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Instituto de Neurologia de Curitiba
Coordenador do Ambulatório de Desordens da
Memória e do Comportamento – ADEMEC
Curitiba, April 11th 2015
Ricardo Krause Martinez de Souza
• A perda auditiva e a demência são condições clínicas
muito prevalentes na população. Além disso, podem
coexistir frequentemente.
• Existem, no mundo, aproximadamente 590 milhões de
pessoas com deficiência auditiva e cerca de 36 milhões de
pessoas com demência. (OMS)
• Síndrome caracterizada pelo declínio progressivo da
capacidade intelectual, suficientemente grave para
interferir nas atividades sociais, profissionias ou do
cotidiano.
• O déficit cognitivo não é devido ao estado confusional
agudo (ou delirium).
• Entre os diversos critérios diagnósticos de demência,
o mais utilizado é o DSM-IV.
• Causa comum de perda auditiva em idosos em todo o
mundo.
• Perda auditiva neurossensorial que afeta as altas
frequências da audição de forma bilateral, associada
à dificuldade na discriminação da fala e do
processamento auditivo central.
• Doença multifatorial.
• O som percorre um longo caminho desde a entrada na
orelha até chegar ao cérebro.
• Para que esse som seja percorrido sem problemas (para
que consigamos interpretar/dar significado ao que
escutamos), dependemos de um conjunto de habilidades,
que interpretam os estímulos sonoros e que são mediadas
pelo sistema nervoso central.
• Atualmente, existem 590 milhões de pessoas no mundo com
deficiência auditiva. (OMS)
• Estima-se que em 2050, haverá cerca de 1,2 bilhões de pessoas
com mais de 60 anos com perda auditiva.
Lin et al, Arch Intern Med, 2011
• A prevalência de demência em pessoas com mais de 60
anos é entre 5 a 7%. (1)
• Atualmente, existem cerca de 36 milhões de pessoas com
demência no mundo. (OMS)
115 milhões
Não modificáveis:
• Idade, genéticos.
Modificáveis:
• Hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, obesidade,
tabagismo, sedentarismo.
• Deficiência de vitamina D. (1)
• Perda auditiva. (2)
(1) Neurology. 2014.
(2) Lin, F et al. Arch Neurol. 2011.
Perda
Auditiva
Isolamento social e / ou
depressão
“Sobrecarga Cognitiva”
Mudanças na função e
estrutura cerebral
Demência
Etiologia Comum
(Ex.: doença microvascular,
idade, processo degenerativo)
Perda auditiva: mais recursos
cognitivos são necessários ao
processamento perceptivo-auditivo.
Menor processamento de outros
sistemas cognitivos: memória de
trabalho.
Ocorre uma realocação dos
recursos neurais menos utilizados
para o processamento auditivo.
Depleção da “reserva cognitiva”
disponível = > início do processo
patológico (DEMÊNCIA)
• Isolamento social e depressão
• A perda auditiva está associada com o isolamento
social e a depressão.
• O isolamento e a depressão estão associados com o
declínio cognitivo.
• Estudos em animais:
• Demonstraram que o aumento do estímulo auditivo
ambiental levou a uma diminuição da β-amiloide
cerebral.
• Perda auditiva e demência senil em idosos institucionalizados.
Weistein BE et al., Clin Gerontologist. 1986
• A perda auditiva pode ser um importante fator de risco para
demência e disfunção cognitiva.
Uhlmann RF et al., JAMA. 1989
• Baltimore Longitudinal Study of Aging – BLSA.
Frank Lin et al., Arch Neurol. 2011
• Estudo prospectivo com 639 participantes do Baltimore
Longitudinal Study of Aging.
• O objetivo do estudo foi avaliar a associação entre perda
auditiva de origem periférica e a incidência de demência.
• O seguimento médio foi de 11 anos.
• O estudo demonstrou que existe uma relação da perda
auditiva e o aumento da incidência de demência.
Frank Lin et al., Arch Neurol. 2011
• Estudo de coorte com 1057 indivíduos, acompanhados
durante um período de 17 anos.
• A cada 10 dB (decibéis) de aumento de perda auditiva,
o risco de desenvolver demência aumentou 2,7 vezes.
Gallacher et al., Neurology. 2012
• Avaliar se o uso de aparelhos auditivos estava associado
com melhor desempenho cognitivo, e se esta melhora
tinha relação com a melhora do isolamento social e/ou
depressão.
• Estudo prospectivo com (n = 164.770).
• Pacientes estudados: amostra de dados do Biobank do
Reino Unido.
• Período do estudo: 2006 a 2010.
• Adultos britânicos com idades entre 40 a 69 anos.
• Os testes cognitivos foram realizados por uma interface
computadorizada, através de uma tela “touch screen”.
• Houve uma associação positiva com o uso da prótese auditiva e
a melhora na cognição.
• Entretanto, a melhora obtida na cognição não foi atribuída com a
melhora dos efeitos adversos da perda auditiva (depressão e do
isolamento social).
• Em conclusão, o uso da prótese auditiva foi associado a uma
melhora na cognição em um longo estudo transversal em adultos
do Reino Unido.
• Finalmente, o tratamento da perda auditiva pode reduzir a
sobrecarga no declínio cognitivo e melhorar a qualidade de vida.
Doença de Alzheimer Perda Auditiva não Tratada
Depressão, ansiedade, desorientação Depressão, ansiedade, isolamento
Redução na compreensão da
linguagem
Redução na habilidade da
comunicação
Prejuízo da memória para fatos
recentes
Comprometimento da memória
secundário à diminuição do estímulo
auditivo
Negação, indivíduo na defensiva Negação, indivíduo intensamente na
defensiva
Desconfiança e suspeita em relação
aos outros (ex: delírios: ciúmes,
roubo, perseguição)
Desconfiança e paranoia (ex.: acredita
que outros podem estar falando sobre
ele)
• Lista de figuras – memória visual
• Teste de fluência verbal
• Teste do desenho do relógio
Bateria Breve de Rastreio Cognitivo
(Nitrini e col.,1994; 2004)
Mini Exame do Estado Mental
• Ordem por escrito.
• O teste pode ser aplicado de forma
adaptada aos pacientes com perda
auditiva severa.
• Na avaliação da memória imediata
e de evocação, pedir que o
paciente leia as palavras e as repita
(memória verbal com input visual).
Escala de Depressão Geriátrica
(GDS-15)
• Realizar por meio de um questionário
pode facilitar a aplicação do teste
Figura do Roubo dos Biscoitos
“Cookie Theft Picture”.
Avalia:
• Capacidade de julgamento
• Função executiva
• Linguagem
O tratamento da perda auditiva pode:
1. Prevenir o comprometimento cognitivo.
2. Melhorar a qualidade de vida de milhares de idosos.
3. Reduzir o impacto na saúde pública.
O tratamento da perda auditiva pode ser um importante
aliado na prevenção das síndromes demenciais, uma vez
que as medicações existentes não pemitem modificar a
evolução da doença.
Do Processamento Auditivo a Demência

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Do Processamento Auditivo a Demência

  • 1. Instituto de Neurologia de Curitiba Coordenador do Ambulatório de Desordens da Memória e do Comportamento – ADEMEC Curitiba, April 11th 2015 Ricardo Krause Martinez de Souza
  • 2. • A perda auditiva e a demência são condições clínicas muito prevalentes na população. Além disso, podem coexistir frequentemente. • Existem, no mundo, aproximadamente 590 milhões de pessoas com deficiência auditiva e cerca de 36 milhões de pessoas com demência. (OMS)
  • 3. • Síndrome caracterizada pelo declínio progressivo da capacidade intelectual, suficientemente grave para interferir nas atividades sociais, profissionias ou do cotidiano. • O déficit cognitivo não é devido ao estado confusional agudo (ou delirium). • Entre os diversos critérios diagnósticos de demência, o mais utilizado é o DSM-IV.
  • 4. • Causa comum de perda auditiva em idosos em todo o mundo. • Perda auditiva neurossensorial que afeta as altas frequências da audição de forma bilateral, associada à dificuldade na discriminação da fala e do processamento auditivo central. • Doença multifatorial.
  • 5. • O som percorre um longo caminho desde a entrada na orelha até chegar ao cérebro. • Para que esse som seja percorrido sem problemas (para que consigamos interpretar/dar significado ao que escutamos), dependemos de um conjunto de habilidades, que interpretam os estímulos sonoros e que são mediadas pelo sistema nervoso central.
  • 6.
  • 7. • Atualmente, existem 590 milhões de pessoas no mundo com deficiência auditiva. (OMS) • Estima-se que em 2050, haverá cerca de 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos com perda auditiva. Lin et al, Arch Intern Med, 2011
  • 8. • A prevalência de demência em pessoas com mais de 60 anos é entre 5 a 7%. (1) • Atualmente, existem cerca de 36 milhões de pessoas com demência no mundo. (OMS) 115 milhões
  • 9. Não modificáveis: • Idade, genéticos. Modificáveis: • Hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, obesidade, tabagismo, sedentarismo. • Deficiência de vitamina D. (1) • Perda auditiva. (2) (1) Neurology. 2014. (2) Lin, F et al. Arch Neurol. 2011.
  • 10. Perda Auditiva Isolamento social e / ou depressão “Sobrecarga Cognitiva” Mudanças na função e estrutura cerebral Demência Etiologia Comum (Ex.: doença microvascular, idade, processo degenerativo)
  • 11. Perda auditiva: mais recursos cognitivos são necessários ao processamento perceptivo-auditivo. Menor processamento de outros sistemas cognitivos: memória de trabalho. Ocorre uma realocação dos recursos neurais menos utilizados para o processamento auditivo. Depleção da “reserva cognitiva” disponível = > início do processo patológico (DEMÊNCIA)
  • 12. • Isolamento social e depressão • A perda auditiva está associada com o isolamento social e a depressão. • O isolamento e a depressão estão associados com o declínio cognitivo. • Estudos em animais: • Demonstraram que o aumento do estímulo auditivo ambiental levou a uma diminuição da β-amiloide cerebral.
  • 13. • Perda auditiva e demência senil em idosos institucionalizados. Weistein BE et al., Clin Gerontologist. 1986 • A perda auditiva pode ser um importante fator de risco para demência e disfunção cognitiva. Uhlmann RF et al., JAMA. 1989 • Baltimore Longitudinal Study of Aging – BLSA. Frank Lin et al., Arch Neurol. 2011
  • 14. • Estudo prospectivo com 639 participantes do Baltimore Longitudinal Study of Aging. • O objetivo do estudo foi avaliar a associação entre perda auditiva de origem periférica e a incidência de demência. • O seguimento médio foi de 11 anos. • O estudo demonstrou que existe uma relação da perda auditiva e o aumento da incidência de demência. Frank Lin et al., Arch Neurol. 2011
  • 15.
  • 16. • Estudo de coorte com 1057 indivíduos, acompanhados durante um período de 17 anos. • A cada 10 dB (decibéis) de aumento de perda auditiva, o risco de desenvolver demência aumentou 2,7 vezes. Gallacher et al., Neurology. 2012
  • 17.
  • 18. • Avaliar se o uso de aparelhos auditivos estava associado com melhor desempenho cognitivo, e se esta melhora tinha relação com a melhora do isolamento social e/ou depressão.
  • 19. • Estudo prospectivo com (n = 164.770). • Pacientes estudados: amostra de dados do Biobank do Reino Unido. • Período do estudo: 2006 a 2010. • Adultos britânicos com idades entre 40 a 69 anos. • Os testes cognitivos foram realizados por uma interface computadorizada, através de uma tela “touch screen”.
  • 20. • Houve uma associação positiva com o uso da prótese auditiva e a melhora na cognição. • Entretanto, a melhora obtida na cognição não foi atribuída com a melhora dos efeitos adversos da perda auditiva (depressão e do isolamento social). • Em conclusão, o uso da prótese auditiva foi associado a uma melhora na cognição em um longo estudo transversal em adultos do Reino Unido. • Finalmente, o tratamento da perda auditiva pode reduzir a sobrecarga no declínio cognitivo e melhorar a qualidade de vida.
  • 21. Doença de Alzheimer Perda Auditiva não Tratada Depressão, ansiedade, desorientação Depressão, ansiedade, isolamento Redução na compreensão da linguagem Redução na habilidade da comunicação Prejuízo da memória para fatos recentes Comprometimento da memória secundário à diminuição do estímulo auditivo Negação, indivíduo na defensiva Negação, indivíduo intensamente na defensiva Desconfiança e suspeita em relação aos outros (ex: delírios: ciúmes, roubo, perseguição) Desconfiança e paranoia (ex.: acredita que outros podem estar falando sobre ele)
  • 22. • Lista de figuras – memória visual • Teste de fluência verbal • Teste do desenho do relógio Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (Nitrini e col.,1994; 2004)
  • 23. Mini Exame do Estado Mental • Ordem por escrito. • O teste pode ser aplicado de forma adaptada aos pacientes com perda auditiva severa. • Na avaliação da memória imediata e de evocação, pedir que o paciente leia as palavras e as repita (memória verbal com input visual). Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15) • Realizar por meio de um questionário pode facilitar a aplicação do teste Figura do Roubo dos Biscoitos “Cookie Theft Picture”. Avalia: • Capacidade de julgamento • Função executiva • Linguagem
  • 24. O tratamento da perda auditiva pode: 1. Prevenir o comprometimento cognitivo. 2. Melhorar a qualidade de vida de milhares de idosos. 3. Reduzir o impacto na saúde pública. O tratamento da perda auditiva pode ser um importante aliado na prevenção das síndromes demenciais, uma vez que as medicações existentes não pemitem modificar a evolução da doença.

Notes de l'éditeur

  1. )
  2. )
  3. The study of Uhlmann (left panel), defines mild hearing loss as (21 to 29 dB), moderate (30 to 39 dB) and severe hearing loss as moderate to severe (=> 40 dB), while in the study of Lin et al (right panel), mild is defined as (25 to 40 dB), moderate (41 to 70 dB) and severe (> 70 dB hearing loss) (Source: Uhlmann et al, JAMA 1989 & Lin et al, Arch Neurol, 2011).
  4. Conclusões: A disfunção auditiva central é um precursor para a DA. Nós recomendamos avaliação com testes para identificar DPAC em idoso que relatam dificuldade auditiva. Aqueles com DPAC grave devem receber um programa de reabilitação modificado e considerar um encaminhamento para avaliação neurológica. Assim, buscou-se determinar se a disfunção do processamento auditivo central (DPAC) é uma manifestação precoce da DA e se o uso de testes de DPAC para as pessoas idosas com problemas de audição pode ter utilidade futura no reconhecimento precoce de disfunções cognitivas, como a DA. Disfunção auditiva central é suspeita quando as pessoas têm dificuldade em compreender a fala na presença de ruído de fundo, um problema comum nos idosos. A maioria das pessoas com DPAC relacionados a idade podem conversar razoavelmente em ambientes tranquilos, porém o fazem mal no ruído, o chamado efeito coquetel, que também é conhecido pelos termos presbiacusia central e transtorno de processamento relacionada à idade. Disfunção auditiva central impede a comunicação e prejudica a reabilitação auditiva convencional na proporção de sua gravidade. A fisiopatologia do DPAC não é totalmente compreendido, mas paradigmas auditivos dicóticos tem sido amplamente utilizado para estudar a interação inter-hemisférica e função do corpo caloso. Um certo número de estudos, tais como o trabalho inicial de Grady et al (1) e Grimes e colegas, (2) relatou que a incapacidade dos pacientes com AD para atenção dividida em tarefas de desempenho dicóticas estava relacionado com atrofia do lobo temporal anterior e o metabolismo da glicose reduzido. Pesquisas mais recentes demonstraram o acometimento de áreas parietal e frontal, que influenciam no processamento da atenção, e uma variedade de atividades das funções executivas, como planejamento e iniciação da atividades 3,4. Extraindo sinais auditivos no ruído ou sinais que competem, como nos testes DPAC, requer atenção substancial e recursos de processamento de comportamento, e nós teorizamos que a neurodegeneração das diferentes áreas corticais afectadas pela demência podem afetar os resultados do teste de DPAC antes de outros testes de screening cognitivos se tornarem anormais. Objetivo: Avaliar se o distúrbio do processamento auditivo (central) pode ser um precursor do início da demência de Alzheimer (DA).
  5. Um resultado inesperado deste trabalho foi que o uso de aparelho auditivo não demonstrou uma melhora significativa da depressão, e além disso houve um aumento do isolamento social associado com uso de prótese auditiva. Um explicação possível foi que os aparelhos auditivos fizeram: 1) desencorajar a participação em eventos sociais; 2) a amplificação do ruído de fundo em locais sociais, tais como clubes, cafés e restaurantes, possam ter sido um fator para esta piora.
  6. Excesso de diagnóstico de demência em indivíduos com perda auditiva X excesso de diagnóstico de perda auditiva em indivíduos com síndrome demencial.