O documento descreve o Centro de Memória Dr. Adélio Maciel na Associação Médica de Patos de Minas, que abriga objetos históricos ligados à medicina da região. Destaca-se uma fotografia de 1941 mostrando um médico realizando uma autocirurgia de apêndice, procedimento arriscado e hoje proibido. O acervo é composto por doações e está aberto para visitação de terça a sexta.
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Operação ubaldino patos museu
1. JORNAL DA
associação
médica Fevereiro/Março 2012 • Página 17
MINAS
Autocirurgia é destaque em Centro de Memória
Reprodução
Desde agosto de 2010, a Associação Mé-
dica de Patos de Minas conta com um Centro
de Memória que abriga diferentes objetos li-
gados à história da medicina. Nominado Dr.
Adélio Maciel, nome do primeiro patense a se
tornar médico, o espaço funciona no mesmo
prédio da filiada e tem entrada independente
para visitantes.
O acervo é composto por documentos mé-
dicos de Patos de Minas e região. Há um livro
de radioterapia do início do século XX, receitas
do século XIX, diplomas originais da primeira
metade do século XX, além de fotografias do
Hospital Regional Antônio Dias, datadas de
1930, ano da inauguração, e da visita do mé-
dico Carlos Chagas ao município, em 1923.
Chamou a atenção do presidente da Asso-
ciação Médica de Minas Gerais (AMMG), o ci-
rurgião geral e gastroenterologista Lincoln Lo-
pes Ferreira, a imagem de uma autocirurgia de
apêndice, realizada em 1941. De acordo com
o coordenador do Centro de Memória, Gio-
vanni Roncalli Caixeta Ribeiro, mudou-se para
Patos de Minas um médico baiano chamado
Ubaldino Gusmão Figueira, que abriu o pri- Fotografia exposta no Centro de Memória Dr. Adélio Maciel, na Associação Médica de Patos de Minas,
meiro hospital privado na cidade, naquele mes- mostra o médico Ubaldino Gusmão Figueira retirando seu próprio apêndice, em 1941
mo ano. Pouco tempo depois, teve uma apen-
dicite e se auto-operou, auxiliado por outro co- te ao utilizado pela forças armadas norte-ame-
lega médico e por espelhos colocados na sala ricanas nos acampamentos de guerra; uma ba-
Cataguases
de cirurgia. “Essas fotos foram divulgadas em lança de precisão; livros do século XIX, como o No último dia três de fevereiro, a
mídia nacional na época”, conta Ribeiro. dicionário de medicina francês Littrè. No Cen- Associação Médica de Cataguases rea-
Segundo o presidente da AMMG, a autoci- tro de Memória também podem ser encontra- lizou o seu II Fórum de Defesa Profis-
rurgia, além de ser algo inusitado, pode apre- dos o Livro do Chernoviz, formulário e guia mé- sional. Além do presidente da AMMG,
sentar maior chance de complicações e inter- dico, um clássico da medicina do século XIX, e Lincoln Lopes Ferreira, participaram o
corrências. “Os riscos do colega, sem dúvida, o primeiro número do volume da Revista da presidente do Conselho Regional de
foram grandes. Podem ter acontecido dores, Associação Médica Brasileira, datada de mar- Medicina, João Batista Gomes Soares,
tonturas, náuseas, tremores e outros incidentes ço de 1954. o conselheiro do CRM-MG José Nalon
que tornam o ato arriscado. Creio eu que o pro- De acordo com o coordenador do Centro de Queiróz, e o diretor de Defesa Pro-
cedimento seria proibido nos dias atuais. Ca- de Memória, Patos de Minas é a quinta cidade fissional da Associação dos Ginecolo-
sos semelhantes são raros e acredito que não a ter arquivos e equipamentos da área médica gistas e Obstetras de Minas Gerais (So-
passam de duas dezenas em todo o mundo.” em uma espécie de museu. Os outros municí- gimig), Carlos Henrique Mascarenhas
De acordo com o Conselho Federal de Medi- pios que preservam a memória da medicina Silva. Outras informações pelo telefo-
cina, não há resoluções e/ou pareceres que dis- são Barbacena, Belo Horizonte, Juiz de Fora e ne (32) 3421 8004.
cutam o tema no Brasil. Uberlândia. Ele diz que os alunos de medicina
Ribeiro explica que todo o material do Cen- do Centro Universitário de Patos de Minas já Urezoma
tro de Memória foi doado por antigos médi- utilizam o acervo para apresentarem trabalhos A 414ª Reunião da União das Re-
cos da região: “Alguns colegas, inclusive, já fa- no Congresso de História de Medicina. “Para gionais da Zona da Mata (Urezoma)
leceram e as próprias famílias fizeram as doa- aproveitar o acervo, há na filiada um projeto foi realizada pela Associação Médica
ções de objetos da área médica”. Um historia- chamado ‘Arte no Museu’. Nos reunimos pe- de Leopoldina em quatro de fevereiro
dor da cidade, professor Antônio de Oliveira riodicamente e apresentamos aulas com temas passado. Estiveram presentes o atual
Mello, doou uma cadeira de parto e Ribeiro relativos à história da medicina. Há ainda uma presidente da Urezoma, Manoel Tor-
doou sua coleção de selos que conta a história sessão comentada de cinema, com a projeção res Neves Neto, os presidentes da
da medicina. de filmes ligados à área médica.” Ribeiro con- AMMG, do CRM-MG e do Sindicato
Ele afirma que o auditório da filiada, Dr. João clui que preservar a memória é importantíssi- dos Médicos, respectivamente, Lincoln
Borges, também faz parte do Centro de Me- mo para não repetir os erros do passado e pla- Lopes Ferreira, José Batista Gomes Soa-
mória, pois nele existem mais de 30 telas pin- nejar melhor o futuro. res e Cristiano da Matta Machado.
tadas por artistas da cidade, inclusive por pro- O acervo está aberto para pesquisas e visi- Também participou o diretor adjunto
fissionais da medicina, retratando médicos e lo- tação no período de 8h a 11h e de 13h a 17h, de Assuntos do Interior da AMMG e
cais antigos referentes à saúde (consultórios, de segunda à sexta-feira. Todo o material po- último presidente da Urezoma, Dela-
farmácias, hospitais). “O conjunto de telas ge- de ser fotografado e copiado, com prévia au- no Carlos Carneiro. Ele foi elogiado pe-
rou uma exposição intitulada ‘Cenas Médicas’.” torização. Visitas guiadas podem ser marcadas los colegas pela brilhante contribuição
Outras raridades fazem parte do acervo, co- na própria filiada. Mais informações pelo tele- à frente do grupo.
mo um aparelho portátil de Raio X, semelhan- fone (34) 3821 3756.