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1
SAULO EMMANUEL ROCHA DE MEDEIROS
A SEMENTE DO MAL
“CHEGARÁ O DIA EM QUE A ÚNICA COISA QUE LHE RESTARÁ SERÁ A FÉ”
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SAULO EMMANUEL ROCHA DE MEDEIROS
A SEMENTE DO MAL
“Chegará o dia em que a única coisa que lhe restará será a fé”
2ª edição
Olinda, 2012
3
Copyright 
Saulo Emmanuel Rocha de Medeiros
Programação visual
Saulo E. R. de Medeiros
Capa
Daniela Dubeux
Revisão da 2ª edição
Norma Baracho Araújo
ISBN (0000000)
Contato com o autor:
saulolee@ig.com.br
http://www.wix.com/saulolee/saulomedeiros
Direitos exclusivos desta edição reservados pelo autor
Essa obra poderá ser reproduzida de maneira integral ou parcial. O uso de imagem ou em
campanhas só através de solicitação formal e autorização expressa do autor.
M488S Medeiros, Saulo Emmanuel Rocha, 1974 – A semente do mal: Chegará o
dia em que a única coisa que lhe restará será a fé/ Saulo Emmanuel Rocha de Medeiros
– Olinda-PE: Edição Digital, 2012.
47p.
1. Ficção brasileira – Pernambuco. 2. Fé ficção. 3. Religião e literatura.
CDU 869.0(81)-3
CDD 869-3
4
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança nos fatos é pura coincidência.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, a fonte inspiradora da vida.
Agradeço também a Deus porque me abençoou com o dom de acreditar
nas coisas em que poucos acreditam; porque me dá forças para resistir a
obstáculos, diante dos quais muitos sucumbiram ao primeiro tombo; porque
acredita que os pequenos gestos podem levar o homem às grandes coisas;
porque não sinto inveja das pessoas que têm mais que eu; porque tenho
discernimento para distinguir o certo do errado; porque não vivo das
lembranças do passado, aceito o presente e espero sempre o melhor do futuro;
porque gosto de ajudar o próximo e não espero receber nada em troca; porque
posso contemplar o mar, o ar, o céu, as estrelas e todas as belezas que meus
olhos podem enxergar; porque posso ouvir o canto dos pássaros, o som das
águas e o barulho do vento; porque posso caminhar entre as pessoas, com
meus amigos, e posso ir aonde minhas pernas me levarem.
Agradeço a Deus o dom da vida; a família e os amigos que me cercam.
Agradeço a Deus por nada, simplesmente pelo fato de agradecer.
Agradeço também aos meus familiares e amigos porque, de uma forma
ou de outra, todos foram importantes na elaboração deste livro.
Agradeço aos amigos Paulo Cerqueira e Norma Baracho pela
colaboração na concretização desta obra.
Por fim, agradeço aos meus pais Cleonice da Rocha de Medeiros (em
memória) e Jorge Salvino Carvalho de Medeiros (em memória) por terem me
ensinado a respeitar todas as diferenças e manifestação das crenças.
6
DEDICATÓRIA
Dedico este livro à pessoa que mais me apoiou e me incentivou nesta
trajetória, contribuindo com suas críticas e sugestões: Juliana de Souza dos
Santos Medeiros, minha esposa.
7
APRESENTAÇÃO
Existe um Salmo na Bíblia, o de número 89, que diz: Deus é amor fiel,
uma oração de súplica numa catástrofe com especial menção da promessa de
Deus feita à dinastia de Davi.
O amor e a fidelidade são termos básicos da aliança e dão a tônica a
todo este livro.
Acima de homens e autoridades está Deus. Ele afirma o governo deles
com amor e fidelidade, a fim de produzir Justiça e Direito.
A fé autêntica é aquela que encarna a fidelidade em Deus e ao seu
projeto dentro da situação histórica concreta em que o povo está vivendo.
Deus estará sempre aliado àqueles que lutam com fé para conquistar a
liberdade e a vida, procurando destruir toda e qualquer forma de escravidão e
morte. Tal luta, porém, não se deve realizar de forma temerária. É preciso agir
com discernimento, para realizar ações verdadeiramente eficazes, coerentes
com a fé que nos leva à vida.
Assim, A Semente do Mal foi escrito, com o objetivo de fazer com que as
pessoas percebam que Deus não quer que sejamos gananciosos, orgulhosos
ou que nos esqueçamos de nossas famílias por conta da situação difícil em
que vivemos – neste mundo cada vez mais capitalista – e que leva as pessoas
a se agredirem, a esquecer o próximo, a matar o semelhante, e tudo por
motivos fúteis, que nos impedem de ter a consciência de que Deus é a única
fonte de luz; Ele que sofreu, que lutou, e que nunca perdeu a fé de que nós,
como irmãos, poderíamos mudar o mundo, transformando nossas vidas, e a
das pessoas que nos rodeiam. Nossa ambição, porém, nos faz esquecer de
agradecer-Lhe por tudo que somos e temos. A Ele só damos importância
quando passamos por dificuldades.
E quando não alcançamos aquilo que pedimos, o blasfemamos.
8
Mas Deus escuta a tudo e a todos, e devemos ter fé para que nossos
pedidos sejam alcançados no momento certo, acreditando sempre na
promessa de que Deus não nos dá um fardo maior do que aquele que
podemos carregar.
Juliana de Souza dos Santos Medeiros
9
MENSAGEM DO AUTOR
Ser feliz é acreditar que a felicidade existe e que foi feita para todos.
Para os homens que têm Deus no coração, as coisas se tornam mais
fáceis porque Ele se faz presente em toda a sua plenitude, seja nas árvores,
nos animais, na natureza, no coração do homem.
Somos cegos, surdos e mudos num Reino tão belo do acaso. O acaso
que nos leva todos os dias ao trabalho em nossas prisões de luxo, que nos
afasta de nossas famílias, de nossos amigos. Lutamos com unhas e dentes por
espaço; um espaço que às vezes poucos querem, mas que infelizmente é o
que nos resta. Nossa ambição aos poucos se confunde com ganância, uma
ganância ordinária que se alastra por um mundo doente, cheio de mazelas e
diferenças sociais e que nos impede de perceber se somos uns pobres
escravos perecendo um pouco a cada dia diante desse sistema voraz, ou se
somos os senhores do nosso destino, e escolhemos caminhar para um abismo
de sombras e incertezas, sombras estas que cerceiam nossa visão do
horizonte e que nada mais são do que a mácula que envolve nossas almas
porque não temos fé, não temos a convicção de que Deus é a única fonte de
luz que pode se propagar nas trevas do espírito sejam essas trevas a
incerteza, a depressão, a falta de paz, de compreensão, a ganância, a falta de
afeto, a falta de amor...
10
11
Voltando do Rio Jordão, Jesus é levado pelo Espírito Santo ao deserto,
onde é tentado pelo Diabo.
E, depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, Jesus
estava com fome. Então o Diabo [chega] perto dele e [diz]:
– Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras virem pão.
E Jesus responde:
– As Escrituras Sagradas afirmam: “O ser humano não vive só de pão,
mas vive de tudo o que Deus diz.”
Depois o Diabo [leva] Jesus para um monte muito alto, [mostra-lhe]
todos os reinos do mundo e as suas grandezas e [diz]:
– Eu lhe darei tudo isso se você se ajoelhar e me adorar. Darei a você
todo este poder e a glória destes reinos, porque eles me foram dados, e eu os
dou a quem bem me parece. Portanto, se você, na minha presença, se prostrar
de amores, serão seus todos eles.
Respondendo, Jesus lhe diz:
– As Escrituras Sagradas afirmam: “Adore o Senhor, seu Deus, e sirva
somente a ele.”
Dando indícios de que já está possuído pela cólera, o Diabo [leva] Jesus
até Jerusalém, a Cidade Santa, e o [coloca] no lugar mais alto do Templo.
E diz:
– Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui abaixo, pois as Escrituras
Sagradas afirmam: “Deus mandará que os seus anjos cuidem de você. Eles
vão segurá-lo com as suas mãos, para que nem mesmo os seus pés sejam
feridos nas pedras.”
E Jesus responde:
– Mas as Escrituras Sagradas também dizem: “Não ponha à prova o
Senhor, seu Deus.”
Acabada a tentação, retira-se o Demônio até certo ponto, e eis que se
aproximam os anjos de Jesus e o servem.
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Saciando sua fome, Jesus repousa sobre uma pedra. Mas a presença
maligna retorna.
– Jesus, Filho do Deus. Por que você me despreza!? Agora, seus filhos
pagarão pela sua insolência. Semearei a discórdia, a inveja e a ganância no
coração dos homens!
Jesus interrompe seu repouso e se levanta.
– Vai-te Satanás, volta para o teu reino de trevas!
E o Diabo, em tom irônico, responde:
– Quem você pensa que é? Você é apenas o Filho do Pai e nada mais
que isso!! O único que poderá impedir que eu cumpra meu objetivo é o Todo
Poderoso. Você não tem poderes para isso!
E o Diabo começa a evocar todo o Mal que rodeia a terra. Por um
momento, o dia começa a se transformar em noite, as pessoas correm
assustadas no meio da escuridão. O céu torna-se anuviado, passa a um tom
escuro avermelhado, é como se o inferno descesse sobre suas cabeças. Jesus
então ordena que o Diabo pare, mas ele não escuta suas palavras. Então...
Jesus ergue suas mãos para o céu e começa a rezar, mas nada
acontece; a escuridão é quase absoluta. O Diabo não pára de rir e ironizar o
Filho do Pai, que chora pelos seus filhos.
– Como eu havia dito, você é um fraco que tem de se curvar perante os
céus e chorar pedindo clemência pelos seus filhos; mas, nem mesmo assim,
consegue forças suficientes para reverter essa situação.
E Jesus responde:
– Não é por eles que choro, mas sim por ti! Pedi clemência ao Pai, para
que me perdoe pelo que vou fazer agora.
Recolhendo-se em oração, Jesus fecha os olhos, ergue os braços e os
abre em direção aos céus. E uma língua de fogo rasga o espaço e vem em sua
direção. A luz é tão intensa que se propaga nas trevas clareando todo o local.
Logo o céu começa a se abrir novamente. A luz vai se derramando lentamente
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sobre o Diabo, o cobre como um manto, e o aprisiona. E ele fica estático, sem
poder se mover. Jesus anda em sua direção e lhe diz:
– Por tudo que fazemos pagamos um preço nesta vida, aquele que
escolhe o caminho do mal acaba pagando um preço mais alto, e o teu castigo
será a prisão eterna.
Jesus abre os braços mais uma vez e faz com que a redoma de luz suba
até a altura de sua cabeça, ele a pega em suas mãos e começa a comprimir o
Demônio até que ele tome a forma de uma semente, depois ele se abaixa e
pega um punhado de areia, e o esfrega nas mãos, formando uma redoma de
vidro, dentro dela coloca a semente e lacra aquele minúsculo pote de vidro.
Jesus resolve, então, enterrá-la na Cidade Santa de Jerusalém, mas, antes de
enterrá-la, ele ouve a voz do Mal.
– Não pense que isso se encerra aqui! Eu estarei presente no coração
dos homens, sejam eles bons ou maus. Justamente daqueles que você julga
fiéis, é que virá a traição; aqueles que não o compreenderem sentenciarão sua
perseguição e morte. O Mal prevalecerá!
E Jesus enterra a semente do Mal no meio da Cidade Santa, para que
nunca mais seja encontrada.
Mas o Mal se fará presente na vida das pessoas por um longo tempo.
* * *
14
Faltam dois dias para a Páscoa e os príncipes, os sacerdotes e os
escribas conspiram um modo de tirar a vida de Jesus, porém temem uma
reação do povo. Judas Iscariotes, um dos discípulos do Messias, prostra-se
diante do seu Senhor como um anúncio do que está por vir.
Dias antes do início da festa, Judas vai ao encontro dos príncipes, dos
sacerdotes e dos magistrados para acertar a forma como irá entregar Jesus.
Eles acordam a traição e lhe prometem dinheiro. E Judas dá sua palavra de
que em dada ocasião, entregará Jesus sem que haja tumulto.
Chega o dia da Páscoa, e Jesus encarrega a Pedro e a João de uma
tarefa, dizendo:
– Ide preparar a Páscoa, para que possamos comer.
E lhe perguntam:
– Onde queres que nós a preparemos?
E responde-lhes Jesus:
– Quando entrardes na Cidade Santa, ide ao encontro de um certo
homem, que vos levareis a uma bilha de água. Segui-o até a casa em que ele
entrar. Dizei ao pai da família que o Mestre vos manda perguntar onde está o
aposento que lhe dará, para que nele, juntamente com meus discípulos, possa
comer a Páscoa? E ele vos mostrará uma grande sala toda ornada, e ali vós
começareis os preparativos.
É chegada a hora, e põe-se Jesus à mesa com seus doze apóstolos e
lhes diz:
– Tenho desejado ansioso comer convosco esta Páscoa antes da minha
Paixão. Pois vos declaro que não tornarei a comer até que ela se cumpra no
Reino de Deus.
Depois de tomar o cálice, dá graças, e diz:
– Tomai-o, e distribuí-o entre vós: porque vos declaro que não tornarei a
beber do fruto da vida enquanto não chegar ao Reino de Deus.
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Também depois de tomar o pão, dá graças, e parte-o, e dá aos seus
discípulos, dizendo:
– Este é o meu corpo, que se dá por vós: fazei isso em memória de mim.
Toma também da mesma sorte o cálice, dizendo:
– Este cálice é o novo testamento em meu sangue, que será derramado
por vós. Entretanto, aquele que há de me entregar, está à mesa comigo. E lhes
digo que o Filho de Deus não vai de encontro ao que está decretado! Mas ai
daquele homem por quem ele há de ser entregue.
Surpresos com as palavras do Messias, os discípulos inquietam-se;
deles haverá de trair o Filho de Deus?
Indo Jesus, como era de seu costume, para o Monte das Oliveiras, seus
discípulos o seguem. E, chegando lá, Jesus lhes diz:
– Orai para que não entreis em tentação.
E Jesus, de joelhos, ora, dizendo:
– Pai, se é do Teu agrado, transfere de mim este cálice! Não se faça,
contudo, a minha vontade, senão a Tua...
Estando ele ainda orando, eis que chega um tropel de gente, armados
com espadas e varapaus. Satanás entrou em Judas, que vem à frente deles, e
se chega a Jesus para o beijar. E Jesus lhe diz:
– Judas, então tu entregas o Filho do Pai dando-lhe o beijo da morte?
E Jesus sente que a essência da energia do Diabo se dissipa do
coração de Judas, mas já é tarde. Os apóstolos desejam lutar, mas ele pede
que o deixem em paz. E Jesus anuncia aos sacerdotes, aos magistrados do
Templo e aos anciãos:
– É chegada a hora, eis o poder das trevas.
E eles o levam. Pedro o segue de longe. Tendo-se acendido fogo no
meio do pátio, e sentando-se todos em roda, está Pedro no meio deles. Então
uma escrava, que o vê sentado ao fogo, depois de o reconhecer, brada:
– Este também era da companhia daquele homem!
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– Mulher, eu não o conheço! – responde Pedro.
E daí a pouco, vem outro com mais outra acusação.
– Homem, eu não sei do que você está falando! – retruca Pedro
novamente.
E no mesmo ponto, quando ele ainda falava, canta o galo. Pedro olha
para baixo e lentamente ergue sua cabeça fixando seu olhar na direção do
Cristo, e lembra das palavras que o Senhor lhe havia dito: “Antes que o galo
cante, me negarás três vezes”. E, andando para fora, Pedro chora
amargamente. E Jesus sente que a essência do Mal se dissipa do coração de
Pedro.
Aqueles que haviam prendido Jesus fazem escárnio, ferem-no,
machucam-no. Vendam-lhe os olhos, e batem na sua face; dizem afrontas e
blasfemam contra ele. E levam-no perante o Conselho, que diz:
– Se Tu és o Cristo, diz-nos.
– Se o disser, não havereis de me dar crédito. E também se vos fizer
qualquer pergunta, não havereis de me responder, nem me deixareis ir. Mas
depois disso tudo, estará sentado o Filho de Deus à direita do poder de Deus.
Então todos dizem:
– Logo, tu és o Filho de Deus!?
– Vós o dizeis que eu o sou.
– Então, se és Filho de Deus, porque não escapastes quando podias?
– Que seja feita a vontade de Deus – responde Jesus.
E Jesus é levado, então, à presença de Pilatos e Herodes, porém o povo
pede logo sua sentença, gritando:
– Crucifiquem-no! Crucifiquem-no!
E Jesus segue em direção ao seu calvário e ali o crucificam. De súbito,
mais uma vez, ele consegue ver a essência do Mal se dissipar do coração
daqueles que o perseguem e pede clemência.
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– Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.
* * *
18
Os séculos se passam...
As Cruzadas; a Guerra dos Cem Anos; a Revolução Francesa; a Guerra
da Secessão; a Primeira e Segunda Guerras Mundiais!
Jesus conversa, então, com Deus.
– Pai, vejo que no homem, criado a Tua imagem e semelhança não
prevaleceram Teus ensinamentos, pois, ao contrário do que pregaste – a paz,
a harmonia, o amor e a fé – eles tudo resolvem com revoluções e guerras. Seja
por ideais de liberdade e prosperidade, seja pela ganância que arde em seus
corações. Não basta terem derramado meu sangue, agora querem derramar o
seu próprio sangue.
– Meu Filho, hoje eu te pergunto: Será que valeu a pena teu sacrifício
por aqueles que já viram que violência só gera violência; que destruindo o
planeta e suas matas, e seus mares, e poluindo o ar e os rios, um dia pagarão
um preço alto por isso?
– Sim, Pai, valeu a pena! Meu sacrifício não foi em vão. Mesmo que a
maioria dos seres do planeta esteja corrompida pela essência do Mal, ainda
assim acredito que o sacrifício mesmo em favor de poucos, rendará frutos. O
que me entristece é o fato de ter enterrado o Mal, e ele ainda sobreviver nos
lares, nas empresas, nas relações entre os homens sejam elas profissionais ou
emocionais.
– Meu Filho, o Mal é como uma semente que vive no coração das
pessoas. Cada um escolhe se vai regá-la ou não.
E o homem continua de forma irracional a explodir, a massacrar, a
aniquilar o seu semelhante, seja em casa, na rua, nas escolas...
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“Filha planeja com o namorado a morte dos pais para ficarem com a herança”
“Estudante fuzila vários espectadores dentro de uma sala de cinema”
“Amigo mata o outro em discussão por causa de um pedaço de pão”
“Pai mata filho depois de sofrer ameaças”
“Neto mata a avó a pancadas”
E Jesus volta a conversar com Deus.
– Pai, o que está havendo? A vida na terra perdeu o valor, as pessoas
matam umas às outras por nada! O que devo fazer?
– Meu Filho, não te aflijas! Tudo o que podias fazer, já fizeste. Lembra-te
que tua vida foi dada em sacrifício aos homens e que, apesar disso, hoje, não
mais habitas nos seus corações. A ganância, a inveja, e tudo aquilo que o Mal
forjou durante todo esse tempo, está muito presente em suas vidas.
– Pai, peço a Ti, mais uma vez, que me permita entrar nos lares das
pessoas; quem sabe ainda não as possa salvá-las!
– Não, meu Filho, não há mais salvação para o homem, pois o Mal,
mesmo enterrado, ainda tem poder. E não te esqueças de que não foste tu que
saíste da vida das pessoas; elas é que te expulsaram. Elas preferem cultivar a
semente da luxúria, do sexo banal, das drogas e tudo que o Diabo aprecia.
– Pai, a ganância do homem será o seu túmulo!
* * *
20
11 de setembro de 2001, o mundo fica abalado com o ataque aos
prédios do World Trade Center, milhares de pessoas mortas e feridas, o mundo
presencia o início da guerra contra o terror.
Gritos de misericórdia ecoam pelo mundo:
– Deus, tenha compaixão de nós! – Deus, por que nos abandonaste!?
E Jesus volta a conversar, agora com sua Mãe, Nossa Senhora:
– Mãe, como os seres humanos são confusos! Eles se esquecem de
mim em todos os momentos bons de suas vidas. E quando falam comigo, só o
fazem para pedir alguma coisa, e sempre se esquecem de agradecer quando
recebem as graças; e quando as coisas não acontecem do jeito que querem,
culpam-me, renegam-me... O que posso fazer se eles é que me
abandonaram!?.
– Não te aflijas, meu Filho! Eles são humanos e erram, perdoa-lhes; eles
são dignos de tua misericórdia.
* * *
21
George W. Bush, presidente dos Estados Unidos declara guerra ao
Iraque. O massacre dura dias, milhares de inocentes, mais uma vez,
sucumbem à irracionalidade daqueles que detêm o poder.
Após a morte de vários inocentes, George Bush declara ao mundo a
captura de Saddan, e o iguala a Satã, ou seja, o maior inimigo dos norte-
americanos. Todos querem tomar o lugar de Deus, julgando, sentenciando;
porém, cada um é senhor do seu destino, mas não o é senhor do tempo, e este
os ensinará.
Depois do ataque, a luta continua no Iraque, mas o pior ainda está por
vir. Um míssil norte-americano, aparentemente afetado por uma tempestade
magnética, perde as coordenadas e cai na Palestina, mais precisamente na
Terra Santa de Jerusalém, matando milhares de peregrinos e deixando a
cidade em ruínas. A repercussão é mundial; a população do Oriente Médio
repudia o ataque. O mundo reage à ofensa norte-americana com passeatas e
manifestações em todos os continentes do planeta. A população “pede a
cabeça” do presidente norte-americano.
Agindo com bom senso, o presidente vai à mídia, retrata-se e pede
desculpas pelo incidente, mas o caos está instaurado. Logo as comunidades
orientais unem-se pelo mundo num boicote aos produtos de origem norte-
americana; lojas, empresas, as embaixadas dos Estados Unidos e dos países
aliados espalhadas pelo mundo são depredadas; o mercado fica instável e as
bolsas de valores começam a operar em baixa; o barril de petróleo bate novo
recorde; países de terceiro mundo sentem a pressão; o FMI não renegocia
dívidas nem abre novos acordos de empréstimos; os países de primeiro mundo
se retraem para o fortalecimento de suas economias, o apocalipse se
aproxima.
Revoltados com as medidas drásticas, os blocos inferiores, formados
pelos países de terceiro mundo unem-se numa conferência que fica conhecida
por holocausto, na qual seus líderes decidem deflagrar guerra aos países de
primeiro mundo pelos maus-tratos e pela exploração de seus povos durante
todos esses anos. Dentre os líderes, representantes de países como o Brasil, a
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Argentina, o México, Cuba e demais países da América Latina aderem ao
movimento, além de alguns países do continente africano e alguns do Oriente
Médio, como o Iraque.
Tem início a Terceira Guerra Mundial.
O mundo assiste ao início do fim; as grandes potências do globo,
munidas da mais alta tecnologia detêm a vantagem na guerra, só que não
contam com a persistência kamikaze dos povos de terceiro mundo e aliados.
Numa das últimas reuniões entre os líderes do movimento, são discutidos
assuntos como o futuro das nações:
– Amigos, durante séculos, fomos ludibriados, tivemos nossas
economias e nossos povos massacrados pela tirania dos “donos do mundo”.
Sabemos que nesta guerra não haverá vencedores, haverá apenas mártires
cujo sangue derramado não irá manchar apenas o chão por onde marcharão
os “heróis da guerra”, mas também a alma daqueles que são os responsáveis
pela exploração dos povos desprovidos de infra-estrutura básica para a
sobrevivência e também daqueles que por falta de opção aceitaram a
exploração de suas economias em troca de míseros acordos de exploração
eterna. Hoje é o dia em que o mundo ficará marcado pelo cheiro de sangue,
pelo corte da lâmina, pelo grito de dor, mas nada disso se compara à glória de
uma derrota que para nós terá o gosto da liberdade, a liberdade de não sermos
mais explorados por aqueles que ditam regras dentro das nossas próprias
casas e onde não podemos ser os senhores do nosso destino, ao contrário,
curvamo-nos às exigências desses ditadores! Hoje, não somos vários países
de terceiro mundo unidos por um único objetivo, hoje somos os percussores de
um movimento que já deveria ter sido deflagrado há anos, hoje nós somos a
chama que arde pelo objetivo de nossa liberdade!
E o mundo sucumbe à guerra, populações inteiras aniquiladas, crianças
chorando, perdidas, idosos caídos ao chão, mortos, ao relento, corpos
mutilados por todos os cantos do planeta. Países como Brasil, México, Cuba e
outros aliados, ficam completamente destruídos; nos atentados terroristas pelo
resto do mundo, países como França, Alemanha e Estados Unidos sofrem
23
perdas irreparáveis em suas estruturas. A guerra prolonga-se por cem anos,
acarretando atraso tecnológico; o processo de evolução pára no tempo. O
saldo, ao final da guerra: três bilhões de vidas perdidas!
O mundo passa por uma nova fase e precisa ser reconstruído. As
nações deixam suas diferenças de lado e retomam seu crescimento. O mundo
entra numa nova era de evolução. Países procuram reconstruir suas cidades,
reerguer suas economias e retomar o crescimento.
* * *
24
São anos de bonança, em que reina um pouco de paz, mas não tanto...
Até que no ano de 2123, alguns países do mundo retomam seu
desenvolvimento tecnológico. Muitos povos, porém, ainda procuram recuperar
sua identidade e culturas perdidas nos anos de guerra. É quando uma
expedição de arqueólogos resolve ir até o local onde se encontram as ruínas
enterradas pela guerra, a Cidade Santa de Jerusalém.
Não é uma tarefa fácil, pois a localização exata e as coordenadas foram
destruídas, e o interesse parte de poucos; muitos dos filhos nascidos nesta
época nunca ouviram falar em Deus; as religiões praticamente não são
cultuadas. Entretanto, algumas pessoas ainda tentam resgatar algo que seja,
dessa história perdida.
Munidos de tecnologia de ponta, cientistas e arqueólogos usam
ferramentas modernas para identificar o local exato. Com o uso de um satélite,
conseguem identificar as coordenadas e se dirigem ao local para começar o
trabalho. As escavações duram dois anos e meio. Boa parte das ruínas está
intacta; uma coisa, porém, intriga os arqueólogos: o achado de um pequeno
pote de vidro no qual há uma semente de cor negra com dois pequenos chifres.
Um cientista resolve abrir o pote para manusear a semente. O pote,
entretanto, está lacrado de tal forma que é impossível abri-lo. Um deles, então,
diz:
– Por que você não joga este pote no chão, talvez ele quebre e aí vamos
poder estudar que espécie de semente é esta...
– É uma boa idéia!
Os cientistas, então, o arremessam inúmeras vezes no chão, mas não
têm êxito. Colocam-no sobre uma pedra e jogam outra bem mais pesada em
cima, mas não conseguem quebrá-lo; por fim, tentam abri-la com uma marreta,
nada. É como se aquele pequeno pote estivesse protegido por algum encanto.
Os cientistas e arqueólogos estão intrigados, como poderia haver um
tipo de vidro tão resistente em época tão remota? Resolvem, então, levá-lo ao
25
laboratório para análise. Boa parte dos integrantes era formada de brasileiros,
naturais do Estado de Pernambuco.
Entretanto, o pote é colocado dentro da sacola de um dos integrantes da
expedição, que, por descuido, leva-o junto com seus pertences para casa. O
bairro onde o pesquisador mora é considerado um ambiente de risco. No local,
ocorrem assaltos, furtos, latrocínios, mas não tão diferente daquilo que
acontece nos demais bairros da cidade. De qualquer forma, é um ambiente
maculado, para qualquer ser humano.
Sem noção do que está acontecendo, o arqueólogo, conhecido por
Paulo, não faz idéia que está levando o Mal para dentro da sua casa. E pelos
locais por onde vai passando, a semente vai se alimentando da energia
negativa do ambiente; e essa energia começa a enfraquecer a redoma de vidro
construída por Jesus.
O homem não sabe, mas com as escavações, desenterrou todo o Mal
que habitara latente o planeta por anos e anos.
Por alguns instantes Paulo começa a se sentir mal; alguns metros à
frente, uma briga. Paulo cai de joelhos no chão com uma forte dor de cabeça,
senta-se, coloca a mochila do seu lado e começa a respirar com dificuldade;
enquanto isso a briga toma rumos mais dramáticos, bem perto dali ele vê
homens se agredindo com chutes e murros e cadeiras e garrafas atiradas
contra as pessoas. A polícia chega e começa a bater violentamente naquelas
pessoas, conseguindo, finalmente, cessar a tumulto. E leva todos para um
camburão.
Paulo respira com dificuldade, levanta-se e retoma seu caminho.
Chegando em casa, constata que o pote, contendo a semente, estava em sua
mochila, e havia se quebrado. Então ele resolve levá-lo, no dia seguinte, ao
laboratório, para identificá-la através da catalogação de espécies.
Chegando ao laboratório, Paulo dá a notícia de que o pote havia
quebrado, todos ficam estarrecidos e curiosos em saber como ele havia
conseguido o feito, já que haviam tentado tudo, sem sucesso.
– Paulo, como você conseguiu? Todos tentamos, e até você!
26
– Vou-lhes ser sincero: não faço a mínima idéia! Ao chegar em casa,
quando desarrumei a mochila, constatei que a semente esteve comigo a
viagem inteira, estou tão surpreso quanto vocês, pois não sei como foi que o
pote quebrou.
– Tudo bem! Isso agora não é importante. Devemos contratar um
especialista para analisar em que tipo de espécie ela se enquadra, já que essa
semente é muito diferente de tudo aquilo que temos visto. Acho que esse tipo
de árvore não deve ser muito comum.
– É! Com certeza não deve ser. Esta semente, por menor que seja, por
mais inocente que pareça ser, me transmite uma sensação de culpa, uma
angústia, é como se nós não devêssemos explorá-la – diz um pesquisador.
– Também senti uma sensação estranha, esta semente me deixa
excitado, é como se ela pudesse me transmitir poder – diz Paulo.
E todos buscam informações sobre aquela semente, passam meses
estudando, pesquisando, mas não conseguem nenhuma informação.
– Pessoal, acho melhor a gente desistir de procurar. Deve ser algum tipo
de árvore pouco conhecida; eu aconselho plantarmos esta semente e
acompanharmos o seu desenvolvimento.
E Paulo se manifesta.
– Sou contra!
– Por quê, Paulo!? Se não houvesse interesse de sua parte, você não a
haveria trazido até nós.
– O fato é que não me sinto seguro.
– Seguro de quê, Paulo? Ela é só uma mísera semente de uma árvore
qualquer.
– Estou sentindo uma sensação horrível, muito parecida com a que senti
logo que estava chegando em casa.
– Que sensação? Espere! Vou colocar a semente aqui em cima.
27
– Ouçam todos! Escutem-me: naquele dia, quando estava indo para
casa, senti uma sensação muito estranha, era como se alguma coisa estivesse
querendo me dominar.
– Sim, mas o que isso tem a ver conosco?
– É que estou sentindo a mesma sensação que senti, é como se um
manto negro quisesse me encobrir.
– O que você está querendo dizer?
– Não sei ao certo, só acho que deveríamos nos livrar desta semente.
Sinceramente, não sei explicar, mas é como se o Mal habitasse dentro dela.
– Deixe de bobagem, Paulo! Você acha que esta semente pode
conspirar contra nós? Vou plantá-la, para ver o que acontece.
A cientista Kelly pega a semente em suas mãos, mas Paulo tenta tirá-la
dela.
– Não, Kelly, não faça isso!
Os integrantes acham que Paulo enlouqueceu repentinamente e correm
para ajudar Kelly. Todos o puxam de cima dela, mas ele tenta a todo custo
tomar a semente das mãos de Kelly. Logo o imobilizam, mas ele consegue
recuperá-la. Eles se acalmam, e Paulo, deitado no chão, pede desculpas e diz
que não sabe o que lhe aconteceu.
– Kelly, me perdoe! Realmente eu não sei o que aconteceu.
– Tudo bem, Paulo, vamos esquecer tudo isso. Agora me entregue a
semente.
Quando Paulo abre a mão, todos que se encontram na sala ficam
abismados. A semente havia eclodido e agora era um broto de pelo menos
duas semanas de vida. Todos ficam sem entender o que está acontecendo e
resolvem, por unanimidade, plantá-la no laboratório. E o homem planta o Mal
no seu trabalho.
Durante cinco meses, regam e adubam a semente, mas ela não cresce.
Todos acham estranho o fato de ela ter eclodido tão rápido e agora não
28
consegue se desenvolver, então resolvem escolher alguém para observar seu
desenvolvimento em um lugar aberto. Paulo, para se redimir, pede a Kelly que
o deixe levar o broto e plantá-lo no quintal de sua casa, pois lá existe bastante
espaço para que a planta se desenvolva, e ele poderá acompanhar o seu
crescimento.
– Tudo bem, pode levá-la – diz Kelly.
* * *
29
Ao chegar do trabalho, Paulo pega uma pequena pá e vai ao quintal –
mal sabe ele que está plantado o Mal em sua própria casa. O Mal precisa se
alimentar e o ambiente onde Paulo mora é ideal para o seu desenvolvimento.
Durante alguns meses, a semente se alimenta do Mal que emana do
ambiente. A árvore atinge perto dos 150 centímetros e um metro e meio de
altura, em pouco mais de um mês. Paulo faz questão de manter informados os
cientistas. Mas ele sente a presença de uma energia estranha rodeando-o,
energia esta que nos meses seguintes começa a se manifestar.
Certo dia, Paulo chega em casa um pouco mais tarde, e sua mulher
demonstra ciúmes.
– Paulo, onde você estava? Já passam das onze da noite.
– Você não sabe que eu estava trabalhando? Agora só falta você querer
ficar me controlando.
Anália acha estranho, pois Paulo nunca a havia respondido daquele
jeito, e resolve ter uma conversa logo pela manhã.
– Querido, o que houve? Em todos estes anos de casamento, você
nunca chegou tão tarde em casa, muito menos me respondeu com tanta
indelicadeza.
– É, querida! Rogo seu perdão, ainda não sei o que está havendo
comigo, só estou me sentindo um pouco estranho.
– Tudo bem, pode ser o excesso de trabalho.
E resolvem voltar à rotina do dia. Mas, duas noites seguintes após a
discussão, Paulo retorna para casa, bêbado.
– Paulo! O que é isso? Eu não admito que você chegue nesse estado
em casa! E as crianças? O que vou dizer a elas se virem você nesse estado?
– Não estou nem aí para as crianças, e estou pouco me lixando para
você! – responde Paulo, bruscamente.
– Paulo, o que é isso? Você enlouqueceu? As crianças estão dormindo e
lembre-se de que nós temos vizinhos.
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– E daí!? Esses inúteis não pagam minhas contas e eu quero que todos
vão para o inferno. E sabe do que mais Anália, vê se me deixa em paz que eu
vou dormir!
Paulo vai para o quarto e Anália chora, sem saber o que está
acontecendo com o marido. De repente, alguém bate à porta:
– Anália, está tudo bem com vocês!?
Anália enxuga as lágrimas e se dirige até a porta. Ao abri-la, ela se
depara com dois de seus vizinhos.
– Boa noite, Anália, houve algum problema? É que nós ouvimos gritos e
ficamos preocupados; sabe como é, nosso bairro não é muito confiável.
– É verdade, mas está tudo bem, foi uma pequena discussão entre mim
e Paulo, nada grave.
– Vocês, discutindo!? Em todos esses anos em que moramos aqui,
nunca vimos uma discussão entre vocês, comentamos até que formam um
casal perfeito!
– Eu também estou estanhando, porque ele nunca foi de beber e chegar
tarde em casa, e de uns dias para cá, tudo vem mudando. É como se alguma
coisa estivesse tentando dominá-lo.
De repente, tanto Anália quanto seus vizinhos sentem um calafrio.
– O que é isso, pelo amor de Deus!? – pergunta um dos vizinhos.
– “Deus!” Talvez seja isso que esteja faltando em minha casa: Deus! –
responde.
– Anália, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta, se não for lhe ofender, é
claro!
– Pois não, pode fazer.
– Veja bem, hoje pela manhã eu passei pela frente de sua casa, e vi que
essa árvore estava com mais ou menos um metro e pouco...
– Sim, e daí?
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– Como é que ela cresceu tanto tão rapidamente!? Você já percebeu o
quanto ela se desenvolveu nesse curto espaço de tempo?
– Não, não percebi.
Anália sai e vai observar a árvore. Ela havia crescido mais ou menos um
metro e mudado: agora estava com um aspecto sombrio, seus galhos secos e
sua cor negra lembravam uma árvore de filme de terror.
– É estranho, pois realmente não me lembro de que, pela manhã, ela
estivesse com esse tamanho todo. Há alguma coisa errada com essa árvore,
ela me dá uma sensação de angústia e, até agora, não sei que influência ela
exerce sobre Paulo, pois ele vive obcecado por ela.
– Anália, quem está aí à porta? – grita Paulo.
– Já vou! – responde Anália. – Me perdoem, mas vou entrar... É melhor
evitar maiores aborrecimentos com ele nesse estado.
– Tudo bem! Tenha uma boa noite e, qualquer coisa que precisar, pode
nos procurar; e pense bem sobre essa árvore! Não achamos uma boa idéia
você ter uma árvore tão feia e estranha acabando com o seu jardim. Não sei se
você notou, mas todas as outras plantas ao redor estão morrendo.
Anália entra em casa e prepara-se para dormir. Banha-se, troca de
roupa e vai para cama. Paulo, que ainda está sob a influência do álcool, tenta
possuí-la.
– Eu a quero esta noite.
– Nem pensar! No estado em que você está, não tenho a menor
vontade.
– Você é minha mulher, cumpra com o seu dever e me dê prazer!
– Eu já lhe disse que não! Não vou me sujeitar a fazer nada enquanto
você estiver bêbado.
Paulo perde a cabeça e espanca Anália, rasga suas vestes e a possui
de maneira animal. Depois de saciado, vira-se e dorme profundamente. Anália
32
guarda aquilo para si e não comenta com ninguém. Aparentemente com
amnésia, Paulo esquece das atrocidades da noite anterior.
– Anália, o que foi isso no seu rosto?
– Você não se lembra, Paulo? Foi você que fez isso no meu rosto, você
me bateu ontem à noite e me forçou a ter relações com você.
– Eu!? Anália, por favor, me perdoe, não lembro de nada! – diz Paulo
entre surpreso e assustado.
– Paulo, eu o amo, mas você tem se comportado de forma estranha
desde que voltou de viagem. E essa árvore aí fora? Para que serve? Ela está
matando toda as outras plantas, vou mandar cortá-la.
– Se você fizer isso, não responderei pelos meus atos!
– O que houve? Vai ficar agressivo comigo outra vez?
– Não, só não quero que toque nessa árvore; esse é o meu trabalho.
– Desde que essa árvore veio aqui para casa, você só se preocupa com
ela. Paulo, você tem filhos, eles precisam de você e eu também. Perceba, pelo
amor de Deus: essa árvore está acabando com você!
– Eu lhe proíbo de falar esse nome dentro da minha casa!
– O que houve? Eu não posso mencionar o nome de Deus agora?
– É justamente isso.
– Agora chega, eu mesma vou cortar essa árvore.
– Anália, não se atreva!
Ela pega um pequeno machado e se dirige para fora da casa, vai em
direção à árvore e começa a cortar um de seus galhos. Paulo intervém no
momento exato em que ela acaba de cortar o galho. Ele a abraça pelas costas
e a empurra dali com violência. No local onde havia sido cortado o galho, a
árvore sangra um líquido negro que respinga no rosto de Paulo.
– Eu lhe proíbo de tocar um único dedo nesta árvore! – grita Paulo,
possuído.
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Os dias se passam e Paulo vai mudando seu comportamento
gradativamente. Passa a beber e a freqüentar prostíbulos; cada dia é um novo
tormento para Anália. Certo dia, Anália encontra nas coisas de Paulo uma
seringa. Num momento de desespero, ela tenta conversar com Paulo.
– Paulo o que está havendo? Você perdeu o amor-próprio?
– Do que você está falando?
– Estou falando do mau exemplo que você tem sido para nossos filhos;
você só chega tarde da noite em casa, com cheiro de vadias e embriagado; e,
como se não bastasse, ainda está se drogando.
– Qual o problema? Não estou fazendo mal a ninguém.
– Você é que pensa, Paulo! Você está fazendo mal a você e a nossa
família, e o que é pior, você não quer entender isso. Paulo, você tem uma
mulher que o ama, tem filhos lindos e com saúde, o que você quer mais da
vida?
Paulo se levanta e vai para o quarto. Anália o segue.
– Paulo, por que fugir? Nossa conversa ainda não acabou.
– Pode não ter acabado para você, mas para mim acabou!
– Não, Paulo, a conversa não acabou. Desde que você trouxe essa
maldita árvore para nossa casa, tudo tem dado errado e só você não percebe.
– Qual é o seu problema, mulher? Eu já disse uma vez e torno a repetir:
não toque um dedo sequer nessa árvore!
– É mesmo? E o que você vai fazer se eu cortá-la?
– Se você arrancar um único galho dessa árvore eu te mato!
– Paulo, como você tem a coragem de me dizer isso!? – responde Anália
com a voz trêmula.
– Eu não digo, eu faço! Atreva-se!
– Pois bem, eu quero ver!
E naquele dia ensolarado de domingo, tudo conspira para o caos.
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Anália se dirige à cozinha e pega o pequeno machado guardado debaixo
do balcão. Vai até o lado de fora da casa e começa a investir golpes contra a
árvore. Nesse instante, Anália é jogada ao chão e Paulo começa a agredi-la
com murros e pontapés, ela se desespera e põe-se a gritar.
– Não, Paulo! Socorro, alguém me ajude!!
Ela tenta se livrar, mas não consegue; Paulo está por cima, esmurrando-
a violentamente, enquanto ela grita. Seus filhos acordam e se defrontam com
aquela cena de horror. Toda a vizinhança acorda com a gritaria e tenta apartar
a briga, mas Paulo está decidido a acabar com a vida da mulher. Os vizinhos
tentam tirar Paulo de cima de Anália, mas ela já está desacordada. Paulo está
possuído pelo Mal. Com a firme decisão de matar a mulher, Paulo pega o
machado que Anália usara para cortar a árvore e o ergue para aplicar-lhe o
golpe final inclinando-se para trás a fim de conseguir mais impulso e força. É
quando se ouve um disparo...
O tiro o acerta em cheio, na hora exata em que ele ia aplicar o golpe
final em Anália. Mesmo sangrando mortalmente, Paulo se levanta e vai até a
árvore. Lá, ele se ajoelha e começa a pedir perdão a Deus. Enquanto ele roga
o perdão, seu sangue escorre até o chão e começa a alimentar a árvore...
E o Mal começa a se manifestar com toda a sua força!
* * *
35
A árvore, então, começa a dar vários sinais de vida, mexendo seus
galhos abruptamente. Todos observam.
Mas o sangue que dá vida à árvore não é o suficiente para fazer emanar
todo o mal que habita sua essência. Ela, então, reage e, subitamente, crava um
de seus galhos no coração de Paulo, que cai sobre suas raízes. O sangue de
Paulo escorre como uma cachoeira do seu peito e, finalmente, começa a
alimentar a árvore maldita. De repente, o dia escurece passando a um tom
avermelhado. E logo se fazem trovões, estrondos e relâmpagos, e depois um
grande tremor sacode o mundo. Após um longo período de tempo, Satanás [é],
enfim, desenterrado de sua prisão, para seduzir as nações que estão nos
quatro cantos da Terra.
E ouve-se a primeira trombeta! Todos olham para o céu assustados, e é
lançada sobre a terra uma chuva de pedra e fogo, misturados com sangue. E
[é] destruída pelo fogo a terça parte da terra, das árvores e também de toda
erva verde.
Ouve-se a segunda trombeta. E algo que parecia uma grande montanha
pegando fogo [é] jogada no mar, matando as criaturas que lá vivem e que
servem de alimento para os seres humanos.
Quando soa a terceira trombeta, uma grande estrela, queimando como
uma tocha, [cai] do céu, sobre as fontes de água potável do planeta, tornando-
as impróprias para o consumo humano.
O castigo estava somente começando. E ecoa o som da quarta
trombeta: é ferida a terça parte do sol e a terça parte da lua e das estrelas, de
maneira que se [obscurece] a terça parte deles, e não [resplandece] o dia,
tornando-se, a noite, eterna.
E soa a quinta trombeta, e cai do céu outra estrela, abrindo um abismo.
Do fundo do abismo, [saem] gafanhotos para a terra e [recebem] o mesmo
poder dos escorpiões. E é dito aos gafanhotos que não façam estragos nas
ervas, nem nas árvores, (...); somente [podem] ferir as pessoas que não
[tenham] a marca do sinete de Deus na testa. Os gafanhotos não [têm]
permissão para matar essas pessoas, eles podem apenas torturá-las durante
36
cinco meses. (...) Naqueles dias, os homens procurarão a morte, e não a
encontrarão, e eles vão querer morrer, mas a morte fugirá delas.
E ouve-se, a sexta trombeta, e com ela uma voz que ecoa nas alturas: –
“Solte os quatro anjos que estão amarrados perto do grande rio... Eles [estão]
preparados para (...) matar a terça parte da humanidade.”
E o Mal acorda!
Ele havia se alimentado, durante todo o tempo em que esteve
aprisionado, do mal que emana do coração dos homens.
E a árvore suga todo o sangue de Paulo, alimentando-se da essência da
vida; e logo ela começa a crescer de forma desordenada. O Mal cresce em
proporções gigantescas, atingindo a estratosfera do planeta Terra. Em suas
galhas, começam a aparecer folhas negras, suas raízes chegam ao núcleo do
planeta e são direcionadas aos quatro cantos do mundo, onde começam a
brotar árvores a partir de suas raízes.
O Mal começa a se alimentar da energia terrestre, matando o restante
de todas as formas vivas que servem de alimento, e o homem passa a sentir
fome. Mas o Mal não tem intenção de matar o homem, quer apenas usá-lo
como ferramenta para sua propagação. O Mal deixa que o homem sofra de
fome até acabarem todas as reservas de comida do planeta. A humanidade
agora não tem mais como conseguir alimento. E o Mal faz brotar frutos de seus
galhos pelos quatro cantos da Terra. São sete frutos aparentemente idênticos,
mas diferentes no sabor, e cada fruto representa um pecado; e sete são os
pecados oferecidos pelo Mal à humanidade para saciar sua fome. E o homem
passa a se alimentar de soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça.
Foram necessários apenas alguns meses para se instaurar o caos em todo o
planeta. E o homem se rende às fraquezas da carne e logo se esquece de
amar e ajudar o próximo e se esquece da caridade e procura apenas saciar
seus vícios e tirar proveitos pessoais. E todos se esquecem da existência de
Deus. O que havia restado de igrejas, templos, mesquitas e tudo aquilo que
lembrasse a salvação, é posto abaixo; o Mal impera nos corações como nunca
visto na história da humanidade.
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Maria, mãe de Jesus, observa, com profunda tristeza, a provação vivida
pelos homens. E roga ao Pai:
– Senhor, suplico que me dê Tua permissão para ir à Terra, estar com
nossos filhos. Permita-me interceder por eles junto a Ti, Senhor Deus, ao lado
deles.
– Maria, como posso permitir isso? O Mal foi controlado por milhares de
anos; mas infelizmente o homem o desenterrou e plantou sua semente,
adubou-a, regou-a e alimentou-a, inconseqüentemente. Deves deixar que
ardam no fogo do Inferno, essa foi a sua escolha.
– Meu Senhor, são pobres pecadores e precisam de compaixão.
– Maria, eles não precisam de compaixão, precisam, sim, de uma lição.
Mais uma vez eu afirmo: nunca os abandonamos, eles é que nos abandoaram!
Olhe bem ao redor! Há tempos que o homem vem se afastando de nós. Por
séculos e séculos, vimos transmitindo-lhes lições simples, como:
“Amar a Deus sobre todas as coisas”. E o que o homem tem feito,
Maria? Justamente o contrário, ele venera o Mal com todas a força de sua
alma;
“Não tomar o santo nome de Deus em vão”, é somente o que eles têm
feito. Por tudo e por nada, blasfemam contra mim, contra ti e contra o Filho de
Deus, citam meu nome com heresia ou pedem-me coisas as mais vis que
possam existir;
“Honrar pai e mãe”, quantos filhos têm matado seus pais, seus avós, e
tudo por causa do interesse que têm em seus bens materiais;
“Não matar”, sabemos que para muitos, a vida não tem mais valor
nenhum, matam por tudo e por nada;
“Não furtar”, os assaltos e roubos aumentam a cada dia;
“Não desejar a mulher do próximo”, quantos adultérios são cometidos
em nome do “amor”?;
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“Não cobiçar as coisas alheias”, quantos invejam o que outros
conseguiram com tanto sacrifício?
Como vês, Maria, por tudo isso não posso permitir que vás, até mesmo
porque estarias te arriscando por aqueles que não valem mais a pena.
– Meu Senhor, acho que todos valem a pena, sim. A redenção, para
muitos, sabes, só acontece no derradeiro instante.
– Mesmo assim acho que te arriscarias inutilmente, Maria. Não falemos
mais sobre isso.
Atenta aos desejos do Senhor, Nossa Senhora se prepara para enfrentar
o Mal. Nesse instante, chega Jesus:
– Mãe, o que estás fazendo? – pergunta Jesus.
– Meu Filho, estou indo à Terra para tentar salvar a humanidade.
– Mãe, desobedeces às ordens do Senhor!?
– Não, meu Filho, não estou desobedecendo às ordens de teu Pai! Ele
apenas não permitiu que eu “intercedesse” por teus irmãos junto a Ele. Então,
eu vou “lutar” contra o Mal.
– Mãe, não terá forças para fazer isto sozinha!
– É verdade, meu Filho, mas tua força estará comigo aonde eu for. Lá,
eu evocarei minhas aliadas para lutarem ao meu lado. Não te preocupes, estou
fazendo o que toda e qualquer mãe faria para salvar seu filho de uma situação
de perigo.
* * *
39
Chegando à Terra, Nossa Senhora encontra um planeta escuro e úmido,
com cheiro de morte, a areia da terra está preta, as águas dos mares e rios
estão podres, e exalam odores terríveis; não existem árvores vivas nem
gramíneas, o vento que sopra é frio, o cheiro de enxofre rasga o ar
acompanhado de uma neblina negra e fétida. O planeta Terra está morto! Ela
começa a andar explorando o ambiente; a cada passo, encontra pessoas se
drogando, brigando, destruindo, matando... Tudo por prazer. Ela chora por não
acreditar que aquilo esteja acontecendo com seus filhos. O homem sucumbiu a
sua ignorância! Mas ela está decidida a pôr um fim a tudo aquilo. A redenção
virá por suas mãos. E passa pelos continentes do planeta procurando a raiz
desse Mal. Mas para tristeza de Maria, ele se encontra espalhado por todo o
planeta. Não há um único recanto sequer em que não existam ramos do Mal.
Mas é no Brasil que Maria descobre o lugar onde bate o coração do
Maldito. E Nossa Senhora olha aquela árvore imensa, desde as suas raízes até
onde a vista alcança, e decide que fará alguma coisa. Em suas mãos, ela faz
surgir a espada da Justiça, iluminada pela energia do Bem. Ela a cruza sobre
seus ombros, corre em direção à árvore e a investe contra o tronco de mais de
dois quilômetros de diâmetro. Mas a força maléfica é de tal ordem, que a repele
e a arremessa a uns cinqüenta metros de distância. Logo ela percebe que
sozinha não conseguirá mesmo vencer o Mal. Enquanto Maria se recupera, a
“árvore” sorri, zombeteiramente, da Mãe de Jesus:
– Você pensa que sozinha poderá me destruir? O Mal não pode ser
vencido com a simples “espada do Bem” ou com orações ridículas, mas
através da fé dos homens, e isso você não mais encontrará aqui, pois o Mal
reina soberanamente.
Então ela, humildemente, se ajoelha e diz:
– Influencias nas decisões das pessoas, destróis nações inteiras através das
guerras, usas a religião para justificar a morte de inocentes, usas o santo nome
do Senhor para ganhar dinheiro, dás poder àqueles que só sabem usá-lo em
benefício próprio, não se preocupando com o restante das pessoas. Mas hoje,
não estou aqui para pedir aos homens que tenham fé, que creiam no Senhor
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mesmo que não o estejam vendo, porque todos têm o poder de decidir o
caminho que querem trilhar. Hoje, estou aqui para provar-te que és forte
porque crês, muito mais do que qualquer homem de “bem” que ainda exista
neste planeta, na existência de Deus, na existência do Bem, e é contra ti que
vim lutar agora.
– Você está louca! Como ousa dizer que tenho fé?
– Tu és o único ser neste planeta que tem confiança absoluta de que o
Bem existe; tanto é verdade, que isso te faz lutar para que ele, o Bem, não
sobreviva e volte a reinar a fé e a paz entre os homens.
– Chega de asneiras! O fato é que, só, você não me derrotará!
– Mas quem disse a ti que estou só?
– Olhe ao redor e veja que não resta mais nada além de mim! Além do
Mal!!!
– É o que pensas!
E Nossa Senhora ajoelha-lhe perante os céus que, no momento,
encontra-se escuro, e reza. Em suas preces, seu pensamento transita por
todos os cantos do planeta. E, enquanto Maria reza, o Mal tenta atormentá-la.
– Eu avisei a você que não adianta rezar, o mundo agora só pertence a
mim!!
E, saindo de suas orações, ela responde:
– Não me preocupo, pois tua hora está próxima.
Nisso, um aroma de jasmim e rosas se confunde com o odor de enxofre;
repentinamente, aparecem inúmeras Nossas Senhoras; são elas as
representações da Mãe Santíssima, existentes nos quatro cantos do mundo:
Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Carmo, Nossa e Senhora de
Fátima... que vêm unir forças na luta contra o Mal.
E trava-se mais uma batalha...
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Logo nos primeiros instantes, a árvore do Mal mostra sua superioridade
criando, ao redor do tronco, uma barreira impenetrável de fumaça, fogo e
pedra. Elas recuam para compor o plano de ataque.
– Só temos uma alternativa: usar ferramentas que possam cortar o
tronco dessa árvore; vamos nos reunir e usar nossa energia para forjar essas
ferramentas.
E logo elas se unem em oração e forjam um grande serrote cuja energia
é o Amor. Fazem também machados, com a energia da Compreensão, da
Compaixão, da Benevolência e da Justiça. E partem para o ataque. De longe,
na escuridão, vê-se pequenos pontos luminosos escalando a enorme árvore, e
um a um os galhos vão sendo cortados; ao mesmo tempo em que os pontos
luminosos distraem a atenção de Satanás, outras Nossas Senhoras tentam
“cortar o mal pela raiz”. Mas logo o Demônio se apercebe do plano das “Mães”
de Jesus e decide agir com violência. A árvore rapidamente começa a agitar
seus galhos asquerosos e cheios de espinhos, envolvendo uma a uma das
Nossas Senhoras em suas garras e as trucidam com prazer e ódio. Mas eis
que estas eram apenas imagens simbólicas da verdadeira Mãe, e à medida
que as ia destruindo, crescia, sobre suas raízes, as “imagens” quebradas pela
força do Mal.
“Em pouco tempo, só restará a “verdadeira”, que já está sem forças para
lutar...” – pensa ardilosamente o Demônio, enquanto destrói as imagens das
outras Nossas Senhoras.
De repente, quando o Mal está prestes a matar a Mãe de Jesus...
* * *
42
Uma luz incandescente, de imensa beleza, desce dos céus e ilumina o
jardim e começa a abrir caminho entre as trevas... Parece uma estrela caindo
bem devagar em direção da árvore, a qual fica ofuscada pela magnitude de seu
brilho...
É Jesus! O Filho de Deus! Ele se aproxima e suavemente retira Nossa
Senhora das garras do Mal e a envia para o céu. Lá, é acolhida pelos anjos
que tratam de seus ferimentos.
Enquanto isso, Jesus conversa com o Mal...
– Pensei que te havia enterrado para sempre!
– Você não sabe que fui enterrado no coração dos homens e que foram
eles que me trouxeram à vida? Sou a semente que é regada todos os dias, a
árvore cujos frutos alimentam a terra dos homens. O Bem não prevaleceu e
nunca prevalecerá.
– Tu não sabes o que dizes!
– Você não concorda comigo?
– Não. Para todos há salvação, desde que acreditem que podem ser
salvos e estou aqui para provar isso.
– Você é muito ingênuo! Será que não percebe que as coisas que
acontecem com os homens são resquícios das civilizações que tentaram
conquistar a paz através da guerra e da dizimação de populações inteiras? E
como justificativa para tudo isso, usam o seu nome e o nome de seu Pai?
Quantos mataram ou matam em nome de Deus? Quantos no mundo enganam
estas pobres almas idiotas e ganham rios de dinheiro usando o seu nome?
Quantos condenam, em seu nome, mas cometem o mesmo pecado que os
levam a condenar seu semelhante? Quantas vezes você contou as preces que
fizeram a vocês em agradecimento pelo que receberam? Quantos usam seu
nome em vão? Admita! Esta guerra você já perdeu! Todos são pecadores e
merecem perecer no fogo do inferno.
– Continuas falando bobagens. Não sabes o que dizes!
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Jesus, então, eleva as mãos para o céu e implora...
– Pai, concede-me Tua força para lutar contra o Mal, que neste
momento está forte e poderoso. Permite a mim, Pai, que eu convoque, em Teu
nome, guerreiros da fé e da bondade para que juntos possamos destruir o Mal,
pois temo, Senhor da Misericórdia, que sozinho não terei forças para destruí-
lo...
E um profundo silêncio se faz...
Enquanto a “árvore” observa a cena com escárnio, Jesus eleva as mãos
aos céus e convoca vários líderes espirituais para a batalha, dentre eles: Buda,
Maomé, Ghandi, Alan Cardec...
– Vinde, amigos! Unamos nossas forças para vencer o Mal. Somente
pela fé será possível salvar a humanidade. Ide buscar os cordeiros que fugiram
do rebanho, em nome de suas religiões, pois que pela união dos povos
podereis todos vós chegar ao Pai e vencer essa luta contra o Mal.
E assim seguiram, mais uma vez, os “apóstolos” de Cristo em busca do
rebanho perdido...
Jesus olha para a árvore do Mal e lhe diz:
– Que se faça a guerra entre mim e ti!
E Jesus começa a emanar uma luz tão intensa que ofusca a árvore. E a
luta começa. Raios, trovões e bolas de fogo cruzam os céus numa luta feroz.
Jesus vence até o momento, mas a árvore do Mal é diabólica e rapidamente
consegue atingir Jesus sem piedade, que é jogado violentamente ao chão.
Caído, e bastante machucado, consegue levantar-se e eis que surge em suas
mãos uma espada de luz, é a espada da Justiça. Ele corre em direção à árvore
com a espada em punho; a árvore tenta acertá-lo, mas Ele se desvia dos
golpes. De repente, Jesus se aproxima da árvore velozmente e crava-lhe a
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espada, decepando-lhe uma de suas raízes. É quando, finalmente, a árvore
ameaça tombar. Ouve-se um uivo de dor e a árvore investe toda sua ira num
único golpe, acertando Jesus e abrindo um buraco no chão. Jesus levanta-se
mais uma vez, está bastante ferido, mas não desiste.
– É só isso que tu podes fazer contra o Filho de Deus!?
– Você é um fraco e vou destruí-lo!
Mas a população, dominada pelo rei das trevas, começa a circular Jesus
impedindo-o de se mexer.
– Não sei se você se lembra, mas foi traído uma vez pelos homens! Não
se espante, pois esses homens têm a mesma alma daqueles mesmos que lhe
abandonaram no passado e o farão todos os dias, para todo o sempre! – fala, o
Demônio, desdenhando de Jesus. – É mais cômodo para eles abrir mão das
coisas abstratas da fé, que das regalias concretas que lhes posso dar.
Novamente, um silêncio profundo toma conta do lugar...
E Jesus, mais uma vez, é abandonado pelos homens...
Numa última tentativa, Jesus procura resistir, suplicando: – “Reajam,
lutem contra o Mal, lutem!”. Mas os homens não o ouvem e de novo entregam
o Filho de Deus, às forças do Mal. Do céu, Nossa Senhora, ainda debilitada,
assiste novamente ao calvário de seu Filho. E tenta salvá-lo, rogando a Deus
que a deixe ir ao encontro do Filho, em vão...
* * *
45
Findada a guerra, a árvore envolve Jesus numa bola de energia escura
e o eleva até as alturas. E o comprime em uma pequena esfera branca do
tamanho de uma semente. A árvore pega um punhado de areia e o transforma
numa redoma de vidro, põe a semente dentro, e a enterra.
Do céu, Nossa Senhora observa, desolada, o fim da salvação. Todos os
grandes líderes espirituais haviam sucumbido à falta de fé dos homens. E
Nossa Senhora chora; suas lágrimas vão se acumulando e formando nuvens, e
logo começa a chover. Suas lágrimas, então, caem sobre o local onde a
semente do Bem havia sido enterrada e logo começa a florescer uma pequena
erva branca, desconhecida, mas certamente da família das lorantáceas. E a
planta espalha suas pequenas raízes em direção à árvore do Mal, sobe pelo
seu tronco, e, aos poucos, delicadamente, começa a sugar sua energia
maligna...
* * *
46
Caro leitor, todos nós temos a consciência de que existem dois
caminhos a serem trilhados na vida: o do Bem e o do Mal. E essa é uma
escolha que compete exclusivamente a nós, fazê-la. Sabemos as
conseqüências de buscar o caminho mais curto para as coisas do destino,
porque tudo tem seu preço. Sejamos pacientes, tenhamos fé e acreditemos
nas coisas de Deus para não darmos lugar ao acaso, e isto serve para
qualquer que seja a religião que abracemos. Deus é um só e o Bem se constrói
com o bem. Chega de mesquinharia, de guerras, de falta de amor, de jogos de
interesse. Busquemos a salvação. O final desta estória está em nossas mãos...
Nós é que temos o poder de decidir quem vai vencer essa luta, se o “Bem” ou o
“Mal”. Façamos nossa escolha e, independentemente do final, valerá a pena
refletir e começar a observar as coisas simples da vida saiamos da escuridão
com a confiança e a fé de que Deus ama a todos nós.
Se Ele nos colocou aqui na Terra não foi por acaso!
Que soe, a sétima trombeta!
* * *
47
SOBRE O AUTOR
Saulo Emmanuel Rocha de Medeiros é formado em Administração de Empresas, Especialista
em Administração Hospitalar e Mestre em Gestão Pública. Servidor de Carreira da
Universidade de Pernambuco como Administrador Hospitalar e professor do Instituto Federal
de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco. Como escritor produziu os livros:
1.QUANDO OS NEGROS DOMINARAM O MUNDO; 2. A SEMENTE DO MAL; 3. MEU
CHEFE É UM CACHORRO e JÚLIA ROCHA – EM BUSCA DA TERRA DO PEITINHO
ENCANTADO.

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  • 1. 1 SAULO EMMANUEL ROCHA DE MEDEIROS A SEMENTE DO MAL “CHEGARÁ O DIA EM QUE A ÚNICA COISA QUE LHE RESTARÁ SERÁ A FÉ”
  • 2. 2 SAULO EMMANUEL ROCHA DE MEDEIROS A SEMENTE DO MAL “Chegará o dia em que a única coisa que lhe restará será a fé” 2ª edição Olinda, 2012
  • 3. 3 Copyright  Saulo Emmanuel Rocha de Medeiros Programação visual Saulo E. R. de Medeiros Capa Daniela Dubeux Revisão da 2ª edição Norma Baracho Araújo ISBN (0000000) Contato com o autor: saulolee@ig.com.br http://www.wix.com/saulolee/saulomedeiros Direitos exclusivos desta edição reservados pelo autor Essa obra poderá ser reproduzida de maneira integral ou parcial. O uso de imagem ou em campanhas só através de solicitação formal e autorização expressa do autor. M488S Medeiros, Saulo Emmanuel Rocha, 1974 – A semente do mal: Chegará o dia em que a única coisa que lhe restará será a fé/ Saulo Emmanuel Rocha de Medeiros – Olinda-PE: Edição Digital, 2012. 47p. 1. Ficção brasileira – Pernambuco. 2. Fé ficção. 3. Religião e literatura. CDU 869.0(81)-3 CDD 869-3
  • 4. 4 Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança nos fatos é pura coincidência.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, a fonte inspiradora da vida. Agradeço também a Deus porque me abençoou com o dom de acreditar nas coisas em que poucos acreditam; porque me dá forças para resistir a obstáculos, diante dos quais muitos sucumbiram ao primeiro tombo; porque acredita que os pequenos gestos podem levar o homem às grandes coisas; porque não sinto inveja das pessoas que têm mais que eu; porque tenho discernimento para distinguir o certo do errado; porque não vivo das lembranças do passado, aceito o presente e espero sempre o melhor do futuro; porque gosto de ajudar o próximo e não espero receber nada em troca; porque posso contemplar o mar, o ar, o céu, as estrelas e todas as belezas que meus olhos podem enxergar; porque posso ouvir o canto dos pássaros, o som das águas e o barulho do vento; porque posso caminhar entre as pessoas, com meus amigos, e posso ir aonde minhas pernas me levarem. Agradeço a Deus o dom da vida; a família e os amigos que me cercam. Agradeço a Deus por nada, simplesmente pelo fato de agradecer. Agradeço também aos meus familiares e amigos porque, de uma forma ou de outra, todos foram importantes na elaboração deste livro. Agradeço aos amigos Paulo Cerqueira e Norma Baracho pela colaboração na concretização desta obra. Por fim, agradeço aos meus pais Cleonice da Rocha de Medeiros (em memória) e Jorge Salvino Carvalho de Medeiros (em memória) por terem me ensinado a respeitar todas as diferenças e manifestação das crenças.
  • 6. 6 DEDICATÓRIA Dedico este livro à pessoa que mais me apoiou e me incentivou nesta trajetória, contribuindo com suas críticas e sugestões: Juliana de Souza dos Santos Medeiros, minha esposa.
  • 7. 7 APRESENTAÇÃO Existe um Salmo na Bíblia, o de número 89, que diz: Deus é amor fiel, uma oração de súplica numa catástrofe com especial menção da promessa de Deus feita à dinastia de Davi. O amor e a fidelidade são termos básicos da aliança e dão a tônica a todo este livro. Acima de homens e autoridades está Deus. Ele afirma o governo deles com amor e fidelidade, a fim de produzir Justiça e Direito. A fé autêntica é aquela que encarna a fidelidade em Deus e ao seu projeto dentro da situação histórica concreta em que o povo está vivendo. Deus estará sempre aliado àqueles que lutam com fé para conquistar a liberdade e a vida, procurando destruir toda e qualquer forma de escravidão e morte. Tal luta, porém, não se deve realizar de forma temerária. É preciso agir com discernimento, para realizar ações verdadeiramente eficazes, coerentes com a fé que nos leva à vida. Assim, A Semente do Mal foi escrito, com o objetivo de fazer com que as pessoas percebam que Deus não quer que sejamos gananciosos, orgulhosos ou que nos esqueçamos de nossas famílias por conta da situação difícil em que vivemos – neste mundo cada vez mais capitalista – e que leva as pessoas a se agredirem, a esquecer o próximo, a matar o semelhante, e tudo por motivos fúteis, que nos impedem de ter a consciência de que Deus é a única fonte de luz; Ele que sofreu, que lutou, e que nunca perdeu a fé de que nós, como irmãos, poderíamos mudar o mundo, transformando nossas vidas, e a das pessoas que nos rodeiam. Nossa ambição, porém, nos faz esquecer de agradecer-Lhe por tudo que somos e temos. A Ele só damos importância quando passamos por dificuldades. E quando não alcançamos aquilo que pedimos, o blasfemamos.
  • 8. 8 Mas Deus escuta a tudo e a todos, e devemos ter fé para que nossos pedidos sejam alcançados no momento certo, acreditando sempre na promessa de que Deus não nos dá um fardo maior do que aquele que podemos carregar. Juliana de Souza dos Santos Medeiros
  • 9. 9 MENSAGEM DO AUTOR Ser feliz é acreditar que a felicidade existe e que foi feita para todos. Para os homens que têm Deus no coração, as coisas se tornam mais fáceis porque Ele se faz presente em toda a sua plenitude, seja nas árvores, nos animais, na natureza, no coração do homem. Somos cegos, surdos e mudos num Reino tão belo do acaso. O acaso que nos leva todos os dias ao trabalho em nossas prisões de luxo, que nos afasta de nossas famílias, de nossos amigos. Lutamos com unhas e dentes por espaço; um espaço que às vezes poucos querem, mas que infelizmente é o que nos resta. Nossa ambição aos poucos se confunde com ganância, uma ganância ordinária que se alastra por um mundo doente, cheio de mazelas e diferenças sociais e que nos impede de perceber se somos uns pobres escravos perecendo um pouco a cada dia diante desse sistema voraz, ou se somos os senhores do nosso destino, e escolhemos caminhar para um abismo de sombras e incertezas, sombras estas que cerceiam nossa visão do horizonte e que nada mais são do que a mácula que envolve nossas almas porque não temos fé, não temos a convicção de que Deus é a única fonte de luz que pode se propagar nas trevas do espírito sejam essas trevas a incerteza, a depressão, a falta de paz, de compreensão, a ganância, a falta de afeto, a falta de amor...
  • 10. 10
  • 11. 11 Voltando do Rio Jordão, Jesus é levado pelo Espírito Santo ao deserto, onde é tentado pelo Diabo. E, depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, Jesus estava com fome. Então o Diabo [chega] perto dele e [diz]: – Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras virem pão. E Jesus responde: – As Escrituras Sagradas afirmam: “O ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que Deus diz.” Depois o Diabo [leva] Jesus para um monte muito alto, [mostra-lhe] todos os reinos do mundo e as suas grandezas e [diz]: – Eu lhe darei tudo isso se você se ajoelhar e me adorar. Darei a você todo este poder e a glória destes reinos, porque eles me foram dados, e eu os dou a quem bem me parece. Portanto, se você, na minha presença, se prostrar de amores, serão seus todos eles. Respondendo, Jesus lhe diz: – As Escrituras Sagradas afirmam: “Adore o Senhor, seu Deus, e sirva somente a ele.” Dando indícios de que já está possuído pela cólera, o Diabo [leva] Jesus até Jerusalém, a Cidade Santa, e o [coloca] no lugar mais alto do Templo. E diz: – Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui abaixo, pois as Escrituras Sagradas afirmam: “Deus mandará que os seus anjos cuidem de você. Eles vão segurá-lo com as suas mãos, para que nem mesmo os seus pés sejam feridos nas pedras.” E Jesus responde: – Mas as Escrituras Sagradas também dizem: “Não ponha à prova o Senhor, seu Deus.” Acabada a tentação, retira-se o Demônio até certo ponto, e eis que se aproximam os anjos de Jesus e o servem.
  • 12. 12 Saciando sua fome, Jesus repousa sobre uma pedra. Mas a presença maligna retorna. – Jesus, Filho do Deus. Por que você me despreza!? Agora, seus filhos pagarão pela sua insolência. Semearei a discórdia, a inveja e a ganância no coração dos homens! Jesus interrompe seu repouso e se levanta. – Vai-te Satanás, volta para o teu reino de trevas! E o Diabo, em tom irônico, responde: – Quem você pensa que é? Você é apenas o Filho do Pai e nada mais que isso!! O único que poderá impedir que eu cumpra meu objetivo é o Todo Poderoso. Você não tem poderes para isso! E o Diabo começa a evocar todo o Mal que rodeia a terra. Por um momento, o dia começa a se transformar em noite, as pessoas correm assustadas no meio da escuridão. O céu torna-se anuviado, passa a um tom escuro avermelhado, é como se o inferno descesse sobre suas cabeças. Jesus então ordena que o Diabo pare, mas ele não escuta suas palavras. Então... Jesus ergue suas mãos para o céu e começa a rezar, mas nada acontece; a escuridão é quase absoluta. O Diabo não pára de rir e ironizar o Filho do Pai, que chora pelos seus filhos. – Como eu havia dito, você é um fraco que tem de se curvar perante os céus e chorar pedindo clemência pelos seus filhos; mas, nem mesmo assim, consegue forças suficientes para reverter essa situação. E Jesus responde: – Não é por eles que choro, mas sim por ti! Pedi clemência ao Pai, para que me perdoe pelo que vou fazer agora. Recolhendo-se em oração, Jesus fecha os olhos, ergue os braços e os abre em direção aos céus. E uma língua de fogo rasga o espaço e vem em sua direção. A luz é tão intensa que se propaga nas trevas clareando todo o local. Logo o céu começa a se abrir novamente. A luz vai se derramando lentamente
  • 13. 13 sobre o Diabo, o cobre como um manto, e o aprisiona. E ele fica estático, sem poder se mover. Jesus anda em sua direção e lhe diz: – Por tudo que fazemos pagamos um preço nesta vida, aquele que escolhe o caminho do mal acaba pagando um preço mais alto, e o teu castigo será a prisão eterna. Jesus abre os braços mais uma vez e faz com que a redoma de luz suba até a altura de sua cabeça, ele a pega em suas mãos e começa a comprimir o Demônio até que ele tome a forma de uma semente, depois ele se abaixa e pega um punhado de areia, e o esfrega nas mãos, formando uma redoma de vidro, dentro dela coloca a semente e lacra aquele minúsculo pote de vidro. Jesus resolve, então, enterrá-la na Cidade Santa de Jerusalém, mas, antes de enterrá-la, ele ouve a voz do Mal. – Não pense que isso se encerra aqui! Eu estarei presente no coração dos homens, sejam eles bons ou maus. Justamente daqueles que você julga fiéis, é que virá a traição; aqueles que não o compreenderem sentenciarão sua perseguição e morte. O Mal prevalecerá! E Jesus enterra a semente do Mal no meio da Cidade Santa, para que nunca mais seja encontrada. Mas o Mal se fará presente na vida das pessoas por um longo tempo. * * *
  • 14. 14 Faltam dois dias para a Páscoa e os príncipes, os sacerdotes e os escribas conspiram um modo de tirar a vida de Jesus, porém temem uma reação do povo. Judas Iscariotes, um dos discípulos do Messias, prostra-se diante do seu Senhor como um anúncio do que está por vir. Dias antes do início da festa, Judas vai ao encontro dos príncipes, dos sacerdotes e dos magistrados para acertar a forma como irá entregar Jesus. Eles acordam a traição e lhe prometem dinheiro. E Judas dá sua palavra de que em dada ocasião, entregará Jesus sem que haja tumulto. Chega o dia da Páscoa, e Jesus encarrega a Pedro e a João de uma tarefa, dizendo: – Ide preparar a Páscoa, para que possamos comer. E lhe perguntam: – Onde queres que nós a preparemos? E responde-lhes Jesus: – Quando entrardes na Cidade Santa, ide ao encontro de um certo homem, que vos levareis a uma bilha de água. Segui-o até a casa em que ele entrar. Dizei ao pai da família que o Mestre vos manda perguntar onde está o aposento que lhe dará, para que nele, juntamente com meus discípulos, possa comer a Páscoa? E ele vos mostrará uma grande sala toda ornada, e ali vós começareis os preparativos. É chegada a hora, e põe-se Jesus à mesa com seus doze apóstolos e lhes diz: – Tenho desejado ansioso comer convosco esta Páscoa antes da minha Paixão. Pois vos declaro que não tornarei a comer até que ela se cumpra no Reino de Deus. Depois de tomar o cálice, dá graças, e diz: – Tomai-o, e distribuí-o entre vós: porque vos declaro que não tornarei a beber do fruto da vida enquanto não chegar ao Reino de Deus.
  • 15. 15 Também depois de tomar o pão, dá graças, e parte-o, e dá aos seus discípulos, dizendo: – Este é o meu corpo, que se dá por vós: fazei isso em memória de mim. Toma também da mesma sorte o cálice, dizendo: – Este cálice é o novo testamento em meu sangue, que será derramado por vós. Entretanto, aquele que há de me entregar, está à mesa comigo. E lhes digo que o Filho de Deus não vai de encontro ao que está decretado! Mas ai daquele homem por quem ele há de ser entregue. Surpresos com as palavras do Messias, os discípulos inquietam-se; deles haverá de trair o Filho de Deus? Indo Jesus, como era de seu costume, para o Monte das Oliveiras, seus discípulos o seguem. E, chegando lá, Jesus lhes diz: – Orai para que não entreis em tentação. E Jesus, de joelhos, ora, dizendo: – Pai, se é do Teu agrado, transfere de mim este cálice! Não se faça, contudo, a minha vontade, senão a Tua... Estando ele ainda orando, eis que chega um tropel de gente, armados com espadas e varapaus. Satanás entrou em Judas, que vem à frente deles, e se chega a Jesus para o beijar. E Jesus lhe diz: – Judas, então tu entregas o Filho do Pai dando-lhe o beijo da morte? E Jesus sente que a essência da energia do Diabo se dissipa do coração de Judas, mas já é tarde. Os apóstolos desejam lutar, mas ele pede que o deixem em paz. E Jesus anuncia aos sacerdotes, aos magistrados do Templo e aos anciãos: – É chegada a hora, eis o poder das trevas. E eles o levam. Pedro o segue de longe. Tendo-se acendido fogo no meio do pátio, e sentando-se todos em roda, está Pedro no meio deles. Então uma escrava, que o vê sentado ao fogo, depois de o reconhecer, brada: – Este também era da companhia daquele homem!
  • 16. 16 – Mulher, eu não o conheço! – responde Pedro. E daí a pouco, vem outro com mais outra acusação. – Homem, eu não sei do que você está falando! – retruca Pedro novamente. E no mesmo ponto, quando ele ainda falava, canta o galo. Pedro olha para baixo e lentamente ergue sua cabeça fixando seu olhar na direção do Cristo, e lembra das palavras que o Senhor lhe havia dito: “Antes que o galo cante, me negarás três vezes”. E, andando para fora, Pedro chora amargamente. E Jesus sente que a essência do Mal se dissipa do coração de Pedro. Aqueles que haviam prendido Jesus fazem escárnio, ferem-no, machucam-no. Vendam-lhe os olhos, e batem na sua face; dizem afrontas e blasfemam contra ele. E levam-no perante o Conselho, que diz: – Se Tu és o Cristo, diz-nos. – Se o disser, não havereis de me dar crédito. E também se vos fizer qualquer pergunta, não havereis de me responder, nem me deixareis ir. Mas depois disso tudo, estará sentado o Filho de Deus à direita do poder de Deus. Então todos dizem: – Logo, tu és o Filho de Deus!? – Vós o dizeis que eu o sou. – Então, se és Filho de Deus, porque não escapastes quando podias? – Que seja feita a vontade de Deus – responde Jesus. E Jesus é levado, então, à presença de Pilatos e Herodes, porém o povo pede logo sua sentença, gritando: – Crucifiquem-no! Crucifiquem-no! E Jesus segue em direção ao seu calvário e ali o crucificam. De súbito, mais uma vez, ele consegue ver a essência do Mal se dissipar do coração daqueles que o perseguem e pede clemência.
  • 17. 17 – Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem. * * *
  • 18. 18 Os séculos se passam... As Cruzadas; a Guerra dos Cem Anos; a Revolução Francesa; a Guerra da Secessão; a Primeira e Segunda Guerras Mundiais! Jesus conversa, então, com Deus. – Pai, vejo que no homem, criado a Tua imagem e semelhança não prevaleceram Teus ensinamentos, pois, ao contrário do que pregaste – a paz, a harmonia, o amor e a fé – eles tudo resolvem com revoluções e guerras. Seja por ideais de liberdade e prosperidade, seja pela ganância que arde em seus corações. Não basta terem derramado meu sangue, agora querem derramar o seu próprio sangue. – Meu Filho, hoje eu te pergunto: Será que valeu a pena teu sacrifício por aqueles que já viram que violência só gera violência; que destruindo o planeta e suas matas, e seus mares, e poluindo o ar e os rios, um dia pagarão um preço alto por isso? – Sim, Pai, valeu a pena! Meu sacrifício não foi em vão. Mesmo que a maioria dos seres do planeta esteja corrompida pela essência do Mal, ainda assim acredito que o sacrifício mesmo em favor de poucos, rendará frutos. O que me entristece é o fato de ter enterrado o Mal, e ele ainda sobreviver nos lares, nas empresas, nas relações entre os homens sejam elas profissionais ou emocionais. – Meu Filho, o Mal é como uma semente que vive no coração das pessoas. Cada um escolhe se vai regá-la ou não. E o homem continua de forma irracional a explodir, a massacrar, a aniquilar o seu semelhante, seja em casa, na rua, nas escolas...
  • 19. 19 “Filha planeja com o namorado a morte dos pais para ficarem com a herança” “Estudante fuzila vários espectadores dentro de uma sala de cinema” “Amigo mata o outro em discussão por causa de um pedaço de pão” “Pai mata filho depois de sofrer ameaças” “Neto mata a avó a pancadas” E Jesus volta a conversar com Deus. – Pai, o que está havendo? A vida na terra perdeu o valor, as pessoas matam umas às outras por nada! O que devo fazer? – Meu Filho, não te aflijas! Tudo o que podias fazer, já fizeste. Lembra-te que tua vida foi dada em sacrifício aos homens e que, apesar disso, hoje, não mais habitas nos seus corações. A ganância, a inveja, e tudo aquilo que o Mal forjou durante todo esse tempo, está muito presente em suas vidas. – Pai, peço a Ti, mais uma vez, que me permita entrar nos lares das pessoas; quem sabe ainda não as possa salvá-las! – Não, meu Filho, não há mais salvação para o homem, pois o Mal, mesmo enterrado, ainda tem poder. E não te esqueças de que não foste tu que saíste da vida das pessoas; elas é que te expulsaram. Elas preferem cultivar a semente da luxúria, do sexo banal, das drogas e tudo que o Diabo aprecia. – Pai, a ganância do homem será o seu túmulo! * * *
  • 20. 20 11 de setembro de 2001, o mundo fica abalado com o ataque aos prédios do World Trade Center, milhares de pessoas mortas e feridas, o mundo presencia o início da guerra contra o terror. Gritos de misericórdia ecoam pelo mundo: – Deus, tenha compaixão de nós! – Deus, por que nos abandonaste!? E Jesus volta a conversar, agora com sua Mãe, Nossa Senhora: – Mãe, como os seres humanos são confusos! Eles se esquecem de mim em todos os momentos bons de suas vidas. E quando falam comigo, só o fazem para pedir alguma coisa, e sempre se esquecem de agradecer quando recebem as graças; e quando as coisas não acontecem do jeito que querem, culpam-me, renegam-me... O que posso fazer se eles é que me abandonaram!?. – Não te aflijas, meu Filho! Eles são humanos e erram, perdoa-lhes; eles são dignos de tua misericórdia. * * *
  • 21. 21 George W. Bush, presidente dos Estados Unidos declara guerra ao Iraque. O massacre dura dias, milhares de inocentes, mais uma vez, sucumbem à irracionalidade daqueles que detêm o poder. Após a morte de vários inocentes, George Bush declara ao mundo a captura de Saddan, e o iguala a Satã, ou seja, o maior inimigo dos norte- americanos. Todos querem tomar o lugar de Deus, julgando, sentenciando; porém, cada um é senhor do seu destino, mas não o é senhor do tempo, e este os ensinará. Depois do ataque, a luta continua no Iraque, mas o pior ainda está por vir. Um míssil norte-americano, aparentemente afetado por uma tempestade magnética, perde as coordenadas e cai na Palestina, mais precisamente na Terra Santa de Jerusalém, matando milhares de peregrinos e deixando a cidade em ruínas. A repercussão é mundial; a população do Oriente Médio repudia o ataque. O mundo reage à ofensa norte-americana com passeatas e manifestações em todos os continentes do planeta. A população “pede a cabeça” do presidente norte-americano. Agindo com bom senso, o presidente vai à mídia, retrata-se e pede desculpas pelo incidente, mas o caos está instaurado. Logo as comunidades orientais unem-se pelo mundo num boicote aos produtos de origem norte- americana; lojas, empresas, as embaixadas dos Estados Unidos e dos países aliados espalhadas pelo mundo são depredadas; o mercado fica instável e as bolsas de valores começam a operar em baixa; o barril de petróleo bate novo recorde; países de terceiro mundo sentem a pressão; o FMI não renegocia dívidas nem abre novos acordos de empréstimos; os países de primeiro mundo se retraem para o fortalecimento de suas economias, o apocalipse se aproxima. Revoltados com as medidas drásticas, os blocos inferiores, formados pelos países de terceiro mundo unem-se numa conferência que fica conhecida por holocausto, na qual seus líderes decidem deflagrar guerra aos países de primeiro mundo pelos maus-tratos e pela exploração de seus povos durante todos esses anos. Dentre os líderes, representantes de países como o Brasil, a
  • 22. 22 Argentina, o México, Cuba e demais países da América Latina aderem ao movimento, além de alguns países do continente africano e alguns do Oriente Médio, como o Iraque. Tem início a Terceira Guerra Mundial. O mundo assiste ao início do fim; as grandes potências do globo, munidas da mais alta tecnologia detêm a vantagem na guerra, só que não contam com a persistência kamikaze dos povos de terceiro mundo e aliados. Numa das últimas reuniões entre os líderes do movimento, são discutidos assuntos como o futuro das nações: – Amigos, durante séculos, fomos ludibriados, tivemos nossas economias e nossos povos massacrados pela tirania dos “donos do mundo”. Sabemos que nesta guerra não haverá vencedores, haverá apenas mártires cujo sangue derramado não irá manchar apenas o chão por onde marcharão os “heróis da guerra”, mas também a alma daqueles que são os responsáveis pela exploração dos povos desprovidos de infra-estrutura básica para a sobrevivência e também daqueles que por falta de opção aceitaram a exploração de suas economias em troca de míseros acordos de exploração eterna. Hoje é o dia em que o mundo ficará marcado pelo cheiro de sangue, pelo corte da lâmina, pelo grito de dor, mas nada disso se compara à glória de uma derrota que para nós terá o gosto da liberdade, a liberdade de não sermos mais explorados por aqueles que ditam regras dentro das nossas próprias casas e onde não podemos ser os senhores do nosso destino, ao contrário, curvamo-nos às exigências desses ditadores! Hoje, não somos vários países de terceiro mundo unidos por um único objetivo, hoje somos os percussores de um movimento que já deveria ter sido deflagrado há anos, hoje nós somos a chama que arde pelo objetivo de nossa liberdade! E o mundo sucumbe à guerra, populações inteiras aniquiladas, crianças chorando, perdidas, idosos caídos ao chão, mortos, ao relento, corpos mutilados por todos os cantos do planeta. Países como Brasil, México, Cuba e outros aliados, ficam completamente destruídos; nos atentados terroristas pelo resto do mundo, países como França, Alemanha e Estados Unidos sofrem
  • 23. 23 perdas irreparáveis em suas estruturas. A guerra prolonga-se por cem anos, acarretando atraso tecnológico; o processo de evolução pára no tempo. O saldo, ao final da guerra: três bilhões de vidas perdidas! O mundo passa por uma nova fase e precisa ser reconstruído. As nações deixam suas diferenças de lado e retomam seu crescimento. O mundo entra numa nova era de evolução. Países procuram reconstruir suas cidades, reerguer suas economias e retomar o crescimento. * * *
  • 24. 24 São anos de bonança, em que reina um pouco de paz, mas não tanto... Até que no ano de 2123, alguns países do mundo retomam seu desenvolvimento tecnológico. Muitos povos, porém, ainda procuram recuperar sua identidade e culturas perdidas nos anos de guerra. É quando uma expedição de arqueólogos resolve ir até o local onde se encontram as ruínas enterradas pela guerra, a Cidade Santa de Jerusalém. Não é uma tarefa fácil, pois a localização exata e as coordenadas foram destruídas, e o interesse parte de poucos; muitos dos filhos nascidos nesta época nunca ouviram falar em Deus; as religiões praticamente não são cultuadas. Entretanto, algumas pessoas ainda tentam resgatar algo que seja, dessa história perdida. Munidos de tecnologia de ponta, cientistas e arqueólogos usam ferramentas modernas para identificar o local exato. Com o uso de um satélite, conseguem identificar as coordenadas e se dirigem ao local para começar o trabalho. As escavações duram dois anos e meio. Boa parte das ruínas está intacta; uma coisa, porém, intriga os arqueólogos: o achado de um pequeno pote de vidro no qual há uma semente de cor negra com dois pequenos chifres. Um cientista resolve abrir o pote para manusear a semente. O pote, entretanto, está lacrado de tal forma que é impossível abri-lo. Um deles, então, diz: – Por que você não joga este pote no chão, talvez ele quebre e aí vamos poder estudar que espécie de semente é esta... – É uma boa idéia! Os cientistas, então, o arremessam inúmeras vezes no chão, mas não têm êxito. Colocam-no sobre uma pedra e jogam outra bem mais pesada em cima, mas não conseguem quebrá-lo; por fim, tentam abri-la com uma marreta, nada. É como se aquele pequeno pote estivesse protegido por algum encanto. Os cientistas e arqueólogos estão intrigados, como poderia haver um tipo de vidro tão resistente em época tão remota? Resolvem, então, levá-lo ao
  • 25. 25 laboratório para análise. Boa parte dos integrantes era formada de brasileiros, naturais do Estado de Pernambuco. Entretanto, o pote é colocado dentro da sacola de um dos integrantes da expedição, que, por descuido, leva-o junto com seus pertences para casa. O bairro onde o pesquisador mora é considerado um ambiente de risco. No local, ocorrem assaltos, furtos, latrocínios, mas não tão diferente daquilo que acontece nos demais bairros da cidade. De qualquer forma, é um ambiente maculado, para qualquer ser humano. Sem noção do que está acontecendo, o arqueólogo, conhecido por Paulo, não faz idéia que está levando o Mal para dentro da sua casa. E pelos locais por onde vai passando, a semente vai se alimentando da energia negativa do ambiente; e essa energia começa a enfraquecer a redoma de vidro construída por Jesus. O homem não sabe, mas com as escavações, desenterrou todo o Mal que habitara latente o planeta por anos e anos. Por alguns instantes Paulo começa a se sentir mal; alguns metros à frente, uma briga. Paulo cai de joelhos no chão com uma forte dor de cabeça, senta-se, coloca a mochila do seu lado e começa a respirar com dificuldade; enquanto isso a briga toma rumos mais dramáticos, bem perto dali ele vê homens se agredindo com chutes e murros e cadeiras e garrafas atiradas contra as pessoas. A polícia chega e começa a bater violentamente naquelas pessoas, conseguindo, finalmente, cessar a tumulto. E leva todos para um camburão. Paulo respira com dificuldade, levanta-se e retoma seu caminho. Chegando em casa, constata que o pote, contendo a semente, estava em sua mochila, e havia se quebrado. Então ele resolve levá-lo, no dia seguinte, ao laboratório, para identificá-la através da catalogação de espécies. Chegando ao laboratório, Paulo dá a notícia de que o pote havia quebrado, todos ficam estarrecidos e curiosos em saber como ele havia conseguido o feito, já que haviam tentado tudo, sem sucesso. – Paulo, como você conseguiu? Todos tentamos, e até você!
  • 26. 26 – Vou-lhes ser sincero: não faço a mínima idéia! Ao chegar em casa, quando desarrumei a mochila, constatei que a semente esteve comigo a viagem inteira, estou tão surpreso quanto vocês, pois não sei como foi que o pote quebrou. – Tudo bem! Isso agora não é importante. Devemos contratar um especialista para analisar em que tipo de espécie ela se enquadra, já que essa semente é muito diferente de tudo aquilo que temos visto. Acho que esse tipo de árvore não deve ser muito comum. – É! Com certeza não deve ser. Esta semente, por menor que seja, por mais inocente que pareça ser, me transmite uma sensação de culpa, uma angústia, é como se nós não devêssemos explorá-la – diz um pesquisador. – Também senti uma sensação estranha, esta semente me deixa excitado, é como se ela pudesse me transmitir poder – diz Paulo. E todos buscam informações sobre aquela semente, passam meses estudando, pesquisando, mas não conseguem nenhuma informação. – Pessoal, acho melhor a gente desistir de procurar. Deve ser algum tipo de árvore pouco conhecida; eu aconselho plantarmos esta semente e acompanharmos o seu desenvolvimento. E Paulo se manifesta. – Sou contra! – Por quê, Paulo!? Se não houvesse interesse de sua parte, você não a haveria trazido até nós. – O fato é que não me sinto seguro. – Seguro de quê, Paulo? Ela é só uma mísera semente de uma árvore qualquer. – Estou sentindo uma sensação horrível, muito parecida com a que senti logo que estava chegando em casa. – Que sensação? Espere! Vou colocar a semente aqui em cima.
  • 27. 27 – Ouçam todos! Escutem-me: naquele dia, quando estava indo para casa, senti uma sensação muito estranha, era como se alguma coisa estivesse querendo me dominar. – Sim, mas o que isso tem a ver conosco? – É que estou sentindo a mesma sensação que senti, é como se um manto negro quisesse me encobrir. – O que você está querendo dizer? – Não sei ao certo, só acho que deveríamos nos livrar desta semente. Sinceramente, não sei explicar, mas é como se o Mal habitasse dentro dela. – Deixe de bobagem, Paulo! Você acha que esta semente pode conspirar contra nós? Vou plantá-la, para ver o que acontece. A cientista Kelly pega a semente em suas mãos, mas Paulo tenta tirá-la dela. – Não, Kelly, não faça isso! Os integrantes acham que Paulo enlouqueceu repentinamente e correm para ajudar Kelly. Todos o puxam de cima dela, mas ele tenta a todo custo tomar a semente das mãos de Kelly. Logo o imobilizam, mas ele consegue recuperá-la. Eles se acalmam, e Paulo, deitado no chão, pede desculpas e diz que não sabe o que lhe aconteceu. – Kelly, me perdoe! Realmente eu não sei o que aconteceu. – Tudo bem, Paulo, vamos esquecer tudo isso. Agora me entregue a semente. Quando Paulo abre a mão, todos que se encontram na sala ficam abismados. A semente havia eclodido e agora era um broto de pelo menos duas semanas de vida. Todos ficam sem entender o que está acontecendo e resolvem, por unanimidade, plantá-la no laboratório. E o homem planta o Mal no seu trabalho. Durante cinco meses, regam e adubam a semente, mas ela não cresce. Todos acham estranho o fato de ela ter eclodido tão rápido e agora não
  • 28. 28 consegue se desenvolver, então resolvem escolher alguém para observar seu desenvolvimento em um lugar aberto. Paulo, para se redimir, pede a Kelly que o deixe levar o broto e plantá-lo no quintal de sua casa, pois lá existe bastante espaço para que a planta se desenvolva, e ele poderá acompanhar o seu crescimento. – Tudo bem, pode levá-la – diz Kelly. * * *
  • 29. 29 Ao chegar do trabalho, Paulo pega uma pequena pá e vai ao quintal – mal sabe ele que está plantado o Mal em sua própria casa. O Mal precisa se alimentar e o ambiente onde Paulo mora é ideal para o seu desenvolvimento. Durante alguns meses, a semente se alimenta do Mal que emana do ambiente. A árvore atinge perto dos 150 centímetros e um metro e meio de altura, em pouco mais de um mês. Paulo faz questão de manter informados os cientistas. Mas ele sente a presença de uma energia estranha rodeando-o, energia esta que nos meses seguintes começa a se manifestar. Certo dia, Paulo chega em casa um pouco mais tarde, e sua mulher demonstra ciúmes. – Paulo, onde você estava? Já passam das onze da noite. – Você não sabe que eu estava trabalhando? Agora só falta você querer ficar me controlando. Anália acha estranho, pois Paulo nunca a havia respondido daquele jeito, e resolve ter uma conversa logo pela manhã. – Querido, o que houve? Em todos estes anos de casamento, você nunca chegou tão tarde em casa, muito menos me respondeu com tanta indelicadeza. – É, querida! Rogo seu perdão, ainda não sei o que está havendo comigo, só estou me sentindo um pouco estranho. – Tudo bem, pode ser o excesso de trabalho. E resolvem voltar à rotina do dia. Mas, duas noites seguintes após a discussão, Paulo retorna para casa, bêbado. – Paulo! O que é isso? Eu não admito que você chegue nesse estado em casa! E as crianças? O que vou dizer a elas se virem você nesse estado? – Não estou nem aí para as crianças, e estou pouco me lixando para você! – responde Paulo, bruscamente. – Paulo, o que é isso? Você enlouqueceu? As crianças estão dormindo e lembre-se de que nós temos vizinhos.
  • 30. 30 – E daí!? Esses inúteis não pagam minhas contas e eu quero que todos vão para o inferno. E sabe do que mais Anália, vê se me deixa em paz que eu vou dormir! Paulo vai para o quarto e Anália chora, sem saber o que está acontecendo com o marido. De repente, alguém bate à porta: – Anália, está tudo bem com vocês!? Anália enxuga as lágrimas e se dirige até a porta. Ao abri-la, ela se depara com dois de seus vizinhos. – Boa noite, Anália, houve algum problema? É que nós ouvimos gritos e ficamos preocupados; sabe como é, nosso bairro não é muito confiável. – É verdade, mas está tudo bem, foi uma pequena discussão entre mim e Paulo, nada grave. – Vocês, discutindo!? Em todos esses anos em que moramos aqui, nunca vimos uma discussão entre vocês, comentamos até que formam um casal perfeito! – Eu também estou estanhando, porque ele nunca foi de beber e chegar tarde em casa, e de uns dias para cá, tudo vem mudando. É como se alguma coisa estivesse tentando dominá-lo. De repente, tanto Anália quanto seus vizinhos sentem um calafrio. – O que é isso, pelo amor de Deus!? – pergunta um dos vizinhos. – “Deus!” Talvez seja isso que esteja faltando em minha casa: Deus! – responde. – Anália, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta, se não for lhe ofender, é claro! – Pois não, pode fazer. – Veja bem, hoje pela manhã eu passei pela frente de sua casa, e vi que essa árvore estava com mais ou menos um metro e pouco... – Sim, e daí?
  • 31. 31 – Como é que ela cresceu tanto tão rapidamente!? Você já percebeu o quanto ela se desenvolveu nesse curto espaço de tempo? – Não, não percebi. Anália sai e vai observar a árvore. Ela havia crescido mais ou menos um metro e mudado: agora estava com um aspecto sombrio, seus galhos secos e sua cor negra lembravam uma árvore de filme de terror. – É estranho, pois realmente não me lembro de que, pela manhã, ela estivesse com esse tamanho todo. Há alguma coisa errada com essa árvore, ela me dá uma sensação de angústia e, até agora, não sei que influência ela exerce sobre Paulo, pois ele vive obcecado por ela. – Anália, quem está aí à porta? – grita Paulo. – Já vou! – responde Anália. – Me perdoem, mas vou entrar... É melhor evitar maiores aborrecimentos com ele nesse estado. – Tudo bem! Tenha uma boa noite e, qualquer coisa que precisar, pode nos procurar; e pense bem sobre essa árvore! Não achamos uma boa idéia você ter uma árvore tão feia e estranha acabando com o seu jardim. Não sei se você notou, mas todas as outras plantas ao redor estão morrendo. Anália entra em casa e prepara-se para dormir. Banha-se, troca de roupa e vai para cama. Paulo, que ainda está sob a influência do álcool, tenta possuí-la. – Eu a quero esta noite. – Nem pensar! No estado em que você está, não tenho a menor vontade. – Você é minha mulher, cumpra com o seu dever e me dê prazer! – Eu já lhe disse que não! Não vou me sujeitar a fazer nada enquanto você estiver bêbado. Paulo perde a cabeça e espanca Anália, rasga suas vestes e a possui de maneira animal. Depois de saciado, vira-se e dorme profundamente. Anália
  • 32. 32 guarda aquilo para si e não comenta com ninguém. Aparentemente com amnésia, Paulo esquece das atrocidades da noite anterior. – Anália, o que foi isso no seu rosto? – Você não se lembra, Paulo? Foi você que fez isso no meu rosto, você me bateu ontem à noite e me forçou a ter relações com você. – Eu!? Anália, por favor, me perdoe, não lembro de nada! – diz Paulo entre surpreso e assustado. – Paulo, eu o amo, mas você tem se comportado de forma estranha desde que voltou de viagem. E essa árvore aí fora? Para que serve? Ela está matando toda as outras plantas, vou mandar cortá-la. – Se você fizer isso, não responderei pelos meus atos! – O que houve? Vai ficar agressivo comigo outra vez? – Não, só não quero que toque nessa árvore; esse é o meu trabalho. – Desde que essa árvore veio aqui para casa, você só se preocupa com ela. Paulo, você tem filhos, eles precisam de você e eu também. Perceba, pelo amor de Deus: essa árvore está acabando com você! – Eu lhe proíbo de falar esse nome dentro da minha casa! – O que houve? Eu não posso mencionar o nome de Deus agora? – É justamente isso. – Agora chega, eu mesma vou cortar essa árvore. – Anália, não se atreva! Ela pega um pequeno machado e se dirige para fora da casa, vai em direção à árvore e começa a cortar um de seus galhos. Paulo intervém no momento exato em que ela acaba de cortar o galho. Ele a abraça pelas costas e a empurra dali com violência. No local onde havia sido cortado o galho, a árvore sangra um líquido negro que respinga no rosto de Paulo. – Eu lhe proíbo de tocar um único dedo nesta árvore! – grita Paulo, possuído.
  • 33. 33 Os dias se passam e Paulo vai mudando seu comportamento gradativamente. Passa a beber e a freqüentar prostíbulos; cada dia é um novo tormento para Anália. Certo dia, Anália encontra nas coisas de Paulo uma seringa. Num momento de desespero, ela tenta conversar com Paulo. – Paulo o que está havendo? Você perdeu o amor-próprio? – Do que você está falando? – Estou falando do mau exemplo que você tem sido para nossos filhos; você só chega tarde da noite em casa, com cheiro de vadias e embriagado; e, como se não bastasse, ainda está se drogando. – Qual o problema? Não estou fazendo mal a ninguém. – Você é que pensa, Paulo! Você está fazendo mal a você e a nossa família, e o que é pior, você não quer entender isso. Paulo, você tem uma mulher que o ama, tem filhos lindos e com saúde, o que você quer mais da vida? Paulo se levanta e vai para o quarto. Anália o segue. – Paulo, por que fugir? Nossa conversa ainda não acabou. – Pode não ter acabado para você, mas para mim acabou! – Não, Paulo, a conversa não acabou. Desde que você trouxe essa maldita árvore para nossa casa, tudo tem dado errado e só você não percebe. – Qual é o seu problema, mulher? Eu já disse uma vez e torno a repetir: não toque um dedo sequer nessa árvore! – É mesmo? E o que você vai fazer se eu cortá-la? – Se você arrancar um único galho dessa árvore eu te mato! – Paulo, como você tem a coragem de me dizer isso!? – responde Anália com a voz trêmula. – Eu não digo, eu faço! Atreva-se! – Pois bem, eu quero ver! E naquele dia ensolarado de domingo, tudo conspira para o caos.
  • 34. 34 Anália se dirige à cozinha e pega o pequeno machado guardado debaixo do balcão. Vai até o lado de fora da casa e começa a investir golpes contra a árvore. Nesse instante, Anália é jogada ao chão e Paulo começa a agredi-la com murros e pontapés, ela se desespera e põe-se a gritar. – Não, Paulo! Socorro, alguém me ajude!! Ela tenta se livrar, mas não consegue; Paulo está por cima, esmurrando- a violentamente, enquanto ela grita. Seus filhos acordam e se defrontam com aquela cena de horror. Toda a vizinhança acorda com a gritaria e tenta apartar a briga, mas Paulo está decidido a acabar com a vida da mulher. Os vizinhos tentam tirar Paulo de cima de Anália, mas ela já está desacordada. Paulo está possuído pelo Mal. Com a firme decisão de matar a mulher, Paulo pega o machado que Anália usara para cortar a árvore e o ergue para aplicar-lhe o golpe final inclinando-se para trás a fim de conseguir mais impulso e força. É quando se ouve um disparo... O tiro o acerta em cheio, na hora exata em que ele ia aplicar o golpe final em Anália. Mesmo sangrando mortalmente, Paulo se levanta e vai até a árvore. Lá, ele se ajoelha e começa a pedir perdão a Deus. Enquanto ele roga o perdão, seu sangue escorre até o chão e começa a alimentar a árvore... E o Mal começa a se manifestar com toda a sua força! * * *
  • 35. 35 A árvore, então, começa a dar vários sinais de vida, mexendo seus galhos abruptamente. Todos observam. Mas o sangue que dá vida à árvore não é o suficiente para fazer emanar todo o mal que habita sua essência. Ela, então, reage e, subitamente, crava um de seus galhos no coração de Paulo, que cai sobre suas raízes. O sangue de Paulo escorre como uma cachoeira do seu peito e, finalmente, começa a alimentar a árvore maldita. De repente, o dia escurece passando a um tom avermelhado. E logo se fazem trovões, estrondos e relâmpagos, e depois um grande tremor sacode o mundo. Após um longo período de tempo, Satanás [é], enfim, desenterrado de sua prisão, para seduzir as nações que estão nos quatro cantos da Terra. E ouve-se a primeira trombeta! Todos olham para o céu assustados, e é lançada sobre a terra uma chuva de pedra e fogo, misturados com sangue. E [é] destruída pelo fogo a terça parte da terra, das árvores e também de toda erva verde. Ouve-se a segunda trombeta. E algo que parecia uma grande montanha pegando fogo [é] jogada no mar, matando as criaturas que lá vivem e que servem de alimento para os seres humanos. Quando soa a terceira trombeta, uma grande estrela, queimando como uma tocha, [cai] do céu, sobre as fontes de água potável do planeta, tornando- as impróprias para o consumo humano. O castigo estava somente começando. E ecoa o som da quarta trombeta: é ferida a terça parte do sol e a terça parte da lua e das estrelas, de maneira que se [obscurece] a terça parte deles, e não [resplandece] o dia, tornando-se, a noite, eterna. E soa a quinta trombeta, e cai do céu outra estrela, abrindo um abismo. Do fundo do abismo, [saem] gafanhotos para a terra e [recebem] o mesmo poder dos escorpiões. E é dito aos gafanhotos que não façam estragos nas ervas, nem nas árvores, (...); somente [podem] ferir as pessoas que não [tenham] a marca do sinete de Deus na testa. Os gafanhotos não [têm] permissão para matar essas pessoas, eles podem apenas torturá-las durante
  • 36. 36 cinco meses. (...) Naqueles dias, os homens procurarão a morte, e não a encontrarão, e eles vão querer morrer, mas a morte fugirá delas. E ouve-se, a sexta trombeta, e com ela uma voz que ecoa nas alturas: – “Solte os quatro anjos que estão amarrados perto do grande rio... Eles [estão] preparados para (...) matar a terça parte da humanidade.” E o Mal acorda! Ele havia se alimentado, durante todo o tempo em que esteve aprisionado, do mal que emana do coração dos homens. E a árvore suga todo o sangue de Paulo, alimentando-se da essência da vida; e logo ela começa a crescer de forma desordenada. O Mal cresce em proporções gigantescas, atingindo a estratosfera do planeta Terra. Em suas galhas, começam a aparecer folhas negras, suas raízes chegam ao núcleo do planeta e são direcionadas aos quatro cantos do mundo, onde começam a brotar árvores a partir de suas raízes. O Mal começa a se alimentar da energia terrestre, matando o restante de todas as formas vivas que servem de alimento, e o homem passa a sentir fome. Mas o Mal não tem intenção de matar o homem, quer apenas usá-lo como ferramenta para sua propagação. O Mal deixa que o homem sofra de fome até acabarem todas as reservas de comida do planeta. A humanidade agora não tem mais como conseguir alimento. E o Mal faz brotar frutos de seus galhos pelos quatro cantos da Terra. São sete frutos aparentemente idênticos, mas diferentes no sabor, e cada fruto representa um pecado; e sete são os pecados oferecidos pelo Mal à humanidade para saciar sua fome. E o homem passa a se alimentar de soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Foram necessários apenas alguns meses para se instaurar o caos em todo o planeta. E o homem se rende às fraquezas da carne e logo se esquece de amar e ajudar o próximo e se esquece da caridade e procura apenas saciar seus vícios e tirar proveitos pessoais. E todos se esquecem da existência de Deus. O que havia restado de igrejas, templos, mesquitas e tudo aquilo que lembrasse a salvação, é posto abaixo; o Mal impera nos corações como nunca visto na história da humanidade.
  • 37. 37 Maria, mãe de Jesus, observa, com profunda tristeza, a provação vivida pelos homens. E roga ao Pai: – Senhor, suplico que me dê Tua permissão para ir à Terra, estar com nossos filhos. Permita-me interceder por eles junto a Ti, Senhor Deus, ao lado deles. – Maria, como posso permitir isso? O Mal foi controlado por milhares de anos; mas infelizmente o homem o desenterrou e plantou sua semente, adubou-a, regou-a e alimentou-a, inconseqüentemente. Deves deixar que ardam no fogo do Inferno, essa foi a sua escolha. – Meu Senhor, são pobres pecadores e precisam de compaixão. – Maria, eles não precisam de compaixão, precisam, sim, de uma lição. Mais uma vez eu afirmo: nunca os abandonamos, eles é que nos abandoaram! Olhe bem ao redor! Há tempos que o homem vem se afastando de nós. Por séculos e séculos, vimos transmitindo-lhes lições simples, como: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. E o que o homem tem feito, Maria? Justamente o contrário, ele venera o Mal com todas a força de sua alma; “Não tomar o santo nome de Deus em vão”, é somente o que eles têm feito. Por tudo e por nada, blasfemam contra mim, contra ti e contra o Filho de Deus, citam meu nome com heresia ou pedem-me coisas as mais vis que possam existir; “Honrar pai e mãe”, quantos filhos têm matado seus pais, seus avós, e tudo por causa do interesse que têm em seus bens materiais; “Não matar”, sabemos que para muitos, a vida não tem mais valor nenhum, matam por tudo e por nada; “Não furtar”, os assaltos e roubos aumentam a cada dia; “Não desejar a mulher do próximo”, quantos adultérios são cometidos em nome do “amor”?;
  • 38. 38 “Não cobiçar as coisas alheias”, quantos invejam o que outros conseguiram com tanto sacrifício? Como vês, Maria, por tudo isso não posso permitir que vás, até mesmo porque estarias te arriscando por aqueles que não valem mais a pena. – Meu Senhor, acho que todos valem a pena, sim. A redenção, para muitos, sabes, só acontece no derradeiro instante. – Mesmo assim acho que te arriscarias inutilmente, Maria. Não falemos mais sobre isso. Atenta aos desejos do Senhor, Nossa Senhora se prepara para enfrentar o Mal. Nesse instante, chega Jesus: – Mãe, o que estás fazendo? – pergunta Jesus. – Meu Filho, estou indo à Terra para tentar salvar a humanidade. – Mãe, desobedeces às ordens do Senhor!? – Não, meu Filho, não estou desobedecendo às ordens de teu Pai! Ele apenas não permitiu que eu “intercedesse” por teus irmãos junto a Ele. Então, eu vou “lutar” contra o Mal. – Mãe, não terá forças para fazer isto sozinha! – É verdade, meu Filho, mas tua força estará comigo aonde eu for. Lá, eu evocarei minhas aliadas para lutarem ao meu lado. Não te preocupes, estou fazendo o que toda e qualquer mãe faria para salvar seu filho de uma situação de perigo. * * *
  • 39. 39 Chegando à Terra, Nossa Senhora encontra um planeta escuro e úmido, com cheiro de morte, a areia da terra está preta, as águas dos mares e rios estão podres, e exalam odores terríveis; não existem árvores vivas nem gramíneas, o vento que sopra é frio, o cheiro de enxofre rasga o ar acompanhado de uma neblina negra e fétida. O planeta Terra está morto! Ela começa a andar explorando o ambiente; a cada passo, encontra pessoas se drogando, brigando, destruindo, matando... Tudo por prazer. Ela chora por não acreditar que aquilo esteja acontecendo com seus filhos. O homem sucumbiu a sua ignorância! Mas ela está decidida a pôr um fim a tudo aquilo. A redenção virá por suas mãos. E passa pelos continentes do planeta procurando a raiz desse Mal. Mas para tristeza de Maria, ele se encontra espalhado por todo o planeta. Não há um único recanto sequer em que não existam ramos do Mal. Mas é no Brasil que Maria descobre o lugar onde bate o coração do Maldito. E Nossa Senhora olha aquela árvore imensa, desde as suas raízes até onde a vista alcança, e decide que fará alguma coisa. Em suas mãos, ela faz surgir a espada da Justiça, iluminada pela energia do Bem. Ela a cruza sobre seus ombros, corre em direção à árvore e a investe contra o tronco de mais de dois quilômetros de diâmetro. Mas a força maléfica é de tal ordem, que a repele e a arremessa a uns cinqüenta metros de distância. Logo ela percebe que sozinha não conseguirá mesmo vencer o Mal. Enquanto Maria se recupera, a “árvore” sorri, zombeteiramente, da Mãe de Jesus: – Você pensa que sozinha poderá me destruir? O Mal não pode ser vencido com a simples “espada do Bem” ou com orações ridículas, mas através da fé dos homens, e isso você não mais encontrará aqui, pois o Mal reina soberanamente. Então ela, humildemente, se ajoelha e diz: – Influencias nas decisões das pessoas, destróis nações inteiras através das guerras, usas a religião para justificar a morte de inocentes, usas o santo nome do Senhor para ganhar dinheiro, dás poder àqueles que só sabem usá-lo em benefício próprio, não se preocupando com o restante das pessoas. Mas hoje, não estou aqui para pedir aos homens que tenham fé, que creiam no Senhor
  • 40. 40 mesmo que não o estejam vendo, porque todos têm o poder de decidir o caminho que querem trilhar. Hoje, estou aqui para provar-te que és forte porque crês, muito mais do que qualquer homem de “bem” que ainda exista neste planeta, na existência de Deus, na existência do Bem, e é contra ti que vim lutar agora. – Você está louca! Como ousa dizer que tenho fé? – Tu és o único ser neste planeta que tem confiança absoluta de que o Bem existe; tanto é verdade, que isso te faz lutar para que ele, o Bem, não sobreviva e volte a reinar a fé e a paz entre os homens. – Chega de asneiras! O fato é que, só, você não me derrotará! – Mas quem disse a ti que estou só? – Olhe ao redor e veja que não resta mais nada além de mim! Além do Mal!!! – É o que pensas! E Nossa Senhora ajoelha-lhe perante os céus que, no momento, encontra-se escuro, e reza. Em suas preces, seu pensamento transita por todos os cantos do planeta. E, enquanto Maria reza, o Mal tenta atormentá-la. – Eu avisei a você que não adianta rezar, o mundo agora só pertence a mim!! E, saindo de suas orações, ela responde: – Não me preocupo, pois tua hora está próxima. Nisso, um aroma de jasmim e rosas se confunde com o odor de enxofre; repentinamente, aparecem inúmeras Nossas Senhoras; são elas as representações da Mãe Santíssima, existentes nos quatro cantos do mundo: Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Carmo, Nossa e Senhora de Fátima... que vêm unir forças na luta contra o Mal. E trava-se mais uma batalha...
  • 41. 41 Logo nos primeiros instantes, a árvore do Mal mostra sua superioridade criando, ao redor do tronco, uma barreira impenetrável de fumaça, fogo e pedra. Elas recuam para compor o plano de ataque. – Só temos uma alternativa: usar ferramentas que possam cortar o tronco dessa árvore; vamos nos reunir e usar nossa energia para forjar essas ferramentas. E logo elas se unem em oração e forjam um grande serrote cuja energia é o Amor. Fazem também machados, com a energia da Compreensão, da Compaixão, da Benevolência e da Justiça. E partem para o ataque. De longe, na escuridão, vê-se pequenos pontos luminosos escalando a enorme árvore, e um a um os galhos vão sendo cortados; ao mesmo tempo em que os pontos luminosos distraem a atenção de Satanás, outras Nossas Senhoras tentam “cortar o mal pela raiz”. Mas logo o Demônio se apercebe do plano das “Mães” de Jesus e decide agir com violência. A árvore rapidamente começa a agitar seus galhos asquerosos e cheios de espinhos, envolvendo uma a uma das Nossas Senhoras em suas garras e as trucidam com prazer e ódio. Mas eis que estas eram apenas imagens simbólicas da verdadeira Mãe, e à medida que as ia destruindo, crescia, sobre suas raízes, as “imagens” quebradas pela força do Mal. “Em pouco tempo, só restará a “verdadeira”, que já está sem forças para lutar...” – pensa ardilosamente o Demônio, enquanto destrói as imagens das outras Nossas Senhoras. De repente, quando o Mal está prestes a matar a Mãe de Jesus... * * *
  • 42. 42 Uma luz incandescente, de imensa beleza, desce dos céus e ilumina o jardim e começa a abrir caminho entre as trevas... Parece uma estrela caindo bem devagar em direção da árvore, a qual fica ofuscada pela magnitude de seu brilho... É Jesus! O Filho de Deus! Ele se aproxima e suavemente retira Nossa Senhora das garras do Mal e a envia para o céu. Lá, é acolhida pelos anjos que tratam de seus ferimentos. Enquanto isso, Jesus conversa com o Mal... – Pensei que te havia enterrado para sempre! – Você não sabe que fui enterrado no coração dos homens e que foram eles que me trouxeram à vida? Sou a semente que é regada todos os dias, a árvore cujos frutos alimentam a terra dos homens. O Bem não prevaleceu e nunca prevalecerá. – Tu não sabes o que dizes! – Você não concorda comigo? – Não. Para todos há salvação, desde que acreditem que podem ser salvos e estou aqui para provar isso. – Você é muito ingênuo! Será que não percebe que as coisas que acontecem com os homens são resquícios das civilizações que tentaram conquistar a paz através da guerra e da dizimação de populações inteiras? E como justificativa para tudo isso, usam o seu nome e o nome de seu Pai? Quantos mataram ou matam em nome de Deus? Quantos no mundo enganam estas pobres almas idiotas e ganham rios de dinheiro usando o seu nome? Quantos condenam, em seu nome, mas cometem o mesmo pecado que os levam a condenar seu semelhante? Quantas vezes você contou as preces que fizeram a vocês em agradecimento pelo que receberam? Quantos usam seu nome em vão? Admita! Esta guerra você já perdeu! Todos são pecadores e merecem perecer no fogo do inferno. – Continuas falando bobagens. Não sabes o que dizes!
  • 43. 43 Jesus, então, eleva as mãos para o céu e implora... – Pai, concede-me Tua força para lutar contra o Mal, que neste momento está forte e poderoso. Permite a mim, Pai, que eu convoque, em Teu nome, guerreiros da fé e da bondade para que juntos possamos destruir o Mal, pois temo, Senhor da Misericórdia, que sozinho não terei forças para destruí- lo... E um profundo silêncio se faz... Enquanto a “árvore” observa a cena com escárnio, Jesus eleva as mãos aos céus e convoca vários líderes espirituais para a batalha, dentre eles: Buda, Maomé, Ghandi, Alan Cardec... – Vinde, amigos! Unamos nossas forças para vencer o Mal. Somente pela fé será possível salvar a humanidade. Ide buscar os cordeiros que fugiram do rebanho, em nome de suas religiões, pois que pela união dos povos podereis todos vós chegar ao Pai e vencer essa luta contra o Mal. E assim seguiram, mais uma vez, os “apóstolos” de Cristo em busca do rebanho perdido... Jesus olha para a árvore do Mal e lhe diz: – Que se faça a guerra entre mim e ti! E Jesus começa a emanar uma luz tão intensa que ofusca a árvore. E a luta começa. Raios, trovões e bolas de fogo cruzam os céus numa luta feroz. Jesus vence até o momento, mas a árvore do Mal é diabólica e rapidamente consegue atingir Jesus sem piedade, que é jogado violentamente ao chão. Caído, e bastante machucado, consegue levantar-se e eis que surge em suas mãos uma espada de luz, é a espada da Justiça. Ele corre em direção à árvore com a espada em punho; a árvore tenta acertá-lo, mas Ele se desvia dos golpes. De repente, Jesus se aproxima da árvore velozmente e crava-lhe a
  • 44. 44 espada, decepando-lhe uma de suas raízes. É quando, finalmente, a árvore ameaça tombar. Ouve-se um uivo de dor e a árvore investe toda sua ira num único golpe, acertando Jesus e abrindo um buraco no chão. Jesus levanta-se mais uma vez, está bastante ferido, mas não desiste. – É só isso que tu podes fazer contra o Filho de Deus!? – Você é um fraco e vou destruí-lo! Mas a população, dominada pelo rei das trevas, começa a circular Jesus impedindo-o de se mexer. – Não sei se você se lembra, mas foi traído uma vez pelos homens! Não se espante, pois esses homens têm a mesma alma daqueles mesmos que lhe abandonaram no passado e o farão todos os dias, para todo o sempre! – fala, o Demônio, desdenhando de Jesus. – É mais cômodo para eles abrir mão das coisas abstratas da fé, que das regalias concretas que lhes posso dar. Novamente, um silêncio profundo toma conta do lugar... E Jesus, mais uma vez, é abandonado pelos homens... Numa última tentativa, Jesus procura resistir, suplicando: – “Reajam, lutem contra o Mal, lutem!”. Mas os homens não o ouvem e de novo entregam o Filho de Deus, às forças do Mal. Do céu, Nossa Senhora, ainda debilitada, assiste novamente ao calvário de seu Filho. E tenta salvá-lo, rogando a Deus que a deixe ir ao encontro do Filho, em vão... * * *
  • 45. 45 Findada a guerra, a árvore envolve Jesus numa bola de energia escura e o eleva até as alturas. E o comprime em uma pequena esfera branca do tamanho de uma semente. A árvore pega um punhado de areia e o transforma numa redoma de vidro, põe a semente dentro, e a enterra. Do céu, Nossa Senhora observa, desolada, o fim da salvação. Todos os grandes líderes espirituais haviam sucumbido à falta de fé dos homens. E Nossa Senhora chora; suas lágrimas vão se acumulando e formando nuvens, e logo começa a chover. Suas lágrimas, então, caem sobre o local onde a semente do Bem havia sido enterrada e logo começa a florescer uma pequena erva branca, desconhecida, mas certamente da família das lorantáceas. E a planta espalha suas pequenas raízes em direção à árvore do Mal, sobe pelo seu tronco, e, aos poucos, delicadamente, começa a sugar sua energia maligna... * * *
  • 46. 46 Caro leitor, todos nós temos a consciência de que existem dois caminhos a serem trilhados na vida: o do Bem e o do Mal. E essa é uma escolha que compete exclusivamente a nós, fazê-la. Sabemos as conseqüências de buscar o caminho mais curto para as coisas do destino, porque tudo tem seu preço. Sejamos pacientes, tenhamos fé e acreditemos nas coisas de Deus para não darmos lugar ao acaso, e isto serve para qualquer que seja a religião que abracemos. Deus é um só e o Bem se constrói com o bem. Chega de mesquinharia, de guerras, de falta de amor, de jogos de interesse. Busquemos a salvação. O final desta estória está em nossas mãos... Nós é que temos o poder de decidir quem vai vencer essa luta, se o “Bem” ou o “Mal”. Façamos nossa escolha e, independentemente do final, valerá a pena refletir e começar a observar as coisas simples da vida saiamos da escuridão com a confiança e a fé de que Deus ama a todos nós. Se Ele nos colocou aqui na Terra não foi por acaso! Que soe, a sétima trombeta! * * *
  • 47. 47 SOBRE O AUTOR Saulo Emmanuel Rocha de Medeiros é formado em Administração de Empresas, Especialista em Administração Hospitalar e Mestre em Gestão Pública. Servidor de Carreira da Universidade de Pernambuco como Administrador Hospitalar e professor do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco. Como escritor produziu os livros: 1.QUANDO OS NEGROS DOMINARAM O MUNDO; 2. A SEMENTE DO MAL; 3. MEU CHEFE É UM CACHORRO e JÚLIA ROCHA – EM BUSCA DA TERRA DO PEITINHO ENCANTADO.