David Edelstadt nasceu na Rússia e foi um dos primeiros poetas socialistas judeus, escrevendo poemas revolucionários sobre o regime czarista. Após um pogrom em 1881, ele emigrou para os Estados Unidos aos dezesseis anos, onde se juntou ao movimento anarquista. Suas canções sobre direitos dos trabalhadores se tornaram populares na Europa e Estados Unidos. Ele faleceu aos vinte e seis anos de tuberculose, tendo se tornado uma lenda do movimento trabalhista judeu.
1. INFORME MENSAL Zai Gezunt
Ano 2 – Abril de 2.015 No
14
Editores- Rio de Janeiro: Genni Blank / São Paulo: Samuel Belk
DAVID EDELSTADT (1866 - 1892)
David Edelstadt nasceu na cidade de Kaluga,
na Rússia. Ele foi um dos primeiros poetas
socialistas judeus, tendo começado a escrever
poemas revolucionários sobre a Rússia
tzarista. Depois do pogrom de Kiev de 1881,
ligou-se ao movimento Am Olam, que se
preparava para estabelecer comunas agrícolas
nos Estados Unidos. Para lá ele embarcou aos
dezesseis anos de idade, durante o processo de
emigração em massa que começou em 1880,
em decorrência dos pogroms e de fatores
econômicos e políticos na Europa Oriental.
Nos Estados Unidos, porém, ele foi trabalhar
em fábricas insalubres e se aliou ao
movimento anarquista que, na época, exercia
grande influência entre os trabalhadores
judeus. Ele e seus colegas americanos Morris
Winchevsky, Morris Rosenfeld, Iossef
Barshover e Abraham Liesen exerceram,
durante a década de 1880 a 1890, uma
influência enorme na poesia ídish e nas
canções populares da Europa Oriental.
Dezenas de poemas, de todos eles, foram
transformados em canções e musicados por
compositores anônimos, nos dois lados do
Atlântico. Essas canções foram cantadas por
todas as comunidades judaicas.
As canções de David Edelstadt foram muito
populares entre os trabalhadores que lutavam
por melhores condições de trabalho, redução
das jornadas de trabalho e, nos países da
Europa Oriental, pelo fim do absolutismo e da
opressão.
Rudolf Rocker descreve um fato memorável
ocorrido em Londres, quando milhares de
judeus marchavam em direção ao Hyde Park,
em uma enorme demonstração de protesto
contra os terríveis pogroms de judeus russos,
em 1903, em Kishinev.
Em maio de 1891, o jornal Di Fraie Shtime,
(A Voz Livre), de New York, publicou o
poema de Edelstadt, Arbeter froien, (Mulheres
trabalhadoras) que aqui apresentamos.
Com vinte e seis anos de idade falecia vítima
de tuberculose, na cidade de Denver,
Colorado, David Edelstadt, um dos maiores
poetas do movimento anarquista judaico, cujas
canções se espalharam ao mesmo tempo pelos
Estados Unidos e pela Europa. Ele se tornou
uma lenda romântica do jovem movimento
trabalhista judeu.
2. Mulheres trabalhadoras
Mulheres trabalhadoras e sofredoras
Que adoecem em casa e nas fábricas,
Estão afastadas e não ajudam a construir
O templo da liberdade e da felicidade?
Vamos carregar a bandeira vermelha
Na tempestade e nas noites escuras.
Ajude-nos espalhar a verdade e a luz,
Entre os ignorantes e solitários escravos.
Vamos livrar o mundo da imundice,
Atingir com êxito o que nos é querido.
Lutar juntos, como leões valentes,
Por nossos ideais, por liberdade e igualdade.
Mais de uma vez as valentes mulheres,
Fizeram tremer tiranos e tronos,
Elas mostraram que nas piores tormentas
A bandeira sagrada lhes pode ser confiada.
A CIDADE DA GENTE MIUDA
(Dos contos de Scholem Aleichem)
A cidade da gente miúda, amigo espectador,
encontra-se bem no meio da “Zona de Residência”
criada pelo governo Tzarista, onde os judeus
foram amontoados uns sobre os outros, como
arenques num barril, com ordem de crescerem e se
multiplicarem. E o nome desta famosa cidade é
Kasrilevke.
Ganhar para o sábado, eis o ideal desta gente. A
semana inteira eles trabalham, mourejam a duras
penas, comem o pão que o diabo amassou, bebem
a água dos infernos, contanto que garantam o
sábado.!
Dizem que em Kasrilevke nenhum judeu, passava
fome no sábado. Se não houvesse peixe,
conseguia carne. Se não conseguisse carne,
arranjava um arenque e se não arranjasse arenque
contenta-se com pão e cebola. E se não tivesse pão
e cebola, conseguia-os emprestado do vizinho e no
outro sábado o vizinho emprestaria dele.
Não, Kasrilevke ainda não conhece esgotos, água
encanada, eletricidade e outros luxos semelhantes.
Mas qual a diferença? Morre-se em toda parte e se
é enterrado da mema maneira.
Arbeter froien
Arbeter froien, laidnde froien
Froien, vos shmachtn in hois un fabrik
Vos shteit ir fun vaitn,vos helft ir nit boien
Dem templ fun fraihait, fun mentshlechn glik
Helft undz trogn dem baner dem roitn
Forverts, duch shturem,duch fintstere necht
Helft undz varhait un licht tzu farshpreitn,
Tsvishn umvisnde, elnte knecht
Heft undz di velt fun shmuts derheibn
Ales opfern, vos undz is lib
Kemfn tsusamen, vi mechtike laibn
Far fraihait, far glaichhait, far undzer printsip
Nit ain mol hobn shoin nobele froien,
Gemacht tsitern henker un tron,
Zei hobn getsaigt, az men ken zei fartroien,
In biterstn shturem di heilike fon
HUMOR JUDAICO
OS SÁBIOS DE KASRILEVKE
No folclore judaico a cidade de Kasrilevke ,
Polonia, é considerada a cidade da gente miúda,
segundo Scholem Aleichem. Nove judeus colegas
de profissão tiraram férias e foram acampar numa
praia de veraneio. Depois de se bronzear ao sol
decidiram entrar na agua e nadar. Na saída da
agua, para confirmar que nenhum companheiro se
afogou, o primeiro kasrilev começou contar os
companheiros. Ele contou 1, 2, 3, 4............8 .
Estava faltando um.
O segundo também se dispôs a contar e chegou ao
mesmo resultado. Continuando o último kasrilev
igualmente começou a contar 1, 2, 3, 4,...........8 e
resultado igual. Desesperados pela falta de um
companheiro eles pararam a primeira pessoa que
estava passando no local e lhe pediram que fizesse
a contagem dos colegas.
3. O passante pediu para que eles enfiassem o nariz
na areia e em seguida pediu a eles que fizessem a
contagem dos buracos. Eles começaram a contar
1, 2, 3,.........9, realmente ninguém tinha-se
afogado.
Zai Gezunt-Edição do Grupo Amigos do Ídiche
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