A distrofia muscular de Duchenne (DMD), é uma doença neuromuscular causada por uma mutação genética no cromossomo X, afetando apenas crianças do sexo masculino. Porém a menina pode ser portadora da DMD, mas não desenvolve, tendo assim, chances de passar ao seu filho se no caso for do sexo masculino.
A DMD leva à uma degeneração progressiva da musculatura esquelética e cardíaca. É causada por uma mutação no cromossomo X no gene Xp21, a qual codifica a proteína distrofina, onde na DMD essa proteína terá uma deficiência em sua produção, permitindo assim um maior ingresso de cálcio intracelular, determinando a necrose das fibras, fagocitose, reações inflamatórias e infiltração adiposa no tecido muscular.
2. É caracteriza-se pela deficiência ou ausência da
proteína distrofina na superfície da membrana
da célula muscular.
Essa especificidade a distingue das demais
deficiências motoras, pois qualquer esforço
muscular que cause um mínimo de fadiga
contribui para a deterioração do tecido
muscular.
3. Apresenta caráter degenerativo e hereditário,
com evolução progressiva e irreversível da
musculatura esquelética, devido ao defeito
bioquímico intrínseco da célula muscular.
Não há envolvimento da medula espinhal, do
sistema nervoso periférico ou da junção
neuromuscular.
DMD
4.
A herança é recessiva ligada ao X,
manifestando-se, portanto, em pacientes do
sexo masculino e tendo as mulheres como
portadoras.
Até um terço dos casos pode ser esporádico,
ou seja, não se identifica história familiar e
corresponde a mutações novas do gene.
5. A DMD apresenta incidência de 1 para cada
3.500 recém-nascidos do sexo masculino, sendo
considerada a doença neuro-muscular mais
frequente da infância.
No Brasil, ocorrem por ano, cerca de 700 novos
casos da distrofia.
6.
Os primeiros sintomas da doença acontecem
entre 1 e 4 anos de idade, como:
Atraso no início da marcha e/ou da linguagem
Quedas frequentes
Marcha típica (anserina e digitígrada)
Dificuldades para subir escadas ou levantar-se do
chão (sinal de Gowers)
Pseudo-hipertrofia de panturrilhas.
Sintomas
8.
A fraqueza muscular é simétrica e progressiva,
acometendo inicialmente a musculatura dos
membros inferiores até a perda da capacidade de
deambulação.
Posteriormente acomete a musculatura dos
membros superiores.
E por fim, a musculatura intercostal, levando a
dificuldade respiratória e óbito, em geral na
segunda década de vida.
9.
O diagnóstico pode ser realizado através de exames
complementares como:
Dosagem sérica de creatinofosfoquinase (CPK).
Eletroneuromiografia (ENMG).
Analise molecular.
Biopsia muscular.
Diagnóstico
10. A CPK é uma enzima muscular que se encontra
muito elevada nos casos de DMD. O aumento pode
chegar a 300 vezes e é detectado já ao nascimento.
Com a progressão da doença, os níveis desta
enzima tendem a diminuir.
É um exame simples, de fácil realização, acessível e
de baixo custo, portanto pode e deve ser solicitado
pelo pediatra antes do encaminhamento ao
especialista.
Dosagem sérica de
creatinofosfoquinase (CPK)
11. Meninos incapazes de andar sozinhos até os 18
meses.
Meninos incapazes de falar no minimo 10 palavras
até os 2 anos.
Meninos com marcha desajeitada com menos de 4
anos.
Meninos incapazes de correr ou pular até os 4 anos.
Meninos que referem dor nas panturrilhas ou pernas
com menos de 4 anos.
Alguns autores recomendam a realização da dosagem
sérica de CPK em alguns casos, como:
12. Diagnóstico pouco utilizado por ser um exame
doloroso e de difícil realização em crianças. Sua
função é localizar a doença no músculo ao demonstrar
um padrão miopático.
A eletroneuromiografia é realizado em duas fases, na
primeira, fixa-se eletrodos na pele para o estimulo dos
nervos, realizado em vários pontos, e depois introduz-
se eletrodos finos como agulha de acupuntura nos
músculos, para analisar a atividade dos músculos.
ENMG
13.
O exame de DNA em sangue periférico ou
raspado de mucosa oral tem sido muito
importante para o diagnóstico, evitando, em
muitos casos, a realização de exames invasivos
como a biopsia muscular ou a ENMG. O defeito
genético mais comum é a deleção no
cromossomo Xp21, onde se localiza o gene
da distrofina. Podem ser encontradas, ainda,
duplicações ou mutações de ponto.
Análise molecular
14.
É utilizada quando o diagnóstico molecular é
inconclusivo. É obrigatória a análise por
imuno-histoquímica para que possa ser
evidenciada a ausência de distrofina.
Biopsia muscular
15. Não existe, atualmente, tratamento curativo para a
Duchenne.
A terapia consiste em métodos paliativos, como
fisioterapia motora e respiratória, cirurgias ortopédicas
corretivas para escoliose e retrações fibrotendíneas.
O uso do corticoide é capaz de provocar uma modifi-
cação no curso natural da doença, melhorando a força
muscular, retardando de 1 a 3 anos o confinamento à
cadeira de rodas e a progressão da cifoescoliose.
Tratamento
16. Fisioterapia motora
Tem como objetivo conservar força muscular,
amplitude de movimento e controla as contraturas:
Alongamento da musculatura flexora de quadril,
tríceps sural e banda iliotibial.
Exercícios de baixo impacto e sem resistência.
Exercícios de equilíbrio, coordenação e de
preservação da marcha.
17. A cinesioterapia é o recurso bastante usado, por
meio de exercícios ativos livres, ativo-assistidos ou
passivos, dependendo da necessidade de auxílio do
paciente. O tratamento deve ser aplicado com
cautela, evitando que os pacientes cheguem à fadiga
muscular. A dor muscular no período de 24 horas
após o término do exercício é um indício de que a
atividade foi excessiva.
18. Fisioterapia Respiratória
Tem como objetivos treinar e manter a
musculatura respiratória como forma de retardar a
instalação de complicações respiratórias.
Manter a mobilidade do gradil costal.
Exercícios para manter a força da musculatura
inspiratória e expiratória. Ex: Threshold, assoprar a
vela, aspirar a flor.
Técnicas de higiene brônquica para diminuir o
acumulo de secreções.
19. Com a evolução da doença, uma das opções da
manutenção de uma fisioterapia efetiva está
relacionada com a transferência da atividade física
para o meio aquático.
Devido as propriedades físicas da água, a
movimentação voluntária e adoção de diversas
posturas podem ser facilitadas e os exercícios de
alongamento muscular podem ser realizados com
alívio da dor e melhora da funcionalidade, além de
facilitar os exercícios respiratórios e o treino de
marcha.
Hidroterapia
20. Podem ser realizadas condutas como:
Alongamento dos músculos posteriores dos MMII;
Fortalecimento dos MMSS e MMII;
Flutuação com o auxilio de um macarrão,
estimulando o equilibrio;
Em ortostatismo, estimulando o pct a pegar objetos
enquanto o terapeuta cria turbulência ao seu redor;
Exercícios respiratórios com a criança sentada e na
horizontal enquanto flutua;
Movimentos lentos proporcionando relaxamento e
redução da dor, com o paciente flutuando com a
ajuda do terapeuta.
21.
A hidroterapia é um recurso capaz de
retardar a progressão da Distrofia Muscular
de Duchenne.
22.
Referências
FILHO, MAIA, Heber Souza. Série Soperj - Neurologia - Pediatria. Guanabara
Koogan, 09/2014. VitalSource Bookshelf Online.
Cartilha Sobre Distrofias - Associação Carioca dos Portadores de Distrofia
Muscular.
Fachardo, G. A. Carvalho S. C. Vitorino D. F. Tratamento hidroterápico na
Distrofia Muscular de Duchenne: Relato de um caso. Revista de
Neurociências, v. 12, n. 4, p. 217-221, out/dez 2004
Melo, A. P. Carvalho, F. A. Efeitos da fisioterapia respiratória na Distrofia
Muscular de Duchene – Relato de Caso. Revista de Neurociência, v. 19, n. 4,
p. 686-693, 2011.