SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  128
Télécharger pour lire hors ligne
DIAGNÓSTICO DA
CADEIA PRODUTIVA
DO LEITE E
DERIVADOS –
Desenvolvimento da
Bacia Leiteira da
Região Tocantina e
Médio Mearim
Elaboração: Realização:
SÃOLUÍS / MARANHÃO
Dezembro / 2003
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE E DERIVADOS
Desenvolvimento da Bacia Leiteira da Região Tocantina e Médio
Mearim
Realização:
SEBRAE/MA
Elaboração:
AGRONEGÓCIOS Projetos e Consultoria Ltda
Equipe Técnica:
Antônio Tadeu Neves Dórea
Eng. Agrônomo; MBA Gestão de Negócios
Heleno Moreira de Paula
Engenheiro Agrônomo; Especialista em Processamento de Frutas Tropicais
Isaac Nicholas Siqueira Viana
Economista; Técnico Processamento de Dados
ii
SUMÁRIO
LISTA DE ANEXOS...................................................................................................iv
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................v
LISTA DE QUADROS................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................vii
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................11
2 NOTAS METODOLÓGICAS ...............................................................................12
3 CENÁRIO MUNDIAL...........................................................................................14
3.1 Tendências da Produção Mundial de Leite.............................................14
3.2 Características do Mercado Mundial de Leite e Derivados ...................15
3.3 Produção versus consumo mundial de produtos lácteos ....................16
4 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO BRASIL ....................................17
4.1 Características da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil ................17
4.2 Evolução da Produção .............................................................................18
4.3 Distribuição Espacial da Produção .........................................................19
4.4 Evolução do Rebanho e da Produtividade .............................................21
4.5 Características do Segmento Industrial..................................................23
4.6 Tendências do Consumo .........................................................................24
4.7 Aspectos da Sazonalidade da Produção e Industrialização de Leite...25
4.8 Tendência de Preços ................................................................................26
4.9 Importações de Derivados .......................................................................28
4.10 Novas relações comerciais do Brasil no mercado internacional de
lácteos........................................................................................................30
4.11 Os Principais Problemas da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil31
5 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO MARANHÃO ............................33
5.1 Evolução da Produção .............................................................................33
5.2 Distribuição Espacial da Produção no Estado.......................................36
5.3 Características da Indústria de Laticínios no Estado do Maranhão.....38
5.4 Evolução da Recepção e Industrialização de Derivados.......................38
5.5 Destino Final do Leite no Estado.............................................................39
5.6 Características do Mercado .....................................................................40
6 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO ......................................................41
6.1 Segmento Produção .................................................................................41
6.1.1 Destino da Produção ......................................................................41
6.1.2 Características da Produção ..........................................................43
6.1.3 Indicadores da Atividade ................................................................49
6.1.4 Características da Gestão ..............................................................52
6.1.5 Avaliação de Conhecimentos sobre a atividade.............................57
6.1.6 Importância social e econômica da pecuária de leite .....................60
6.1.7 Capacitação e Treinamento............................................................60
6.2 Segmento Industrialização.......................................................................62
iii
6.2.1 Histórico das Empresas..................................................................62
6.2.2 Características Administrativas ......................................................63
6.2.3 Uso da Informática .........................................................................69
6.2.4 Gestão da Qualidade......................................................................70
6.2.5 Gestão Ambiental...........................................................................74
6.2.6 Capacitação e Treinamento............................................................76
6.2.7 Perfil de Investimentos ...................................................................79
6.2.8 Relacionamento com o Setor de Produção Primária......................81
6.2.9 Características da Industrialização.................................................83
6.2.10 Desafios para o Setor.....................................................................85
6.3 Segmento Comercialização .....................................................................86
6.3.1 Característica dos entrevistados ....................................................86
6.3.2 Origem dos Derivados lácteos comercializados.............................88
6.3.3 Principais problemas associados à comercialização de derivados
lácteos ............................................................................................89
6.3.4 Principais estímulos para a comercialização de derivados lácteos 93
6.3.5 Percepções do Setor Varejista Sobre a Comercialização de Lácteos
.......................................................................................................94
6.3.6 Capacitação e Treinamento............................................................98
6.3.7 Aspectos Importantes da Comercialização de Produtos Lácteos...99
6.3.8 Percepção do Setor Varejista sobre os Produtos Lácteos Regionais
.....................................................................................................100
7 AMBIENTE INSTITUCIONAL............................................................................102
7.1 Introdução ...............................................................................................102
7.2 Crédito .....................................................................................................103
7.3 Tributação................................................................................................103
7.3.1 Evolução recente dos principais tributos indiretos........................103
7.3.2 Efeitos da tributação sobre a competitividade de leite e derivados
.....................................................................................................105
7.4 Governo do Estado.................................................................................106
7.4.1 Programa Leite é Vida – SESP(Secretaria Extraordinária de Saúde
Preventiva). ..................................................................................106
7.4.2 GEAGRO – Gerencia da Agricultura ............................................106
8 CONCLUSÕES..................................................................................................108
9 RECOMENDAÇÕES .........................................................................................114
9.1 Segmento Produção ...............................................................................114
9.2 Segmento Industrialização.....................................................................115
9.3 Segmento Comercialização ...................................................................115
9.4 Segmento Institucional...........................................................................116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................117
FONTES DE INFORMAÇÃO ..................................................................................118
ANEXOS .................................................................................................................119
iv
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 – Ranking dos 50 maiores municípios produtores de leite no Estado do
Maranhão no ano de 2002 ................................................................120
Anexo 2 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil /
Período: 1998 a 2003........................................................................121
Anexo 3 – Relação das Principais Marcas Comercializadas em cada Segmento123
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Principais países produtores de leite, em 2000...................................14
Tabela 2 – Evolução da Participação das Regiões Brasileiras na Produção Total
de Leite (1990, 1995 e 2000) ..............................................................20
Tabela 3 – Evolução da Produção Brasileira por Regiões e Unidades da
Federação (em bilhões de litros).........................................................21
Tabela 4 – Vacas ordenhadas, produção e produtividade no Brasil, Regiões e
principais estados (2002) ....................................................................22
Tabela 5 – Taxa Média de Crescimento da Produção de Leite (1990 a 2002) .....35
Tabela 6 – Características da Produção de Leite nas Mesorregiões Produtoras do
Estado o Maranhão .............................................................................37
Tabela 7 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil /
Período: 1998 a 2003........................................................................103
vi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Distribuição dos estabelecimentos industriais de processamento de
leite e derivados no estado do Maranhão - por categorias (2003) ......38
Quadro 2 – Principais Tributos Indiretos no Brasil ...............................................104
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Evolução da Produção Leiteira Nacional (em bilhões de litros)...........19
Figura 2 – Evolução da Industrialização Leiteira Nacional Estabelecimentos
Inspecionados. ....................................................................................23
Figura 3 – Evolução do Consumo per capita Nacional (em kg/hab/ano)..............24
Figura 4 – Comportamento Médio Mensal da Industrialização de Leite no Brasil -
1997 a 2001 (Produção Média = 100).................................................26
Figura 5 – Comportamento Médio dos Preços de Queijo Mussarela e Leite em Pó
no Mercado de São Paulo (valor médio = 100). ..................................27
Figura 6 – Importação Anual Brasileira de Lácteos (em equivalente leite)...........29
Figura 7 – Evolução Anual da Produção Leiteira no Maranhão. ..........................33
Figura 8 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / BRASIL (1990 a
2002). ..................................................................................................34
Figura 9 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / Nordeste (1990
a 2002). ...............................................................................................34
Figura 10 – Evolução das Taxas Anuais de Crescimento da Produção de Leite no
Estado do Maranhão (1991 a 2001)....................................................35
Figura 11 – Distribuição Espacial da Produção de Leite na Maranhão por
Mesorregiões (2002). ..........................................................................36
Figura 12 – Evolução da Produção de Leite no Maranhão por Mesorregiões de
1990 a 2002 (em mil litros)..................................................................37
Figura 13 – Evolução da Industrialização Mensal de Leite nas Indústrias
Inspecionadas pelo Serviço de Inspeção Federal no Maranhão.........39
Figura 14 – Destino Final do Leite Produzido no Estado do Maranhão em 2002...40
Figura 15 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme os laticínios que compram
sua produção.......................................................................................42
Figura 16 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme a produção média no último
ano (em litros/dia)................................................................................44
Figura 17 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme a existência de benfeitorias
na propriedade. ...................................................................................46
Figura 18 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme a estrutura do local de
ordenha. ..............................................................................................47
Figura 19 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme o tipo de ordenha................48
Figura 20 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme a composição racial das
vacas...................................................................................................49
Figura 21 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão o tipo de cobertura. ............................50
viii
Figura 22 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme a idade média da novilha na
1ª cria (em meses). .............................................................................51
Figura 23 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme o responsável pela
administração da propriedade.............................................................52
Figura 24 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme o número de anos de
escolaridade do administrador. ...........................................................53
Figura 25 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme as fontes de novos
conhecimentos sobre a atividade leiteira.............................................54
Figura 26 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme os controles aplicados........56
Figura 27 – Distribuição percentual média do total das propriedades dos
entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão
conforme a opinião sobre a sucessão do gado de leite na sua
propriedade. ........................................................................................57
Figura 28 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme opinião em relação a alguns
tópicos de conhecimento técnico da atividade leiteira.........................59
Figura 29 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme a ocorrência dos tipos de
atividades geradoras de renda dentro e fora da propriedade..............60
Figura 30 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme os participantes em
treinamentos no último ano. ................................................................61
Figura 31 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de
leite e derivados no Maranhão conforme sua opinião sobre em qual
assunto deveria acontecer o treinamento............................................62
Figura 32 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme o motivo de abertura da empresa nesse ramo. ...................63
Figura 33 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme a utilização de controles de estoque de produtos acabados e
de almoxarifado...................................................................................66
Figura 34 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme o método adotado para determinação dos custos...............68
Figura 35 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme as áreas em que gostariam que fossem desenvolvidos
programas de computador. .................................................................70
Figura 36 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme a aplicação de algum programa formal implantado para
Gestão de Qualidade Total..................................................................71
Figura 37 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme a satisfação com a qualidade dos produtos fabricados
atualmente...........................................................................................73
ix
Figura 38 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme a principal dificuldade para manutenção da qualidade dos
produtos da empresa...........................................................................74
Figura 39 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme o principal motivo citado para o não tratamento dos resíduos.75
Figura 40 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme os treinamentos mais recentes oferecidos para funcionários
da empresa. ........................................................................................77
Figura 41 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme o principal fator limitante para capacitação dos Recursos
Humanos.............................................................................................78
Figura 42 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme as principais áreas de interesse da empresa para
treinamentos........................................................................................79
Figura 43 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme as áreas em que foi realizado algum investimento na
empresa no último ano........................................................................80
Figura 44 – Distribuição percentual do total dos fornecedores de leite em cada
faixa de fornecimento para as indústrias de laticínios pesquisadas....81
Figura 45 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme a existência de algum programa de estímulo e assistência ao
fornecedor. ..........................................................................................83
Figura 46 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme a recepção atual (em litros de leite/dia)...............................84
Figura 47 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme os principais fatores EXTERNOS citados pela empresa, que
impõem maior desafio à sobrevivência. ..............................................86
Figura 48 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a área do
estabelecimento (m²)...........................................................................87
Figura 49 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme o nº de
check-outs no estabelecimento. ..........................................................88
Figura 50 – Distribuição percentual média do total de cada linha de produtos
comercializada no estabelecimento dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a origem
dos produtos vendidos. .......................................................................89
Figura 51 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os
problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização do
Leite C (pasteurizado). ........................................................................90
Figura 52 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os
problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização de
Iogurte. ................................................................................................92
x
Figura 53 – Percentual de entrevistados que relacionaram a boa aceitação dos
consumidores como característica do comércio dos diversos derivados
lácteos.................................................................................................94
Figura 54 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os
aspectos apontados como limitantes do varejo...................................95
Figura 55 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as
vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em laticínios. 96
Figura 56 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as
vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em
distribuidores.......................................................................................97
Figura 57 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as
desvantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em
distribuidores.......................................................................................98
Figura 58 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a forma
de treinamento dos funcionários para trabalharem com produtos
perecíveis............................................................................................99
Figura 59 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a
preocupação do consumidor com os atributos de qualidade.............100
Figura 60 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento
comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme sua
avaliação dos produtos fabricados no Maranhão em relação aos de
outros estados...................................................................................101
11
1 INTRODUÇÃO
O Pré-Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite no Estado do Maranhão
destaca-se, além de sua individualidade, pela iniciativa pioneira do Sebrae-MA em
estimular a atuação sistêmica de instituições públicas e privadas junto ao setor.
A Cadeia Agroindustrial do Leite no Estado do Maranhão é extremamente
importante, tanto sob a ótica econômica quanto pela social. A pecuária de leite está
presente em todas as regiões do estado, empregando mão-de-obra, gerando
excedentes comercializáveis e garantindo renda para boa parte da população.
Para alcançar sustentabilidade e competitividade numa Cadeia Produtiva, faz-
se necessário promover a formação de uma visão sistêmica no setor, com o objetivo
de estimular o desenvolvimento de ações coordenadas e sustentadas para ampliar a
sua competitividade.
Nesse sentido, o Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite na região
Tocantina e Médio Mearim constitui a etapa inicial da elaboração de estudos
sistêmicos sobre o setor. A elaboração do Diagnóstico é importante para subsidiar a
estruturação inicial do “Plano de Ação” do estado, além de direcionar as ações de
planejamento da realização do diagnóstico global do setor.
12
2 NOTAS METODOLÓGICAS
O procedimento adotado para a elaboração do Diagnóstico da Cadeia
Agroindustrial do Leite do Estado do Maranhão envolveu a combinação de pesquisa
descritiva e pesquisa de campo, respectivamente envolvendo dados secundários
disponíveis em diversas fontes no País e dados primários levantados a partir de
entrevistas realizadas junto às principais instituições e empresas do estado.
As análises da produção, da industrialização e do mercado foram
desenvolvidas com base de dados secundários e primários, principalmente os
obtidos junto aos bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), do Serviço de Inspeção Federal no Maranhão (SIF/MA), da Secretaria de
Agricultura do Maranhão e da Food and Agriculture Organization (FAO),
Organização das Nações Unidas (ONU). Adicionalmente, para os enfoques
específicos, utilizou-se dados secundários obtidos a partir de consultas em livros,
teses e publicações estatísticas ligadas ao setor.
Os dados primários foram obtidos através de aplicação de questionários semi-
estruturados a produtores, industrias e principais canais de distribuição como
padarias, supermercados e lojas especializadas.
As principais instituições no Estado foram visitadas durante a elaboração dos
relatórios, contribuindo para a identificação das principais deficiências da Cadeia.
As diversas taxas de crescimento (taxas geométricas) divulgadas no
diagnóstico foram calculadas pelo método de regressão dos dados de série
temporal, em modelos logaritimizados. A estrutura de análises do Diagnóstico foram
determinadas pelos conjuntos de resultados das análises dos dados secundários,
primários,e pelas constatações observadas durante as etapas de entrevistas junto às
instituições e lideranças da Cadeia Agroindustrial do Leite no Maranhão.
Sempre que possível, os resultados das análises foram confrontados com
experiências positivas de outras regiões do País junto à Cadeia Agroindustrial do
Leite. As áreas enfocadas nas análises foram avaliadas tanto sob a ótica individual
13
quanto sistêmica, buscando embasar a análise final complementar sobre a Cadeia
Agroindustrial do Leite no Maranhão.
O presente Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite no Maranhão foi
realizado pela equipe técnica da AGRONEGÓCIOS Projetos e Consultoria Ltda.
14
3 CENÁRIO MUNDIAL
3.1 Tendências da Produção Mundial de Leite
De 1992 a 2000, a produção mundial de leite reduziu 1% ao ano, passando
de 423.692 para 392.986 milhares de toneladas, segundo dados do Departamento
de Agricultura dos EUA. Reduziram a produção de leite as seguintes regiões: Ex-
URSS, -8,51% ao ano; Europa Oriental, -7,18% ao ano; Europa Ocidental, -4,92%
ao ano; e União Européia, -0,17% ao ano. Por outro lado, aumentaram a produção
de leite as seguintes regiões: Oceania, 5,63% ao ano; Ásia, 2,65% ao ano; América
do Sul, 2,23% ao ano; e América do Norte, 1,48% ao ano.
Em 2000, os EUA foram os maiores produtores de leite, visto que
responderam por 19,51% da produção mundial. O Brasil ocupou o sexto lugar, com
6,36% da produção mundial, segundo dados da Tabela 1. Praticamente em todos os
países há produção de leite de vaca, razão da pequena participação relativa de cada
país (% sobre o total), à exceção dos EUA.
Tabela 1 – Principais países produtores de leite, em 2000
Países % da produção mundial
EUA 19,51
Índia 9,26
Rússia 8,15
Alemanha 7,25
França 6,36
Brasil 5,65
Reino Unido 3,63
Nova Zelândia 3,28
Ucrânia 3,11
Polônia 3,01
Austrália 2,86
Fonte: Dados básicos – USDA.
15
3.2 Características do Mercado Mundial de Leite e Derivados
Uma das principais características do mercado mundial de leite e derivados
refere-se ao elevado protecionismo praticado pelos países industrializados para
garantir artificialmente a renda de seus produtores e o abastecimento doméstico.
Nesse cenário, é comum a criação de incentivos para a exportação e de barreiras
contra a importação.
A intervenção governamental no leite é bastante comum. As políticas para o
setor na maior parte dos países do Primeiro Mundo têm como principal objetivo
aumentar a renda dos produtores e suprir a demanda doméstica por leite “in natura”
e derivados.
Segundo Wilkinson (op. cit.), as políticas adotadas podem ser divididas em
três grandes grupos: (i) planos de preços mínimos e controle da oferta que regulem
a produção de leite; (ii) medidas que protejam o leite contra importações e
aumentem as exportações e (iii) criação de organizações intimamente envolvidas na
indústria do leite.
A maioria dos países adota os preços mínimos na forma de preços-meta
(target price) ou duas faixas de preço. Os produtores são assegurados pelas
compras do governo de derivados ao preço de intervenção ou por quotas que
limitam a produção. Na grande parte dos países produtores de leite com programas
de preço mínimo ou de quotas, a média dos preços do leite fica acima do nível do
mercado internacional.
Outra forma de proteger os produtores é através de mecanismos de proteção
contra importações e preços praticados no mercado internacional. O excesso de leite
é exportado a preços subsidiados que cobrem a diferença entre os preços
domésticos e os praticados no mercado externo.
16
3.3 Produção versus consumo mundial de produtos lácteos
A comparação entre produção e consumo de lácteos, no mundo, deve ser
feita pela divisão dos países em dois blocos: países desenvolvidos, com elevada
renda per capita, e países em desenvolvimento e pobres, com baixa renda per
capita. No primeiro grupo verifica-se que o consumo per capita de leite e derivados
(especialmente queijo) cresceu a uma pequena taxa ou, até mesmo, diminuiu em
alguns países na década de 90. A queda de consumo, nesses países, foi mais
significativa que a da produção, resultando em aumento dos estoques. Tal
comportamento deprime o preço do mercado internacional e amplia a concorrência
para o produtor do Brasil.
No segundo grupo, países em desenvolvimento e pobres, o consumo per
capita de leite e derivados aumentou, significativamente, nos anos 90. Apesar de a
produção de leite desses países ter aumentado, o consumo aumentou ainda mais,
resultando na maior dependência de importações para completar o abastecimento
do mercado doméstico. No caso do Brasil, a relação entre importação/produção
doméstica, na primeira metade dos anos 90, era, em média, de 6% e, na segunda
metade, de 12%.
O menor crescimento do consumo de lácteos nos países ricos e o maior nos
países em desenvolvimento e pobre têm duas conseqüências: 1) Maior pressão de
exportação de derivados lácteos por parte dos países ricos para os do segundo
grupo; 2) Ampliação de ações de empresas multinacionais de laticínios nos países
em desenvolvimento e nos pobres. No Brasil, o caso de maior destaque é o da
Parmalat, segunda maior compradora de leite, que perde apenas para a Nestlé, que
também é uma empresa multinacional. Em resumo, a tendência do mercado
internacional de lácteos sinaliza crescente concorrência para o produtor nacional e,
por conseqüência, necessidade de contínuas melhorias no sistema de produção,
tornando-o mais eficiente e com maior poder de competição.
17
4 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO BRASIL
4.1 Características da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil
A cadeia agroindustrial do leite caracteriza-se como uma das mais
importantes do agronegócio brasileiro, tanto sob a ótica social quanto econômica. Os
segmentos de produção, industrialização e comercialização de leite e derivados
estão presentes em todo o território nacional, desempenhando um papel relevante
no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população
(GOMES et alli, 2001).
Yamaguchi et alli (2001) destacam as características notórias da Cadeia
Agroindustrial do Leite no Brasil, que reforçam sua importância social e econômica
para a economia do País. Entre essas características destaca-se a grande ocupação
de extensas áreas de terra, a geração de empregos para grandes contingentes de
mão-de-obra, a significativa participação na formação da renda do setor
agropecuário nacional e o fornecimento de alimento de alto valor nutritivo para a
população.
Em termos econômicos, a atividade leiteira brasileira participa com quase
15% no PIB – Produto Interno Bruto – da agropecuária nacional, com uma renda
estimada em US$5,5 bilhões.
Nos últimos anos, a Cadeia Agroindustrial do Leite tem passado por grandes
transformações, resultando em profundas mudanças em todos os segmentos do
setor. Historicamente, pode-se distinguir três grandes períodos na evolução recente
da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil:
• Meados dos anos 60 até final da década de 70: período caracterizado por
uma dinâmica de urbanização e conseqüente crescimento na demanda de
leite fluido, integração dos mercados nacionais através da malha rodoviária e
surgimento de novos padrões de consumo de derivados (leite tipo B, iogurtes,
sobremesas lácteas e queijos não-tradicionais). Na década de 70, a pecuária
18
leiteira nacional cresceu 43,7%, passando de 7,1 bilhões de litros em 1970,
para 11,2 bilhões de litros em 1980, portanto, com taxas anuais de
crescimento de 4,8%.
• Década de 80: período caracterizado por forte crise, levando à retração da
demanda e redução dos recursos para pecuária. A retração da produção
estimulou as importações, que por sua vez bloquearam a modernização do
setor. Nesse período, a produção leiteira nacional evoluiu de 11,2 bilhões de
litros em 1980, para 14,5 bilhões de litros em 1990, portanto, com taxas
anuais de crescimento de 2,6%.
• Década de 90: período caracterizado pela liberação de preços e criação do
Mercosul. Esse período teve início a partir de 1991, quando o governo Collor
liberou os preços tanto ao produtor quanto ao consumidor, pondo um fim ao
tabelamento que durou mais de 40 anos. Nesse período, além da
liberalização dos preços de leite, a maior abertura da economia brasileira e a
criação do Mercosul criaram novos padrões de concorrência para a indústria
de laticínios. No contexto do setor lácteo nacional, esses fatos ampliaram a
concorrência e influenciaram decisivamente as estratégias adotadas pelos
segmentos públicos e privados. Nesse período, a produção nacional evoluiu
de 14,5 bilhões para 19,8 bilhões de litros, apresentando taxas de
crescimento de 3,3% ao ano.
Segundo Gomes (2001), essa seqüência de fatores foi responsável pela
expressiva transformação da Cadeia Agroindustrial do Leite nos últimos anos, com
reflexos concretos observados através do aumento significativo da produção de leite
no País, redução do número total de produtores de leite, concentração da produção
e aumento da produtividade, concentração da industrialização e aumento da
concorrência no mercado interno.
4.2 Evolução da Produção
19
Na última década, a produção leiteira nacional cresceu a taxas irregulares,
atingindo um máximo de 12,4% em 1996 e um mínimo negativo de 1,2% em 1993.
Em média, a taxa de crescimento da produção nacional entre 1991 e 2000 foi de
3,3% ao ano.
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Períodos
Produção
Figura 1 – Evolução da Produção Leiteira Nacional (em bilhões de litros).
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.
4.3 Distribuição Espacial da Produção
A maior parte da produção de leite do Brasil encontra-se nas regiões Sudeste
e Sul, que participam com 68,2% do total da produção nacional. Entretanto, percebe-
se uma tendência nítida de alteração desse cenário, com aumento da participação
das regiões Norte e Centro Oeste em detrimento da participação das regiões
Sudeste e Nordeste (Tabela 2).
Três fatores principais contribuem para tendência de expansão da fronteira
das bacias leiteiras, no decorrer dos anos, em direção às regiões Norte e Centro
Oeste do País, em detrimento da produção leiteira na região Sudeste:
20
• a elevada taxa de crescimento populacional dos núcleos metropolitanos da
região Sudeste, ampliando a especulação imobiliária das terras e forçando o
deslocamento da atividade leiteira para outras regiões;
• a existência de programas de incentivo à produção leiteira e ao
desenvolvimento da Cadeia Agroindustrial do Leite em alguns estados das
regiões Centro-Oeste e Norte, proporcionando estímulos positivos para o
aumento da produção e industrialização de leite nessas regiões;
• a expansão da granelização da coleta de leite e da produção de leite longa
vida, proporcionando melhores condições para o transporte do leite fluido
produzido em regiões mais distantes.
Tabela 2 – Evolução da Participação das Regiões Brasileiras na Produção
Total de Leite (1990, 1995 e 2000)
Especificação 1990 1995 2000
Sudeste 47,8 45,8 43,4
Sul 22,5 24,9 24,8
Centro-oeste 11,7 13,6 15,6
Nordeste 14,1 11,5 10,9
Norte 3,9 4,3 5,3
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.
Entre os estados, Minas Gerias lidera a produção nacional, com 29,7% da
produção total em 2000 (5.865,5 bilhões de litros). Os estados de Goiás e Rio
Grande do Sul ocupam o segundo e terceiro lugares, com produções de 2.193,8
bilhões (11,1%) e 2.102,0 bilhões (10,6%) respectivamente (Tabela 3).
21
Tabela 3 – Evolução da Produção Brasileira por Regiões e Unidades da
Federação (em bilhões de litros)
Estado/Região 1990 % 1995 % 2000 %
SUDESTE 6.923,3 47,8 7.539,5 45,8 8,573,7 43,4
Minas Gerais 4.290,8 29,6 4.762,5 28,9 5,865,5 29,7
São Paulo 1.960,8 13,5 1.981,8 12,0 1,861,4 9,4
Rio de Janeiro 390,3 2,7 432,4 2,6 468,8 2,4
Espírito Santo 281,4 1,9 362,7 2,2 378,1 1,9
SUL 3.262,3 22,5 4.102,6 24,9 4,904,4 24,8
Rio Grande do Sul 1.451,8 10,0 1.710,7 10,4 2,102,0 10,6
Paraná 1.160,0 8,0 1.576,5 9,6 1,799,2 9,1
Santa Catarina 650,4 4,5 815,4 4,9 1,003,1 5,1
CENTRO-OESTE 1.698,4 11,7 2.239,0 13,6 3,080,1 15,6
Goiás 1.071,2 7,4 1.450,2 8,8 2,193,8 11,1
Mato Grosso do Sul 398,7 2,8 454,7 2,8 427,3 2,2
Mato Grosso 213,6 1,5 307,4 1,9 422,7 2,1
Distrito Federal 14,0 0,1 26,7 0,2 36,3 0,2
NORDESTE 2.045,3 14,1 1.886,6 11,5 2,159,2 10,9
Bahia 743,8 5,1 668,1 4,1 724,9 3,7
Ceará 293,6 2,0 292,3 1,8 331,9 1,7
Pernambuco 312,5 2,2 212,7 1,3 292,1 1,5
Alagoas 148,6 1,0 201,1 1,2 217,9 1,1
Maranhão 126,9 0,9 145,1 0,9 150,0 0,8
Rio Grande do Norte 1.076,0 0,7 105,6 0,6 144,9 0,7
Sergipe 99,7 0,7 66,0 0,4 115,1 0,6
Paraíba 155,2 1,1 140,0 0,8 105,8 0,5
Piauí 57,9 0,4 55,6 0,3 76,6 0,4
NORTE 568,2 3,9 706,7 4,3 1,049,8 5,3
Rondônia 158,5 1,1 202,2 1,2 422,3 2,1
Pará 231,5 1,6 308,2 1,9 380,3 1,9
Tocantins 105,5 0,7 103,7 0,6 156,0 0,8
Acre 21,4 0,1 29,7 0,2 40,8 0,2
Amazonas 36,6 0,3 49,0 0,3 36,7 0,2
Roraima 13,0 0,1 11,2 0,1 10,0 0,1
Amapá 1,7 0,0 2,7 0,0 3,7 0,0
BRASIL 14.497,4 100,0 16.474,4 100,0 19,767,2 100,0
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.
4.4 Evolução do Rebanho e da Produtividade
O Brasil, apesar de possuir o segundo maior rebanho bovino do mundo,
superado apenas pelo da União Soviética, caracteriza-se por apresentar baixos
níveis de produção por animal na atividade leiteira (WILKINSON, 1993). Estima-se
22
que, atualmente, a média nacional é de aproximadamente 800 litros/vaca/ano,
contra uma média mundial de 2.000 litros/vaca/ano. A principal causa desse baixo
nível de produtividade está na insistência de políticas governamentais descasadas
da realidade do complexo lácteo.
Os países com as maiores produtividades na pecuária leiteira são: Israel,
7.991 kg; EUA, 6.521; Dinamarca, 6.333; Canadá, 5.806; Holanda, 5.236 kg.
Dentro do país, destaca-se a região Sul, com produtividade equivalente a
1.218 litros/cabeça/ano. No entanto, essa produtividade ainda é muito inferior à dos
países mais avançados em termos de pecuária de leite.
Tabela 4 – Vacas ordenhadas, produção e produtividade no Brasil, Regiões
e principais estados (2002)
Regiões
Vacas ordenhadas
(cabeças)
Produção
(1.000 litros)
Produtividade
(lts/cab./ano)
BRASIL 19.005.175 21.643.740 1.139
Norte 2.274.772 1.561.895 687
Nordeste 3.567.421 2.366.493 663
Sudeste 7.019.131 8.747.880 1.246
Sul 2.985.088 5.507.640 1.845
Centro-Oeste 3.158.763 3.459.832 1.095
Estados
Minas Gerais 4.574.085 6.177.356 1.351
Goiás 2.217.158 2.483.366 1.120
Rio Grande do Sul 1.186.301 2.329.607 1.964
Paraná 1.187.065 1.985.343 1.672
São Paulo 1.717.466 1.748.223 1.018
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.
A taxa de crescimento do rebanho (vacas ordenhadas) nas últimas décadas
foi desordenada, chegando a ser negativa em alguns períodos, o que reflete a alta
relação entre pecuária leiteira e pecuária de corte.
23
4.5 Características do Segmento Industrial
O segmento industrial da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil é amplo e
diversificado. A industrialização é feita em diferentes tipos de estabelecimentos, que
a princípio deveriam ser inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal ou pelos
serviços de inspeção estaduais ou pelos serviços de inspeção municipais.
Entretanto, segundo o MAARA (Ministério da Agricultura, do Abastecimento e
da Reforma Agrária), do total de leite produzido no país, somente cerca de 52-57% é
inspecionado pelo governo.
A Figura 2 ilustra a evolução da industrialização brasileira de leite em
estabelecimentos inspecionados de 1997 a 2001. Registra-se aumento da
industrialização a taxas crescentes nesse período.
10,0
10,5
11,0
11,5
12,0
12,5
13,0
13,5
1997 1998 1999 2000 2001 2002
Períodos
embilhõesdelitros
Figura 2 – Evolução da Industrialização Leiteira Nacional Estabelecimentos
Inspecionados.
Fonte: IBGE.
24
4.6 Tendências do Consumo
De acordo com Rios (2001), existe uma tendência mundial de mudanças nos
hábitos de consumo, com ênfase na demanda crescente por qualidade, na
segmentação do mercado e na ampliação da concorrência. Nesse cenário, todos os
segmentos da Cadeia Agroindustrial terão que se adaptar às novas condições do
mercado, explorando seus recursos de forma adequada e utilizando tecnologias
apropriadas.
Na década de 90, o ritmo de lançamento de novos produtos acelerou-se,
seguindo a crescente segmentação de mercado, influenciado por critérios de saúde,
nutrição, mudanças na estrutura da família e consumo fora do lar.
Nesse período, a evolução do consumo tem sido superior à taxa de
crescimento populacional, fato que pode ser percebido através da evolução do
consumo per capita no período.
Esses resultados são expressivos e demonstram o potencial de crescimento
do consumo a partir de melhorias do nível de renda e do poder de compra da
população, observados a partir da estabilização da economia no Brasil.
100
105
110
115
120
125
130
135
140
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Períodos
litros/hab./ano
Figura 3 – Evolução do Consumo per capita Nacional (em kg/hab/ano).
Fonte: MAARA/SPA, MF/SUNAB, SEPLAN/IBGE.
25
Entretanto, apesar das melhorias significativas observadas nos últimos 5
anos, os níveis atuais de consumo per capta de lácteos ainda são baixos, quando
comparados com o nível de consumo preconizado pela FAO (Food and Agriculture
Organization), que é de 221 kg/hab/ano.
4.7 Aspectos da Sazonalidade da Produção e Industrialização de Leite
Uma das principais características da pecuária leiteira no Brasil é a extrema
variabilidade de sua produção, resultando daí uma considerável instabilidade para a
indústria laticinista. A alta variabilidade da recepção de leite nos laticínios produz
grandes variações nos preços de derivados, dificulta a administração da produção e
é um fator de grande incerteza para as indústrias que beneficiam e comercializam
leite e derivados (SEBRAE, 1996).
A sazonalidade é um reflexo direto da baixa especialização dos produtores
que produzem muito leite no período de safra em detrimento da produção na
entressafra.
No Brasil, os períodos de menor e maior recepção de leite correspondem
respectivamente aos meses de junho e dezembro. Nos últimos 5 anos a diferença
média entre o maior e menor volume de leite industrializado mensalmente no país foi
de 24% (Pesquisa Mensal do Leite - IBGE).
A Figura 4 apresenta graficamente o comportamento médio mensal da
industrialização de leite no Brasil.
26
80%
85%
90%
95%
100%
105%
110%
115%
120%
J F M A M J J A S O N D
Meses
Figura 4 – Comportamento Médio Mensal da Industrialização de Leite no
Brasil - 1997 a 2001 (Produção Média = 100).
Fonte: IBGE e RIOS Estudos & Projetos.
Essa extrema variabilidade da industrialização de leite dificulta a
administração da produção e o planejamento de estoques, reduz a eficiência da
indústria no período da entressafra e produz grandes variações nos preços de
derivados durante todo o ano.
4.8 Tendência de Preços
A sazonalidade na produção e na industrialização de leite afetam diretamente
o comportamento do mercado consumidor. Esses efeitos podem ser percebidos
claramente através da análise do comportamento dos preços.
A impossibilidade de se estocar leite na forma “in natura”, as limitações
tecnológicas para estocagem de derivados frescos e a falta de estrutura física e
recursos financeiros das indústrias para estocagem de produtos de uma maneira
geral causam extrema variação na oferta de derivados nos períodos de safra e
entressafra (SEBRAE, 1996).
Essa variação na oferta, por sua vez, obriga a indústria a reduzir os preços
para escoar o excedente de produção nos meses de safra e causa elevação dos
27
preços na entressafra. Esses fatos se agravam uma vez que as políticas de
importação para estabilizar a oferta de derivados têm sido historicamente mal
aplicadas, contribuindo inclusive para aumentar a instabilidade do mercado
(SEBRAE, 1996).
A instabilidade dos preços de derivados no mercado brasileiro pode ser
percebida através da Figura 5. Utilizou-se dados do mercado de lácteos de São
Paulo, considerando que o mesmo é balizador de preços para o mercado nacional.
Os dados foram obtidos junto à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE)
e correspondem às variações médias de preços de derivados lácteos no mercado de
São Paulo nos últimos anos. Os cálculos foram feitos igualando-se o preço anual
médio de cada produto a 100 e calculando-se as variações acima e abaixo desse
valor durante o ano.
80%
90%
100%
110%
120%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
MESES
VARIAÇÃO(%)
leite em pó
mussarela
Figura 5 – Comportamento Médio dos Preços de Queijo Mussarela e Leite em
Pó no Mercado de São Paulo (valor médio = 100).
Fonte: Fundação de Pesquisas Econômicas do Estado de São Paulo 2002(FIPE).
28
4.9 Importações de Derivados
A prática de importações se tornou instrumento constante de minimização das
crises de abastecimento nos períodos críticos de entressafra. Essa iniciativa, apesar
de válida do ponto de vista conjuntural, aprofundou o problema estrutural do setor,
devido a sua freqüência. Os baixos preços de internalização dos produtos, como
leite em pó, manteiga e queijos, altamente subsidiados nos países de origem,
desestimularam tanto a produção na entressafra quanto a formação de estoques
durante a safra.
Por sua vez, a sazonalidade e os baixos níveis de produção de leite
reduziram a oferta de derivados e provocaram desabastecimento do mercado
interno, particularmente nos meses de entressafra. Dessa forma, ainda que
apresentando um baixo consumo per capta, historicamente a produção brasileira de
derivados não atendeu à sua própria demanda interna. De acordo com o banco de
dados da FAO, o consumo de derivados lácteos no Brasil ainda é pequeno quando
comparado com outros países. Na tentativa de equacionar esses problemas, mais
uma vez a solução histórica encontrada pelo governo foi a importação indiscriminada
de derivados, sem regras de longo prazo ou normas disciplinadoras, deixando o
mercado interno e os preços ainda mais instáveis (Sebrae, 1996).
Nesse cenário, a prática de importações se tornou instrumento constante de
minimização das crises de abastecimento nos períodos críticos de entressafra. Essa
iniciativa, apesar de válida do ponto de vista conjuntural, aprofundou o problema
estrutural do setor devido à sua frequência. Os baixos preços de internalização dos
produtos, como leite em pó, manteiga e queijos, altamente subsidiados nos países
de origem, desestimularam tanto a produção na entressafra quanto a formação de
estoques durante a safra (WILKINSON, op cit).
Em 1995 e 1996, com a abertura comercial e a melhoria do consumo
estimulada pelo Plano Real, as importações de lácteos mais que duplicaram em
relação à sua média histórica (média histórica de 1 bilhão de litros). Em 1995 foram
importados o equivalente a 3,2 bilhões de litros de leite. Em 1996, este valor foi
29
reduzido passando para 2,3 bilhões de litros, sinalizando um aumento de
investimento setorial e conseqüente elevação da produção interna.
No cenário histórico de importações, destaque especial deve ser dado aos
trabalhos realizados pela CNA nos últimos anos, que culminaram com a definição de
pautas e regras mais estáveis para importação de lácteos no Brasil. Essa conquista
reduziu, em grande parte, as incertezas associadas ao processo histórico de
importação de lácteos no País.
A Figura 6 ilustra a evolução das importações anuais de leite pelo Brasil, de
1980 a 2001, enfatizando que os maiores picos de importação são simultâneos a
momentos de expansão do consumo, e concomitantemente aos planos econômicos
que reduziram a inflação e aumentaram o poder de compra da população (Plano
Cruzado e Plano Real).
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
emmilhõesdelitros
Figura 6 – Importação Anual Brasileira de Lácteos (em equivalente leite).
Fonte: IBGE, MAA, MF, SECEX/MDIC.
30
4.10 Novas relações comerciais do Brasil no mercado internacional de lácteos
Após a fixação do direito antidumping em 23 de fevereiro de 2001, a produção
de leite no Brasil cresceu significativamente. Os efeitos do enorme crescimento da
produção só não foram maiores porque as importações, neste ano, foram muito
menores do que as do ano anterior. Ao lado do crescimento da produção verifica-se
forte retração do consumo, provocada, principalmente, pela crise de energia elétrica
denominada “apagão”. A combinação de crescimento da oferta e retração da
demanda provocou um fenômeno pouco conhecido no mercado doméstico de
lácteos, qual seja, elevada queda do preço do leite em pleno período de entressafra.
De janeiro a dezembro de 2001, a produção de leite no Brasil, quando
comparada com a de igual período em 2000, cresceu 5%. Vale registrar que a taxa
histórica de crescimento da produção nacional é de 3% ao ano. Quanto à
importação de lácteos, esta reduziu de janeiro a dezembro de 2001, em relação a
igual período de 2000, em cerca de 50%.
O desajuste do mercado doméstico de lácteos, a partir de junho de 2001,
provocou duas reações dos produtores: 1) Acusação de que a queda do preço era
ampliada pela indústria e pelo distribuidor (supermercado); e 2) Despertou a cadeia
produtiva do leite para a possibilidade de exportar o excedente, como forma de
enxugar o mercado, nesse momento de crise.
Nos últimos dois anos, o mercado doméstico de lácteos experimentou duas
situações opostas, quais sejam, muitas importações em 2000 e a possibilidade de
exportar o excedente do mercado em 2001. Tais experiências colocam o setor de
lácteos em situação semelhante à de outros produtos, tais como milho e carne
bovina, que ora são importados, ora são exportados, dependendo dos mercados
doméstico e internacional. Assim, as novas relações comerciais do Brasil no
mercado internacional têm duas frentes: uma referente às importações e outra, às
exportações. Para as importações, a estratégica é neutralizar, com tarifas
compensatórias, as distorções do mercado; para a exportação, há necessidade de
significativos investimentos na qualidade de leite e derivados.
31
4.11 Os Principais Problemas da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil
A análise histórica da economia agrícola brasileira mostra que a atividade
leiteira foi a mais penalizada pelas políticas públicas. A característica mais marcante
das políticas que afetaram a atividade leiteira diz respeito à busca de resultados
imediatos ou de curto prazo. Pouco se fez numa perspectiva de mais longo prazo,
objetivando solucionar os enormes problemas estruturais da atividade (WILKINSON,
1992).
Em decorrência dessas políticas imediatistas, o problema mais grave da
pecuária leiteira se tornou a baixa especialização de seus produtores, limitando
historicamente tanto a eficiência quanto o crescimento do setor leiteiro no País, além
de provocar grande sazonalidade na produção de leite.
Yamaguchi et alli (2001) destacam as principais características responsáveis
pelo atraso da produção leiteira nacional:
a) o segmento da produção primária é composta em maior parte por pequenos
produtores, que atuam de forma bastante atomizada no mercado;
b) a tecnologia de produção tradicionalmente utilizada por grande parte dos
produtores é caracterizada pela utilização de terra e mão-de-obra como
fatores básicos de produção, sendo poupadora de capital;
c) o rebanho leiteiro nacional é constituído, em sua maioria, por animais
mestiços que se prestam à dupla finalidade leite/carne, sendo reconhecidos
como de baixo potencial genético para a produção de leite;
d) as pastagens nativas constituem a base da sustentação alimentar do rebanho
leiteiro nacional. Entretanto, em geral essas pastagens ocupam áreas de
baixa fertilidade natural ou degradadas pela prática da agricultura extrativista
do passado, ou ainda, áreas de topografia acidentada, de reduzido interesse
para a atividade agrícola;
32
e) ao lado da não-especialização do rebanho e da alimentação deficiente, são
também insatisfatórios os aspectos de manejo geral do rebanho, controle
reprodutivo, práticas sanitárias, condições gerais de higiene, infra-estrutura de
produção e práticas administrativas.
Os autores destacam que esse quadro é agravado ainda mais, quando
associado à ausência de uma política setorial bem definida e de longo prazo,
resultando em ações quase sempre imediatistas e sem grande contribuição efetiva
para o desenvolvimento da pecuária leiteira nacional.
33
5 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO MARANHÃO
5.1 Evolução da Produção
A produção de leite no Maranhão representa 0,9% da produção nacional e
8,26% da produção total da região Nordeste, com um volume total de 195,4 milhões
de litros produzidos em 2002 (IBGE, 2003), conforme demonstrado na Figura 7.
120.000
130.000
140.000
150.000
160.000
170.000
180.000
190.000
200.000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Períodos
emmillitros
Figura 7 – Evolução Anual da Produção Leiteira no Maranhão.
Fonte: IBGE.
Considerando-se o cenário nacional, na última década o estado do Maranhão
apresentou um pequeno aumento de participação relativa em relação ao restante do
País, mas obteve um elevado crescimento em relação à região Nordeste. Entre 1990
e 2002 a participação do estado foi aumentada de 0,88% para 0,9% em relação à
produção brasileira e sua importância em relação à região Nordeste passou de
6,21% para 8,26% no mesmo período.
As Figura 8 e Figura 9 apresentam a evolução da participação da produção
leiteira no estado do Maranhão em relação à produção do Brasil e da região
Nordeste, respectivamente.
34
0,90%
0,90%
0,80%
0,90%
0,90%
0,90%
0,80%
0,70%
0,70%
0,70%
0,80%
0,76%
0,90%
0,0% 0,2% 0,4% 0,6% 0,8% 1,0%
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Figura 8 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / BRASIL
(1990 a 2002).
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.
6,21%
6,20%
5,80%
7,90%
7,90%
7,70%
5,90%
5,80%
6,60%
7,00%
6,90%
6,86%
8,26%
0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0%
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Figura 9 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / Nordeste
(1990 a 2002).
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.
A recuperação da participação do estado do Maranhão em relação à
produção nacional e à da região Nordeste é decorrente da elevada taxa de
crescimento da produção de leite no estado em relação à produção nacional e
regional entre 2001 e 2002. No período de 1990 a 2002, a produção nacional
cresceu a uma taxa anual média de 3,3%, enquanto o estado do Maranhão
apresentou uma taxa de crescimento média de 2,2% ao ano.
35
As taxas médias de crescimento da produção no Brasil, na região Nordeste e
no estado do Maranhão estão apresentadas na Tabela 5.
Tabela 5 – Taxa Média de Crescimento da Produção de Leite (1990 a 2002)
Descrição Taxa Geométrica de Crescimento (1990/2002)
Brasil 3,3%
Nordeste 1,1%
Maranhão 2,2%
Fonte: IBGE
O desempenho da produção de leite no estado do Maranhão poderia ter sido
superior ao observado para o conjunto do País, caso não fossem as taxas negativas
de crescimento registradas principalmente no período de 1996 a 1998, quando a
produção do estado apresentou sucessivas reduções. Entretanto, a partir de 1999 a
produção no estado voltou a crescer a taxas superiores ao observado para o
conjunto do Brasil, principalmente entre 2001 e 2002 (Figura 10).
5,90%
-2,50%
1,90%
5,20%
3,30%
-4,00%
-0,30% -1,00%
3,70%
5,20%
3,70%
25,70%
-10%
-5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
taxadecrescimentoanual
Figura 10 – Evolução das Taxas Anuais de Crescimento da Produção de Leite
no Estado do Maranhão (1991 a 2001)
Fonte: IBGE.
Portanto, uma vez mantidas as taxas positivas de desempenho global da
pecuária leiteira no estado do Maranhão nos próximos anos, espera-se um aumento
36
gradual da importância da pecuária leiteira maranhense em relação à pecuária
nacional.
5.2 Distribuição Espacial da Produção no Estado
Para fins de avaliação do comportamento interno da produção de leite no
estado, utilizou-se a classificação adotada pelo IBGE que identifica as mesorregiões
do estado. A Figura 11 apresenta graficamente a participação relativa das 5
mesorregiões em relação à produção total do estado.
Oeste Maranhense -
MA
49,7%
Norte Maranhense -
MA
7,1%
Centro Maranhense -
MA
22,9%
Leste Maranhense -
MA
8,0%
Sul Maranhense - MA
12,3%
Figura 11 – Distribuição Espacial da Produção de Leite na Maranhão por
Mesorregiões (2002).
Fonte: IBGE.
Apesar do resultado positivo da evolução da produção de leite no Maranhão
durante a última década, esse comportamento não foi homogêneo internamente no
estado. Enquanto algumas mesorregiões apresentaram certo grau de estagnação,
outras tiveram sua produção ampliada a taxas muito superiores ao comportamento
médio no estado (Figura 12).
37
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Norte Maranhense - MA Oeste Maranhense - MA Centro Maranhense - MA
Leste Maranhense - MA Sul Maranhense - MA
Figura 12 – Evolução da Produção de Leite no Maranhão por Mesorregiões de
1990 a 2002 (em mil litros).
Fonte: IBGE.
Como resultado desse processo, observa-se uma mudança no cenário
estadual de produção de leite, com algumas mesorregiões ganhando maior
importância em detrimento de outras.
As características de produção das mesorregiões do estado estão
apresentadas na Tabela 6, que traz ainda informações sobre a importância relativa
das mesorregiões em relação à produção total do estado e sobre a taxa geométrica
de crescimento da produção entre 1990 e 2002.
Tabela 6 – Características da Produção de Leite nas Mesorregiões
Produtoras do Estado o Maranhão
Mesorregiões
Produção em 2002
(mil litros)
Importância
Relativa (%)
TGC *
1990/2002
Norte Maranhense - MA 13.927 7,13% 2,39%
Oeste Maranhense - MA 97.100 49,68% 5,16%
Centro Maranhense - MA 44.743 22,89% -0,64%
Leste Maranhense - MA 15.681 8,02% 3,49%
Sul Maranhense - MA 23.996 12,28% -1,68%
Maranhão 195.447 100,0 2,20%
* TGC – Taxa Geométrica de Crescimento no período.
Fonte: IBGE.
38
5.3 Características da Indústria de Laticínios no Estado do Maranhão
O segmento industrial da Cadeia Agroindustrial do Leite no estado do
Maranhão pode ser dividido em quatro grandes grupos, de acordo com suas
características particulares de atendimento às normas de inspeção sanitária de
produtos de origem animal – laticínios com inspeção federal, laticínios com inspeção
estadual, laticínios com inspeção municipal e laticínios sem inspeção sanitária.
Quadro 1 – Distribuição dos estabelecimentos industriais de processamento
de leite e derivados no estado do Maranhão - por categorias
(2003)
Categorias Número de Estabelecimentos
Laticínios com registro SIF (federal) 07
Laticínios com registro SIE (estadual) 13
Laticínios com registro SIM (municipal) (desconhecido)
Laticínios sem inspeção sanitária (desconhecido)
Fonte: Serviço de Inspeção Federal – SIF e Serviço de Inspeção Estadual – SIE
O tipo de inspeção sanitária à qual as empresas estão vinculadas determina a
esfera comercial possível de atuação pela mesma. As empresas com registro SIF
podem comercializar seus produtos em todos os estados brasileiros, as empresas
com registro SIE podem comercializar seus produtos somente dentro do estado do
Maranhão e as empresas com registro SIM podem atuar somente dentro do
município onde a mesma encontra-se instalada. As empresas sem registro sanitário
são consideradas clandestinas.
5.4 Evolução da Recepção e Industrialização de Derivados
A Figura 13 ilustra a evolução da industrialização de leite no estado do
Maranhão em estabelecimentos inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal
entre 1998 a 2002. Registra-se aumento da industrialização a taxas crescentes
nesse período, com taxas relativamente baixas de sazonalidade na maior parte do
período analisado.
39
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
emmilhõesdelitros
Figura 13 – Evolução da Industrialização Mensal de Leite nas Indústrias
Inspecionadas pelo Serviço de Inspeção Federal no Maranhão.
Fonte: IBGE e Serviço de Inspeção Federal – SIF.
5.5 Destino Final do Leite no Estado
A Figura 14 ilustra a destinação final do leite no estado do Maranhão,
considerando o comportamento no período de 1997 a 2001. Os valores foram
calculados com base em informações do IBGE sobre a produção de leite no estado
em comparação com os valores registrados pelo Serviço de Inspeção Federal e
ainda considerando os valores estimados para os estabelecimentos com registro SIE
através dos resultados da pesquisa de campo.
Os números são suficientes para demonstrar o elevado grau de informalidade
sanitária no estado, uma vez que somente um reduzido percentual do leite produzido
é captado por estabelecimentos inspecionados pelo SIF ou SIE.
40
SIE
21%
SIF
19%
Informal
60%
Figura 14 – Destino Final do Leite Produzido no Estado do Maranhão em 2002.
Fonte: Serviço de Inspeção Federal – SIF/MA, Serviço de Inspeção Estadual do Estado do
Maranhão.
Adaptado por RIOS Estudos & Projetos
5.6 Características do Mercado
É consenso no setor lácteo nacional de que o mercado do Nordeste,
representam um grande potencial para a comercialização de derivados lácteos.
Além do mercado existente, é importante ressaltar as oportunidades
decorrentes da ampliação da renda nacional, particularmente na região Nordeste,
onde a demanda reprimida da população representa uma oportunidade a ser
explorada pelas empresas instaladas nesses estados.
Não existem dados estatísticos disponíveis sobre o consumo de derivados
lácteos no Maranhão. Entretanto, dados primários coletados durante a pesquisa,
junto às principais redes de supermercados do estado, indicam as principais
características do comércio no Maranhão.
Em relação às grandes redes de supermercados, as informações
disponibilizadas sobre a compra de derivados lácteos indicam que grande parte da
41
aquisição desses produtos é originária de outros estados, uma vez que poucas
empresas inspecionadas operam no Estado do Maranhão.
6 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
6.1 Segmento Produção
Os trabalhos de pesquisa de campo desenvolvidos junto ao setor de produção
de leite tiveram como prioridade a identificação das características gerenciais e
tecnológicas dos produtores de leite associados às empresas de laticínios
formalmente estabelecidas na região de estudo.
Essa estratégia foi definida com o objetivo de avaliar detalhadamente as
características dos produtores integrados formalmente à Cadeia Produtiva do Leite
na região. Destaca-se que as avaliações sobre o universo dos produtores foram
anteriormente estudadas detalhadamente através dos trabalhos coordenados pela
agência regional do Sebrae de Bacabal.
O presente estudo, portanto, complementa os resultados obtidos através do
diagnóstico global da produção desenvolvido pela agência regional do Sebrae de
Bacabal, aprofundando as análises em relação à estrutura de produção e às
características gerenciais do grupo de produtores de leite que possui vínculos com
as empresas de laticínios instaladas na região.
6.1.1 Destino da Produção
42
Refletindo o direcionamento dado à metodologia da pesquisa, que privilegiou
a realização de entrevistas junto aos produtores vinculados aos laticínios, a venda
do leite para empresas regionais constitui-se no principal destino da produção de
leite entre os produtores participantes da pesquisa. Entre os produtores
entrevistados, 76% vendem sua produção para empresas instaladas na região.
Entretanto, outros resultados identificados na pesquisa são a venda para
atravessadores, a fabricação de queijos na própria propriedade e a venda do leite “in
natura” diretamente para consumidores (Figura 15).
76%
14%
7%
3%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Laticinios da Região
Atravessador
Beneficia o próprio Leite
(Queijo)
Venda in Natura
Figura 15 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme os laticínios que
compram sua produção.
Fonte: Dados da pesquisa.
A elevada incidência de produtores que vendem leite diretamente aos
laticínios da região justifica-se pelo direcionamento dado à pesquisa de campo, cujo
foco de entrevistas priorizou a realização de entrevistas junto aos produtores
associados aos laticínios formalmente instalados na região.
Entretanto, observa-se que a presença do comércio de leite junto aos
atravessadores é significativa, mesmo entre os produtores vinculados aos laticínios
regionais, onde a industrialização do próprio leite e a venda do leite “in natura” ainda
43
apresentam importância sobre o destino final da produção, confirmando que esses
modelos informais de comercialização são realmente expressivos na região de
estudo.
Esses resultados são coerentes com os obtidos pelo levantamento da
produção de leite na região, desenvolvido sob coordenação do Sebrae-Bacabal,
onde o conjunto dos produtores da região de estudo apresenta grande incidência de
comercialização de leite para atravessadores e ainda na forma “in natura”,
constituindo os dois principais destinos da produção em diversos municípios da
região estudada.
Destaca-se que a comercialização de leite para atravessadores tem como
principal característica a posterior transferência do mesmo para ser industrializado
por empresas instaladas fora do estado do Maranhão, transferindo renda para fora
do estado.
A comercialização de leite na forma “in natura” diretamente aos consumidores
finais, por sua vez, reflete o elevado grau de informalidade da Cadeia Produtiva do
Leite no estado do Maranhão e, particularmente, na região de estudo. Nesses casos,
a comercialização de leite cru está associada principalmente aos aspectos culturais
de consumo de leite pela população regional, à reduzida presença de usinas ou de
mini-usinas de processamento de leite na região e também à falta de fiscalização
sanitária adequada junto ao mercado.
6.1.2 Características da Produção
6.1.2.1 Produção Diária de Leite
Os resultados dos trabalhos de campo demonstram que a região de estudo é
caracterizada pela presença de produtores de micro e pequeno porte, cuja produção
média diária situa-se em faixas inferiores a 100 litros de leite/dia (Figura 16).
44
11,11%
51,85%
7,41%
18,52%
11,11%
de 0 a 50
de 50 a 100
de 100 a 150
de 150 a 200
de 200 acima
Figura 16 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme a produção média no
último ano (em litros/dia).
Fonte: Dados da pesquisa.
Apesar de inicialmente apresentar-se como uma dificuldade para o
desenvolvimento e modernização do setor, que gradativamente vem exigindo
maiores volumes de produção para justificar os investimentos em modernização,
estudos realizados em outras regiões do Brasil demonstram claramente a viabilidade
da produção de leite em pequena escala, desde que sejam adotadas estratégias
adequadas de produção.
Nesses casos, a atividade de produção de leite apresenta-se como sendo
extremamente importante para o desenvolvimento econômico e social das
comunidades, uma vez que apresenta potencial para gerar renda durante o ano todo
e ainda envolver grande volume de mão-de-obra em todas as etapas dos processos
produtivos.
45
6.1.2.2 Infra-estrutura Disponível para Produção
As análises relativas à infra-estrutura disponível para o desenvolvimento das
atividades de produção de leite contribuem para a avaliação do grau de
especialização dos produtores entrevistados em relação ao desenvolvimento da
atividade.
6.1.2.2.1 Características de Uso da Terra
Os resultados da pesquisa de campo demonstram que a totalidade dos
produtores entrevistados possui pelo menos parte de suas terras ocupada com
pastagens formadas, destinadas à alimentação do rebanho.
6.1.2.2.2 Existência de Benfeitorias
Entre os produtores participantes da pesquisa, 85%, 78% e 59% possuem
respectivamente energia elétrica, casa sede e casa de empregados na propriedade.
Entretanto, considerando-se especificamente a existência de benfeitorias
específicas para a atividade de produção de leite, os resultados demonstram que
somente 41% das propriedades possuem currais e 4% apresentam estábulos.
Portanto, a maioria das fazendas desenvolve as atividades de produção de leite sem
condições adequadas para a manutenção das exigências básicas de qualidade e
cuidados com o rebanho (Figura 17).
46
77,78%
59,26%
40,74%
3,70%
85,19%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00
%
Casa sede
Casa empregados
Curral
Estábulo
Energia elétrica
Figura 17 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme a existência de
benfeitorias na propriedade.
Fonte: Dados da pesquisa.
6.1.2.2.3 Infra-estrutura do local de ordenha
A existência de infra-estrutura apropriada para realização das ordenhas
constitui-se num fator importante para a produção de leite de qualidade, uma vez
que os maiores riscos de contaminação do leite estão presentes no momento da
ordenha dos animais.
Apesar disso, 33% dos entrevistados declararam que não possuem sequer
um local específico para realização da ordenha, sendo a mesma executada em
campo aberto. Nas demais propriedades, 55,6% possuem sala de ordenha com
“chão-batido”, sem piso apropriado. Somente 14,8% das propriedades possuem
estábulos específicos para a prática da atividade.
Esses resultados são significativos, uma vez que reduzem as condições
básicas necessárias para a produção de leite de qualidade pelos produtores da
região (Figura 18).
47
55,56%
14,81%
33,33% Sala de ordenha em chão batido
Estábulo com ordenha manual
Não tem local isolado para
ordenha
Figura 18 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme a estrutura do local de
ordenha.
Fonte: Dados da pesquisa.
6.1.2.3 Tipo de Ordenha
O sistema de ordenha adotado pela totalidade dos produtores entrevistados é
manual, não tendo sido registrada nenhuma propriedade com ordenha mecânica
(Figura 19). Essa característica reflete a realidade da produção de leite regional,
uma vez que o uso de sistemas de ordenha mecânica só é viável para fazendas cuja
produção de leite justifique os investimentos em equipamentos.
48
100,00%
0,00%
0,00%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%
Manual
Mecânica
Ambas
Figura 19 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme o tipo de ordenha.
Fonte: Dados da pesquisa.
A baixa aptidão leiteira dos rebanhos pode ser percebida também pela
característica de exploração da atividade na região. Quando avaliamos a freqüência
de ordenhas realizada diariamente, constatou-se que predomina na região a prática
de se realizar somente uma ordenha por dia, característica essa associada a
rebanhos de baixo potencial leiteiro.
6.1.2.4 Características do Rebanho
Os rebanhos na região de estudo caracterizam-se principalmente pela
presença de animais mestiços holandês-zebu, em diferentes graus de
consangüinidade (Figura 20).
49
40,74%
3,70%
74,07%
3,70%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%
Mestiço menos de ½ HZ
Mestiço em torno de ½ HZ
Azebuado
Mestiço mais de ½ HZ
Figura 20 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme a composição racial
das vacas.
Fonte: Dados da pesquisa.
Essa mesma característica se mantém quando analisamos as características
de raça dos reprodutores, indicando que a predominância da raça mestiça deva
prevalecer na região.
6.1.3 Indicadores da Atividade
6.1.3.1 Modelos Reprodutivos
O modelo reprodutivo predominante na região é a monta natural não-
controlada, onde os animais machos e fêmeas ficam soltos juntos no pasto e
nenhum controle é feito sobre os períodos reprodutivos adequados (Figura 21).
50
92,59%
7,41% 0,00%
Natural não controlada
Natural controlada
Inseminação artificial
Figura 21 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão o tipo de cobertura.
Fonte: Dados da pesquisa.
A monta natural não-controlada é considerada ineficiente em termos
reprodutivos, uma vez que não permite explorar adequadamente o potencial
reprodutivo do rebanho, que muitas vezes apresenta eficiência reprodutiva muito
inferior aos índices considerados adequados para a atividade.
Outra causa de baixa eficiência reprodutiva pode ser percebida no controle
relativo à primeira cobertura dos animais, através da qual os produtores poderiam
antecipar o início da vida produtiva das fêmeas. Entretanto, os resultados da
pesquisa de campo novamente demonstram que a grande maioria dos produtores
não possui controle sobre esse processo (Figura 22).
51
14,81%
81,48%
3,70%
de 12 a 24
de 24 a 36
de 36 a 48
Figura 22 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme a idade média da
novilha na 1ª cria (em meses).
Fonte: Dados da pesquisa.
Nesses modelos, é comum observarmos grandes intervalos entre partos no
rebanho, causando prejuízos elevados para a eficiência e para a lucratividade da
atividade pecuária. Esse fato ocorre principalmente em função do reduzido número
de bezerros produzidos por fêmea na propriedade durante seu período produtivo,
reduzindo tanto o potencial da produção total de leite quanto o número de animais
do rebanho.
Os prejuízos são ainda mais significativos quando consideramos que ambas
as fêmeas, tanto as de curto intervalo entre partos quanto as de longo intervalo,
mantêm praticamente equivalentes os seus níveis de alimentação e manejo.
Entretanto, as fêmeas de longo intervalo entre partos demandam recursos de
alimentação e manejo, sem entretanto apresentarem resultados correspondentes em
termos de produção de bezerros e leite.
52
6.1.4 Características da Gestão
6.1.4.1 Características do Profissional Responsável pela Gestão da Propriedade
As propriedades rurais que exploram a atividade leiteira na região da
pesquisa são gerenciadas diretamente pelo proprietário ou pelo proprietário em
associação com outros membros da sua família. Somente 3,7% das propriedades
entrevistadas possui administrador externo responsável pela gestão da atividade
leiteira (Figura 23).
77,78%
18,52%
3,70%
Apenas proprietário
Proprietário e família
Apenas administrador
Figura 23 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme o responsável pela
administração da propriedade.
Fonte: Dados da pesquisa.
Um resultado importante refere-se ao fato de que em nenhuma das
propriedades participantes da pesquisa foi constatada a presença das esposas
auxiliando diretamente as atividades de gestão das propriedades, indicando que a
gestão é realizada exclusivamente pelos proprietários ou por seus filhos.
53
6.1.4.2 Grau de escolaridade do administrador
O grau de escolaridade do principal administrador das propriedades
entrevistadas pode ser considerado bom, uma vez que 85% dos entrevistados
possui 4 anos ou mais de estudos (Figura 24).
3,70%
11,11%
18,52%
11,11%29,63%
25,93%
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
6 anos
7 anos
Figura 24 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme o número de anos de
escolaridade do administrador.
Fonte: Dados da pesquisa.
Esse fator é positivo, uma vez que reflete a possibilidade de transferência de
conhecimentos técnicos e gerenciais com maior facilidade para os administradores
das propriedades, criando alternativas para minimizar as deficiências identificadas
na pesquisa de campo.
54
6.1.4.3 Fontes de Novos Conhecimentos
A identificação das principais fontes utilizadas pelos produtores para obtenção
de novos conhecimentos é uma característica importante na atividade leiteira, uma
vez que permite direcionar os esforços futuros no intuito de ampliar a transferência
de conhecimentos para os produtores rurais.
No caso da região de estudo, os técnicos das instituições estaduais e os
vizinhos foram citados como sendo as 2 principais fontes de conhecimentos
consultadas pelos produtores para melhorar seus conhecimentos sobre a atividade
(Figura 25).
37,04%
40,74%
11,11%
18,52%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00
%
Vizinhos
Técnicos de instituições
estaduais
Casa Veterinária
Nenhum
Figura 25 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme as fontes de novos
conhecimentos sobre a atividade leiteira.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nesses casos, acredita-se que estratégias que combinem o uso de
treinamentos oferecidos pelos técnicos estaduais juntamente com trabalhos
desenvolvidos em fazendas selecionadas como “pilotos” e referência nas diversas
regiões apresentem grande potencial para ampliar os conhecimentos e a adoção de
55
práticas adequadas para o correto desenvolvimento da atividade no estado, uma vez
que combinam o conhecimento técnico com o prático, além da possibilidade de
visualizar os resultados nas fazendas vizinhas.
6.1.4.4 Principais Controles Adotados na Atividade
A adoção de controles técnicos e gerenciais reflete o grau de evolução das
questões administrativas nas propriedades rurais. Dessa forma, durante a pesquisa
de campo foram pesquisados os níveis de adoção dos controles considerados
básicos para o desenvolvimento da atividade leiteira, entre eles o registro das
despesas mensais com a atividade, o controle leiteiro mensal e os dados relativos à
cobertura e parição de animais.
Entretanto, apesar da reconhecida importância desses controles para permitir
a realização de análises básicas sobre o desenvolvimento da atividade, percebe-se
que a grande maioria dos produtores na região não adota tais procedimentos,
eliminando qualquer possibilidade de uma efetiva gestão da atividade pecuária
(Figura 26).
56
25,93%
0,00%
3,70%
0,00%
74,07%
100,00%
96,30%
100,00%
0,00% 10,00
%
20,00
%
30,00
%
40,00
%
50,00
%
60,00
%
70,00
%
80,00
%
90,00
%
100,00
%
Data de nascimento de
bezerros
Data de cobertura
Controle leiteiro mensal
Anotações de despesas
e receitas com o gado
Não
Sim
Figura 26 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme os controles
aplicados.
Fonte: Dados da pesquisa.
6.1.4.5 Planejamento da Atividade
Nenhum dos produtores entrevistados realiza qualquer tipo de planejamento
sobre a exploração futura da atividade leiteira. Em todos os casos, as decisões são
tomadas exclusivamente com base nas percepções imediatas do proprietário sobre
o desenvolvimento da atividade.
6.1.4.6 Sucessão Familiar
Apesar das dificuldades enfrentadas pelos produtores na gestão e exploração
da atividade leiteira, 70,3% dos entrevistados declararam que esperam que seus
filhos continuem explorando a pecuária de leite após a aposentadoria dos pais
(Figura 27).
57
70,37%
11,11%
18,52%
Filhos continuarão com o gado de
leite
Filhos trocarão de atividade
agropecuária
Não Sabe
Figura 27 – Distribuição percentual média do total das propriedades dos
entrevistados no segmento produção de leite e derivados no
Maranhão conforme a opinião sobre a sucessão do gado de leite
na sua propriedade.
Fonte: Dados da pesquisa.
Esses resultados reforçam a importância social da pecuária de leite para a
região de estudo, sinalizando ainda que o desenvolvimento de ações concretas para
melhoria das condições dos produtores irá contribuir também para a melhoria futura
das condições sociais do estado.
Além disso, a elevada expectativa de continuidade dos filhos em relação à
exploração da atividade de pecuária de leite indica que devem ser desenvolvidos
esforços também no sentido de treinar e capacitar os herdeiros para permitir que os
mesmos possam assumir as propriedades com conhecimentos mais adequados que
os atualmente disponíveis para seus pais.
6.1.5 Avaliação de Conhecimentos sobre a atividade
Esse capítulo foi destinado a avaliar o conhecimento dos produtores
participantes da pesquisa em relação a tópicos e fatos comuns à atividade de
58
pecuária de leite. O objetivo do mesmo é caracterizar o grau de conhecimento geral
do setor em relação a esses tópicos, auxiliando conseqüentemente na avaliação da
eficiência das práticas atuais de extensão rural adotadas na região e no
planejamento das ações futuras (Figura 28).
59
37,00%
92,60%
40,70%
63,00%
63,00%
85,20%
85,20%
11,10%
22,20%
88,90%
85,20%
77,80%
55,60%
74,10%
63,00%
7,40%
18,50%
7,40%
37,00%
14,80%
14,80%
63,00%
77,80%
11,10%
14,80%
22,20%
14,80%
25,90%
0,00%
0,00%
40,70%
29,60%
0,00%
0,00%
0,00%
25,90%
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
29,60%
0,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
a) as vacas secas não devem receber
alimentação suplementar porque não dão lucro
b) em rebanhos leiteiros que não possuem bom
sistema alimentar, as novilhas demoram mais a
dar cria
c) há vantagens em adicionar água ao alimento
volumoso ou concentrado para vacas leiteiras
d) o corte da capineira deve ser sempre baixo,
rente ao solo
e) existe um sal mineral capaz de combater
vermes intestinais
f) deficiências minerais atrasam o cio
g) sal mineral em excesso pode provocar aborto
h) na inseminação artificial o risco de
transmissão de doenças é maior que na monta
natural
i) é recomendável prolongar o período de
lactação além de 10 meses em uma vaca de
alta lactação
j) os carrapatos devem ser completamente
erradicados dos animais
k) é possível novilhas parirem com mamite
l) o grau de sangue tem influência na fertilidade
dos animais
m) não se deve dar cana com uréia para vacas
em gestação
n) pastagens em solos com elevada fertilidade
reduzem o consumo de sais minerais
Não Sabe
F
V
Figura 28 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme opinião em relação a
alguns tópicos de conhecimento técnico da atividade leiteira.
60
Fonte: Dados da pesquisa.
6.1.6 Importância social e econômica da pecuária de leite
A atividade leiteira constitui-se na principal fonte de renda dos produtores
entrevistados, sendo a única fonte de renda para a maioria deles. Não foram
registradas ocorrências de outras fontes significativas de renda para os produtores
participantes da pesquisa, conforme demonstra a Figura 29.
100,00%
18,52%
3,70%
7,41%
11,11%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00
%
Pecuária de leite
Outras criações
Culturas permanentes
Culturas anuais
Atividades fora da
Propriedade
Figura 29 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme a ocorrência dos tipos
de atividades geradoras de renda dentro e fora da propriedade.
Fonte: Dados da pesquisa.
6.1.7 Capacitação e Treinamento
61
A maioria dos produtores participantes da pesquisa não participou de
qualquer tipo de treinamento no último ano. Entre os produtores que participaram de
treinamentos, as maiores incidências foram registradas para as áreas de
inseminação, alimentação animal e manejo (Figura 30).
3,70%
22,22%
22,22%
18,52%
14,81%
7,41%
59,26%
0,00% 10,00
%
20,00
%
30,00
%
40,00
%
50,00
%
60,00
%
70,00
%
80,00
%
90,00
%
100,00
%
Vacinação
Inseminação artificial
Alimentação animal
Manejo
Reprodução
Higiene na ordenha
Não participou de treinamentos
Figura 30 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme os participantes em
treinamentos no último ano.
Fonte: Dados da pesquisa.
Questionados sobre a qualidade e a contribuição dos treinamentos para o
desenvolvimento de suas atividades, a totalidade dos produtores que participaram
dos treinamentos consideraram os mesmos excelentes ou bons, indicando uma
elevada satisfação e a possibilidade de oferta de outros treinamentos nas mesmas
regiões, além da variação ou aprofundamento dos temas iniciais.
Caso fossem oferecidos novos treinamentos nos próximos anos, o interesse
dos produtores entrevistados encontra-se focado principalmente nas áreas técnicas,
reforçando os resultados da pesquisa de campo sobre a carência dos produtores em
relação aos conhecimentos básicos para exploração da atividade de pecuária de
leite.
62
As principais áreas de interesse dos produtores para receber treinamentos
futuros encontram-se relacionadas na Figura 31.
44,44%
33,33%
29,63%
44,44%
22,22%
22,22%
3,70%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00
%
Vacinação
Inseminação artificial
Alimentação do rebanho
Manejo do rebanho
Reprodução
Higiene na ordenha
Planejamento da Atividade
Figura 31 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção
de leite e derivados no Maranhão conforme sua opinião sobre em
qual assunto deveria acontecer o treinamento.
Fonte: Dados da pesquisa.
6.2 Segmento Industrialização
6.2.1 Histórico das Empresas
6.2.1.1 Ano de Fundação
Os resultados dos trabalhos de campo demonstram que as empresas
formalmente estabelecidas na região de estudo foram fundadas num passado
63
recente, principalmente a partir de 1995, indicando que o segmento industrial era
totalmente desestruturado na região de estudo até meados da década de 90.
6.2.1.2 Motivação para Implantação
A partir de 1995 novas empresas se instalaram formalmente na região de
estudo, motivadas por oportunidades de negócio vislumbradas no setor industrial
lácteo regional e ainda pela oportunidade de industrializar o próprio leite, face à
insatisfação com os compradores de leite que historicamente atuavam na região
(Figura 32).
37%
13%13%
37%
Oportunidade de negócio
Tradição familiar
Proprietário trabalhou no ramo e
criou a empresa própria
Insatisfação com a indústria que
era compradora
Figura 32 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme o motivo de abertura da empresa nesse ramo.
Fonte: Dados da pesquisa.
6.2.2 Características Administrativas
64
6.2.2.1 Estrutura Acionária e Modelo de Gestão
Em relação à estrutura acionária das empresas de laticínios da região, com
exceção da unidade industrial instalada no município de Imperatriz e pertencente à
Cooperativa Agropecuária do Vale de Tocantins Ltda, cuja infra-estrutura encontra-
se arrendada para Comilla Industria e Comércio Ltda, as demais empresas
participantes do estudo possuem estrutura acionária familiar, onde o proprietário é o
principal responsável pela gestão do negócio.
A elevada presença de empresas familiares no setor é um reflexo direto do
tamanho dos empreendimentos de laticínios no estado, onde as fábricas são
predominantemente de micro e pequeno porte.
Somada à constatação de que as empresas de laticínios foram fundadas num
passado recente, o registro da reduzida presença de grupos empresariais com
experiências anteriores de atuação junto ao setor industrial lácteo indica ainda uma
possível carência de conhecimentos técnicos e gerenciais específicos no setor.
Essas questões serão confirmadas nos capítulos a seguir.
6.2.2.2 Adoção de Ferramentas Gerenciais
As características de adoção de ferramentas gerenciais básicas podem ser
utilizadas como um importante instrumento de avaliação do grau de profissionalismo
empresarial predominante nas empresas pesquisadas.
Entre as diversas ferramentas gerenciais consideradas como básicas para
gestão adequada de agroindústrias, foram selecionados os controles de estoque de
produtos e almoxarifado, os controles de rendimentos industriais e os controles de
custos como referências para avaliação da gestão nos laticínios participantes do
estudo. Os resultados encontram-se apresentados a seguir.
65
6.2.2.2.1 Controles de Estoques
O controle dos estoques de produtos acabados constitui-se numa das
ferramentas mais básicas para o adequado gerenciamento de agroindústrias de
laticínios, uma vez que apresenta as bases necessárias para a implementação de
diversos outros tipos de controles gerenciais, incluindo a avaliação de resultado da
empresa.
De maneira semelhante, o controle de estoques do almoxarifado (insumos,
embalagens e ingredientes) apresenta-se como necessário para permitir a avaliação
da eficiência da empresa em relação ao uso dos mesmos nos seus diversos
processos produtivos.
Entre as empresas entrevistadas, 49% declararam possuir controles
periódicos de seus estoques de produtos acabados e de itens de almoxarifado e
13% responderam que possuem controles sem períodos definidos para avaliação e
ajuste dos estoques reais em comparação com os registros efetivos dos controles,
indicando que seus modelos de controle não são efetivos. 38% dos entrevistados
declararam que não controlam seus estoques (Figura 33).
66
49%
13%
38% Controles pedióricos
Controles não periódicos
Sem controle
Figura 33 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme a utilização de controles de estoque de produtos
acabados e de almoxarifado.
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação às estratégias adotadas para controle dos estoques, somente
duas empresas declararam possuir processos de controles informatizados, sendo
que as demais adotam procedimentos manuais de registros.
6.2.2.2.2 Controles dos Rendimentos de Fabricação
O rendimento de fabricação de produtos lácteos pode ser definido como
sendo a relação entre quantidade de matéria-prima consumida e quantidade de
produto produzido nas etapas industriais. Em termos práticos, o rendimento de
fabricação determina o volume de leite necessário para se produzir um quilo do
produto final. No caso da indústria de laticínios, a relação entre matéria-prima e
produto final representa o principal fator de custo da grande maioria dos produtos
fabricados.
67
No caso das empresas participantes do estudo, 75% dos entrevistados
declararam possuir controles sobre os rendimentos de fabricação de seus derivados,
indicando que essa é uma preocupação da maioria das empresas instaladas na
região de estudo. Entretanto, considerando-se os resultados obtidos para o
rendimento de fabricação do queijo mussarela, principal derivado produzido pelos
laticínios no estado, foram encontrados resultados que variam de 9,3 litros de
leite/kg produto até 11,0 litros de leite /kg de produto, sendo que o rendimento médio
registrado foi de 9,6 litros de leite/kg.
Esses resultados são preocupantes, pois uma empresa que industrialize uma
média de 7 mil litros de leite/dia em queijo mussarela deixaria de produzir 33,9
toneladas de queijo por ano caso tenha seu rendimento de fabricação equivalente a
11,0 litros/kg, comparativamente ao rendimento médio possível de 9,6 litros/kg.
Portanto, apesar da existência de procedimentos para controle dos
rendimentos de fabricação, os resultados da pesquisa indicam a necessidade de
interferência nos sistemas produtivos industriais, com o objetivo de avaliar se tais
rendimentos encontram-se dentro dos parâmetros adequados de eficiência médios
estabelecidos para o setor.
6.2.2.2.3 Controles de Custos
Nos últimos anos, o controle e o gerenciamento adequado dos custos de
produção tornou-se uma das principais ferramentas adotadas pelas empresas para
avaliação e manutenção das suas condições competitivas no mercado.
Essa importância tornou-se ainda mais relevante após a abertura do mercado
e estabilização da economia. Nesse novo cenário, ganhos no mercado financeiro
não são mais suficientes para encobrir ineficiências operacionais. Além disso, o
aumento da concorrência no mercado interno e externo tem restringido a capacidade
das empresas de remarcar preços, obrigando as mesmas a aumentarem sua
eficiência em relação ao gerenciamento de seus custos operacionais.
68
Portanto, existe unanimidade entre pesquisadores e estudiosos em relação à
expectativa de que as empresas que não forem eficientes na gestão de seus custos
de produção serão possivelmente eliminadas do mercado.
Essas constatações são preocupantes quando confrontadas com os
resultados da pesquisa de campo, onde 50% das empresas entrevistadas declaram
não adotar qualquer tipo de procedimento para controle dos sues custos
operacionais. Esses resultados são ainda mais significativos, uma vez que a questão
inicial não avaliava a eficiência das técnicas adotadas pelas empresas entrevistadas,
mas simplesmente o fato das mesmas possuírem algum tipo de controle.
Quanto questionadas sobre as técnicas adotadas para controle dos custos, as
empresas que possuem controles disseram adotar procedimentos de rateio simples
das despesas para os produtos produzidos e ainda o uso de fórmulas que permitem
calcular o custo final (Figura 34).
49%
38%
13%
Nenhum
Rateio simples
Fórmulas
Figura 34 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas
conforme o método adotado para determinação dos custos.
Fonte: Dados da pesquisa.
69
Apesar de representar um referencial inicial para avaliação do desempenho
dessas empresas, destaca-se que o uso de tais técnicas não é adequado para
avaliação da eficiência operacional das empresas, uma vez que não consideram os
resultados dos indicadores de industriais na avaliação dos resultados.
Essa baixa eficiência de análise pode ser confirmada pela própria percepção
dos entrevistados que, com exceção da empresa que utiliza fórmulas, declararam-se
insatisfeitos com as técnicas adotadas atualmente.
Essas constatações indicam, portanto, a existência de oportunidades e da
necessidade concreta de implantação de controles nas empresas que não os
possuem e de melhoria dos mesmos nas empresas que já adotam essa ferramenta.
6.2.3 Uso da Informática
O rápido desenvolvimento da informática nos últimos anos tem feito com que
o uso dessa ferramenta seja primordial para o adequado gerenciamento e controle
de empresas. Essa característica não é diferente para as empresas do setor de
laticínios, as quais podem utilizar a informática como auxílio em praticamente todas
as etapas administrativas e gerenciais.
Na região de estudo, somente uma das empresas entrevistadas declarou não
possuir computadores. Nas demais empresas, a informática está presente e tem
sido adotada principalmente no suporte às operações de vendas e nos controles
financeiros de contas a pagar e contas a receber.
De acordo com os entrevistados, o uso da informática só não tem sido mais
amplo em função da falta de programas específicos para o setor de laticínios, o que
dificulta o uso da informática de maneira mais abrangente nas empresas.
Questionados em relação às áreas de maior interesse para o desenvolvimento de
novos programas, os entrevistados identificaram o controle dos custos de fabricação
de produtos e os controles relativos ao estoque de produtos e almoxarifado como
sendo os de maior interesse para o setor (Figura 35).
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA
DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA

Contenu connexe

Tendances

Doenças relacionadas ao trabalho
Doenças relacionadas ao trabalhoDoenças relacionadas ao trabalho
Doenças relacionadas ao trabalhoadrianomedico
 
Análise da evolução das receitas e despesas públicas estudo de caso conselh...
Análise da evolução das receitas e despesas públicas   estudo de caso conselh...Análise da evolução das receitas e despesas públicas   estudo de caso conselh...
Análise da evolução das receitas e despesas públicas estudo de caso conselh...Universidade Pedagogica
 
Monografia análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...
Monografia   análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...Monografia   análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...
Monografia análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...Universidade Pedagogica
 
Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )
Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )
Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )Ricardo Akerman
 
225636426 manual-imposto-de-renda
225636426 manual-imposto-de-renda225636426 manual-imposto-de-renda
225636426 manual-imposto-de-rendaHaroldo Oliveira
 
Caderno ssma pocos_de_caldas
Caderno ssma pocos_de_caldasCaderno ssma pocos_de_caldas
Caderno ssma pocos_de_caldasGeraldo Safety
 
ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN
ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN
ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN AASAMNONG
 
A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...
A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...
A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...Universidade Pedagogica
 
O impacto da liderança no desempenho das organizações
O impacto da liderança no desempenho das organizaçõesO impacto da liderança no desempenho das organizações
O impacto da liderança no desempenho das organizaçõesUniversidade Pedagogica
 
Projeto de competencia 3º fase adm
Projeto de competencia 3º fase admProjeto de competencia 3º fase adm
Projeto de competencia 3º fase admmayarapdesouza
 
Análise da evolução das despesas públicas: estudo de caso do instituto naci...
Análise da evolução das despesas públicas:   estudo de caso do instituto naci...Análise da evolução das despesas públicas:   estudo de caso do instituto naci...
Análise da evolução das despesas públicas: estudo de caso do instituto naci...Universidade Pedagogica
 
A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...
A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...
A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...Universidade Pedagogica
 
Politica de certificaçao serpro srfa1v2
Politica de certificaçao serpro srfa1v2Politica de certificaçao serpro srfa1v2
Politica de certificaçao serpro srfa1v2Monitoria Contabil S/C
 
Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...
Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...
Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...Universidade Pedagogica
 
A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...
A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...
A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...Ana Paula Mafra Dalmolin
 
Organizacao e-manutencao-do-arquivo-manual
Organizacao e-manutencao-do-arquivo-manualOrganizacao e-manutencao-do-arquivo-manual
Organizacao e-manutencao-do-arquivo-manualanamuge
 

Tendances (19)

Doenças relacionadas ao trabalho
Doenças relacionadas ao trabalhoDoenças relacionadas ao trabalho
Doenças relacionadas ao trabalho
 
cozinheiro[1]
cozinheiro[1]cozinheiro[1]
cozinheiro[1]
 
Negociações e técnicas de venda 1
Negociações e técnicas de venda 1Negociações e técnicas de venda 1
Negociações e técnicas de venda 1
 
Análise da evolução das receitas e despesas públicas estudo de caso conselh...
Análise da evolução das receitas e despesas públicas   estudo de caso conselh...Análise da evolução das receitas e despesas públicas   estudo de caso conselh...
Análise da evolução das receitas e despesas públicas estudo de caso conselh...
 
Monografia análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...
Monografia   análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...Monografia   análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...
Monografia análise do papel dos stocks na gestão financeira das pequenas e ...
 
Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )
Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )
Curso Arcondicionado Automotivo ( Senai )
 
225636426 manual-imposto-de-renda
225636426 manual-imposto-de-renda225636426 manual-imposto-de-renda
225636426 manual-imposto-de-renda
 
Caderno ssma pocos_de_caldas
Caderno ssma pocos_de_caldasCaderno ssma pocos_de_caldas
Caderno ssma pocos_de_caldas
 
ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN
ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN
ESTÁTUTO ORGANIZACIOL - AASAMN
 
A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...
A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...
A quantificação do dano moral resultante de acidentes de trabalho no ordename...
 
O impacto da liderança no desempenho das organizações
O impacto da liderança no desempenho das organizaçõesO impacto da liderança no desempenho das organizações
O impacto da liderança no desempenho das organizações
 
Projeto de competencia 3º fase adm
Projeto de competencia 3º fase admProjeto de competencia 3º fase adm
Projeto de competencia 3º fase adm
 
Análise da evolução das despesas públicas: estudo de caso do instituto naci...
Análise da evolução das despesas públicas:   estudo de caso do instituto naci...Análise da evolução das despesas públicas:   estudo de caso do instituto naci...
Análise da evolução das despesas públicas: estudo de caso do instituto naci...
 
A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...
A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...
A importância da contabilização no controlo das despesas públicas caso do ins...
 
Planejamento e controle da produção
Planejamento e controle da produçãoPlanejamento e controle da produção
Planejamento e controle da produção
 
Politica de certificaçao serpro srfa1v2
Politica de certificaçao serpro srfa1v2Politica de certificaçao serpro srfa1v2
Politica de certificaçao serpro srfa1v2
 
Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...
Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...
Fluxo de caixa como instrumento no processo de tomada de decisão nas pequenas...
 
A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...
A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...
A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FRAUDES NAS ORGA...
 
Organizacao e-manutencao-do-arquivo-manual
Organizacao e-manutencao-do-arquivo-manualOrganizacao e-manutencao-do-arquivo-manual
Organizacao e-manutencao-do-arquivo-manual
 

Similaire à DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA

Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005
Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de  Minas Gerais em 2005Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de  Minas Gerais em 2005
Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005Samuel Campos
 
Plano de Negocios - PEC
Plano de Negocios -  PECPlano de Negocios -  PEC
Plano de Negocios - PECngleite89
 
Cartilha-Geleia-de-Frutas.pdf
Cartilha-Geleia-de-Frutas.pdfCartilha-Geleia-de-Frutas.pdf
Cartilha-Geleia-de-Frutas.pdfGeinesesPinheiro1
 
Juruna km 17-rev-final-11-04-09
Juruna km 17-rev-final-11-04-09Juruna km 17-rev-final-11-04-09
Juruna km 17-rev-final-11-04-09Caetano
 
Panorama2010 residuos solidos
Panorama2010 residuos solidosPanorama2010 residuos solidos
Panorama2010 residuos solidosFlorespi
 
Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20
Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20
Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20BeefPoint
 
Empresa fictícia para trabalho de Administração
Empresa fictícia para trabalho de AdministraçãoEmpresa fictícia para trabalho de Administração
Empresa fictícia para trabalho de AdministraçãoPâmella Cavallini
 
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_finalProduto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_finaleduardoengflorestal
 
Boletim estatístico mpa 2010
Boletim estatístico mpa 2010Boletim estatístico mpa 2010
Boletim estatístico mpa 2010onivaldo77
 
NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.
NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.
NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.Profe Raul
 
Notas de release_mp_11.5
Notas de release_mp_11.5Notas de release_mp_11.5
Notas de release_mp_11.5Rafael Marega
 
Marketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-Store
Marketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-StoreMarketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-Store
Marketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-StoreIOB News
 
GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...
GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...
GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...Alexandre Panerai
 

Similaire à DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA (20)

Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005
Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de  Minas Gerais em 2005Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de  Minas Gerais em 2005
Faemg (2006),Diagnostico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005
 
Plano de Negocios - PEC
Plano de Negocios -  PECPlano de Negocios -  PEC
Plano de Negocios - PEC
 
Cartilha-Geleia-de-Frutas.pdf
Cartilha-Geleia-de-Frutas.pdfCartilha-Geleia-de-Frutas.pdf
Cartilha-Geleia-de-Frutas.pdf
 
Juruna km 17-rev-final-11-04-09
Juruna km 17-rev-final-11-04-09Juruna km 17-rev-final-11-04-09
Juruna km 17-rev-final-11-04-09
 
Panorama2010 residuos solidos
Panorama2010 residuos solidosPanorama2010 residuos solidos
Panorama2010 residuos solidos
 
Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20
Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20
Mapa: Projeções do agronegócio 2009/10 a 2019/20
 
TRABALHO MODULO III
TRABALHO MODULO IIITRABALHO MODULO III
TRABALHO MODULO III
 
79 com
79 com79 com
79 com
 
Empresa fictícia para trabalho de Administração
Empresa fictícia para trabalho de AdministraçãoEmpresa fictícia para trabalho de Administração
Empresa fictícia para trabalho de Administração
 
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_finalProduto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final
 
Manual grafica
Manual graficaManual grafica
Manual grafica
 
Manual grafica
Manual graficaManual grafica
Manual grafica
 
Manual grafica
Manual graficaManual grafica
Manual grafica
 
Manual sisprenatal
Manual sisprenatalManual sisprenatal
Manual sisprenatal
 
Boletim estatístico mpa 2010
Boletim estatístico mpa 2010Boletim estatístico mpa 2010
Boletim estatístico mpa 2010
 
317707833 manual
317707833 manual317707833 manual
317707833 manual
 
NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.
NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.
NBCAS - Normas Brasileira de Contabilidade aplicadas ao setor público.
 
Notas de release_mp_11.5
Notas de release_mp_11.5Notas de release_mp_11.5
Notas de release_mp_11.5
 
Marketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-Store
Marketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-StoreMarketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-Store
Marketing do Escritório Contábil 2ª ed. | IOB e-Store
 
GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...
GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...
GUIA PRÁTICO de AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO manual ueber_konservierende_landwi...
 

Plus de portaldabetania

PROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira Unger
PROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira UngerPROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira Unger
PROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira Ungerportaldabetania
 
Gado de Leite — Coleção
Gado de Leite — Coleção  Gado de Leite — Coleção
Gado de Leite — Coleção portaldabetania
 
Agregador de Notícias — Tutorial
Agregador de Notícias — TutorialAgregador de Notícias — Tutorial
Agregador de Notícias — Tutorialportaldabetania
 
PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque
PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque
PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque portaldabetania
 
Autotelia — Persio Arida
Autotelia — Persio AridaAutotelia — Persio Arida
Autotelia — Persio Aridaportaldabetania
 

Plus de portaldabetania (6)

PROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira Unger
PROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira UngerPROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira Unger
PROJETO NORDESTE — Roberto Mangabeira Unger
 
Gado de Leite — Coleção
Gado de Leite — Coleção  Gado de Leite — Coleção
Gado de Leite — Coleção
 
Agregador de Notícias — Tutorial
Agregador de Notícias — TutorialAgregador de Notícias — Tutorial
Agregador de Notícias — Tutorial
 
PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque
PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque
PPT da Palestra do ministro Joaquim Levy em Nova Iorque
 
Autotelia — Persio Arida
Autotelia — Persio AridaAutotelia — Persio Arida
Autotelia — Persio Arida
 
Avicena. relatos
Avicena. relatosAvicena. relatos
Avicena. relatos
 

DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA

  • 1. DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE E DERIVADOS – Desenvolvimento da Bacia Leiteira da Região Tocantina e Médio Mearim Elaboração: Realização: SÃOLUÍS / MARANHÃO Dezembro / 2003
  • 2. DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE E DERIVADOS Desenvolvimento da Bacia Leiteira da Região Tocantina e Médio Mearim Realização: SEBRAE/MA Elaboração: AGRONEGÓCIOS Projetos e Consultoria Ltda Equipe Técnica: Antônio Tadeu Neves Dórea Eng. Agrônomo; MBA Gestão de Negócios Heleno Moreira de Paula Engenheiro Agrônomo; Especialista em Processamento de Frutas Tropicais Isaac Nicholas Siqueira Viana Economista; Técnico Processamento de Dados
  • 3. ii SUMÁRIO LISTA DE ANEXOS...................................................................................................iv LISTA DE TABELAS ..................................................................................................v LISTA DE QUADROS................................................................................................vi LISTA DE FIGURAS.................................................................................................vii 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................11 2 NOTAS METODOLÓGICAS ...............................................................................12 3 CENÁRIO MUNDIAL...........................................................................................14 3.1 Tendências da Produção Mundial de Leite.............................................14 3.2 Características do Mercado Mundial de Leite e Derivados ...................15 3.3 Produção versus consumo mundial de produtos lácteos ....................16 4 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO BRASIL ....................................17 4.1 Características da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil ................17 4.2 Evolução da Produção .............................................................................18 4.3 Distribuição Espacial da Produção .........................................................19 4.4 Evolução do Rebanho e da Produtividade .............................................21 4.5 Características do Segmento Industrial..................................................23 4.6 Tendências do Consumo .........................................................................24 4.7 Aspectos da Sazonalidade da Produção e Industrialização de Leite...25 4.8 Tendência de Preços ................................................................................26 4.9 Importações de Derivados .......................................................................28 4.10 Novas relações comerciais do Brasil no mercado internacional de lácteos........................................................................................................30 4.11 Os Principais Problemas da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil31 5 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO MARANHÃO ............................33 5.1 Evolução da Produção .............................................................................33 5.2 Distribuição Espacial da Produção no Estado.......................................36 5.3 Características da Indústria de Laticínios no Estado do Maranhão.....38 5.4 Evolução da Recepção e Industrialização de Derivados.......................38 5.5 Destino Final do Leite no Estado.............................................................39 5.6 Características do Mercado .....................................................................40 6 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO ......................................................41 6.1 Segmento Produção .................................................................................41 6.1.1 Destino da Produção ......................................................................41 6.1.2 Características da Produção ..........................................................43 6.1.3 Indicadores da Atividade ................................................................49 6.1.4 Características da Gestão ..............................................................52 6.1.5 Avaliação de Conhecimentos sobre a atividade.............................57 6.1.6 Importância social e econômica da pecuária de leite .....................60 6.1.7 Capacitação e Treinamento............................................................60 6.2 Segmento Industrialização.......................................................................62
  • 4. iii 6.2.1 Histórico das Empresas..................................................................62 6.2.2 Características Administrativas ......................................................63 6.2.3 Uso da Informática .........................................................................69 6.2.4 Gestão da Qualidade......................................................................70 6.2.5 Gestão Ambiental...........................................................................74 6.2.6 Capacitação e Treinamento............................................................76 6.2.7 Perfil de Investimentos ...................................................................79 6.2.8 Relacionamento com o Setor de Produção Primária......................81 6.2.9 Características da Industrialização.................................................83 6.2.10 Desafios para o Setor.....................................................................85 6.3 Segmento Comercialização .....................................................................86 6.3.1 Característica dos entrevistados ....................................................86 6.3.2 Origem dos Derivados lácteos comercializados.............................88 6.3.3 Principais problemas associados à comercialização de derivados lácteos ............................................................................................89 6.3.4 Principais estímulos para a comercialização de derivados lácteos 93 6.3.5 Percepções do Setor Varejista Sobre a Comercialização de Lácteos .......................................................................................................94 6.3.6 Capacitação e Treinamento............................................................98 6.3.7 Aspectos Importantes da Comercialização de Produtos Lácteos...99 6.3.8 Percepção do Setor Varejista sobre os Produtos Lácteos Regionais .....................................................................................................100 7 AMBIENTE INSTITUCIONAL............................................................................102 7.1 Introdução ...............................................................................................102 7.2 Crédito .....................................................................................................103 7.3 Tributação................................................................................................103 7.3.1 Evolução recente dos principais tributos indiretos........................103 7.3.2 Efeitos da tributação sobre a competitividade de leite e derivados .....................................................................................................105 7.4 Governo do Estado.................................................................................106 7.4.1 Programa Leite é Vida – SESP(Secretaria Extraordinária de Saúde Preventiva). ..................................................................................106 7.4.2 GEAGRO – Gerencia da Agricultura ............................................106 8 CONCLUSÕES..................................................................................................108 9 RECOMENDAÇÕES .........................................................................................114 9.1 Segmento Produção ...............................................................................114 9.2 Segmento Industrialização.....................................................................115 9.3 Segmento Comercialização ...................................................................115 9.4 Segmento Institucional...........................................................................116 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................117 FONTES DE INFORMAÇÃO ..................................................................................118 ANEXOS .................................................................................................................119
  • 5. iv LISTA DE ANEXOS Anexo 1 – Ranking dos 50 maiores municípios produtores de leite no Estado do Maranhão no ano de 2002 ................................................................120 Anexo 2 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil / Período: 1998 a 2003........................................................................121 Anexo 3 – Relação das Principais Marcas Comercializadas em cada Segmento123
  • 6. v LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Principais países produtores de leite, em 2000...................................14 Tabela 2 – Evolução da Participação das Regiões Brasileiras na Produção Total de Leite (1990, 1995 e 2000) ..............................................................20 Tabela 3 – Evolução da Produção Brasileira por Regiões e Unidades da Federação (em bilhões de litros).........................................................21 Tabela 4 – Vacas ordenhadas, produção e produtividade no Brasil, Regiões e principais estados (2002) ....................................................................22 Tabela 5 – Taxa Média de Crescimento da Produção de Leite (1990 a 2002) .....35 Tabela 6 – Características da Produção de Leite nas Mesorregiões Produtoras do Estado o Maranhão .............................................................................37 Tabela 7 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil / Período: 1998 a 2003........................................................................103
  • 7. vi LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Distribuição dos estabelecimentos industriais de processamento de leite e derivados no estado do Maranhão - por categorias (2003) ......38 Quadro 2 – Principais Tributos Indiretos no Brasil ...............................................104
  • 8. vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Evolução da Produção Leiteira Nacional (em bilhões de litros)...........19 Figura 2 – Evolução da Industrialização Leiteira Nacional Estabelecimentos Inspecionados. ....................................................................................23 Figura 3 – Evolução do Consumo per capita Nacional (em kg/hab/ano)..............24 Figura 4 – Comportamento Médio Mensal da Industrialização de Leite no Brasil - 1997 a 2001 (Produção Média = 100).................................................26 Figura 5 – Comportamento Médio dos Preços de Queijo Mussarela e Leite em Pó no Mercado de São Paulo (valor médio = 100). ..................................27 Figura 6 – Importação Anual Brasileira de Lácteos (em equivalente leite)...........29 Figura 7 – Evolução Anual da Produção Leiteira no Maranhão. ..........................33 Figura 8 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / BRASIL (1990 a 2002). ..................................................................................................34 Figura 9 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / Nordeste (1990 a 2002). ...............................................................................................34 Figura 10 – Evolução das Taxas Anuais de Crescimento da Produção de Leite no Estado do Maranhão (1991 a 2001)....................................................35 Figura 11 – Distribuição Espacial da Produção de Leite na Maranhão por Mesorregiões (2002). ..........................................................................36 Figura 12 – Evolução da Produção de Leite no Maranhão por Mesorregiões de 1990 a 2002 (em mil litros)..................................................................37 Figura 13 – Evolução da Industrialização Mensal de Leite nas Indústrias Inspecionadas pelo Serviço de Inspeção Federal no Maranhão.........39 Figura 14 – Destino Final do Leite Produzido no Estado do Maranhão em 2002...40 Figura 15 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os laticínios que compram sua produção.......................................................................................42 Figura 16 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a produção média no último ano (em litros/dia)................................................................................44 Figura 17 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a existência de benfeitorias na propriedade. ...................................................................................46 Figura 18 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a estrutura do local de ordenha. ..............................................................................................47 Figura 19 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o tipo de ordenha................48 Figura 20 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a composição racial das vacas...................................................................................................49 Figura 21 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão o tipo de cobertura. ............................50
  • 9. viii Figura 22 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a idade média da novilha na 1ª cria (em meses). .............................................................................51 Figura 23 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o responsável pela administração da propriedade.............................................................52 Figura 24 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o número de anos de escolaridade do administrador. ...........................................................53 Figura 25 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme as fontes de novos conhecimentos sobre a atividade leiteira.............................................54 Figura 26 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os controles aplicados........56 Figura 27 – Distribuição percentual média do total das propriedades dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a opinião sobre a sucessão do gado de leite na sua propriedade. ........................................................................................57 Figura 28 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme opinião em relação a alguns tópicos de conhecimento técnico da atividade leiteira.........................59 Figura 29 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a ocorrência dos tipos de atividades geradoras de renda dentro e fora da propriedade..............60 Figura 30 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os participantes em treinamentos no último ano. ................................................................61 Figura 31 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme sua opinião sobre em qual assunto deveria acontecer o treinamento............................................62 Figura 32 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o motivo de abertura da empresa nesse ramo. ...................63 Figura 33 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a utilização de controles de estoque de produtos acabados e de almoxarifado...................................................................................66 Figura 34 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o método adotado para determinação dos custos...............68 Figura 35 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme as áreas em que gostariam que fossem desenvolvidos programas de computador. .................................................................70 Figura 36 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a aplicação de algum programa formal implantado para Gestão de Qualidade Total..................................................................71 Figura 37 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a satisfação com a qualidade dos produtos fabricados atualmente...........................................................................................73
  • 10. ix Figura 38 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a principal dificuldade para manutenção da qualidade dos produtos da empresa...........................................................................74 Figura 39 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o principal motivo citado para o não tratamento dos resíduos.75 Figura 40 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme os treinamentos mais recentes oferecidos para funcionários da empresa. ........................................................................................77 Figura 41 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o principal fator limitante para capacitação dos Recursos Humanos.............................................................................................78 Figura 42 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme as principais áreas de interesse da empresa para treinamentos........................................................................................79 Figura 43 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme as áreas em que foi realizado algum investimento na empresa no último ano........................................................................80 Figura 44 – Distribuição percentual do total dos fornecedores de leite em cada faixa de fornecimento para as indústrias de laticínios pesquisadas....81 Figura 45 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a existência de algum programa de estímulo e assistência ao fornecedor. ..........................................................................................83 Figura 46 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a recepção atual (em litros de leite/dia)...............................84 Figura 47 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme os principais fatores EXTERNOS citados pela empresa, que impõem maior desafio à sobrevivência. ..............................................86 Figura 48 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a área do estabelecimento (m²)...........................................................................87 Figura 49 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme o nº de check-outs no estabelecimento. ..........................................................88 Figura 50 – Distribuição percentual média do total de cada linha de produtos comercializada no estabelecimento dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a origem dos produtos vendidos. .......................................................................89 Figura 51 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização do Leite C (pasteurizado). ........................................................................90 Figura 52 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização de Iogurte. ................................................................................................92
  • 11. x Figura 53 – Percentual de entrevistados que relacionaram a boa aceitação dos consumidores como característica do comércio dos diversos derivados lácteos.................................................................................................94 Figura 54 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os aspectos apontados como limitantes do varejo...................................95 Figura 55 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em laticínios. 96 Figura 56 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em distribuidores.......................................................................................97 Figura 57 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as desvantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em distribuidores.......................................................................................98 Figura 58 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a forma de treinamento dos funcionários para trabalharem com produtos perecíveis............................................................................................99 Figura 59 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a preocupação do consumidor com os atributos de qualidade.............100 Figura 60 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme sua avaliação dos produtos fabricados no Maranhão em relação aos de outros estados...................................................................................101
  • 12. 11 1 INTRODUÇÃO O Pré-Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite no Estado do Maranhão destaca-se, além de sua individualidade, pela iniciativa pioneira do Sebrae-MA em estimular a atuação sistêmica de instituições públicas e privadas junto ao setor. A Cadeia Agroindustrial do Leite no Estado do Maranhão é extremamente importante, tanto sob a ótica econômica quanto pela social. A pecuária de leite está presente em todas as regiões do estado, empregando mão-de-obra, gerando excedentes comercializáveis e garantindo renda para boa parte da população. Para alcançar sustentabilidade e competitividade numa Cadeia Produtiva, faz- se necessário promover a formação de uma visão sistêmica no setor, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de ações coordenadas e sustentadas para ampliar a sua competitividade. Nesse sentido, o Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite na região Tocantina e Médio Mearim constitui a etapa inicial da elaboração de estudos sistêmicos sobre o setor. A elaboração do Diagnóstico é importante para subsidiar a estruturação inicial do “Plano de Ação” do estado, além de direcionar as ações de planejamento da realização do diagnóstico global do setor.
  • 13. 12 2 NOTAS METODOLÓGICAS O procedimento adotado para a elaboração do Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite do Estado do Maranhão envolveu a combinação de pesquisa descritiva e pesquisa de campo, respectivamente envolvendo dados secundários disponíveis em diversas fontes no País e dados primários levantados a partir de entrevistas realizadas junto às principais instituições e empresas do estado. As análises da produção, da industrialização e do mercado foram desenvolvidas com base de dados secundários e primários, principalmente os obtidos junto aos bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Serviço de Inspeção Federal no Maranhão (SIF/MA), da Secretaria de Agricultura do Maranhão e da Food and Agriculture Organization (FAO), Organização das Nações Unidas (ONU). Adicionalmente, para os enfoques específicos, utilizou-se dados secundários obtidos a partir de consultas em livros, teses e publicações estatísticas ligadas ao setor. Os dados primários foram obtidos através de aplicação de questionários semi- estruturados a produtores, industrias e principais canais de distribuição como padarias, supermercados e lojas especializadas. As principais instituições no Estado foram visitadas durante a elaboração dos relatórios, contribuindo para a identificação das principais deficiências da Cadeia. As diversas taxas de crescimento (taxas geométricas) divulgadas no diagnóstico foram calculadas pelo método de regressão dos dados de série temporal, em modelos logaritimizados. A estrutura de análises do Diagnóstico foram determinadas pelos conjuntos de resultados das análises dos dados secundários, primários,e pelas constatações observadas durante as etapas de entrevistas junto às instituições e lideranças da Cadeia Agroindustrial do Leite no Maranhão. Sempre que possível, os resultados das análises foram confrontados com experiências positivas de outras regiões do País junto à Cadeia Agroindustrial do Leite. As áreas enfocadas nas análises foram avaliadas tanto sob a ótica individual
  • 14. 13 quanto sistêmica, buscando embasar a análise final complementar sobre a Cadeia Agroindustrial do Leite no Maranhão. O presente Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite no Maranhão foi realizado pela equipe técnica da AGRONEGÓCIOS Projetos e Consultoria Ltda.
  • 15. 14 3 CENÁRIO MUNDIAL 3.1 Tendências da Produção Mundial de Leite De 1992 a 2000, a produção mundial de leite reduziu 1% ao ano, passando de 423.692 para 392.986 milhares de toneladas, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. Reduziram a produção de leite as seguintes regiões: Ex- URSS, -8,51% ao ano; Europa Oriental, -7,18% ao ano; Europa Ocidental, -4,92% ao ano; e União Européia, -0,17% ao ano. Por outro lado, aumentaram a produção de leite as seguintes regiões: Oceania, 5,63% ao ano; Ásia, 2,65% ao ano; América do Sul, 2,23% ao ano; e América do Norte, 1,48% ao ano. Em 2000, os EUA foram os maiores produtores de leite, visto que responderam por 19,51% da produção mundial. O Brasil ocupou o sexto lugar, com 6,36% da produção mundial, segundo dados da Tabela 1. Praticamente em todos os países há produção de leite de vaca, razão da pequena participação relativa de cada país (% sobre o total), à exceção dos EUA. Tabela 1 – Principais países produtores de leite, em 2000 Países % da produção mundial EUA 19,51 Índia 9,26 Rússia 8,15 Alemanha 7,25 França 6,36 Brasil 5,65 Reino Unido 3,63 Nova Zelândia 3,28 Ucrânia 3,11 Polônia 3,01 Austrália 2,86 Fonte: Dados básicos – USDA.
  • 16. 15 3.2 Características do Mercado Mundial de Leite e Derivados Uma das principais características do mercado mundial de leite e derivados refere-se ao elevado protecionismo praticado pelos países industrializados para garantir artificialmente a renda de seus produtores e o abastecimento doméstico. Nesse cenário, é comum a criação de incentivos para a exportação e de barreiras contra a importação. A intervenção governamental no leite é bastante comum. As políticas para o setor na maior parte dos países do Primeiro Mundo têm como principal objetivo aumentar a renda dos produtores e suprir a demanda doméstica por leite “in natura” e derivados. Segundo Wilkinson (op. cit.), as políticas adotadas podem ser divididas em três grandes grupos: (i) planos de preços mínimos e controle da oferta que regulem a produção de leite; (ii) medidas que protejam o leite contra importações e aumentem as exportações e (iii) criação de organizações intimamente envolvidas na indústria do leite. A maioria dos países adota os preços mínimos na forma de preços-meta (target price) ou duas faixas de preço. Os produtores são assegurados pelas compras do governo de derivados ao preço de intervenção ou por quotas que limitam a produção. Na grande parte dos países produtores de leite com programas de preço mínimo ou de quotas, a média dos preços do leite fica acima do nível do mercado internacional. Outra forma de proteger os produtores é através de mecanismos de proteção contra importações e preços praticados no mercado internacional. O excesso de leite é exportado a preços subsidiados que cobrem a diferença entre os preços domésticos e os praticados no mercado externo.
  • 17. 16 3.3 Produção versus consumo mundial de produtos lácteos A comparação entre produção e consumo de lácteos, no mundo, deve ser feita pela divisão dos países em dois blocos: países desenvolvidos, com elevada renda per capita, e países em desenvolvimento e pobres, com baixa renda per capita. No primeiro grupo verifica-se que o consumo per capita de leite e derivados (especialmente queijo) cresceu a uma pequena taxa ou, até mesmo, diminuiu em alguns países na década de 90. A queda de consumo, nesses países, foi mais significativa que a da produção, resultando em aumento dos estoques. Tal comportamento deprime o preço do mercado internacional e amplia a concorrência para o produtor do Brasil. No segundo grupo, países em desenvolvimento e pobres, o consumo per capita de leite e derivados aumentou, significativamente, nos anos 90. Apesar de a produção de leite desses países ter aumentado, o consumo aumentou ainda mais, resultando na maior dependência de importações para completar o abastecimento do mercado doméstico. No caso do Brasil, a relação entre importação/produção doméstica, na primeira metade dos anos 90, era, em média, de 6% e, na segunda metade, de 12%. O menor crescimento do consumo de lácteos nos países ricos e o maior nos países em desenvolvimento e pobre têm duas conseqüências: 1) Maior pressão de exportação de derivados lácteos por parte dos países ricos para os do segundo grupo; 2) Ampliação de ações de empresas multinacionais de laticínios nos países em desenvolvimento e nos pobres. No Brasil, o caso de maior destaque é o da Parmalat, segunda maior compradora de leite, que perde apenas para a Nestlé, que também é uma empresa multinacional. Em resumo, a tendência do mercado internacional de lácteos sinaliza crescente concorrência para o produtor nacional e, por conseqüência, necessidade de contínuas melhorias no sistema de produção, tornando-o mais eficiente e com maior poder de competição.
  • 18. 17 4 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO BRASIL 4.1 Características da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil A cadeia agroindustrial do leite caracteriza-se como uma das mais importantes do agronegócio brasileiro, tanto sob a ótica social quanto econômica. Os segmentos de produção, industrialização e comercialização de leite e derivados estão presentes em todo o território nacional, desempenhando um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população (GOMES et alli, 2001). Yamaguchi et alli (2001) destacam as características notórias da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil, que reforçam sua importância social e econômica para a economia do País. Entre essas características destaca-se a grande ocupação de extensas áreas de terra, a geração de empregos para grandes contingentes de mão-de-obra, a significativa participação na formação da renda do setor agropecuário nacional e o fornecimento de alimento de alto valor nutritivo para a população. Em termos econômicos, a atividade leiteira brasileira participa com quase 15% no PIB – Produto Interno Bruto – da agropecuária nacional, com uma renda estimada em US$5,5 bilhões. Nos últimos anos, a Cadeia Agroindustrial do Leite tem passado por grandes transformações, resultando em profundas mudanças em todos os segmentos do setor. Historicamente, pode-se distinguir três grandes períodos na evolução recente da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil: • Meados dos anos 60 até final da década de 70: período caracterizado por uma dinâmica de urbanização e conseqüente crescimento na demanda de leite fluido, integração dos mercados nacionais através da malha rodoviária e surgimento de novos padrões de consumo de derivados (leite tipo B, iogurtes, sobremesas lácteas e queijos não-tradicionais). Na década de 70, a pecuária
  • 19. 18 leiteira nacional cresceu 43,7%, passando de 7,1 bilhões de litros em 1970, para 11,2 bilhões de litros em 1980, portanto, com taxas anuais de crescimento de 4,8%. • Década de 80: período caracterizado por forte crise, levando à retração da demanda e redução dos recursos para pecuária. A retração da produção estimulou as importações, que por sua vez bloquearam a modernização do setor. Nesse período, a produção leiteira nacional evoluiu de 11,2 bilhões de litros em 1980, para 14,5 bilhões de litros em 1990, portanto, com taxas anuais de crescimento de 2,6%. • Década de 90: período caracterizado pela liberação de preços e criação do Mercosul. Esse período teve início a partir de 1991, quando o governo Collor liberou os preços tanto ao produtor quanto ao consumidor, pondo um fim ao tabelamento que durou mais de 40 anos. Nesse período, além da liberalização dos preços de leite, a maior abertura da economia brasileira e a criação do Mercosul criaram novos padrões de concorrência para a indústria de laticínios. No contexto do setor lácteo nacional, esses fatos ampliaram a concorrência e influenciaram decisivamente as estratégias adotadas pelos segmentos públicos e privados. Nesse período, a produção nacional evoluiu de 14,5 bilhões para 19,8 bilhões de litros, apresentando taxas de crescimento de 3,3% ao ano. Segundo Gomes (2001), essa seqüência de fatores foi responsável pela expressiva transformação da Cadeia Agroindustrial do Leite nos últimos anos, com reflexos concretos observados através do aumento significativo da produção de leite no País, redução do número total de produtores de leite, concentração da produção e aumento da produtividade, concentração da industrialização e aumento da concorrência no mercado interno. 4.2 Evolução da Produção
  • 20. 19 Na última década, a produção leiteira nacional cresceu a taxas irregulares, atingindo um máximo de 12,4% em 1996 e um mínimo negativo de 1,2% em 1993. Em média, a taxa de crescimento da produção nacional entre 1991 e 2000 foi de 3,3% ao ano. 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Períodos Produção Figura 1 – Evolução da Produção Leiteira Nacional (em bilhões de litros). Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. 4.3 Distribuição Espacial da Produção A maior parte da produção de leite do Brasil encontra-se nas regiões Sudeste e Sul, que participam com 68,2% do total da produção nacional. Entretanto, percebe- se uma tendência nítida de alteração desse cenário, com aumento da participação das regiões Norte e Centro Oeste em detrimento da participação das regiões Sudeste e Nordeste (Tabela 2). Três fatores principais contribuem para tendência de expansão da fronteira das bacias leiteiras, no decorrer dos anos, em direção às regiões Norte e Centro Oeste do País, em detrimento da produção leiteira na região Sudeste:
  • 21. 20 • a elevada taxa de crescimento populacional dos núcleos metropolitanos da região Sudeste, ampliando a especulação imobiliária das terras e forçando o deslocamento da atividade leiteira para outras regiões; • a existência de programas de incentivo à produção leiteira e ao desenvolvimento da Cadeia Agroindustrial do Leite em alguns estados das regiões Centro-Oeste e Norte, proporcionando estímulos positivos para o aumento da produção e industrialização de leite nessas regiões; • a expansão da granelização da coleta de leite e da produção de leite longa vida, proporcionando melhores condições para o transporte do leite fluido produzido em regiões mais distantes. Tabela 2 – Evolução da Participação das Regiões Brasileiras na Produção Total de Leite (1990, 1995 e 2000) Especificação 1990 1995 2000 Sudeste 47,8 45,8 43,4 Sul 22,5 24,9 24,8 Centro-oeste 11,7 13,6 15,6 Nordeste 14,1 11,5 10,9 Norte 3,9 4,3 5,3 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. Entre os estados, Minas Gerias lidera a produção nacional, com 29,7% da produção total em 2000 (5.865,5 bilhões de litros). Os estados de Goiás e Rio Grande do Sul ocupam o segundo e terceiro lugares, com produções de 2.193,8 bilhões (11,1%) e 2.102,0 bilhões (10,6%) respectivamente (Tabela 3).
  • 22. 21 Tabela 3 – Evolução da Produção Brasileira por Regiões e Unidades da Federação (em bilhões de litros) Estado/Região 1990 % 1995 % 2000 % SUDESTE 6.923,3 47,8 7.539,5 45,8 8,573,7 43,4 Minas Gerais 4.290,8 29,6 4.762,5 28,9 5,865,5 29,7 São Paulo 1.960,8 13,5 1.981,8 12,0 1,861,4 9,4 Rio de Janeiro 390,3 2,7 432,4 2,6 468,8 2,4 Espírito Santo 281,4 1,9 362,7 2,2 378,1 1,9 SUL 3.262,3 22,5 4.102,6 24,9 4,904,4 24,8 Rio Grande do Sul 1.451,8 10,0 1.710,7 10,4 2,102,0 10,6 Paraná 1.160,0 8,0 1.576,5 9,6 1,799,2 9,1 Santa Catarina 650,4 4,5 815,4 4,9 1,003,1 5,1 CENTRO-OESTE 1.698,4 11,7 2.239,0 13,6 3,080,1 15,6 Goiás 1.071,2 7,4 1.450,2 8,8 2,193,8 11,1 Mato Grosso do Sul 398,7 2,8 454,7 2,8 427,3 2,2 Mato Grosso 213,6 1,5 307,4 1,9 422,7 2,1 Distrito Federal 14,0 0,1 26,7 0,2 36,3 0,2 NORDESTE 2.045,3 14,1 1.886,6 11,5 2,159,2 10,9 Bahia 743,8 5,1 668,1 4,1 724,9 3,7 Ceará 293,6 2,0 292,3 1,8 331,9 1,7 Pernambuco 312,5 2,2 212,7 1,3 292,1 1,5 Alagoas 148,6 1,0 201,1 1,2 217,9 1,1 Maranhão 126,9 0,9 145,1 0,9 150,0 0,8 Rio Grande do Norte 1.076,0 0,7 105,6 0,6 144,9 0,7 Sergipe 99,7 0,7 66,0 0,4 115,1 0,6 Paraíba 155,2 1,1 140,0 0,8 105,8 0,5 Piauí 57,9 0,4 55,6 0,3 76,6 0,4 NORTE 568,2 3,9 706,7 4,3 1,049,8 5,3 Rondônia 158,5 1,1 202,2 1,2 422,3 2,1 Pará 231,5 1,6 308,2 1,9 380,3 1,9 Tocantins 105,5 0,7 103,7 0,6 156,0 0,8 Acre 21,4 0,1 29,7 0,2 40,8 0,2 Amazonas 36,6 0,3 49,0 0,3 36,7 0,2 Roraima 13,0 0,1 11,2 0,1 10,0 0,1 Amapá 1,7 0,0 2,7 0,0 3,7 0,0 BRASIL 14.497,4 100,0 16.474,4 100,0 19,767,2 100,0 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. 4.4 Evolução do Rebanho e da Produtividade O Brasil, apesar de possuir o segundo maior rebanho bovino do mundo, superado apenas pelo da União Soviética, caracteriza-se por apresentar baixos níveis de produção por animal na atividade leiteira (WILKINSON, 1993). Estima-se
  • 23. 22 que, atualmente, a média nacional é de aproximadamente 800 litros/vaca/ano, contra uma média mundial de 2.000 litros/vaca/ano. A principal causa desse baixo nível de produtividade está na insistência de políticas governamentais descasadas da realidade do complexo lácteo. Os países com as maiores produtividades na pecuária leiteira são: Israel, 7.991 kg; EUA, 6.521; Dinamarca, 6.333; Canadá, 5.806; Holanda, 5.236 kg. Dentro do país, destaca-se a região Sul, com produtividade equivalente a 1.218 litros/cabeça/ano. No entanto, essa produtividade ainda é muito inferior à dos países mais avançados em termos de pecuária de leite. Tabela 4 – Vacas ordenhadas, produção e produtividade no Brasil, Regiões e principais estados (2002) Regiões Vacas ordenhadas (cabeças) Produção (1.000 litros) Produtividade (lts/cab./ano) BRASIL 19.005.175 21.643.740 1.139 Norte 2.274.772 1.561.895 687 Nordeste 3.567.421 2.366.493 663 Sudeste 7.019.131 8.747.880 1.246 Sul 2.985.088 5.507.640 1.845 Centro-Oeste 3.158.763 3.459.832 1.095 Estados Minas Gerais 4.574.085 6.177.356 1.351 Goiás 2.217.158 2.483.366 1.120 Rio Grande do Sul 1.186.301 2.329.607 1.964 Paraná 1.187.065 1.985.343 1.672 São Paulo 1.717.466 1.748.223 1.018 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. A taxa de crescimento do rebanho (vacas ordenhadas) nas últimas décadas foi desordenada, chegando a ser negativa em alguns períodos, o que reflete a alta relação entre pecuária leiteira e pecuária de corte.
  • 24. 23 4.5 Características do Segmento Industrial O segmento industrial da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil é amplo e diversificado. A industrialização é feita em diferentes tipos de estabelecimentos, que a princípio deveriam ser inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal ou pelos serviços de inspeção estaduais ou pelos serviços de inspeção municipais. Entretanto, segundo o MAARA (Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária), do total de leite produzido no país, somente cerca de 52-57% é inspecionado pelo governo. A Figura 2 ilustra a evolução da industrialização brasileira de leite em estabelecimentos inspecionados de 1997 a 2001. Registra-se aumento da industrialização a taxas crescentes nesse período. 10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5 13,0 13,5 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Períodos embilhõesdelitros Figura 2 – Evolução da Industrialização Leiteira Nacional Estabelecimentos Inspecionados. Fonte: IBGE.
  • 25. 24 4.6 Tendências do Consumo De acordo com Rios (2001), existe uma tendência mundial de mudanças nos hábitos de consumo, com ênfase na demanda crescente por qualidade, na segmentação do mercado e na ampliação da concorrência. Nesse cenário, todos os segmentos da Cadeia Agroindustrial terão que se adaptar às novas condições do mercado, explorando seus recursos de forma adequada e utilizando tecnologias apropriadas. Na década de 90, o ritmo de lançamento de novos produtos acelerou-se, seguindo a crescente segmentação de mercado, influenciado por critérios de saúde, nutrição, mudanças na estrutura da família e consumo fora do lar. Nesse período, a evolução do consumo tem sido superior à taxa de crescimento populacional, fato que pode ser percebido através da evolução do consumo per capita no período. Esses resultados são expressivos e demonstram o potencial de crescimento do consumo a partir de melhorias do nível de renda e do poder de compra da população, observados a partir da estabilização da economia no Brasil. 100 105 110 115 120 125 130 135 140 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Períodos litros/hab./ano Figura 3 – Evolução do Consumo per capita Nacional (em kg/hab/ano). Fonte: MAARA/SPA, MF/SUNAB, SEPLAN/IBGE.
  • 26. 25 Entretanto, apesar das melhorias significativas observadas nos últimos 5 anos, os níveis atuais de consumo per capta de lácteos ainda são baixos, quando comparados com o nível de consumo preconizado pela FAO (Food and Agriculture Organization), que é de 221 kg/hab/ano. 4.7 Aspectos da Sazonalidade da Produção e Industrialização de Leite Uma das principais características da pecuária leiteira no Brasil é a extrema variabilidade de sua produção, resultando daí uma considerável instabilidade para a indústria laticinista. A alta variabilidade da recepção de leite nos laticínios produz grandes variações nos preços de derivados, dificulta a administração da produção e é um fator de grande incerteza para as indústrias que beneficiam e comercializam leite e derivados (SEBRAE, 1996). A sazonalidade é um reflexo direto da baixa especialização dos produtores que produzem muito leite no período de safra em detrimento da produção na entressafra. No Brasil, os períodos de menor e maior recepção de leite correspondem respectivamente aos meses de junho e dezembro. Nos últimos 5 anos a diferença média entre o maior e menor volume de leite industrializado mensalmente no país foi de 24% (Pesquisa Mensal do Leite - IBGE). A Figura 4 apresenta graficamente o comportamento médio mensal da industrialização de leite no Brasil.
  • 27. 26 80% 85% 90% 95% 100% 105% 110% 115% 120% J F M A M J J A S O N D Meses Figura 4 – Comportamento Médio Mensal da Industrialização de Leite no Brasil - 1997 a 2001 (Produção Média = 100). Fonte: IBGE e RIOS Estudos & Projetos. Essa extrema variabilidade da industrialização de leite dificulta a administração da produção e o planejamento de estoques, reduz a eficiência da indústria no período da entressafra e produz grandes variações nos preços de derivados durante todo o ano. 4.8 Tendência de Preços A sazonalidade na produção e na industrialização de leite afetam diretamente o comportamento do mercado consumidor. Esses efeitos podem ser percebidos claramente através da análise do comportamento dos preços. A impossibilidade de se estocar leite na forma “in natura”, as limitações tecnológicas para estocagem de derivados frescos e a falta de estrutura física e recursos financeiros das indústrias para estocagem de produtos de uma maneira geral causam extrema variação na oferta de derivados nos períodos de safra e entressafra (SEBRAE, 1996). Essa variação na oferta, por sua vez, obriga a indústria a reduzir os preços para escoar o excedente de produção nos meses de safra e causa elevação dos
  • 28. 27 preços na entressafra. Esses fatos se agravam uma vez que as políticas de importação para estabilizar a oferta de derivados têm sido historicamente mal aplicadas, contribuindo inclusive para aumentar a instabilidade do mercado (SEBRAE, 1996). A instabilidade dos preços de derivados no mercado brasileiro pode ser percebida através da Figura 5. Utilizou-se dados do mercado de lácteos de São Paulo, considerando que o mesmo é balizador de preços para o mercado nacional. Os dados foram obtidos junto à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e correspondem às variações médias de preços de derivados lácteos no mercado de São Paulo nos últimos anos. Os cálculos foram feitos igualando-se o preço anual médio de cada produto a 100 e calculando-se as variações acima e abaixo desse valor durante o ano. 80% 90% 100% 110% 120% jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez MESES VARIAÇÃO(%) leite em pó mussarela Figura 5 – Comportamento Médio dos Preços de Queijo Mussarela e Leite em Pó no Mercado de São Paulo (valor médio = 100). Fonte: Fundação de Pesquisas Econômicas do Estado de São Paulo 2002(FIPE).
  • 29. 28 4.9 Importações de Derivados A prática de importações se tornou instrumento constante de minimização das crises de abastecimento nos períodos críticos de entressafra. Essa iniciativa, apesar de válida do ponto de vista conjuntural, aprofundou o problema estrutural do setor, devido a sua freqüência. Os baixos preços de internalização dos produtos, como leite em pó, manteiga e queijos, altamente subsidiados nos países de origem, desestimularam tanto a produção na entressafra quanto a formação de estoques durante a safra. Por sua vez, a sazonalidade e os baixos níveis de produção de leite reduziram a oferta de derivados e provocaram desabastecimento do mercado interno, particularmente nos meses de entressafra. Dessa forma, ainda que apresentando um baixo consumo per capta, historicamente a produção brasileira de derivados não atendeu à sua própria demanda interna. De acordo com o banco de dados da FAO, o consumo de derivados lácteos no Brasil ainda é pequeno quando comparado com outros países. Na tentativa de equacionar esses problemas, mais uma vez a solução histórica encontrada pelo governo foi a importação indiscriminada de derivados, sem regras de longo prazo ou normas disciplinadoras, deixando o mercado interno e os preços ainda mais instáveis (Sebrae, 1996). Nesse cenário, a prática de importações se tornou instrumento constante de minimização das crises de abastecimento nos períodos críticos de entressafra. Essa iniciativa, apesar de válida do ponto de vista conjuntural, aprofundou o problema estrutural do setor devido à sua frequência. Os baixos preços de internalização dos produtos, como leite em pó, manteiga e queijos, altamente subsidiados nos países de origem, desestimularam tanto a produção na entressafra quanto a formação de estoques durante a safra (WILKINSON, op cit). Em 1995 e 1996, com a abertura comercial e a melhoria do consumo estimulada pelo Plano Real, as importações de lácteos mais que duplicaram em relação à sua média histórica (média histórica de 1 bilhão de litros). Em 1995 foram importados o equivalente a 3,2 bilhões de litros de leite. Em 1996, este valor foi
  • 30. 29 reduzido passando para 2,3 bilhões de litros, sinalizando um aumento de investimento setorial e conseqüente elevação da produção interna. No cenário histórico de importações, destaque especial deve ser dado aos trabalhos realizados pela CNA nos últimos anos, que culminaram com a definição de pautas e regras mais estáveis para importação de lácteos no Brasil. Essa conquista reduziu, em grande parte, as incertezas associadas ao processo histórico de importação de lácteos no País. A Figura 6 ilustra a evolução das importações anuais de leite pelo Brasil, de 1980 a 2001, enfatizando que os maiores picos de importação são simultâneos a momentos de expansão do consumo, e concomitantemente aos planos econômicos que reduziram a inflação e aumentaram o poder de compra da população (Plano Cruzado e Plano Real). 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 emmilhõesdelitros Figura 6 – Importação Anual Brasileira de Lácteos (em equivalente leite). Fonte: IBGE, MAA, MF, SECEX/MDIC.
  • 31. 30 4.10 Novas relações comerciais do Brasil no mercado internacional de lácteos Após a fixação do direito antidumping em 23 de fevereiro de 2001, a produção de leite no Brasil cresceu significativamente. Os efeitos do enorme crescimento da produção só não foram maiores porque as importações, neste ano, foram muito menores do que as do ano anterior. Ao lado do crescimento da produção verifica-se forte retração do consumo, provocada, principalmente, pela crise de energia elétrica denominada “apagão”. A combinação de crescimento da oferta e retração da demanda provocou um fenômeno pouco conhecido no mercado doméstico de lácteos, qual seja, elevada queda do preço do leite em pleno período de entressafra. De janeiro a dezembro de 2001, a produção de leite no Brasil, quando comparada com a de igual período em 2000, cresceu 5%. Vale registrar que a taxa histórica de crescimento da produção nacional é de 3% ao ano. Quanto à importação de lácteos, esta reduziu de janeiro a dezembro de 2001, em relação a igual período de 2000, em cerca de 50%. O desajuste do mercado doméstico de lácteos, a partir de junho de 2001, provocou duas reações dos produtores: 1) Acusação de que a queda do preço era ampliada pela indústria e pelo distribuidor (supermercado); e 2) Despertou a cadeia produtiva do leite para a possibilidade de exportar o excedente, como forma de enxugar o mercado, nesse momento de crise. Nos últimos dois anos, o mercado doméstico de lácteos experimentou duas situações opostas, quais sejam, muitas importações em 2000 e a possibilidade de exportar o excedente do mercado em 2001. Tais experiências colocam o setor de lácteos em situação semelhante à de outros produtos, tais como milho e carne bovina, que ora são importados, ora são exportados, dependendo dos mercados doméstico e internacional. Assim, as novas relações comerciais do Brasil no mercado internacional têm duas frentes: uma referente às importações e outra, às exportações. Para as importações, a estratégica é neutralizar, com tarifas compensatórias, as distorções do mercado; para a exportação, há necessidade de significativos investimentos na qualidade de leite e derivados.
  • 32. 31 4.11 Os Principais Problemas da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil A análise histórica da economia agrícola brasileira mostra que a atividade leiteira foi a mais penalizada pelas políticas públicas. A característica mais marcante das políticas que afetaram a atividade leiteira diz respeito à busca de resultados imediatos ou de curto prazo. Pouco se fez numa perspectiva de mais longo prazo, objetivando solucionar os enormes problemas estruturais da atividade (WILKINSON, 1992). Em decorrência dessas políticas imediatistas, o problema mais grave da pecuária leiteira se tornou a baixa especialização de seus produtores, limitando historicamente tanto a eficiência quanto o crescimento do setor leiteiro no País, além de provocar grande sazonalidade na produção de leite. Yamaguchi et alli (2001) destacam as principais características responsáveis pelo atraso da produção leiteira nacional: a) o segmento da produção primária é composta em maior parte por pequenos produtores, que atuam de forma bastante atomizada no mercado; b) a tecnologia de produção tradicionalmente utilizada por grande parte dos produtores é caracterizada pela utilização de terra e mão-de-obra como fatores básicos de produção, sendo poupadora de capital; c) o rebanho leiteiro nacional é constituído, em sua maioria, por animais mestiços que se prestam à dupla finalidade leite/carne, sendo reconhecidos como de baixo potencial genético para a produção de leite; d) as pastagens nativas constituem a base da sustentação alimentar do rebanho leiteiro nacional. Entretanto, em geral essas pastagens ocupam áreas de baixa fertilidade natural ou degradadas pela prática da agricultura extrativista do passado, ou ainda, áreas de topografia acidentada, de reduzido interesse para a atividade agrícola;
  • 33. 32 e) ao lado da não-especialização do rebanho e da alimentação deficiente, são também insatisfatórios os aspectos de manejo geral do rebanho, controle reprodutivo, práticas sanitárias, condições gerais de higiene, infra-estrutura de produção e práticas administrativas. Os autores destacam que esse quadro é agravado ainda mais, quando associado à ausência de uma política setorial bem definida e de longo prazo, resultando em ações quase sempre imediatistas e sem grande contribuição efetiva para o desenvolvimento da pecuária leiteira nacional.
  • 34. 33 5 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO MARANHÃO 5.1 Evolução da Produção A produção de leite no Maranhão representa 0,9% da produção nacional e 8,26% da produção total da região Nordeste, com um volume total de 195,4 milhões de litros produzidos em 2002 (IBGE, 2003), conforme demonstrado na Figura 7. 120.000 130.000 140.000 150.000 160.000 170.000 180.000 190.000 200.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Períodos emmillitros Figura 7 – Evolução Anual da Produção Leiteira no Maranhão. Fonte: IBGE. Considerando-se o cenário nacional, na última década o estado do Maranhão apresentou um pequeno aumento de participação relativa em relação ao restante do País, mas obteve um elevado crescimento em relação à região Nordeste. Entre 1990 e 2002 a participação do estado foi aumentada de 0,88% para 0,9% em relação à produção brasileira e sua importância em relação à região Nordeste passou de 6,21% para 8,26% no mesmo período. As Figura 8 e Figura 9 apresentam a evolução da participação da produção leiteira no estado do Maranhão em relação à produção do Brasil e da região Nordeste, respectivamente.
  • 35. 34 0,90% 0,90% 0,80% 0,90% 0,90% 0,90% 0,80% 0,70% 0,70% 0,70% 0,80% 0,76% 0,90% 0,0% 0,2% 0,4% 0,6% 0,8% 1,0% 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Figura 8 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / BRASIL (1990 a 2002). Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. 6,21% 6,20% 5,80% 7,90% 7,90% 7,70% 5,90% 5,80% 6,60% 7,00% 6,90% 6,86% 8,26% 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Figura 9 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / Nordeste (1990 a 2002). Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. A recuperação da participação do estado do Maranhão em relação à produção nacional e à da região Nordeste é decorrente da elevada taxa de crescimento da produção de leite no estado em relação à produção nacional e regional entre 2001 e 2002. No período de 1990 a 2002, a produção nacional cresceu a uma taxa anual média de 3,3%, enquanto o estado do Maranhão apresentou uma taxa de crescimento média de 2,2% ao ano.
  • 36. 35 As taxas médias de crescimento da produção no Brasil, na região Nordeste e no estado do Maranhão estão apresentadas na Tabela 5. Tabela 5 – Taxa Média de Crescimento da Produção de Leite (1990 a 2002) Descrição Taxa Geométrica de Crescimento (1990/2002) Brasil 3,3% Nordeste 1,1% Maranhão 2,2% Fonte: IBGE O desempenho da produção de leite no estado do Maranhão poderia ter sido superior ao observado para o conjunto do País, caso não fossem as taxas negativas de crescimento registradas principalmente no período de 1996 a 1998, quando a produção do estado apresentou sucessivas reduções. Entretanto, a partir de 1999 a produção no estado voltou a crescer a taxas superiores ao observado para o conjunto do Brasil, principalmente entre 2001 e 2002 (Figura 10). 5,90% -2,50% 1,90% 5,20% 3,30% -4,00% -0,30% -1,00% 3,70% 5,20% 3,70% 25,70% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 taxadecrescimentoanual Figura 10 – Evolução das Taxas Anuais de Crescimento da Produção de Leite no Estado do Maranhão (1991 a 2001) Fonte: IBGE. Portanto, uma vez mantidas as taxas positivas de desempenho global da pecuária leiteira no estado do Maranhão nos próximos anos, espera-se um aumento
  • 37. 36 gradual da importância da pecuária leiteira maranhense em relação à pecuária nacional. 5.2 Distribuição Espacial da Produção no Estado Para fins de avaliação do comportamento interno da produção de leite no estado, utilizou-se a classificação adotada pelo IBGE que identifica as mesorregiões do estado. A Figura 11 apresenta graficamente a participação relativa das 5 mesorregiões em relação à produção total do estado. Oeste Maranhense - MA 49,7% Norte Maranhense - MA 7,1% Centro Maranhense - MA 22,9% Leste Maranhense - MA 8,0% Sul Maranhense - MA 12,3% Figura 11 – Distribuição Espacial da Produção de Leite na Maranhão por Mesorregiões (2002). Fonte: IBGE. Apesar do resultado positivo da evolução da produção de leite no Maranhão durante a última década, esse comportamento não foi homogêneo internamente no estado. Enquanto algumas mesorregiões apresentaram certo grau de estagnação, outras tiveram sua produção ampliada a taxas muito superiores ao comportamento médio no estado (Figura 12).
  • 38. 37 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Norte Maranhense - MA Oeste Maranhense - MA Centro Maranhense - MA Leste Maranhense - MA Sul Maranhense - MA Figura 12 – Evolução da Produção de Leite no Maranhão por Mesorregiões de 1990 a 2002 (em mil litros). Fonte: IBGE. Como resultado desse processo, observa-se uma mudança no cenário estadual de produção de leite, com algumas mesorregiões ganhando maior importância em detrimento de outras. As características de produção das mesorregiões do estado estão apresentadas na Tabela 6, que traz ainda informações sobre a importância relativa das mesorregiões em relação à produção total do estado e sobre a taxa geométrica de crescimento da produção entre 1990 e 2002. Tabela 6 – Características da Produção de Leite nas Mesorregiões Produtoras do Estado o Maranhão Mesorregiões Produção em 2002 (mil litros) Importância Relativa (%) TGC * 1990/2002 Norte Maranhense - MA 13.927 7,13% 2,39% Oeste Maranhense - MA 97.100 49,68% 5,16% Centro Maranhense - MA 44.743 22,89% -0,64% Leste Maranhense - MA 15.681 8,02% 3,49% Sul Maranhense - MA 23.996 12,28% -1,68% Maranhão 195.447 100,0 2,20% * TGC – Taxa Geométrica de Crescimento no período. Fonte: IBGE.
  • 39. 38 5.3 Características da Indústria de Laticínios no Estado do Maranhão O segmento industrial da Cadeia Agroindustrial do Leite no estado do Maranhão pode ser dividido em quatro grandes grupos, de acordo com suas características particulares de atendimento às normas de inspeção sanitária de produtos de origem animal – laticínios com inspeção federal, laticínios com inspeção estadual, laticínios com inspeção municipal e laticínios sem inspeção sanitária. Quadro 1 – Distribuição dos estabelecimentos industriais de processamento de leite e derivados no estado do Maranhão - por categorias (2003) Categorias Número de Estabelecimentos Laticínios com registro SIF (federal) 07 Laticínios com registro SIE (estadual) 13 Laticínios com registro SIM (municipal) (desconhecido) Laticínios sem inspeção sanitária (desconhecido) Fonte: Serviço de Inspeção Federal – SIF e Serviço de Inspeção Estadual – SIE O tipo de inspeção sanitária à qual as empresas estão vinculadas determina a esfera comercial possível de atuação pela mesma. As empresas com registro SIF podem comercializar seus produtos em todos os estados brasileiros, as empresas com registro SIE podem comercializar seus produtos somente dentro do estado do Maranhão e as empresas com registro SIM podem atuar somente dentro do município onde a mesma encontra-se instalada. As empresas sem registro sanitário são consideradas clandestinas. 5.4 Evolução da Recepção e Industrialização de Derivados A Figura 13 ilustra a evolução da industrialização de leite no estado do Maranhão em estabelecimentos inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal entre 1998 a 2002. Registra-se aumento da industrialização a taxas crescentes nesse período, com taxas relativamente baixas de sazonalidade na maior parte do período analisado.
  • 40. 39 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 jan/98 jan/99 jan/00 jan/01 jan/02 emmilhõesdelitros Figura 13 – Evolução da Industrialização Mensal de Leite nas Indústrias Inspecionadas pelo Serviço de Inspeção Federal no Maranhão. Fonte: IBGE e Serviço de Inspeção Federal – SIF. 5.5 Destino Final do Leite no Estado A Figura 14 ilustra a destinação final do leite no estado do Maranhão, considerando o comportamento no período de 1997 a 2001. Os valores foram calculados com base em informações do IBGE sobre a produção de leite no estado em comparação com os valores registrados pelo Serviço de Inspeção Federal e ainda considerando os valores estimados para os estabelecimentos com registro SIE através dos resultados da pesquisa de campo. Os números são suficientes para demonstrar o elevado grau de informalidade sanitária no estado, uma vez que somente um reduzido percentual do leite produzido é captado por estabelecimentos inspecionados pelo SIF ou SIE.
  • 41. 40 SIE 21% SIF 19% Informal 60% Figura 14 – Destino Final do Leite Produzido no Estado do Maranhão em 2002. Fonte: Serviço de Inspeção Federal – SIF/MA, Serviço de Inspeção Estadual do Estado do Maranhão. Adaptado por RIOS Estudos & Projetos 5.6 Características do Mercado É consenso no setor lácteo nacional de que o mercado do Nordeste, representam um grande potencial para a comercialização de derivados lácteos. Além do mercado existente, é importante ressaltar as oportunidades decorrentes da ampliação da renda nacional, particularmente na região Nordeste, onde a demanda reprimida da população representa uma oportunidade a ser explorada pelas empresas instaladas nesses estados. Não existem dados estatísticos disponíveis sobre o consumo de derivados lácteos no Maranhão. Entretanto, dados primários coletados durante a pesquisa, junto às principais redes de supermercados do estado, indicam as principais características do comércio no Maranhão. Em relação às grandes redes de supermercados, as informações disponibilizadas sobre a compra de derivados lácteos indicam que grande parte da
  • 42. 41 aquisição desses produtos é originária de outros estados, uma vez que poucas empresas inspecionadas operam no Estado do Maranhão. 6 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO 6.1 Segmento Produção Os trabalhos de pesquisa de campo desenvolvidos junto ao setor de produção de leite tiveram como prioridade a identificação das características gerenciais e tecnológicas dos produtores de leite associados às empresas de laticínios formalmente estabelecidas na região de estudo. Essa estratégia foi definida com o objetivo de avaliar detalhadamente as características dos produtores integrados formalmente à Cadeia Produtiva do Leite na região. Destaca-se que as avaliações sobre o universo dos produtores foram anteriormente estudadas detalhadamente através dos trabalhos coordenados pela agência regional do Sebrae de Bacabal. O presente estudo, portanto, complementa os resultados obtidos através do diagnóstico global da produção desenvolvido pela agência regional do Sebrae de Bacabal, aprofundando as análises em relação à estrutura de produção e às características gerenciais do grupo de produtores de leite que possui vínculos com as empresas de laticínios instaladas na região. 6.1.1 Destino da Produção
  • 43. 42 Refletindo o direcionamento dado à metodologia da pesquisa, que privilegiou a realização de entrevistas junto aos produtores vinculados aos laticínios, a venda do leite para empresas regionais constitui-se no principal destino da produção de leite entre os produtores participantes da pesquisa. Entre os produtores entrevistados, 76% vendem sua produção para empresas instaladas na região. Entretanto, outros resultados identificados na pesquisa são a venda para atravessadores, a fabricação de queijos na própria propriedade e a venda do leite “in natura” diretamente para consumidores (Figura 15). 76% 14% 7% 3% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Laticinios da Região Atravessador Beneficia o próprio Leite (Queijo) Venda in Natura Figura 15 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os laticínios que compram sua produção. Fonte: Dados da pesquisa. A elevada incidência de produtores que vendem leite diretamente aos laticínios da região justifica-se pelo direcionamento dado à pesquisa de campo, cujo foco de entrevistas priorizou a realização de entrevistas junto aos produtores associados aos laticínios formalmente instalados na região. Entretanto, observa-se que a presença do comércio de leite junto aos atravessadores é significativa, mesmo entre os produtores vinculados aos laticínios regionais, onde a industrialização do próprio leite e a venda do leite “in natura” ainda
  • 44. 43 apresentam importância sobre o destino final da produção, confirmando que esses modelos informais de comercialização são realmente expressivos na região de estudo. Esses resultados são coerentes com os obtidos pelo levantamento da produção de leite na região, desenvolvido sob coordenação do Sebrae-Bacabal, onde o conjunto dos produtores da região de estudo apresenta grande incidência de comercialização de leite para atravessadores e ainda na forma “in natura”, constituindo os dois principais destinos da produção em diversos municípios da região estudada. Destaca-se que a comercialização de leite para atravessadores tem como principal característica a posterior transferência do mesmo para ser industrializado por empresas instaladas fora do estado do Maranhão, transferindo renda para fora do estado. A comercialização de leite na forma “in natura” diretamente aos consumidores finais, por sua vez, reflete o elevado grau de informalidade da Cadeia Produtiva do Leite no estado do Maranhão e, particularmente, na região de estudo. Nesses casos, a comercialização de leite cru está associada principalmente aos aspectos culturais de consumo de leite pela população regional, à reduzida presença de usinas ou de mini-usinas de processamento de leite na região e também à falta de fiscalização sanitária adequada junto ao mercado. 6.1.2 Características da Produção 6.1.2.1 Produção Diária de Leite Os resultados dos trabalhos de campo demonstram que a região de estudo é caracterizada pela presença de produtores de micro e pequeno porte, cuja produção média diária situa-se em faixas inferiores a 100 litros de leite/dia (Figura 16).
  • 45. 44 11,11% 51,85% 7,41% 18,52% 11,11% de 0 a 50 de 50 a 100 de 100 a 150 de 150 a 200 de 200 acima Figura 16 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a produção média no último ano (em litros/dia). Fonte: Dados da pesquisa. Apesar de inicialmente apresentar-se como uma dificuldade para o desenvolvimento e modernização do setor, que gradativamente vem exigindo maiores volumes de produção para justificar os investimentos em modernização, estudos realizados em outras regiões do Brasil demonstram claramente a viabilidade da produção de leite em pequena escala, desde que sejam adotadas estratégias adequadas de produção. Nesses casos, a atividade de produção de leite apresenta-se como sendo extremamente importante para o desenvolvimento econômico e social das comunidades, uma vez que apresenta potencial para gerar renda durante o ano todo e ainda envolver grande volume de mão-de-obra em todas as etapas dos processos produtivos.
  • 46. 45 6.1.2.2 Infra-estrutura Disponível para Produção As análises relativas à infra-estrutura disponível para o desenvolvimento das atividades de produção de leite contribuem para a avaliação do grau de especialização dos produtores entrevistados em relação ao desenvolvimento da atividade. 6.1.2.2.1 Características de Uso da Terra Os resultados da pesquisa de campo demonstram que a totalidade dos produtores entrevistados possui pelo menos parte de suas terras ocupada com pastagens formadas, destinadas à alimentação do rebanho. 6.1.2.2.2 Existência de Benfeitorias Entre os produtores participantes da pesquisa, 85%, 78% e 59% possuem respectivamente energia elétrica, casa sede e casa de empregados na propriedade. Entretanto, considerando-se especificamente a existência de benfeitorias específicas para a atividade de produção de leite, os resultados demonstram que somente 41% das propriedades possuem currais e 4% apresentam estábulos. Portanto, a maioria das fazendas desenvolve as atividades de produção de leite sem condições adequadas para a manutenção das exigências básicas de qualidade e cuidados com o rebanho (Figura 17).
  • 47. 46 77,78% 59,26% 40,74% 3,70% 85,19% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00 % Casa sede Casa empregados Curral Estábulo Energia elétrica Figura 17 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a existência de benfeitorias na propriedade. Fonte: Dados da pesquisa. 6.1.2.2.3 Infra-estrutura do local de ordenha A existência de infra-estrutura apropriada para realização das ordenhas constitui-se num fator importante para a produção de leite de qualidade, uma vez que os maiores riscos de contaminação do leite estão presentes no momento da ordenha dos animais. Apesar disso, 33% dos entrevistados declararam que não possuem sequer um local específico para realização da ordenha, sendo a mesma executada em campo aberto. Nas demais propriedades, 55,6% possuem sala de ordenha com “chão-batido”, sem piso apropriado. Somente 14,8% das propriedades possuem estábulos específicos para a prática da atividade. Esses resultados são significativos, uma vez que reduzem as condições básicas necessárias para a produção de leite de qualidade pelos produtores da região (Figura 18).
  • 48. 47 55,56% 14,81% 33,33% Sala de ordenha em chão batido Estábulo com ordenha manual Não tem local isolado para ordenha Figura 18 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a estrutura do local de ordenha. Fonte: Dados da pesquisa. 6.1.2.3 Tipo de Ordenha O sistema de ordenha adotado pela totalidade dos produtores entrevistados é manual, não tendo sido registrada nenhuma propriedade com ordenha mecânica (Figura 19). Essa característica reflete a realidade da produção de leite regional, uma vez que o uso de sistemas de ordenha mecânica só é viável para fazendas cuja produção de leite justifique os investimentos em equipamentos.
  • 49. 48 100,00% 0,00% 0,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% Manual Mecânica Ambas Figura 19 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o tipo de ordenha. Fonte: Dados da pesquisa. A baixa aptidão leiteira dos rebanhos pode ser percebida também pela característica de exploração da atividade na região. Quando avaliamos a freqüência de ordenhas realizada diariamente, constatou-se que predomina na região a prática de se realizar somente uma ordenha por dia, característica essa associada a rebanhos de baixo potencial leiteiro. 6.1.2.4 Características do Rebanho Os rebanhos na região de estudo caracterizam-se principalmente pela presença de animais mestiços holandês-zebu, em diferentes graus de consangüinidade (Figura 20).
  • 50. 49 40,74% 3,70% 74,07% 3,70% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% Mestiço menos de ½ HZ Mestiço em torno de ½ HZ Azebuado Mestiço mais de ½ HZ Figura 20 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a composição racial das vacas. Fonte: Dados da pesquisa. Essa mesma característica se mantém quando analisamos as características de raça dos reprodutores, indicando que a predominância da raça mestiça deva prevalecer na região. 6.1.3 Indicadores da Atividade 6.1.3.1 Modelos Reprodutivos O modelo reprodutivo predominante na região é a monta natural não- controlada, onde os animais machos e fêmeas ficam soltos juntos no pasto e nenhum controle é feito sobre os períodos reprodutivos adequados (Figura 21).
  • 51. 50 92,59% 7,41% 0,00% Natural não controlada Natural controlada Inseminação artificial Figura 21 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão o tipo de cobertura. Fonte: Dados da pesquisa. A monta natural não-controlada é considerada ineficiente em termos reprodutivos, uma vez que não permite explorar adequadamente o potencial reprodutivo do rebanho, que muitas vezes apresenta eficiência reprodutiva muito inferior aos índices considerados adequados para a atividade. Outra causa de baixa eficiência reprodutiva pode ser percebida no controle relativo à primeira cobertura dos animais, através da qual os produtores poderiam antecipar o início da vida produtiva das fêmeas. Entretanto, os resultados da pesquisa de campo novamente demonstram que a grande maioria dos produtores não possui controle sobre esse processo (Figura 22).
  • 52. 51 14,81% 81,48% 3,70% de 12 a 24 de 24 a 36 de 36 a 48 Figura 22 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a idade média da novilha na 1ª cria (em meses). Fonte: Dados da pesquisa. Nesses modelos, é comum observarmos grandes intervalos entre partos no rebanho, causando prejuízos elevados para a eficiência e para a lucratividade da atividade pecuária. Esse fato ocorre principalmente em função do reduzido número de bezerros produzidos por fêmea na propriedade durante seu período produtivo, reduzindo tanto o potencial da produção total de leite quanto o número de animais do rebanho. Os prejuízos são ainda mais significativos quando consideramos que ambas as fêmeas, tanto as de curto intervalo entre partos quanto as de longo intervalo, mantêm praticamente equivalentes os seus níveis de alimentação e manejo. Entretanto, as fêmeas de longo intervalo entre partos demandam recursos de alimentação e manejo, sem entretanto apresentarem resultados correspondentes em termos de produção de bezerros e leite.
  • 53. 52 6.1.4 Características da Gestão 6.1.4.1 Características do Profissional Responsável pela Gestão da Propriedade As propriedades rurais que exploram a atividade leiteira na região da pesquisa são gerenciadas diretamente pelo proprietário ou pelo proprietário em associação com outros membros da sua família. Somente 3,7% das propriedades entrevistadas possui administrador externo responsável pela gestão da atividade leiteira (Figura 23). 77,78% 18,52% 3,70% Apenas proprietário Proprietário e família Apenas administrador Figura 23 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o responsável pela administração da propriedade. Fonte: Dados da pesquisa. Um resultado importante refere-se ao fato de que em nenhuma das propriedades participantes da pesquisa foi constatada a presença das esposas auxiliando diretamente as atividades de gestão das propriedades, indicando que a gestão é realizada exclusivamente pelos proprietários ou por seus filhos.
  • 54. 53 6.1.4.2 Grau de escolaridade do administrador O grau de escolaridade do principal administrador das propriedades entrevistadas pode ser considerado bom, uma vez que 85% dos entrevistados possui 4 anos ou mais de estudos (Figura 24). 3,70% 11,11% 18,52% 11,11%29,63% 25,93% 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos Figura 24 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o número de anos de escolaridade do administrador. Fonte: Dados da pesquisa. Esse fator é positivo, uma vez que reflete a possibilidade de transferência de conhecimentos técnicos e gerenciais com maior facilidade para os administradores das propriedades, criando alternativas para minimizar as deficiências identificadas na pesquisa de campo.
  • 55. 54 6.1.4.3 Fontes de Novos Conhecimentos A identificação das principais fontes utilizadas pelos produtores para obtenção de novos conhecimentos é uma característica importante na atividade leiteira, uma vez que permite direcionar os esforços futuros no intuito de ampliar a transferência de conhecimentos para os produtores rurais. No caso da região de estudo, os técnicos das instituições estaduais e os vizinhos foram citados como sendo as 2 principais fontes de conhecimentos consultadas pelos produtores para melhorar seus conhecimentos sobre a atividade (Figura 25). 37,04% 40,74% 11,11% 18,52% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00 % Vizinhos Técnicos de instituições estaduais Casa Veterinária Nenhum Figura 25 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme as fontes de novos conhecimentos sobre a atividade leiteira. Fonte: Dados da pesquisa. Nesses casos, acredita-se que estratégias que combinem o uso de treinamentos oferecidos pelos técnicos estaduais juntamente com trabalhos desenvolvidos em fazendas selecionadas como “pilotos” e referência nas diversas regiões apresentem grande potencial para ampliar os conhecimentos e a adoção de
  • 56. 55 práticas adequadas para o correto desenvolvimento da atividade no estado, uma vez que combinam o conhecimento técnico com o prático, além da possibilidade de visualizar os resultados nas fazendas vizinhas. 6.1.4.4 Principais Controles Adotados na Atividade A adoção de controles técnicos e gerenciais reflete o grau de evolução das questões administrativas nas propriedades rurais. Dessa forma, durante a pesquisa de campo foram pesquisados os níveis de adoção dos controles considerados básicos para o desenvolvimento da atividade leiteira, entre eles o registro das despesas mensais com a atividade, o controle leiteiro mensal e os dados relativos à cobertura e parição de animais. Entretanto, apesar da reconhecida importância desses controles para permitir a realização de análises básicas sobre o desenvolvimento da atividade, percebe-se que a grande maioria dos produtores na região não adota tais procedimentos, eliminando qualquer possibilidade de uma efetiva gestão da atividade pecuária (Figura 26).
  • 57. 56 25,93% 0,00% 3,70% 0,00% 74,07% 100,00% 96,30% 100,00% 0,00% 10,00 % 20,00 % 30,00 % 40,00 % 50,00 % 60,00 % 70,00 % 80,00 % 90,00 % 100,00 % Data de nascimento de bezerros Data de cobertura Controle leiteiro mensal Anotações de despesas e receitas com o gado Não Sim Figura 26 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os controles aplicados. Fonte: Dados da pesquisa. 6.1.4.5 Planejamento da Atividade Nenhum dos produtores entrevistados realiza qualquer tipo de planejamento sobre a exploração futura da atividade leiteira. Em todos os casos, as decisões são tomadas exclusivamente com base nas percepções imediatas do proprietário sobre o desenvolvimento da atividade. 6.1.4.6 Sucessão Familiar Apesar das dificuldades enfrentadas pelos produtores na gestão e exploração da atividade leiteira, 70,3% dos entrevistados declararam que esperam que seus filhos continuem explorando a pecuária de leite após a aposentadoria dos pais (Figura 27).
  • 58. 57 70,37% 11,11% 18,52% Filhos continuarão com o gado de leite Filhos trocarão de atividade agropecuária Não Sabe Figura 27 – Distribuição percentual média do total das propriedades dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a opinião sobre a sucessão do gado de leite na sua propriedade. Fonte: Dados da pesquisa. Esses resultados reforçam a importância social da pecuária de leite para a região de estudo, sinalizando ainda que o desenvolvimento de ações concretas para melhoria das condições dos produtores irá contribuir também para a melhoria futura das condições sociais do estado. Além disso, a elevada expectativa de continuidade dos filhos em relação à exploração da atividade de pecuária de leite indica que devem ser desenvolvidos esforços também no sentido de treinar e capacitar os herdeiros para permitir que os mesmos possam assumir as propriedades com conhecimentos mais adequados que os atualmente disponíveis para seus pais. 6.1.5 Avaliação de Conhecimentos sobre a atividade Esse capítulo foi destinado a avaliar o conhecimento dos produtores participantes da pesquisa em relação a tópicos e fatos comuns à atividade de
  • 59. 58 pecuária de leite. O objetivo do mesmo é caracterizar o grau de conhecimento geral do setor em relação a esses tópicos, auxiliando conseqüentemente na avaliação da eficiência das práticas atuais de extensão rural adotadas na região e no planejamento das ações futuras (Figura 28).
  • 60. 59 37,00% 92,60% 40,70% 63,00% 63,00% 85,20% 85,20% 11,10% 22,20% 88,90% 85,20% 77,80% 55,60% 74,10% 63,00% 7,40% 18,50% 7,40% 37,00% 14,80% 14,80% 63,00% 77,80% 11,10% 14,80% 22,20% 14,80% 25,90% 0,00% 0,00% 40,70% 29,60% 0,00% 0,00% 0,00% 25,90% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 29,60% 0,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% a) as vacas secas não devem receber alimentação suplementar porque não dão lucro b) em rebanhos leiteiros que não possuem bom sistema alimentar, as novilhas demoram mais a dar cria c) há vantagens em adicionar água ao alimento volumoso ou concentrado para vacas leiteiras d) o corte da capineira deve ser sempre baixo, rente ao solo e) existe um sal mineral capaz de combater vermes intestinais f) deficiências minerais atrasam o cio g) sal mineral em excesso pode provocar aborto h) na inseminação artificial o risco de transmissão de doenças é maior que na monta natural i) é recomendável prolongar o período de lactação além de 10 meses em uma vaca de alta lactação j) os carrapatos devem ser completamente erradicados dos animais k) é possível novilhas parirem com mamite l) o grau de sangue tem influência na fertilidade dos animais m) não se deve dar cana com uréia para vacas em gestação n) pastagens em solos com elevada fertilidade reduzem o consumo de sais minerais Não Sabe F V Figura 28 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme opinião em relação a alguns tópicos de conhecimento técnico da atividade leiteira.
  • 61. 60 Fonte: Dados da pesquisa. 6.1.6 Importância social e econômica da pecuária de leite A atividade leiteira constitui-se na principal fonte de renda dos produtores entrevistados, sendo a única fonte de renda para a maioria deles. Não foram registradas ocorrências de outras fontes significativas de renda para os produtores participantes da pesquisa, conforme demonstra a Figura 29. 100,00% 18,52% 3,70% 7,41% 11,11% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00 % Pecuária de leite Outras criações Culturas permanentes Culturas anuais Atividades fora da Propriedade Figura 29 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a ocorrência dos tipos de atividades geradoras de renda dentro e fora da propriedade. Fonte: Dados da pesquisa. 6.1.7 Capacitação e Treinamento
  • 62. 61 A maioria dos produtores participantes da pesquisa não participou de qualquer tipo de treinamento no último ano. Entre os produtores que participaram de treinamentos, as maiores incidências foram registradas para as áreas de inseminação, alimentação animal e manejo (Figura 30). 3,70% 22,22% 22,22% 18,52% 14,81% 7,41% 59,26% 0,00% 10,00 % 20,00 % 30,00 % 40,00 % 50,00 % 60,00 % 70,00 % 80,00 % 90,00 % 100,00 % Vacinação Inseminação artificial Alimentação animal Manejo Reprodução Higiene na ordenha Não participou de treinamentos Figura 30 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os participantes em treinamentos no último ano. Fonte: Dados da pesquisa. Questionados sobre a qualidade e a contribuição dos treinamentos para o desenvolvimento de suas atividades, a totalidade dos produtores que participaram dos treinamentos consideraram os mesmos excelentes ou bons, indicando uma elevada satisfação e a possibilidade de oferta de outros treinamentos nas mesmas regiões, além da variação ou aprofundamento dos temas iniciais. Caso fossem oferecidos novos treinamentos nos próximos anos, o interesse dos produtores entrevistados encontra-se focado principalmente nas áreas técnicas, reforçando os resultados da pesquisa de campo sobre a carência dos produtores em relação aos conhecimentos básicos para exploração da atividade de pecuária de leite.
  • 63. 62 As principais áreas de interesse dos produtores para receber treinamentos futuros encontram-se relacionadas na Figura 31. 44,44% 33,33% 29,63% 44,44% 22,22% 22,22% 3,70% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00 % Vacinação Inseminação artificial Alimentação do rebanho Manejo do rebanho Reprodução Higiene na ordenha Planejamento da Atividade Figura 31 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme sua opinião sobre em qual assunto deveria acontecer o treinamento. Fonte: Dados da pesquisa. 6.2 Segmento Industrialização 6.2.1 Histórico das Empresas 6.2.1.1 Ano de Fundação Os resultados dos trabalhos de campo demonstram que as empresas formalmente estabelecidas na região de estudo foram fundadas num passado
  • 64. 63 recente, principalmente a partir de 1995, indicando que o segmento industrial era totalmente desestruturado na região de estudo até meados da década de 90. 6.2.1.2 Motivação para Implantação A partir de 1995 novas empresas se instalaram formalmente na região de estudo, motivadas por oportunidades de negócio vislumbradas no setor industrial lácteo regional e ainda pela oportunidade de industrializar o próprio leite, face à insatisfação com os compradores de leite que historicamente atuavam na região (Figura 32). 37% 13%13% 37% Oportunidade de negócio Tradição familiar Proprietário trabalhou no ramo e criou a empresa própria Insatisfação com a indústria que era compradora Figura 32 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o motivo de abertura da empresa nesse ramo. Fonte: Dados da pesquisa. 6.2.2 Características Administrativas
  • 65. 64 6.2.2.1 Estrutura Acionária e Modelo de Gestão Em relação à estrutura acionária das empresas de laticínios da região, com exceção da unidade industrial instalada no município de Imperatriz e pertencente à Cooperativa Agropecuária do Vale de Tocantins Ltda, cuja infra-estrutura encontra- se arrendada para Comilla Industria e Comércio Ltda, as demais empresas participantes do estudo possuem estrutura acionária familiar, onde o proprietário é o principal responsável pela gestão do negócio. A elevada presença de empresas familiares no setor é um reflexo direto do tamanho dos empreendimentos de laticínios no estado, onde as fábricas são predominantemente de micro e pequeno porte. Somada à constatação de que as empresas de laticínios foram fundadas num passado recente, o registro da reduzida presença de grupos empresariais com experiências anteriores de atuação junto ao setor industrial lácteo indica ainda uma possível carência de conhecimentos técnicos e gerenciais específicos no setor. Essas questões serão confirmadas nos capítulos a seguir. 6.2.2.2 Adoção de Ferramentas Gerenciais As características de adoção de ferramentas gerenciais básicas podem ser utilizadas como um importante instrumento de avaliação do grau de profissionalismo empresarial predominante nas empresas pesquisadas. Entre as diversas ferramentas gerenciais consideradas como básicas para gestão adequada de agroindústrias, foram selecionados os controles de estoque de produtos e almoxarifado, os controles de rendimentos industriais e os controles de custos como referências para avaliação da gestão nos laticínios participantes do estudo. Os resultados encontram-se apresentados a seguir.
  • 66. 65 6.2.2.2.1 Controles de Estoques O controle dos estoques de produtos acabados constitui-se numa das ferramentas mais básicas para o adequado gerenciamento de agroindústrias de laticínios, uma vez que apresenta as bases necessárias para a implementação de diversos outros tipos de controles gerenciais, incluindo a avaliação de resultado da empresa. De maneira semelhante, o controle de estoques do almoxarifado (insumos, embalagens e ingredientes) apresenta-se como necessário para permitir a avaliação da eficiência da empresa em relação ao uso dos mesmos nos seus diversos processos produtivos. Entre as empresas entrevistadas, 49% declararam possuir controles periódicos de seus estoques de produtos acabados e de itens de almoxarifado e 13% responderam que possuem controles sem períodos definidos para avaliação e ajuste dos estoques reais em comparação com os registros efetivos dos controles, indicando que seus modelos de controle não são efetivos. 38% dos entrevistados declararam que não controlam seus estoques (Figura 33).
  • 67. 66 49% 13% 38% Controles pedióricos Controles não periódicos Sem controle Figura 33 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a utilização de controles de estoque de produtos acabados e de almoxarifado. Fonte: Dados da pesquisa. Em relação às estratégias adotadas para controle dos estoques, somente duas empresas declararam possuir processos de controles informatizados, sendo que as demais adotam procedimentos manuais de registros. 6.2.2.2.2 Controles dos Rendimentos de Fabricação O rendimento de fabricação de produtos lácteos pode ser definido como sendo a relação entre quantidade de matéria-prima consumida e quantidade de produto produzido nas etapas industriais. Em termos práticos, o rendimento de fabricação determina o volume de leite necessário para se produzir um quilo do produto final. No caso da indústria de laticínios, a relação entre matéria-prima e produto final representa o principal fator de custo da grande maioria dos produtos fabricados.
  • 68. 67 No caso das empresas participantes do estudo, 75% dos entrevistados declararam possuir controles sobre os rendimentos de fabricação de seus derivados, indicando que essa é uma preocupação da maioria das empresas instaladas na região de estudo. Entretanto, considerando-se os resultados obtidos para o rendimento de fabricação do queijo mussarela, principal derivado produzido pelos laticínios no estado, foram encontrados resultados que variam de 9,3 litros de leite/kg produto até 11,0 litros de leite /kg de produto, sendo que o rendimento médio registrado foi de 9,6 litros de leite/kg. Esses resultados são preocupantes, pois uma empresa que industrialize uma média de 7 mil litros de leite/dia em queijo mussarela deixaria de produzir 33,9 toneladas de queijo por ano caso tenha seu rendimento de fabricação equivalente a 11,0 litros/kg, comparativamente ao rendimento médio possível de 9,6 litros/kg. Portanto, apesar da existência de procedimentos para controle dos rendimentos de fabricação, os resultados da pesquisa indicam a necessidade de interferência nos sistemas produtivos industriais, com o objetivo de avaliar se tais rendimentos encontram-se dentro dos parâmetros adequados de eficiência médios estabelecidos para o setor. 6.2.2.2.3 Controles de Custos Nos últimos anos, o controle e o gerenciamento adequado dos custos de produção tornou-se uma das principais ferramentas adotadas pelas empresas para avaliação e manutenção das suas condições competitivas no mercado. Essa importância tornou-se ainda mais relevante após a abertura do mercado e estabilização da economia. Nesse novo cenário, ganhos no mercado financeiro não são mais suficientes para encobrir ineficiências operacionais. Além disso, o aumento da concorrência no mercado interno e externo tem restringido a capacidade das empresas de remarcar preços, obrigando as mesmas a aumentarem sua eficiência em relação ao gerenciamento de seus custos operacionais.
  • 69. 68 Portanto, existe unanimidade entre pesquisadores e estudiosos em relação à expectativa de que as empresas que não forem eficientes na gestão de seus custos de produção serão possivelmente eliminadas do mercado. Essas constatações são preocupantes quando confrontadas com os resultados da pesquisa de campo, onde 50% das empresas entrevistadas declaram não adotar qualquer tipo de procedimento para controle dos sues custos operacionais. Esses resultados são ainda mais significativos, uma vez que a questão inicial não avaliava a eficiência das técnicas adotadas pelas empresas entrevistadas, mas simplesmente o fato das mesmas possuírem algum tipo de controle. Quanto questionadas sobre as técnicas adotadas para controle dos custos, as empresas que possuem controles disseram adotar procedimentos de rateio simples das despesas para os produtos produzidos e ainda o uso de fórmulas que permitem calcular o custo final (Figura 34). 49% 38% 13% Nenhum Rateio simples Fórmulas Figura 34 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o método adotado para determinação dos custos. Fonte: Dados da pesquisa.
  • 70. 69 Apesar de representar um referencial inicial para avaliação do desempenho dessas empresas, destaca-se que o uso de tais técnicas não é adequado para avaliação da eficiência operacional das empresas, uma vez que não consideram os resultados dos indicadores de industriais na avaliação dos resultados. Essa baixa eficiência de análise pode ser confirmada pela própria percepção dos entrevistados que, com exceção da empresa que utiliza fórmulas, declararam-se insatisfeitos com as técnicas adotadas atualmente. Essas constatações indicam, portanto, a existência de oportunidades e da necessidade concreta de implantação de controles nas empresas que não os possuem e de melhoria dos mesmos nas empresas que já adotam essa ferramenta. 6.2.3 Uso da Informática O rápido desenvolvimento da informática nos últimos anos tem feito com que o uso dessa ferramenta seja primordial para o adequado gerenciamento e controle de empresas. Essa característica não é diferente para as empresas do setor de laticínios, as quais podem utilizar a informática como auxílio em praticamente todas as etapas administrativas e gerenciais. Na região de estudo, somente uma das empresas entrevistadas declarou não possuir computadores. Nas demais empresas, a informática está presente e tem sido adotada principalmente no suporte às operações de vendas e nos controles financeiros de contas a pagar e contas a receber. De acordo com os entrevistados, o uso da informática só não tem sido mais amplo em função da falta de programas específicos para o setor de laticínios, o que dificulta o uso da informática de maneira mais abrangente nas empresas. Questionados em relação às áreas de maior interesse para o desenvolvimento de novos programas, os entrevistados identificaram o controle dos custos de fabricação de produtos e os controles relativos ao estoque de produtos e almoxarifado como sendo os de maior interesse para o setor (Figura 35).