2. Nos últimos dois anos, nós descrevemos tecnologia genômica como uma
ferramenta poderosa. Ela propiciou aos produtores de leite um caminho
para progresso genético através do uso de touros jovens com os mais altos
níveis genéticos e habilidade de aperfeiçoar escolhas de sêmen em novilhas
testadas genomicamente. Assim, como nossa habilidade de analisar o gado
genômico cresceu, também o fez nossa curiosidade e compreensão. Além de
derivar PTA´s genômicos, existem pesquisas em andamento para descrever
e explicar a função de segmentos de genes ou cromossomos específicos,
também referidos como haploides. Através da melhor compreensão de como
haploides funcionam, há uma maior oportunidade de utilizar esta informação
em decisões de acasalamento.
Através de pesquisas, cientistas do USDA – AIPL(1) identificaram cinco
haploides que são inibidores de fertilidade quando ocorrem em um estado
de homozigose ou, em outras palavras, uma sequência específica de DNA é
herdada de ambos os pais. Três desses haploides são encontrados em gado
holandês, um haploide ocorre em jersey e outro em pardo suíço. Pesquisas
estão em andamento para futuramente descrever essa condição genética,
confirmar sua forma de hereditariedade e determinar o impacto econômico
total. Uma vez que a exata causa genética ou biológica ainda é desconhecida,
os haploides receberam nomes simples de Haplotipos Holandês 1 até 3 (HH1,
HH2, HH3), Haplotipo Jersey 1 (JH1) e Haplotipo Pardo Suíço 1 (BH1), nas
siglas em inglês.
A descoberta dos haplotipos impactando em fertilidade não é causa de
alarme, mas sim avanço em informação. Hoje em dia, em pesquisa genética,
é esperado que o gado siga um padrão como humanos, em que cada
indivíduo possua um gene ou haplotipo que poderia resultar em condição
genética indesejável se acasalado com outro com o mesmo haplotipo.
Agora, com mais informações, podemos utilizar isso para avaliar o risco de
um potencial acasalamento.
3. TABELA 1, abaixo, lista os ancestrais conhecidos para cada haplotipo e propicia a
frequência de ocorrência dentro de cada população genotipada. Além disso, a tabela
indica a redução total de taxas de concepção (TC) e a ausência de retorno em 60 dias
(NR) para acasalamento de carreador x carreador nos níveis de frequência atuais.
Ainda que estes haplotipos que impactam em fertilidade pareçam ser
herdados em uma natureza recessiva, similarmente a selecionar por pelo
vermelho ou contra defeitos como Mulefoot e Complexo de Má Formação
Vertebral, (CVM) na sigla em inglês, eles devem ser tratados diferentemente
em programas de acasalamento. Em um grande grau, o impacto econômico
desta condição genética já é contabilizado, pois em características qual taxa
de prenhez de filhas e taxa de concepção de touro (SCR), sigla em inglês.
HAPLOTIPO CROMOSSOMO FREQUÊNCIA
ANCESTRAIS
MAIS
RECENTES
CONHECIDOS
IMPACTO
NA TC
IMPACTO
NA TAXA NR
60DIAS
BH1 7 14.0%
West Lawn
Stretch
Improver
-3.4% -2.5%
HH1 5 4.5%
Pawnee Farm
Arlinda Chief
-3.1% -1.1%
HH2 1 4.6%
Willowholme
Mark Anthony
-3.0% -1.7%
HH3 8 4.7%
Gray View
Skyliner
Glendell
Arlinda
Chief
-3.2% -3.1%
JH1 15 23.4%
Observer
Chocolate
Soldier
-3.7% -3.7%
4. Excluir touros ou fêmeas que possuam um ou mais dos haplotipos do seu
programa reprodutivo pode ter um impacto mínimo em melhorar a concepção
total do rebanho e ainda resultar em redução no ganho genético.
Conforme afirmado por Dr. Kent Weigel, em um recente artigo detalhando os
haplotipos que impactam em fertilidade e seus impactos nos programas de
reprodução, “O Mérito Líquido Vitalício (MLV) pesa todas as características
de acordo com seus valores econômicos; sendo assim, touros que carreiam
BH1, HH1, HH2, HH3 ou JH1 já foram penalizados no MLV. A magnitude
desta penalidade depende da frequência dos haplotipos dentro da raça,”.
A Tabela 2, explicando o potencial econômico, é adaptada deste artigo.
TABELA 2. Cenário para Perdas Econômicas de Haplotipos que Afetam
Fertilidade
Se 20% das vacas de um rebanho carrear o haplotipo.
Para cada 100 acasalamentos, 20 vacas carrearão haplotipo.
½ ou 10 dos seus óvulos carrearão haplotipos.
½ ou 5 dos embriões resultantes do acasalamento com um touro carreador serão
homozigotos para o haplotipo.
Embriões homozigotos perdidos entre 5-10 dias de gestação.
Cada uma das 5 vacas terá custado um aumento de aproximadamente 30 dias vazias.
A um custo extra por dia vazia de US$ 2.
Perda econômica total por 100 acasalamentos: 5 vacas x 30 dias por vaca x US$ 2 por
dia = US$ 300 ou cerca de US$ 3 por acasalamento.
5. Weigel continua: “Agora assuma que o MLV deste touro seja +$600, e
decidimos comprar sêmen de outro touro que seja +$500. Nós abdicamos
de US$97 na nossa tentativa de economizar US$3,00. Além disso, aqueles
US$3 já estavam incluídos nas primeiras avaliações do MLV daquele touro.”
Aqui está outra forma de avaliar risco. Com aproximadamente 1.400 touros
holandesesdisponíveisnaindústria,14-15%carregamumoumaishaplotipos.
Com a frequência atual, a probabilidade de acasalar dois animais carreadores
é de sete em mil acasalamentos. Um rebanho com uma média de 31% de
TC melhoraria apenas 0,36% eliminando um touro que possua um haplotipo.
Novamente, esta informação já está expressa no SCR e Prenhez de Filhas e,
se nós evitarmos comprar sêmen de touros que carregam estes haplotipos,
estaremos duplamente pesando seus efeitos.
Em conclusão, estamos apenas no início do aprendizado sobre o genoma
bovino e como podemos incorporar a informação nos programas de
acasalamento e manejo de precisão. Conforme aprendemos mais, o objetivo
deveria ser identificar o impacto econômico correspondente. A partir daí, o
bom senso deve prevalecer.
6. Por
ANGIE COBURN,
Vice-Presidente de Genética Leiteira da CRI
www.CRIgenetica.com.br
PONTOS DE SUMÁRIO:
• (1) Laboratório de Melhoramento Animal do Departamento de Agricultura
dos EUA.
• Haploides são partes de cromossomos e podem ser rastreadas através
de gerações com genotipagem de DNA. Cinco haplotipos que impactam
a fertilidade foram identificados com pesquisa em andamento para
descrever funções biológicas e avaliação de impacto econômico.
• Em holandês, a frequência de acasalamento aleatório de dois
carreadores é sete em cada mil acasalamentos.
• Perdas esperadas já são contabilizadas na seleção por taxa de
Prenhez de filhas e SCRs, e MLV é uma boa medida para ganho
econômico líquido.
• Para uma lista de touros da CRI em condição de haplotipos, visite
http://genex.crinet.com/haplotype