1. Odilon Massolar Chaves
Índice
Apresentação
Introdução
Símbolos e termos ligados ao Espírito
• Símbolos ligados ao Espírito
• Termos ligados ao Espírito
DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO
Relatos do Novo Testamento
Comparações que ajudam a esclarecer
• Pentecostes dos discípulos e dos gentios
• Relação entre o batismo com água e o batismo com o
Espírito Santo
• Diferenças de ênfases entre Lucas e João
Promessas de derramamento do Espírito
Dez relatos sobre o derramamento do Espírito
Análise da situação em que foi recebido o dom do Espírito
• Os que receberam a bênção antes de Jesus nascer
• O exemplo do próprio Jesus
• Os que receberam a bênção no Pentecostes
• Os que receberam a bênção após o Pentecostes
As quatro conclusões fundamentais
• Nem todo caso se aplica a nós hoje
• Não há um dom predeterminado para se receber
• Crer é essencial para recebermos o Espírito Santo
• O Espírito opera nas pessoas de maneira diferente
Bibliografia
Imprensa Metodista
Citações (última página)
1982
2. Apresentação
O tema apresentado pelo Rev. Odilon Massolar Chaves
neste livro é, sem dúvida, de grande validade em nossos dias. A
doutrina do Espírito Santo e todas as questões a ela relacionadas,
estão sendo constantemente discutidas.
Desta forma, a Imprensa Metodista, dentro de sua política
editorial procura, com estes textos, alcançar aqueles que, tendo
dúvidas a respeito do assunto possam ter, através deste livro, uma
ajuda, uma orientação.
A maneira clara e simples que o autor coloca as questões,
especialmente com respeito a dez relatos sobre o derramamento
do Espírito, é mais uma prova de que o povo das comunidades
cristãs está interessado em uma linguagem não muito empolada,
mas de maneira simples, sem ser pobre de linguagem e participe
da compreensão dos grandes temas bíblicos.
O Rev. Odilon, conhecido especialmente do povo metodista
por sua grande contribuição de artigos nos Periódicos da Igreja e já
alguns livros publicados no âmbito de sua Região está, agora, com
esta obra editada pelo Departamento Editorial da Imprensa
Metodista, alcançando um público maior que cremos e desejamos,
seja ainda mais enriquecido com este livro.
Jorge Cândido Pereira Mesquita
Editor
Introdução
O missionário e escritor Stanley Jones afirmou: “Não vejo
nada, absolutamente nada, que possa tirar a Igreja de trás das
portas trancadas senão um Pentecostes. Podeis aumentar a
beleza de seu ritual; melhorar a qualidade de sua educação
religiosa; elevar o padrão e as qualificações do seu ministério ao
mais alto grau; desejar dinheiro a manchetes nos seus gazofilácios,
dar-lhe, enfim, tudo menos esta única coisa que o Pentecostes dá,
e estareis apenas ornamentando um cadáver. Até que este fato se
dê, a pregação é simples preleção, a oração é apenas repetição de
fórmula, os cultos deixam de ser cultos — tudo não passa de
atividade terrena, circunscrita, inadequada, morta” (1)
Esta afirmação é verdadeira e só quem já a experimentou
pode saber de seu verdadeiro significado. Eu tive o privilégio de ter
tido esta experiência.
Esta experiência — chamada por muitos de “carismática” —
foi fundamental em minha vida. Este “cadáver”, que Stanley Jones
nos fala, era exatamente o que era a minha vida espiritual. Eu não
tinha o “hálito” da vida em abundância.
Foi lendo um Novo Testamento que tive as maiores
experiências da minha vida, que a consciência racional não poderá
jamais entender. Foi lá — crendo em Jesus Cristo e lendo a Bíblia
— que tive os maiores contatos com Deus,através de Seu Espírito.
Foi lá que me senti no “Monte da Transfiguração” muitas
vezes. Foi lá que também me senti pela primeira vez pequeno e
pecador diante da majestade de Deus. Muitas vezes, me senti
como sendo arrebatado pelo Espírito de Deus e muitas vezes tive
que rogar que o Espírito de Deus se retirasse por um pouco, pois
não podia suportar tanta alegria em minha vida.
3. A experiência com o Espírito é fundamental na vida de
qualquer pessoa. Porém, o conhecimento da doutrina do Espírito
Santo também é fundamental para qualquer pessoa. Quem não a
entender poderá “apagar o Espírito” em sua vida.
Este estudo tem este objetivo. Ele é endereçado
principalmente para aqueles que querem se aprofundar um pouco
mais no conhecimento da doutrina do Espírito Santo, mais
precisamente, da doutrina do derramamento do Espírito.
Há muita confusão no meio Evangélico sobre este tema.
Muita coisa tem sido dita, sem uma boa base bíblica. O que
propomos aqui é exatamente verificar de uma maneira objetiva o
que o Livro dos livros diz a este respeito.
Minha pesquisa sobre este tema começou em Julho de
1980, quando estava de férias em Nova Friburgo, RJ. Debaixo de
um clima agradável e da beleza da natureza de Deus, tive a
oportunidade de iniciar esta pesquisa.
Depois de escrever todos os textos bíblicos do Novo
Testamento que falam sobre o Espírito Santo, comecei a colocá-los
de forma sistemática, visando melhor compreensão. Vários
estudos, então, passaram a ser formados, a partir de indagações,
dúvidas e preocupações. Estes estudos foram, com o passar do
tempo,
aplicados à igreja local. As observações e
questionamentos dos membros fizeram com que os estudos
fossem enriquecidos e desenvolvidos. Agora, ele se encontra
completo.
Este estudo está dividido nos seguintes capítulos:
1 — Símbolos e termos ligados ao Espírito;
2 — Comparações que ajudam a esclarecer;
3 — Promessas do derramamento do Espírito;
4 — 10 relatos sobre derramamento do Espírito;
5 — Análise da situação em que foi recebido o dom do
Espírito;
6 — As quatro conclusões fundamentais.
No primeiro capítulo, procuramos mostrar a importância de
se conhecer os significados dos símbolos e termos que estão
relacionados com o Espírito. Eles nos ajudam a entender, de uma
maneira mais correta, os derramamentos do Espírito.
Já no segundo capítulo, procuramos fazer algumas
comparações entre o Pentecostes dos discípulos e dos gentios e
entre os escritos de Lucas e do apóstolo João. Neste capítulo
procuraremos ver algumas coisas que geralmente o crente não
consegue perceber na sua leitura devocional da Bíblia.
O terceiro capítulo nos mostra onze promessas de
derramamento do Espírito, antes do Pentecostes acontecer. Eles
nos mostram o que realmente foi prometido aqueles que
receberiam o Espírito Santo. Enfim, estes três primeiros capítulos
são “ferramentas”, informações necessárias para entrarmos no
quarto capítulo desta pesquisa.
O quarto capítulo é o estudo original, colocado de forma
sistemática e que foi dado à Igreja local. Ele relata dez lugares do
Novo Testamento sobre derramamentos do Espírito, mostrando as
circunstâncias que levaram a tal acontecimento e as
conseqüências de ter havido o envio do Espírito às pessoas.
Geralmente, fica-se apenas com o relato do Pentecostes e
dele se faz regra geral para todas as pessoas, esquecendo-se que
há ainda outros nove relatos de derramamento do Espírito no Novo
Testamento. Este capítulo, colocado de forma sistemática poderá
servir para se ter uma visão geral das vezes em que foi dado o
Espírito e poderá também servir para estudos bíblicos nas igrejas
locais. Aconselhamos, porém, que se leia todo o livro para, então,
poder aplicar este estudo à Igreja.
4. Símbolos e Termos Ligados ao Espírito
No quinto capítulo, procura-se colocar estes relatos dentro
de quatro situações específicas, onde são comentadas e onde
poderão ser compreendidas de uma maneira mais adequada. Aqui
se repete muitas vezes as perguntas: Como era sua vida, antes de
receber o Espírito Santo? Que foi feito para ele receber o Espírito?
Que aconteceu após receber o dom do Espírito? Estas perguntas
são repetidas e respondidas em muitas ocasiões diferentes neste
capítulo. Elas são colocadas, pois estão envolvidas em
“recomendações” que muitos fazem para as pessoas que desejam
receber o Espírito. Aqui veremos se estas “recomendações” são
realmente verdadeiras. No último capítulo procura-se tirar algumas
conclusões destes dez relatos. Pelo menos quatro conclusões são
tiradas e comentadas, que deverão esclarecer algumas questões.
Este estudo não é devocional. Ele trata de questões
polêmicas, então, não pode deixar também de ser polêmico. Ele,
porém, não tem a pretensão de ser um mero trabalho intelectual,
mas sim algo simples, escrito principalmente para o povo simples
da Igreja local. A nossa experiência com o Espírito relatada tem o
objetivo de mostrar que conhecemos o assunto de perto e não
apenas intelectualmente. Não esperamos que todos concordem
com este estudo e nem poderíamos esperar — pois partindo de
uma outra formação religiosa ou ponto de vista, chegar-se-á a
outra conclusão. Meu desejo é que, de alguma forma, este estudo
seja útil àqueles que o lerem.
Finalmente, um agradecimento às jovens Odísia e Alciléia,
que deram um bom tempo para fazer a correção deste livro.
O teólogo Leonardo Boff afirmou que “o mito, o símbolo e a
analogia constituem o próprio da linguagem religiosa, porque sobre
as realidades profundas da vida, do bem e do mal, da alegria e da
tristeza, do homem e do Absoluto só conseguimos balbuciar e usar
uma linguagem figurada e representativa” (2).
Assim, devemos dizer que nem todas as palavras contidas
na Bíblia podem ser lidas “ao pé da letra”, pois nela pode estar um
significado totalmente diferente e muito mais profundo do que se
imagina. É o que veremos abaixo:
I — SÍMBOLOS LIGADOS AO ESPÍRITO SANTO
Pomba
Este símbolo do Espírito está relacionado com a criação e
com a vida. É o que nos mostra Gn 1:2: “O Espírito de Deus
pairava por sobre as águas”, trazendo assim a vida ao mundo
caótico, mundo vazio e sem vida. “Pairar” aqui tem
o sentido de “chocar”. Seria como se o Espírito — à semelhança de
uma ave (pomba) — estivesse chocando o mundo para ele nascer.
O AUTOR
Após o dilúvio, a pomba trouxe um ramo verde de oliveira
(Gn 8:11), significando assim que estava sendo começada uma
nova Era. No mesmo sentido, no batismo de Jesus, o Espírito
desceu em forma de pomba, significando ali que em Jesus Cristo
5. estava sendo começada uma nova Criação (cf Mt 3.16; Mc 1.10; Lc
3.21; Jo 1.32).
Fogo
Por outro lado, a pomba é símbolo de pureza e era utilizada
também para o sacrifício, que traria perdão aos culpados (cf Lv 5.7;
Lc 2.24). Assim, podemos dizer que ao descer e permanecer em
Jesus, na forma de pomba, Cristo tornou-se simbolicamente a
“pomba” que, através do seu sacrifício, salvaria o mundo do
pecado (Hb 9.14). Assim, como ele é o Cordeiro, é também a
Pomba.
Vento
Este símbolo está relacionado com o “batismo com o
Espírito Santo”: “Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é
mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia
das sandálias, ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”
(Lc 3.16; cf Mt 3.11). No dia de Pentecostes “apareceram umas
como línguas de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre
cada um deles” (At 2.3).
No Pentecostes aconteceu este vento: “De repente veio do
céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa
onde estavam assentados” (At 2.2). O vento significa, em muitas
partes do Antigo Testamento, o hálito das narinas de Javé (Deus).
Os textos bíblicos de Êx 15.8; II Sm 22.16; SI 18.15 registram este
fato.
Se entendermos que os discípulos ainda não eram
convertidos (Lc 22.32), pois também tinham dúvidas (Jo 20.25-27),
podemos aplicar vários textos do Antigo Testamento, que mostram
o fogo como purificador (Is 5.24; Zc 13.9; Ml 3.2-3). Assim, quando
os discípulos creram realmente em Jesus (At 11.17), eles teriam
recebido o Espírito Santo e teriam sido purificados.
É através deste sopro que vem o fôlego da vida: “Então
formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas
narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente”
(Gn 2.7).
Mas se entendermos que eles já eram crentes, que já
estavam salvos, pois “vossos nomes estão inscritos nos céus” (Lc
10.20) e viviam em oração, esperando a promessa de Jesus (At
1.14;2.1), podemos aplicar vários textos do Antigo Testamento que
mostram o fogo somente como sinal da presença de Deus (Êx 3.2;
3.1-6; 19.18; Dt 9. 3). Portanto, ele pode ter o sentido de
purificação ou sinal da presença de Deus entre os homens.
Este vento no Pentecostes tem o significado da presença
divina, enchendo a casa com o hálito da vida e da nova Criação.
6. Tremer o lugar
O texto diz: “Enquanto oravam, tremeu o lugar onde se
achavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito e puseram-se
a anunciar a Palavra de Deus com firmeza” (At 4. 31).
O termo grego usado aqui significa “agito, abalo, sacudo,
movo, faço tremer, perturbo”. Não quer dizer, porém, que,
necessariamente, moveu o lugar onde eles se achavam. Significa
mais sinal da presença e poder de Deus naquele local (cf. Êx
19.18; Is 6.4; Sl 68.8).
Algo interessante a dizer é que Ex 19.18, como Is 6.4, falam
de “fogo” e “tremer” ao mesmo tempo. Parece que Lucas — autor
de Atos dos Apóstolos — falando de “fogo” em At 2.3 e falando de
“tremer” em At 4.31, quis destacar estes dois termos como sinais
da presença divina naquele lugar. Neste sentido, At 4.31 pode ser
entendido também como um “complemento” do Pentecostes...
O importante é não pegar este termo e outros ao pé da letra,
pois a Bíblia usa de muitos símbolos para falar sobre a presença de
Deus. Muitos problemas podem surgir hoje, se não entendermos isto
corretamente, pois alguém, não vendo “tremer” literalmente o lugar
ao orar, pode duvidar da presença de Deus em sua vida.
Pentecostes
Parece que Lucas, ao narrar o evento do Pentecostes (At
2.1-13), procurou se contrapor aos acontecimentos da Torre de
Babel (Gn 11.1-9). Através de várias comparações, pode-se chegar
a esta conclusão:
Nos acontecimentos de Babel, os homens se engrandecem:
“Edifiquemos para nós uma cidade, e uma torre cujo topo chegue
até aos céus, e tornemos célebre o nosso nome” (Gn 11.4), mas no
Pentecostes Deus é quem é engrandecido: “Como os ouvimos falar
em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?” (At 2.11).
Nos acontecimentos de Babel — que significa confusão - os
homens se confundem e não compreendem mais a linguagem um
do outro: “Desçamos e confundamos ali a sua linguagem para que
um não entenda a linguagem do outro” (Gn 11.7), mas no
Pentecostes eles — povos de diferentes nações — entendem a
linguagem um do outro: “Cada um ouvia falar em sua própria língua
materna” (At 2.6) e adiante o texto diz que eles “diziam entre si” (At
2. 12).
Nos acontecimentos de Babel, os povos são dispersos:
“Confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali os
dispersou” (Gn 11.9), mas no Pentecostes os povos são reunidos:
“Partos, Medos e elamitas, e os naturais da Judéia, Capadócia e
Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas
imediações de Cirene, tanto judeus como prosélitos, cretenses e
arábicos, como os ouvimos falar em nossas próprias línguas (At
7. 2.9-11). Outro texto diz: “Achavam-se então em Jerusalém homens
piedosos de todas as nações que há debaixo do céu” (At 1.5).
Assim, há muito de simbolismo na narração do Pentecostes,
que foi um fato histórico.
II — TERMOS LIGADOS AO ESPIRITO
1 — O dom do Espírito
Este termo significa que o Espírito Santo é dado aos
que crêem (At 11.15-17), mas não é dado por merecimento ou por
algo que se faz. O termo significa que o Espírito é um dom gratuito
de Deus. A raiz grega — doreá — quer dizer “dom gratuito de Deus”.
Vários textos bíblicos confirmam que o Espírito é dádiva de
Deus: At 10.45; At 2.38;At 8.18; At 11.17; At 15.8; Jo 3.34; Rm 5.5;
1 Ts 4.8, etc. A Bíblia chega a condenar àqueles que pretendem
“comprar” o Espírito Santo (At 8.18-20).
Não devemos, porém, confundir “o dom do Espírito” com
“dons do Espírito”. Os dois significam dádivas, mas “o dom do
Espírito” quer dizer que foi enviado ou será enviado o próprio
Espírito Santo àqueles que não o têm. Já “dons do Espírito” (1 Co
12.1; 12.4; 12.11; 12.30; 14.12; 1 Tm 4.14, etc.) quer dizer que o
Espírito Santo que já vive na vida do cristão — está distribuindo,
está capacitando com “ferramentas” o crente para a vida cristã e
para a obra evangélica ser realizada e o Corpo de Cristo ser
edificado.
“O dom do Espírito” vem geralmente com o artigo definido
“o”, sempre no singular, “Os dons do Espírito” são sempre no
plural, a não ser quando se quer falar de um dom somente: “O dom
de curas” (1 Co 12.30).
2 — Unção do Espírito
A unção com óleo, no Antigo Testamento, entre as suas
utilidades, era um meio de separar alguém para uma determinada
obra. Os profetas (1Rs 19.16), sacerdotes (Lv 8.12) e reis (1Rs
19.16) foram ungidos com óleo para realizarem as suas tarefas.
No Novo Testamento, a unção do crente, do discípulo de
Cristo, não é mais feita através do óleo e sim do Espírito Santo. A
unção é chamada no original grego de “carisma” — daí vem o
nome “carismáticos” — e através da unção do Espírito, o Messias
(Lc 4.18; At 4.27; At 10.38) e o crente (2Co 1.21; 1Jo 2.20; 1Jo
2.27) são separados para a carreira cristã.
O carisma (a unção) está relacionado com a distribuição de
dons. O carisma tem o significado de dom, dote e “dons
extraordinários, que distinguem certos cristãos, dando-lhes o poder
de servir à igreja de Cristo, sendo este poder e estes dons o
resultado da graça divina nas suas vidas (Rm 12.6; 1Co 1.7; 1Co
12.4; 1Pe 4.10)”. (3)
3 — Derramamento do Espírito
O termo “derramamento” tem no original grego o significado
de “distribuo largamente”. Em relação ao Espírito, ele é aplicado
duas vezes no Novo Testamento: At 10.45; Tt 3.5-6. Nestes dois
textos bíblicos, ele foi distribuído a grupos de pessoas e não
somente a uma pessoa, daí ser usado este termo, pois significa
que foi distribuído abundantemente.
Não necessariamente, porém, este termo deverá ser usado para
indicar que o Espírito veio sobre grupo de pessoas, pois em outros grupos
de pessoas o Espírito foi “derramado” e este termo não foi usado.
4 — Revestimento da força do alto
Aparece uma única vez no Novo Testamento: “Eis que eu
vos enviarei o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na
cidade até serdes revestidos da força do alto” (Lc 24.49).
8. Este termo no original grego pode ser traduzido também por
“visto; entro e insinuo-me”.
Já o outro termo grego aqui empregado é “dínamis”, que
tem o significado de poder ou força. Este poder é inerente, ou seja,
essencial ao cristão. Aqui também pode ser traduzido por força
física e idiomática.
Como At 1.8 usa o mesmo termo “dínamis” e Jesus afirma
que eles receberiam poder para serem testemunhas e como
testemunha no original significa “afirmo o que vi, ouvi ou
experimentei ou o que sei por divina revelação ou inspiração” (4),
concluímos que o revestimento da força do alto seria para os
discípulos terem a coragem e a capacidade de anunciarem Jesus
ao mundo, principalmente, a respeito da ressurreição de Jesus (Lc
24.48; At 2.32; At 3.15; At 4.33: At 5.32; At 22.15, etc.).
5 — Fruto do Espírito
O local onde se fala em fruto do Espírito, enumerando estes
frutos, é em Gálatas: “...mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio” (GI 5.22-23). O termo grego empregado é “carpós”, que
significa fruto, resultado ou efeito do Espírito Santo em nossa vida.
Necessariamente, estes são os frutos que devem existir
naquele que tem o Espírito Santo em sua vida. Paulo, porém,
parece realçar o amor como a marca primeira e principal (1Co
13.1-13; Rm 5.5; Gl 5.22, etc.).
Podemos dizer que são estas as marcas do caráter Cristão. É
o Espírito Santo, então, que forma o caráter do discípulo de Cristo.
6 — Primícia do Espírito
Primícia significa a primeira parte da safra, os primeiros
frutos colhidos. Assim, em relação à ressurreição, Cristo é a
primícia (1Co 15.20-23), ou seja, ele foi o primeiro que ressuscitou.
Depois virão os que pertencem a Cristo (1Co 15.23).
O primeiro convertido na Ásia é chamado também como
primícia: “Saudai meu amado Epêneto, primícias da Ásia para Cristo”
(Rm 16.5). O termo “primícia” dá, porém, a idéia de complemento,
significando que o restante virá no momento oportuno.
Em relação à primícia do Espírito, Paulo afirma: “E não
somente ela. Mas também nós que temos as primícias do Espírito,
gememos interiormente, suspirando pela redenção do nosso corpo”
(Rm 8.23). Significa aqui que o Espírito Santo ainda não completou
a salvação em nós, pois “gememos interiormente, suspirando pela
redenção de nosso corpo” (Rm 8.23). Somos filhos de Deus (Rm
8.16) e herdeiros da vida eterna (Rm 8.17), mas o restante, o
resultado final, completo, um dia acontecerá pelo mesmo Espírito
que ressuscitou a Jesus (Rm 8.11).
Portanto, ter a primícia do Espírito é ter os primeiros frutos
da salvação e a garantia da entrega do restante: a vida eterna.
7 — Penhor do Espírito
Nos dois lugares no Novo Testamento em que se encontra
esta expressão — 2Co 5.5 e Ef 1.13-14 — há um relacionamento
com a ressurreição e a redenção. Penhor significa no original “uma
parte do pagamento total, adiantada como prestação e garantia da
entrega do resto”. (5)
Já que penhor é a parte adiantada, então, podemos dizer
que penhor do Espírito significa que o Espírito, que nos foi dado
pela fé em Cristo Jesus, é esta parte de pagamento total, já
adiantada por Deus. O Espírito Santo é a garantia de que teremos
a vida eterna. Assim, a vida eterna já começa aqui, pela presença
do Espírito em nossa vida.
9. 8 — Selo do Espírito
Há uma ligação entre primícia, penhor e selo do Espírito. Os
três estão relacionados com a salvação. Se primícia significa que
temos os primeiros frutos da salvação e penhor significa que temos
apenas uma parte do pagamento total, com a garantia da entrega
do resto, selo significa que estamos sendo guardados e protegidos
por Deus, através de sua marca em nós — o selo do Espírito —
que indica que somos agora propriedade de Deus.
Somente em três lugares no Novo Testamento aparece esta
expressão: 2Co 1.22; Ef 1.13; Ef 4.30.
9 — Testemunho do Espírito
Esta expressão está relacionada também com a salvação.
Somente em um lugar no Novo Testamento aparece: “O próprio
Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos
filhos de Deus” (Rm 8.16).
Esta palavra “testemunho” significa “afirmo o que vi, ouvi ou
experimentei...“. No original grego vem acompanhando o
“testemunho” a conjunção “sim”, que tem o significado de “íntima
comunhão, conjunção com, cooperação, acompanhamento etc”. (6)
Assim, podemos dizer que é o Espírito, em comunhão
conosco, nos dando a certeza de que somos herdeiros do Reino de
Deus, que somos filhos de Deus, que estamos salvos. Isto, porém,
ocorre quando há íntima comunhão do Espírito conosco.
10 — Cheio do Espírito
É o termo ligado ao Espírito que mais vezes aparece no
Novo Testamento. Também são usadas mais de uma raiz em
relação a este termo:
- Pléto: é usada em At 2.4 e 4.31 e significa “encho, cumpro”
- Pléres: é usada em Lc 4.1; At 6.3; 6.5; 7.55 e 11.24 e quer
dizer “cheio, grado, pleno”.
- Phuplemi: é usada cm Lc 1.15; 1.41; 1.67; At 4.8; 9.17 e
13.9 e significa “encho, cumpro”.
Três raízes diferentes para dizer, praticamente, a mesma
coisa. Seria, praticamente, o mesmo que usar as palavras “lindo,
belo e bonito” em relação a uma pessoa. Três palavras diferentes,
mas que têm o mesmo significado. No grego, estas três raízes
querem dizer que algo está completo, cheio. Se estas raízes
significam “cheio”, esta palavra “cheio” tem, pelo menos, dois
sentidos diferentes na Bíblia, como veremos abaixo:
a) “Cheio” tem o sentido de qualidade de vida
Isto significa que, onde aparece a palavra “cheio”, está
querendo mostrar que a pessoa tem uma qualidade de vida
espiritual muito boa. Vemos isto, pelo menos, em três lugares no
Novo Testamento:
— “Procurai, antes, entre vós, irmãos, sete homens de boa
reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, e nós os
colocaremos
na
direção
deste
ofício”
(At
6.3).
— “A proposta agradou a toda assembléia, e foram escolhidos:
Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo. . .“ (At 6.5).
— Outro lugar se refere a Barnabé: “Pois era um homem
bom, e cheio do Espírito Santo e de fé” (At 11.24).
Como vimos, nestes três lugares, a palavra “cheio” está se
referindo a alguém que tem uma qualidade de vida espiritual muito
boa. Nestes três exemplos, é usada a raiz grega “Pléres”.
b) “Cheio” significa também dom de profecia
Aqui está uma afirmação que o leitor comum da Bíblia,
geralmente, não consegue perceber. Não por culpa dele, mas sim
10. porque ele não tem acesso ao original grego ou a determinados
livros, que nos esclarecem isto.
Estamos querendo dizer que nos textos bíblicos de Lc 1.41;
1.67; At 2.4; 4.8; 4.31; 7.55; 9.17 e 13.9 este “cheio”, que ali
aparece, “não significa plenitude da graça santificante, mas dom de
profecia pelo qual o falar é inspirado”. (7)
Significa dom de profecia? Como pode ser isto? Será
verdade que uma palavra na Bíblia pode ter dois significados? Sim!
A palavra “cheio”, dependendo do local onde é empregada, tem
sentidos diferentes, assim, como a palavra “vale”, no português:
• Significa um lugar: “No vale da Caledônia”.
• Significa valor financeiro: “Me dá um vale!”
Empregando a palavra “cheio” também como sendo
profecia, poderemos entender que no Pentecostes se cumpriu
realmente a profecia de Joel, que dizia: “E acontecerá nos últimos
dias; diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a
carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão (At 2.17). Era isto
que Pedro procurava explicar aos presentes no Pentecostes.
Aquilo que havia acontecido era o cumprimento da profecia de Joel
(cf. At 2.15-16).
Mas que havia acontecido para se chegar a conclusão que
estava se cumprindo o que Joel dissera? O texto diz: “Todos
ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras
línguas...“ (At 2.4). Mas falar em línguas é dom de profecia? É
evidente que não! Como entender, então? O segredo está na
palavra “cheio”, que vem antes de “falar em línguas”. Aqui o “cheio”
tem o sentido que estamos procurando explicar, ou seja, significa
dom de profecia. Mas por que eles falaram também em línguas?
Havia estrangeiros de vários lugares, então, Deus lhes deu a
capacidade de profetizarem, falando a linguagem dos povos ali
reunidos, caso contrário, estes não poderiam entender e receber a
mensagem de Deus.
11 — Batismo com o Espírito Santo
Este termo “batismo” é aplicado somente em três ocasiões
— com certeza — em relação ao Espírito Santo. Sempre que ele é
usado, está em comparação a João Batista e à água (cf Mc 1.8; At
1.5; At 11.16).
Por que esta comparação?
João Batista pregava o batismo com água para
arrependimento (Mt 3.11; At 19.4), o que envolvia confissão dos
pecados (Mt 3 .6) e preparava o povo para a vinda daquele que
haveria de batizar com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11; Lc
3.16).
Significa isto que o Espírito Santo haveria de “purificar o
povo do mal” (8), como previa a profecia de Isaías: “Quando o
Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e limpar Jerusalém da
culpa de sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e com o
Espírito purificador” (Is 4.4). Outra profecia afirmava que o Messias
purificaria com fogo (Ml 3.2-3).
O Espírito daria um novo coração ao povo da Nova Aliança,
como disse a profecia de Ezequiel: “Dar-vos-ei coração novo, e
porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra
e vos darei coração de carne. Porei dentre em vós o meu Espírito,
e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e
os observeis” (Ez 36.26-27; cf Jr 31.32-34; Tt 3.5-6; Rm 5.5; Gl
5.22).
Assim, a expressão “batizo com o Espírito Santo” está ligada
mais à purificação. Inclusive — no original grego — o termo
“batizo” quer dizer também “purifico, limpo, lavo”. Poderíamos,
então, dizer também: “Eu vos batizo com água para
11. arrependimento. . . Ele vos purificará com o Espírito Santo e com
fogo” (Mt 3.11).
A comparação com João Batista tem o objetivo de mostrar
que a obra e a pessoa de Jesus são superiores à obra e a João
Batista: “Eu vos batizo com água para arrependimento, mas aquele
que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não
sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará
com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11).
Alguém recebe a “purificação do Espírito”, não por méritos
ou obras, pois isto é um dom de Deus. Pedro, falando sobre o
envio do Espírito aos gentios, disse: “Se Deus, portanto, lhes
concedeu o mesmo dom que a nós... “ (At 11.17). A condição de
ser “batizado” é a aceitação de Jesus Cristo (Jo 7.39; GI 3.14; Ef
1.13; At 11.17, etc.)
Um é o começo, o outro, é o final. “Batismo” é o momento de
receber o Espírito Santo em nossa vida. “Plenitude” é quando o
Espírito toma completamente a nossa vida, por isso, ele é o alvo
maior. Somente em dois lugares no Novo Testamento é usada a
raiz grega “plerón”, em relação ao Espírito: At 13.52 e Ef 5.18.
Outros textos no Novo Testamento usam esta raiz “plerón”
para dizer que determinadas coisas estão cheias, plenas ou
completas, como vemos abaixo:
• Rede cheia de peixe (Mt 13.47-48);
• A casa inteira ticou cheia do perfume (Jo 12.3)
• A tristeza encheu os vossos corações (Jo 16.6);
• Para que a vossa alegria seja completa (Jo 16.24)
• Enchia-se de sabedoria (Lc 2.40).
A plenitude tem o significado de ser o “último de uma série”,
por isso, é maior do que o “batismo com o Espírito Santo”.
Percebe-se claramente na Bíblia que, com o passar dos
anos, este termo “batismo” deixou de ser usado de maneira
freqüente. Provavelmente, porque não houve mais necessidade de
fazer a comparação com o batismo de João Batista e porque Paulo
lidava com os gentios, que geralmente não sabiam do passado e
do batismo de João Batista.
“Plerón coloca a chave da abóbada, não só terminando, mas
unificando e harmonizando” (10). Plenitude significa também
“encho a ponto de transbordar, dou plenitude ou acabamento a...”
(11).
Paulo fala de outros termos para dizer do recebimento do
Espírito: “concede o Espírito” (Gl 3.5); “recebamos o Espírito
prometido” (Gl 3.14); “Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5);
“Deus, que vos infundiu o seu Espírito Santo” (1 Ts 4.8) e “Espírito
Santo, que ele ricamente derramou sobre nós” (Tt 3.5-6), etc.
Podemos dizer que “plenitude” quer dizer um pouco mais
que “cheio”, embora quase não se perceba a diferença. Assim,
como dizemos que algo é “bom” e outro “muito bom”, também
podemos dizer isto em comparação a “cheio” e “plenitude”. Enfim,
o alvo maior do cristão deve ser: “buscai a plenitude do Espírito”
(Ef 5. 18).
12 — Plenitude do Espírito
Um líder pentecostal bastante conhecido — Juan Carlos
Ortiz — afirmou: “A plenitude da promessa do Pai vai muito além
deste ‘pequenino’ batismo do Espírito Santo que herdamos de
nossos prezados irmãos pentecostais”. (9)
De fato, não se pode confundir “batismo” com “plenitude”.
12. Comparações que Ajudam a Esclarecer
Às vezes não percebemos certas relações existentes entre
determinadas palavras e fatos na Bíblia, por isso, a nossa
compreensão fica um pouco limitada.
Com este capítulo queremos ajudar ao leitor a ter maior
subsídio para poder compreender a doutrina do Espírito Santo e a
ter também uma maior abertura em sua mente. Assim, quando o
leitor chegar ao capítulo sobre os “10 derramamentos” e os dois
seguintes, poderá ter uma visão mais aberta e, por isso, mais
pronta também a aceitar e compreender certas afirmações bíblicas.
que é absolutamente proibido um judeu relacionar-se com um
estrangeiro ou entrar em casa dele” (At 10.28). Foi aí que
aconteceu posteriormente o Pentecostes dos gentios (At 10.44-45).
Portanto, os dois Pentecostes aconteceram em uma casa.
b) Sobre o meio de vir o Espírito
No caso dos discípulos, veio sem nenhum intermediário: “De
repente, veio do céu...” (At 2.2). Com os gentios também
aconteceu o mesmo (At 10.44), ou seja, não houve intermediário,
como aconteceu na imposição das mãos em Samaria (At 8.16-17)
e em Eféso (At 19.1-6). Podemos dizer que, nestes dois casos, o
“meio” foi espontâneo, livre, sem interferência de alguma pessoa.
Foi de modo direto.
I — O PENTECOSTES DOS DISCIPULOS E DOS GENTIOS
Entre os “10 derramamentos”, um aconteceu no dia de
Pentecostes com os discípulos de Jesus, que eram quase na
totalidade constituídos por judeus. Outro derramamento ocorreu
posteriormente com aqueles que não eram judeus. Ficou sendo
chamado este acontecimento de “Pentecostes dos gentios”.
c) Sobre os fenômenos
No Pentecostes dos discípulos
fenômenos:
• Som como de vento (At 2.2);
• Línguas como de fogo (At 2.3);
• Línguas estrangeiras (At 2 4);
• Profecias (At 2.17)
aconteceram
vários
Entre as semelhanças e diferenças existentes entre os dois,
estão:
1 — Semelhanças entre os dois Pentecostes
a) Sobre o local
Os discípulos de Jesus estavam em uma casa: “Tendo
entrado na cidade subiram à sala superior, onde habitualmente
ficavam” (At 1.13). Esta sala superior significa no original grego
“parte superior da casa”. No dia de Pentecostes “estavam
todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1).
Os gentios também estavam reunidos em uma casa. Esta
casa era de Cornélio. Pedro quando chegou lá, disse: “Vós sabeis
Também no Pentecostes dos gentios, apesar de bem
menos, aconteceram igualmente fenômenos.
• Falaram em línguas (At 10.46);
• Engrandeceram a Deus (At 10.46).
Assim, podemos dizer que em ambos os casos houve
fenômenos.
d) Sobre o nome do acontecimento
Nos casos dos discípulos, é chamado de “Batismo com o
Espírito Santo”, pois Jesus assim o disse: “João batizava com
água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de
poucos dias” (At 1.5).
13. Também com os gentios assim é chamado: “O Espírito
Santo caiu sobre eles, assim como sobre nós no princípio.
Lembrei-me, então, desta palavra do Senhor: João, dizia ela,
batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”
(At 11.15-16).
2 — Diferenças entre os dois Pentecostes
a) Em relação ao dia do acontecimento
Enquanto o caso dos discípulos ocorreu no próprio dia de
Pentecostes (At 2.1), o caso dos gentios ocorreu muito tempo
depois, como vários textos mostram: “No dia seguinte” (At 10.9).
Aqui não significa dia seguinte após o Pentecostes. Outro texto diz
ainda: “No dia seguinte” (At 10.23); “Há quatro dias, eu estava em
oração” (At 10.30).
Assim, no mínimo 6 dias haviam passado do Pentecostes ao
envio do Espírito aos gentios, embora muito mais tempo,
certamente se passou, pois em acontecimento anterior com Paulo
— entre os dois “Pentecostes” — o texto diz que Paulo “passou
alguns dias com os discípulos em Damasco” (At 9.19).
b) Em relação ao batismo com água
Os discípulos de Jesus, certamente, já haviam sido
batizados, pois também batizavam (cf Jo 4. 1-2; Mt 28. 18-20). Os
gentios, porém, não haviam sido ainda batizados, quando
receberam o Espírito Santo. Pedro disse: “Pode-se, porventura
recusar a água do batismo a esses que, como nós, receberam o
Espírito Santo?” (At 10.47). Assim, uns receberam o Espírito após
o
Batismo
e,
outros,
antes
de
serem
batizados.
c) Sobre o significado de termos empregados
No caso dos discípulos é dito que eles ficaram “cheios do
Espírito” (At 2.4), não querendo dizer aqui que eles ficaram
plenamente santificados e sim que tiveram o dom de profecia para
anunciar a mensagem, de maneira inspirada, aos que ali se
encontravam.
Já no Pentecostes dos gentios é empregado o termo “dom
do Espírito” (At 11 .17), não querendo aqui dizer que eles tiveram o
recebimento de um determinado dom — embora realmente
recebessem — mas sim que este “dom” significa que os gentios
foram igualmente merecedores do amor divino, que dá o Espírito
gratuitamente aos que crêem em Jesus Cristo.
II — RELAÇÃO ENTRE O BATISMO COM ÁGUA E O
BATISMO COM O ESPIRITO SANTO
O batismo de João Batista era somente com água e tinha
um objetivo moral (Lc 3.10-14). Procurava levar as pessoas a
fugirem da ira vindoura (Lc 3.7) e era batismo para arrependimento
(Mt 3.11), que introduzia o batizado no grupo dos que esperavam o
Messias, constituindo por antecipação a sua comunidade (Jo 1.1934). Significava também que o presente século estava julgado e
condenado para o batizado. Este batismo, porém, não era em
nome de Jesus (At 19.1-5) e nem levava o batizado a receber o
Espírito Santo (Lc 3.16).
Já o batismo cristão, além de encerrar o presente século
para o batizado, situa-o desde já no século futuro, pois é batismo
também no Espírito, que é o penhor da nossa herança futura
(1Co12.13; 2Co 1.22;5.5).
Embora o Pentecostes esteja separado, no tempo, do
batismo que os discípulos de Jesus receberam, eles não podem
ser entendidos separadamente. Há uma interligação entre os dois.
Os discípulos não receberam o Espírito no batismo porque isto era
uma função de Jesus e não de João Batista. Era necessário
14. também primeiro Jesus ser exaltado para depois o Espírito vir (Jo
7.39).
Espírito. João Batista já os havia batizado com água e Jesus fez o
complemento, enviando o Espírito Santo (At 1.5).
Em várias ocasiões, a Bíblia mostra o Espírito estando
interligado ao batismo, como vemos abaixo:
• “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar
no Reino de Deus” (Jo 3.5);
• “No momento em que Jesus, também batizado, achava-se
em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em
forma corpórea” (Lc 3.21-22);
• Pedro disse: “Convertei-vos, e seja cada um de vós
batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos pecados,
e recebereis, então, o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
O trecho que provavelmente mostra mais a ligação entre os
dois é: “Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só
Corpo” (1Co 12.13), embora haja divergências sobre este versículo.
Foi por isso que os apóstolos Pedro e João foram transmitir
o Espírito aos samaritanos, que haviam sido batizados, mas não
haviam recebido o Espírito Santo (At 8.14-17).
A Bíblia mostra também em vários lugares uma grande
associação do Espírito com a água:
• “O Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gn 1.2)
• A pomba, símbolo do Espírito Santo, foi solta três vezes,
quando da ocorrência do dilúvio, para verificar se as águas haviam
baixado (Gn 8.8-12);
• Na epístola de João está escrito: “E três são os que
testificam na terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são
unânimes num só propósito” (1Jo 5.8).
Por isso, Paulo, ao saber que os discípulos de Éfeso não
haviam recebido o Espírito Santo, lhes perguntou: “Em que batismo
fostes batizados?” (At 19.4). Eles, então, responderam: “Com o
batismo de João” (At 19.4). Só depois que eles foram batizados,
em nome do Senhor, é que receberam o dom do Espírito (At 19.56).
Por isso, também Ananias disse a Paulo que tinha sido
enviado por Jesus para que ele recuperasse a vista e ficasse cheio
do Espírito (At 9.17). Após isto ocorrer, este foi “imediatamente
batizado” (At 9.18).
Isto tudo mostra claramente que o batismo com o Espírito,
ocorrido no Pentecostes, foi um complemento do batismo com
água. Por isso, o dom do Espírito não ocorreu mais no Novo
Testamento fora do contexto do batismo com água.
O batismo com água está relacionado ao Espírito. Algumas
pessoas chegam a colocar também a água como símbolo do
Espírito. Por isso, algumas vezes a Bíblia fala que o Espírito foi
“derramado” — como a água — sobre as pessoas (cf At 10.45; Tt
3.5).
Lucas escreveu o evangelho de Lucas e o Atos dos
apóstolos. João escreveu o evangelho de João e certamente as
três epístolas e o Apocalipse.
O fato do Pentecostes não mostrar que houve batismo com
água, não quer dizer que a água não esteja relacionada com o
III — DIFERENÇAS DE ËNFASES ENTRE LUCAS E JOÃO
Percebe-se claramente que existem algumas diferenças de
ênfases entre os dois, que precisam ser mostradas para se ter uma
melhor compreensão da Bíblia e da doutrina do Espírito.
15. 1 — Sobre a época do envio do Espírito
Para o evangelista São João, o Espírito seria dado quando
Jesus ressuscitasse: “Pois não havia ainda Espírito, porque Jesus
não fora ainda glorificado” (Jo 7.39). Foi antes de subir aos céus
que o Espírito foi enviado aos discípulos: “Jesus veio e, pondo-se
no meio deles, lhes disse: paz a vós! Tendo dito isto. . disse de
novo — paz a vós! Como o Pai me enviou também eu vos envio.
Dizendo isto, soprou sobre eles e lhes disse: receberei o Espírito
Santo” (Jo 20. 19-22).
Para a comunidade cristã, a qual João enviava o seu
evangelho, era importante ressaltar a presença física de Jesus, no
momento do envio do Espírito. A comunidade estava sofrendo
influência de heresias — doutrinas contrárias ao ensinamento
bíblico — que diziam que Jesus não havia vindo em carne e sim
em espírito. Assim, negava-se a encarnação de Jesus, o seu
sofrimento e morte na cruz, como também a sua ressurreição.
Não foi sem objetivo que João em vários lugares fez questão
de mostrar a presença física de Jesus: “E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós” (Jo 1.14). Na cruz, ele faz questão de mostrar
que Jesus não estava ali em espírito: “um dos soldados
traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e
água” (Jo 19.34). A Tomé Jesus disse: “Põe o teu dedo aqui e vê
minhas mãos! Estende a tua mão e põe-na no meu lado (Jo 20.27).
Antes de enviar o Espírito, Jesus “mostrou-lhes as mãos e o lado”
(Jo 20.20). Assim, João fez questão de mostrar que, quando Jesus
enviou o Espírito, ele ainda não havia subido aos céus. Ele enviou
pessoalmente, fisicamente.
Para Lucas, porém, o Espírito seria enviado após a
ascensão de Jesus. Eles deveriam esperar a promessa: “Eis que
eu vos enviarei o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na
cidade até serdes revestidos da força do alto” (Lc 24.49). Então,
para Lucas, o Espírito não havia ainda sido enviado. Logo, porém,
o texto diz que Jesus subiu aos céus, e que difere de João: “E
enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu”
(Lc 24.51).
No livro de Atos — de Lucas — Jesus promete “Sereis
batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias” (At 1.5).
Mais à frente, após dizer que os discípulos receberiam poder (At
1.8), Jesus subiu aos céus (At 1.9-10). No dia de Pentecostes após
a ascensão de Jesus, o Espírito Santo veio sobre os discípulos (At
2.1-4).
Dizer que em João os discípulos receberam o dom do
Espírito e no Pentecostes eles foram batizados com o Espírito, é
não perceber as diferenças de ênfases e tentar contornar algo que
a
própria
Bíblia
não
se preocupou
em “corrigir”...
2 — Sobre os fenômenos
Para João o Espírito foi enviado suavemente, sem alaridos,
barulhos ou manifestação de dons sobrenaturais. Jesus “soprou
sobre eles” e eles receberam o Espírito de uma maneira normal.
Já Lucas faz questão de registrar minuciosamente vários
acontecimentos sobrenaturais no momento do envio do Espírito.
Entre eles, estão: vento semelhante a vendaval (At 2.2); ruído (At
2.2); línguas de fogo (At 2.3); línguas estrangeiras (At 2.4) e
profecia (At 2.17).
Duas ênfases completamente diferentes. Hoje não há estas
mesmas diferenças? Enquanto uns enfatizavam dons,
acontecimentos sobrenaturais, outros, enfatizavam o recebimento
do Espírito de uma maneira suave, sem distribuição de dons. Qual
das duas estaria certa? As duas, certamente. A uns o Espírito é
enviado de maneira delicada, quase imperceptível, sem
manifestação de dons, a outros, o Espírito é enviado, distribuindo
dons e havendo certos acontecimentos sobrenaturais, sem,
16. contudo, se pensar que será cópia do que aconteceu no
Pentecostes.
3 — Sobre a função do Espírito
João destaca o Espírito levando os discípulos à verdade (Jo
14.15-16; 16.13). Ele ensinará e recordará tudo que Jesus disse
aos discípulos (Jo 14.26; 16.14) e anunciará também os
acontecimentos futuros (Jo 16.13). O Espírito dará testemunho de
Jesus (Jo 15.26; 1 Jo 5.6; 5.7-8) e convencerá o mundo do pecado.
justiça e julgamento (Jo 16.8).
Assim, para o evangelista João, o Espírito tem mais uma
função pedagógica, mais doutrinária e dele vem o verdadeiro
conhecimento. João chega a dizer que o Espírito é o Espírito da
verdade (Jo 14.17; Jo 15.26; Jo 16.13) e mais ainda:
o Espírito é a verdade (1 Jo 5.6). Por que ele enfatizou isto?
Está relacionado à sua comunidade, que sofria influência de
heresias, por volta do ano 100. Uma dessas heresias afirmava que
chegaríamos à verdade, através do conhecimento. Daí ser
necessário João enfatizar esta parte, este lado pedagógico —
ensino — do Espírito. É ele que nos levará a verdade. Dele vem o
verdadeiro conhecimento.
Já o evangelista Lucas mostra o Espírito mais levando a
agir, capacitando para ser testemunha de Cristo e movendo os
discípulos. Ele relaciona o Espírito com a palavra “poder” em vários
textos bíblicos (Lc 24.49; At 1.8; Lc 4.14; 1.35; At 8.19; 10.38, etc.).
Ele também mostra o Espírito movendo os discípulos em vários
lugares: João Batista (Lc 1.15); Simeão (Lc 2.27); Jesus (Lc 4.1);
Paulo e Barnabé (At 13.4).
É o Espírito que dá coragem para pregar: Pedro (At 4.8);
Paulo (At 13,9-10); discípulos (At 4.29-31) e Jesus foi ungido pelo
Espírito para a missão (Lc 4.18-19). Assim, o Espírito, segundo a
ênfase de Lucas, está relacionado mais com ação! Na verdade,
Atos deveria se chamar “Atos do Espírito Santo”, pois é
exatamente isto que Lucas procura mostrar no Evangelho e no livro
de Atos.
Qual das duas estaria certa? Certamente, as duas. O
Espírito age de acordo com as circunstâncias, orientando e
capacitando a Igreja para a missão.
4 — Sobre o nome do Espírito
O evangelista João o chama de Espírito Santo (Jo 1.34;
14.26); Espírito (Jo 1 .32; 7.39); Espírito da verdade (Jo 14.17;
16.13; 1 Jo 5.6). A característica principal, porém, de João é
chamar o Espírito de “Paráclito”, que pode ser traduzido por
ensinador, advogado, consolador, sustentador e protetor. Em três
lugares, ele é chamado assim (Jo 14.15-16; Jo 14.26; Jo 16.7).
Já Lucas o chama de Espírito Santo (At 6.5); Espírito (At
20.22); Espírito do Senhor (At 5.9) e também “a Promessa” (Lc
24.49; At 1.4; 2.39). Enquanto João não fala nos termos
“promessa” e “Espírito do Senhor”, Lucas não fala em “Espírito da
verdade” e “Paráclito”.
5 — Sobre uma segunda experiência com o Espírito
Santo
João não diz nada em seus escritos sobre uma segunda
experiência com o Espírito. Ao contrário desta questão, João faz
algumas afirmações que dão a entender que não há uma segunda
experiência com o Espírito: “A unção que recebestes dele
permanece em vós” (1Jo 2.27). Ele diz também que o Espírito viria
e permaneceria em Jesus (Jo 1.32; Jo 1.34). O Espírito ficaria para
sempre com os discípulos (Jo 14.15-16). Assim, ele não dá ênfase
numa segunda experiência com o Espírito.
17. Promessas de Derramamento do Espírito
Já Lucas mostra que há diferença entre “ter” o Espírito e
“ser” cheio do Espírito. Das quinze vezes que “cheios” aparece no
Novo Testamento, quatorze são usadas por Lucas e uma por
Paulo.
Entre seus enfoques, este termo “cheio” é usado para
mostrar a qualidade espiritual da pessoa: Estevão (At 6.5);
Barnabé (At 11.24). Chega ser uma condição ser “cheio” do
Espírito para ocupar cargos na Igreja primitiva: “Procurai, antes,
entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, e nós os colocaremos na direção deste
ofício” (At 6.3).
Assim, Lucas mostra claramente, a possibilidade de uma 2ª
experiência com o Espírito. Esta experiência, porém, não se chama
“batismo com o Espírito Santo” e sim ser “cheio do Espírito” ou
“plenitude do Espírito” como diz Paulo (Ef 5.18).
Antes de ocorrer o Pentecostes, pelo menos, em onze
ocasiões foi prometido o envio do Espírito a diferentes pessoas no
Novo Testamento. Hoje também a Bíblia continua prometendo o
dom do Espírito a todos que crêem em Jesus Cristo, aceitando-o
como Senhor e Salvador. Porém, muita coisa tem sido prometida
também por líderes religiosos, sem contudo, haver uma sólida base
bíblica.
Veremos nestas “promessas” o que realmente a Bíblia
prometeu às pessoas e, então, poderemos tirar as nossas
conclusões. Procuramos colocar de forma sistemática para facilitar
a compreensão e para se ter uma visão geral destas onze
promessas.
I — PROMESSA A JOÃO BATISTA
Quem prometeu?
— O anjo
Texto bíblico: “Pois ele será grande diante do Senhor; não
beberá vinha nem bebida embriagante; ficará cheio do Espírito
ainda no seio de sua mãe” (Lc 1.15).
O que aconteceria, após João Batista receber o dom do
Espírito?
— Converteria muitos dos filhos de Israel (Lc 1.16);
— Caminharia à frente e no espírito de Elias (Lc 1.17);
— Converteria os corações dos pais aos filhos e os rebeldes
à prudência dos justos (Lc 1.17);
— Prepararia ao Senhor um povo bem disposto (Lc 1.17).
II — PROMESSA À MARIA
Quem prometeu?
— O anjo Gabriel.
18. Texto bíblico: “O Espírito Santo virá sobre ti” (Lc 1.35).
O que aconteceria, após Maria receber o dom do Espírito?
— O poder do Altíssimo a protegeria com a sua sombra (Lc 1.35);
— Ela daria à luz a um menino. Este seria chamado Filho de
Deus (Lc 1.35).
III — PROMESSA AO POVO.
Quem prometeu?
— João Batista.
Texto bíblico: “Eu os batizo com água, mas vem aquele
que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a
correia das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo” (Lc 3.16).
O que aconteceria, após o povo receber o dom do
Espírito?
— Haveria a purificação de suas vidas (Lc 3.17)
IV— PROMESSA AOS DISCÍPULOS
Quem prometeu?
— Jesus.
Quem prometeu
— Jesus
Texto bíblico: “Eis que eu vos enviarei o que meu Pai
prometeu” (Lc 24.49).
O que aconteceria, após eles receberem o Espírito?
— Seriam capacitados com poder para realizar a Missão (Lc
24.49).
VI — PROMESSA AOS JUDEUS
Quem prometeu?
— Jesus.
Texto bíblico: “Ele falava do Espírito que, deviam receber
os que nele cressem; pois não havia ainda Espírito, porque Jesus
não fora ainda glorificado” (Jo 7.39).
O que aconteceria, após os judeus receberem o Espírito?
— Rios de água viva correriam de seus ventres (Jo 7.38-39).
VII — PROMESSA AOS DISCÍPULOS
Quem prometeu?
— Jesus.
Texto bíblico: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar
boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o
Espírito Santo aos que o pedirem?” (Lc 11.13).
Texto bíblico: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai
enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará
tudo que eu vos disse” (Jo 14.26).
O que acontecerIa, após os discípulos receberem o dom
do Espírito?
— Não há nenhuma referência no texto acima.
— O próprio Espírito, porém, já é uma boa dádiva (Lc 11.11-13)
O que aconteceria, após os discípulos receberem o
Espírito?
— Ensinaria tudo aos discípulos (Jo 14.26).
— O Espírito recordaria tudo o que Jesus disse aos
discípulos (Jo 14.26).
V— PROMESSA AOS DISCÍPULOS
19. VIII — PROMESSA AOS DISCÍPULOS
Quem prometeu?
— Jesus.
Texto bíblico: “Se me amais, observareis os meus
mandamentos e rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito” (Jo
14.15-16).
O que aconteceria, após os discípulos receberem o
Espírito?
— O Outro Consolador ficaria para sempre com eles (Jo
14.16)
IX — PROMESSA AOS DISCIPULOS
Quem prometeu?
— Jesus.
Texto bíblico: “Se eu não for, o Paráclito não virá a vós.
Quando eu for, enviá-lo-ei a vós” (Jo 16.7).
O que aconteceria, após os discípulos receberem o
Espírito?
— Convenceria o mundo do pecado, justiça e juízo (Jo 16.8)
— Conduziria os discípulos à verdade (Jo 16.13)
— Anunciaria aos discípulos as coisas futuras (Jo 16.13)
X— PROMESSA AOS DISCÍPULOS
Quem prometeu?
— Jesus.
Texto bíblico: “João batizava com água, vós, porém, sereis
batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias” (At 1.5).
O que aconteceria, após receberem o Espírito?
— O texto não diz nada.
XI — PROMESSA AOS DISCÍPULOS
Quem prometeu?
— Jesus.
Texto bíblico: “Mas o Espírito Santo descerá sobre vós e
dele recebereis poder. Sereis, então, minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”
(At 1.8).
O que aconteceria, após eles receberem o Espírito?
— Receberiam poder (At 1.8);
— Seriam testemunhas de Jesus (At 1.8).
Aí estão onze promessas do derramamento do Espírito. Que
conclusão poderemos tirar destas promessas? Será que todas
estas promessas se aplicam a nós hoje? É o que veremos logo a
seguir:
Nós dividiremos estas promessas em três diferentes grupos,
visando uma melhor compreensão:
• Promessa aos precursores de Jesus;
• Promessa ao povo em geral;
• Promessa aos discípulos.
1 — Promessa aos precursores de Jesus
Aqui se enquadram João Batista e Maria, a mãe de Jesus. A
João Batista, o Espírito o impulsionaria para preparar um povo ao
Senhor (Lc 1.17). É situação um pouco diferente da nossa hoje,
pois ele faria um trabalho para a “primeira” vinda de Jesus ao
mundo. Podemos dizer, porém, que isto pode ser aplicado a nós
hoje, pois Deus pode levantar diferentes pessoas —— através de
seu Espírito — para preparar um povo para a “segunda” vinda de
20. Jesus ao mundo. Certamente, esta obra é realizada principalmente
pelos pastores.
À Maria, o Espírito protegeria e faria nascer, através dela,
um menino, que seria o Filho de Deus e que salvaria o mundo. A
segunda conseqüência, em Maria, não se aplica mais hoje a
ninguém, pois há somente um Filho Unigênito de Deus (Jo 3.16) e
agora Jesus voltará nas nuvens para levar a sua Igreja (Mc 13.26;
1 Ts 4.17).
A primeira conseqüência, sim, se aplica a nós, pois o
Espírito nos fortalece, guarda e protege ainda hoje, desde que
creiamos em Jesus Cristo, tendo assim o Espírito em nossa vida.
2 — Promessa ao povo em geral
Aqui se enquadram o povo, a quem João Batista pregava, e os
judeus, a quem Jesus fez a promessa. Qual a promessa feita a eles?
Ao povo João Batista batizava, procurando levar ao
arrependimento (At 13.24; 19.3). A purificação, sim, aconteceria
através de Messias, que daria um batismo que purificaria: “A pá
está em sua mão; limpará a sua eira e recolherá o trigo em seu
celeiro; a palha, porém, ele a queimará num fogo inextinguível” (Lc
3.17). Assim, se cumpria a profecia de Ezequiel sobre o Messias,
que viria: “Dar-vos-ei coração novo; tirarei de vós o coração de
pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro em vós o meu
Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus
juízos e os observeis” (Ez 36.26-27). Este termo “batismo” significa
também “limpo, lavo, purifico”.
Falando aos judeus, posteriormente, Jesus afirmou que rios
de água viva correriam do seu ventre (Jo 7.38-39), mostrando
assim a vida abundante que teriam aqueles que nele cressem e
recebessem o Espírito Santo.
Quanto à promessa aos judeus, podemos dizer que ela
ainda hoje se aplica a nós, pois o Espírito nos faz ter vida em
abundância. Em relação à promessa de João Batista, podemos
dizer que ela é um pouco diferente hoje. Lá o seu batismo levava
ao arrependimento e Jesus purificava. Agora, o próprio Espírito
leva ao arrependimento (Jo 16.8) e, somente, após a conversão se
é batizado (At 2.38).
Batismo e Espírito agora estão unidos, como afirmou Pedro:
“Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus
Cristo para a remissão dos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo” (At 2.38).
3 — Promessa aos discípulos
Percebe-se claramente que, em relação aos discípulos, o
dom do Espírito está sempre voltado para a missão. Cremos que o
Espírito ainda hoje nos capacita e nos ensina aquilo que devemos
fazer para o evangelho ser pregado em todos os lugares, de uma
maneira eficiente.
É interessante e importante ressaltar que em nenhuma
ocasião é prometido algum dom aos discípulos. Seriam, sim,
capacitados de uma maneira eficiente para cumprirem a missão de
fazer o evangelho conhecido. Esta sempre foi a promessa feita por
Jesus aos discípulos. Os dons, naturalmente, seriam meios dos
discípulos serem capacitados.
Cremos que estas onze “promessas” vistas e analisadas,
mostram o verdadeiro motivo do envio do Espírito às pessoas.
Cremos
também
que
são
subsídios
eficientes
para
compreendermos melhor os “dez derramamentos do Espírito”,
ocorridos no Novo Testamento.
21. Dez Relatos Sobre Derramamento do Espírito
Imaginem uma família morando no interior, como quase
sempre, muito pobre, sem rádio, televisão e vivendo, praticamente,
isolada do resto do mundo. Os filhos crescem somente em contato
com uma família, que mora pelas redondezas. Esta família, como a
outra também, é composta de gente de cor branca. Estas duas
famílias sempre moraram ali. Para elas, só existe gente de cor
branca, pois elas não têm mais nenhum contato com outra família
e ninguém nunca lhes falou que existe gente de cor preta, mulata,
vermelha (índio), amarela (chineses), etc. Para elas, todos são
brancos e quando imaginam uma pessoa esta tem que ser branca.
Espírito, que é diferente do Pentecostes, quando imaginarmos o
ser humano recebendo o Espírito Santo, o imaginaremos
recebendo de diferentes maneiras e não somente de uma forma.
Procure estudar com toda atenção este capítulo sobre os
dez relatos sobre derramamento do Espírito e, se você só conhece
“gente” de cor branca verá que há ainda outras “pessoas”
diferentes, mas que têm muito a oferecer também.
1 — O DOM DO ESPIRITO A ISABEL
Relato bíblico: Lucas 1.39-45.
Um dia, porém, um membro da família achou uma revista à
beira da estrada, bem distante da sua casa. Nesta revista haviam
figuras de pessoas de vários países. Vendo esta revista, a família
descobriu que não há somente pessoas de cor branca no mundo.
A partir daquele dia, eles mudaram de pensamento. Quando
pensavam no ser humano, não o imaginavam somente como
branco, mas também preto, mulato, amarelo, vermelho, etc.
Texto chave: “Ora, quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou cheia do
Espírito Santo” (Lc 1.41).
Esta história é contada para fazermos uma comparação com
o conceito que muitos têm sobre o derramamento do Espírito.
Alguns cristãos só conhecem o exemplo de At 2.1-13, ou seja, o
Pentecostes. Para estes, todo aquele que receber o Espírito Santo
em sua vida, tem que ser à semelhança do Pentecostes, ou seja,
tem que haver “ruído”, “línguas de fogo”, “línguas estrangeiras”, etc.
Que foi feito para ela receber o Espírito Santo?
— Ela ouviu a saudação de Maria, que estava grávida de Jesus,
e a criança (João Batista) lhe estremeceu no ventre (Lc 1.41)
Este capítulo tem o objetivo de mostrar que não existe
somente gente de cor “branca” no mundo, ou melhor, quer mostrar
que não existe no Novo Testamento somente o relato do
derramamento do Espírito no dia de Pentecostes, mas que
ainda há outros nove relatos do derramamento do Espírito.
Conhecendo estas outras “pessoas” de cor diferente, ou
seja, conhecendo estes outros relatos do derramamento do
Como era a sua vida, antes de receber o Espírito Santo?
— Era justa e seguia os mandamentos do Senhor (Lc 1.6)
— Iria ser a mãe de João Batista (Lc 1.13)
Que aconteceu, após receber o dom do Espírito?
— Foi-lhe revelado ser Maria a mãe de Jesus (Lc 1.42-45)
— Ela profetizou que seria cumprido o que foi prometido por
Deus (Lc 1.45)
II — O DOM DO ESPÍRITO A ZACARIAS
Relato bíblico: Lucas 1.59-67
Texto chave: “Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo,
profetizou” (Lc 1 .67).
22. Como era a sua vida, antes de receber o Espírito Santo?
— Era sacerdote (Lc 1.5)
— Era justo e seguia os mandamentos do Senhor (Lc 1.6)
— Suas orações eram ouvidas (Lc 1.13)
— Iria ser o pai de João Batista (Lc 1.13)
— Zacarias duvidou que eles pudessem ter um filho (Lc
1.18-20)
— Afirmou, escrevendo, que seu filho se chamaria João,
como o anjo havia determinado, o que mostra que obedeceu (Lc
1.59-63)
Que foi feito para ele receber o dom do Espírito?
— Escreveu que seu filho se chamaria João (Lc 1.63)
— Voltou a falar e passou a bendizer a Deus (Lc 1.64)
Que aconteceu, após receber o Espírito Santo?
— Ele profetizou (Lc 1 .67)
III — O DOM DO ESPÍRITO A JESUS CRISTO.
Relato bíblico: Lucas 3 .21-22; João 1.32-34; Marcos 1.911; Mateus 3.13-17.
Texto chave: “Ora, tendo o povo recebido o batismo, e no
momento em que Jesus, também batizado, achava-se em oração,
o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma
corporal” (Lc 3.21-22).
Como era a sua vida, antes de receber o Espírito Santo?
— Havia sido concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.20)
— Era o Filho de Deus (Lc 1.35)
— Cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus
(Lc 2.52)
— Aos 12 anos já estava no templo discutindo e ensinando
aos doutores (Lc 2.42-48)
— Tinha consciência que estava na casa (templo) de seu Pai (Lc
2.49)
Que foi feito para ele receber o dom do Espírito?
— Foi batizado com água (Lc 3 .21)
— Estava em oração (Lc 3.21)
Que aconteceu, após receber o Espírito Santo?
— O Espírito permaneceu com ele (Jo 1 .33)
— Foi proclamado por Deus como sendo o Filho de Deus
(Lc 3.22)
— Foi reconhecido por João Batista como aquele que batiza
com o Espírito Santo (Jo 1.33-34)
— Foi levado para o deserto para ser tentado e se preparar
para o Seu ministério (Lc 4.1-2)
— Iniciou a Sua missão (Lc 4.14-19)
IV — O DOM DO ESPÍRITO AOS DISCÍPULOS
Relato bíblico: João 20.19-23
Texto chave: “Dizendo isto, soprou sobre eles e lhes disse:
Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22).
Como eram as suas vidas, antes de receberem o
Espírito Santo?
— Eram batizados, pois batizavam (Jo 4.1-2)
— Já eram purificados (Jo 13.10; 15.3-4)
— Em Jo 14. 1 Jesus pede que eles creiam nele, numa
atitude salvadora
— Após a crucificação de Jesus ele ficaram com medo dos
judeus (Jo 20.19)
— Porém, ao ver o Senhor, exultaram (Jo 20.20)
23. Que foi feito para eles receberem o dom do Espírito?
— Certamente amaram ao Senhor Jesus e guardaram os
Seus mandamentos (Jo 14.15-16)
— Exultaram por ver o Senhor (Jo 20.20)
— Jesus soprou sobre eles o Espírito, como havia prometido
(Jo 20.21-22)
— Viviam em oração (At 1.14)
— Creram em Jesus, numa atitude salvadora (At 11.17)
Que aconteceu, após receberem o dom do Espírito?
— Falaram em línguas estrangeiras, anunciando o
evangelho a todos os povos (At 2.4-13)
— Profetizaram, cumprindo a profecia de Joel (At 2.15-21)
Que aconteceu, após receberem o Espírito Santo?
— Foram enviados em missão (Jo 20.21)
— Foi dado a eles autoridade ou o dom de perdoar pecados
(Jo 20.23)
V — O DOM DO ESPÍRITO AOS DISCíPULOS
Relato bíblico: Atos 2.1-21
Texto chave: “De repente, veio do céu um ruído
semelhante ao soprar de impetuoso vendaval, e encheu toda a
casa onde se achavam. E apareceram umas como línguas de fogo,
que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles. Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras
línguas, conforme o Espírito os impelia falassem” (At 2. 1-4).
Como eram suas vidas, antes de receberem o Espírito
Santo?
— Já tinham seus nomes escritos no livro da vida (Lc 10.17-20)
— Parece que, inicialmente, Pedro não era convertido (Lc
22.32), pois negou também a Jesus (Lc 22.54-62)
— Mas, posteriormente, estiveram com Jesus e esperavam
a promessa do derramamento do Espírito (Lc 24.49; At 2.1)
— Mais à frente — At 11.17 — Pedro esclarece que eles
receberam o Espírito Santo porque creram em Jesus.
Que foi feito para eles receberem o Espírito Santo?
— Esperavam a promessa (Lc 24.49; At 2.1)
VI — O DOM DO ESPIRITO AOS JUDEUS
Relato bíblico: Atos 2.36-47
Texto chave: “Convertei-vos, e seja cada um de vós
batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos pecados,
e recebereis, então, o dom do Espírito Santo” (At 2.38)
Como eram as suas vidas, antes de receberem o dom do
Espírito?
— Eram piedosos (At 2.5)
— Negaram e crucificaram a Jesus (At 2.36)
Que foi feito para eles receberem o Espírito Santo?
— Se converteram (At 2.38, 41)
— Foram batizados (At 2.38, 41)
— Tiveram os pecados perdoados (At 2.38)
Que aconteceu, após receberem o Espírito Santo?
— Mostraram ter uma nova vida
— Preocupando-se em receber o ensino dos apóstolos (At
2.42)
— Participando da comunhão fraterna (At 2.42)
— Participando da ceia (At 2.42)
— Praticando a oração (At 42)
—Tendo temor de Deus (At 2.43)
24. VIl — O DOM DO ESPÍRITO AOS SAMARITANOS
Relato bíblico: Atos 8.5-17
— E, certamente, jejuava (At 9. 19)
Que foi feito para ele receber o dom do Espírito?
— Ananias, enviado por Jesus, lá chegou (At 9.15-17)
— Lá impôs as mãos sobre Paulo (At 9.17)
— Para Paulo recuperar a vista (At 9. 17-18)
— E ficar cheio do Espírito Santo (At 9.17)
Texto chave: “Impunham-lhes, pois, as mãos, e eles
recebiam o Espírito Santo” (At 8.18)
Como eram as suas vidas, antes de receberem o dom do
Espírito?
— Eles esperavam a vinda do Messias (Jo 4,25-30)
— Posteriormente, acreditaram na pregação de Filipe, que
anunciou-lhes Jesus Cristo, o Messias (At 8.12)
— Eles receberam o batismo (At 8.12)
Que foi feito para eles receberem o Espírito Santo?
— Pedro e João foram à Samaria (At 8.14)
— Eles oraram pelos samaritanos (At 8.15)
— E impuseram as mãos sobre eles (At 8.17)
Que aconteceu, após receberem o Espírito Santo?
— O texto não relata nenhum acontecimento com eles
— Diz, sim, que foi percebido que eles receberam o Espírito
Santo (At 8.18)
VIII — O DOM DO ESPÍRITO A PAULO
Relato bíblico: Atos 9.1-20
Texto chave: “Ananias, partiu, entrou na casa, impôs-lhe
as mãos e disse: Saulo, meu irmão, quem me envia é o Senhor,
esse Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, a fim de
recuperares a vista e ficares cheio do Espírito Santo” (At 9.17)
Como era a sua vida, antes de receber o Espírito Santo?
— Ele perseguia os cristãos (At 8. 1; 9. 1-2)
— Mas teve o encontro com o Senhor (At 9.3-6)
— Antes de receber o Espírito, estava em oração (At 9.11)
Que aconteceu, após receber o dom do Espírito?
— Paulo foi batizado (At 9.19)
— Alimentou-se e se sentiu reconfortado (At 9.19)
— Passou alguns dias com os discípulos (At 9.19)
— Então, passou a pregar que Jesus é o FiIho de Deus (At
9.20)
IX — O DOM DO ESPÍRITO AOS GENTIOS
Relato bíblico: Atos 10.1-11, 1-18
Texto chave: “Enquanto Pedro falava, o Espírito Santo
caiu sobre todos os que ouviam a palavra” (At 10.44)
Corno eram as suas vidas, antes de receberem o dom do
Espírito?
— Cornélio, era piedoso e temente a Deus (At 10.1-2)
— Ele dava muitas esmolas e orava a Deus (At 10.2)
— Deus viu as esmolas e ouviu as orações de Cornélio (At
10.4)
— O anjo lhe apareceu em uma visão e mandou ele chamar
Pedro (At 10.3-5)
— Posteriormente, Pedro lhes diria palavras de salvação, a
ele e a sua família (At 11.13-14)
— Eles se converteram (At 11.15)
Que foi feito para eles receberem o dom do Espírito?
— Pedro lhes disse palavras de salvação (At 11.14; 10.44)
25. — Eles creram em Jesus Cristo (At 11.17)
Que aconteceu, após eles receberem o dom do Espírito?
— Falaram em línguas (At 10.46)
— Glorificaram a Deus (At 10.46)
— Foram batizados (At 10.47-48)
X — O DOM DO ESPIRITO AOS DISCIPULOS DE ÉFESO
Relato bíblico: Atos 18.24, 19.7
Texto chave: “Tendo ouvido isto, receberam o batismo em
nome do Senhor Jesus, e quando Paulo lhes impôs as mãos, o
Espírito Santo veio sobre eles...“ (At 19.5-6)
Como eram as suas vidas, antes de receberem o dom do
Espírito?
— Eram discípulos de João Batista (At 19.3)
— Haviam sido batizados no batismo de João Batista (At
19.3-4)
— Apolo, provavelmente, os orientou no caminho do
Senhor (At 18.24-25)
— Eles tinham, porém, um cristianismo incompleto, pois não
conheciam o batismo de Jesus (At 18.25; 19.3)
— E não tinham ouvido falar no Espírito Santo (At 19.2)
Que foi feito para eles receberem o dom do Espírito?
— Paulo os orientou (At 19.2-4)
— Eles foram batizados em nome do Senhor Jesus (At 19.5)
— Paulo impôs as mãos sobre eles (At 19.6)
Que aconteceu, após eles receberem o dom do Espírito?
— Falaram em línguas (At 19.6)
— E profetizaram (At 19.6)
Análise da Situação em que Foi Recebido
o Dom do Espírito
Visto sistematicamente os dez relatos sobre o envio do
Espírito no Novo Testamento, procuraremos agora estudar estes
derramamentos do Espírito. Podemos dizer, inicialmente, que
todos os casos devem ser estudados dentro de sua situação
especifica, pois só assim poderemos realmente compreendê-los.
Estes dez relatos se dividem em quatro situações diferentes:
• Os que receberam a bênção antes de Jesus nascer
• O exemplo do próprio Jesus
• Os que receberam a bênção no Pentecostes
• Os que receberam a bênção após o Pentecostes.
Procuraremos, assim, colocar estes dez relatos dentro
destas quatro situações.
I — OS QUE RECEBERAM A BÊNÇÃO ANTES DE JESUS NASCER
No caso citado, foram somente dois: Isabel e Zacarias. Eles
viveram no período em que se aproximava o nascimento de Jesus.
Agora vêm, então, algumas perguntas:
1 — Como eram suas vidas, antes de receberem o
Espírito Santo?
A Bíblia afirma que ambos eram justos diante de Deus (Lc
1.6). Eles também seguiam corretamente os mandamentos de
Deus (Lc 1.6). Deve-se registrar o fato de Zacarias ser sacerdote
(Lc 1.5) e as suas orações serem ouvidas (Lc 1.13), o que mostra o
seu grau de espiritualidade e sua aprovação por Deus. Algo que
deve ser ainda acrescentado é que ambos iriam ser os pais de
João Batista (Lc 1.13), o precursor de Jesus. Portanto, muitos
fatores positivos teriam contribuído para que eles recebessem o
26. Espírito Santo em suas vidas.
2 — Que foi feito para eles receberem o Espírito Santo?
Podemos dizer que nada de especial foi feito! Nada foi feito
com o objetivo de receber o dom do Espírito. Foi tudo de uma
maneira natural e eles não cobiçavam isto! Isabel, por exemplo,
recebeu o dom do Espírito, quando Maria, sua prima, foi visitá-la.
Maria estava grávida de Jesus e quando esta chegou, a criança
(João Batista), que estava no interior de Isabel, estremeceu de
alegria e, então, Isabel ficou cheia do Espírito. Portanto, Isabel
nada de especial fez. Deus lhe deu o Espírito por tudo que ela era
anteriormente e também para se cumprir urna promessa do anjo:
João Batista “ficará cheio do Espírito Santo ainda no seio de sua
mãe” (Lc 1.15). Então, podemos até dizer, que para João Batista
ficar cheio do Espírito, já, no seio materno, em preciso também
Isabel ficar cheia do Espírito, o que de fato ocorreu: “Isabel ficou
cheia do Espírito Santo” (Lc 1.41). E Zacarias? Zacarias também
nada de especial fez para receber o Espírito Santo. Ele não
planejou nem tinha esta intenção, de uma maneira declarada.
Como ele veio a ficar cheio do Espírito? Ele estava mudo por
“castigo”, pois, na verdade, duvidou que eles poderiam ter um filho
naquela idade, como mostra o texto: “De que modo saberei disto?
Pois eu sou velho e minha esposa é de idade avançada” (Lc 1.18).
O anjo, nesta ocasião, havia lhe dito, porém para ele colocar
o nome de João na criança (Lc 1.13). Quando a criança nasceu.
algumas pessoas queriam colocar o nome de Zacarias no menino
(Lc 1.59). Isabel discordou e disse que a criança se chamaria João,
ao que replicou alguém: “Em tua parentela não há ninguém que
tenha este nome!” (Lc 1.61). Perguntado, Zacarias escreveu que a
criança se chamaria João! Neste exato momento ele voltou a falar
e passou a bendizer a Deus (Lc 1.63-64). Por que ele voltou a
falar? Mui certamente porque acreditou na promessa de Deus de
que aquele menino que ali estava era o prometido de Deus para
ser o precursor de Jesus. Provavelmente, ele deve ter tido a
tentação de aceitar o nome de Zacarias para a criança, mas ele
passou por cima disto tudo e creu na promessa de Deus, por isso,
voltou a falar.
Foi isto que aconteceu, antes dele receber o Espírito Santo.
Logo a seguir o texto diz que Zacarias estava cheio do Espírito
Santo (Lc 1.67). Outra tradução diz: “Zacarias, seu pai, encheu-se
do Espírito Santo”. Portanto, nada programado ou de especial foi
feito com o intuito de vir a receber o dom do Espírito.
3 — Que aconteceu, após receberem o Espírito Santo?
Podemos dizer que dois tipos de dons foram dados a eles,
sendo que um aconteceu duas vezes e o outro aconteceu somente
uma vez. Isabel lhe teve revelado ser Maria a mãe do Senhor
Jesus (Lc 1.42-43), pois ninguém lhe havia dito que Maria seria a
mãe de Jesus Cristo. Posteriormente, ela profetizou que o que
havia sido dito sobre o menino Jesus, se cumpriria (Lc 1.45). Já
Zacarias profetizou, no momento de ficar cheio do Espírito (Lc
1.67). Em outras palavras, podemos dizer que foi dado a eles o
dom de falar de maneira inspirada por Deus.
II — O EXEMPLO DO PRÓPRIO JESUS
1 — Como era sua vida, antes de receber o Espírito
Santo?
Sua vida era totalmente cheia da graça de Deus. Ele já
havia sido concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.20), portanto, antes
de nascer, Deus, o Pai, já atuava na sua vida. João diz que “ele é o
Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Jesus
cresceu também em sabedoria, graça e estatura, tendo a
aprovação de Deus (Lc 2.52). Ele tinha consciência também de
quem era realmente Filho (Lc 1.35; 2.49).
27. Portanto, a vida de Jesus antes dele receber o Espírito
Santo, era íntegra e voltada para Deus. Na verdade, não poderia
ser diferente, pois ele era o próprio Deus (Jo 1.14).
2 — Que foi feito para ele receber o Espírito Santo?
Jesus teve que passar por tudo aquilo que o ser humano
passa aqui na terra. Ele quis mostrar com isto que o que ele fez pode
também ser conseguido por todas as pessoas. Por isso, ele aceitou
passar também pelo batismo de João Batista, como todo o povo (Lc
3.21) e praticava a oração (Lc 3.21), como todo bom judeu.
O texto bíblico relata estes dois acontecimentos que
antecederam o recebimento do Espírito Santo, ou seja, o batismo e
a oração. Cremos que fator importante também foi a obediência ao
Pai e a humildade de Jesus, pois sendo Deus aceitou ser batizado
por João Batista, como as outras pessoas.
3 — Que aconteceu, após Jesus receber o dom do Espírito?
Os textos dos evangelhos não relatam nenhum dom sendo
dado a Jesus. Na verdade — afirmam alguns — Jesus não
precisava receber nenhum dom. Ele como divino, como Deus, já
sabia de tudo e podia tudo. Mas não podemos afirmar isto com
exatidão. Logo à frente, o próprio Jesus diz que o Espírito o ungiu
para libertar as pessoas, enfim, para realizar a sua missão, o que
mostra que houve a necessidade de Jesus receber o Espírito
Santo para realizar o seu ministério.
Mas, os textos relatam apenas que, logo após receber o
Espírito, este permaneceu nele (Jo 1.33). Ele foi também proclamado
por Deus como Seu legítimo filho (Lc 3.22) e o próprio João Batista o
reconheceu como Filho de Deus (Jo 1.34). Ele, posteriormente, foi
levado ao deserto para a preparação do seu ministério (Lc 4.1-2), pois
uma vez provado, poderia realizar sua missão. Portanto, após o
recebimento do Espírito, Jesus não teve nenhuma manifestação
sobrenatural na sua vida, a não ser a voz vinda do céu.
III — OS QUE RECEBERAM A BÊNÇÃO NO PENTECOSTES.
Neste caso foram somente os discípulos de Jesus, mas através
de duas versões: apóstolo João (Jo 20.21-23) e Lucas (At 2.1-4).
Como entender estas duas “versões”? Nós temos que
entender que o evangelho é “segundo”, ou seja, segundo a
interpretação ou ênfase do evangelista. Lucas, por exemplo, que
escreveu o evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos, narra com
detalhes o nascimento de Jesus (Lc 2.1-20). Já o evangelho de
João não dá ênfase a detalhes e sim procura ser objetivo na
descrição do envio de Jesus ao mundo. Ele apenas diz que o
Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14).
Por haver estas diferenças de ênfases, não quer dizer que a
Bíblia está em contradição ou que Jesus nasceu duas vezes. A
mesma coisa podemos dizer em relação ao envio do Espírito
Santo. Enquanto Lucas dá muitos detalhes sobre o derramamento
do Espírito (At 2.1-13), dizendo, inclusive, que isto aconteceu após
Jesus subir aos céus (At 1.8), o apóstolo João não entra em
detalhes. Ele é objetivo na sua narração (Jo 20.21-22) e diz ainda
que o Espírito foi enviado, antes de Jesus subir aos céus. Tudo é
questão de ênfase em algum fato, com emissão ou acréscimo de
determinadas partes, a fim de que aqueles que recebessem o
evangelho pudessem entender. Portanto, neste caso, foi só um o
derramamento do Espírito, mas com duas ênfases diferentes.
2 — Que foi feito para eles receberem o Espírito o
Espírito Santo?
Podemos dizer que num primeiro momento eles já eram
purificados (Jo 13.10) e tinham seus nomes escritos no Livro da
vida (Lc 10.17-20). Eles já haviam sido batizados, pois batizavam
(Jo 4.1-2; Mt 28.18-20).
Algumas dúvidas, porém, surgem se eles eram realmente
convertidos, pois em Jo 14.1 Jesus pede que eles creiam nele, isto
28. numa atitude salvadora. Jesus diz também que Pedro ainda se
converteria (Lc 22.32) e ele mesmo negou a Jesus (Lc 22.51-62).
Mas, nos momentos que antecederam ao recebimento do
Espírito, tudo indica que as coisas estavam nos seus devidos
lugares. Lucas diz que eles esperavam a promessa de Jesus (Lc
24 49: At 2.1). Eles viviam também em oração (At 1.14) e, na
versão de João, eles exultaram ao ver o Senhor Jesus (Jo 20.20).
A descrença não havia mais, pois o próprio Pedro, em
acontecimento posterior, relembraria o Pentecostes, dizendo que eles
receberam o Espírito Santo porque creram em Jesus (At 11.17), o que
confirma o que Jesus disse em Jo 7.39: “Ele falava do Espírito que, deviam
receber os que nele cressem... “. Portanto, no momento que antecedeu ao
recebimento do Espírito, suas vidas espirituais eram adequadas.
2 — Que foi feito para eles receberem o Espírito Santo?
Segundo a versão de João, nada foi feito de especial, no
momento em que antecedeu ao recebimento do Espírito. A única
coisa que é dita é que eles exultaram por ver o Senhor Jesus (Jo
20.20). Jesus, sim, fez algo para eles receberem o Espírito Santo:
soprou sobre eles e disse “recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22).
Já Lucas — autor de Atos — mostra toda uma preparação
para o recebimento do Espírito. Eles estavam em oração (At 1.14)
e esperavam a promessa (Lc 24.29; At 1.45; At 1.8; At 2.1). O
elemento “crer” também é importante ressaltar, pois Pedro em
outra ocasião diz isto (At 11.17).
É importante, porém, lembrar que estes acontecimentos
preparatórios para a vinda do Espírito não são sugeridos para
seguir, como veremos nos próximos casos.
3 — Que aconteceu, após eles receberem o Espírito Santo?
Segundo a versão do apóstolo João, não houve fenômeno
algum. Foram, sim, enviados em missão (Jo 20.21) e lhes foi dada
a autoridade ou o dom de perdoar pecados (Jo 20.23). Já na
versão de Lucas aconteceram fenômenos: tiveram o dom de
línguas e o evangelho foi anunciado a todos os povos ali presentes
(At 2 4-13). Posteriormente, Pedro em sua pregação, diria que eles
profetizaram (At 2.15-21), cumprindo assim a profecia de Joel.
Como resolver a questão: foram línguas ou profecias? A
conclusão que se chega é que este “ser cheio do Espírito” (At 2.4)
— bem como Lc 1.41; Lc 1.67; At 4.8: At 4.31; At 7.55; At 9.17; At
13.9 — significa acima de tudo profetizar, ou seja, terem as suas
palavras inspiradas por Deus. Portanto, Deus lhes concedeu a
capacidade naquele momento de falar a linguagem dos povos ali
reunidos e eles, então, profetizaram, ou seja, anunciaram os
oráculos de Deus, através da inspiração divina.
IV— OS QUE RECEBERAM APÓS O PENTECOSTES A BÊNÇÃO
Estes que viveram após o derramamento do Espírito no
Pentecostes se encontram em outra situação.
Dividiremos em três grupos:
• Os tementes a Deus
• Os que creram em Cristo
• Os que tinham um cristianismo incompleto.
1 — Os tementes a Deus
Neste grupo se incluem os judeus e os gentios.
a) Como eram as suas vidas, antes de receberem o
Espírito?
Quando ocorreu o Pentecostes, os judeus foram contados,
juntamente com os outros povos ali reunidos, como “homens
piedosos” (At 2.5), ou seja, que têm temor de Deus, que prestam
devoção a Deus. Foi a estes que Pedro se dirigiu logo depois:
29. “Homens da Judéia e habitantes todos de Jerusalém” (At 2.14),
apesar destes terem “crucificado a Jesus” (At 2.36).
E os gentios que se incluem entre os “tementes a Deus”?
Além destes que se encontravam juntamente com os judeus,
portanto também considerados “piedosos”, os gentios que estavam
na casa de Cornélio, por ocasião do “Pentecostes dos Gentios”,
eram também tementes a Deus.
Cornélio era chamado de “piedoso e temente a Deus” (At
10.2) e o texto diz mais: “com toda a sua casa” (At 10.2), o que
significa parentes e criados. Podemos dizer que a situação destes
é semelhante à de Isabel e Zacarias para receberem
o Espírito Santo: todos eles eram piedosos e tementes a Deus.
Porém, se isto bastou a Isabel e Zacarias, a situação após Jesus
realizar a sua obra, exige algo mais: conversão! É o que veremos
no item, logo a seguir.
b)Que foi feito para eles receberem o Espírito Santo?
Com relação aos judeus, primeiramente, eles creram, se
convertendo (At 2.38, 41). Eles, posteriormente, foram batizados e
tiveram os pecados perdoados (At 2.38, 41). Esta foi a promessa
que Pedro fez a eles em sua pregação, logo, foi exatamente isto
que foi feito para eles receberem o Espírito Santo, apesar de isto
não ser falado no texto bíblico.
E os gentios? Com os gentios, Pedro também lhes disse
palavras de salvação (At 11.14; 10.44) e o elemento crer também foi
necessário acontecer para eles receberem o Espírito (At 11.17). A
diferença que existe entre os gentios e os judeus, neste caso, é que,
enquanto os judeus primeiramente foram batizados para depois
receberem o Espírito Santo, com os gentios aconteceu o contrário:
primeiro eles receberam o Espírito Santo e, posteriormente, foram
batizados (At 10.47-48), o que mostra que não há uma fórmula exata
para receber o Espírito, em relação ao batismo.
c)Que aconteceu após eles receberem o Espírito Santo?
No caso dos judeus, o texto não relata nenhum fenômeno
acontecido. A ênfase que o autor de Atos procura dar é em relação
à vivência que os convertidos passaram a ter: se mostraram
assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna,
participando da ceia e praticando a oração (At 2-42).
Parece que o ato do recebimento do Espírito não foi tão
importante destacar, preferindo Lucas descrever como viviam,
após a conversão e o recebimento do Espírito, o que na verdade
deve servir como exemplo para nós.
Dizer que eles não receberam o Espírito Santo, não tem
fundamento! Quem antes consentiu na morte de Jesus e agora
passa a viver em comunhão fraternal, em oração e participando da
ceia e dos ensinamentos acerca de Jesus, teve ou não teve uma
mudança radical em sua vida? Isto é obra de quem? É evidente
que só pode ser do Espírito Santo!
E aos gentios, que aconteceu? Já os gentios tiveram alguns
fenômenos, após receberem o Espírito do Senhor em suas vidas:
falaram em línguas e glorificaram a Deus (At 10.46). Por que
aconteceram estes fenômenos? Alguns autores afirmam que isto foi
permitido por Deus para mostrar que o “Pentecostes dos gentios” foi
igual ao “Pentecostes dos judeu-cristãos”, ou seja, teve o mesmo
valor. Isto parece que tem um fundo de verdade, pois Pedro,
posteriormente, teve que ter bons argumentos para justificar todo o
seu procedimento (At 11.1-18), embora ele não use o argumento
“línguas estranhas” para provar que eles receberam o Espírito.
2 — Os que creram em Cristo
Os Samaritanos e Paulo sã colocados como sendo casos
semelhantes porque ambos creram em Cristo e, depois, alguém
teve que chegar até eles para estes receberem o dom do Espírito.
30. a) Como eram as suas vidas, antes de receberem o
Espírito?
Os samaritanos esperavam a vinda do Messias (Jo 4.25-30),
como os judeus naquele tempo. Quando Filipe lá chegou,
anunciando Jesus Cristo, eles acreditaram na sua pregação e
receberam o batismo (At 8.12). Portanto, antes de receber o
Espírito, eles já eram convertidos e batizados.
E a situação anterior de Paulo? Paulo tem apenas a parte
negativa de ter perseguido os cristãos e ter consentido na morte de
Estevão (At 8.1; At 9.1). Quando procurava perseguir outros, ele
teve o encontro com Jesus (At 9.3-6) e certamente a sua
conversão. O texto à frente diz que ele orava (At 9.11) e
certamente jejuava (At 9.19).
Portanto, os samaritanos e Paulo eram, na verdade,
cristãos, antes de receberem o dom do Espírito.
b) Que foi feito para eles receberem o Espírito Santo?
Nos dois casos, foi enviado alguém para eles receberem o
dom do Espírito: aos samaritanos foram Pedro e João (At 8.14) e a
Paulo foi enviado Ananias (At 9.17). No caso de Paulo, o texto só
nos permite dizer que Ananias impôs as mãos sobre ele, isto para
ele recuperar a vista e ficar cheio do Espírito (At 9.17). Assim, nos
dois casos houve imposição das mãos. Seria esta a atitude a tomar
com aqueles que não receberam o dom do Espírito no momento de
crerem? Isto parece ter um fundo de verdade, pois com os
discípulos de Éfeso — como veremos adiante houve o mesmo
procedimento.
c) Que aconteceu após eles receberem o Espírito Santo?
Em Samaria o texto não relata que houve algum fenômeno.
O único fato interessante a notar é que foi percebido, através da
visão, que eles receberam o dom do Espírito (At 8.18), a ponto de
Simão, o magno, desejar comprar o poder de conceder o Espírito
Santo (At 8.18-19).
Levantar indagações sobre como seria este “ver” por Simão,
o magno, seria mera especulação. Não se pode dizer que ele viu
por ser “línguas estranhas” que eles falavam, pois o texto apenas
diz que “viu que o Espírito Santo era dado pela imposição das
mãos dos apóstolos” (At 8.18). Além do mais, no caso teria que ser
“ouvir” e não “ver”, como aconteceu no Pentecostes: “Pois cada
qual os ouvia falar em sua própria língua” (At 2.6).
Dizer que este “ver” significa que ele “observou” também
não tem base alguma, pois a palavra no original grego — oram —
significa olho, vejo, contemplo. Portanto, as evidências maiores são
que não houve mesmo manifestação sobrenatural. E no caso de
Paulo?
No caso de Paulo, o texto bíblico mostra a promessa de
Ananias a Paulo, dizendo que ele receberia o Espírito Santo (At
9.17), mas depois nem relata o momento que ele recebeu o dom
do Espírito. Isto, porém, não nos impede de chegar à conclusão de
que este fato aconteceu, pois Ananias disse que ele receberia, pois
esta era a vontade do Senhor. Ananias lhe disse que ele
recuperaria a vista e ficaria cheio do Espírito. Ele recuperou a vista,
quando Ananias lhe impôs as mãos — e imposição das mãos é um
meio de comunicar o Espírito — logo ele recebeu também esta
bênção.
Que aconteceu após?
Ele foi batizado (At 9.18), alimentou-se e se sentiu
reconfortado (At 9.19). Paulo passou também alguns dias com os
discípulos (At 9.19) e o mais importante: ele passou a pregar que
Jesus é o Filho de Deus (At 9.20).
Não há muito indício de que aconteceu algum fenômeno.
31. Tudo indica que houve, sim, capacitação para ele pregar o
evangelho. Se houve algum dom dado a Paulo naquele momento,
este foi profecia ou o dom dele falar inspirado por Deus. Este ser
“cheio” do Espírito tem este sentido e o texto diz que ele passou a
pregar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus. Mais à frente,
em outra ocasião, o texto mostra Paulo falando inspirado por Deus:
“Paulo, cheio do Espírito Santo, fixou nele o olhar, e disse: Ó filho
do diabo, cheio de toda a falsidade e malícia, inimigo de toda
justiça, não cessas de perverter os caminhos do Senhor, que são
retos? Eis que agora o Senhor faz pesar sobre ti a sua mão...“ (At
13.9-11). Aqui mostra que Paulo estaria fazendo o mesmo que fez,
após receber o dom do Espírito. Inicialmente, o texto não nos
permite identificar que houve algo com Paulo. Se houve, foi o dom
de falar inspirado por Deus, ou seja, profecia.
3 — Os que tinham um cristianismo incompleto
Aqui se incluem unicamente os discípulos de João Batista,
que Paulo encontrou em Éfeso.
a) Como eram as suas vidas, antes de receberem o dom do
Espírito?
Eles eram discípulos de João Batista (At 19.3). Eles já
haviam sido também batizados, só que num batismo que tinha o
objetivo de levar ao arrependimento e a intenção de preparar um
povo para a vinda do Messias (At 19.4).
Parece que Apolo os orientou no caminho do Senhor (At
18.24-25) ou pelo menos tentou. Tudo indica que ele era
entusiasmado, mas faltavam alguns conhecimentos básicos do
cristianismo. Tanto é verdade que “Priscila e Áquila, que o tinham
ouvido, tomaram-no consigo e lhe expuseram mais exatamente o
Caminho” (At 18.26). Este Apolo teria estado com os discípulos de
Éfeso, mas não deve ter dado ensinamento sólido a estes
discípulos, pois ele carecia também deles. Assim, tudo indica que
eles tinham um cristianismo incompleto, pois não conheciam o
batismo de Jesus (At 18.25; 19.3-4) e nem conheciam o Espírito
Santo (At 19.2). Portanto, estes discípulos eram piedosos, mas
faltavam alguns elementos para se tornarem verdadeiros cristãos.
b) Que foi feito para eles receberem o dom do Espírito?
Tudo começou com a pergunta de Paulo: “Recebeste o
Espírito Santo quando abraçastes a fé?” (At 19.2). Como não
haviam recebido, Paulo lhes pergunta agora sobre o batismo que
tinham sido batizados, o que dá a entender que há uma ligação
entre os dois, embora não se possa afirmar isto com exatidão e na
conclusão — última parte do livro — veremos realmente que não é
bem assim. O que se pode dizer é que de início Paulo percebeu
que havia algo errado com eles. Por isso, ele tomou algumas
medidas: orientou-lhes (At 19.2-4); foram batizados em nome de
Jesus Cristo (At 19.5) e Paulo impôs as mãos sobre eles (At 19.6),
quando eles, então, receberam o dom do Espírito.
c) Que aconteceu após eles receberem o Espírito Santo?
Diferentemente dos gentios e semelhantemente ao
Pentecostes, eles receberam dois tipos de dons: línguas e profecia
(At 19.6). Portanto, neste caso houve manifestação sobrenatural.
Este fato ocorreu cerca do ano 55 d.C., ou seja, uns 25 anos após
o Pentecostes em Jerusalém. Mostrando que os dons não devem
ser o objetivo maior do cristão, Paulo, cinco anos após este
derramamento do Espírito, escreve sua carta aos efésios pedindo
que eles busquem a plenitude do Espírito (Ef 5. 18), ou seja, que
se encham plenamente da presença e graça de Deus em suas
vidas. Outros conselhos, em relação ao Espírito, Paulo daria
também aos efésios: “sejais fortalecidos em poder pelo seu
Espírito” (Ef 3.16) e “não entristeçais o Espírito Santo de Deus” (Ef
4.30). Ele diria também para “orai em todo tempo, no Espírito” (Ef
6.18). Assim, ao receberem o “batismo do Espírito”, temos outros
alvos a alcançar e cuidados a tomar em relação ao Espírito.
32. As Quatro Conclusões Fundamentais
Este estudo sobre o derramamento do Espírito, pelo menos
em dez casos no Novo Testamento, nos leva a algumas
conclusões, que julgamos essenciais:
1 — Nem todo caso se aplica a nós hoje
Não se pode de maneira alguma pegar um exemplo de
recebimento do Espírito e transportá-lo para hoje, querendo aplicá-lo às
pessoas, sem ver as circunstâncias que levaram a tal acontecimento,
naquela época. Se fizermos isto, correremos o risco de seguirmos um
exemplo passado, que não se aplica mais a nós hoje e poderemos
causar também frustração ou descrença em algumas pessoas.
Mas alguém pode dizer: a Bíblia não é para ser seguida?
Sim! Mas assim como não poderemos desejar que todos tenham a
conversão, semelhante ao apóstolo Paulo na estrada de Damasco,
pois as conversões acontecem em situações diferentes, no mesmo
sentido, o recebimento do Espírito acontece em situações
diferentes.
Os casos de Isabel e Zacarias, por exemplo, foram em
situações especiais. O recebimento do Espírito aconteceu, antes
mesmo de Jesus Cristo — aquele que enviaria o dom do Espírito
aos discípulos — vir a este mundo.
Mas como se pode receber o dom do EspÍrito, antes dele ser
enviado por Jesus? Acontece que o Espírito sempre existiu. Na
própria formação do mundo, ele já agia: “O Espírito de Deus
pairava por sobre as águas” (Gn 1.2). A diferença que existe é que,
antes do envio do Espírito por Jesus, ele só agia nas pessoas em
ocasiões especiais e para determinados fins. O Espírito não
permanecia na pessoa. Sua permanência era temporária.
A partir de Jesus, a situação muda e a ação do Espírito é
ampliada. Com Jesus o Espírito Santo já permanece nele. Foi
assim que Deus falou a João Batista: “Aquele sobre quem vires o
Espírito descer e permanecer...” (Jo 1.33).
Mas com os discípulos foi a mesma coisa?
Com os discípulos aconteceria o mesmo: “...ele vos dará
outro Consolador para que convosco permaneça para sempre” (Jo
14.16). Por isso, Paulo mais tarde diria: “Se o Espírito daquele que
ressuscitou a Jesus dentre os mortos habita em vós...” (Rm 8.11).
Portanto, o caso de Isabel e Zacarias está mais para o
período do Antigo Testamento do que para o Novo Testamento.
Querer que aconteça o mesmo às pessoas hoje — seguindo os
passos de Isabel e Zacarias — é querer repetir a história. O caso
de Jesus também foi um caso único! Talvez, o exemplo dele
pudesse ser seguido por nós, sem porém, desejar que todos
tenham o mesmo tipo de experiência. O empecilho grande para
seguirmos o exemplo de Jesus — exemplo de recebimento do
Espírito — é que a descida visível do Espírito sobre Jesus era um
acontecimento que Deus havia predeterminado, a fim de que João
Batista reconhecesse aquele que batiza com o Espírito Santo
Assim diz o texto: Aquele que me enviou para batizar com água,
disse-me: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e
permanecer é quem batiza no Espírito Santo” (Jo 1.33). Parece,
então, que todo um acontecimento estava programado. Querer
imitar isto hoje é não entender a ação de Deus na história. Na
verdade, os casos ocorridos antes e no Pentecostes, não podemos
desejar que se repitam da mesma maneira hoje.
Acreditamos que o Espírito possa vir e ser derramado sobre
grupos de pessoas — à semelhança do Pentecostes — e se for da
vontade de Deus, haver distribuição de dons. Mas devemos
lembrar que, no caso de Pentecostes, houve também toda uma
preparação especial para se receber o Espírito prometido por
Jesus. Os fenômenos que aconteceram estavam relacionados com
a presença das pessoas de diferentes nações: “Achavam-se então