O documento descreve o período pré-modernista da literatura brasileira, caracterizado como uma fase de transição entre os movimentos literários do final do século XIX e início do século XX. Apresenta as principais tendências, autores e obras representativas desse período, como Os Sertões de Euclides da Cunha e Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, que começaram a retratar a realidade brasileira de forma mais crítica.
2. Concepção
O pré-modernismo pode ser considerado um período de transição entre
os movimentos literários situados ao final do século XIX e início do século XX.
Tal fato ocorre porque muitos autores daquele período passaram, aos poucos,
a se aproximarem de uma inovação temática, formal e linguística
(características essas que só se consolidarão na 1ª fase do Modernismo).
No entanto, ao mesmo tempo, os autores ainda se sentiam presos a
valores conservadores que marcaram o século XIX (como exemplo, a
valorização da linguagem culta), por isso, a noção de transição. É muito
importante observar como as obras pré-modernista começaram a inserir, nos
textos em prosa, uma preocupação com a identidade nacional.
3. Estilos/ tendências
Duas tendências básicas podem ser notadas entre os autores da época:
a)Conservadora – Percebida na produção poética de Olavo Bilac (e de todos
os outros parnasianos) e de Cruz e Sousa, representante da estética
simbolista. A poesia é elaborada dentro dos moldes de perfeição, obediente a
normas e presa a temas alheios à realidade brasileira.
b)Inovadora – Presente nas obras de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça
Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos. As várias realidades do Brasil são
expostas, e o leitor começa a perceber que vive em um país de contrastes. A
linguagem pomposa e artificial começa a perder terreno para uma expressão
mais simples, fiel à fala cotidiana. Nesse aspecto, Lima Barreto é o legítimo
representante das classes iletradas.
4. Cronologia
•Cronologicamente, o Pré- Modernismo durou no Brasil de 1902 a 1922.
As primeiras obras do Pré- Modernismo foram:
a)Os Sertões (romance, 1902), de Euclides da Cunha.
b) Canaã (romance, 1902), de GraçaAranha.
5. Contexto histórico
O contexto histórico liga-se diretamente à produção literária,
pois os ideais daquela época contribuíram para a criação de
textos com maior engajamento social.
Além disso, tal período de transição começou próximo ao
início do século XX e terminou em 1922, ano da Semana de
Arte Moderna. Entre os acontecimentos históricos que
motivaram uma maior preocupação social no âmbito
literário.
6. Contexto histótico
- A Revolta de Canudos (1896-97),
- A Revolta da Vacina (1904),
- A Greve dos Operários (1917) e
- O período da República Café Com Leite
(1894- 1930).
7. Características
• RUPTURA COM O PASSADO – Os autores adotaram inovações que
feriam o academicismo.
• REGIONALISMO – A realidade rural brasileira é exposta sem os traços
idealizadores do Romantismo. A miséria do homem do campo é apresentada
de forma chocante.
• LITERATURA-DENÚNCIA – Os livros são escritos em tom de denúncia da
realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da Região Sul, belezas do
litoral, aspectos positivos da civilização urbana) é substituído por um Brasil
não-oficial (sertão nordestino, caboclos interioranos, realidade dos
subúrbios).
8. • As grandes mudanças políticas, sociais e econômicas não deixavam mais
espaço para a idealização.
• O foco da produção literária se fragmenta e os autores escrevem sobre as
diferentes regiões, os centros urbanos, os funcionários públicos, os
sertanejos, os caboclos e os imigrantes.
• Essa multiplicidade de focos e interesses torna impossível tratar o Pré-
Modernismo como uma escola literária. O Pré-Modernismo e considerado um
período de transição: conserva algumas tendências das estéticas da segunda
metade do século XIX e antecipa outras, aprofundadas com o Modernismo.
9. • Denúncia social
• A maioria das obras do Pré-Modernismo apresentam em seu cerne a denúncia da
realidade brasileira. As diferenças sociais, o preconceito, o esquecimento de parte da
população, a centraliza- ção do poder, a intransigência dos governantes são revelados sem
medo algum. Euclides da Cunha e Lima Barreto são exemplos de escritores que, em suas
obras, revelaram a situação brasileira, e a partir daí construíram sua crítica em relação à
sociedade de sua época.
• O regional
• Evidencia-se nas obras dessa época, a preo- cupação em definir-se muito bem a região
em que acontece cada história, tendo como consequência o surgimento de um grande
painel do Brasil através de suas diversas regiões. Monteiro Lobato situará suas principais
obras na região do Vale da Paraíba; Euclides, no sertão baiano; Graça Aranha, no Espírito
Santo; e Lima Barreto, no Rio de Janeiro.
• Ficção erealidade
• Vemos nesse período obras que abordam os fa- tos políticos, econômicos e sociais do
10. Euclides da Cunha
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 1866, em Cantagalo, no Estado do Rio
de Janeiro.
Em 1888, é expulso da Escola Militar por desacatar o ministro da Guerra do Império. Forma-
se em Engenharia Civil e após a Proclamação da República é reintegrado às Forças
Armadas.
Em 1897, torna-se correspondente da guerra de Canudos, no Estado da Bahia, do jornal O
11. Euclides baseou-se nas ciências da época, todas com uma perspectiva colo- nialista (teorias
provindas da Europa) e positivista. Seguindo esses preceitos técnicos, divide Os Sertões entre três
partes muito bem definidas. São elas: A Terra, O Homem, ALuta.
A Terra: em ATerra, temos o estudo geográfico da região de Canudos, ou seja, do sertão, baseado
nas teorias científicas do final do século XIX.
O Homem: em O Homem, observamos questões sobre a mestiçagem e etnia do sertanejo. Euclides
vê na mistura de raças um mal.
A luta : em A Luta, a extrema violência das forças armadas e também sua difi- culdade de ação
devido ao meio natural hostilem que se encontravam, sendo aliado do sertanejo, já adaptadoà
naturezaqueocercava.
12. Lima Barreto
Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu no ano de 1881, no Rio de Janeiro.
Em 1902, abandona a Escola Politécnica onde cursava engenharia para empregar-se na
Diretoria do Expediente da Secretaria da Guerra com o fim de sustentar seu pai.
Umdosaspectosqueodiferencia éapreferência por personagens representantes das classes
mais baixas da sociedade carioca, a “gente humilde” dos subúrbios da então capital
federal. Temos tocado- res de violão (espécies de malandros), funcionários públicos,
jornalistas pobres etc.Aos poderosos (re- presentadas algumas vezes por figuras históricas),
burgueses, intelectuais reserva a caricatura, no intento de ridicularizá-los.
13. Essa obra pode ser classificada como um romance social que estabelece a seguinte questão: até onde vão os
limites de uma ideologia? A partir do fanatismo, da xenofobia de Policarpo Quaresma (anti-herói), Lima Barreto
fará uma severa crítica ao patriotismoexacerbado eà sangrenta revolução Florianista.
Obra-prima de Lima Barreto, Triste fim de Poli- carpo Quaresma conta a história do funcionário públi- co
aposentado Policarpo Quaresma em sua luta pela “salvação do Brasil”. Para tanto, propõe ao governo a
instituição do tupi-guarani como idioma oficial brasi- leiro; além disso alimenta-se unicamente de comidas
brasileiras, cumprimenta as pessoas chorando, como um legítimo índio goitacaz, e faz pesquisas que re- sultam
em fracasso sobre o nossofolclore.
14. Graça Aranha
José Pereira da Graça Aranha nasceu em 1868, no Maranhão. Cursou Direito no Recife.
Após formado, tra- balhou como magistrado no interior do Espírito Santo (de onde retira as
fontes para a criação de Canaã).
Em consequência da consagração atingida devido ao sucesso de Canaã, torna-se um
imortal da Academia Brasileira de Letras, rompendo com a mesma em 1924, devido a seus
ideiais modernistas.
sobrea obra de GraçaAranha é falar sobre Canaã, sua principal criação, classificada como um
15. Em Canaã é a confrontação de posturas tomadas diante de três temas: as teorias acerca do
atraso social brasileiro; o papel da imigra- ção; a busca de um sentido para aexistência.
Tais discussões são personificadas nas figuras dos imigrantes alemães Milkau e Lentz,
recém-che- gados ao interior do estado do Espírito Santo, onde iriam se fixar e começar uma
nova vida.
O final de Canaã revela uma visão otimista do autor em relação ao futuro brasileiro, tendo
como grande mote a importância da imigração para o país.
16. Monteiro Lobato
José Bento Monteiro Lobato nasceu no ano de 1882, em Taubaté (estado de São Paulo).
Formou-se na Academia de Direito de São Paulo.
No ano de 1911, herdou a fazenda de seu avô, mas não soube administrá-la. Em 1917,
publicou o polêmico e célebre artigo Paranoia ou Mistificação, contra a exposição deAnita
Malfatti, demonstrando completo desconhecimento sobre a arte moderna.
Em 1931, fundou a Companhia de Petróleo do Brasil, que acaba falindo. Fundou a Editora
Monteiro Lobato e Cia. e, em 1944, a Editora Nacional. Faleceu em 1948.
17. fator importante na obra de Monteiro Lobato é a análise do tipo humano característico da
região, representado na figura de Jeca Tatu.
Este é visto primeiramente como um preguiçoso e indolente; porém, depois toma
consciência de que o comportamento do caboclo deve-se à subnutrição, marginalização e
esquecimento do povo do interior; encontramos essa análise na obra Urupês.
Quanto à técnica narrativa e à linguagem, mantém-se a tradição realista do conto de final
ines- perado, mais especificamente seguindo os passos do escritor francês Guy de
18. Augusto dos Anjos
Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no ano de 1884, no interior da
Paraíba. Formou-se na Faculdade de Direito do Recife.
Trabalhou como professor algum tempo na Paraíba.Tempos depois, casou-se e foi
para o Rio de Janeiro, onde formou família. Em 1914, mudou-se para Leopoldina,
Minas Gerais, morrendo nesse mesmo ano.
Sua única obra é o livro de poemas Eu (1912).
19. Os poemas de Augusto dos Anjos podem ser classificados como poesia científico-
filosófica- pessimista.
O cientificismo revela-se pela utilização de termos científicos, estranhos, até então, na
poesia brasileira. Esse é um dos traços que tornam a poe- sia de Augusto dos Anjos uma
arte de ruptura com o passado.
No niilismo – princípio filosófico através do qual a negação é o grau máximo da sabedoria