1. PrecariAcções
Novembro 2011
5
Boletim organizativo e de luta dos precários
Editorial
Todos para a rua! Greve Geral!
Avizinham-se tempos difíceis para o
povo português. Em 2012 vão entrar
em
força
todas
as
medidas
de
austeridade
previstas
para
nos
“salvar da crise”. Mesmo as pessoas
mais desatentas às notícias têm já
consciência que a situação só vai
piorar. O próprio Governo já veio a
público admitir as consequências de
toda esta austeridade: aumento do
desemprego para 13,6%; diminuição do
poder de compra em 4,8% e contracção
da economia em 2,8%. De acordo com a
nossa experiência, estas previsões
do Governo ficam sempre aquém, pela
negativa, daquilo que realmente se
irá passar. Temos o exemplo da
Grécia que também recebeu “ajuda” da
troika a troco de muita austeridade,
assim como o memorando acordado em
Portugal prevê. Vejamos o resultado
de tais políticas: diminuição em 5
anos na esperança média de vida
devido aos cortes na saúde; preços
de bens essenciais a disparar, os
quais
eram
semelhantes
aos
de
Portugal antes da crise (agora um
litro de leite custa em média 1,40€,
uma dúzia de ovos 3,40€ e contas de
casa para um mês em média 100€); e
já falam em abolir o valor do
salário mínimo, isto é, deixar o
patrão pagar aquilo que quiser pelo
nosso trabalho!
Este é o futuro que nos espera se
continuarmos
a
deixar
que
nos
imponham tais condições, desviando o
nosso dinheiro para pagar a dívida
soberana. Enquanto continuarmos a
pagá-la não haverá dinheiro para
saúde,
educação
ou
criação
de
emprego e rapidamente o buraco grego
será o nosso também.
Não podemos continuar impávidos e
serenos sabendo que estamos a ser
roubados todos os dias! Roubados nos
impostos, roubados nos subsídios,
roubados
dos
nossos
serviços
públicos, roubados das nossas vidas,
das nossas liberdades e dos nossos
direitos!
Há que sair à rua e gritar! Há que
lutar contra a austeridade!
PRECARIEDADE
A exploração do século XXI
Hoje em dia temos disseminado por todo o lado esta nova forma de trabalho a que
chamamos precariedade, este é um fenómeno que surge sempre que o patronato
necessita de aumentar a exploração sobre os trabalhadores. Assiste-se hoje perante
a crise a um retrocesso civilizacional a nível dos direitos e condições de trabalho da
maioria da população, sendo que tendem a ser os jovens quem está mais
desprotegido nesta situação.
A precariedade é a vários níveis uma ferramenta imprescindível para os patrões para
poder explorar a níveis impossíveis nas décadas anteriores pois cria instabilidade,
desunião entre colegas de trabalho, incapacidade de reivindicar ou organizar-se na
luta pelos seus direitos, falta de perspectivas no futuro e condiciona cada trabalhador
individualmente a dar o litro para apenas poder manter o seu posto de trabalho.
Perante uma crise provocada pelos ricos, a precariedade é uma forma de nos
forçarem a pagar grande parte da factura.
Ao nos tornarem precários, submetem-nos a salários de miséria, criam uma
desestruturação nas nossas vidas pessoais e familiares e matam todos os nossos
sonhos e projectos à nascença. Existe hoje alguém nesta situação que pense
realmente que o seu futuro vai ser risonho dentro de uns anos? Uma breve analise
às estatísticas económicas e às previsões do desemprego desenganará os mais
desatentos.
Mas não podemos estar apenas na defensiva nem achar que isto é uma fatalidade,
que isto tem de ser assim. Durante décadas, os trabalhadores conseguiram sempre
organizar-se e lutar pelo que é seu por direito. Numa situação como a que vivemos
hoje em dia torna-se mais urgente que nunca organizar-se para impedir a barbárie
que nos prometem já para 2012 com o Orçamento de Estado e a prevista revisão
laboral.
A dívida, a troika e as medidas do Governo têm de encontrar a mais firme resistência
nos trabalhadores pois só assim podemos parar e reverter este ataque declarado
dos banqueiros/patrões. Não podemos admitir que seja às custas do nosso trabalho
e dos nossos direitos que eles saiam do buraco em que se meteram.
Não podemos deixar-nos pisar, organiza-te e luta!
DIA 24 FAZ GREVE! SAI À RUA E FAZ-TE
OUVIR!
[1]
2. 15 DE OUTUBRO
A luta não pára em Braga e no País
O passado dia 15 de Outubro deu início a uma nova onda de
protestos a nível internacional. Desta manifestação mundial,
surgiram bastantes novos movimentos sociais que têm em comum
as reivindicações de uma democracia mais abrangente e
participativa, um repúdio ao sistema capitalista em geral e às
medidas de austeridade impostas pelo Governo e pela troika em
particular.
Aqui em Braga, à semelhança de outros pontos do país, surgiu
também um movimento: Movimento Indignados – 15 de Outubro
Braga, que se caracteriza por ser apartidário, democrático
interventivo e laico. Este tem vindo a reunir em Assembleias, numa
base semanal, todos os sábados pelas 15h no Centro Cultural e
Social de Sto. Adrião.
Na primeira Assembleia foram aprovadas 3 linhas orientadoras
como reivindicação: a suspensão do pagamento da dívida, a
nacionalização da banca sob controlo popular e uma intenção de
participar activamente quer na Greve Geral de 24 de Novembro,
quer na divulgação para ela.
Destas Assembleias Populares têm saído várias acções simbólicas,
como é o exemplo de uma concentração no Centro de Emprego de
Braga, com uma distribuição de panfletos sobre o tema do
desemprego que atinge valores históricos e de uma acção de
sensibilização no dia da aprovação do Orçamento do Estado para
2012, quais as medidas aprovadas e as consequências negativas
para as nossas condições de vida.
Neste momento o Movimento Indignados – 15 de Outubro Braga
está a preparar, como já se tinha proposto, a Greve Geral de 24 de
Novembro, com o objectivo de protestar contra as medidas de
austeridade, contra a troika e o Governo que as têm aplicado,
contra a precariedade, contra o desemprego e pela suspensão do
pagamento desta dívida que não foi por nós criada.
PARTICIPA NAS ASSEMBLEIAS POPULARES!
SAI À RUA NO DIA 24 E JUNTA-TE AOS PROTESTOS!
IBM BRAGA
Falta de transparência no pagamento dos salários
O nosso salário já é baixo e não dá para nada, por isso mais do que
ninguém devemos estar atentos e não permitir que nos andem a
enrolar com truques contabilísticos. É importante que todos vejam
com atenção os seus recibos de vencimento para saberem o que
andam a descontar e para o quê.
Existe uma total falta de transparência por parte das duas entidades
empregadoras (Adecco e Ranstad) no que respeita às deduções e
contribuições de cada trabalhador. No recibo que nos entregam
todos os meses nunca vem discriminado quais os valores sobre os
quais os descontos incidem, nunca ficando muito claro quanto
descontamos e para quê. Se a esta confusão adicionarmos a
confusão dos períodos mensais dos surveys e da assiduidade que
contam para os nossos prémios, fica claro que a única coisa
transparente é o valor baixo do salário no fim do mês.
No caso da Adecco, os advisors chegam ao fim do mês e não
sabem se estão a ganhar o prémio de assiduidade do mês presente
ou o prémio de qualidade do mês anterior pois não lhes é
comunicado a acumulação dos atrasos mensais durante esse
período nem vem discriminado no recibo. No caso da Randstad são
feitos descontos de 11% para a segurança social sobre o valor dos
prémios e estes são incluídos no salário base para efeitos de IRS.
Se incluem os prémios no salário base para os descontos, porque
nos retiram os prémios se não cumprirmos certas métricas? Isto só
acontece pois assim os prémios passam a poder ser embolsados
pelas empresas de trabalho temporário que apenas existem para
viverem às nossas custas.
Exigimos transparência!
Queremos salários dignos!
A precariedade faz com que a incerteza e a falta de perspectivas de futuro muitas vezes coloquem demasiada pressão sobre nós. Cada
vez mais há razões para que nos juntemos na reivindicação das nossas vidas mas o nosso posto de trabalho está constantemente em
risco.
Colega, desabafa as angústias, exorciza os receios, partilha a opinião, escreve-nos. A informação é confidencial. Este boletim existe para
que te possas organizar na defesa dos teus direitos, para que possas ter um espaço onde anonimamente exponhas os teus problemas e
denúncias, onde te possas exprimir.
Contacta-nos através de:
Email: precariaccoesbraga@gmail.com Blog: precariaccoesbraga.blogspot.com
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