O documento apresenta um excerto do conto "A Aia", de Eça de Queirós, que descreve o momento em que a aia salva o príncipe de ser raptado pelo tio bastardo durante uma invasão ao palácio real. A aia troca o príncipe do seu berço nobre para o berço humilde, enganando assim o raptor. Quando a verdade é descoberta, a rainha desfalece de alívio por o filho estar a salvo.
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A aia salva o príncipe
1. Ano Lectivo:
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PIAS 2009/2010
Escola Básica Integrada com Jardim de Infância de Pias
9º Ano
Língua Portuguesa
Conto de autor: “A Aia” – Ficha Formativa (Domínio da Leitura) 28 Outubro 2009
Nome: ______________________________________________________________ Turma: _____ N.º: _____
Lê atentamente o excerto apresentado do conto “A Aia”, de Eça de Queirós. Posteriormente,
resolve as actividades propostas.
( ) No entanto um grande temor enchia o palácio, onde agora reinava uma mulher entre mulheres.
O bastardo, o homem de rapina, que errava no cimo das serras, descera à planície com a sua horda, e
já através de casais e aldeias felizes ia deixando um sulco de matança e ruínas. As portas da cidade
tinham sido seguras com cadeias mais fortes. Nas atalaias ardiam lumes mais altos. Mas à defesa
5 faltava disciplina viril. Uma roca não governa como uma espada. Toda a nobreza fiel perecera na grande
batalha. E a rainha desventurosa apenas sabia correr a cada instante ao berço do seu filhinho e chorar
sobre ele a sua fraqueza de viúva. Só a ama leal parecia segura - como se os braços em que estreitava
o seu príncipe fossem muralhas de uma cidadela que nenhuma audácia pode transpor.
Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida, no seu catre, entre
10 os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de ferro e de briga, longe, à entrada
dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás, escutou
ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve
um gemido, um corpo tombando molemente, sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a
cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas... Num
15 relance tudo compreendeu - o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe!
Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim,
atirou-o para o pobre berço de verga - e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados,
deitou-o no berço real que cobriu com um brocado.
Bruscamente um homem enorme, de face flamejante, com um manto negro sobre a cota de malha,
20 surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou - correu ao berço de marfim onde
os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de ouro, e abafando os gritos no
manto, abalou furiosamente.
O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.
Mas brados de alarme atroaram de repente o palácio. Pelas janelas perpassou o longo flamejar das
25 tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase nua, a rainha invadiu a
câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho. Ao avistar o berço de marfim, com as roupas
desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes, num choro, despedaçada. Então calada, muito lenta, muito
pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga... O príncipe lá estava, quieto, adormecido, num sonho
que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a face entre os seus cabelos de ouro. A mãe caiu sobre o berço,
30 com um suspiro, como cai um corpo morto. ( )
A. Indica se as afirmações apresentadas são verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as afirmações
que considerares falsas, sem recorreres à forma negativa.
1. Na sua descida à planície, o tio bastardo e a sua horda espalharam a alegria e a felicidade.
2. Nenhuma medida foi tomada para proteger o reino do tio bastardo.
3. As palavras “vergéis” (linha 11) e “pomares” são sinónimas.
4. A aia tirou o príncipe do seu berço para o berço de verga, porque compreendeu que o palácio
ia ser incendiado.
B. Selecciona, em cada item (1. a 4.), a alternativa que permite obter a afirmação adequada ao
sentido do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada alternativa que
escolheres.
1. A aia viu ao fundo da galeria…
a) …o príncipe tombando.
b) …o bastardo cruel.
c) …homens, lanternas e armas.
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2. 2. O raptor “abalou furiosamente” (linha 22) pois…
a) …estava furioso.
b) …tinha pressa.
c) …era mau e não queria ser apanhado.
3. A expressão “brados de alarme atroaram” (linha 24) significa que…
a) …no palácio soou um alarme.
b) …várias pessoas começaram a gritar.
c) …o palácio foi invadido.
4. A expressão “a rainha invadiu a câmara” (linhas 25-26) permite classificar o narrador como…
a) …não participante.
b) …participante.
c) …omnisciente.
4.1. Justifica a resposta que deste no item 4.
C. Responde, agora, de forma completa às questões que te são colocadas. Salvo indicação em
contrário, constrói frases completas e utiliza as tuas próprias palavras.
1. Localiza o excerto no conto.
2. Apresenta o assunto do excerto transcrito.
3. Como sabes, a aia é a personagem principal do conto.
3.1. Transcreve do excerto as expressões que permitem realizar a sua caracterização directa.
3.2. Caracteriza-a psicologicamente, justificando a tua resposta com excertos textuais.
3.3. Indica as outras personagens relevantes do excerto.
3.3.1. Caracteriza-as psicologicamente.
4. Identifica a referência temporal presente no excerto.
4.1. Indica outras duas acções importantes no conto que tenham a mesma referência
temporal.
5. Apresenta os informantes espaciais existentes no excerto e conclui acerca deles.
6. Explica, por palavras tuas, o sentido das frases:
6.1. “Uma roca não governa como uma espada.” (linha 5).
6.2. “A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto.” (linhas 29-30).
6.2.1. Identifica a figura de estilo presente na frase do item 6.2.
7. No segundo parágrafo do texto, a acção desenrola-se rapidamente. Faz o levantamento dos
verbos e advérbios que conferem um ritmo rápido à acção.
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