1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CENTRO DE ESTUDANTES DE CIÊNCIAS SOCIAIS
GESTÃO “CECS Coletivo 2013”
CENTRO DE ESTUDANTES DE CIÊNCIAS
CECS Coletivo – Gestão 2013
SUBSÍDIO DE PREPARAÇÃO AO
Blog: http://cecscoletivo.blogspot.com.br/ SEMINÁRIO DE GESTÃO 2013
Twitter: @cecscoletivo
Facebook: CECS Coletivo – Gestão 2013
Porto Alegre, janeiro de 2013
2. Apresentação Anotações
Colegas de curso e companheiras/os de sonhos e lutas,
Ano passado, várias/os estudantes de Ciências Sociais se colocaram em
movimento. Um movimento diferente visto no tempo recente. Durante alguns
meses foi construída a ideia de um Centro de Estudantes que voltasse a respirar
ares mais coletivos e participativos. A memória histórica do CECS, hoje como
Centro de Estudantes de Ciências Sociais, não foi perdida. Tudo o que foi vivido até
aquele momento foi importante para a construção da chapa “CECS Coletivo”. O
desejo da autogestão embalou a campanha eleitoral, as artes feitas coloriram o
IFCH e as redes sociais de uma forma que agradou os estudantes.
Agora, é chegada a hora de concretizar os sonhos e ver que a utopia é
possível! Para além daquilo que separa, ousemos construir pontes de diálogo e
respeito. De que forma? Participando!
No próximo dia 31 de janeiro, a Sala X da CEU será palco do “Seminário de
Gestão do CECS Coletivo” e queremos contar com a sua presença. E para manter
viva animação que nos mobilizou em 2012, construímos este “Subsídio de
Preparação” com algumas informações sobre os Grupos de Trabalho propostos e
um texto para refletirmos a vida em grupo. A proposta metodológica do Seminário
será apresentada no dia, mas está sendo construída de modo a valorizar o caminho
histórico percorrido e a participação daquelas/es presentes.
Esperamos que este Subsídio contribua para que a caminhada nossa seja
feita de braços dados.
Eduarda Bonora Kern
Rafael D’Avila Barros
(Comissão de Metodologia do Seminário de Gestão)
3. Em construção… Grupos de Trabalho – CECS Coletivo
Ao final deste Subsídio, esperamos ter contribuído para o empoderamento Nossa concepção para o CECS passa pelos eixos e as propostas de cada um e
dos estudantes sobre os debates a serem feitos no Seminário de Gestão. Assim cada uma. Durante a campanha eleitoral, foram assumidos como compromisso a
sendo, ele será a base referencial para a sua realização. Caso tenha surgido alguma criação e efetivação de alguns Grupos de Trabalho (GTs). Os GTs foram produzidos
dúvida, será possível se manifestar ao longo do Seminário para que possamos coletivamente, e operacionalizados em pequenos grupos que depois foram
pensar e construir alternativas em conjunto. socializados e debatidos em plenárias ao longo da construção da chapa. É possível
Permanece o desafio de cultivar a semente da esperança e novidade que descentralizar, ser horizontal e organizado, começamos isso na campanha para
ousamos plantar em 2012. De uma forma participativa e coletiva, poderemos ver mostrar que é possível fazer o CECS um espaço plural e autônomo. Um desafio do
surgir novos horizontes para sonhar e ousar chegar. momento, é conseguir que estes GTs se mantenham vivos e operantes ao longo do
ano, organizando ações que mobilizem e envolvam os estudantes de Ciências
Sociais.
GT 1: ORGANIZAÇÃO E AUTOGESTÃO1
As propostas do Eixo de Organização e Autogestão foram organizadas a
partir do objetivo de gerar mais espaços de participação, diálogo, horizontalidade e
articulação nas ações do centro acadêmico.
É necessário fortalecer a relação dos estudantes do curso com o Centro
Acadêmico da mesma forma que a gestão precisa se fazer presente e
compromissada com os movimentos do curso e os quais se envolve. É fundamental
consolidar diferentes tipos de espaços para abarcar a diversidade de interesses e
disponibilidades que existem no curso, por isso, achamos necessário haver
diferentes níveis de envolvimento na política estudantil do curso.
1
Material disponível no blog do CECS Coletivo pelo endereço:
http://cecscoletivo.blogspot.com.br/2012/11/eixo-1-organizacao-e-autogestao.html. Acessado em
29/01/2013 às 19h25min.
4. x Representante Discente (RD) de Turma: pessoa responsável, durante um construir no meu silêncio-fala interna, minha sistematização. Depois novamente
semestre, por ser o canal de comunicação entre o grupo que compartilha voltando ao grupo posso checa-la, provocando um aprofundamento da mesma, ou
uma disciplina e o CECS. Esse RD é ligado a gestão e deve possibilitar maior não...
retorno do CECS aos estudantes, bem como facilitar o acesso desses a
gestão. Cada semestre será escolhido um RD de Turma nas cadeiras 4- Vida de grupo dá muita frustração
obrigatórias com a presença da gestão. O RD de Turma não pode tomar
posições pela turma, apenas repassar as questões que estão mobilizando o Porque enquanto educando tenho de romper com meu acomodamento
grupo. quieto, autoritário... esperando “as ordens” do educador... e quando elas não vêm,
x Grupo de Trabalho e Discussão (GTD): fortalecer a formação de grupos de descubro que só eu posso lutar-conquistar, construir, meu espaço...
trabalho e discussão, garantidos em estatuto, com o objetivo de vincular os O educador pode possibilitar, o rompimento da quietude mas não a ação do
estudantes a uma determinada temática de trabalho. construir, do conhecer. Essa, só o educando (o ator) pode.
x Gestão do CECS: funcionar como articuladora e multiplicadora de ações
dentro do curso, assegurar a organicidade do movimento estudantil de 5- Vida de grupo dá muito medo
ciências sociais.
Porque através do outro constato que sou “dono” do meu saber (e do meu
não saber). Sou dono de minha incompetência, e portanto responsável pela minha
Da mesma forma, além de garantir espaços e participação, é necessário busca-procura de conhecer, de construir minha competência.
estimular espaços de diálogo e deliberação além da gestão, se desejamos fazer uma
gestão plural e aberta: 6- Vida de grupo dá desânimo
x Passagens em salas regulares: comunicação com os estudantes Porque em muitas situações nos confrontamos com o caos: acúmulo de
x Apresentação do CECS aos estudantes no início do ano: comunicação com os temas, processos de adaptação, hipóteses heterogêneas...
estudantes Caos criador que nos demanda nova re-estruturação- Organização. Procura
x Reuniões semanais/quinzenais abertas: questões operacionais do curso da forma original própria e única adequada ao novo momento.
x Reuniões com RDs: socialização de informação e apoio aos RDs Vida de grupo (oh... vida de grupo...)
x Assembleia de Estudantes: consultivo e deliberativo
7- Vida de grupo dá muito trabalho e muito prazer
x Congresso de Estudantes: estratégico, discutir com o curso os rumos do
MECS
Porque eu não construo nada sozinha, tropeço a cada instante com os
limites do outro e os meus próprios, na construção da vida, do conhecimento, da
nossa história.
E de maneira complementar as propostas anteriores, o Eixo de Organização
e Autogestão também considera relevante para abertura, transparência e
organização do C.A.:
5. Que corre riscos NEGANDO A OMISSÃO autoritária e aprende a assumir o que
pensa, o que diz, o que faz. x Mural/quadro de avisos/calendários no espaço físico
Que busca a construção permanente da disciplina intelectual educando a x Jornal com textos enviados por estudantes
imaginação, o sonho, no dia-a-dia, junto com os outros, a paixão de conhecer, x Orçamento Participativo no cursos: consulta das demandas e destino do
aprender, ensinar e educar dinheiro do C.A.
x Revisão do estatuto - dar abertura a diferentes formas de organização do
centro acadêmico
VIDA DE GRUPO x Rotatividade das funções (ex: semestralidade em determinada atividade)
x Solicitação de um bolsista para o CECS
1-Vida de grupo tem:
-Alegria, riso aberto, contentamento, folia, concentração Todas essas propostas buscam fortalecer a participação e o envolvimento
-Medo, dor, choro, conflito, perdição, desequilíbrio, hipótese falsa, pânico. dos estudantes no movimento estudantil de Ciências Sociais, retomando a
-Entendimento, diferenças, desentendimento, briga, busca, conforto. necessidade de se pensar o curso de maneira coletiva, representativa (no sentido
-Silêncios, fala escondida, berro, fala oca, grito, fala mansa. de realmente representar os interesses dos discentes, não apenas do grupo da
-Generosidade, escuta, olhar atento, pedido de colo. gestão) e democrática.
-Ódio, decepção, raiva, recusa, desilusão.
-Amor, bem querer, gratidão, afogo, gesto amigo de oferta.
2-Vida de grupo tem vários sabores:
-Quente, frio, no ponto
-Doce? Melado? Cheiro de hortelã?
-Castanha, chocolate, perfume de canela.
-Salgado? Gelado? Cheiro de maçã?
-Palmito, frango, damasco
-Perfumes vindos da janela, lembrando o cheiro da vida vivida, gosto de hortelã.
3- Vida de grupo dá muita ansiedade.
Quando não recebo o produto do conhecimento mastigado (pronto) pelo
educador. Ele faz mediações com o objeto a conhecer e se eu, saindo com meu
reboliço, meu furacão interno (uterino?), minhas frustrações, ansiedades, Posso
6. GT 2: FORMAÇÃO EM MOVIMENTO2 Um grupo se constrói no trabalho árduo de reflexão de cada participante e
do educador. No exercício disciplinado de instrumentos metodológicos, educa-se o
prazer de se estar vivendo, conhecendo, sonhando, brigando, gostando, comendo,
bebendo, imaginando, criando e aprendendo juntos num grupo.
I-“QUE DIABO TEM ESSE GRUPO?”
-Que diabo tem esse grupo que dá tanto medo e ansiedade?
-Que diabo tem esse grupo que o risco de ser eu mesmo amedronta tanto?
-Que diabo tem esse grupo onde o “não sei” é o inicio para o aprender?
-Que diabo tem esse grupo que me deixa desvairada à procura do significado de
tudo?
-Que diabo tem esse grupo onde minhas hipóteses “corretas” são desestabilizadas,
Através do objetivo de olhar para o nosso cotidiano da universidade
me fazendo duvidar de tudo?
(re)pensar a formação e o movimento se estabelece a lógica de existência do eixo
-Mas que diabo de grupo de grupo é esse onde me criticam?
“Formação em Movimento”.
-Que diabo de grupo é esse que me faz sentir às vezes tão incompetente?
Refletir sobre a “Formação” do estudante de Ciências Sociais nos leva a
-Que diabo de grupo é esse que não me “dá calo” quando choramingo, na minha
problematizar constantemente o canal dessa educação que recebemos na
indisciplina...
academia: o currículo. É nítido também que muitas das formações do estudante
-Mas que diabo de grupo é esse???
estão além do currículo sendo este uma das instruções que ele recebe na
universidade. Logo pensamos no Centro de Estudantes como um meio de formação
para o futuro cientista social. Com atividades sistemáticas que entram em sintonia
II- ESSE, É O DIABO DO GRUPO
com o que os outros eixos propõem no sentido.
Que pergunta
Sendo assim nos cabe pensar no “Movimento” no sentido de dinamizar
Que dúvida
constantemente a construção de um programa de estudos que o estudante recebe,
Que diz não sei
trazendo para a construção do próprio as características destas mudanças
Onde, erras é aprender
necessárias. Aliado a uma postura de dialogo o movimento se dá nessa relação
Que ri, que briga
entre a base – estudantes que são atingidos pelo currículo vigente – e a estrutura
Que teve medo, limites, franquezas, que tem coragem
da COMGRAD/Departamentos. Nos cabe dinamizar/movimentar essa relação
Que chora, que come e vive junto
trazendo e propondo as necessidades do primeiros para os segundos.
Onde muitas vezes construindo sua competência é invadido por forte sentimento
de incompetência.
2
Que corre riscos para conhecer o outro e a si mesmo.
Material disponível no blog do CECS Coletivo pelo endereço:
http://cecscoletivo.blogspot.com.br/2012/11/eixo-2-formacao-em-movimento.html. Acessado em
29/01/2013 às 19h31min.
7. Um grupo se constrói no espaço heterogêneo das diferenças entre cada Pensamos nas seguintes propostas:
participante: -da timidez de um, do afobamento do outro, da serenidade de um, da
explosão do outro, do pânico velado de um, da sensatez do outro, da serenidade x Baseados na falta de disciplinas práticas no currículo, propomos pelo menos
desconfiada de um, da ousadia do risco do outro, da mudez de um, da tagarelice do um cadeira de metodologia e prática desde o primeiro semestre. Associando
outro, do riso fechado de um, da gargalhada debochada de outro, dos olhos miúdos o embasamento teórico a uma prática na sociedade. Não são raros os
de um, dos olhos esbugalhados do outro, de lividez do rosto de um, do encarnado currículos que tem esse perfil. Vejamos o da graduação em Ciências Sociais
do rosto do outro. da USP:
Um grupo se constrói enfrentando o medo que o diferente, o novo provoca, http://graduacao.fflch.usp.br/sites/graduacao.fflch.usp.br/files/Estrutura
educando o risco de ousar. %20Curricular%20-%20C%20Sociais%202010.pdf
Um grupo se constrói não na água estagnada do abafamento das explosões, x Criação de um “Grupo de estudos curriculares” aberto para a discussão e
dos conflitos, no medo em causar rupturas. proposições para o nosso currículo.
Um grupo se constrói construindo o vínculo com a autoridade e entre iguais. x Postura contraria a possível separação das áreas e formação de cursos
Um grupo se constrói na cumplicidade do riso, da raiva, do choro, do medo, fragmentados. É uma tendência nacional. No Brasil um caso emblemático é
do ódio, da felicidade e do prazer. da UFF no Rio que abre uma graduação para cada área das ciências sociais.
A vida de um grupo tem vários sabores. No processo de construção de um x Frente as mais de 60 disciplinas realizadas por semestre achamos
grupo, o educador conta com vários instrumentos que favorecem a interação entre necessário - junto ao eixo Organização e Autogestão - pensarmos a criação
seus elementos e a construção do círculo com ele. de “Representantes por Turma” (RT’s) pelo menos para as cadeiras
A comida é um deles. obrigatórias. Estes estudantes referências seriam o meio de aproximação do
É comendo junto que os afetos são simbolizados, representados, DA com a realidade de sala do estudante, caracterizando o
socializados. “acompanhamento” necessário que um centro de estudantes pode
Pois comer junto, também é uma forma de conhecer o outro e a si próprio. disponibilizar.
A comida é uma atividade altamente socializadora num grupo, porque x Conselho de RT’s ao menos duas vezes no semestre para partilha da
permite a vivência de um ritual de ofertas. Exercício de generosidade. Espaço onde realidade e do andamento das disciplinas.
cada um recebe e oferece ao outro o seu gosto, seu cheiro, sua textura, seu sabor. x Acompanhamento de um outro tipo de representação: a dos discentes(RD’s)
Momento de cuidados é atenção. na COMGRAD/Departamentos/IFCH. Não basta simplesmente escolhe-los
O embelezamento da travessa em que vai o pão, a “forma de coração” do em assembleia. É necessária a garantia de que estes estudantes estão
bolo, a renda bordada no prato.. Frio ou quente? realmente homologados e participando das decisões em tais estruturas. E
Que perfume falará de minhas emoções? Doce ou salgado? abertura de espaço nas assembleias para partilha das discussões realizadas
Todos esses aspectos compõem o ritual de comer junto que é um dos nesses espaços.
ingredientes facilitadores da construção do grupo x Organizar o 1° Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão da Graduação em
Um grupo se constrói com a ação exigente rigorosa do educador. Jamais com Ciências Sociais UFRGS: repensando fronteiras no oficio do cientista social.
a cumplicidade autocomplacente com o descompromisso do educando. (é uma primeira ideia de nome).
8. x Um outro assunto problemático que nos cabe é a Resolução 19/2011 tranferencial (a)- com a coordenação e (b) entre iguais (3)- evitar a estereotipia
(http://www.ufrgs.br/cepe/arquivos/Res_19_-_2011.pdf). Em 2012/2 dos papéis, romper os papéis cristalizados (4)- “rodar” os papéis.
cerca de 800 estudantes de Ciências Sociais foram atingidos por ações como
fim da permanência e retenção de créditos para alunos com baixo
desempenho. Quem são estes estudantes? Quais os fatores do baixo GRUPO é:
desempenho? Para ir além das respostas imediatas refletimos a necessidade
de uma “comissão de acompanhamento junto a COMGRAD destes Esta trama grupal onde se joga com papéis precisos, às vezes
estudantes” antes de uma postura favorável ou contraria a resolução. estereotipados, outros inabaláveis, não é um amontoamento de indivíduos. Mais
complexo que isso. Grupo é o resultado da dialética entre a história do grupo
Por fim entendemos a importância de uma postura de diálogo com as (movimento horizontal) e a história dos indivíduos com seus mundos internos,
estruturas que fazem parte do nosso dia a dia na universidade e do CECS como suas projeções e transferências (movimento vertical) no suceder da história da
organização administrativa que de fato contribua e auxilie o estudante nas suas sociedade em que estão inseridos.
necessidades.
Grupo é... Grupo
A cada encontro: imprevisível
A cada interrupção da rotina: algo inusitado
A cada elemento novo: surpresas
A cada elemento já parecidamente conhecido: aspectos desconhecidos.
A cada encontro: um novo desafio, mesmo que supostamente já vivido
A cada tempo: novo parto, novo compromisso com a história
A cada conflito: rompimento do estabelecido para a construção da mudança
A cada emoção: faceta insuspeitável
A cada encontro: descobrimentos de terras ainda não desbravadas...
Grupo é grupo...
A CONSTRUÇÃO DO GRUPO
Um grupo se constrói através da constância da presença de seus elementos,
na constância da rotina e de suas atividades.
Um grupo se constrói na organização sistematizada de encaminhamentos,
intervenções por parte do educador, para a sistematização do conteúdo em estudo.
9. Aqueles que calam representam essa parte nossa que desejaria calar, mas não GT 3: ESPAÇO E INTEGRAÇÃO3
pode. Em algumas situações, os silenciosos suscitam críticas, por parte de
elementos do grupo, porque estes se permitem o ocultamento. Ocultamento que
poderá ser aparente, pois o uso da palavra pode, também, ocultar um enorme
silêncio.. Em outras situações este ocultamento é real, onde o produto é a omissão.
No trabalho da coordenação, sua facilidade ou dificuldade em coordenar os
silenciosos dependerá de seu grau de escuta do silêncio do outro e do seu próprio...
É necessário um exercício apurado de observação e leitura sobre o que os
silenciosos falam... para poder possibilitar, assim, ruptura do papel de
“ocultamento”, de omissão. A coordenação deverá estar atenta para não permitir
uma relação hostil que obriga os silenciosos a falarem, pois deste modo não estará
respeitando sua “fala”, mas também não cair na armadilha da marginalização: “eles
nunca falam mesmo”..o que favorece a omissão. O objetivo deste GT de Espaço e Integração é unir os colegas, aproximar os
estudantes e quebrar os muros que os separam do CECS. É função do Centro
O porta-voz: é quem se responsabiliza em ser a “chaminé” por onde emergem as Acadêmico: criar espaços de sociabilidade e inclusão, e a chave para a realização
ansiedades do grupo. Através da sensibilidade apurada do porta-voz ele consegue disso é o diálogo, através da criação de canais de comunicação.
expressar, verbalizar, dar forma aos sentimentos, conflitos que muitas vezes estão O primeiro deles já é marcar uma reunião “mateada” para discutirmos com
latentes no discurso do grupo. O porta-voz é como uma antena que capta de longe todas as propostas sobre o uso do espaço do CECS, agregando novas ideias.
o que está por vir... Em muitas situações o porta-voz pode coincidir com uma das
expressões de lideranças. Para detectar se realmente está desenvolvendo o papel ESPAÇO:
de porta-voz de um conteúdo do grupo é necessário observar como o conteúdo O objetivo é deixar o espaço mais atrativo para todos os estudantes. Um
expressado chega, que ressonâncias provoca no grupo. Caso não provoque espaço onde todos possam se identificar e se sentir pertencentes a ele, enquanto
nenhuma sintonia com o grupo, não será uma intervenção emergente do grupo estudantes de Ciências Sociais. Além disso, entendemos que se trata de um espaço
(movimento de horizontalidade), mas sim um produto de sua história pessoal que deve ser usado à serviço do estudante.
(movimento de verticalidade). No trabalho da coordenação, perceber, diagnosticar x Reforma estrutural: pitar paredes, levantar uma placa do CECS, grafite na
essa situação faz parte de um longo aprendizado. Para isso a coordenação terá parede externa, conseguir equipamentos como computador, impressora,
(num primeiro movimento da construção do grupo) um trabalho de observação som, cafeteira, microondas, sofás, bancos, “kit chimarrão” (cuias, rabo
minuciosa para diagnosticar: (1)-Os papéis e (2)-Os conteúdos das projeções que quente, térmica), etc.
estão sendo transferidas para (A), - o grupo (B)- seus participantes (C)- A x Mural externo: transparência, comunicabilidade.
coordenação. x Usar o espaço para levantar fundos para os estudantes (ex. Formatura):
Esta projeção maciça do primeiro movimento, só será superada caso a festas, café, camisetas, economia solidária)
coordenação possibilite: (1)- A limpeza dessas projeções (2)- A mobilidade 3
Material disponível no blog do CECS Coletivo pelo endereço:
http://cecscoletivo.blogspot.com.br/2012/11/eixo-3-espaco-e-integracao.html. Acessado em 29/01/2013
às 19h28min.
10. São cinco os papéis que constituem um grupo, segundo a denominação de
INTEGRAÇÃO: Pichon Rivieri
CECS não é só festas, mas nós entendemos que as festas também fazem
parte da rotina acadêmica e que são importantes para estimular a integração entre “Líder de mudança”
os colegas em espaços mais descontraídos. “Líder de resistência”
x Manter a segunda-feira como dia de festa no CECS. “Bode expiatório”
x Apoiar as festas para levantar fundos para formandos. “Representantes do silêncio”
x Dialogar com os movimentos culturais (e a partir disso também criar festas “Porta-voz”
temáticas e eventos)
x Festas Temáticas. Líder de mudança é aquele que se encarrega de levar adiante as tarefas,
x Atividades diurnas. enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do novo.
x Calendário/Agenda fixa e aberta O contrário dele é o líder de resistência. Este sempre”puxa” o grupo pra tas, freia
avanços depois de uma intensa discussão ele coloca uma pergunta que remete o
FEIRAS E OFICINAS: grupo ao inicio do já discutido. Sabota as tarefas (levantando sempre as melhores
intenções de desenvolve-las, mas poucas vezes as cumpre), assume sempre o papel
x As Feiras e Oficinas são formas de apoio às iniciativas solidárias e de de “advogado do diabo”.
aproximação com a comunidade, além de promoverem sociabilidade entre Contudo, o líder de mudança e o líder de resistência não podem existir um
os estudantes. sem o outro... Os dois são necessários para equilíbrio do grupo. Esta é a visão de
x Feiras de trocas de xérox e de livros uma relação democrática, pois na relação autoritária e na espontaneista os
x Feira de digitalização dos textos. encaminhamentos poderão ser outros. Para cada maior acelerada do líder de
mudança maior freio, brecada, do líder de resistência. Isto porque muitas vezes o
x Feiras de Economia Solidária
líder de mudança radicaliza suas percepções, encaminhamentos, na direção dos
x Feiras Culturais: Teatro, Música, etc.
ideais do grupo, descuidando do principio de realidade. Neste momento o líder de
x Oficinas gerais: de artesanato, stencil, malabares, culinária, etc.
resistência traz para o grupo uma excessiva crítica (princípio de realidade
x Oficina de Fotografia vinculada ao Núcleo de Antropologia Visual.
exacerbado) provocando uma desidealização (desilusionamento), produzindo
x Feiras e Oficinas livres, onde os estudantes podem usar do espaço para
assim um contrapeso às propostas do outro.
promoverem suas atividades.
Bode expiatório: é quem assume as culpas do grupo. Serve-se de depositário a esses
conteúdos livrando o grupo do que lhe provoca mal-estar, medo, ansiedade, etc.
Os silenciosos: são aqueles que assumem as dificuldades dos demais para
estabelecer a comunicação, fazendo com que o resto do grupo se sinta obrigado a
falar. Num grupo falante, se “queima” quem menos pode sobreviver ao silêncio...
11. Este movimento de depósito começa na família, com o projeto inconsciente GT 4: SOCIAIS CONSTRUINDO A UNIVERSIDADE POPULAR4
dos pais. Estes marcam um lugar para cada um dos seus filhos, segundo as
necessidades que imaginariamente o grupo primário pretende preencher com
aquele que chega. Deste modo, o filho ou a filha já ocupará um lugar pré-
estabelecido e cumprirá um papel determinado. Entre os diversos papéis, são
divididos aspectos que são ansiogênicos e aos quais a família não pode assumir em
seu conjunto. Depositando-os assim num dos seus membros, o controle da
situação.
A debilidade familiar( os medos, as doenças, a agressividade) é projetada
(depositada) num de seus membros que assume “o doente” “o frágil”, a quem se
cuida, se vigia de perto. Desta maneira a família controla sua ansiedade. Diante
deste “membro doente” os demais se sentirão forçosamente sadios e fortes.
Um exemplo bem característico é no que se refere à agressividade. Um membro do
grupo familiar “torna-se” agressivo, ou seja, não lhe dando (e ele também x Apoio ao PVA - Pré Vestibular Autogestionário e coletivos de Educação
aceitando) esse lugar da violência do que sempre se irrita primeiro, ao que tudo Popular como espaço prático para licenciatura, experimentação na
lhe incomoda. Deste modo o grupo vai depositando nele sua agressividade. A partir educação e desmistificação entre a vida dos/as estudantes e o ingresso na
daí, identifica-se inconscientemente com ele nessa emoção de raiva e passa a se UFRGS. Espaço para problematização sobre o fim do vestibular, transição da
crer livre dela, colocando-se, ao contrário, na posição, no papel do não-violento. “escola” para o ensino superior e espaço de estudos sobre educação popular
Aquele que recebeu tal depósito passa a ser o “brigão”, “reclamão” da família e os e modelos pedagógicos.
outros assumem o status de quem generosamente o suporte. x Apoio a Coopeufrgs e associações/organizações autônomas de estudantes:
Através do mecanismo de projeção nos livramos de aspectos nossos que nos Prática de trabalho cooperado, laboratório de economia solidária e
desagradam, pois não admitimos que também fazem parte de nós. Se estou com cooperativismo. Relação com NEA - Núcleo de Economia Alternativa e
medo, em lugar de admitir, reconhecer MEU medo digo “tu me dás medo” ou “tua grupos de Economia Solidária da UFRGS e sociedade.
proposta é atemorizante”. Caso esta afirmação coincida (encontre) um sujeito a x Construção e participação da Feira de Trocas e Dia Sem Antônio - toda 2ª
quem sempre lhe é dado esse papel (atemorizante), nosso mecanismo projetivo se quarta feira do mês. Relação da Ecosol integrada ao espaço do Cecs.
verá inteiramente satisfeito. O depositário recebeu e se encarregará de “viver” meu Incentivo a Cooperativas de Consumo Alternativo.
medo. Meu medo não estará mais no meu interior e será produto, culpa daquele x Relação com PET Sociais
que me atemoriza. Poderei distanciar-me do meu medo, na medida em que me x Construção Congresso de Estudantes de Ciências Sociais: indicativo final de
separe dessa pessoa que se encarregou deste papel “atemorizante” março - início de abril - espaço para construção coletiva de programa,
agenda organizativa, projetos para o curso, cultura de participação,
OS COMPONENTES DO GRUPO organização, possibilitando o fim da coordenação.
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Material disponível no blog do CECS Coletivo pelo endereço:
http://cecscoletivo.blogspot.com.br/2012/11/eixo-4-ciencias-sociais-construindo.html. Acessado em
29/01/2013 às 19h34min.
12. x Pauta ANECS / MECS / MACS desempenhamos nosso papel, segunda nossa história e as marcas que trazemos
x Assistência Estudantil: permanência e autonomia estudantes: conosco.
-Luta Transporte Público; Durante nossa infância, em nosso grupo primário, tivemos um espaço que
-Creches; ocupamos como o único papel possível. Se examinarmos nosso grupo familiar
-Xerox: construir proposta para auxílio aos estudantes e observaremos como cada irmão tem seu papel dentro do grupo e como nós
(re)aproveitamento de material. Apoio a Feira de Trocas de Xerox, também desempenhamos o nosso. Há o que sempre agüenta as situações difíceis,
computador com textos digitalizados. outro se deixa levar por reações emocionais, outro que ajuda a comer o ódio, outro
-Lanches Solidários que faz a mediação, outro que está sempre em avergência, outro que assume o
-Relação com demandas de assistência estudantil do IFCH: ampliação de denunciar permanentemente. Estes papéis se mantêm ao longo da vida.
horário de biblioteca, RU, cota de xerox … Quando não suficientemente pensados, elaborados conscientemente, educados,
cristalizam-se, assumindo uma forma estereotipada, onde a repetição mecânica do
x Estudantes e Funcionários terceirizados (trabalhadores): construção de mesmo papel acontece
projeto quinzenal/mensal para integração/formação aos funcionários
terceirizados da UFRGS: COMO SE FORMA ESTA ESTRUTURA?
-Luta contra precarização do trabalho e debate sobre terceirização do
espaço público; Segundo Pichon-Riviere, a estrutura dos grupos se compõe pela dinâmica
-Rotatividade; dos 3D.
-Relação com professores; empoderamento dos trabalhadores através de O depositado, o depositário e o depositante.
processos formativos, queremos que quem participa da autogestão da O depositado é algo que o grupo, ou um individuo, não pode assumir no seu
universidade troque seus serviços por acesso ao conhecimento e que não conjunto e o coloca em alguém, que por suas características permite e aceita.
seja somente uma prestação de serviços. Estes que recebem nossos depósitos são nossos depositários, nós que nos
x Relação com moradores da Villa e Movimentos sociais de luta por moradia desembaraçamos destes conteúdos, colocando-os fora de nós, somos os
urbana - MNLM depositantes.
x Transdisciplinariedade: Relação e construção de atividades: seminários, Podemos observar em qualquer grupo (secundário) de adultos como se
aulas públicas e pautas com outros cursos e centros acadêmicos. distribuem esses papéis e tarefas implícitas. Há os que se encarregam sempre de
x Relação com comunidades: mapeamento de comunidades envolvidas em romper os silêncios embaraçosos, os que com uma piada ou uma saída criativa
projetos de extensão; associação luta urbana e rural; estágio de vivências; desfazem uma tensão, os que sempre estão em contra ou fazem de “advogado do
saídas de campos. Problematização: Quais são os espaços de estudos diabo”, os que se encarregam de carregar as culpas e mesmo reclamando aceitam o
práticos das ciências sociais? depósito de “bode expiatório”, os que chagam sistematicamente atrasados, os que
x Relação Movimentos Sociais: Observatório dos Movimentos Sociais e interrompem para sair, os que sempre discordam de algo, nunca estão de acordo
integração permanente das demandas dos movimentos e estudos ou aqueles a quem tudo lhes parece ótimo e encarregam-se das tarefas de que os
direcionados aos grupos. demais se omitem.
13. Somos capazes de diferenciadamente x Espaço para organização de seminários e integração América Latina:
Eu ser eu, vivendo com você e convite a coletivos que debatem a Universidade Popular, organizações de
Você ser você vivendo comigo. resistência, para permanente troca e atualização: movimento estudantes
Chile, zapatistas, UPMS - Universidade Popular Movimentos Sociais, etc.
(vamos sonhar alto! pq não?)
O indivíduo é um ser “geneticamente social” x Diversidade: Grupos de estudos e diálogos com coletivos para debates em
(Wallon) todas as esferas do curso (inclusive currículo) e da universidade;
x Relação com todos os cursos e demandas do IFCH.
x Espaço Saber Popular: atividades quinzenais com dia pré determinado
A identidade do sujeito é um produto das relações com os outros. Neste aonde receberemos convidados para troca de saberes: os mais variados
sentido todo individuo está povoado de outros grupos internos na sua história. possíveis. Ex. parteiras, medicina natural, comunidades tradicionais,
Assim como também povoado de pessoas que o acompanham na sua culinárias típicas, rituais, festas, contadores de histórias, etc …
solidão, em momentos de dúvidas e conflito, dor e prazer. Desta maneira estamos
sempre acompanhados por um grupo de pessoas que vivem conosco
permanentemente.
Em termos gerais a influência deste grupo interno permanece inconsciente.
Algumas vezes só no esquecimento (pré-consciente) e não nos damos conta que
estamos repetindo, reproduzindo estilos, papéis que têm que vir com vínculos
arcaicos onde outros personagens jogam por nós.
Todos estes integrantes do nosso “eu” interno estão presentes na hora de
qualquer ação, na realização de uma tarefa. Por isso, nosso ser individual nada
mais é que um reflexo, onde a imagem de um espelho que nos devolvem é de um
“eu” que aparenta unicidade mas que está composta por inumeráveis marcos de
falas, presenças de modelos dos outros
TIPOS DE GRUPOS.
Há dois tipos de grupos: primário e secundário.
A família é um grupo primário. Secundários são os grupos de trabalho,
estudo, instituições, etc. Em todos eles, encontramos um lugar, um papel, uma
forma de estar, que por sua vez constitui nossa maneira de ser. Nesse espaço
14. Texto de Apoio E você, sabe muito de você vivendo comigo?
Eu não sou você
Você não é eu
“O que é Grupo?”5
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto olhava pra você
Madalena Freire
Na sua, minha, insegurança
Psicóloga e pesquisadora na área da educação
Na sua, minha, desconfiança
Autora do livro: “A paixão de conhecer o Mundo”
Na sua, minha competição
Na sua, minha, birra infantil
Segundo Pichon-Riviere pode-se falar em grupo, quando um conjunto de
Na sua, minha, omissão
pessoas movidas por necessidades semelhantes de reúnem em torno de uma tarefa
Na sua, minha, firmeza
específica.
Na sua, minha, impaciência
No cumprimento e desenvolvimento das tarefas, deixam de ser um
Na sua, minha, prepotência
amontoado de indivíduos para cada um assumir-se enquanto participante de um
Na sua, minha fragilidade doce
grupo, com um objetivo mútuo.
Na sua, minha, mudez aterrorizada
Isso significa também que cada participante exercitou sua fala, sua opinião,
E você se encontrou e se viu, enquanto olhava pra mim?
seu silêncio, defendendo seus pontos de vistas. Portanto, descobrindo que, mesmo
Eu não sou você
tendo um objetivo mútuo, cada participante é diferente. Tem sua identidade.
Você não é eu
Neste exercício de diferenciação- construindo sua identidade- cada
Mas foi vivendo minha solidão
individuo vai introjetando o outro dentro de si. Isto significa que cada pessoa,
Que conversei com você
quando longe da presença do outro, pode “chamá-lo” em pensamento, à cada um
E você conversou comigo na sua solidão
deles e a todos em conjunto. Este fato assinala o inicio da construção do grupo
Ou fugiu dela, de mim e de você?
enquanto composição de indivíduos diferenciados.O que Pichon denomina de
“grupo interno”.
Eu não sou você
Você não é eu
EU NÃO SOU VOCÊ
Mas sou mais eu, quando consigo
VOCÊ NÃO É EU
Lhe ver, porque você me reflete
No que eu ainda sou
Eu não sou você
No que já sou e
Você não é eu
No que quero vir o ser...
Mas sei muito de mim
Eu não sou você
Vivendo com você
Você não é eu
5
Texto disponível no site: http://subsidiospj.blogspot.com.br/2011/03/o-que-e-grupo.html. Acessado em Mas somos um grupo, enquanto
29/01/2013 às 19h13min.