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1
ESTATUTO DA
IGUALDADE RACIAL
RODRIGO EDUARDO R.
CARDOSO
Bacharel em Direito
Mestrando em Cultura e Turismo
2
BREVE
HISTÓRICO
3
ESCRAVIDÃO
 A escravidão era necessária, já que
utilizando trabalhadores livres, haveria
ameaça destes se tornarem proprietários.
 Escravidão simbolizava segurança e
economia.
 Negros transformados em mercadoria
pela política expansionista européia.
4
ESCRAVIDÃO
 Os índios foram explorados, mas eram
protegidos pelos jesuítas. Os portugueses,
expandindo o domínio na África (séc. XV),
iniciaram o tráfico e a escravização.
 Alegaram que os negros já eram escravos em
seus países de origem, e que, por serem de
raça inferior e costumes primitivos deveriam ser
civilizados e cristianizados.
5
ESCRAVIDÃO
 Os negros já desenvolviam a agricultura,
eram tecelões
 Trabalhavam com ouro, bronze, cobre,
madeira.
 Possuíam costumes próprios, valores,
religião.
6
RESITÊNCIAS - QUILOMBOS
 Muitas revoltas ocorreram até o século XIX.
Muitos negros se aproximaram do catolicismo e
criaram irmandades religiosas, que serviram
para se vincularem.
 As fugas promoviam aldeamento e a formação
de Quilombos, em locais de difícil acesso. Os
negros buscavam sobrevivência e auto-defesa
contra seus exploradores.
 O Quilombo dos Palmares resistiu durante 100
anos, até ser dizimado.
7
ABOLIÇÃO - 1888
 Em 13 de maio de 1888 adveio a Lei Áurea, que
aboliu a escravidão, há EXATOS 123 anos
atrás.
 A idéia de que os negros tinham maus
costumes e eram inferiores contribuiu para que
fossem isolados, colocados à margem da
sociedade, dificultando acesso ao emprego.
 Iniciou-se um mito de que a inclusão do negro
impediria o desenvolvimento do país. Para
substituí-los, deu-se início a imigração.
8
MOVIMENTO NEGRO
E A LUTA POR
RESPEITO E
INCLUSÃO
9
MOVIMENTO NEGRO
 Desprovidos de capital social, financeiro e
cultural, os negros viram na educação
formal um mecanismo de ascensão.
 A escola porém era eurocentrista.
 Desde 1950 ativistas negros lutam pela
inserção do negro.
10
MOVIMENTO NEGRO
 Durante o período da Ditadura Militar
(principalmente de 1964 a 1977) temas
raciais foram vistos como questão de
Segurança Nacional.
 1978 ressurge o Movimento Negro.
 Constituinte de 1986 recebeu 63
representantes de entidades ligadas ao
Movimento Negro de 16 Estados da
Federação: reivindicações não foram
atendidas.
11
MOVIMENTO NEGRO -
CONQUISTAS
 Constituição de 1988
 Art. 3º (..) IV - promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
 Artigo 5° (...) XLII - a prática do racismo constitui
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
 LEI 7.716 DE 1989 (crimes de preconceito)
 Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. Pena: reclusão de um a três
anos e multa.
12
APÓS A CONSTITUIÇÃO DE
1988
 1995: Marcha Zumbi dos Palmares contra
o Racismo e pela Cidadania e a Vida (300
anos da morte de Zumbi). FHC
reconheceu o Brasil como sendo um país
racista e recebeu o PROGRAMA DE
SUPERAÇÃO DO RACISMO E DA
DESIGUALDADE RACIAL.
13
APÓS A CONSTITUIÇÃO DE
1988
 CONSTITUIÇÃO DA BAHIA DE 1989:
 Art. 275 É dever do Estado (...) IV –
Promover a adequação dos programas de
ensino das disciplinas de geografia, estudos
sociais e educação artística à realidade
histórica afro-brasileira nos estabelecimentos
de 1º, 2º e 3º graus.
14
CONFERÊNCIA MUNDIAL - 2001
 O Brasil participou da 3ª Conferência
Mundial contra o Racismo, Discriminação
Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas
de Intolerância – África do Sul;
 Compromisso dos países envolvidos em
contribuir com a melhoria das condições
de vida do povo negro.
15
LEI 10.639 DE 2003
 Alterou a lei de diretrizes e bases da
educação.
 “Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio , oficiais e particulares,
torna-se obrigatório o ensino sobre História e
Cultura Afro-Brasileira”. Especial em
Educação Artística, História e Literatura.
 Inseriu o 20 de Novembro no Calendário
escolar.
16
REALIDADE
VIVENCIADA
17
DADOS DO IBGE (2004)
 1) a maioria dos ocupados nas seis
regiões metropolitanas - Recife, Salvador,
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo
e Porto Alegre - é branca (58%) e a maior
parte dos desocupados é negra ou parda
(50,4%);
18
 (2) há mais negros e pardos entre os
trabalhadores domésticos, por conta
própria e sem carteira assinada;
19
 (3) brancos, ocupados ou não, têm maior
escolaridade que negros ou pardos;
20
 (4) os grupamentos da construção e dos
serviços domésticos ocupam mais negros
ou pardos (em média, o dobro da
ocupação dos brancos), enquanto os
brancos têm percentuais relativamente
maiores na indústria e no grupamento da
saúde, educação e administração pública;
21
 (5) há um número maior de negros ou
pardos sub-ocupados e sub-remunerados;
22
 (6) o rendimento dos negros ou pardos é
menor (em média, duas vezes menor que
o rendimento dos ocupados brancos) e
mulheres desse grupo ganham menos
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23
 O percentual de 1% dos mais ricos no
Brasil é representado por 88% de pessoas
brancas.
 Dos 50% mais pobres 37% são brancos.
24
 Sant’Anna e Paixão apud Lopes (2006)
analisam que se o Brasil fosse dividido em
2 (um branco e outro negro) e
analisássemos as condições sociais de
cada um (educação, renda, esperança de
vida) seria como comparar a Espanha ao
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25
 Dentre as pessoas com nível superior
completo, apenas 14,38% são negras.
Entretanto, os negros (compreendendo
pardos e pretos) representam quase
metade da população do país.
26
RACISMO NO
BRASIL
27
PESQUISA SOBRE
RACISMO NO BRASIL
(FUNDAÇÃO PERCEU
ABRAMO 2005)
28
 Investigação da discriminação racial e
preconceito de cor no Brasil.
 5.003 entrevistados em 266 municípios
distribuídos pelas cinco macro-regiões do
país.
29
CRITERIO DE COR/RAÇA (IBGE)
BRANCO PARDO PRETO INDÍGENA AMARELO
45% 34% 16% 4% 2%
30
31
32
33
34
POSIÇÃO SOBRE AS COTAS
BRANCOS PRETOS PARDOS
56% A FAVOR 68% A FAVOR 59% A FAVOR
39% CONTRA 27% CONTRA 36% CONTRA
35
AÇÕES
AFIRMATIVAS -
CAMINHO
36
AÇÕES AFIRMATIVAS
 Joaquim Barbosa Gomes, “as ações
afirmativas se definem como políticas
públicas ou privadas voltadas à
concretização do princípio constitucional
da igualdade material e neutralização dos
efeitos da discriminação racial, de gênero,
de idade, de origem e de compleição
física”. (GOMES, 2003, p. 21).
37
 Unb e UFBA dentre as federais iniciaram
o movimento. Paralelo a estas, as
estaduais UERJ e UNEB no ano de 2004.
38
PROUNI
 Lei 11.096 de 13 de janeiro de 2005;
 Parceria público-privada;
 10 anos de duração;
 Inclusão de mais de 600 mil jovens
egressos de escolas públicas.
39
ESTATUTO DA IGUALDADE
RACIAL
 Lei 12.288 de 2010
 Artigo 15 “... Adotará programas de ações
afirmativas”.
 “Apoiará ações sócio-educativas do
Movimento Negro”.
 “Incentivará instituições com cursos de
pós-graduação voltados para temáticas
relacionadas aos negros”.
40
ESTATUTO DA IGUALDADE
RACIAL
 Protege os negros no ambiente de
trabalho: quem deixar de conceder
equipamentos provocando desigualdades
de condições em função de discriminação
de cor, etnia, religião, raça.
 Coíbe a quem impede a ascensão
profissional em função de função de
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 PERGUNTA: COMO PROVAR?
41
ESTATUTO DA IGUALDADE
RACIAL
 Medidas especiais de para coibir a
violência policial contra a população
negra;
 Instituirá ouvidorias permanentes de
Defesa da Igualdade Racial; (hoje já se
conta com a Defensoria Pública,
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 Ressocialização da juventude negra em
conflito com a Lei;
42
ESTATUTO DA IGUALDADE
RACIAL
 O poder Público (Federal, Estadual,
Municipal) poderá instituir Conselhos de
Promoção da Igualdade (membros do
poder público, sociedade civil organizada,
população negra);
 Recursos para pollíticas públicas serão
priorizados aos estados e municípios que
criarem os conselhos;
43
ESTATUTO DA IGUALDADE
RACIAL
 Art. 39. O poder público promoverá ações
que assegurem a igualdade de
oportunidades no mercado de trabalho
para a população negra, inclusive
mediante a implementação de medidas
visando à promoção da igualdade nas
contratações do setor público e o
incentivo à adoção de medidas similares
nas empresas e organizações privadas.
44
ESTATUTO DA IGUALDADE
RACIAL
 Art. 39. (...) § 5o Será assegurado o acesso ao
crédito para a pequena produção, nos meios rural e
urbano, com ações afirmativas para mulheres negras.
 § 6o O poder público promoverá campanhas de
sensibilização contra a marginalização da mulher
negra no trabalho artístico e cultural.
 § 7o O poder público promoverá ações com o
objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação
profissional nos setores da economia que contem com
alto índice de ocupação por trabalhadores negros de
baixa escolarização.
45
COTAS
 Igualdade material;
 Distribuição equitativa de oportunidades;
 Justiça social;
 Promoção de grupos excluídos;
 Critério de autodeterminação da cor;
 Critério de origem escolar;
 Nível da educação superior x Cotas;
46
REFERÊNCIAS
 Educação anti-racista; caminhos pela lei
Federal 10.639/03. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade, 2005.
 LOPES, Cristina (org.). Cotas Raciais, Por que
sim? 2 ed. Rio de Janeiro: Observatório
Cidadania, 2006, p. 44.
 QUEIROZ, Delcele Mascarenhas (coord.). O
negro na universidade. Salvador: UFBA/Novos
Toques, 2005.
 VALENTE, Ana Maria Lúcia E. F. Ser negro no
Brasil hoje. 11. ed. São Paulo: Moderna, 1994.
47
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  • 1. 1 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL RODRIGO EDUARDO R. CARDOSO Bacharel em Direito Mestrando em Cultura e Turismo
  • 3. 3 ESCRAVIDÃO  A escravidão era necessária, já que utilizando trabalhadores livres, haveria ameaça destes se tornarem proprietários.  Escravidão simbolizava segurança e economia.  Negros transformados em mercadoria pela política expansionista européia.
  • 4. 4 ESCRAVIDÃO  Os índios foram explorados, mas eram protegidos pelos jesuítas. Os portugueses, expandindo o domínio na África (séc. XV), iniciaram o tráfico e a escravização.  Alegaram que os negros já eram escravos em seus países de origem, e que, por serem de raça inferior e costumes primitivos deveriam ser civilizados e cristianizados.
  • 5. 5 ESCRAVIDÃO  Os negros já desenvolviam a agricultura, eram tecelões  Trabalhavam com ouro, bronze, cobre, madeira.  Possuíam costumes próprios, valores, religião.
  • 6. 6 RESITÊNCIAS - QUILOMBOS  Muitas revoltas ocorreram até o século XIX. Muitos negros se aproximaram do catolicismo e criaram irmandades religiosas, que serviram para se vincularem.  As fugas promoviam aldeamento e a formação de Quilombos, em locais de difícil acesso. Os negros buscavam sobrevivência e auto-defesa contra seus exploradores.  O Quilombo dos Palmares resistiu durante 100 anos, até ser dizimado.
  • 7. 7 ABOLIÇÃO - 1888  Em 13 de maio de 1888 adveio a Lei Áurea, que aboliu a escravidão, há EXATOS 123 anos atrás.  A idéia de que os negros tinham maus costumes e eram inferiores contribuiu para que fossem isolados, colocados à margem da sociedade, dificultando acesso ao emprego.  Iniciou-se um mito de que a inclusão do negro impediria o desenvolvimento do país. Para substituí-los, deu-se início a imigração.
  • 8. 8 MOVIMENTO NEGRO E A LUTA POR RESPEITO E INCLUSÃO
  • 9. 9 MOVIMENTO NEGRO  Desprovidos de capital social, financeiro e cultural, os negros viram na educação formal um mecanismo de ascensão.  A escola porém era eurocentrista.  Desde 1950 ativistas negros lutam pela inserção do negro.
  • 10. 10 MOVIMENTO NEGRO  Durante o período da Ditadura Militar (principalmente de 1964 a 1977) temas raciais foram vistos como questão de Segurança Nacional.  1978 ressurge o Movimento Negro.  Constituinte de 1986 recebeu 63 representantes de entidades ligadas ao Movimento Negro de 16 Estados da Federação: reivindicações não foram atendidas.
  • 11. 11 MOVIMENTO NEGRO - CONQUISTAS  Constituição de 1988  Art. 3º (..) IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.  Artigo 5° (...) XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;  LEI 7.716 DE 1989 (crimes de preconceito)  Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa.
  • 12. 12 APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988  1995: Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo e pela Cidadania e a Vida (300 anos da morte de Zumbi). FHC reconheceu o Brasil como sendo um país racista e recebeu o PROGRAMA DE SUPERAÇÃO DO RACISMO E DA DESIGUALDADE RACIAL.
  • 13. 13 APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988  CONSTITUIÇÃO DA BAHIA DE 1989:  Art. 275 É dever do Estado (...) IV – Promover a adequação dos programas de ensino das disciplinas de geografia, estudos sociais e educação artística à realidade histórica afro-brasileira nos estabelecimentos de 1º, 2º e 3º graus.
  • 14. 14 CONFERÊNCIA MUNDIAL - 2001  O Brasil participou da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância – África do Sul;  Compromisso dos países envolvidos em contribuir com a melhoria das condições de vida do povo negro.
  • 15. 15 LEI 10.639 DE 2003  Alterou a lei de diretrizes e bases da educação.  “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio , oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”. Especial em Educação Artística, História e Literatura.  Inseriu o 20 de Novembro no Calendário escolar.
  • 17. 17 DADOS DO IBGE (2004)  1) a maioria dos ocupados nas seis regiões metropolitanas - Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre - é branca (58%) e a maior parte dos desocupados é negra ou parda (50,4%);
  • 18. 18  (2) há mais negros e pardos entre os trabalhadores domésticos, por conta própria e sem carteira assinada;
  • 19. 19  (3) brancos, ocupados ou não, têm maior escolaridade que negros ou pardos;
  • 20. 20  (4) os grupamentos da construção e dos serviços domésticos ocupam mais negros ou pardos (em média, o dobro da ocupação dos brancos), enquanto os brancos têm percentuais relativamente maiores na indústria e no grupamento da saúde, educação e administração pública;
  • 21. 21  (5) há um número maior de negros ou pardos sub-ocupados e sub-remunerados;
  • 22. 22  (6) o rendimento dos negros ou pardos é menor (em média, duas vezes menor que o rendimento dos ocupados brancos) e mulheres desse grupo ganham menos ainda.
  • 23. 23  O percentual de 1% dos mais ricos no Brasil é representado por 88% de pessoas brancas.  Dos 50% mais pobres 37% são brancos.
  • 24. 24  Sant’Anna e Paixão apud Lopes (2006) analisam que se o Brasil fosse dividido em 2 (um branco e outro negro) e analisássemos as condições sociais de cada um (educação, renda, esperança de vida) seria como comparar a Espanha ao Zimbábue
  • 25. 25  Dentre as pessoas com nível superior completo, apenas 14,38% são negras. Entretanto, os negros (compreendendo pardos e pretos) representam quase metade da população do país.
  • 27. 27 PESQUISA SOBRE RACISMO NO BRASIL (FUNDAÇÃO PERCEU ABRAMO 2005)
  • 28. 28  Investigação da discriminação racial e preconceito de cor no Brasil.  5.003 entrevistados em 266 municípios distribuídos pelas cinco macro-regiões do país.
  • 29. 29 CRITERIO DE COR/RAÇA (IBGE) BRANCO PARDO PRETO INDÍGENA AMARELO 45% 34% 16% 4% 2%
  • 30. 30
  • 31. 31
  • 32. 32
  • 33. 33
  • 34. 34 POSIÇÃO SOBRE AS COTAS BRANCOS PRETOS PARDOS 56% A FAVOR 68% A FAVOR 59% A FAVOR 39% CONTRA 27% CONTRA 36% CONTRA
  • 36. 36 AÇÕES AFIRMATIVAS  Joaquim Barbosa Gomes, “as ações afirmativas se definem como políticas públicas ou privadas voltadas à concretização do princípio constitucional da igualdade material e neutralização dos efeitos da discriminação racial, de gênero, de idade, de origem e de compleição física”. (GOMES, 2003, p. 21).
  • 37. 37  Unb e UFBA dentre as federais iniciaram o movimento. Paralelo a estas, as estaduais UERJ e UNEB no ano de 2004.
  • 38. 38 PROUNI  Lei 11.096 de 13 de janeiro de 2005;  Parceria público-privada;  10 anos de duração;  Inclusão de mais de 600 mil jovens egressos de escolas públicas.
  • 39. 39 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL  Lei 12.288 de 2010  Artigo 15 “... Adotará programas de ações afirmativas”.  “Apoiará ações sócio-educativas do Movimento Negro”.  “Incentivará instituições com cursos de pós-graduação voltados para temáticas relacionadas aos negros”.
  • 40. 40 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL  Protege os negros no ambiente de trabalho: quem deixar de conceder equipamentos provocando desigualdades de condições em função de discriminação de cor, etnia, religião, raça.  Coíbe a quem impede a ascensão profissional em função de função de discriminação de cor, etnia, religião, raça.  PERGUNTA: COMO PROVAR?
  • 41. 41 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL  Medidas especiais de para coibir a violência policial contra a população negra;  Instituirá ouvidorias permanentes de Defesa da Igualdade Racial; (hoje já se conta com a Defensoria Pública, Ministério Público);  Ressocialização da juventude negra em conflito com a Lei;
  • 42. 42 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL  O poder Público (Federal, Estadual, Municipal) poderá instituir Conselhos de Promoção da Igualdade (membros do poder público, sociedade civil organizada, população negra);  Recursos para pollíticas públicas serão priorizados aos estados e municípios que criarem os conselhos;
  • 43. 43 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL  Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas.
  • 44. 44 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL  Art. 39. (...) § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mulheres negras.  § 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e cultural.  § 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da economia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores negros de baixa escolarização.
  • 45. 45 COTAS  Igualdade material;  Distribuição equitativa de oportunidades;  Justiça social;  Promoção de grupos excluídos;  Critério de autodeterminação da cor;  Critério de origem escolar;  Nível da educação superior x Cotas;
  • 46. 46 REFERÊNCIAS  Educação anti-racista; caminhos pela lei Federal 10.639/03. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.  LOPES, Cristina (org.). Cotas Raciais, Por que sim? 2 ed. Rio de Janeiro: Observatório Cidadania, 2006, p. 44.  QUEIROZ, Delcele Mascarenhas (coord.). O negro na universidade. Salvador: UFBA/Novos Toques, 2005.  VALENTE, Ana Maria Lúcia E. F. Ser negro no Brasil hoje. 11. ed. São Paulo: Moderna, 1994.