O documento descreve a formação territorial do Brasil a partir da colonização portuguesa nos séculos XVI-XIX. A colonização envolveu a conquista de territórios indígenas e a implantação de estruturas econômicas como a plantação de cana-de-açúcar com mão de obra escrava. Ao longo dos séculos, a ocupação se expandiu do litoral para o interior do país através de bandeiras e a exploração de recursos como ouro. Isso resultou na transformação do território e no surgimento de centros urban
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Formação
territorial brasileira
PROFESSORA CAMILA – GEOGRAFIA
E.E. CARLOS AUGUSTO DE FREITAS VILLALVA JÚNIOR - 2014
Conceito de território
Para Karl Marx, estudioso alemão do séc. XIX (1818 – 1883),
autor da obra “O Capital”, o território não se definia pelo
domínio, mas sim pelo uso (“o que faz com que uma região
da Terra seja um território, é o fato das tribos ali caçarem”).
É o trabalho que qualifica o Espaço, gerando um território.
Este é, portanto, uma construção social.
A Geografia Crítica, movimento de renovação do
conhecimento geográfico que tomou corpo nos anos de
1960-70, retomou o sentido de território a partir da
concepção de Marx.
Não apenas o Estado, mas os grupos humanos agem,
ocupam, transformam e disputam os territórios.
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Milton Santos considera que é o uso do território, e não
o território em si, que faz dele um objeto de análise
social. Assim, esta noção deve ser objeto de constante
revisão histórica.
“Caminhamos, ao longo dos séculos, da antiga
comunhão individual dos lugares com o Universo à
comunhão hoje global: a interdependência universal
dos lugares é a nova realidade do território”.
O território, portanto, é...
... formado de objetos e ações; é sinônimo de
espaço humano, espaço habitado, espaço
geográfico.
Ao definir qualquer território, devemos considerar a
interdependência da materialidade (que inclui a
natureza)e o seu uso (que inclui a ação humana,
isto é, o trabalho, a política).
Revela ações do passado e do presente,
“congeladas” em objetos e ações.
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Para Milton Santos, território pode ser
considerado o “nome político para o
espaço de um país”.
A existência de um país pressupõe,
portanto, a existência de um território.
Porém, a existência de uma nação não
é, necessariamente, acompanhada da
posse de um território; nem sempre
supõe a existência de um Estado.
Entretanto, não há Estado sem território.
Espaço territorial
O espaço territorial é sujeito a
transformações sucessivas.
Assim, é preciso um esforço
destinado a analisar
sistematicamente a
constituição do território.
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A formação do território brasileiro
Colonização: conquista de espaços
O processo de colonização tem como origem a expansão territorial
de um grupo.
Para que a colonização ocorra, é necessário uma efetivação da
ocupação do espaço.
Expressa a instalação do elemento externo e implica a criação de
novas estruturas, atreladas aos interesses da expansão.
Implica haver uma metrópole.
Cada país colonizador possui sua geopolítica metropolitana, que
orienta a ocupação de espaços (empreendimentos privados,
estatais, mistos).
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Colonização
Tinham como elemento comum é a estrutura
militar.
Envolvia a conquista e submissão das
populações encontradas, apropriação dos
lugares. As estruturas produtivas eram
incorporadas ou destruídas.
Em muitos casos, a colonização criava novas
estruturas econômicas, por ex., as plantations.
As plantations - Foram estruturas organizadas
nas colônias de exploração americanas –
caracterizavam-se pela grande propriedade
monocultora, trabalhada por mão de obra
escrava, com finalidade de exportação do
produto cultivado.
Colonização do Brasil
Colônia de exploração:
- possibilitavam a acumulação; eram os lugares do capital
mercantil por excelência.
- Onde havia atrativos comerciais mas não havia população para
produção, ocorreu a migração forçada.
- As plantations foram estruturas de produção características das
colônias de exploração e são a origem do latifúndio moderno.
Porém, é preciso considerar que povoamento e exploração de
recursos foram processos articulados e complementares nos
empreendimentos coloniais.
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A partilha dos espaços mundiais
Os grandes Estados europeus repartiram e
delimitaram o mundo, definindo grande
áreas de jurisdição formal, incluindo os fundos
territoriais, como foi o Tratado de Tordesilhas
(1494).
Foi assinado por Portugal e Castela (Espanha)
dois anos após a chegada de Colombo nas
terras ainda desconhecidas da América.
Estabelecia a divisão das terras descobertas e
a descobrir, a partir de um meridiano traçado
a 370 léguas (1.770 Km.) a oeste das Ilhas de
Cabo Verde (46º37’O).
As terras a leste deste meridiano
pertenceriam a Portugal e, a oeste, à
Espanha.
Caracterização do espaço colonial
O território colonial é voltado para fora; os portos são áreas de grande
importância.
A conquista e domínio territoriais sintetizam a essência da colônia e
podem ser consideradas um traço comum na maioria dos processos
coloniais de exploração (envolvendo, inclusive, o uso da violência). No
período inicial da colonização, os europeus apropriaram-se de uma
natureza e de territórios já humanizados, em maior ou menor grau, por
povos que viviam no que viria a ser o atual território brasileiro. Desse modo,
é justo afirmar que o “Brasil indígena antecede o Brasil lusitano e o Brasil
contemporâneo”.
Os espaços extrovertidos são espaços geográficos produzidos e
organizados para atender o mercado externo, e segundo a lógica da DIT.
Exemplos: espaço da agroindústria da cana-de-açúcar, espaço da
mineração, espaço do café, etc.
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Brasil – Século XVI
• Economia canavieira
• Plantation
• Desmatamento para
cultivo de cana de açúcar
• Tentativa de escravizar o
índio
• Ampliação da ocupação
litorânea
• Inicia-se a ultrapassagem
do tratado de Tordesilhas
Brasil – Século XVII
• Ocupação das áreas do nordeste
pelos holandeses
• Intensificação das bandeiras para
o interior da colônia
• Ocupação de novas áreas
• Valorização da mão de obra
• Intensificação da destruição da
vegetação litorânea
• Decadência do mercado de
açúcar
• Crescimento do mercado mineiro
e da pecuária
• Intensificação da ocupação do
interior
• Dificuldade de locomoção no
interior da colônia (relevo )
• Ocupação seguia linhas
hidrográficas
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Brasil – Século XVIII
• Interiorização intensificada
• Diversificação econômica
• Melhoria na infra- estrutura de
transportes
• Investimentos maciços na
mineração
• Surgimento de grandes
centros urbanos
• Várias alterações de fronteiras
e tratados
• Guerras e disputas por
territórios
Brasil – Século XIX
• Consolidação da economia
cafeeira
• Concentração da produção em
função do centro administrativo
• Ampliação da malha ferroviária
• Decadência da economia
mineira
• Abolição da escravidão
• Inicio da decadência do café
• Indústria nacional
• Crescimento da população
urbana e dos fluxos migratórios
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Brasil - Século XX
Reorganização administrativa
Crescimento urbano interiorizado
Redirecionamento dos fluxos
migratórios internos
Abertura econômica para o capital
estrangeiro
O uso do território brasileiro
Transformações territoriais no Brasil foram motivadas:
• Interesses políticos e estratégicos
• Interesses econômicos
• Aspectos naturais
Organização interna foi motivada:
• Interesses políticos externo e interno
• Interesses econômicos
• Planejamento estratégico
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Interesse na exploração de recursos
Interligação entre a produção e o escoamento
da produção
Ocupação estratégica militar
Interesse na EXPORTAÇÃO de recursos
Criação de novos mercados
Ampliação industrial
A urbanização acompanha a atividade
econômica vigente
A decadência da atividade leva ao
desinteresse na região
Espaços extrovertidos são espaços geográficos
produzidos e organizados para atender o mercado
externo, e segundo a lógica da DIT. Exemplos: espaço
da agroindústria da cana-de-açúcar, espaço da
mineração, espaço do café, etc.
O termo “arquipélago econômico” expressa a falta de
integração entre as economias regionais que se
constituíram como espaços relativamente autônomos
de produção e consumo, guardando relações mais
estreitas com os mercados externos do que entre si.
Vale esclarecer que a expressão se aplica à economia
e à configuração geoeconômica do território brasileiro
no início do século XX, marcadas pela fragmentação
em “ilhas” regionais, em grande parte resultantes da
economia colonial.