Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Pib ed13
1. tu o
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¤ 5,00
ano iv
número 13 ta iq
no uim
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mar/abr 2011
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do em
R$ 12,00
totum
nas redes do saber
a ciência brasileira se torna
cada vez mais internacional
Carreira entrevista Fino aroma
Paris? Nova York? O novo papel do Paulistanas levam
O lugar para crescer Brasil, segundo o cafés especiais
agora é Xangai embaixador dos EUA aos americanos
2.
3. www.petrobras.com.br
A inovação está em mais lugares do que você imagina. Inclusive em cada pedacinho da Petrobras.
Inovar e crescer. Sempre. Esse é um dos desafios da Petrobras.
Por isso, ela investe tanto em tecnologia. Por isso, ela é uma
das maiores empresas de energia do mundo.
4. Sumário
MaRcello casal JR/aBRa
20
Nely caixeta
PETAR MILOšEVIć
78 28
10 22
TV PINGUIM
28
CARREIRA
Com a economia em alta, China é destino de jovens
brasileiros que querem acelerar a carreira
10 ANTENA
Peixonauta deve ser a primeira animação
NELY CAIXETA, XANGAI
36
brasileira a entrar na programação das televisões ARTIGO
americanas A importância do Brasil como fonte de novos
investimentos em economias desenvolvidas
20 OBSERVATÓRIO DE WASHINGTON
Na primeira visita ao Brasil, Obama busca uma
FEDERICA MIAZZI
38
retomada nas relações entre EUA e América EXPORTAÇÃO
Latina Paulistanas abrem nicho no mercado
Flávia Carbonari, Washington americano para cafés especiais do Brasil
TANIA MENAI, NOVA YORK
22 DESIGN
O traço brasileiro ganha o mundo em produtos
inventivos, funcionais e com um toque de 44
ENTREVISTA
O embaixador Thomas Shannon diz que os EUA
brasilidade reconhecem a crescente importância do Brasil
ADRIANA SETTI, BARCELONA NELY CAIXETA, BRASÍLIA
4 PIB
5. 48 Capa
A ciência brasileira, assim
como as multinacionais
tupiniquins, também se
torna cada vez mais global
ANTONIO CARLOS
SANTOMAURO
ESO
60 MODA
LE MAURICE/ROUGEMONT
Apostando no colorido de suas bijuterias, a Sobral
saiu das praias cariocas para ganhar o mundo
SUZANA CAMARGO, ZURIQUE
64 URBANISMO
Na reta final para as Olimpíadas de 2012, Londres
mostra que tem muito a ensinar ao Brasil
NARA VIDAL, LONDRES
76 VIAGEM EXECUTIVA
Empresa lança uma ferramenta para ajudar
o futuro hóspede a conhecer o hotel antes de
66
pagar por ele
INTERNACIONALIZAÇÃO MARCO REZENDE
Levar os negócios ao exterior exige de multinacionais
preparo para administrar rituais jurídicos
ANTONIO CARLOS SANTOMAURO TURISMO EXPRESSO
72
O pianista Pablo Rossi guia o visitante pela
NEGÓCIOS eclética Moscou, pulverizada com resquícios
Em apenas quatro anos, a paulistana Loktal comunistas
alcança 32 países investindo em bisturis cirúrgicos PABLO ROSSI, MOSCOU
PEDRO MARCONDES DE MOURA
EM TRÂNSITO
74 FAROL
Fundador do sistema de parques nacionais da Costa
Rica, Alvaro Ugalde quer exportar seu modelo verde
Ao dirigir uma empresa na Arábia Saudita,
executivo brasileiro descobre como a religião
rege a vida
ANDRESSA ROVANI PAULO STRIKER, Jedá
PIB 5
6. Carta ao Leitor
totum
exCelênCia editorial
Nely Caixeta
piB
Saber sem barreira
presença internaCional
do Brasil
Revista bimestRal de economia e negócios
inteRnacionais da totum excelência editoRial
Direção Editorial
O conhecimento faz fronteira com quais países? Nely Caixeta • nely@revistapib.com.br
Editor Contribuinte:
Na geografia da ciência, o saber tem passe livre, mas Marco Rezende
é preciso que um projeto nacional tome as rédeas de Colaboraram nesta edição
Andressa Rovani; Adriana Setti, Barcelona;
sua expansão. E é isso que vemos hoje no Brasil. As- Armando Mendes; Flávia Carbonari, Washington;
sim como a economia brasileira está cada vez mais Suzana Camargo, Zurique; Federica Miazzi,
Londres; Tânia Menai, Nova York; Nara Vidal,
globalizada, também o conhecimento salta barreiras Londres; Pedro Marcondes de Moura, Antonio Carlos
Santomauro; Pablo Rossi, Moscou; Paulo Striker, Jedá
e passa a ser criado em escala mundial – seja ao incor- Edição e pesquisa de fotografia
porar um laboratório em outro país, como fazem as Max Nogueira
multinacionais brasileiras, seja ao estabelecer centros Desenho gráfico:
Renato Dantas
de pesquisa virtuais, como mostra a Embrapa. Com a Capa
Marcelo Calenda
nova política industrial e a Lei de Inovação, ambas de 2004, criou-se Preparação de textos e Revisão
um clima favorável para a Pesquisa & Desenvolvimento, graças à maior Mary Ferrarini
interação entre universidades e empresas, simplificação de trâmites bu- Tradução e edição em inglês
Christine Puleo e Kevin Wall
rocráticos, criação de incentivos fiscais e oferta de capital de risco.
PUBLICIDADE
A reportagem de capa desta edição mostra alguns resultados dessas SÃO PAULO E OUTRAS LOCALIDADES
(55-11) 3097.0849
decisões, que permitiram à ciência brasileira avançar a passos largos para publicidade@revistapib.com.br
a geração de conhecimento, inclusive no exterior. Na recente passagem Av. Brigadeiro Faria Lima, 1903, cj. 33
Jardim Paulistano - 01452-911 - São Paulo – SP
do presidente americano Barack Obama pelo Brasil foram assinados dois Letra Mídia
Rua Teodoro Sampaio, 1020 - Conj. 1302
acordos que devem aprofundar o processo de internacionalização pelo CEP 05406-050 - Pinheiros - São Paulo –SP
qual passa a ciência brasileira. O primeiro permitirá que agências de for- F: 55 11 3062 5405 | 55 11 3853 0606
mação científica de ambos os países identifiquem pesquisas em áreas Venda de exemplares de edições passadas:
DIRETAMENTE COM A EDITORA
prioritárias para ambos. O outro intensifica o intercâmbio acadêmico, Impressão
essencial para que o ciclo seja mantido. Editora Parma
Em entrevista a PIB, o embaixador americano no Brasil Thomas Shan- Distribuição no Brasil
circulação em bancas: DPA Cons.Editoriais Ltda.
non reitera que o momento é de estabelecer uma parceria global entre os (55-11) 3935-5524 – dpacon@uol.com.br
dois países, com uma visão mais estratégica sobre o que esperar para as Distribuição nacional: Fernando Chinaglia
Distribuição dirigida: TecnoCourier – São Paulo
próximas décadas. “A visita de Obama é um momento de grande impor-
tância para a história do Brasil e dos EUA, para o futuro”, diz ele. Consultor Administrativo
Mas não é só com os EUA que o intercâmbio de saber acontece. A Luiz Fernando Canoa de Oliveira
adm@totumex.com.br
China se tornou alvo preferencial de jovens brasileiros em busca de um Cartas para a redação
saber prático, o do trabalho. Em Xangai, a reportagem da PIB identificou Av. Brigadeiro Faria Lima, 1903, cj. 33
CEP 01452-911 - São Paulo - SP
vários desses profissionais, que, mesmo com pouco tempo em território redacao@revistapib.com.br
chinês, destacam-se no mercado internacional. É gente que trocou a Eu- Artigos assinados não representam, necessariamente,
a opinião dos editores. PiB reserva-se o direito
ropa cansada da crise pela pujança evidente do Oriente. de editar e resumir as cartas encaminhadas à redação.
A presença de brasileiros no mundo – sejam empresas ou pessoas – é Jornalista responsável
Nely Caixeta (MTb 11 409)
também uma forma de intercâmbio de conhecimento entre os países. PiB - Presença internacional do Brasil é uma
Outro exemplo deles é Pablo Rossi, músico que estuda em Moscou e publicação da Totum Excelência Editorial
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1903, cj. 33
atrai a atenção dos especialistas mundiais quando se senta ao piano. É ele CEP 01452-911 - São Paulo - SP
(55-11) 3097.0849 - contato@totumex.com.br
quem leva o leitor da PIB para um passeio pela eclética arquitetura russa,
Tiragem desta edição
com paradas estratégicas para uma boa vodca para compreender lições Em português - 16.000 exemplares
Em inglês - 4.000 exemplares
de história moscovita. São as fronteiras do conhecimento se dissolvendo.
Tiragem auditada pela
Nely Caixeta
6 PIB
7.
8. Cartas PO TÓ
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¤ 5,00
Ano IV
Número 12
Nov/Dez 2010
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totum
R$ 12,00
COMO IR
LONGE
MAISAJUDA DA
Senhores editores COM A
“Gosto de ler a Pib porque ela traz a
experiência, os dilemas e os desafios enfrentados
pelas empresas brasileiras em seu processo de
internacionalização. Sabemos que esse é um
r ano
, mais de 90
0 eventos po
da agência empresas no
mundo
No cardápio Brasil e suas
caminho longo, recheado de oportunidades e para promo
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ver o
INOVAÇÃO r
Suzano que
CIÊNCIA
Os brasileiros
que estão na
desafios. Nesse contexto, o compartilhamento
ENTREVIS ptista, A um gigante
Luiz Olavo Ba ser corrida para mos
o advogado o
que a
em energissa revelar o cos
vai defender C de bioma
de conhecimento e experiências é fundamental Brasil na OM 09/12/10
21:31
para o desenvolvimento das global players PIB12 - Capa-R
EV.indd 1
brasileiras. A Pib é uma ferramenta de
consulta para meus alunos e para os “Somente agora tive acesso à revista Pib.
interessados no tema internacionalização.” Tento sempre atualizar os alunos quanto às
riCardo pimenta perspectivas do Brasil, tanto lá fora como
proFessor assoCiado da Fundação dom CaBral internamente, bem como mostrar tendências.
Coordenador téCniCo da rede de Com linguagem didática, completa e fluida, a
desenvolvimento integrado reportagem de capa da última edição permitiu
Belo Horizonte – mg aos meus alunos compreenderem o alcance
da atuação da Apex-Brasil e perceber como
“A Revista Pib é um excelente veículo para o nosso país é palco de oportunidades.”
informar e subsidiar os profissionais que atuam liBia lender maCedo
na área internacional. Ela veio preencher e Coordenadora de mBa gestão e
atender um segmento que estava carente de marketing de entidades esportivas
informações atuais e com profundidade da universidade anHemBi morumBi/laureate
real inserção do Brasil na arena internacional. international universities
Para os estudantes de relações internacionais são paulo - sp
focados na área de marketing e negócios
internacionais tem sido uma referência “Tive a oportunidade de ler a Pib, pela
obrigatória, além do fato de ser publicada em primeira vez, no mês passado, e gostei
inglês, o que possibilita o enriquecimento do muitíssimo da revista. Gostaria de adquirir as
repertório focado em negócios internacionais.” edições anteriores e também as próximas.”
proFessor sérgio pio Bernardes piotr kulka
diretor dos Cursos de graduação em gerente para a europa oriental
marketing e negóCios da esCola superior Business support Center - apex-Brasil
de propaganda e marketing (espm) Bruxelas – BélgiCa
são paulo - sp
“Maravilhosa a revista Pib, que acompanha as
“Já faz 21 anos que eu e meu marido empresas brasileiras pelo mundo afora, como
residimos nos Estados Unidos. Esta foi a a minha empresa, a Carioca Love, confecção
primeira vez que encontramos uma revista criada na França, em 2008. A revista é uma
de alta qualidade direcionada às companhias ótima vitrine para mostrar as competências
brasileiras. Recebemos a Pib em nosso das empresas brasileiras, inclusive nas áreas
escritório de advocacia (Somera & Silva) e de moda e design. Adorei. Está aprovada!”
gostaríamos de saber se há uma maneira magnolia oliveira
de comprá-la por aqui ou pela internet.” marselHa – França
Celia aiosa
oCean Boulevard Para adquirir edições passadas da PIB, encaminhe
BoCa raton, Florida - eua o pedido pelo e-mail adm@totumex.com.br.
cartas e e-mails para a redação nos seguintes endereços: avenida Faria lima, 1903, conj. 33 – são Paulo (sP) – 01452-911 – contato@revistapib.com.br
8 PIB
9. Planos de expandir
seus negócios na Europa?
Estabeleça sua base em Flandres (Bélgica):
• É estratégica: localização central na área mais
rica e populosa da Europa
• É conectada: excelente acesso aos diferentes mercados
devido a sua eficiente infraestrutura
• É recompensadora: regras aduaneiras flexíveis e generosos incentivos fiscais
• É fácil: graças à Flanders Investment & Trade:
- Consultoria especializada gratuita
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www.investinflanders.com
Representação Econômica de Flandres | c/o Consulado Geral da Bélgica
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10. Antena
AndressA rOvAni
exportação
animada
Ele é um peixinho vestido com roupa de astronauta
que trabalha como agente secreto em defesa
da sustentabilidade. Considerada a primeira
série de desenho animado produzida no Brasil,
o Peixonauta, do estúdio paulistano TV PinGuim,
já tem suas histórias exibidas em 65 países.
O peixinho promete, agora, um grande feito para o TV PINGUIM
setor. Neste ano, ele deve entrar na programação
1
da norte-americana Discovery Family e se tornar a
primeira animação brasileira a fazer parte da grade de
programação de uma emissora dos Estados Unidos.
Mas o agente secreto não está só. Meu AmigãoZão,
coproduzido pela brasileira 2DLab e a canadense
Breakthrough, é transmitido no Brasil e na América
Latina pelo Discovery Kids. Princesas do Mar, da Flamma
com produtoras da Austrália e da Espanha, já foi
vendido para mais de 120 países. Juntamente com
o peixinho, a série Meu AmigãoZão também fechou
contrato com os Estados Unidos e deve, em breve,
tornar-se conhecida das crianças americanas.
Para Eliana Russi, gerente executiva do projeto
internacional da Associação Brasileira de Produtores
Independentes de TV (ABPI-TV), este é só o começo.
“O Brasil é visto por produtores internacionais
como potencial parceiro, e esta visibilidade tem
aumentado as oportunidades de negócios”, diz ela.
O boom de desenhos brasileiros fazendo sucesso
no exterior é fruto, segundo Eliana, do projeto de
exportação Brazilian TV Producers, criado pela ABPI-TV
em 2004, em parceria com a Apex-Brasil, a Secretaria
do Audiovisual do Ministério da Cultura e a EBC/TV
Brasil. Eliana participou, recentemente, da KidScreen,
evento anual que reúne, em Nova York, as duas pontas
da cadeia internacional de animação infantil. O Brasil
contou com 35 produtoras independentes por lá.
Durante o encontro, foi anunciada mais um coprodução
internacional, desta vez entre a Sumatra, de São Paulo,
e a americana Toonzone. Elas farão, em conjunto, a
TV PINGUIM
série animada Tiny Warriors. O projeto é da Toonzone, a
animação será feita no Brasil, numa simbiose binacional.
1
10 PIB
11. 1 O desenho 2 Vinho nacional
Peixonauta ganha ação
e a equipe promocional
de criação nos EUA
Vinho, churrasco
e Fórmula indy
A corrida do vinho brasileiro para ganhar
o mercado americano começa a mostrar
resultados. Os americanos já estão comprando
mais vinhos produzidos no Brasil. Uma
ação de marketing fez com que 22 rótulos
da bebida entrassem de vez no cardápio de
churrascarias instaladas nos Estados Unidos.
No ano passado, os restaurantes brasileiros
Fogo de Chão e Plataforma, instalados por lá,
participaram de uma ação promocional que
distribuiu ingressos para corridas da Fórmula
Indy a quem pedia vinho brasileiro. Foi a porta
de entrada para que o cliente – que já está
experimentando produtos brasileiros –
provasse e gostasse da bebida produzida
nas vinícolas tupiniquins.
Com a demanda, a Casa Valduga passou de
uma venda de modestos US$ 643 em 2009
para US$ 98,4 mil no ano passado. Já a
Perini quase dobrou a sua exportação para
os Estados Unidos, saltando de US$ 15,7
mil em 2009 para US$ 29,2 mil em 2010.
2
APEX BRASIL/ DIVULGAÇÃO
PIB 11
12. Antena
3 Letícia, Fernanda 1 Eurofarma: 2 Maria Del Pilar:
e Ederaldo, presença forte na meta é cobrir
em Moscou América Latina 90% do mercado
Para moscovita ver
Os sucessos do cinema nacional levaram, pelo terceiro
ano seguido, uma legião de russos à Embaixada do
Brasil em Moscou. O projeto, que integra esforços da
iniciativa privada e do poder público, tem como objetivo
disseminar a cultura brasileira na Rússia, apresentando
a produção cinematográfica contemporânea a uma das
mais importantes economias emergentes do mundo. “A
mostra, promovida no fim do ano passado, já faz parte
do calendário cultural da capital russa”, diz Ederaldo
Kosa, curador do evento, junto com Fernanda Bulhões.
Entre as atrações, estão a comédia Deus é Brasileiro e o
drama O Maior Amor do Mundo, ambos de Cacá Diegues,
e o aclamado É Proibido Fumar, de Anna Muylaert.
Somando as três edições, são 40 filmes apresentados
para o público moscovita. O evento é fruto da parceria
entre a agência Linhas Comunicação, o Ministério das
Relações Exteriores e a embaixada brasileira na cidade.
DIVULGAÇÃO
1
Remédios
para os vizinhos
Em 2009, a Eurofarma, fundada em 1972,
fez sua primeira aquisição internacional:
Quesada Farmacêutica, empresa com 60
anos de atuação no mercado argentino. No
ano passado, duas outras empresas latino-
americanas foram incluídas no grupo: o
Laboratório Gautier, com 93 anos no mercado
farmacêutico uruguaio e com presença no
Paraguai e Bolívia, e o Laboratório Volta/
Farmindustria, no Chile há 60 anos. A
sequência de aquisições internacionais
expõe a importância que a farmacêutica,
com sede em São Paulo, está dedicando à
expansão internacional. “A Eurofarma já
conta com presença em seis países, que
representam 52% da América Latina”,
afirma a diretora de Sustentabilidade e
Novos Negócios da empresa, Maria Del
MARCELO SOUBHIA
Pilar Muñoz. “Considerando a meta de
cobrir 90% do mercado regional, ainda
temos um bom desafio pela frente.”
2 3
ÃO
DIVULGAÇ
12 PIB
13.
14. Antena
o doce embalo dos orgânicos
A participação em feiras no exterior foi Promoção do Desenvolvimento produtoras no Brasil que fazem
o segredo para alavancar a exportação (IPD), e beneficia 72 empresas, parte do projeto, Native e Jalles
de produtos orgânicos brasileiros. que fabricam de chá mate a Machado, representam cerca de
Em 2010, foram US$ 108,2 milhões cosméticos. Do total de produtos 70% de todo o açúcar orgânico
em produtos enviados ao exterior orgânicos enviados ao mercado consumido no mercado mundial.
pelo projeto Organics Brasil – alta de internacional no ano passado, o setor Além do açúcar, as empresas
130% em relação ao ano anterior. de alimentos representou 96%. brasileiras estão exportando polpas
O programa é uma parceria entre O grande destaque é o açúcar de frutas, mel, castanhas e produtos
a Apex-Brasil e o Instituto de orgânico brasileiro. As duas maiores industrializados, como grãos e café.
1
DIVULGAÇÃO/ORGANICS BRASIL
DIVULGAÇÃO/JALLES MACHADO
exporta-se saúde animal utilizados para matar parasitas em animais. O Master
LP tem ação prolongada e libera o produto de forma
A empresa paulista Ourofino Agronegócio, programada. Já o Impacto é muito procurado para
fabricante de produtos veterinários, está de olho combater carrapatos e pulgas, por ter baixa toxicidade.
nos países vizinhos para aumentar as vendas Atualmente, o mercado externo, formado por 29
para o exterior. No ano passado, a América Latina países que compram seus produtos, representa 7,5%
foi a região com maior peso no crescimento das do faturamento da Ourofino. O
vendas, que teve um salto de 19% em comparação resultado é tão significativo para o
com 2009, quando faturou R$ 221 milhões. segmento que a empresa recebeu o
Na sede da empresa, em Cravinhos (SP), são prêmio Exporta São Paulo, organizado
produzidos tanto remédios para bois e cavalos pela Federação das Associações
como para pequenos animais de estimação. A saúde Comerciais do Estado de São
animal é o foco principal da empresa, que também Paulo (Facesp), em parceria com a
investe em sementes e defensivos agrícolas. Secretaria de Desenvolvimento e a
Os carros-chefes da Ourofino são dois produtos Associação Comercial de São Paulo.
14 PIB
15. 1 Vegetais e 2 Exótica, 3 Remédios
açúcar da fruta plantada veterinários:
Jalles no país ganha foco na
Machado mercado América Latina
atemoia, uai!
Pouco conhecida no Brasil, a exótica 2
atemoia anda fazendo sucesso no exterior
pelas mãos da Fazenda Viveiro Bona, que
conta com plantações em Paraisópolis,
Minas Gerais. Com produção de 400
toneladas por ano, cerca de 10% desses
frutos são enviados para o exterior,
sobretudo para Canadá e Portugal. Mas
essa parcela deve crescer. A safra deste ano
surpreendeu, com frutos com qualidade e
tamanho superiores aos do ano passado.
“Vamos poder exportar entre 5% e 10%
a mais porque a safra será melhor”, diz
François Bonaventure, responsável pela
exportação da Viveiro Bona. Para seguir
para o mercado internacional, a atemoia
precisa ter entre 350 e 550 gramas.
A empresa exporta, hoje, 45 mil caixas
por ano. As remessas são feitas por avião,
duas vezes por semana, às quartas e aos
domingos, via aeroporto de Guarulhos,
para garantir que as frutas cheguem
fresquinhas ao consumidor final. As frutas
possuem o certificado da agricultura
orgânica Ecocert e aguardam a certificação
BIA PARREIRAS
da Globalgap para cumprir todas as
exigências internacionais para exportação.
3
CORTESIA OUROFINO AGRONEGOCIO
PIB 15
16. Antena
1
EMBRAER
embraer voa alto com jatinhos executivos
No mundo todo, um em cada cinco jatos ao investimento em inovação. Nos últimos
executivos entregues no ano passado leva seis anos, de acordo com a empresa, foram
a marcar Embraer. Os dados fazem parte lançados seis novos modelos de jatos. O
de um balanço divulgado em fevereiro mais vendido pela Embraer é o Phenom
pela Gama (Associação dos Fabricantes de 100, que representou 100 das 145 unidades
Aviação Geral, em sua sigla em inglês). de jatos comercializados no ano. Em
A empresa brasileira entregou 145 jatos seguida, entre outros, vêm o Phenom 300,
executivos em 2010, um aumento de 23 em operação há apenas um ano e com 26
aeronaves em relação a 2009, o maior vendas, e o Legacy 650, com 11 entregas.
incremento em termos absolutos entre todos “Continuaremos empenhados para
os fabricantes. Com este novo patamar, a aprimorar ainda mais nossos resultados,
participação da Embraer atingiu 19% neste conquistando novos clientes e servindo
segmento. Em 2008, esse percentual era de melhor aos atuais”, diz em nota Luís Carlos
apenas 3%. Affonso, vice-presidente da Embraer
Em parte, o sucesso das vendas está ligado para o mercado de aviação executiva.
16 PIB
17. 1 Jato executivo 2 O modelo
Phenom 100: Duplo Dinâmico
é a vez da é criação da
Embraer Gerbar
Pirata contra pirataria
Criado há 48 anos, o Duplo Dinâmico é, ainda Há dois anos, ela passou a fabricar dois de seus
hoje, o carro-chefe de vendas da fábrica paulistana principais modelos de ventiladores na China,
Gerbar Ventiladores. Com dois motores e design com investimento de apenas US$ 12 mil.
marcante, o ventilador de teto foi desenhado Com a estratégia, a situação se inverteu. O novo
por Geraldo Barros, fundador da empresa, produto feito na China pela Gerban concorre
e até hoje é produzido artesanalmente. diretamente com os piratas também feitos por lá e
Ele é o modelo mais vendido no exterior e exportados, sobretudo, para os Estados Unidos, o
responsável por disseminar a qualidade da principal mercado da empresa. Vendidos sob outra
fábrica brasileira lá fora, conhecida como uma marca, os produtos chegam a custar a metade do
das melhores do mundo. Hoje, o mercado similar feito no Brasil. Já os custos de produção
externo representa 30% do faturamento da representam um quarto do investimento feito
empresa, que embarca produtos para seis países. aqui. É como se a empresa tivesse apostando em
“Exportamos há mais de 20 anos, e os números uma versão pirata do próprio produto para se
duplicavam a cada ano”, conta Cláudia Spina, manter no mercado. “De certa forma, concorre
proprietária e neta do fundador. A queda do com o produto que fabricamos aqui e exportamos”,
dólar, diz ela, há cerca de quatro anos, fez com diz Cláudia. “Foi a saída que encontramos
que caíssem as vendas internacionais, que antes para oferecer uma opção para quem gosta do
representavam 72% das vendas da empresa. design, mas não pode pagar (pelo original).”
Além do dólar, o sucesso do modelo fez com Em ambos os mercados, porém, ela vende
que modelos similares começassem a aparecer também a versão “original”, fabricada no
na China e nos Estados Unidos, com Brasil, que, diz ela, tem rígidos padrões de
qualidade inferior, concorrendo com qualidade e material de primeira linha.
o original feito por aqui. Depois de A versão chinesa de seus produtos
acionar as fábricas, a proprietária responde hoje pelo equivalente a 10%
Cláudia Spina conta que tratou de do que a empresa fatura. “Os produtos
enxergar na disputa uma oportunidade. feitos no Brasil ainda vendem mais lá fora.”
ÃO
G AÇ
V UL
DI
2
PIB 17
18. Antena kris: Flandres
quer atrair
empresas
brasileiras
3 perguntas
para...
Kris Peeters,
ministro-presidente da
região de Flandres, na Bélgica
DIVULGAÇÃO
1 apesar de ser um importante
centro logístico europeu, a região
parece ser relativamente pouco
do mundo pelo quarto ano consecutivo. Isso
significa que quase todos os países e culturas
estão representados em nosso país, o que
conhecida no Brasil. por quê? traz inúmeras vantagens para as empresas
Não acredito nisso. As empresas brasileiras internacionais em termos de negócios. Entre
que operam com logística internacional estão nossos pontos fortes, posso destacar as leis
cientes da importância do porto de Antuérpia trabalhistas, a qualidade da mão de obra e das
(região norte), o segundo maior porto da Europa instituições de pesquisa, localização e medidas
e segundo maior polo petroquímico do mundo, fiscais muito interessantes. Flandres tem,
só superado por Houston (no Texas). O Brasil ainda, um dos menores prazos para a criação
é o principal cliente do porto de Gent (região de uma empresa e o mínimo de burocracia.
oeste), que movimenta uma grande variedade
de importações brasileiras, como minérios e
suco de frutas. Este é o maior porto de suco de
frutas cítricas da Europa e o segundo maior do
3 a região de Flandres tem interesse
em abrigar empresas brasileiras
de biodiesel interessadas em fornecer
mundo. Já o porto de Zeebrugge (extremo oeste) produtos ao mercado europeu?
é o maior centro mundial para o transporte de Flandres criou o “Vale de Bioenergia”, com sede
carros novos. Flandres é o melhor lugar para fazer em Gent. Para promover o desenvolvimento
negócios na Europa. econômico em torno dele, vamos estimular a
inovação tecnológica, a integração industrial
2 vários centros europeus com
características semelhantes às de Flandres
estão empenhados em atrair investidores
e a formação de polos, além de ações de
sensibilização com o objetivo de ganhar mercado
para os biocombustíveis. Recentemente, a
estrangeiros. que vantagens especiais Companhia Brasileira de Logística (CBL), uma
Flandres oferece a uma empresa brasileira? das maiores empresas de logística do Brasil,
Flandres está no centro da Europa, e as anunciou investimentos de 70 milhões de euros
principais decisões em relação à região estão em um terminal de armazenamento de líquidos
sendo tomadas em Bruxelas (capital da Bélgica (biodiesel, gasolina, etanol e óleos vegetais)
e sede da União Europeia). Além disso, fomos no porto de Gent, que já recebe 1,3 milhão de
classificados como o país mais globalizado toneladas de biocombustíveis.
18 PIB
19.
20. Observatório de Washington
notícias dos estados Unidos com um olhar brasileiro
FláviA CArbOnAri
A administração Obama trou- perspectivas de uma nova era de
xe, em 2009, a esperança de uma estabilidade econômica e cres-
retomada nas relações entre EUA cimento na região, que em 2010
e América Latina, deixadas de lado expandiu 6%, o chamado para um
durante a era Bush. Dois anos se reengajamento voltou a ecoar forte
passaram e pouco foi feito para nos círculos de análise política de
fortalecer as relações hemisféricas. Washington. Uma reaproximação
Apesar de a região ainda ser a maior com o Brasil, cujas relações bilate-
parceira comercial dos EUA, estes rais com os EUA ficaram abaladas
continuam perdendo parte de seu após as discussões nucleares com
mercado para a China. Entre 2002 o Irã, em 2010, e a crise em Hondu-
Hora de
e 2008, o market share dos EUA nas ras, em 2009, vem em boa hora. O
oito principais economias do con- país tem um novo governo; os EUA,
tinente caiu de 49% para 38%, en- um novo Congresso, e a administra-
discutir
quanto o da China aumentou de 4% ção Obama corre atrás do prejuízo
para 10%. Nos últimos dois anos, no último ano antes das próximas
o gigante asiático chegou a atingir eleições presidenciais. Na primeira
a relação
a posição de primeiro parceiro co- visita de Obama ao Brasil, alguns
MARCELLO CASAL JR/ABR
mercial do Brasil, Chile, e, em breve, temas não escaparam das discus-
conquistará este posto no Peru. sões: energia, mudanças climáticas
Mas, diante de uma América e potenciais novas parcerias para a
Latina vibrante e otimista, com Copa e as Olimpíadas.
1
2
Uma visita a qualquer café de
Capital da Washington, do mais tradicional ao
mais alternativo, em um dia de feria-
leitura... do ensolarado, pode surpreender o
visitante: é alta a concorrência para
se conseguir uma mesa em meio a
tantos laptops, livros e jornais. Não
é à toa que, com 600 mil habitantes,
a cidade foi considerada, em 2010,
a “capital da leitura” dos Estados
Unidos. Elaborado desde 2005 pela
Central Connecticut State Universi-
ty, o índice As Cidades Mais Letradas
dos EUA (America’s Most Literate Ci-
ties) é baseado em seis indicadores:
circulação de jornais, publicação de
revistas e periódicos especializados,
acesso a jornais ou compras de livro
via internet, número de livrarias,
recursos de biblioteca e nível educa-
cional. Washington liderou o ranking
dos três primeiros, terminando,
FLAVIA CARBONARI
pela primeira vez, no topo da lista e
seguido por Seattle, líder do ranking
nos anos anteriores.
20 PIB
21. 1 Dilma 2 Cafeteria em
recebe Washington:
Obama no ambiente
Alvorada para leitura
A China e o
sonho americano
A China é a segunda maior eco-
nomia do mundo, e a projeção é de
que01 dez anos possa ultrapassar
em
os EUA e se tornar a primeira. Uma
pesquisa do Pew Research Center,
de Washington, mostrou que quase
metade da população americana
(47%) acredita que a China é o maior
poder econômico do planeta, contra
31% que citam os EUA nesta posi-
ção, resultado inédito na pesquisa.
Outra surpresa foi a colocação da
Ásia como a mais importante região
para os EUA, para 47% dos ameri-
canos, contra 37% que priorizam a
Europa. O estudo mostrou, ainda,
...Indústria Revolução na era que um em cada cinco americanos
considera a China a maior ameaça
das ideias da mídia digital ao país, antes da Coreia do Norte
(18%) e do Irã (12%).
A cidade – que possui quase Desde as eleições de 2009 no
400 institutos de pesquisa (os Irã, quando cidadãos denunciaram
a Força de Cada um
famosos think tanks) e vinte uni- a repressão via sites como YouTube,
a China é vista como uma potência
versidades – tem como motor Twitter e Facebook, cresce o número econômica; os eua como potência militar
econômico o “mercado das ideias”. de analistas tentando entender o
Desde que o Georgetown deixou de impacto da mídia social na geopolí- Divisão
6%
União
europeia
funcionar como porto, no século 18, tica global. Em janeiro, o Departa- do poder 7%
outros
econômico
os principais produtos de exporta- mento de Estado ofereceu US$ 30
9%
ção tornaram-se livros, relatórios, milhões para projetos de liberdade Japão
47%
análises políticas e afins. Assim de internet que incluam programas china
31%
como as multinacionais começaram para derrubar firewalls impostos por eUa
a fazer há décadas, os think tanks governos opressivos. “Todo movi-
americanos também estão expan- mento dissidente terá a tecnologia
3%
dindo seus mercados, com é o caso como um componente-chave”, de- União
europeia 5%
Carnegie Endowment for Interna- clarou Alec Ross, assessor de Hillary Divisão 9%
Rússia
do poder 16% outros
tional Peace, que já sentou o pé em Clinton. Mas, em artigo na Foreign militar
china
Pequim, Beirute, Bruxelas e Mos- Affairs, o professor americano Clay
cou. A China declara ter hoje mais Shirky diz que o poder da mídia so-
de 400, o que a coloca no posto de cial está em fortalecer a sociedade 67%
eUa
segundo país com maior número de civil, o que só produzirá mudanças Fonte: Pew
think tanks no mundo. em décadas. Research Center.
PIB 21
22. Design
Brasil
O traço do
Da joia à informática, o desenho brasileiro ganha
o mundo em produtos inventivos e funcionais
adri ana set ti, BarCelona
e
m dezembro de 2010, das São Paulo), o artista fluminense Lú- de que o Brasil ganhou nos últimos
11 exposições em cartaz cio Carvalho e o arquiteto capixaba anos (entre outras coisas, por ter
no prestigiado Triennale Paulo Mendes da Rocha (Prêmio sido escolhido como país-sede para
Design Museum, em Mi- Pritzker de 2006). Tamanho inte- a Copa de 2014 e as Olimpíadas de
lão, duas tinham temática resse por traços e formas brasilei- 2016) rendem frutos em um amplo
brasileira. Brasília, Uma Utopia Re- ras nessas catedrais mundiais do leque de atividades. Com o design
alizada fazia um apanhado da histó- desenho e das artes tem razão de não é diferente. “Nossa ala de fren-
ria do Planalto Central pelas formas ser: seguindo o caminho aberto por te é o Brasil como um todo, e coube
idealizadas pelo arquiteto carioca Niemeyer e seu conterrâneo Sergio a nós ter a competência para ocupar
Oscar Niemeyer. Simultaneamente, Rodrigues − o criador da desejada esse espaço que veio no embalo”,
em Anticorpi Antibo- Poltrona Mole, talvez explica Joice Joppert Leal, diretora
dies, peças ilustravam o primeiro produto executiva da Associação Objeto Bra-
a trajetória dos de- Materiais de design brasileiro sil, com sede em São Paulo. Fundada
signers paulistas Fer- inovadores moderno a ganhar o para promover o design brasileiro,
nando e Humberto
Campana. Na mesma
e formas mundo − e, mais re-
centemente, pelos
a Objeto Brasil organiza, entre ou-
tros eventos, o Idea Brasil, a versão
cidade italiana, me- “atrevidas” irmãos Campana, o nacional do prêmio mais importante
ses antes, o badalado fazem a Brasil tem cada vez do design norte-americano, Interna-
circuito Fuori Salone,
que acontece parale-
diferença mais nomes de peso
ditando tendências
tional Design Excellence Awards. “O
Brasil sempre teve uma forte empa-
lamente à feira de no exterior. Os es- tia no exterior. Somos simpáticos,
móveis mais celebrada do mundo – o trangeiros descobriram, enfim, que alegres e joviais aos olhos estrangei-
Salone Internazionale del Mobile –, o estilo made in Brazil pode ser im- ros e, nos últimos anos, por causa da
foi movimentado pela mostra Brazil presso em algo mais que sandálias de globalização e da abertura do nosso
S/A Lounge Brasileiro de Decoração e borracha e trajes de banho. mercado, passamos a ser conhecidos
Design, que contou com nomes como A miscelânea cultural brasileira, de forma mais intensa”, diz ela.
os onipresentes irmãos Campana, o jogo de cintura e a criatividade Do ponto de vista do estilo, Nie-
André Bastos e Guilherme Leite do brasileiro somados ao momento meyer, os irmãos Campana e os no-
Ribeiro (estúdio Nada Se Leva, de econômico favorável e à visibilida- vos talentos brasileiros em alta têm
22 PIB
23. Cadeira de Rodrigo
Almeida, de
Sorocaba (SP):
miscigenação
estética
FOTO: RODRIGO ALMEIDA
PIB 23
24. Design
algo em comum? Não necessaria- que caracterizam os móveis e outros borda e o joalheiro Antonio Bernar-
mente. Ainda que as cores vivas e, objetos produzidos na Suécia, na Di- do, ambos cariocas, e o empresário
em alguns casos, as referências ao namarca e na Noruega. gaúcho Oskar Metsavaht, da mar-
folclore brasileiro possam estar pre- Ainda que não haja elementos ca de roupas Osklen, entre muitos
sentes no trabalho de alguns profis- estéticos explícitos que definam o outros. A revista, diga-se, também
sionais, a frase “isso é a cara do Bra- “Brazilian Design”, a constatação premiou uma casa assinada pelo
sil” não pode ser aplicada a todos os de que algo muito efervescente está arquiteto paulistano Marcio Kogan
aspectos do design nacional. “A ino- acontecendo em nosso território em seus Design Awards de 2010.
vação, a utilização diferenciada de é unanimidade. Durante algumas Outra referência internacional, o
materiais, a preocupação com a sus- semanas do ano passado, a revista jornal britânico The Guardian, pu-
tentabilidade e o atrevimento que, referência britânica Wallpaper esta- blicou uma reportagem especial em
em geral, aplicamos fazem com que beleceu um QG temporário naquele que afirmava que “o design brasilei-
nossos produtos possam ser aceitos que definiu em seu editorial como ro, da moda à arquitetura, antes re-
em qualquer lugar do mundo”, defi- “o país mais excitante do mundo”, conhecido simplesmente por seu ca-
ne Joice. “O bom design não precisa para tentar traçar um retrato desse ráter flamboyant, vem sendo aceito
ser necessariamente reconhecido momento de ascendência e de como por sua inventividade, originalidade
como típico de determinado lugar ele se reflete na produção cultural e e diversidade, fruto de um inusual
e, por outro lado, não temos uma industrial tupiniquim. O resultado é mix de influências”. E cita fatores
linha tão emblemática como, por o dossiê Born in Brazil, de reporta- tão diversos quanto a desordem ur-
exemplo, o design escandinavo”, gens e entrevistas com personagens bana, a Amazônia, os boias-frias das
explica referindo-se às formas ergo- como o arquiteto Paulo Mendes da plantações de cana e o movimento
nômicas, funcionais e minimalistas Rocha, o designer gráfico Felipe Ta- gótico como a salada de fatores de
PREMIADOS
Alguns dos 23 produtos brasileiros
vencedores do iF Design
Awards 2011, na Alemanha
2
1
24 PIB
25. 1 Quiosque de 2 Moringa
autoatendimento de cerâmica
da Itautec da The LED
(SP) Project (SP)
onde os artistas brasileiros tiram as (e vendido por até 20 mil euros) em
3 Saleiros 4 KitBio para
referências para produzir objetos, capitais mundiais do desenho, como João de a Justiça
roupas, móveis, edifícios e joias ao Milão, Paris, Nova York e Londres. Barro, da Eleitoral, de
mesmo tempo originais e compatí- Célebre por criar objetos a partir de Reboh Akiyama e
veis com o mercado contemporâneo. elementos e combinações imprová- Design (RS) Dangelo DI (PR)
Entre os nomes destacados estão o veis (como, por exemplo, montar
estilista paulistano Alexandre Her- uma luminária a partir de um tênis),
chcovitch e os grafiteiros Gustavo e Rodrigo ainda assina uma coluna
Otávio Pandolfo, “Os Gêmeos”, tam- na revista especializada italiana de Rodrigo, a cadeira Oxum, tem
bém de São Paulo. Made. Ainda assim, só agora lan- apliques em cores vivas e é coberta
Se por um lado nomes já conheci- çou sua primeira coleção por uma por contas de madeira que remetem
dos por aqui ganham empresa brasileira, ao candomblé. “Temos de ser o que
cada vez mais proje-
ção no exterior, outra
Para a revista a Dpot. “As pessoas
aqui sempre querem
somos, e não agir com um olhar
estrangeiro sobre nós mesmos”,
leva de designers bra- britânica repetir o que já deu diz o designer.
sileiros que vêm ocu- Wallpaper, o certo fora, parece Outro nome cada vez mais co-
pando espaço mundo
afora tem algo em
Brasil é o país que tudo tem de vir
mastigado”, diz Ro-
nhecido nos editoriais mundo afora
é o paulistano Fernando Akasaka.
comum com músicos mais excitante drigo, cujo sucesso Sua marca F.Akasaka, fundada em
brasileiros contem- do mundo no exterior se atribui 2006, é dedicada à criação de mó-
porâneos, como Seu justamente à sua ori- veis, luminárias e objetos de deco-
Jorge, Bebel Gilberto ginalidade e foco na ração. Já a Le Blob, criada por Fer-
e tantos outros: o sucesso no exte- cultura brasileira, para gerar aquilo nando, em 2009, é focada em joias
rior veio antes do reconhecimento que ele chama de “miscigenação es- ultracriativas. A primeira marca
em território nacional. “Cerca de tética”. Na prática, isso significa pe- internacionalizou-se pela mídia,
90% do que produzo vai para o ex- ças como a cadeira Salvador. Numa com aparições em revistas como
terior”, conta o paulista de Sorocaba alusão à capital baiana, ela tem o a Blackbook americana, a francesa
Rodrigo Almeida, que em 2010 fez encosto revestido de um tecido com Ideat e a britânica Wallpaper. Uma
exposições na FAT Galerie, de Paris, uma textura semelhante à de uma vez conhecido, para vender seus
e na Contrasts, de Xangai, na Chi- rede e cordas que parecem tranças produtos sob a etiqueta Le Blob,
na, e tem seu trabalho reconhecido de estilo rastafári. Outra criação Fernando procurou, com sucesso,
FOTOS: DIVULGAÇÃO
3 4
PIB 25
26. Design
DIVULGAÇÃO
1 1
DIVULGAÇÃO
lojas badaladas no exterior, como as tanto, competitivos. A importância Design Awards, o Brasil foi o oitavo
concept store Eva, em Nova York; a que o design adquiriu nos últimos país mais premiado, com 23 produ-
The Shop at Bluebird, de Londres; anos também fez com que cursos tos, da informática a uma moringa de
e a butique Looq, em Zurique, en- especializados surgissem em todo porcelana que reinterpreta as humil-
tre outros endereços em Sydney, o Brasil. Em 1980, o país tinha seis des moringas de barro usadas para
Copenhague e capitais da Europa e escolas de desenho industrial. Hoje, resfriar a água de beber nas casas
do mundo. “Não sigo padrões nem são 300 de nível de graduação e mais do Brasil antigo. Para o processo de
características especificamente bra- 100 cursos técnicos. triagem que antecede à participação
sileiras, procuro criar peças com um “As empresas estão cada vez no iF Design Awards, o programa
design contemporâneo”, diz. “Mi- mais conscientes de que a eficiência Design Excellence recebeu mais de
nhas empresas atuam nos ramos no processo produtivo e o controle 500 candidatos, sendo sessenta por
de luxo da decoração e da moda, e de qualidade não bastam”, diz Ana cento pequenas e médias empresas.
nesses mercados os Brum, coordenadora
clientes buscam ba- de projetos do Cen- 4
sicamente o design Brasileiros tro de Design Para-
inovador, a qualida-
de dos produtos e a
ganharam ná, uma organização
civil, sem fins lucra-
exclusividade.” 23 prêmios tivos, responsável
Além de lançar no concurso pelo programa De-
talentos individuais
que se beneficia-
europeu sign Excellence, que,
entre outras funções,
ram da abertura dos iF Design conta com o apoio da
nossos mercados, o Agência Brasileira de
Brasil, do ponto de Promoção de Expor-
vista empresarial, também tomou tações e Investimentos (ApexBrasil)
consciência de que o visual de seus para selecionar e inscrever produtos
produtos é fundamental para a com- nacionais no iF Design Awards, o
petitividade da indústria nacional. prêmio mais importante do design
Um exemplo é a criação, em 1995, europeu, com sede em Hannover,
do Programa Brasileiro do Design, na Alemanha. “Os prêmios inter-
pelo Ministério do Desenvolvimen- nacionais, hoje em dia, funcionam
to, Indústria e Comércio Exterior, como um certificado de qualidade
para difundir no país uma cultura e facilitam a absorção dos produtos
de produção e exportação de pro- premiados pelo mercado”, conta
dutos mais bonitos, eficientes e, por- Ana Brum. Na última edição do iF
26 PIB
27. 1 Joia e 2 Cartaz
luminária de de Felipe
Fernando Taborda (RJ):
Akasaka (SP): arte gráfica
qualidade e brasileira
exclusividade
3 Lúcio 4 Casa em
Carvalho Paraty de
(RJ): móveis Marcio
em Milão Kogan (SP):
premiada pela
Wallpaper
DIVULGAÇÃO
2 3
“Quando o design é parte da estra- dade no país. Os vencedores do Idea
tégia da empresa, o retorno sempre Brasil tornam-se automaticamente
é positivo, algo que não acontece finalistas no Idea Awards que acon-
DIVULGAÇÃO
quando é tratado apenas superficial- tece nos Estados Unidos. Em 2010,
mente”, afirma Ana Brum. entre os vencedores brasileiros es-
A criação de uma Bienal do tava o carro esportivo Fiat FCC (a
Design em 2006 (a edição de 2010 Fiat mantém um Centro de Estilo
teve repercussão positiva na im- em Betim, MG, que está entre os
prensa internacional) e do prêmio mais modernos do país), os aviões
Idea Brasil, cuja primeira edição executivos Legacy 500 e Legacy
aconteceu em 2008, são a prova da 450, da Embraer, e o Self Check Out
dimensão da mudança de mentali- da Itautec (uma máquina na qual o
cliente pode pagar as próprias com-
pras), provando que o potencial na-
cional abrange também a indústria
de alta tecnologia e equipamentos
eletrônicos. “O prêmio ajudou a
conseguirmos o reconhecimento
que faltava e abriu espaço para o de-
sign brasileiro nos Estados Unidos”,
conta Joice Joppert Leal. Entre 7 e
12 de dezembro passado, obras de
mais de 40 finalistas dos três anos
do Idea/Brasil (que conta com a
parceria do Sebrae, ABDI e CNPq)
foram expostas em Seul, eleita a
capital mundial do design em 2010.
“Somos criativos? Sim, mas nossa
postura não é mais meramente ins-
tintiva, também temos o know-how
e o know why, ou seja, como fazemos
e por que fazemos, e estamos com
nossa autoestima em alta”, conclui
NELSON KON
Joice. Nossa estética Carmen Mi-
randa é coisa do passado.
PIB 27
28. Carreira
Atalho chinês
O mercado que mais cresce no planeta atrai jovens brasileiros
em busca de oportunidades para acelerar a carreira
n e ly C a i x e ta , x a n g a i
28 PIB
29. Giovanna, Kevin, Taís e Stephanie,
com o distrito de Pudong ao
fundo: acontecendo em Xangai
tuária no delta do rio Huangpu, no
litoral leste do país, para a megaló-
um país em
pole símbolo do estonteante cresci-
mento da economia chinesa. É nessa grandes números
5 700
cidade de 18 milhões de habitantes
que um grupo crescente de brasilei- brasileiros
ros está se instalando em busca de vivem hoje na China
oportunidades de trabalho e de um
tipo de experiência cada vez mais
valorizada nos escritórios de caça-
talentos do Brasil ou de qualquer
41 642 vistos
foram
concedidos a brasileiros no
outro lugar do mundo. “É preciso ano passado
estar aqui para realmente compre-
ender a velocidade com que as coi-
sas acontecem na China”, diz Rafael 54% a mais do que
em 2009
Nuñez Sá Freire, publicitário pau-
lista de 27 anos, há três em Xangai.
“É um privilégio acompanhar essas
73% foi quanto
cresceu o número de vistos
mudanças e tentar entender, de fato,
de visitas e negócios
juntamente com o resto do mundo, o
em 2010
que passa pela cabeça dos chineses.”
Antes da China, ele viveu quase
sete anos em Londres, onde se for- fissões mais concorridas do mundo”,
mou em Design Gráfico e em Pu- diz Rafael. Na agência, ele redige em
blicidade. O ritmo que sua carreira inglês para as campanhas regionais
estava levando ali não lhe agradava. da montadora Ford, muitas vezes em
“Em Londres, logo percebi que leva- parceria com uma redatora chinesa.
ria anos até conseguir colocar a mão “O meu trabalho é internacional”, diz.
na massa e participar da criação de “Tento sempre me adequar àquilo
campanhas interessantes”, afirma que estou fazendo, justamente por
Rafael. “Foi quando visitei Xangai ter experimentado e conhecido tan-
a passeio e percebi que existiam ali tas culturas diferentes.”
ótimas oportunidades para jovens Vivem hoje na China cerca de
NELY CAIXETA
como eu.” 5 700 brasileiros, segundo a mais
De fato, seu trabalho como pu- recente estimativa feita pelo Mi-
blicitário sênior da multinacional da nistério das Relações Exteriores.
q
publicidade J.W. Thompson tem lhe Há três anos, eram 3 500. Esse nú-
ue Londres, Paris e Nova dado alegrias e reconhecimento in- mero é pequeno se comparado aos
York, que nada! O dina- ternacional. No ano passado, ganhou 280 mil compatriotas que vivem
mismo das cidades chi- dois leões no festival de publicidade no Japão ou ao contingente de 1,28
nesas tem atraído um de Cannes, a principal premiação milhão com residência nos Estados
número cada vez maior do setor. Além disso, está entre os Unidos, duas das maiores comuni-
de jovens profissionais interessados três melhores redatores do mundo, dades brasileiras no exterior. Ao
em acelerar suas carreiras no outro segundo o relatório inglês The Big contrário do que prevalece no fluxo
lado do mundo. Com suas amplas Won Report, que elege todos os anos migratório para países desenvolvi-
avenidas, jardins recém-construí- os melhores em cada segmento da dos, porém, quem parte para a Chi-
dos e arranha-céus de linhas futuris- publicidade. No ranking da China é na não vai com a intenção de fazer
tas que abrigam empresas vindas do o redator número 1. “Acho que isso seu pé-de-meia com trabalho braçal
mundo inteiro, Xangai passou, em é prova suficiente de que o país me ou na labuta de serviços modestos
poucos anos, de uma cidade por- colocou no fast track de uma das pro- normalmente reservados aos imi-
PIB 29
30. Carreira
grantes nos países ricos. Na China, A crise financeira global inicia- consultoria especializada em assis-
não faltam braços para trabalhos de da em 2008, e que ainda hoje afeta tir empresários interessados em ex-
baixa qualificação. Na equação de a economia nos Estados Unidos e pandir seus negócios para a China.
muita gente e baixa especialização, Europa, acabou ajudando a abrir Ponce desembarcou em Xangai em
o resultado é um mundo de opor- as portas do destino chinês para os 2008, após terminar o mestrado em
tunidades “tanto para jovens inte- brasileiros. Uma delas recebeu Fa- Gerenciamento Internacional, em
ressados em lustrar currículo como biano Ponce, 32, diretor executivo Grenoble, na França, onde traba-
para empreendedores que farejam da Pangea International, empresa lhava na área de compras da Hew-
bons negócios. brasileira de comércio exterior e lett-Packard. “Com a velha Europa
30 PIB