O documento discute a importância do brincar para o desenvolvimento infantil na creche. Ele explica que brincar permite que as crianças aprendam sobre o mundo ao seu redor e sobre interagir com os outros através de jogos simbólicos, de regras e exercícios. Também recomenda fornecer uma variedade de brinquedos e materiais seguros e estimulantes para as crianças explorarem.
1. Brincar na creche
Encaixar, montar, empilhar, chacoalhar... Com esse tipo de atividade,
crianças de até 3 anos começam a explorar o mundo
Luiza Andrade (novaescola@atleitor.com.br)
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Para turmas de creche, brincar e jogar não são passatempos: trata-se de atividades
fundamentais para a construção de conhecimentos sobre o mundo. Com elas, os
pequenos aprendem a estar com os outros e consigo mesmos. A constatação, que está no
Referêncial Curricular Nacional para a Educação Infantil e mereceu tratamento detalhado
na reportagem de capa de NOVA ESCOLA em novembro, foi iluminada de maneira
notável pelo suíço Jean Piaget (1896-1980). Entre suas contribuições ao assunto, o
cientista e psicólogo dividiu as atividades lúdicas infantis em três tipos: jogos simbólicos,
de regras e de exercício.
Especial Jogos e brincadeiras
Especial Brincadeiras regionais
Especial Jogos Educativos
É preciso garantir a variedade de materiais
Para potencializar a atividade, deve-se escolher brinquedos que estimulem os sentidos e o
movimento - quanto mais variadas as cores, texturas, materiais e os estímulos que eles
permitirem, melhor. As ressalvas de segurança são assegurar que as peças tenham
tamanho maior que o da boca do bebê aberta e sejam feitos com tinta atóxica e não
solúvel.
Como favorecer o deslocamento
Outro cuidado é fazer com que esses ambientes sejam integrados, permitindo o
deslocamento das crianças - e, se possível, surpreendendo-as. Na Creche Carochinha, da
Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, entre dois cantos diferentes,
há cortinas de náilon produzidas na própria creche. "Além de tornar o ambiente mais
agradável, as cortinas promovem o toque e a percepção dos sons. Acabam funcionando
como um jogo a mais", conta a diretora, Regina Célia da Silva Marques Teles.
2. Tipos de brinquedos
Cortina de Náilon
CORTINA DE NÁILON. Foto: KrizKnack
Para que serve Os fios favorecem a percepção de diferentes texturas, estimulando o
tato. Colocada no centro da sala pendurada no teto, ela integra o ambiente.
Enquanto nos jogos simbólicos a criança viaja no faz-de-conta, assumindo o papel de
herói, professor, astronauta e todos os outros que a imaginação mandar, nos jogos de
regras ela toma contato com o cumprimento de normas, o que exige concentração,
raciocínio e uma dose de sorte. As duas modalidades, entretanto, convivem com um
estágio anterior: o dos jogos de exercício.
Garrafas coloridas
3. GARRAFAS COLORIDAS. Foto: KrizKnack
Para que servem Recipientes preenchidos com diferentes materiais (líquidos, grãos,
areia etc.) ajudam as crianças a perceber diferenças de forma, peso, cor e som.
Brinquedos de encaixar, montar, lançar, rebater, chacoalhar, empilhar... As possibilidades
são muitas (leia nos quadros desta reportagem exemplos de seis tipos de jogo de
exercício essenciais nas creches). "Interagindo com eles, as crianças percebem a função e
as propriedades dos objetos: quais deles se movem, quais fazem barulho, os f lexíveis, os
rígidos, os pequenos, os grandes, os coloridos e assim por diante", explica Adriana Klisys,
consultora em Educação Infantil.
Jogos de encaixar
JOGOS DE ENCAIXAR. Foto: KrizKnack
4. Para que servem As peças podem ser empilhadas, montadas e encaixadas, criando
novos formatos. Permitem aos pequenos testar seus limites e descobrir o que podem fazer
com elas.
Os pequenos entendem as ligações entre suas ações e o resultado que elas provocam ou seja, têm um primeiro contato com a noção de causa e conseqüência. Mas a
compreensão leva tempo e depende da repetição. Quando um bebê mexe em um
chocalho pela primeira vez, leva um susto e não entende de onde veio o barulho que
escutou. Só depois de balançá-lo várias vezes, associa o som ao movimento que ele
mesmo fez. É interessante notar que as crianças se apropriam dos jogos de exercício de
formas diferentes, obecedendo a uma gama de comportamentos geralmente relacionados
à faixa de idade. Enquanto bebês se entretêm com a exploração de texturas, formas,
cheiros e cores, crianças de 2 e 3 anos já conseguem conceber novas funções para os
objetos por meio da experimentação. É possível observar, por exemplo, turmas que
montam torres para ver até onde chegam sem cair, depois as desmontam e as
reconstroem.
Bolas
BOLAS. Foto: KrizKnack
Para que servem Favorecem uma grande variedade de movimentos e interações:
chutar e acertar em minicestas ou na boca do palhaço, lançar e recebê-las de amigos ou
do professor.
5. Instrumentos musicais
INSTRUMENTOS MUSICAIS. Foto: KrizKnack
Para que servem Chocalhos, pandeiros, xilofones e tambores com baquetas de ponta
arredondada levam as crianças a descobrir a relação entre os sons e os movimentos que
elas mesmas produzem.
Outro ponto essencial para desenvolver esse tipo de atividade é a organização do espaço
(leia o projeto institucional). Uma preocupação que deve estar sempre presente é garantir
que os objetos escolhidos instiguem, de fato, a curiosidade da turminha. "Os pequenos são
os maiores juízes desse processo. Basta que o professor esteja atento, por exemplo, aos
cantos de brinquedos aonde ninguém vai e substituí-los por outros mais interessantes", diz
RoseleneCrepaldi, que trabalhou no Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos
da Universidade de São Paulo.
Rolos de espuma
6. ROLOS DE ESPUMA. Foto: KrizKnack
Para que servem Funcionam como apoio para os pequenos firmarem o tronco e
começarem a treinar o equilíbrio do corpo. Almofadas, bolas e colchões também podem
ser usados com a mesma função.