1. O documento discute os diferentes conceitos de surdez e surdo, destacando que surdez refere-se à perda auditiva enquanto surdo refere-se à cultura e identidade visual.
2. Há diferentes abordagens sobre surdez produzidas por ouvintes e surdos, sendo que as produzidas por surdos enfatizam a diferença linguística e cultural.
3. O documento explora a relação de poder entre surdos e ouvintes ao longo da história, mostrando como os surdos eram vistos de forma preconceitu
Resposta ao req. nº 753 2012 (cópia do pa nº 1847-2012 referent
Os discursos sobre a surdes e o discurso dos surdos
1. Mirian L. F. Santos Silva
Mestranda FE/UNICAMP
OS DISCURSOS SOBRE A SURDEZ E O
DISCURSO DOS SURDOS
APOIO:
REALIZAÇÃO:
DIA INTERNACIONAL DE LUTA DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA - VALINHOS
2. PRODUÇÃO ACADÊMICA (ON LINE) DE PESQUISADORAS
PÓS-DOUTORAS SURDAS NO BRASIL: TEMAS EM DEBATE
GLADIS PERLIN -
UFSC MARIANNE STUMPF –
UFSC
SILVIA ANDREIS-
WITKOSKI – UTFPR
3. “considera-se pessoa surda aquela que, por ter
perda auditiva, compreende e interage com o
mundo por meio de experiências visuais,
manifestando sua cultura, principalmente pelo uso
da Língua Brasileira de Sinais” – Libras (BRASIL,
2005, p.1)
DEFINIÇÃO DE PESSOA SURDA
(Decreto 5626/2005 que regulamenta a Lei 10436/2002, define no artigo 2°)
4. PERLIN E MIRANDA
SÃO PESQUISADORES SURDOS
Wilson de Oliveira Miranda - UFSM
Gladis Perlin – UFSC – 1ª doutora surda do Brasil e da América Latina
5. Conceito de ser surdo
Se vocês nos perguntarem aqui: o que é ser
surdo?
PERLIN, G.; MIRANDA, W. Tendência – Surdos: o narrar e a política. Ponto
de Vista, Florianópolis, nº 5, p. 218, 2003.
Temos uma resposta: ser surdo é uma questão de vida.
Não se trata de uma deficiência, mas de uma experiência
visual. Experiência visual significa a utilização da visão,
(em substituição total a audição), como meio de
comunicação.
6. Conceito de ser surdo
PERLIN E MIRANDA (2003) trazem o conceito de ser
surdo, voltado a uma diferença linguística, uma vez que o
que o difere é apenas a sua experiência de vida que
acontece através da representação visual.
PERLIN, G.; MIRANDA, W. Tendência – Surdos: o narrar e a política. Ponto
de Vista, Florianópolis, nº 5, p. 218, 2003.
7. Desta experiência visual surge a cultura surda
representada pela língua de sinais, pelo modo diferente de
ser, de se expressar, de conhecer o mundo, de entrar nas
artes, no conhecimento científico e acadêmico.
Conceito de ser surdo/Cultura surda
A cultura surda
comporta a língua de
sinais, a necessidade
do intérprete, de
tecnologia de leitura.
8. Conceito de ser surdo
Para Perlin, Pós Doutora Surda em Educação:
“os surdos se descobrem na diferença”
PERLIN, G. História de vida surda: identidades em questão – Dissertação
de Mestrado, UFGRS, Porto Alegre, 1998 p. 32 e 33.
SER SURDO É UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE!
“O ouvinte constrói seus significados na audição, os
surdos na visão”.
9. Relatório assinala que “no Brasil, 4,6 milhões possuem
deficiência auditiva e 1,1 milhão são surdas, totalizando
aproximadamente 5,7 milhões de pessoas, de acordo com
o censo do IBGE.” (BRASIL, 2014, p. 3) Para realizar o
levantamento o Censo utilizou três categorias: “não
consegue de modo algum” (supostamente, ouvir e
escutar), “grande dificuldade” ou “alguma dificuldade”. Os
Surdos e a surdez desta maneira foram inscritos na ordem
de dificuldade em escutar e ouvir
Relatório sobre a Política Linguística de
Educação Bilíngue -Língua Brasileira de
Sinais e Língua Portuguesa.
BRASIL. Relatório sobre a Política Linguística de Educação Bilíngue – Língua Brasileira de
Sinais e Língua Portuguesa. Grupo de Trabalho, designado pelas Portarias n° 1.060/2013 e n°
91/2013 do MEC/SECADI. Brasília: MEC, 2014b. 23 p. Disponível em: <
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=56513> Acesso: 20 mar. 2017.
11. De acordo com o manual de Educação Infantil:
Saberes e práticas da inclusão, dificuldades de
comunicação e sinalização – Surdez, do Ministério
da Educação e Cultura, (MEC, 2006, p. 19)
A surdez “consiste na perda maior ou menor da
percepção normal dos sons”.
http://portal.mec.gov.br/par/192-secretarias-112877938/seesp-
esducacao-especial-2091755988/12654-saberes-e-praticas-da-inclusao-
educacao-infantil
Conceito de surdez
12. Pela área da saúde e, tradicionalmente, pela área
educacional, o indivíduo com surdez pode ser considerado:
- Parcialmente surdo (com deficiência auditiva – DA)
a) Pessoa com surdez leve – indivíduo que apresenta
perda auditiva de até quarenta decibéis. Essa perda impede
que o indivíduo perceba igualmente todos os fonemas das
palavras. Em geral, esse indivíduo é considerado desatento,
solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe
falam.
Conceito de surdez/surdo
13. b) Pessoa com surdez moderada – indivíduo que
apresenta perda auditiva entre quarenta e setenta decibéis.
É frequente o atraso de linguagem e as alterações
articulatórias, havendo, em alguns casos, maiores
problemas linguísticos.
- Surdo
a) Pessoa com surdez severa – indivíduo que apresenta
perda auditiva entre setenta e noventa decibéis. Este tipo de
perda vai permitir que ele identifique alguns ruídos familiares
e poderá perceber apenas a voz forte, podendo chegar até
aos quatro ou cinco anos sem aprender a falar.
Conceito de surdez/surdo
14. b) Pessoa com surdez profunda – indivíduo que apresenta
perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade
dessa perda é tal que o priva das informações auditivas
necessárias para perceber e identificar a voz humana,
impedindo-o de adquirir a língua oral.
Conceito de surdez/surdo
SURDO NÃO OUVE – PRECISA DA LIBRAS COMO MEIO
DE COMUNICAÇÃO.
D.A. DEFICIENTE AUDITIVO – PODE OUVIR
15. Atualmente, muitos surdos e pesquisadores consideram que o
termo “surdo” refere-se ao indivíduo que percebe o
mundo por meio de experiências visuais e opta por
utilizar a língua de sinais, valorizando a cultura e a
comunidade surda. (MEC, 2006, p. 19-20).
Conceito de surdez
16. Surdez X Surdo
REZENDE também doutora em Educação
e pesquisadora surda, discute a questão
da surdez, e afirma que os discursos
sobre os surdos os constitui:
“como sujeitos a serem corrigidos pela
medicina, pela biotecnologia e pelo
implante coclear estão enredados dentro
do jogo de normalização do padrão
ouvinte. São discursos científicos e
saberes médicos, ciência à qual somos
assujeitados e ainda mesmo resistentes
para uma tecnologia de controle dos
corpos surdos”. (REZENDE, 2012, p. 30)
Professora do INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos - RJ
17. Klein (2001) afirma que os discursos sobre a surdez se
originam e são produzidos num campo de lutas entre
diversos saberes que buscam se legitimar nas diversas
práticas institucionais.
“Esses saberes, articulam-se através de jogos de poder
que devem ser entendidos em sua historicidade”, tendo em
vista que o jogo discursivo está diretamente ligado a um
momento histórico no qual há diferentes formações
discursivas em jogo. (KLEIN, 2001, p. 9)
Surdez X Surdo
KLEIN, M. Movimentos surdos e os discursos sobre a surdez, educação e
trabalho: a constituição do surdo trabalhador. In ANPED, RJ, 2001.
18. Padden e Humphires pesquisadores surdos americanos
discutem a metáfora do silêncio associada à surdez:
[...] Segundo eles, o entendimento de que as pessoas
surdas vivem em um mundo sem som, frequente entre as
pessoas que ouvem, traz um conhecimento errado em
relação às pessoas surdas e sua cultura, uma vez que
ligam o silêncio a uma incapacidade de comunicação
humana, e até mesmo a uma falha para conhecer o
mundo. O silêncio é considerado uma condição da pessoa
surda a partir da experiência acústica dos ouvintes.
(KLEIN, 2001, p.10)
Surdez X Surdo
19. Ser surdo com identificação
naquilo que rompe nos
aspectos que envolvem, a
educação no que nos entendia
como deficientes. Nosso
impulso é para que ela não
mais fique nas malhas da
“correção”, mas nas orientações
fundamentais que despertam
nossa diferença para as
condições de existência.
(PERLIN e STROBEL, 2008, p. 2)
Surdez X Surdo
20. Surdez X Surdo
Segundo a professora mestra e pesquisadora surda
da UFMS - Shirley Vilhalva:
Sobre SURDEZ você precisa estudar:
1. Orelhas;
2. Audiometria;
3. Impedanciometria;
4. AASI - Aparelho de Amplificação
Sonora Individual;
5. IC - Implante Coclear;
6. Educação Auditiva e seus
procedimentos;
7. Treinamento Fonoarticulatório
sistematicamente mínimo - 5 anos
sem interrupção, e
8. Tecnologia e Audição
- Sobre SURDO você precisa estudar:
1. Povo Surdo;
2. Língua de Sinais;
3. Cultura Surda;
4. Identidade Surda;
5. Identidade linguística;
6. Movimento Surdo;
7. Educação Bilíngue;
8. Metodologia de Ensino de Língua
de Sinais como L1;
9. Metodologia de Ensino de Língua
Portuguesa como L2;
21. 10. Escrita da Língua de Sinais;
11. Tecnologia e Materiais em Língua de Sinais;
12. Bilinguismo para Surdo;
13. Português para Surdo;
14. Literatura Surda;
15. Artes Visuais e Artes Surdas;
16. Política Linguística e a Língua de Sinais;
17. História sobre Surdos;
18. História da Língua de Sinais;
19. História da Educação do Surdo no Mundo e no Brasil;
20. Artefatos linguísticos;
21. Cultura surda na diversidade linguística;
22. Língua de Sinais na área etno educacionais;
23. Língua de Sinais nas terras indígenas;
24. Tradutores Intérpretes da Língua de Sinais - surdos e ouvintes;
24. Família Bilíngue e Amigos de Surdo - Estudos Sociais em movimento
surdo;
25. CODA S e Familiares Surdos;
Surdez X Surdo
22. 26. Pais Ouvintes e Filhos Surdos;
27. Escola Bilíngue Língua de Sinais como Língua de Instrução para surdos e
ouvintes;
28. Crianças Surdas e a Língua de Sinais;
29. Crianças Surdocegas e sua educação específica;
30. Surdos com outras deficiências e a Língua de Sinais;
31. Surdo com Alta Habilidade;
32. Surdos e as áreas disciplinares na educação a distancia;
33. Currículo para Disciplina de Língua de Sinais;
34. Língua de Sinais e as legislações na Política Pública e Linguística;
35. Vida Social e Desportiva no Movimento Surdo;
36. Profissionais Surdos: Acesso, Permanência e Conclusão em sua formação
universitária;
37. Surdos Moradores de Rua e a Língua de Sinais;
38. Surdos do Movimento Sem Terra e a Língua de Sinais;
39. Surdos Ciganos e a Língua de Sinais;
40. Outras coisinhas a mais que não me lembro no momento.
Surdez X Surdo
23. Conceitos importantes: Relação de poder
Surdos X Ouvintes
STROBEL doutora surda produziu uma tabela das representações dos
sujeitos surdos em diferentes olhares:
DIFERENTES OLHARES NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
HISTORICISMO
HISTÓRIA CULTURAL
HISTÓRIA CRÍTICA
STROBEl, karin. História da Educação de surdos. UFSC, Florianópolis, SC, 2009, p. 32.
24. HISTORICISMO
Em Estudos Surdos, PERLIN (2003), esclarece que para os surdos, a
definição de historicismo é a história concebida na visão do colonizador,
isto é, do ouvintismo.
HISTÓRIA CRÍTICA
Para STROBEL (2006, p. 32) “Pode haver historicismo e história cultural
que se misturam e usam o jogo de „camuflagem‟ que aqui indica como
„espaço‟ diante dos olhos como incompleto, como fragmento, corte,
máscara, escudo, representação e/ou fingimento.
HISTÓRIA CULTURAL
“É uma nova forma de a história de surdos trabalhar dando lugar à cultura
e não mais a historia escrita sob as visões do colonizador”. A História
Cultural reflete os movimentos mundiais de surdos procurando não ter
uma tendência em priorizar apenas os fatos vivenciados pelos
educadores ouvintes (...) e sim procurar levar através de relatos,
depoimentos, fatos vivenciados e observações de povo surdo...
(STROBEL, 2006, p. 31)
25. HISTORICISMO
Os surdos narrados
como deficientes e
patológicos
Os surdos são
categorizados em
graus de surdez
A educação deve ter
um caráter clinico-
terapêutico e de
reabilitação
A língua de sinais é
prejudicial aos surdos.
HISTÓRIA CRÍTICA
Os surdos narrados
como “coitadinhos” que
precisam de ajuda para
se promoverem, se
integrar
Os surdos têm
capacidade, mas
dependentes.
A educação como
caridade, surdos
“precisam” de ajuda
para apoio escolar,
porque tem dificuldades
de acompanhar.
A língua de sinais é
usada como apoio ou
recurso.
HISTÓRIA CULTURAL
Os surdos narrados
como sujeitos com
experiências visuais
As identidades surdas
são múltiplas e
multifacetadas
A educação de surdos
deve ter respeito à
diferença cultural
A língua de sinais é a
manifestação da
diferença linguística-
cultural relativa aos
surdos
28. SURDO NÃO É MUDO
ATOR SURDO – LEO CASTILHO - VÍDEO
29. Conceitos importantes:
Povo Surdo
Karen Strobel Doutora em Educação Especial e
pesquisadora surda define que:
“Povo surdo é grupo de sujeitos surdos que usam a
mesma língua, que têm costumes, história, tradições
comuns e interesses semelhantes”.
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed.
da UFSC, 2013, p. 37.
30. Para Strobel, “Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo
entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo
acessível e habitável, ajustando-o com suas percepções
visuais, que contribuem para a definição das identidades
surdas e das “almas” das comunidade surdas. Isto significa
que abrange a línguas, as ideias, as crenças, os costumes
e os hábitos do povo surdo”. (STROBEL, 2013, p. 29)
Conceitos importantes:
Cultura Surda
31. Conceitos importantes:
Comunidade Surda
De acordo com os surdos Padden e Humphries apud
Strobel, 2013, p. 37.
Comunidade Surda é um grupo de pessoas que vivem num
determinado local, partilham os objetivos comuns dos seus
membros, e que por diversos meios trabalham no sentido
de alcançarem estes objetivos.
Uma comunidade surda pode incluir pessoas que não são
elas próprias Surdas, mas que apoiam ativamente os
objetivos da comunidade e trabalham em conjunto com as
pessoas Surdas para os alcançar.
32. A maior dificuldade que os surdos encontram é a
comunicacional.
Os surdos do nosso país têm sua língua materna, a
LIBRAS, mas poucas pessoas sabem esta língua!
Para entender melhor a dificuldade que os surdos
enfrentam, imagine-se visitando um país onde você não
conhece a língua e não consegue se comunicar. É
assim que os surdos se sentem, mas com uma
diferença: eles estão no seu próprio país! (FOMIN,
2011)
Dificuldades enfrentadas pelo Povo Surdo
33. O fato dos pais desconhecerem a Língua de Sinais cria
um desconforto e uma situação muito complicada
dentro do próprio lar.
Muitas vezes isso acontece quando os pais se sentem
impotentes diante das barreiras da comunicação com o
próprio filho, e com isso o filho se torna um estranho
dentro de sua casa.
Dificuldades enfrentadas pelo Povo Surdo
“Minha filha entrou no meu mundo quando ela nasceu.
Eu entrei no Mundo dela quando aprendi Libras”.
Samuel Camargo
34. [...] Acredito que os adultos ouvintes que privam seus filhos
da língua de sinais nunca compreenderão o que se passa na
cabeça de uma criança surda. Há a solidão, e a resistência, a
sede de se comunicar e algumas vezes, o ódio. A exclusão
da família, da casa onde todos falam sem se preocupar com
você. Porque é preciso sempre pedir, puxar alguém pela
manga ou pelo vestido para saber, um pouco, um
pouquinho, daquilo que se passa em sua volta. Caso
contrário, a vida é um filme mudo, sem legendas. (LABORIT,
1994, p. 59).
Dificuldades enfrentadas pelo Povo Surdo
35. EDUCAÇÃO DE SURDOS
EDUCAÇÃO
BILÍNGUE
LIBRAS
LÍNGUA DE
INSTRUÇÃO L1
LÍNGUA
PORTUGUESA
ESCRITA L2
PEDAGOGIA
SURDA
DE/PARA
CULTURA
SURDA
CURRÍCULOPROFESSOR
SURDO/
PROFESSOR
BILÍNGUE METODOLOGIA
VISUAL/
GESTUAL
ALUNO
SURDO (PARES)
TRADUTOR/
INTÉRPRETE
DE LIBRAS
SW –
ESCRITA
DE SINAIS
LETRAS
LIBRAS
LETRAS
LIBRAS
GLOSSÁRIO
36. Chega uma hora que o sorriso some...
As lágrimas sangram diretamente do coração...
Principalmente quando o ser surdo tem que ficar
provando que ele também é capaz!!!
Que ele pode fazer a diferença,
é só dar oportunidade...
Que ele pode mudar o mundo,
o mundo em sua volta...
Ser surdo bom
para muitos é surdo
morto intelectualmente!!!
Shirley Vilhalva
9/7/2016
SURDOS X INCLUSÃO