Este documento define e caracteriza a intertextualidade em três pontos:
1) A intertextualidade ocorre quando um texto incorpora outro texto anteriormente produzido que faz parte da memória social.
2) Pode ocorrer de forma explícita, através de citações, ou implícita, cabendo ao leitor identificar a referência.
3) A compreensão depende do reconhecimento dos textos-fonte e dos gêneros textuais envolvidos.
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RESUMO - KOCH e ELIAS intertextualidade
1. SÍNTESE TEXTOS KOCH E ELIAS – INTERTEXTUALIDADE
OBJETIVO: Definir e caracterizar intertextualidade
TEXTO 1
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto.
2 ed. São Paulo: Contexto, 2006. Capítulo 4: Texto e intertextualidade
Para conceituar intertextualidade, há que se considerar:
- outros textos são usados para produzir outros
Às vezes, a intertextualidade se constitui de maneira desvelada, outras, o autor pressupõe
ser do conhecimento do leitor a fonte e não faz remissão explícita a ela.
“Cada enunciado é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados-Bakhtin).
Identificar a relação entre textos depende do conhecimento do leitor e seu repertório de
leitura, o que é fundamental para compreensão e produção de sentido.
As remissões trazem novos sentidos a enunciados anteriores. Esse deslocamento
provoca sempre alteração de sentidos.
Por vezes, o autor pode explicitar a fonte, com intenção argumentativa, para dar
credibilidade ao discurso. Outras, ao não fazer menção à fonte com o objetivo apenas de
seguir-lhe a orientação argumentativa.
- é preciso reconhecer outros textos para a produção de sentidos. (p. 81)
Algumas vezes, o deslocamento de gênero textual do texto-fonte para outro tem a
intenção de produzir sentidos diversos, como crítica e humor.
Alguns textos promovem a intertextualidade reproduzindo o estilo do autor do texto-fonte
e outros se constituem de modo a remeter a passagens deste. Entretanto, reconhecer o
texto-fonte é condição necessária para a construção de sentidos. Outro fator importante
para a compreensão é considerar que a retomada de um texto em outro propicia a
construção de novos sentidos.
CONCEITO: p. 86
Intertextualidade ocorre quando em um texto está inserido outro texto (intertexto)
anteriormente produzido, que faz parte da memória social de uma coletividade. A
intertextualidade é elemento constitutivo do processo escrita/leitura e compreende as
diversas maneiras pelas quais a produção/recepção de um dado texto depende de
conhecimentos de outros textos por parte dos interlocutores. Ela é componente decisivo
das condições de produção de um texto, pois há sempre um já-dito1 prévio a todo dizer.
Em alguns casos, pode-se recuperar facilmente o texto-fonte por fazer parte da memória
social.
CARACTERIZAÇÃO / MODOS DE CONSTITUIÇÃO – p. 87 – Modos pelos quais a
intertextualidade pode se constituir e constituir textos.
Intertextualidade explícita: ocorre quando há citação da fonte do intertexto.
Por que e para que o autor faz a citação? O leitor deve considerar a importância e a
função da escolha realizada pelo autor.
1 J. KRISTEVA
2. Intertextualidade implícita (p. 92): ocorre quando não há a citação expressa da fonte,
cabendo ao interlocutor identificar o intertexto na memória e identificar os objetivos do
escritor ao inseri-lo em seu texto, para construir o sentido do texto. Quando isso não
ocorre, toda a construção do sentido fica prejudicada.(Será? E a coerência interna? Grifo
meu.)
O autor pressupõe que o leitor compartilhe de seu conhecimento em relação ao
interdiscurso implícito e que estabelecerá o diálogo proposto entre os textos e a razão da
recorrência implícita, mas se isso não ocorrer a construção do sentido será prejudicada.
O autor realiza a manipulação do texto alheio, ou próprio, com a finalidade de produzir
efeitos de sentido, seja por meio de substituições, supressões, acréscimos,
transposições2.
O autor espera que o leitor recupere o texto-fonte e perceba o efeito de sentido provocado
pelo deslocamento ou transformação de velhos textos e o propósito comunicacional dos
novos textos constituídos.
p. 96
Também espera-se do leitor, além do reconhecimento do texto-fonte, que ele tenha
conhecimento sobre composição, conteúdo, estilo e propósito comunicacional dos
gêneros textuais (cap 5).
Além da capacidade de reconhecer a intertextualidade, no processo de compreensão o
leitor deve ativar outros conhecimentos:
- conhecimento da língua
- conhecimento das coisas do mundo
- conhecimento do modo de organização, estilo e propósito comunicacional do gênero em
questão.
TEXTO 2
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção. 2
ed. São Paulo: Contexto, 2011. Capítulo 5 – Escrita e intertextualidade.
CONCEITO: ATÉ A PÁGINA 118.
Todo texto sempre remete a outro(s) texto(s). Remissão a textos que faz(em) parte da
memória social dos leitores e que são facilmente recuperados para a compreensão.
Também é um processo de manipulação do texto alheio, são alterações/adulterações em
textos-fonte que apontam para orientações argumentativas diversas: alteração chamada
de retextualização3, construída a partir e em adesão ao texto-fonte, chamada de
captação4. Pode ser também por acréscimo, substituição.
A intertextualidade é ativada no momento da produção de maneira consciente ou não,
dependendo dos conhecimentos de textos armazenados na memória do autor e ativados
na ocasião da produção do texto.
2 GRÉSILLON & MAINGUENEAU, 1984.
3 KOCH, BENTES, CAVALCANTE, 2007
4 GRÉSILLON & MAINGUENEAU, 1984
3. O autor pode fazer a remissão de forma explícita ou implícita, depende do propósito
comunicativo, do efeito de sentido que quer produzir ou do conhecimento que pressupõe
que o leitor tenha.
Também pode ocorrer um novo enquadre, atribuindo uma alteração/inversão do sentido
original do texto-fonte, orientando argumentativamente para contradizê-lo ou desautorizá-
lo, chamada de subversão5.
Os efeitos pretendidos: seguem a mesma direção do texto-fonte ou se o contraria.
Sempre irá acionar o conhecimento compartilhado com o leitor para a compreensão.
Intertextualidade explícita: pode ser porque o autor quer dar a informação ao leitor que
este possa consultá-la posteriormente ou porque quer chamar atenção para o que foi dito
e também para o autor.
Explicitar ou não a fonte é uma importante estratégia de que o produtor lança mão no
percurso de seu trabalho de produção de escrita, a fim de obter o que pretende no plano
da interação. (p. 111)
CARACTERIZAÇÃO – 118 ATÉ PÁGINA 124
Nós nos comunicamos por meio de gêneros textuais que se configuram em textos.
O escritor pode produzir um gênero em formato diferente do que é esperado, isto é,
emprestando a um gênero textual a roupagem de outro, dependendo do propósito:
intertextualidade intergêneros. Isso evidencia a produção de um sentido mais intenso
no leitor pelo inusitado. Por exemplo, escrever um artigo de opinião em formato de
oração6. Esse fenômeno de hibridismo de gêneros é bastante comum pincipalmente na
publicidade, área que privilegia a criatividade e inventismo.
Independente da intenção do autor (ampliação, atualização, negação, continuidade etc),
sempre há uma recontextualização e a produção de um novo sentido, pois o autor
assume um determinado ponto de vista, adotando uma atitude e discutindo ou avaliando
as palavras originais7.
O autor pode usar diversos recursos para explicitar suas remissões: citação direta, citação
indireta, uso de aspas ou sinalização tipográfica.
Página 125
A intertextualidade não se trata apenas de construir relações entre os textos, mas do
modo como se faz isso, do objetivo e do posicionamento do autor diante dos textos-fonte,
levando em conta eu propósito comunicativo8.
A construção da intertextualidade é estratégica, revestida de finalidade e de significações,
e que, por lado, pode gerar sentidos não intencionados pelo autor ou apenas sentidos
intencionados pelos leitores. A intertextualidade evidencia o conhecimento de textos do
escritor e a indissociabilidade das atividades de escrita e leitura. (conclusão das autoras).
5 Idem 2.
6 Ver KOCH, ELIAS, 2011,p. 118.
7 BAZERMAN, 2006
8 BAZERMEN, 2006.