SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  34
Caso Clinico
Ramon Antonio Florez Acuña
Hospital Pediatrico David Benardino
2015
From the Departments of Psychiatry (S.L.B.), Pediatrics (N.A.S.), and Pathology (R.M.),
Massachusetts General Hospital; and the Departments of Psychiatry (S.L.B.),
Pediatrics (N.A.S.), and Pathology (R.M.), Harvard Medical School — both in Boston.
N Engl J Med 2013;368:2015-24
Presentação do Caso
Dr. Elizabeth G. Pinsky (Psiquiatra):
• Rapariga de 12 anos com irritabilidade, hipersonia e
sintomas somáticos
• Doença celíaca, bem até 8 meses
• Irritada
• Dores abdominais diários
• Formigamento e dor nos braços e pernas
• Tontura
• Anorexia
• Fadiga grave
• Sonolenta, dormindo até 13 horas por noite
• Explosões de raiva dirigida a sua mãe e a irmã.
• Isolada de seus amigos e perdeu interesse nas actividades.
• Desempenho na escola deteriorou-se, e reprovou nas
matemáticas.
• Encaminhada para as consultas de
Gastroenterologia, Neurologia e
psiquiatria.
• 4,5 meses antes da apresentação, índices
eritrócitarios e os resultados dos testes de
função tiroidea foram normais, e a
detecção de anticorpos heterófilos foi
negativo.
• Nasceu de uma mãe de 39 anos de idade, cesariana por
pré-eclâmpsia.
• Desenvolvimento durante a infância foi normal.
• Diagnóstico de doença celíaca nos 8 anos idade
(apresentava dor abdominal e constipação com níveis
elevados de anticorpo transglutaminase tisular (tTG IgA)
e anticorpo endomisial (EMA IgA) e o exame de biópsia
do duodeno mostrou alterações consistentes com
doença celíaca.
• Aderiu-se a uma dieta livre de glúten e melhorou.
• História de ansiedade e depressão; sem resposta com
sertralina, mas respondeu muito bem com escitalopram,
começado 2 anos antes desta avaliação e 7 meses de
terapia cognitivo-comportamental.
• Dezasseis meses antes dessa avaliação, ocorreu o
primeiro de três episódios de vómitos graves precisando
hidratação venosa; os episódios subsequentes ocorreram
6 meses e 4 meses antes desta avaliação, cada uma
precedida por febre e sintomas virais. Não havia dor de
cabeça associada, e a avaliação neurológica, incluindo
uma eletroencefalograma normal.
• A mãe da paciente observou que a paciente teve uma longa
história de devaneio. Não havia começado a menstruar.
• Não história de lesões na cabeça, perda de consciência,
sintomas urinários, internações ou cirurgias.
• A única medicação foi de 10 mg por dia de escitalopram.
• Não alergias conhecidas.
• Ela morava com seus pais e sua irmã mais nova.
• A mãe dela teve a doença da tireóide; tios maternos e
paternos, um tio paterno e sua avó paterna tinham doença
celíaca; um tio paterno tinha transtorno bipolar; e outros
parentes tinham depressão, deficit atenção e hiperactividade
(TDAH) e ansiedade. Não havia nenhuma história familiar de
fibrose cística, doença inflamatória intestinal, doença
hepática, pancreatite ou diabetes mellitus.
Exame Físico
• Magra e parecia exausta, sem aparente mal estado de saúde.
• TA: 83/52 mmHg, FC: 102 bpm, Circunferência da cabeça 53,2
cm , peso 35,4 kg e altura 149,9 cm (IMC 15,8 - 12º percentil
para a idade).
• Pele sardenta, com múltiplos nevos escuros e uma ligeira
hiperpigmentação nas axilas.
• Os resultados do teste nervo craniano e a fundoscopia
normais.
• Força conservada, reflexos enérgicos e resposta plantar em
flexão. Clonus (2 ou 3 batidas, curtos) ao pé direito mas não
foi repetida facilmente.
• Marcha conservada, avaliação sensorial e o teste de Romberg
normais
Psiquiatria
• Focou-se principalmente na sua dor e fadiga. Parecia retraída
e desconectada com um efeito triste e apático. Fala era
escassa, lenta e suave por momentos, alem de apresentar
contacto de olhos e movimentos espontâneos limitados. Seus
três desejos: ter um telefone celular para poder ligar a mãe
sem ela ficar nervosa enquanto espera por ela para buscá-la
na escola, ter amigos diferentes, e para que a escola seja
diferente.
• Não havia nenhum conteúdo delirante, ideação suicida ou
alucinações. Na sala de espera, ela adormeceu e acordou com
uma leve agitação mas não falou.
• A ressonância magnética (RM) da cabeça era normal.
• Diagnosticada de transtorno depressivo maior e transtorno de
ansiedade generalizada.
• Iniciaram-se sessões semanais de terapia.
• Durante as próximas 3 semanas, mudou-se a
administração de escitalopram para a hora de dormir; a
administração de bupropiona foi iniciada e gradualmente
aumentada para 75 mg diariamente.
• A paciente agravou-se com tonturas, vertigens, dores de
cabeça, dores de estômago e dor músculo-esquelética.
Teve dois episódios de vómitos na escola, com vómitos
no sanguinolenta, no biliosa e arcadas assim como
diminuição da ingestão oral.
• 6 semanas após a avaliação inicial, a paciente parecia
indiferente e pálida. Peso era 34,0 kg, por isso foi referida ao
Pediatra para uma futura avaliação.
• Ao exame clínico no consultório do Pediatra 5 dias mais tarde,
o peso foi de 32,9 kg.
• Os níveis de plaquetas, glicose, proteínas totais, albumina,
bilirrubina total e directa, alanina aminotransferasa e proteína
C - reativa estavam normais
• A bupropiona foi interrompida e foi referida para o
departamento de emergência de outro hospital.
• TA 87/45 mm Hg, o pulso 92 bpm com o paciente em
posição supina e 124 bpm enquanto ela estava de pé, a
temperatura timpânicas 36,4 ° C e o peso 33,5 kg.
• O restante do exame foi normal.
• Eletrocardiograma: ritmo sinusal de 100 batimentos por
minuto, com eixo normal, intervalo QT prolongado
corregido para frequência cardíaca de 505 mseg, uma
inversão de onda T na derivação III e ondas T bifásicas V3
• O paciente foi admitido num outro hospital.
• Foram realizados testes de diagnóstico adicional.
Diagnostico Diferencial
• Sintomas somáticos
• Alteração emocional pode afectar a
função somática (sensibilidade visceral)
e vice-versa. Interacção mente-corpo
• Humor irritável
• Ansiedade geralmente presentam
insónia ou inquietude e não com
hipersónia e retardo psicomotor.
Diagnóstico diferencial de humor
irritável em crianças …
Condição médica geral
Auto-imune
Doença celíaca
Poliartrite nodosa
Artrite reumatóide
Lúpus eritematoso sistémico
Cardiovascular
Tumores cardíacos
Insuficiência cardíaca congestiva
Encefalopatia hipertensiva
Anemia
Endócrino
Diabetes mellitus
Hyperadrenalismo
Hipoadrenalismo
Hiperparatiroidismo
Hipoparatireoidismo
Hipopituitarismo
Hipotireoidismo
Hipertireoidismo
Infeccioso
Hepatite
Vírus da imunodeficiência humana
Gripe
Doença de Lyme
Mononucleose
Metabólico
Problemas Ácido-Base
Hipocalemia
Hipernatremia
Hiponatremia
Insuficiência renal
Neoplásica
Câncer oculto
Neurológicas
Tumor cerebral
Esclerose múltipla
Apoplexia
Epilepsia de lobo temporal
Nutricional
Deficiência de vitamina B12
Deficiência de folato
Diagnóstico diferencial de humor
irritável em crianças …
Uso Medicamentos
Acyclovir
Anabolic steroids
Anticonvulsants
Carbamazepine
Phenytoin
Primidone
Asparaginase
Baclofen
Barbiturates
Benzodiazepines
Beta-blockers
Bromides
Bromocriptine
Clonidine
Glucocorticoid
Nalidixic acid
Narcotics
Nifedipine
Nonsteroidal
antiinflammatory drug
Norfloxacin
Oral contraceptive pill
Oseltamivir phosphate
Phenylephrine
Prazosin
Procaine derivatives:
penicillin G procaine,
lidocaine, procainamide
Thyroid hormones
Trimethoprim–
sulfamethoxazole
Cycloserine
Dapsone
Digitalis
Diltiazem
Disopyramide
Ethionamide
Halothane
(postoperatively)
Histamine H2–receptor
antagonists
Interferon alfa
Isoniazid
Isotretinoin
Mefloquine
Metoclopramid
Metrizamide
Metronidazole
Diagnóstico diferencial de humor
irritável em crianças.
A exposição a substâncias
Desordens por uso de álcool
Transtornos relacionados ao uso
de anfetamina
Monóxido de carbono
Transtornos relacionados ao uso
de cocaína, incluindo a
retirada
Metais pesados
Metilsulfonilmetano
Consumo de opiáceos
Trauma
Transtorno de estresse agudo
Estresse pós-traumático
Outros transtornos do
humor
Transtorno depressivo maior
Transtorno bipolar I
Transtorno bipolar II
Transtorno bipolar,
anteriormente não
especificados
Transtorno ciclotímico
Transtorno distímico
Transtorno de ajustamento com
humor deprimido
Transtorno depressivo, não
especificados
Avaliaçãolaboratorialderastreioemumacriançacom
irritabilidadecomsintomassomáticos
• Hemograma completo com contagem diferencial
• Painel de química de sangue completa incluindo cálcio
• Análise toxicológico de sangue e urina
• Vitamina B12
• Ácido fólico
• Teste de anticorpos heterófilos
• Tirotropina
• Outros testes a considerar
• Análise de líquido cefalorraquidiano
• Eletroencefalograma
• Neuro-imagem
Critériospara EpisodioDepressivoMaior.
DSM 5
• A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram
presentes durante o mesmo período de 2 semanas e
representam uma alteração a partir do funcionamento
anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor
deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer.
• B. Os sintomas produzem alteração clinica significativa o
deterioro social, ocupacional ou outras áreas
importantes.
• C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de
uma substância ou de outra condição médica.
Critériospara EpisodioDepressivoMaior.
DSM 5 (A)
(1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por
relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou vazio) ou observação feita por
outros (por ex., chora muito).
Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável
(2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas
as atividades.
(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de
5% do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase
todos os dias.
Nota: Em crianças, considerar falha em apresentar os ganhos de peso
esperados
(4) insônia ou hipersonia quase todos os dias
(5) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por
outros, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais
lento)
(6) fadiga ou perda de energia quase todos os dias
(7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser
delirante), quase todos os dias (não meramente auto-recriminação ou culpa
por estar doente)
(8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase
todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros)
(9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação
suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano
específico para cometer suicídio
Manuseamentoda depressãoda infância
• Apenas dois inibidores selectivos de recaptação de
serotonina (ISRS) são aprovados pela FDA
• Fluoxetina para crianças com 8 anos de idade ou mais
• Escitalopram para crianças de 12 anos de idade ou mais
• Em pacientes que não receberam tratamento
previamente, a evidência suporta o uso de fluoxetina
combinado com terapia cognitivo-comportamental para
uma resposta clínica mais segura e mais rápida.
• A depressão da paciente continuou apesar da
psicoterapia e dois ensaios de um SSRI (depressão
resistente ao tratamento)
• Estudos de depressão resistente ao tratamento em
adultos fornecem orientação para medicamentos para
esta criança. Aumentando um antidepressivo com
buspirona ou bupropion, mostra resultados dum
incremento de 30% na taxa de remissão.
• Bupropion trabalha através de mecanismos
noradrenérgicos e dopaminérgicos e efeitos
neurotransmissores diferentes daqueles afectados por
SSRIs. Se a administração de bupropiona for adicionada,
este paciente poderia continuar com escitalopram para
tratar a ansiedade dela. A bupropiona também é usada
para tratar distúrbios de atenção e pode ajudar a reduzir
o referido devaneio.
• Foram administrados Escitalopram e bupropiona
• Apesar dessas abordagens, os sintomas do paciente somático
pioraram, e ela começou a perder peso e parecer doente. Ela
urgentemente foi reenviada ao pediatra.
• Diagnóstico do Dr. Suzanne L. Bender
• Transtorno depressivo maior e alta suspeita de uma doença
médica simultânea.
Discussão Patológica
• Dr. Ricard Masia:
• Na biopsia duodenal (atrofia vilosa e hiperplasia críptica)
no contexto dos sintomas do paciente e o teste de
anticorpos positivo anti-transglutaminase tissular, esses
achados foram consistentes com envolvimento duodenal
pela doença celíaca.
• Os testes de diagnóstico realizados incluíam um testes de
estimulação com cosyntropin
• Cortisol plasmático: < 0,3 μg/dL (VN 5,0 a 25,0 μg/dL)
• Corticotropina plasmática: 2069 pg/ml (VN ≤46 pg/ml)
• Anticorpos anti-21-hidroxilase: 684.2 U/ml (VN ≤1.0)
• Actividade renina plasmática: 5633 ng/dL/h (VN 50 a 330).
• Estes resultados indicam insuficiência adrenal.
Manifestações clínicas da Insuficiência
Adrenal (IA)
Deficiencia Cortisol
• Hipoglicemia
• Impossibilidade de resistir o
stress
• Colapso Vasomotor
• Hiperpigmentação (em IA
primaria com excesso de
ACTH)
• Deletreo apneico
• Debilidade muscular, fatiga
Deficiencia Aldosterona
• Hiponatremia
• Hiperkalemia
• Vómitos
• Perda do sódio renal
• Desejo de comer sal
• Acidoses
• Falha no crescimento
• Hipotensão
• Desidratação
• Colapso circulatório
• Diarreia
• Debilidade muscular
Discussão do manuseio
• Dr. Nicole A. Sherry: O diagnóstico da doença de Addison é
muitas vezes perdido por algum tempo. Em um estudo,
apenas 47% dos casos foram diagnosticados dentro de 1 ano
após os sintomas iniciais e mais de 20% foram diagnosticados
mais de 5 anos após os primeiros sintomas. Trinta por cento
dos pacientes tinha visto cinco médicos antes de que foi feito
o diagnóstico da doença de Addison. Mais de 80% tinha tido
um diagnóstico incorreto anterior, 50% dos quais eram
transtornos psiquiátricos e 31% dos quais eram doenças
gastrointestinais.
• Este paciente teve uma história pessoal de doença celíaca e
uma história familiar de doença celíaca e a doença auto-imune
da tireóide. Esta constelação de doenças é altamente
sugestiva do Poliendocrinopatia autoimune síndrome tipo 2 e
deve alertar o clínico que o paciente é de alto risco para
outras doenças auto-imunes, incluindo insuficiência adrenal
auto-imune, doença da tireóide e doença celíaca.
• Após o diagnóstico da doença de Addison foi feito, o paciente
foi tratado com hidrocortisona (9 mg/m2 SC em três doses
diariamente) e fludrocortisona (0,1 mg por dia). Embora os
sintomas somáticos resolvido, ela continuou a ter sintomas
psiquiátricos.
• Dr. Pinsky: A paciente dada de alta com apenas escitalopram e
terapia de substituição de glicocorticóide e mineralocorticóide. As
náuseas, vómitos, dor e fraqueza diminuiu rapidamente e o apetite
dela melhorou. A fadiga persiste mas foi melhorando.
• Após 3 meses de terapia de reposição de glicocorticóide, o paciente
continuou a ser socialmente retraído e ansioso, estava ainda
dormindo 12 a 14 horas por dia. Testes neuropsiquiátricos foi
realizada e foi sugestivo de TDAH, embora a avaliação da atenção foi
confundida por humor deprimido e ansiedade, bem como a sua
doença médica recente. A administração de bupropiona foi
retomada. Após várias semanas, melhoraram os sintomas de
abstinência, ansiedade, energia e atenção. No final do ano letivo, o
paciente foi o campeão da feira de Ciências.
Diagnóstico anatômico
• Doença celíaca
• Doença de Addison
• Transtorno depressivo maior
• Obrigado

Contenu connexe

Tendances

Depressao puerperal 09.09.12
Depressao puerperal 09.09.12Depressao puerperal 09.09.12
Depressao puerperal 09.09.12Elisa Brietzke
 
Unicamp prova residência médica 2017
Unicamp   prova residência médica 2017Unicamp   prova residência médica 2017
Unicamp prova residência médica 2017KETOLY COLATI
 
Um Caso sobre Esquizofrenia
Um Caso sobre EsquizofreniaUm Caso sobre Esquizofrenia
Um Caso sobre EsquizofreniaCamila Ferreira
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
EsquizofreniaJulai1991
 
Tireoide na minha mente (Portuguese)
Tireoide na minha mente (Portuguese)Tireoide na minha mente (Portuguese)
Tireoide na minha mente (Portuguese)Louis Cady, MD
 
Caso 5 a dona de casa que morava ao lado da ubs
Caso 5   a dona de casa que morava ao lado da ubsCaso 5   a dona de casa que morava ao lado da ubs
Caso 5 a dona de casa que morava ao lado da ubsjoycemoreira21
 
Propedêutica das cefaléias
Propedêutica das cefaléias Propedêutica das cefaléias
Propedêutica das cefaléias Marco Aurélio
 
Emergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi Assmé
Emergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi AssméEmergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi Assmé
Emergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi AssméRicardoAssm1
 
Delirium, depressão e demência sbgg (para curso)
Delirium, depressão e demência   sbgg (para curso)Delirium, depressão e demência   sbgg (para curso)
Delirium, depressão e demência sbgg (para curso)Dany Romeira
 
Crise Convulsiva
Crise ConvulsivaCrise Convulsiva
Crise Convulsivaegfmed
 
Esquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridadeEsquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridadecleytonlopes
 
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual
Transtorno Disfórico Pré-MenstrualTranstorno Disfórico Pré-Menstrual
Transtorno Disfórico Pré-MenstrualPetra Rodrigues
 

Tendances (20)

Depressao puerperal 09.09.12
Depressao puerperal 09.09.12Depressao puerperal 09.09.12
Depressao puerperal 09.09.12
 
Unicamp prova residência médica 2017
Unicamp   prova residência médica 2017Unicamp   prova residência médica 2017
Unicamp prova residência médica 2017
 
Cefaleia na criança
Cefaleia na criançaCefaleia na criança
Cefaleia na criança
 
Um Caso sobre Esquizofrenia
Um Caso sobre EsquizofreniaUm Caso sobre Esquizofrenia
Um Caso sobre Esquizofrenia
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Tireoide na minha mente (Portuguese)
Tireoide na minha mente (Portuguese)Tireoide na minha mente (Portuguese)
Tireoide na minha mente (Portuguese)
 
Esquizofrenia 1
Esquizofrenia 1Esquizofrenia 1
Esquizofrenia 1
 
Caso 5 a dona de casa que morava ao lado da ubs
Caso 5   a dona de casa que morava ao lado da ubsCaso 5   a dona de casa que morava ao lado da ubs
Caso 5 a dona de casa que morava ao lado da ubs
 
Propedêutica das cefaléias
Propedêutica das cefaléias Propedêutica das cefaléias
Propedêutica das cefaléias
 
Delirium no Paciente Idoso: Características Descritas na Literatura Brasileira
Delirium no Paciente Idoso: Características Descritas na Literatura BrasileiraDelirium no Paciente Idoso: Características Descritas na Literatura Brasileira
Delirium no Paciente Idoso: Características Descritas na Literatura Brasileira
 
Convulsao
ConvulsaoConvulsao
Convulsao
 
Fenilcetonúria
FenilcetonúriaFenilcetonúria
Fenilcetonúria
 
Emergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi Assmé
Emergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi AssméEmergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi Assmé
Emergências Psiquiátricas - Ricardo Manzochi Assmé
 
Delirium, depressão e demência sbgg (para curso)
Delirium, depressão e demência   sbgg (para curso)Delirium, depressão e demência   sbgg (para curso)
Delirium, depressão e demência sbgg (para curso)
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
A esquizofrenia
A esquizofreniaA esquizofrenia
A esquizofrenia
 
Crise Convulsiva
Crise ConvulsivaCrise Convulsiva
Crise Convulsiva
 
Esquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridadeEsquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridade
 
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual
Transtorno Disfórico Pré-MenstrualTranstorno Disfórico Pré-Menstrual
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 

Similaire à Caso NEJM

A abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da Esquizofrenia
A abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da EsquizofreniaA abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da Esquizofrenia
A abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da EsquizofreniaLouis Cady, MD
 
Transtorno Esquizoafetivo - Sessão Clínica
Transtorno Esquizoafetivo - Sessão ClínicaTranstorno Esquizoafetivo - Sessão Clínica
Transtorno Esquizoafetivo - Sessão ClínicaSamuel Cevidanes
 
Dor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencial
Dor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencialDor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencial
Dor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencialLaped Ufrn
 
Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...
Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...
Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...Louis Cady, MD
 
Tratamento holistica de ezschizophrenia - São Paulo, Brazil April 20, 2019
Tratamento holistica de ezschizophrenia -  São Paulo, Brazil April 20, 2019Tratamento holistica de ezschizophrenia -  São Paulo, Brazil April 20, 2019
Tratamento holistica de ezschizophrenia - São Paulo, Brazil April 20, 2019Louis Cady, MD
 
Estudo de caso curso de enfermagem sobre
Estudo de caso curso de enfermagem sobreEstudo de caso curso de enfermagem sobre
Estudo de caso curso de enfermagem sobreHarleyroNmade
 
Uso da Lamotrigina na Epilepsia
Uso da Lamotrigina na EpilepsiaUso da Lamotrigina na Epilepsia
Uso da Lamotrigina na EpilepsiaDr. Rafael Higashi
 
Apresentação para a ESF.pptx
Apresentação para a ESF.pptxApresentação para a ESF.pptx
Apresentação para a ESF.pptxEnfermagemUniavan
 
Consequencias do diagnostico tardio
Consequencias do diagnostico tardioConsequencias do diagnostico tardio
Consequencias do diagnostico tardioadrianomedico
 

Similaire à Caso NEJM (20)

Transtornos mentais na gravidez e puerpério
Transtornos mentais na gravidez e puerpérioTranstornos mentais na gravidez e puerpério
Transtornos mentais na gravidez e puerpério
 
Aula de Cefaléias.ppt
Aula de Cefaléias.pptAula de Cefaléias.ppt
Aula de Cefaléias.ppt
 
delirium.pptx
delirium.pptxdelirium.pptx
delirium.pptx
 
A abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da Esquizofrenia
A abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da EsquizofreniaA abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da Esquizofrenia
A abordagem da Medicina Integrativa para o Tratamento da Esquizofrenia
 
Transtorno Esquizoafetivo - Sessão Clínica
Transtorno Esquizoafetivo - Sessão ClínicaTranstorno Esquizoafetivo - Sessão Clínica
Transtorno Esquizoafetivo - Sessão Clínica
 
Dor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencial
Dor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencialDor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencial
Dor abdominal na infância: abordagem e diagnóstico diferencial
 
Depressao na mulher
Depressao na mulherDepressao na mulher
Depressao na mulher
 
Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...
Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...
Integração Funcional, Psicodinâmica e Imunológicos Matrix: Novas Aventuras em...
 
Tratamento holistica de ezschizophrenia - São Paulo, Brazil April 20, 2019
Tratamento holistica de ezschizophrenia -  São Paulo, Brazil April 20, 2019Tratamento holistica de ezschizophrenia -  São Paulo, Brazil April 20, 2019
Tratamento holistica de ezschizophrenia - São Paulo, Brazil April 20, 2019
 
Estudo de caso curso de enfermagem sobre
Estudo de caso curso de enfermagem sobreEstudo de caso curso de enfermagem sobre
Estudo de caso curso de enfermagem sobre
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Como se faz o Diagnóstico de Depressão?
Como se faz o Diagnóstico de Depressão?Como se faz o Diagnóstico de Depressão?
Como se faz o Diagnóstico de Depressão?
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
DEPRESSÃO NO PACIENTE IDOSO
DEPRESSÃO NO PACIENTE IDOSODEPRESSÃO NO PACIENTE IDOSO
DEPRESSÃO NO PACIENTE IDOSO
 
rodrigo.ppt
rodrigo.pptrodrigo.ppt
rodrigo.ppt
 
Cotoxobrunoricardoroger
CotoxobrunoricardorogerCotoxobrunoricardoroger
Cotoxobrunoricardoroger
 
Anorexia
AnorexiaAnorexia
Anorexia
 
Uso da Lamotrigina na Epilepsia
Uso da Lamotrigina na EpilepsiaUso da Lamotrigina na Epilepsia
Uso da Lamotrigina na Epilepsia
 
Apresentação para a ESF.pptx
Apresentação para a ESF.pptxApresentação para a ESF.pptx
Apresentação para a ESF.pptx
 
Consequencias do diagnostico tardio
Consequencias do diagnostico tardioConsequencias do diagnostico tardio
Consequencias do diagnostico tardio
 

Plus de Ramon Florez Acuña (18)

Inhibidores JAK en el tratamiento de la Dermatitis Atopica
Inhibidores JAK en el tratamiento de la Dermatitis AtopicaInhibidores JAK en el tratamiento de la Dermatitis Atopica
Inhibidores JAK en el tratamiento de la Dermatitis Atopica
 
Omicron
OmicronOmicron
Omicron
 
Manchester triagem
Manchester triagemManchester triagem
Manchester triagem
 
Terapêutica inalatória
Terapêutica inalatóriaTerapêutica inalatória
Terapêutica inalatória
 
Alimentação no lactante
Alimentação no lactanteAlimentação no lactante
Alimentação no lactante
 
Corea sydenham
Corea sydenhamCorea sydenham
Corea sydenham
 
Pneumococo na Pediatria
Pneumococo na PediatriaPneumococo na Pediatria
Pneumococo na Pediatria
 
Dengue
DengueDengue
Dengue
 
Antibioticos -Mecanismos basicos
Antibioticos -Mecanismos basicosAntibioticos -Mecanismos basicos
Antibioticos -Mecanismos basicos
 
Dermatomiositis juvenil
Dermatomiositis juvenilDermatomiositis juvenil
Dermatomiositis juvenil
 
Inmunología y tratamiento de la dermatitis atópica
Inmunología y tratamiento de la dermatitis atópicaInmunología y tratamiento de la dermatitis atópica
Inmunología y tratamiento de la dermatitis atópica
 
Hipoglicemia e injuria cerebral
Hipoglicemia e injuria cerebralHipoglicemia e injuria cerebral
Hipoglicemia e injuria cerebral
 
Hipertrofias ventriculares
Hipertrofias ventricularesHipertrofias ventriculares
Hipertrofias ventriculares
 
Endocarditis
EndocarditisEndocarditis
Endocarditis
 
Sindrome qt
Sindrome qtSindrome qt
Sindrome qt
 
Guia bronquiolitis
Guia bronquiolitisGuia bronquiolitis
Guia bronquiolitis
 
Neumonía en el lactante
Neumonía en el lactanteNeumonía en el lactante
Neumonía en el lactante
 
Asma manejo ambulatorio
Asma manejo ambulatorioAsma manejo ambulatorio
Asma manejo ambulatorio
 

Dernier

Plantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdf
Plantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdfPlantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdf
Plantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdfDaianaBittencourt
 
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptxINTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptxssuser4ba5b7
 
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASAULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASArtthurPereira2
 
TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.
TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.
TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.ColorNet
 
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfGustavoWallaceAlvesd
 
Modelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointModelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointwylliamthe
 

Dernier (7)

Plantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdf
Plantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdfPlantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdf
Plantas-medicinais-nativas-do-Bioma-Pampa.pdf
 
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptxINTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
INTRODUÇÃO A DTM/DOF-DRLucasValente.pptx
 
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASAULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
 
TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.
TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.
TRABALHO SOBRE A ERISIPELA BOLHOSA.pptx.
 
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
 
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãosAplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
 
Modelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power pointModelo de apresentação de TCC em power point
Modelo de apresentação de TCC em power point
 

Caso NEJM

  • 1. Caso Clinico Ramon Antonio Florez Acuña Hospital Pediatrico David Benardino 2015
  • 2. From the Departments of Psychiatry (S.L.B.), Pediatrics (N.A.S.), and Pathology (R.M.), Massachusetts General Hospital; and the Departments of Psychiatry (S.L.B.), Pediatrics (N.A.S.), and Pathology (R.M.), Harvard Medical School — both in Boston. N Engl J Med 2013;368:2015-24
  • 3. Presentação do Caso Dr. Elizabeth G. Pinsky (Psiquiatra): • Rapariga de 12 anos com irritabilidade, hipersonia e sintomas somáticos • Doença celíaca, bem até 8 meses • Irritada • Dores abdominais diários • Formigamento e dor nos braços e pernas • Tontura • Anorexia • Fadiga grave • Sonolenta, dormindo até 13 horas por noite • Explosões de raiva dirigida a sua mãe e a irmã. • Isolada de seus amigos e perdeu interesse nas actividades. • Desempenho na escola deteriorou-se, e reprovou nas matemáticas.
  • 4. • Encaminhada para as consultas de Gastroenterologia, Neurologia e psiquiatria. • 4,5 meses antes da apresentação, índices eritrócitarios e os resultados dos testes de função tiroidea foram normais, e a detecção de anticorpos heterófilos foi negativo.
  • 5.
  • 6. • Nasceu de uma mãe de 39 anos de idade, cesariana por pré-eclâmpsia. • Desenvolvimento durante a infância foi normal. • Diagnóstico de doença celíaca nos 8 anos idade (apresentava dor abdominal e constipação com níveis elevados de anticorpo transglutaminase tisular (tTG IgA) e anticorpo endomisial (EMA IgA) e o exame de biópsia do duodeno mostrou alterações consistentes com doença celíaca. • Aderiu-se a uma dieta livre de glúten e melhorou.
  • 7. • História de ansiedade e depressão; sem resposta com sertralina, mas respondeu muito bem com escitalopram, começado 2 anos antes desta avaliação e 7 meses de terapia cognitivo-comportamental. • Dezasseis meses antes dessa avaliação, ocorreu o primeiro de três episódios de vómitos graves precisando hidratação venosa; os episódios subsequentes ocorreram 6 meses e 4 meses antes desta avaliação, cada uma precedida por febre e sintomas virais. Não havia dor de cabeça associada, e a avaliação neurológica, incluindo uma eletroencefalograma normal.
  • 8. • A mãe da paciente observou que a paciente teve uma longa história de devaneio. Não havia começado a menstruar. • Não história de lesões na cabeça, perda de consciência, sintomas urinários, internações ou cirurgias. • A única medicação foi de 10 mg por dia de escitalopram. • Não alergias conhecidas. • Ela morava com seus pais e sua irmã mais nova. • A mãe dela teve a doença da tireóide; tios maternos e paternos, um tio paterno e sua avó paterna tinham doença celíaca; um tio paterno tinha transtorno bipolar; e outros parentes tinham depressão, deficit atenção e hiperactividade (TDAH) e ansiedade. Não havia nenhuma história familiar de fibrose cística, doença inflamatória intestinal, doença hepática, pancreatite ou diabetes mellitus.
  • 9. Exame Físico • Magra e parecia exausta, sem aparente mal estado de saúde. • TA: 83/52 mmHg, FC: 102 bpm, Circunferência da cabeça 53,2 cm , peso 35,4 kg e altura 149,9 cm (IMC 15,8 - 12º percentil para a idade). • Pele sardenta, com múltiplos nevos escuros e uma ligeira hiperpigmentação nas axilas. • Os resultados do teste nervo craniano e a fundoscopia normais. • Força conservada, reflexos enérgicos e resposta plantar em flexão. Clonus (2 ou 3 batidas, curtos) ao pé direito mas não foi repetida facilmente. • Marcha conservada, avaliação sensorial e o teste de Romberg normais
  • 10. Psiquiatria • Focou-se principalmente na sua dor e fadiga. Parecia retraída e desconectada com um efeito triste e apático. Fala era escassa, lenta e suave por momentos, alem de apresentar contacto de olhos e movimentos espontâneos limitados. Seus três desejos: ter um telefone celular para poder ligar a mãe sem ela ficar nervosa enquanto espera por ela para buscá-la na escola, ter amigos diferentes, e para que a escola seja diferente. • Não havia nenhum conteúdo delirante, ideação suicida ou alucinações. Na sala de espera, ela adormeceu e acordou com uma leve agitação mas não falou. • A ressonância magnética (RM) da cabeça era normal. • Diagnosticada de transtorno depressivo maior e transtorno de ansiedade generalizada.
  • 11. • Iniciaram-se sessões semanais de terapia. • Durante as próximas 3 semanas, mudou-se a administração de escitalopram para a hora de dormir; a administração de bupropiona foi iniciada e gradualmente aumentada para 75 mg diariamente. • A paciente agravou-se com tonturas, vertigens, dores de cabeça, dores de estômago e dor músculo-esquelética. Teve dois episódios de vómitos na escola, com vómitos no sanguinolenta, no biliosa e arcadas assim como diminuição da ingestão oral.
  • 12. • 6 semanas após a avaliação inicial, a paciente parecia indiferente e pálida. Peso era 34,0 kg, por isso foi referida ao Pediatra para uma futura avaliação. • Ao exame clínico no consultório do Pediatra 5 dias mais tarde, o peso foi de 32,9 kg. • Os níveis de plaquetas, glicose, proteínas totais, albumina, bilirrubina total e directa, alanina aminotransferasa e proteína C - reativa estavam normais • A bupropiona foi interrompida e foi referida para o departamento de emergência de outro hospital.
  • 13.
  • 14.
  • 15. • TA 87/45 mm Hg, o pulso 92 bpm com o paciente em posição supina e 124 bpm enquanto ela estava de pé, a temperatura timpânicas 36,4 ° C e o peso 33,5 kg. • O restante do exame foi normal. • Eletrocardiograma: ritmo sinusal de 100 batimentos por minuto, com eixo normal, intervalo QT prolongado corregido para frequência cardíaca de 505 mseg, uma inversão de onda T na derivação III e ondas T bifásicas V3 • O paciente foi admitido num outro hospital. • Foram realizados testes de diagnóstico adicional.
  • 16. Diagnostico Diferencial • Sintomas somáticos • Alteração emocional pode afectar a função somática (sensibilidade visceral) e vice-versa. Interacção mente-corpo • Humor irritável • Ansiedade geralmente presentam insónia ou inquietude e não com hipersónia e retardo psicomotor.
  • 17. Diagnóstico diferencial de humor irritável em crianças … Condição médica geral Auto-imune Doença celíaca Poliartrite nodosa Artrite reumatóide Lúpus eritematoso sistémico Cardiovascular Tumores cardíacos Insuficiência cardíaca congestiva Encefalopatia hipertensiva Anemia Endócrino Diabetes mellitus Hyperadrenalismo Hipoadrenalismo Hiperparatiroidismo Hipoparatireoidismo Hipopituitarismo Hipotireoidismo Hipertireoidismo Infeccioso Hepatite Vírus da imunodeficiência humana Gripe Doença de Lyme Mononucleose Metabólico Problemas Ácido-Base Hipocalemia Hipernatremia Hiponatremia Insuficiência renal Neoplásica Câncer oculto Neurológicas Tumor cerebral Esclerose múltipla Apoplexia Epilepsia de lobo temporal Nutricional Deficiência de vitamina B12 Deficiência de folato
  • 18. Diagnóstico diferencial de humor irritável em crianças … Uso Medicamentos Acyclovir Anabolic steroids Anticonvulsants Carbamazepine Phenytoin Primidone Asparaginase Baclofen Barbiturates Benzodiazepines Beta-blockers Bromides Bromocriptine Clonidine Glucocorticoid Nalidixic acid Narcotics Nifedipine Nonsteroidal antiinflammatory drug Norfloxacin Oral contraceptive pill Oseltamivir phosphate Phenylephrine Prazosin Procaine derivatives: penicillin G procaine, lidocaine, procainamide Thyroid hormones Trimethoprim– sulfamethoxazole Cycloserine Dapsone Digitalis Diltiazem Disopyramide Ethionamide Halothane (postoperatively) Histamine H2–receptor antagonists Interferon alfa Isoniazid Isotretinoin Mefloquine Metoclopramid Metrizamide Metronidazole
  • 19. Diagnóstico diferencial de humor irritável em crianças. A exposição a substâncias Desordens por uso de álcool Transtornos relacionados ao uso de anfetamina Monóxido de carbono Transtornos relacionados ao uso de cocaína, incluindo a retirada Metais pesados Metilsulfonilmetano Consumo de opiáceos Trauma Transtorno de estresse agudo Estresse pós-traumático Outros transtornos do humor Transtorno depressivo maior Transtorno bipolar I Transtorno bipolar II Transtorno bipolar, anteriormente não especificados Transtorno ciclotímico Transtorno distímico Transtorno de ajustamento com humor deprimido Transtorno depressivo, não especificados
  • 20. Avaliaçãolaboratorialderastreioemumacriançacom irritabilidadecomsintomassomáticos • Hemograma completo com contagem diferencial • Painel de química de sangue completa incluindo cálcio • Análise toxicológico de sangue e urina • Vitamina B12 • Ácido fólico • Teste de anticorpos heterófilos • Tirotropina • Outros testes a considerar • Análise de líquido cefalorraquidiano • Eletroencefalograma • Neuro-imagem
  • 21. Critériospara EpisodioDepressivoMaior. DSM 5 • A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer. • B. Os sintomas produzem alteração clinica significativa o deterioro social, ocupacional ou outras áreas importantes. • C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de outra condição médica.
  • 22. Critériospara EpisodioDepressivoMaior. DSM 5 (A) (1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por ex., chora muito). Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável (2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades. (3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 5% do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias. Nota: Em crianças, considerar falha em apresentar os ganhos de peso esperados (4) insônia ou hipersonia quase todos os dias (5) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento) (6) fadiga ou perda de energia quase todos os dias (7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias (não meramente auto-recriminação ou culpa por estar doente) (8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros) (9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio
  • 23. Manuseamentoda depressãoda infância • Apenas dois inibidores selectivos de recaptação de serotonina (ISRS) são aprovados pela FDA • Fluoxetina para crianças com 8 anos de idade ou mais • Escitalopram para crianças de 12 anos de idade ou mais • Em pacientes que não receberam tratamento previamente, a evidência suporta o uso de fluoxetina combinado com terapia cognitivo-comportamental para uma resposta clínica mais segura e mais rápida. • A depressão da paciente continuou apesar da psicoterapia e dois ensaios de um SSRI (depressão resistente ao tratamento)
  • 24. • Estudos de depressão resistente ao tratamento em adultos fornecem orientação para medicamentos para esta criança. Aumentando um antidepressivo com buspirona ou bupropion, mostra resultados dum incremento de 30% na taxa de remissão. • Bupropion trabalha através de mecanismos noradrenérgicos e dopaminérgicos e efeitos neurotransmissores diferentes daqueles afectados por SSRIs. Se a administração de bupropiona for adicionada, este paciente poderia continuar com escitalopram para tratar a ansiedade dela. A bupropiona também é usada para tratar distúrbios de atenção e pode ajudar a reduzir o referido devaneio.
  • 25. • Foram administrados Escitalopram e bupropiona • Apesar dessas abordagens, os sintomas do paciente somático pioraram, e ela começou a perder peso e parecer doente. Ela urgentemente foi reenviada ao pediatra. • Diagnóstico do Dr. Suzanne L. Bender • Transtorno depressivo maior e alta suspeita de uma doença médica simultânea.
  • 26. Discussão Patológica • Dr. Ricard Masia: • Na biopsia duodenal (atrofia vilosa e hiperplasia críptica) no contexto dos sintomas do paciente e o teste de anticorpos positivo anti-transglutaminase tissular, esses achados foram consistentes com envolvimento duodenal pela doença celíaca.
  • 27.
  • 28. • Os testes de diagnóstico realizados incluíam um testes de estimulação com cosyntropin • Cortisol plasmático: < 0,3 μg/dL (VN 5,0 a 25,0 μg/dL) • Corticotropina plasmática: 2069 pg/ml (VN ≤46 pg/ml) • Anticorpos anti-21-hidroxilase: 684.2 U/ml (VN ≤1.0) • Actividade renina plasmática: 5633 ng/dL/h (VN 50 a 330). • Estes resultados indicam insuficiência adrenal.
  • 29. Manifestações clínicas da Insuficiência Adrenal (IA) Deficiencia Cortisol • Hipoglicemia • Impossibilidade de resistir o stress • Colapso Vasomotor • Hiperpigmentação (em IA primaria com excesso de ACTH) • Deletreo apneico • Debilidade muscular, fatiga Deficiencia Aldosterona • Hiponatremia • Hiperkalemia • Vómitos • Perda do sódio renal • Desejo de comer sal • Acidoses • Falha no crescimento • Hipotensão • Desidratação • Colapso circulatório • Diarreia • Debilidade muscular
  • 30. Discussão do manuseio • Dr. Nicole A. Sherry: O diagnóstico da doença de Addison é muitas vezes perdido por algum tempo. Em um estudo, apenas 47% dos casos foram diagnosticados dentro de 1 ano após os sintomas iniciais e mais de 20% foram diagnosticados mais de 5 anos após os primeiros sintomas. Trinta por cento dos pacientes tinha visto cinco médicos antes de que foi feito o diagnóstico da doença de Addison. Mais de 80% tinha tido um diagnóstico incorreto anterior, 50% dos quais eram transtornos psiquiátricos e 31% dos quais eram doenças gastrointestinais.
  • 31. • Este paciente teve uma história pessoal de doença celíaca e uma história familiar de doença celíaca e a doença auto-imune da tireóide. Esta constelação de doenças é altamente sugestiva do Poliendocrinopatia autoimune síndrome tipo 2 e deve alertar o clínico que o paciente é de alto risco para outras doenças auto-imunes, incluindo insuficiência adrenal auto-imune, doença da tireóide e doença celíaca. • Após o diagnóstico da doença de Addison foi feito, o paciente foi tratado com hidrocortisona (9 mg/m2 SC em três doses diariamente) e fludrocortisona (0,1 mg por dia). Embora os sintomas somáticos resolvido, ela continuou a ter sintomas psiquiátricos.
  • 32. • Dr. Pinsky: A paciente dada de alta com apenas escitalopram e terapia de substituição de glicocorticóide e mineralocorticóide. As náuseas, vómitos, dor e fraqueza diminuiu rapidamente e o apetite dela melhorou. A fadiga persiste mas foi melhorando. • Após 3 meses de terapia de reposição de glicocorticóide, o paciente continuou a ser socialmente retraído e ansioso, estava ainda dormindo 12 a 14 horas por dia. Testes neuropsiquiátricos foi realizada e foi sugestivo de TDAH, embora a avaliação da atenção foi confundida por humor deprimido e ansiedade, bem como a sua doença médica recente. A administração de bupropiona foi retomada. Após várias semanas, melhoraram os sintomas de abstinência, ansiedade, energia e atenção. No final do ano letivo, o paciente foi o campeão da feira de Ciências.
  • 33. Diagnóstico anatômico • Doença celíaca • Doença de Addison • Transtorno depressivo maior