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As horas pela alameda
Arrastam vestes de seda
Vestes de seda sonhada
Pela Alameda alongada...

Sob o azular do luar...
E ouve-se no ar a expirar A expirar mas nunca expira Uma flauta que delira,
Que é mais que a ideia de ouvi-la
Que ouvi-la quase tranquila
Pelo ar a ondear e a ir...
Silêncio a tremeluzir...

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oi

(“Plenilúnio”, Ficções do Interlúdio, de Fernando
Pessoa)
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Modernismo (séc. XX): a busca da
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Fernando Pessoa ortônimo

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Poesia lírica:

Tematiza a saudade, a
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populares

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Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.
Recordo outro ouvir-te,
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.
Com que ânsia tão raiva
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Fernando Pessoa nomeou esta foto de
“Em flagrante delito”

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Fernando Pessoa ortônimo
Mensagem (poesia patriótica) –
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Brasão: do mito da fundação
(Ulisses) a D. Sebastião (1578)
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Ó mar salgado, quanto do teu sal
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Fernando Pessoa ortônimo
Mensagem (poesia patriótica) – 3 partes:
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Brasão: do mito da fundação
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Mar Português: glória lusitana
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O Encoberto: mágoa pela
decadência da pátria;
esperança da ressurreição

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Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
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Fernando Pessoa - heterônimos
(≠ pseudônimos)

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Alberto Caeiro da Silva (Lisboa, 16/04/1889
– 1915,
semialfabetizado)
− rejeita o ato de
pensar; percebe o
mundo pelos sentidos
− pratica a antifilosofia
– “sinto, logo existo”

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Sou um guardador de rebanhos
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
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Pintura de Silva Porto

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Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o luar e o sol
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar,
Porque se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
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― contato com a natureza
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Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
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Ricardo Reis

(Porto, 19/09/1887,
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− adepto da cultura
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Vive sem horas. Quanto mede pesa,
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Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
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Álvaro de Campos (Tavira, 15/10/1890,
engenheiro naval)

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Álvaro de Campos: 3 fases


Opiário (Canal de Suez, Macau)

(...) E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.
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Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
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Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
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
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Opiário (Canal de Suez, Macau)
Futurista (Glasgow)

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
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

Opiário (Canal de Suez, Macau)
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Marginalidade, inquietação pessoal, revolta
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Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
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Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
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(...)
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
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  • 1. As horas pela alameda Arrastam vestes de seda Vestes de seda sonhada Pela Alameda alongada... Sob o azular do luar... E ouve-se no ar a expirar A expirar mas nunca expira Uma flauta que delira, Que é mais que a ideia de ouvi-la Que ouvi-la quase tranquila Pelo ar a ondear e a ir... Silêncio a tremeluzir... Música de Vanessa Bumagny oi (“Plenilúnio”, Ficções do Interlúdio, de Fernando Pessoa) rafabebum.blogspot.com
  • 2. Modernismo (séc. XX): a busca da renovação através da rebeldia rafabebum.blogspot.com
  • 4. Exaltação à tecnologia, à velocidade rafabebum.blogspot.com
  • 5. Ausenta-se a ideia do belo e do feio; deforma-se a imagem pelo exagero; palavra-chave: caricatura A Boba, de Anita Malfatti rafabebum.blogspot.com
  • 6. O Grito, de Edvard Munch rafabebum.blogspot.com
  • 7. Sobreposição de partes da imagem; preferência pelas linhas retas Mulher Chorando Les Demoiselles d'Avignon rafabebum.blogspot.com
  • 11. Evocação do sonho, do inconsciente A Persistência da Memória rafabebum.blogspot.com
  • 13. A Tentação de Santo Antão, de Salvador Dali rafabebum.blogspot.com
  • 16. O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente rafabebum.blogspot.com
  • 17. Fernando Pessoa ortônimo (ele mesmo) Poesia lírica: Tematiza a saudade, a melancolia; preferência por versos curtos, quadras populares rafabebum.blogspot.com
  • 18. Pobre velha música! Não sei por que agrado, Enche-se de lágrimas Meu olhar parado. Recordo outro ouvir-te, Não sei se te ouvi Nessa minha infância Que me lembra em ti. Com que ânsia tão raiva Quero aquele outrora! E eu era feliz? Não sei: Fui-o outrora agora. rafabebum.blogspot.com Fernando Pessoa menino
  • 19. Casa de Fernando Pessoa, Lisboa rafabebum.blogspot.com Fernando Pessoa era místico, zodiatra; mapa astral na entrada da casa
  • 20. Estátua de Fernando Pessoa, Lisboa rafabebum.blogspot.com
  • 23. Fernando Pessoa nomeou esta foto de “Em flagrante delito” rafabebum.blogspot.com
  • 24. Fernando Pessoa ortônimo Mensagem (poesia patriótica) – 3 partes:   Brasão: do mito da fundação (Ulisses) a D. Sebastião (1578) Mar Português: glória lusitana no mar rafabebum.blogspot.com
  • 27. Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quere passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. rafabebum.blogspot.com
  • 30. Fernando Pessoa ortônimo Mensagem (poesia patriótica) – 3 partes:    Brasão: do mito da fundação (Ulisses) a D. Sebastião (1578) Mar Português: glória lusitana no mar O Encoberto: mágoa pela decadência da pátria; esperança da ressurreição rafabebum.blogspot.com
  • 31. Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a Hora! Valete, Frates. rafabebum.blogspot.com
  • 32. Fernando Pessoa - heterônimos (≠ pseudônimos) rafabebum.blogspot.com
  • 33. Alberto Caeiro da Silva (Lisboa, 16/04/1889 – 1915, semialfabetizado) − rejeita o ato de pensar; percebe o mundo pelos sentidos − pratica a antifilosofia – “sinto, logo existo” rafabebum.blogspot.com
  • 34. Sou um guardador de rebanhos O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. rafabebum.blogspot.com
  • 35. Pintura de Silva Porto rafabebum.blogspot.com
  • 36. Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e o luar e o sol Então acredito nele, Então acredito nele a toda hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos. Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar, Porque se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol. rafabebum.blogspot.com
  • 37. ― contato com a natureza (poeta bucólico) ― visão não panteísta: A natureza é partes sem um todo. ― despreocupação formal Não me importo com as rimas. Raras vezes Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra. Pã, senhor dos bosques rafabebum.blogspot.com
  • 38. Ricardo Reis (Porto, 19/09/1887, médico e erudito) − adepto da cultura clássica; discípulo de Horácio (“carpe diem”) − epicurista: busca os prazeres equilibrados (≠ hedonista) rafabebum.blogspot.com
  • 39. Vive sem horas. Quanto mede pesa, E quanto pensas mede. Num fluido incerto nexo, como o rio Cujas ondas são ele, Assim teus dias vê, e se te vires Passar, como a outrem, cala. As Rosas amo dos jardins de Adônis, Essas vólucres amo, Lídia, rosas, Que em o dia em que nascem, Em esse dia morrem. A luz para elas é eterna, porque Nascem nascido já o sol, e acabam Antes que Apolo deixe O seu curso visível. Assim façamos nossa vida um dia, Inscientes, Lídia, voluntariamente Que há noite antes e após O pouco que duramos. rafabebum.blogspot.com
  • 40. Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos). Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente. E sem desassossegos grandes. rafabebum.blogspot.com
  • 41. Álvaro de Campos (Tavira, 15/10/1890, engenheiro naval) rafabebum.blogspot.com
  • 42. Álvaro de Campos: 3 fases  Opiário (Canal de Suez, Macau) (...) E eu vou buscar ao ópio que consola Um Oriente ao oriente do Oriente. rafabebum.blogspot.com
  • 43. Quando olho para mim não me percebo. Tenho tanto a mania de sentir Que me extravio às vezes ao sair Das próprias sensações que eu recebo. O ar que respiro, este licor que bebo, Pertencem ao meu modo de existir, E eu nunca sei como hei de concluir As sensações que a meu pesar concebo. Nem nunca, propriamente reparei, Se na verdade sinto o que sinto. Eu Serei tal qual pareço em mim? Serei Tal qual me julgo verdadeiramente? Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu, Nem sei bem se sou eu quem em mim sente. rafabebum.blogspot.com
  • 44. Álvaro de Campos: 3 fases   Opiário (Canal de Suez, Macau) Futurista (Glasgow) rafabebum.blogspot.com
  • 45. Álvaro de Campos: 3 fases    Opiário (Canal de Suez, Macau) Futurista (Glasgow) Marginalidade, inquietação pessoal, revolta (retorno a Portugal) rafabebum.blogspot.com
  • 46. Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo, Serviram-me o amor como dobrada fria. Disse delicadamente ao missionário da cozinha Que a preferia quente, Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria. Impacientaram-se comigo. Nunca se pode ter razão, nem num restaurante. Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta, E vim passear para toda a rua. (...) Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram Dobrada à moda do Porto fria? Não é prato que se possa comer frio, Mas trouxeram-mo frio. Não me queixei, mas estava frio, Nunca se pode comer frio, mas veio frio. Doctor Gachet, Van Gogh rafabebum.blogspot.com