3. Balizas Conceituais Tradicionais
• Cultura Erudita
– Elite intelectual como árbitro supremo dos
valores culturais e artísticos
• De massa
– Imposta de cima / padronização / mercado
• Popular
– Folk, homem rústico, tradições em
desagregação consequente aos processos de
industrialização, urbanização e
“americanização”
5. Cultura Erudita
(Arte)
Cultura de Massa
(Cultura Popular)
Masculinidade
Produção
Trabalho
Intelecto
Atividade
Letrada
Feminilidade
Consumo
Ócio
Emoção
Passividade
Iletrada
6. Destituição da aura
pela reprodutibilidade
através da impressão
serigráfica
Andy Warhol, Mona Lisa,
Trinta são melhores que
uma
Benjamin
Reprodutibilidade
técnica muda as
condições de recepção
da obra: amplia a esfera
de participação
7. Gramsci: hegemonia:
Primeiro liderar para
depois exercer o
poder.
Liderança leva ao
consentimento e à
subordinação ao
discurso do grupo
dominante.
8. Estruturalismo e 24 Horas
• Esquema invariável:
– X confere uma missão para
Jack Bauer;
– O vilão é sempre ambíguo,
e muitas vezes não é quem
o espectador imagina;
– Jack começa a desvendar a
trama;
– Figuras de traidores
começam a aparecer, assim
como de mulheres em
perigo, geralmente ligadas à
Jack;
– Jack tortura e é torturado;
– Jack sempre perde a mulher
e termina solitário, em nome
de seus princípios;
9. •
Outros elementos estruturais: relações entre os personagens,
ideologias, relações entre tipos distintos de valores – cobiça e
ideais, amor e morte, risco e planejamento, perversão e inocência,
lealdade e deslealdade – Vitória do risco e da decisão individual
sobre o planejamento e a hierarquia da cadeia de comando.
– Invenções acessórias capturam os observadores mais sofisticados.
Repetição do esquema habitual: preguiça imaginativa: narrativa do já
conhecido: prazer em seguir as variações mínimas pela qual o
vencedor cumpre o seu objetivo (Eco). 24 horas não segue totalmente
o esquema de um jogo previamente determinado: a sequência dos
episódios não se encontra estabelecida a priori, e o destino e
caracterização de muitos personagens e situações são elaborados no
decorrer da história, tendo como parâmetro a reação do público –
circunstância de recepção da mensagem.
– 24 horas tenta dissolver oposições binárias. Será que consegue? Por
exemplo, quando apresenta um presidente dos EUA agindo contra os
interesses do próprio país. Entra em ação a Razão Cínica: em nome de
um princípio, violo esse mesmo princípio. É possível fazer uma leitura
do tipo “pânico moral para estabelecer lei e ordem”... Mas, de onde vêm
essa lei e essa ordem, quem é representado por tais instâncias? O
seriado, assim, seria eficaz no sentido de representar a imaterialidade e
a dispersão do poder, nesse mundo líquido em que não faz mais
sentido falar em identidade nacional? No elenco: pessoas com posições
políticas diferentes.
– Massa e elite / primitivismo elementar e sofisticação cultural
10. Comunicação de Massa
Sociedade subordinada
aos meios de
comunicação de massa
Signos da cultura
popular e as imagens
dos meios de
comunicação de massa
estão assumindo a
função de definir o
senso de realidade
Peter Sellers em cena de Muito além do jardim.
11. Mundo Moderno Mundo Globalizado
Ordem vertical
Orientação paterna
Verdade
Da impotência à potência
Diálogo
Raciocinar (raisonner)
Estático
Hierarquia e grupos
Treinamento e especialização
Avaliação
Adversidade
Razão asséptica
Futuro:projeção do presente
Ordem horizontal
Cálculo coletivo
Certeza pessoal
Da impotência ao impossível
Monólogos articulados
Ressonar (résonner)
Interativo
Radicais diferenças
Pluralização de experiências
Responsabilização
Oportunidade
Razão sensível
Futuro:invenção do presente
12. Cultura: categoria central
Durante um longo período descrevemos e analisamos a realidade social em
termor políticos: a desordem e a ordem, a paz e a guerra, o poder e o
Estado, o rei e a nação, a República, o povo e a revolução. Em seguida a
revolução industrial e o capitalismo libertaram-se do poder político e
apareceram como a ‘base’ da organização social. Substituímos então o
paradigma político por um paradigma econômico e social: classes sociais e
riqueza, burguesia e proletariado, sindicatos e greves, estratificação e
mobilidade social, desigualdades e redistribuição passaram a ser nossas
categorias mais comuns de análise.
Hoje, dois séculos após o triunfo da economia sobre a política, estas
categorias ‘sociais’ tornaram-se confusas e deixam na sombra uma grande
parte de nossa experiência vivida. Precisamos, portanto, de um novo
paradigma, pois não podemos voltar ao paradigma político, sobretudo
porque os problemas culturais adquiriram tal importância que o pensamento
social deve organizar-se ao redor deles.
Alain Touraine, Um novo paradigma para compreender o mundo de hoje, p. 9.
14. Diversidade e identidade
• Indústria cultural, produção local, língua
portuguesa, línguas indígenas, referências
simbólicas
• Cultura associada com desenvolvimento, junto
com educação-segurança-saúde
• Grande vocação do Brasil (Brant, De Masi)
• Preservar o “afastamento diferencial”, e não a
peculiaridade (Hermano Viana)
• Brasil país do futuro (que nunca chega ou que
nunca chegará?)
15. Futuro
•
•
•
“o mundo será constituído cada vez mais por projeções midiáticas e
por imagens da cultura popular – televisões, dvds, videogames,
computadores, iPods, iPhone, anúncios publicitários, podcast,
shopping center...
Novas profissões: marketing, design, arquitetura, jornalismo e
televisão, assim como aquelas associadas ao aumento do crédito
do consumidor, e também, magistério, pesquisa e assim por diante
– associadas à definição e à venda de noções de realização e
crescimento psicológico e pessoal. (Strinati, p. 229).
Cada vez menos serão os “padrões de consumo” que irão definir o
que será produzido, mas sim uma antecipação do futuro. Daí, hoje,
escritores de ficção científica serem contratados como consultores
de altos executivos (ex: Vernor Vinge; Bruce Sterling, autor de
Tomorrow Now, comentado no artigo “A inteligência das espécies”,
publicado no Caderno de Cultura do Estado de São Paulo do dia 23
de setembro de 2007)
16. Quebra das identidades
• Cultura popular e meios de comunicação
de massa como pontos de referência para
a construção das identidades coletiva e
pessoal
17. Cultura popular hoje
Indústria do patrimônio histórico / turismo da
memória
• Cultura popular Vs Folclore
– Compra de reminiscências e emoções que evoquem
o passado: valor emotivo-mnêmico ligado aos
sentimentos nostálgicos
– Passado comercial, não socialmente instruidor nem
estruturante
– Reabilitação de coordenadas da tradição (políticas
públicas), de exigências étnico-religiosas que se
apóiam em patrimônios simbólicos de longuíssima
duração e de origem diversa (Lipovetsky, Tempos
Hipermodernos, p. 97)
18. Diretrizes para pesquisar
• O comportamento do público
• O papel do poder na constituição dos
contratos entre textos e público. Meios de
comunicação só são capazes de exercer
poder sobre o público na medida em que
haja um “contrato” entre os textos e o
público
• Estudar os modos de interação dos
produtores – seus propósitos, estruturas
institucionais, restrições externas, relações
com criadores, escritores, artistas, etc
Notes de l'éditeur
Criticar: 1. o conceito de uma audiência manipulada e passiva, encontrada nas variantes das teorias marxista, feminista e estruturalista; 2. o elitismo que considera a cultura de massa homogênea e padronizada
Comentar: budapeste de Chico e personagem de Calvino em Se um viajante...
1. “quando ouço a palavra cultura, saco meu talão de cheques”, 1985. O dito, parodiando o lema notório de um oficial da Gestapo, foi reformulado pela artista Norte-Americana Barbara Kruger, e atualiza o sentido daquela frase histórica que, no período nazista, concluía: “eu saco o meu revolver”. Trata-se de uma obra que torna hiperbólica a suposição de uma lógica midiático-mercantil, onde o indivíduo aparece como escravo (consumidor passivo) das exigências da ordem social; 2. A Índia amamentando, em foto de Pisco del Gaison, compõe o imaginário idílico das culturas tradicionais; 3. Clementina de Jesus, Cartola e Pixinguinha. Cultura popular autêntica? Voz do povo? Comentar o modo como são reapropriados hoje pelos produtores culturais; 4. iPod, o primeiro ícone cultural do século XXI, mistura de estilo, funcionalidade e desejo do consumidor. Comentar: 1. diluição de fronteiras: cruzamento entre imaginação artística e invenção técnico-científica; 2. políticas sobre o status dos produtos culturais, as condições de circulação de bens simbólicos, diversidade e identidade, protecionismo e liberação (texto do Brant)