Mais um conjunto de diapositivos sobre a temática da agricultura. Nos primeiros diapositivos dá-se relevo às caraterísticas desta atividade económica primária na primeira metade doséculo XX, segue-se um grupo dedicado ao abandono agrícola e termina-se com exemplos de rejuvenescimento do setor agrícola.
Evolução da agricultura portuguesa nos séculos XX-XXI
1. Evolução da agricultura
em Portugal
Quais os fatores responsáveis pela situação atual?
Qual o papel da História?
1
2. Quais as caraterísticas estruturais da agricultura praticada na primeira
metade do século XX?
Estrutura✓ fundiária
desequilibrada – minifúndios a
Norte e latifúndios a Sul
Incapacidade dos seus✓
agentes para valorizarem a
atividade agrícola – economia
de subsistência
✓ Notória impreparação técnica
e cultural - carácter arcaico
Baixos rendimentos✓
Baixa produtividade✓
Nexos causais com o baixo✓
nível de desenvolvimento
nacional. https://bloguedominho.blogs.sapo.pt/465002.html
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3. Quais os entraves que condicionavam o desenvolvimento agrícola?
✓ Rigores climáticos
✓ Oposição a reformas de um
importante grupo de pressão,
constituído pelos grandes
agricultores do Sul
✓ Pressão de certos agrários —
latifundiários do Alentejo, do
Ribatejo e do Norte e alguns
pequenos do Norte - junto do
poder político a fim de
receberem proteção aos seus
interesses, exemplos:
✓ fixação de preços
administrativos
remuneradores,
✓ atribuição de subsídios
✓ defesa contra certas indústrias
de transformação de produtos
agrícolas.
http://arturpastor.tumblr.com/post/136627130679/arturpastor-cenas-da-vida-rural-
alentejo
Um retrato da agricultura alentejana
3
4. Que soluções eram preconizadas para a estrutura fundiária e a melhoria
dos resultados?
Emparcelamento dos minifúndios
Parcelamento dos latifúndios
Irrigação das terras secas
Foram longos os debates em torno destes problemas durante o Estado
Novo e muitas as soluções então apresentadas.
A mais importante destas últimas era
a que, a par da correção dos
ancestrais vícios fundiários,
pretendia atenuar os rigores
climáticos do país através,
simultaneamente do/a:
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223377900O7jBJ3zl9Px04XU4.pdf 4
5. Portugal, de país agrícola a país essencialmente industrial – anos 50 do
século XX
Barragem de Castelo de Bode em construção. Seria
inaugurada no ano de 1951.
Muitas foram as manifestações de desagrado das
populações agrícolas: caminhos cortados, submersão de
campos, incapacidade de circulação dos animais ...
A construção desta Barragem é
reflexo de uma sobreposição da
fação industrialista do Estado
Novo que se começa a impor à
génese ruralista do regime.
O Estado Novo transmitia
a ideia de Portugal como
a “mais formosa das
herdades”.
No início da segunda metade do
século passado, os ativos no
país distribuíam-se, cerca de:
- 30% no setor secundário
- 50% no setor primário
- 20% no setor terciário
denunciando um atraso industrial
significativo, em muito
consequência da chamada Lei de
Condicionamento Industrial
(1931).
5
6. ❑ A economia portuguesa sofria a sua mais espetacular metamorfose de sempre. O país entrava
em fase de crescimento económico auto-sustentado, a sua indústria desenvolvia-se, a
importância relativa da agricultura decaía em termos drásticos e definitivos, a população
começava a fugir em massa dos campos em direção às cidades.
Dos anos❑ 50 em diante Portugal deixou, na realidade, de ser «essencialmente agrícola».
A grande agricultura ... obrigada pelo êxodo rural a modernizar-se parcialmente, também já se não
identificava completamente com a sua antecessora.
Em❑ 1962 , o ministro da economia de então considera inquestionável a “ irreversibilidade de
participação da agricultura». Pelo que sugeria uma certa «orientação» na política agrária:
deveria proceder-se segundo a seguinte ordem de prioridades: «(1) adaptação gradual de
culturas», medida com a qual se visava, como «primeiro passo», «abrandar o ímpeto da
'campanha do trigo', promovendo-se em alternativa os produtos florestais, hortícolas, frutícolas
e pecuários (...).
A agricultura trigueira alguma coisa se foi modernizando por esta altura com o maciço êxodo❑
rural então verificado, os agricultores latifundiários viram-se forçados, quer a mecanizar de
forma intensiva as suas explorações, quer a reduzir a área de cultivo dedicada ao trigo, quer
ainda a substituir esta por outras produções menos absorventes em mão-de-obra.
6
7. “O ABANDONO DA
ACTIVIDADE
AGRÍCOLA”
Resumo elaborado a partir do Relatório realizado por um Grupo de
Trabalho, constituído pelos seguintes Técnicos:
− António Lobo Alves (Coordenador)
− Nuno Siqueira de Carvalho, Sofia Castel-Branco da Silveira, João Paulo Marques, Zita
Costa e António Luís Loureiro Horta
7
http://www.gpp.pt/images/GPP/O_que_disponibilizamos/Publicacoes/Abandono.da.Activ.Agric_jan03.pdf
8. História do abandono agrícola recente
Final da década de 60:
Êxodo maciço para vários❑
países europeus,
designadamente a França e a
Alemanha, e que atingiu
centenas de milhares de
portugueses, a maioria dos
quais de origem rural e que
exerciam a sua atividade no
sector agrícola.
Início da década de 70:
Recurso a mão de obra❑ , na
maioria de origem rural, em
resultado da
internacionalização da
economia portuguesa (adesão
à EFTA) e uma acentuada
industrialização do País.
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Máquina agrícola Tramagal ao abandono depois da Reforma Agrária
(foto Alexandre Filipe Nobre)
http://historiaschistoria.blogspot.com/2016/01/um-portugal-esquecido_21.html
9. História do abandono agrícola recente
✓ Emigração
✓ Industrialização
✓ Guerra colonial
conduziram ao abandono de
áreas significativas do território,
designadamente nas regiões de
minifúndio.
Em meados da década de 70, o
regresso de mais de 600.000
portugueses do ex-ultramar
levou a uma redução do
abandono agrícola, uma vez que
muitos dos “retornados”
regressaram às suas regiões de
origem e iniciaram uma
atividade agrícola, normalmente
de subsistência. 9
Aldeia abandonada
10. História do abandono agrícola recente
Nos anos❑ 80, a ocupação das
áreas rurais manteve-se mais
ou menos constante.
Na década de❑ 90, os
agricultores que não migraram
nos anos 60, mostravam um
envelhecimento crescente que
atingiu uma expressão sem
paralelo em qualquer dos
restantes países da UE.
A maioria dos jovens❑
agricultores abandonaram a
atividade, por inviabilidade das
explorações, ausência de
apoio técnico eficaz ou porque
foram aliciados por salários
atrativos do sector terciário.
10
https://www.paivense.pt/noticias/2018/02/agricultores-afetados-pelos-incendios-
retomam-atividade-esperanca-as-dificuldades/
11. 11
CAUSAS DO ABANDONO CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E ECONÓMICAS
❑ Baixa produtividade do trabalho
fundamentalmente nas explorações de pequena
dimensão
❑ Topografia acidentada, pequena dimensão das
explorações e a baixa produtividade dos solos nas
Regiões de Montanha
❑ Dispersão predial o que agrava a pequena
dimensão das explorações, situação mais
problemática em Trás-os-Montes e Beira Litoral e
que afeta em especial a viabilidade das
explorações
❑ Sistemas agrícolas tradicionais economicamente
inviáveis na maioria dos casos
❑ Desajustamento histórico entre a capacidade de
uso dos solos e a sua utilização, caso de solos
florestais que foram ocupados com culturas
agrícolas e, entretanto, foram abandonados
recentemente
❑ Regressão demográfica e a consequente
desvitalização das regiões:
- envelhecimento da população
- êxodo dos jovens
- subutilização de equipamentos sociais
- redução da população nos pequenos
aglomerados rurais para valores inferiores
ao limite de viabilidade
❑ Agravamento das pequenas economias locais,
predominantemente agrícolas, afetadas pelo êxodo
das populações
❑ Perda de dinamismo social e económico no presente
e, ainda mais, no futuro das regiões
❑ Concentração das populações nos grandes centros
urbanos, agravando os problemas neles existentes.
❑ Abandono dos sistemas agrícolas tradicionais
economicamente marginais mas, ambientalmente,
sustentáveis, o que é negativo para a conservação da
natureza
13. 13
Evolução do número das
explorações agrícolas: total e por
dimensão
De 1968 para 2016, registou-se
uma redução:
substancial no número total de❑
explorações
-68,3%
(de 811 656 para 257 736 explorações)
mais acentuada nas explorações❑
de menos de 20 hectares
-70,1%
Menos notória nas explorações❑
de 20 e mais hectares
-19,8%
Fontes/Entidades: INE, PORDATA
Explorações com 20 e mais ha
Explorações com menos de 20 ha
Total de explorações
14. 14
Superfície agrícola utilizada, em
hectares, e explorações, total e por
dimensão
De 1968 a 2016, verificou-se que, a
superfície agrícola utilizada, sofreu uma
redução, em hectares:
Total de❑
-26,8%
(de 4 974 157 para 3 641 691 hectares)
Significativa no conjunto das❑
explorações de menos de 20
hectares
-58%
Pouco expressiva no conjunto das❑
explorações com 20 e mais hectares
-7,2%
Total da superfície utilizada
Das explorações com menos de 20 ha
Das explorações com 20 ha e mais
Fontes/Entidades: INE, PORDATA
15. Evolução da dimensão média das explorações agrícolas, em hectares
(ha)
15
Desde o Recenseamento Geral da Agricultura de 1989 até ao ano de 2016,
verificou-se um aumento quase contínuo da dimensão média das
explorações: de 6,7 ha para 14,1 ha. Este aumento é necessário para tornar
as explorações melhor dimensionadas e, portanto, mais rentáveis e mais
produtivas. Aumentando a área pode ser maior a especialização agrícola e a
mecanização dos campos e, logo, mais elevada a produtividade.
16. 16
Olival
Vinha
Principais frutos de casca rija
Citrinos
Principais frutos frescos
Principais culturas industriais
Batata
Principais leguminosas secas
Cereais para grão
17. Que futuro para a
agricultura
portuguesa?
Alguns exemplos em curso.
17
18. Regantes investem em energia solar rumo à Neutralidade Carbónica
Mai 11, 2018 - http://www.flfrevista.pt/2018/05/regantes-investem-em-energia-solar-rumo-a-neutralidade-carbonica/
«Os agricultores regantes estão
cientes de que a água é um
recurso valioso que deve ser
gerido da forma mais eficiente
possível, gerando uma baixa
pegada de carbono.
As associações de regantes
representadas pela FENAREG
estão a investir no presente para
obter ganhos de eficiência no uso
da água e da energia no futuro,
garantindo a sustentabilidade do
sector agrícola e o respeito pelo
meio ambiente»
18
Duas centrais fotovoltaicas para produção de energia solar,
que será usada para autoconsumo nas estações de
bombagem dos reservatórios do Marmelo e do Monte Branco,
no concelho de Ferreira do Alentejo, estão a ser construídas
19. Portimão exporta salicórnia
05 junho 2018
Está a ser cultivada a norte da❑
povoação da Figueira, no
concelho de Portimão.
Pode ser usada como❑
substituto do sal, ou picada,
usada em saladas e numa
grande panóplia de pratos.
À frente da produção está o❑
biólogo Ricardo Coelho, 30
anos, e também Hugo
Mariano, professor de
Português com 20 anos de
carreira docente, mas com um
mestrado em Gestão
Sustentável de Espaços
Rurais. 19
Salicórnia, um produto muito na moda no mundo da alta gastronomia
20. "Estamos a fazer história. Ser agricultor em Portugal já dá prestígio"
❑ Hoje, mais de metade dos
agricultores têm mais de 65 anos
e apenas 70% concluíram o
ensino básico; mas está a
aparecer toda uma nova geração
que está a criar startups e a
aventurar-se em novos produtos
agrícolas, apostando na
exportação ...
❑ Os novos agricultores têm mais
formação, estão mais
informados, são mais dinâmicos.
E conseguem tirar maior
vantagem das novas tecnologias
... E as mudanças já são visíveis.
"Hoje, com menos pessoas,
produz-se mais", "Quando o país
aderiu à CEE [1986], a
população ativa na agricultura
era 25%, agora são 5%". 20
Alfredo Cunhal Sendim vende os seus produtos biológicos no Mercado da Ribeira
| REINALDO RODRIGUES /GLOBAL IMAGENS
https://www.dn.pt/dinheiro/interior/estamos-a-fazer-historia-ser-agricultor-em-portugal-
ja-da-prestigio-5096149.html
21. 21
Atribui❑ -se a mudança na agricultura ao "processo de integração europeia que ocorreu há 30
anos", que levou à criação de infraestruturas, outras plantações e novos equipamentos. Mas a
pedra de toque desta transformação foi a formação: "Um simples trator tornou-se um
computador com rodas, que exige muito mais qualificações", "Hoje, há mais respeito pelo
ambiente, menos mobilização do solo e o uso sofisticado da rega.”
Os novos agricultores têm uma "abordagem empresarial", com benefícios em termos de redução❑
de riscos
"Os agricultores com mais lucros são os que vendem o produto transformado, ou seja, que❑
conseguem acrescentar valor”
A "origem Portugal, como sabor, qualidade e segurança alimentar❑ ” ... está a impor-se nos
mercados externos, com a ajuda da Portugal Foods, no agroalimentar, e da Portugal Fresh, para
frutas, hortícolas e flores.
No processo da integração europeia é reconhece ter havido um "ajustamento estrutural❑
fortíssimo", que "provocou uma alteração do perfil da nossa agricultura". Essa mudança
traduziu-se "no grande crescimento de alguns setores que adquiriram vocação exportadora",
apontando como exemplo "o vinho, o azeite, o leite ou as hortofrutícolas". E, admite-se, que "o
futuro passa pelo reforço desta aposta".
https://www.dn.pt/dinheiro/interior/estamos-a-fazer-historia-ser-agricultor-em-portugal-ja-da-prestigio-
5096149.html
22. Esforço de internacionalização: uma iniciativa de sucesso
22https://www.portugalfresh.org/portugal-fresh-c1yj9
Porquê produtos da Portugal
Fresh?
Produtos de Qualidade▪
Influência do Oceano Atlântico e▪
do Mar Mediterrâneo possibilita
uma vasta variedade de produtos
agrícola de qualidade
Diferenças regionais que se▪
traduzem em diversidade de
produtos
Frutos, Legumes e Flores▪
durante todo o ano
Melhores práticas agrícolas▪
sustentáveis.
23. 23
As caraterísticas do nosso clima, em que a estação mais quente é também a estação mais seca, impõem,❑
desde há muito, o regadio como condição de competitividade para a agricultura portuguesa. Por essa razão, e
desde o final da década de 30 do século XX, o Estado português assumiu como imprescindíveis diversas
obras hidroagrícolas, permitindo a beneficiação com regadio de vastas áreas da nossa superfície agrícola. A
par do esforço público, a iniciativa privada dos agricultores foi responsável pela infraestruturação para regadio
de áreas muito significativas (...) De realçar que, da área beneficiada por regadios públicos até então, 118.500
hectares (61%) localizavam-se no Alentejo, região do país em que o deficit hídrico observado é mais relevante
O processo de alterações climáticas em curso irá agudizar a necessidade do recurso ao regadio no nosso❑
país, estendendo-a a regiões que, até hoje, conseguiam dispensá-lo (...) o clima em Portugal tenderá a
caraterizar-se por um aumento da temperatura média e pela diminuição dos volumes anuais de precipitação.
Tão relevantes como estes ajustamentos médios ... são as alterações esperadas para os seus padrões de
distribuição (intra e inter anual), com o volume de precipitação a ocorrer de forma mais concentrada no tempo,
de onde resultarão inevitavelmente períodos de estiagem mais prolongados.
Com o projeto de Alqueva, iniciou❑ -se um “novo futuro” para o regadio em Portugal, futuro esse que deverá
assentar em três dimensões essenciais (...):
contribuir para promover o aumento da capacidade de armazenamento das águas superficiais (...) e de❑
regularização dos caudais dos rios, nas diversas regiões do país;
contribuir para garantir a❑ “ligação em rede” dos diversos sistemas (atuais e futuros), não esquecendo a
importância da ligação estratégicas entre as massas de água superficiais e as subterrâneas;
promover uma gestão integrada dos múltiplos fins a que a água se destina, subordinando essa gestão a❑
princípios de equilíbrio entre os diversos fins.
Um “novo futuro” para o regadio em Portugal
Francisco Gomes da Silva, Professor do Instituto Superior de Agronomia