da humanidade para apontar o pecado como fator gerador de morte. É nesta raiz do problema que a poimênica e o aconselhamento pastoral contribuem para cura e crescimento, mais do que outras práticas terapêuticas otimistas que não alcançam este entendimento. Contudo o objetivo não é condenar o pecado porque este já tem suas consequências e sim libertar vidas para continuar crescendo. Deus tem o remédio para o pecado que é o perdão e cura para a consequência do pecado que é a ressurreição.
  • 32. Psicologia Pastoral A igreja é um centro para a integralidade levando o amor de Deus para as pessoas que estão privadas deste sentimento devido à falta de amor nos seus relacionamentos. Somente através da vivência do amor a igreja reintegra vidas mutiladas em sua capacidade de amar. Essa tarefa da Igreja é descrita tradicionalmente por quatro palavras gregas no Novo Testamento: Na Igreja acontecem estas quatro dimensões do crescimento em busca da integralidade quando recebem a mensagem libertadora do evangelho: 1. Didache: o ensino em direção ao crescimento, quando são integradas a um grupo que vive em comum; 2. Koinonia: uma comunidade unida e voltada para Cristo que são enviados ; 3. Kerygma: proclamação da mensagem do evangelho que restaura o ser humano, quando aprendem a verdade que liberta; 4. Diakonia: o serviço ao próximo como expressão de amor que na Igreja acontece o servir ao próximo dando continuidade a este círculo de proclamação, ensino, comunhão e serviço. Atualmente a poimênica e o aconselhamento pastoral numa perspectiva holística associadas a uma teologia integral, sem distinções culturais, sexuais, sociais ou raciais contribuem para a visão cristã do Reino de Deus. Quanto a esta teologia inclusiva nas concepções bíblicas de não haver distinção entre homem e mulher, quanto a palavras femininas que se referem a Deus e principalmente no trato de Jesus igualmente para todas as pessoas quer sejam mulheres, crianças, pobres, ricos e outros desprezados da sociedade. O autor ressalta a contribuição das mulheres para a igreja bem como para a teologia quanto a essa abertura com uma visão holística sem estes limites preconceituosos.
  • 33. Psicologia Pastoral O Fundamento de todos os tipos de Poimênica e Aconselhamento. Um relacionamento curativo não acontece de uma vez. Pode ser comparado a uma semente que embora pequena tenha a capacidade de crescer. Assim o aconselhamento deve ser algo crescente. Na primeira sessão de aconselhamento existem cinco passos que devem ser tomados para estabelecer inicialmente uma relação curativa: Se continuar o aconselhamento fazer um contrato com objetivos e expectativas 1º passo: _ Recomendar uma forma de obter ajuda, como um aconselhamento; 2º passo: _ Diagnóstico inicial de como a pessoa se sente interiormente; 3º passo: _ Ouvir com atenção e refletir empaticamente; 4º passo: _ Crescimento em uma Relação de Cura, proporcionar calor e solicitude; 5º passo: _ Desta forma o/a conselheiro/a pode ajudar pessoas que têm dificuldade de se abrir inicialmente não perdendo a oportunidade de um primeiro contato. Outros três conceitos importantes na mente do/a aconselhador/a são qualidades de uma conversa: -terapêutica: com o objetivo de cuidar e curar pessoas, tomando cuidado principalmente com julgamentos; -maiêutica: ajudar a pessoa a nascer e crescer. Segundo a filosofia de Sócrates é uma arte de saber inquirir a pessoa para extrair verdades que estão encobertas; -reconciliação: ajudar a enfrentar situações e reativar os laços quebrados.
  • 34. Psicologia Pastoral Pesquisas apontam, que a maior necessidade de pessoas que procuram aconselhamento ou tratamento terapêutico é de serem ouvidas por alguém. A tarefa mais desafiadora para o aconselhamento não é o que será dito pelo/a conselheiro/a ao/à aconselhando/a e sim o ouvir verdadeiramente durante o atendimento. Principalmente para pastores e pastoras que são tentados/as a falar respondendo de imediato, para alcançar este ouvir verdadeiro é preciso disciplina e treinamento constante. Por isso todo/a conselheiro deve evitar distrações e outras impressões internas que possam lhe impedir de ouvir atentamente, principalmente se o/a conselheiro/a não estiver bem emocionalmente podem acontecer interferências. Segundo Clinibell ,ouvir é: - presença (estar com a pessoa); -prestar atenção somente na pessoa sem interromper; - se interessar pelo que a pessoa está falando; -estar em sintonia com o sentimento da pessoa; - ser empático e reflexivo enquanto a pessoa fala; -ter profundidade na expressão corporal. Para o autor o/a conselheiro/a deve prestar mais atenção aos sentimentos expressos do que às palavras utilizadas na conversa ou fatos ocorridos. O objetivo de ouvir em profundidade proporciona por si só a cura para pessoas em crise quando o/a conselheiro/a alcança uma compreensão empática ou demonstra o desejo de compreender de forma que a pessoa se sinta aceita e motivada ao crescimento.
  • 35. Psicologia Pastoral Antes de continuar as sessões de aconselhamento, o/a conselheiro/a precisa descobrir qual foi a motivação que conduziu a pessoa a procurar sua ajuda. Isso pode ser feito perguntando por que a pessoa procurou aconselhamento pastoral, o que espera do aconselhamento, qual é o problema e o que pode ser feito para ajudar. Enquanto a pessoa fala, deve-se prestar atenção especial aos sentimentos dominantes Algumas motivações talvez estejam encobertas ou inconscientes para a pessoa e não deve haver pressão. Para isso é preciso concentrar-se no problema de apresentação ou problema inicialmente apresentado como motivo de procurar aconselhamento. Mas caso a pessoa seja pressionada a ir a um/a conselheiro/a sem vontade própria, segundo Clinibell cinco passos são tomados para alcançar um diagnóstico: 1.Descobrir como a pessoa vê seu problema; 2.Saber onde a pessoa sente dor e se este é o motivo de procurar ajuda; 3.Encorajar a expressar sua raiva em ter sido pressionada; 4.Aceitar o direito da pessoa em não continuar o aconselhamento; 5.Fazer com que a pessoa se sinta livre e calorosamente envolvida para continuar a conversa apresentando seus verdadeiros motivos para pedir ajuda. Além destas dicas o autor orienta que caso a pessoa seja pressionada a procurar aconselhamento pode- se procurar quem fez tal pressão para participar da próxima sessão porque possivelmente tem algum problema entre as duas pessoas. Neste caso deve também trabalhar a reconciliação entre ambas.
  • 36. Psicologia Pastoral Qualquer tipo de intervenção na fala do/a aconselhando deve ser feita cuidadosamente sem interferir diretamente no que pensa. O/a conselheiro/a pode ajudar a pessoa a elaborar suas palavras para expressar seus sentimentos. Isso pode ser feito através de perguntas referindo-se a como a pessoa se sente. Toda e qualquer intervenção além de cuidadosa deve ter como objetivo alcançar o diagnóstico do problema. O diagnóstico é feito para a continuidade do aconselhamento de forma eficaz e para isso deve-se observar: - as seis áreas da integralidade humana, descobrindo em qual delas está o problema; - a forma de tratamento que pode ser feita para a pessoa, se de curto ou longo prazo ou mesmo se a pessoa deve ser encaminhada para tratamento clínico especializado; - um diagnóstico pastoral, se o/a pastor/a tem condições de atender a necessidade da pessoa a ser aconselhada. Depois de diagnosticar a motivação ou problema inicial é preciso propor uma continuidade no aconselhamento marcando outras sessões para conversar. Isso não deve ser feito diretamente e sim sugerir se dispondo caso a pessoa quiser continuar. Se não aceitar ou procurar novamente deve ser respeitada. Se concordar marcam as próximas sessões e pode ser feito um contrato especificando objetivos, expectativas e a forma do acompanhamento. Para o sucesso da continuidade no aconselhamento o/a conselheiro deve focalizar em cada encontro a catarse emocional que mostrará os verdadeiros sentimentos da pessoa por trás dos diversos problemas que vão sendo apresentados. Essa catarse é alcançada com aceitação solícita através de uma linguagem emocional e compreensiva. Além disso, o aconselhando deve saber que seu engajamento ativo na mobilização de seus próprios recursos é essencial para resolver seus problemas e para o sucesso do aconselhamento muito mais do que qualquer intervenção do/a conselheiro/a.
  • 37. Psicologia Pastoral Dicas de como alcançar a catarse emocional: - Evitar fazer perguntas de informação para não deslocar os sentimentos em detrimento de detalhes ou fatos; - Fazer apenas perguntas de sentimentos ajudando a pessoa a descobrir suas emoções escondidas por trás de suas razões; - Responder aos sentimentos e não tomar tempo com respostas intelectuais; - Ficar atento à portas para os sentimentos com as expressões, palavras, postura corporal ou facial que demonstrem dor, raiva ou qualquer sentimento; - Estar alerta para sentimentos negativos especialmente; - Evitar conselhos e interpretações prematuras sobre os fatos ou sentimentos. Outra preocupação de Clinibell é quanto a aconselhamentos que começam e não têm continuidade, por isso deixa algumas dicas de como evitar isso: - Expressar interesse ativo em trabalhar com a pessoa; - Explicar sobre a necessidade de várias conversas de aconselhamento; - Dar esperança de que o aconselhamento pode ajudar a pessoa; - Desde a primeira entrevista deixar algo para que pessoa possa refletir; - No fim de cada sessão perguntar como se sentiu com a conversa; - Deixar a pessoa à vontade para falar se não está gostando do aconselhamento paraconversarem evitando ocorrer uma interrupção pelo abandono aos encontros; - Conduzir a expectativas realistas de forma gentil; - Fazer um contrato claro determinando o número de sessões como padrão para que otempo seja aproveitado e a pessoa se esforce para alcançar o objetivo.
  • 38. Psicologia Pastoral O autor também orienta prestar atenção em alguns detalhes chamados de mecânicos. As recomendações de Clinibell são: -Publicidade: visto que muitas pessoas não sabem que o/a pastor/a tem habilidade ou treinamento em aconselhamento por isso é preciso divulgar isso na comunidade para que as pessoas procurem o aconselhamento pastoral. Para isso também é preciso organizar a agenda de atendimento pastoral marcando horários. -Ambiente: deve ser em um lugar tranquilo e livre de interrupções e para isso deve desligar o telefone, deixar um cartaz na porta ou ter uma secretária. -Fichário: deve ser um arquivo confidencial com informações sobre os aconselhamentos visando uma visão holística da situação do/a aconselhando/a para um futuro feedback. Isso deve ser feito discretamente e com o conhecimento da pessoa e destruído quando não houver mais utilidade. -Telefone: embora nunca substitua o aconselhamento pessoalmente pode ser utilizado nos intervalos entre as sessões como uma forma de acompanhamento e também na impossibilidade de um encontro deve ser usado como recurso além de servir para marcar horários de aconselhamento. Um sério conselho é que pastores/as nunca podem priorizar questões administrativas a frente dos sentimentos das pessoas. Para isso é preciso ter cuidado na linguagem e nas decisões com pessoas e famílias que estão em crise ou sofrimento. De forma prática Clinibell apresenta uma proposta de como aplicar os princípios no aconselhamento pastoral: 1. Incluir todas as seis dimensões da integralidade inclusive a física; 2.Ter consciência das forças e potencialidades encobertas no/a aconselhando/a e declarar isso quando for apropriado; 3.Usar de forma equilibrada a Fórmula do Crescimento: Solicitude + Confrontação; 4.Ter em mente o objetivo do crescimento-em-direção-à-integralidade articulando com expectativas e desafios; 5.Relacionar-se com o/a aconselhando e considerar sua rede de relacionamentos como seu ambiente de crises e potencialidades para o tratamento; 6.Centralizar a espiritualidade na pessoa levando-a a compreender sua necessidade de crescimento.
  • 39. Psicologia Pastoral Além de focalizar a integralidade humana, há também aptidões essenciais para o ministério do aconselhamento pastoral baseado na experiência de Robertr Carkhuff. As aptidões fundamentais para o aconselhamento são: -comportamento atencioso e solícito até nas expressões corporais e faciais; -fazer perguntas breves convidando a pessoa a falar sobre assuntos significativos para sua vida; -ouvir e observar mensagens não verbais de forma cuidadosa; -deixar a conversa fluir naturalmente evitando mudar de assunto e seguir a iniciativa da pessoa; -responder empaticamente mostrando que compreende o que a pessoa está sentindo; -procurar clarear as coisas de forma que tanto conselheiro/a como aconselhando/atenham consciência de que entendem o que está acontecendo em cada estágio ou sessão; -focar e explorar as áreas mais significativas para a pessoa;- confrontar na medida em que for necessário sempre valorizando a potencialidade da pessoa; -a partir da compreensão por meio de insights diagnósticos recomendar auxílio necessário para a solução do problema. Estas aptidões devem ser alvo de toda pessoa que deseja se preparar para o ministério do aconselhamento de forma holística e desenvolver a capacidade de trabalhar com pessoas conduzindo para a cura e libertação com vistas ao crescimento centrado no Espírito para a restauração da integralidade humana.
  • 40. Psicologia Pastoral O cuidado com as respostas dadas pelo/a conselheiro/a é uma das preocupações no aconselhamento e apresenta cinco tipos de respostas baseado em Elias H. Porter Jr. e uma acrescentada pelo próprio Clinibell. Os seis tipos de respostas são: 1. INTERPRETAÇÃO: Indica a intenção de ensinar, comunicar algo significativo ou explicar o porquê. Útil no aconselhamento matrimonial; 2.APOIO: Indica o propósito de tranquilizar e reduzir o sofrimento. Principalmente em situações de crise as respostas de apoio são muito importantes.; 3.INDAGAÇÃO: Frases que ajudam a pessoa a responder questões internas ou temas para a discussão. Usada no aconselhamento educativo de curto prazo; 4.COMPREENSÃO: Um retorno à pessoa para que saiba que está sendo ouvida deforma empática. Muito importante na fase inicial do aconselhamento; 5.CONSELHO: Sugerir abordagens, ações, crenças ou atitudes recomendando como lidar com o problema. Também útil para aconselhamento de confrontação; 6.AVALIAÇÃO: Um julgamento dos sentimentos da pessoa com uma sugestão embutida. Usado em aconselhamento de confrontação. A seguir um exemplo de como em uma situação de aconselhamento estes tipos de respostas é útil no caso de uma jovem que demonstra ódio pelo próprio pai sem mesmo saber o motivo. O autor apresenta os seis tipos de respostas que podem ajudar neste exemplo específico e ensina como estas respostas podem ser práticas para o aconselhamento. O tipo de resposta mais escasso entre conselheiros é a de compreensão. Para pessoas moralistas rapidamente dão respostas de avaliação. A posição pastoral de autoridade e a tendência a uma resposta pronta e rápida são perigos para o aconselhamento. Quanto a resposta o/a pastor/a deve ser muito cauteloso/a e quanto a autoridade deve ter cuidado para não ser repressivo/a ou criar expectativas de resolver o problema da pessoa fazendo-se continuar dependente e inibindo sua libertação e crescimento.
  • 41. Psicologia Pastoral Mais uma vez Clinibell insiste em que o aconselhamento seja mais inclusivo e transcultural denunciando o sexismo racista e classicista tão forte na sociedade e influente sobre as demais ciências. Para o autor a contribuição de pessoas negras, mulheres deficientes e de diversas culturas é um grande avanço para a poimênica. Não são apenas pessoas de cultura anglo-européia, brancos de classe média e do sexo masculino que precisam e podem fazer o aconselhamento pastoral. Segundo Clinibell é preciso uma abertura para outros backgrounds que é o conteúdo de conhecimento e experiência de vida trazida por pessoas diferentes. A contribuição de diferentes tipos de pessoas é um grande avanço para o aconselhamento pastoral porque abre o leque de alcance deste ministério para pessoas que não têm acesso a outro tratamento terapêutico. Isso é perceptível na formação de grupos que lutam para atender seus desafios étnicos e culturais como, por exemplo, os ministérios negros, feministas, latino- americanos com a teologia da libertação, associações como os Alcoólicos Anônimos e de deficientes que têm lutado pela cura e crescimento atingindo pessoas fora do alcance de tradicionais meios de terapia. Vários estudos demonstram que a principal crise no mundo é a falta de significado chamada de crise existencial e tem como sintomas emocionais um desequilíbrio religioso em forma de excesso ou falta de espiritualidade e o medo da morte como fruto de aceitação, quanto sua origem familiar. O aumento de tecnologia e modernidade tem feito a sociedade quebrar sua ponte histórica e como consequência as pessoas têm perdido seu sentimento de origem e significado existencial. Problemas espirituais também são percebidos conjuntamente com problemas familiares. A ligação entre a figura paterna e divina é um exemplo: ausência do pai pode ser o motivo para não crer em Deus ou um pai muito rigoroso pode fazer a pessoa acreditar em um Deus ditador. Do mesmo modo é possível perceber outras raízes espirituais em problemas familiares como a má convivência entre irmãos e a dificuldade de comunhão com a igreja.
  • 42. Psicologia Pastoral Ao falar sobre a dimensão espiritual em todos os problemas humanos o autor mostra que a ansiedade é um sentimento muito presente em todas as fases da vida humana e mais forte ainda no intervalo entre estas fazes como na adolescência e intervalo da idade adulta para terceira idade. A ansiedade pode ser percebida pelo medo da morte, frustração quanto aos sonhos, falta de sentido para a vida por causa da dificuldade de fazer vínculo com o passado e um medo do futuro por causa das decepções com o passado. Para Paul Tillich a ameaça da ansiedade existencial que toca a ―herança da finitude no ser humano, quando este tem a consciência de sua finitude. Este medo do não-ser tem três formas: -ameaça de destino e morte; -culpa e condenação e vazio ; -perda de sentido tendo no âmago destes sintomas o medo de não-ser. Contudo a religião é uma forma de enfrentar a ansiedade existencial e presta o importante serviço de dar sentido à vida, quando prega o perdão para o passado e esperança para o futuro.
  • 43. Psicologia Pastoral Segundo Paul Tillich o impacto religioso poder ter duas formas de consequências: destrutiva ou Patogênica e a criativa ou Salugênica. Religiosidade Criativa ou Salugênica: -Uma religião aberta que incrementa a vida e capacita a enfrentar a ansiedade existencial ao invés de fugir dela. Ensina a transcender a transitoriedade em busca da fé na eternidade. Uma vida religiosa autêntica ajuda a pessoa a perceber a imagem de Deus dentro de si a aceitar sua existência. Uma religiosidade criativa respeita a realidade, produz comunhão com Deus e com as pessoas e diz um sim à vida acima de tudo. Religiosidade Destrutiva ou Patogênica: -Qualquer forma de idolatria que se torne uma preocupação incondicional como a deificação de posses, saúde, sucesso, álcool, o estado ou uma instituição como a igreja. Uma religiosidade repressiva leva a fugas através da negação do ser manifestam em forma de neuroses mutiladoras. Uma religiosidade patogênica produz doença e bloqueia o crescimento. Manifesta-se em formas rigidas, autoritárias e que negam a realidade.
  • 44. Psicologia Pastoral Sobre como diagnosticar o problema de origem espiritual o autor orienta ao/aconselheiro/a a não ter receio de perguntar sobre questões espirituais ou sentimentais que tenham raízes no espírito como a culpa, o rancor e o medo da morte, por exemplo. Após diagnosticar uma questão de cunho espiritual deve-se conduzir a pessoa quebrantada a um momento de cura para que possa se sentir livre para crescer. Clinibell, pontua dois níveis no processo do aconselhamento: -Ajudar as pessoas a enfrentar seus problemas ou crises; -Encorajar a examinar questões espirituais causadoras dos sintomas. A partir da compreensão das causas fundantes dos problemas espirituais e sua sequente cura é possível dar continuidade ao crescimento por novas portas que vão se abrindo a medida que a pessoa tem forças para enfrentar suas crises existenciais e encontra sentido para a vida.
  • 45. Psicologia Pastoral A importância do uso da Bíblia no aconselhamento e algumas orientações de como utilizar a Bíblia de forma eficiente: 1- permite que a sabedoria bíblica informe o processo através dos insights bíblicos que acontecem durante a conversa; 2- palavras de consolo da Bíblia podem ser muito úteis para ajudar pessoas em situação de sofrimento para fortalecer e curar; 3- ajuda a diagnosticar problemas através dos temas e histórias bíblicas principais que auxiliam a compreender pessoas no aconselhamento; 4- proporciona cura e mudança de pensamentos patogênicos com um ensino adequado da verdade bíblica; 5- a Bíblia ensina o que é bom para manter uma vida espiritual saudável e produz crescimento na fé e nos relacionamentos da comunidade. Clinibell, alerta quanto ao perigo do mau uso da Bíblia na poimênica e no aconselhamento pastoral muito difundido no meio de teologias fundamentalistas que utilizam imagens bíblicas para confrontação das pessoas culpando-as, diagnosticando seus problemas como consequência do pecado e não direcionando para a cura e crescimento.
  • 46. Psicologia Pastoral Deste modo o autor depois de ensinar como utilizar a bíblia no aconselhamento e alertar sobre os riscos do mau uso da Bíblia ainda mostra três erros principais que devem ser evitados que são: 1-O fundamentalismo impede de integrar a sabedoria bíblica com as ciências humanas e disciplinas psicoterápicas; 2-O legalismo faz que o/a conselheiro/a dê conselhos imediatos inibindo o crescimento e aumentando a dependência do aconselhando; 3-O biblicismo rígido impede as pessoas de descobrir a Bíblia como Palavra Viva de Deus que fala e transforma suas vidas. A oração também é um subsídio importante para a poimênica e o aconselhamentopastoral e tem três utilidades principais segundo o autor: 1)Preparação espiritual do/a próprio/a conselheiro/a para o aconselhamento; 2)Para intercessão em favor do/a aconselhando/a; 3)Pode ser ensinada ao/à aconselhando/a como forma pessoal de buscar sua cura e crescimento. Num mundo agitado e cheio de obrigações se torna cada vez mais difícil parar para pensar em Deus. E em meio a tanto materialismo é quase impossível crer no invisível. Por isso e outras coisas a oração é um grande desafio.
  • 47. Psicologia Pastoral ATIVIDADE PROPOSTA DE ENSAIO DA REALIDADE: Exemplo para exercício de ensaio da realidade é recomendado com três tipos de situações-problema podendo ser representados pelo papel do/a paroquiano/a baseado em causas reais no meio do grupo: Primeiro -Sobre conflitos, dúvidas ou confusão de ordem religiosa; Segundo -Uma mulher que não se conforma com os termos masculinos para falarde Deus e quer saber se é aceita como mulher; Terceiro - Um homem de classe média está fraco na fé por causa de problemas desaúde e a esposa desanimada por causa de dívidas com medicamentos. Nos três casos representados o/a paroquiano/a procura o/a pastor/a que deve aconselhar baseado no conteúdo estudado. Enquanto isso o observador ou monitor faz um feedback para enriquecer o conteúdo do grupo. Os papéis podem ser trocados para fazer o aconselhamento.
  • 48. Psicologia Pastoral BIBLIOGRAFIA CLINIBELL, Howard J. Aconselhamento Pastoral: modelo centrado em libertação e crescimento; tradução de Walter O. Schlupp e Luís Marcos Sander. São Leopoldo: Sinodal, 1987.