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CAPiTULO 12
ESTUDO DA BACIA
Carlos Antonio Barbosa Montenegro & Jorge de Rezende Filho
A Chimpanze
A~terior Amplitude
f{.......•.......'~~..'•......•".....•......'dapelve'~~" . ,.11 ')I't,t: .IJ
tl';' '.. ' '.' . ; Cabec;ado
j~:.:.:..)feto
~o'~'(:·,'
~(, ..
, sterio~
B Austra/opithecus
FIG. 1 - As pelves do chimpanze, australopithecus e homem. A. A
grande amplitude da pelve do chimpanze permite facilmente a passagem
da cabe<;a fetal relativamente pequena na posi<;ao occipitoposterior.
B. No australopithecus a largura do fleo associada a postura erecta e a
estreiteza da abertura pelvica condiciona 0 parto em posi<;ao lateral.
C. A pelve humana tem a abertura apenas 0 suficiente para permitir
a passagem da cabe<;a na posi<;ao occipitoanterior (De Smith, 2007
- op. cit.).
c Homem
o trajeto, ou canal da parturi(;iio, estende-se do utero it fenda
vulvar. Ha nele tres estreitamentos anulares: 0 oriflcio cervical,
o diajragma pilvico (urogenital) e 0 ostio vaginal (fenda vulvo-
vaginal). Constitufdo por formas;6es de natureza varia - partes
moles do canal do parto - e sustentado, entre a sua pors;ao
superior, 0 corpo do utero, e a inferior, perineovulvar, por cin-
tura 6ssea que se designa pelo nome de pequena peive, pequena
bacia ou escava~iio.
Alteras;6es marcantes na morfologia da pelve feminina com a
ados;ao da postura erecta pelos nossos ancestrais australopithecus
eo aumento do cranio no homem moderno trouxe conseqiiencias
notaveis para a parturis;ao (Fig. 1).
Uma teoria sugere que a adaptas;ao pelvica it postura ereta
(estreitando a bacia e possibilitando unir as pernas abaixo da
coluna vertebral, 0 que facilita a transferencia da fors;a emanada
do femur) foi contemporanea it grande limitas;ao do tamanho da
cabes;a do feto ao nascimento, ate que 0 mecanismo de rotas;ao
cefalico tenha surgido ao expirar 0 perfodo do Pleistocenico
Medio (Ruff, 1995).
Steer sinala a competis;ao entre 0 feto e a sua mae: ele so-
brevive melhor se maior ao nascer, mas seria 0 parto mais facil
para a mulher se menor ele fora. Eis que 0 trabalho parturiente
nao ha de ser visto sempre como processo harmonioso, apenas
porque natural. E,ao contnirio, solus;ao imperfeita para problema
complexo, ainda em evolus;ao, confiito crescente representado
pela cabes;a fetal, que ha-de transitar atraves da pelve, durante
o trabalho, e que a necessidade de andar exigiria fosse estreita,
e a necessidade de pensar, inseparavel de cerebro desenvolvido,
somente acomodado em cranio volumoso, levando, consequente-
mente, ao parto dist6cico. Estaria a solus;ao na evolus;ao natural:
nascem os humanos cada vez mais cedo. Fora exigida maturidade
funcional identica it do chimpanze, a gravidez da mulher duraria
cerca de 17 meses .
....ANATOMIA
E a bacia ou pelve 0 canal osseo, constituido pelos dois ilia-
cos, 0 sacra e 0 coccige, com as respectivas articulas;6es (sfnfise
pubica, sacro-ilfacas, sacrococc[gea) (Figs. 2, 3 & 4). Entre 0
sacro e a 5." vertebra lombar, podemos acrescentar a articula~iio
lombossacra, cujo vertice constitui 0 promontorio.
A pelve divide-se em grande e pequena bacia ou escava~iio.
Saliente-se a reduzida expressao obstetrica da primeira e 0 realce
com que a ultima deve ser estudada (trajeto duro do parto).
E limitada a grande bacia (ou pelve falsa), lateralmente, pelas
fossas ilfacas internas, e, posteriormente, pela coluna vertebral; os
ESPINHA ILIACA
ANTERIORE
SUPERIOR
ESPINHA ILiACA 1I--Espn'HA ILIACA
ANTERIOR
E INFERIOR
OBSTETRfClA
PEQUENA
CHANFRADURA CIATICA
TUBEROSIDADE ISQUIATICA
ARTICULACAo
SACRO·ILIACA PROMONTORIO
SINFISE
PUBICA
FIG. 2 - Ossa iliaco (face external.
lindes anteriores sao representados pelo espa~o que os poderosos
musculos abdominais demarcam. Superiormente, tra~a-se-Ihe
circunferencia, ou contorno, formado atras pela base do sacro,
lateralmente pel as cristas ilfacas e adiante pela borda anterior
do osso ilfaco.
De pequena importancia em Obstetricia, sua forma e dimen-
soes dao, contudo, no~oes relativas a forma e as dimensoes da
escava~ao (Fig. 3).
Continuada na parte inferior pela escava~ao, a grande bacia
e dela separada pelo anel do estreito superior.
A pequena bacia, escava~ao pelvica ou simplesmente esca-
vaf:tlo, acha-se limitada, acima, pelo estreito superior, e, abaixo,
pelo inferior.
o estreito superior e constituido, indo-se de tras para diante,
pela saliencia do promontorio, borda anterior da asa do sacro,
articula~ao sacro-iliaca, linha inominada, eminencia ileopectinea
e borda superior do corpo do pube e da sinfise pubica.
CRISTA ILiACA
ANTERIOR E SUPERIOR
ESPINHA ILIACA
ESPINHA ILIACA
- POSTERIOR E SUPERIOR
ESPINHA ILIACA
POSTERIOR E INFERIOR
PEQUENO
LlGAMENTO
SACROCIATICO
FIG. 3 - 0550 iliaco (face internal.
FIG. 4 - A bacia. A. Vista de cima. B. Em corte sagital.
o estreito inferior e composto pela borda inferior dos do
pubes (revestidos pelo ligamento arcuatum), ramos isquiop
bicos (ramos descendentes do pube e ascendentes do lsquic
tuberosidades isqui<'iticas, borda medial ou interna dos grand,
ligamentos sacroci<'iticos e extremidade do coccige (articula~i
sacrococcfgea, depois da retropulsao do coccige); e, pois, par
osseo, parte ligamentoso.
Entre os dois estreitos esta a escava~ao, onde se descreve
quatro paredes: anterior, posterior e laterais. A parede anteri,
e constitufda pela face posterior ou pel vica do corpo do pube
do seu ramo horizontal; pelo lado interno do buraco obturado
a face intern a da respectiva membrana, a face interna do ran
isquiopubico e de parte da tuberosidade isqui<'itica.
A por~ao posterior tern por altura, em linha reta, de 11
12 cm, do promontorio ao apice do coccige, e, seguin do
encurvamento do sacro, de 15 a 16 cm. E constituida pe
face anterior ou pelvica do sacro e do coccige, medindo SUpl
riOl'mente cerca de 11 cm de largura, ao nivel da articula~ii
lombossacra. 0 grau de concavidade da parede posterior c
escava~ao varia, natural mente, com a forma do sacro, e e rna
acentuado na mulher.
o estreito medio come~a atras, no apice do sacro, pas~
pelas apofises transversas da 5." vertebra sacra, borda inferi(
dos pequenos ligamentos sacroci<'iticos, espinhas ci<'iticas,arcc
tendineos do elevador do ana e, finalmente, termina, adiante-dc
seus feixes pubococcfgeos, na face posterior do pube.
Estudo da Bacia
DIMENSOES. Na grande bacia podem-se considerar diame-
[{OS transversos e anteroposterior.
De uma espinha iliaca antero-superior a do lado oposto
obtem-se 0 diametro biespinha (BE), que mede cerca de 24
em; da parte mais saliente, de uma crista illaca, a do lado
oposto, tem-se 0 diametro bicrista (Be) que mede, em ge-
ral, 28 cm (Fig. 5-A). Tra<;a-se 0 diametro anteroposterior
da fosseta situ ada abaixo da ap6fise espinhosa da ultima
vertebra lombar (base do sacro), a borda superior da sinfise
pubica; e chamado tambem diametro sacrop~ibico externo,
de Baudelocque ou conjugata externa. Habitualmente, mede
20 cm (Fig. 5-B).
Na pequena bacia vamos referir, sucessivamente, os diametros do
estreito superior, do estreito medio e do estreito inferior (Figs. 6 & 7).
No estreito superior ha urn diametro anteroposterior, tra<;ado
do promontorio a borda superior da sfnfise pubica, chamado
conjugata vera anatomica, medindo 11 cm.
Do mesmo promontorio a face posterior do pube, tra<;a-se
a conjugata vera obstetrica (l0,5 cm), e, ainda, a conjugata
diagonalis, que nao e do estreito superior nem do inferior, mas,
simplesmente, recurso cl:fnico para avaliar os mencionados dia-
metros anteroposteriores do estreito superior. Tem, em geral, a
extensao de 12 cm.
o diametro trans verso maximo vai do ponto mais afastado
da linha inominada ao do lado oposto, situado, habitual mente,
na jun<;ao do ter<;o posterior com os dois ter<;os anteriores do
diametro anteroposterior, e mede 13 a 13,5 cm.
Os diametros oblfquos, chamados outrora de insinua<;t1o,vaG
de um ponto correspondente a eminencia ileopect:fnea de urn lado
a sfnfise sacro-ilfaca do lado oposto. Merecem, dos autores fran-
ceses, 0 nome de esquerdo e direito de acordo com a eminencia
ileopectfnea de onde partem; dos germanicos, ganham a designa<;ao
de direito e esquerdo, conforme procedam da sfnfise sacro-il:faca
de urn lado ou de outro; assim, 0 diametro oblfquo esquerdo dos
franceses e 0 direito dos alemaes e vice-versa. Para dirimir a di-
vergencia de nomenclatura, propos Bar (1902) que se chamasse
primeiro diametro oblfquo ao que palte da eminencia ileopectfnea
esquerda e vai a sfnfise sacro-ilfaca direita; e segundo diametro
obZfquo ao que se origina da eminencia ileopectfnea direita e se
encaminhaa sinfise sacro-ilfacaesquerda. Medemde 12 cma 12,75
cm, e e 0 primeiro ligeiramente maior que 0 segundo.
No estreito medio consideramos urn diiimetro anteroposterior me-
dindo 12 cm, e outro transverso, biespinha ciatica, com 10,5 cm.
No estreito inferior ha um diametro anteroposterior (conjugata
exitus), coccige subpLlbico,medindo 9,5 cm; e esse diametro substi-
tuido pelo subsacro subpLibico,medindo 11cm, apos a retropulsao do
coccige. 0 diiimetro transverso e 0 biisquiatico, medindo 11 cm.
FIG. 5 - Pelvimetria externa. Representac:;aodos principais diametros.
B
FIG. 6 - A. 0 estreito superior da bacia, visto de cima. B. 0 plano de
maiores dimens6es da escavac:;ao,visto de baixo. C. 0 plano de menores
dimens6es, estreito medio, visto de baixo. O. 0 estreito inferior, visto de
baixo. No centro, corte sagital indicando os pianos sinalados em A, B, C
& 0 (Adaptado de Beck, A. C. & Rosenthal, A. H. Obstetrical practice, 6.'
ed., Baltimore, Williams & Wilkins, 1955).
MORFOLOGIA. Ha quatro tipos fundamentais de bacia
(Fig. 8); ginec6ide, antrop6ide, andr6ide e platipel6ide. 0 ele-
mento dominante na determina<;ao do tipo de bacia e fornecido
pela por<;aoposterior do estreito superior, limitada pelo diametro
transverso maximo, enquanto a regiao anterior tern importancia
FIG. 7 - Corte sagital da bacia mostrando de cima para baixo, e com
os valores norma is: conjugata vera anatomica, conjugata vera obstetrica,
conjugata diagonalis, conjugata exitus, antes e depois da retropulsao do
coccige.
OBSTETRiCiA
~ill:i
"1
<:,.,11'
-" II;' ,,1111
, ... ,1 Ginecoide
Platlpelolde
Antropolde
Androlde
FIG. 8 - Morfologia da pelve. Os 4 tipos fundamentais.
secundaria; os tipos puros ocorrem menos freqiientemente que
os mistos, originados de combina<;6es entre os varios grupos
fundamentais. As principais caracteristicas destes tipos de bacia
sao vistas na Tabela 1 e nas Figs. 9 a 13.
PLANOS DA BACIA. Sao imaginarios, tra<;ados na entrada, na
safda e em varias alturas da escava<;ao pelvica. Merecem refe-
rencia os pianos paralelos de Hodge (Fig. 14): 0 primeiro plano
paralelo passa pela borda superior do pube e pelo promont6rio;
Principais caracteristicas dos 4 tipos pelvicos fundamentais
Ginec6ide
,:~
(bacia normal
Tipo de pelve feminina)
Freqiiencia 50%
Estreito superior Arredondado
Diametro trans verso Afastado do
maximo promontorio e
do pube (pon;ao
,,:1 posterior da bacia
"
espa"osa)
., Chanfradura ciatica Ampla, pouco
-- profunda
Espinhas ciaticas
...'P"
Sacro Largo, concavo,
inclina"ao media
Paredes da escava"ao
Angulo subpubico Medio
Diametro Grande
biisq uiatico
Diametro Grande
anteroposterior do
estreito inferior
Prognostico Muito born
25%
Elfptico, alongado
no sentido anteroposterior
Diminufdo e proximo do
pube
Antrop6ide
(bacia dos
macacos)
FIG. 9 - A forma da bacia importa mais do que seus diametro
equivalencia das medidas pode corresponder morfologia diferente
tra<;ocheio, 0 estreito superior da bacia ginec6ide; em pontilhado, 0 est
superior da bacia andr6ide (Redesenhado de Moloy, H. C. Evaluatic
the pelvis in obstetrics, Philadelphia, Saunders, 1951J.
o segundo corresponde a borda inferior do pube; 0 terceiro e
<;adonas espinhas ciaticas; e 0 quarto parte da ponta do coc<
e confunde-se com 0 assoalho pelvico.
EIXOS DA BACIA. Eixos, em Obstetrfcia, sao as peq
diculares baixadas ao centro de cada plano. Ha urn eix(
Andr6ide
(bacia masculina)
Platipel6ide
(bacia achatada)
20%
Levemente triangular
5%
Oval ado com diametro
anteroposterior reduzid
Aumentado e eqiiidistani
do sacro e do pube
Perto do sacro (por"ao
posterior da bacia angusta)
Mais ampla, P9uCOprofunda Estreitada, profunda AmpJa, pouco profunda
Nao proeminentes Muito proeminentes Proeminentes
Estreito, longo Estreitado, plano, longo, Largo, curto, concavo
inclinado para diante
Paralelas Convergentes Divergentes
Levemente estreitado Estreitado Muito amplo
Menor Reduzido Aumentado
Maior Pequeno Menos reduzido
Aumento na incidencia de
posteriores (obJfquas e
diretas)
Se nao houver distocia
no estreito superior nao
hayed no resto da bacia
Mau
Aumento da incidencia de
posteriores obJfquas e
diretas
Distocias crescentes com a
progressao da apresenta"ao
Insinua"ao, pelo geral, nQ
diametros transversos
Distocia maior na
insinua"ao, amenizand
se depois
Estudo da Bacia
FIG. 10 - A. 0550 ilfaco tfpico da bacia ginec6ide. Chanfradura ciatica
ampla, espinha ciatica romba. 8. 0550 ilfaco peculiar a bacia andr6ide.
Chanfradura ciatica estreita, espinhas ciaticas proeminentes (Redesenhado
de Moloy, H. C. - op. cit.).
plano do estreito superior, que passa no meio da conjugata
anatomica e se prolonga, para cima e para diante, pela cicatriz
umbilical, e, para tnis e para baixo, pelo coccige. 0 eixo do
plano do estreito inferior, prolongado, passaria pela superficie
do promontorio e, embaixo, perfuraria 0 perineo, urn pouco
adiante do ano.
o canal dsseo do parto divide-se, segundo Sellheim, em tres
espa~os ou segmentos; urn superior, reto, de sec~ao oval, 0 espa-
~o de estreito superior; outro medio, reto, de sec~ao transversal
circular, a escava~ao; e, finalmente, outro inferior. 0 primeiro
compreende 0 espa~o entre 0 plano que passa pelas espinhas do
pube e 0 promontorio, ate 0 plano das linhas inominadas; 0 se-
gundo vai desse ultimo ate 0 plano que passa pela borda inferior
da sinfise pubica e das espinhas ciaticas; 0 terceiro, entre esse
plano ate 0 da arcada do pube.
o eixo dos dois primeiros se continua em linha reta, 0
do ultimo e concavo, em torno da borda inferior da sinfise,
formando, com 0 estreito superior, angulo obtuso, aberto
para diante. Tern grande valor pratico: orientam 0 obstetra
sobre a dire~ao a dar as tra~6es, assim no parto a forcipe e na
grande extra~ao, como nas embriotomias. Estando a paciente
colocada na borda do leito ou de mesa adequada, a dire~ao
do eixo de entrada tra~a-se de tras para diante e de cima para
FIG. 11 - 0 sacro. A. Encontrado na bacia ginec6ide: curto, largo, composto
de 5 vertebras. 8. Caracterfstico da bacia antrop6ide: estreito, longo,
composto de 6 vertebras (Redesenhado de Moloy, H. C. - op. cit.).
FIG. 12 - Curvatura e inclina<;:ao do sacro influindo na capacidade da
escava<;:ao(Inspirado em Moloy, H. C. - op. cit.).
baixo, no sentido do coccige (ou dos pes do obstetra); quase
paralelo ao plano de apoio da paciente e 0 eixo do estreito
inferior (para os joelhos e depois para 0 peito do tocologo);
e, orientado para cima, 0 eixo do estreito vulvar (no senti do
da face do operador).
A
~
B c
FIG. 13 - A abertura do arco subpubico, variavel com a morfologia
da pelve. A. Na bacia ginec6ide. 8. Na bacia antrop6ide. C. a bacia
andr6ide. As rela<;:6escom a cabe<;:ado feto, no perfodo final do parto, estao
igualmente figuradas (Redesenhado de Wilson, ). R. Management of
obstetrics difficulties, 5t. Louis, Mosby, 7967).
OBSTETRICIA
FIG. 14 - Os pianos de Hodge.
....EXAME DA BACIA
A semiologia da pelve e fundamental. 0 progn6stico do parto
pode ser razoavelmente entrevisto, no seu aspeto medinico, ao cabo
de correto emprego dos metodos habituais de exame da bacia.
Faz-se 0 estudo da capacidade da b~cia por meio da pelvi-
metria, que procura estimar-Ihe os diametros, ora medindo-os
externamente (pelvimetria externa), ora internamente (pelvime-
tria interna); 0 julgamento da forma faz-se pela pelvigrafia, que
analisa os elementos constituintes da bacia, em sua regularidade
individual e no conjunto deles.
PEl VIMETRIA EXTERNA. Executa-se por meio de instrumentos,
sob a forma geral de compassos, chamados pelvfmetros (de BaudeJoc-
que, de Budin, de Thoms etc.), que sao aplicados sobre os diversos
extremos dos diametros da bacia (Fig. 5). Inclui-se nesse lan<;oa
delimita<;ao do quadrilatero de Michaelis (Fig. 15). A pelvimetria
extell1ada grande bacia esta hoje praticamente abandonada em face
do seu valor semi6tico reduzido, na assistencia moderna ao parto.
Na pelvimetria externa do estreito inferior tem serventia 0
diametro biisquiatico (ou inteltuberoso), que se mede coni 0 pel-
vimetro de Thoms, e tem, normalmente, 9 cm ou mais (Fig. 16).
FIG.1;;,-0 quadrilatero de Mic.haelis.Saoseuspontos de reparo: superiormente,
a apoflse espmhosa da 5:' vertebra lombar; inferiormente, a extremidade
s~perior?a cissura interglutea, lateralmente, de um e de outro lado, asespinhas
dlacas poste~o-supenore~. A d~formac;:aoda figura geometrica, representada
pelo quadnlatero (proJec;aocutanea do sacro), exibe 0 vrcio pelvico.
FIG. 16 - Medida do diametro biisquiatico com 0 pelvrmetro de
(Adaptado de Benson, R. C. Handbook of obstetrics and gynecolc
ed., Los Altos, Lange Medical, 1968).
PElVIMETRIA INTERNA. Na pratica obstetrica atual, a 2
<;aodas mensura<;6es internas da bacia e perfunct6ria. Impc
o acesso ao estreito superior, procura-se medir a chamada,
gata oblfqua ou diagonalis, de cujo valor se deduz 1,5 cn
obter a conjugata vera obstetrica.
Introduzindo 0 dedo, procura-se aplicar seu extren
fndice, no toque unidigital, e do medio, no bidigital) s(
saliencia do promont6rio, e duas hip6teses podem ocorre
ele inatingfvel ou esta acessfvel. Aplicado sobre 0 promo
o dedo explorador, faz-se com que a borda radial do ind
coloque sob 0 ligamento arcuatum e marca-se, com 0 fnd
outra mao, 0 ponto de encontro da face anterior do pube
mao que toca. Mede-se, a seguir, a distancia entre este pOI
polpa digital do dedo que se aplicou no promont6rio, tend
valor da conjugata diagonalis (Fig. 17). Nos casos de pI<
t6rio inatingivel, concluir-se-a que 0 diametro anteropostl
amplo. Nao basta, porem, para considerar normal ou espa
bacia, que esse diametro tenha grandes propor<;6es, pois (
pelvico pode se localizar noutros sftios. Se atentarmos n
a conjugata diagonalis que desejamos avaliar, mas a conJ
vera obstetrica, e que a diferen<;a entre ambas nao e con
como se supunha (l,5 cm), podendo variar de 0 a 3 cn
cumpre levar em conta a situa<;ao do promont6rio, mais
ou mais elevada, a altura, a inclina<;ao e a espessura de :
pubic a, verificaremos que 0 problema nao esta-resoJvid(
Pode medir-se tambem a conjugata exitus com a ma,
pregando-se tecnica semelhante a da mensura<;ao da c0f1:.
diagonalis.
PEl VICRAFIA EXTERNA. Aqui, procura-se conhecer c
primento e a espessura da sinfise e precisar 0 angulo de at
da arcada pubica (estreito: men or que 90°; medio: igual a
largo: maior que 90°).
PEl VICRAFIA INTERNA (Fig. 18). Come<;a-se com 0 exa
arco subpubico e se continua seguindo 0 estreito superio
promont6rio. As bacias de paredes convergentes, arco sub]
estreito e diametros transversais reduzidos, restringem os
mentos laterais dos dedos expJoradores (Fig. IS-A). Loca
a espinha cilitica de um dos Jados (Fig. IS-B), passand
aprecia<;ao da oposta, com movimentos de prona<;ao e sup
da mao. 0 exame clfnico da por<;ao media e inferior da
Estudo da Bacia
FIG. 17 - Medicla cia conjugata diagonalis. A cabe<;a cia gestante cleve ficar baixa e as coxas ligeiramente fletidas sobre a bacia e em abdu<;ao
Redesenhado de Benson, R. C. - op. cit.).
B
FIG. 18 - Tempos principais da pelvigrafia interna (Inspirado em Moloy, H. C. - op. cit.).
E
objetiva a localiza~ao da ponta do sacro e da extremidade do
coccige (Fig. IS-C), aprecia~ao das espinhas ciaticas e inves-
tiga~ao dos ramos pubicos, pela face posterior. Mede-se, com
os dedos exploradores, a cO/1iugata exitus (Fig. I8-D); sobem
eles, delicadamente, pelas paredes p61vicas, avaliando-lhes 0
paralelismo ou a convergencia, ajuizando da posi~ao e relevo das
espinhas ciaticas e, posteriormente, das peculiaridades do sacro
e sua inclina~ao, comprimento e curvatura. A fase subseqilente
deve ser a medida da conjugata diagonalis (Fig. IS-E).
1-0
~
RADIOPEl VIMETRIA. Atribui-se ao emprego dos raio X uma
s6rie de inconvenientes ligados aos riscos de sua a~ao obre 0
feto. 0 uso da radiopelvimetria, nas ultimas semanas de ge ta-
~ao, para apreciar, a16m da bacia, a natureza e as dimen 6e da
apresenta~ao esta, entre n6s, praticamente abandonado.
PElVIMETRIA ULTRA-SONOGRAFICA. Aplica~ao restrita.
Permite obter, com precisao, as medidas da conjugata vera
obst6trica e do diametro biespinha ciatica, al6m do diametro
biparietal (OEP) do concepto.
,~.~
OBSTETRfclA
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Vaclavinkova, V. A method of measuring the interspinous diametE
ultrasound. Acta. Obst. Gynec. Scand. 1973,52:161.

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Estudo da anatomia e dimensões da bacia feminina

  • 1. CAPiTULO 12 ESTUDO DA BACIA Carlos Antonio Barbosa Montenegro & Jorge de Rezende Filho A Chimpanze A~terior Amplitude f{.......•.......'~~..'•......•".....•......'dapelve'~~" . ,.11 ')I't,t: .IJ tl';' '.. ' '.' . ; Cabec;ado j~:.:.:..)feto ~o'~'(:·,' ~(, .. , sterio~ B Austra/opithecus FIG. 1 - As pelves do chimpanze, australopithecus e homem. A. A grande amplitude da pelve do chimpanze permite facilmente a passagem da cabe<;a fetal relativamente pequena na posi<;ao occipitoposterior. B. No australopithecus a largura do fleo associada a postura erecta e a estreiteza da abertura pelvica condiciona 0 parto em posi<;ao lateral. C. A pelve humana tem a abertura apenas 0 suficiente para permitir a passagem da cabe<;a na posi<;ao occipitoanterior (De Smith, 2007 - op. cit.). c Homem o trajeto, ou canal da parturi(;iio, estende-se do utero it fenda vulvar. Ha nele tres estreitamentos anulares: 0 oriflcio cervical, o diajragma pilvico (urogenital) e 0 ostio vaginal (fenda vulvo- vaginal). Constitufdo por formas;6es de natureza varia - partes moles do canal do parto - e sustentado, entre a sua pors;ao superior, 0 corpo do utero, e a inferior, perineovulvar, por cin- tura 6ssea que se designa pelo nome de pequena peive, pequena bacia ou escava~iio. Alteras;6es marcantes na morfologia da pelve feminina com a ados;ao da postura erecta pelos nossos ancestrais australopithecus eo aumento do cranio no homem moderno trouxe conseqiiencias notaveis para a parturis;ao (Fig. 1). Uma teoria sugere que a adaptas;ao pelvica it postura ereta (estreitando a bacia e possibilitando unir as pernas abaixo da coluna vertebral, 0 que facilita a transferencia da fors;a emanada do femur) foi contemporanea it grande limitas;ao do tamanho da cabes;a do feto ao nascimento, ate que 0 mecanismo de rotas;ao cefalico tenha surgido ao expirar 0 perfodo do Pleistocenico Medio (Ruff, 1995). Steer sinala a competis;ao entre 0 feto e a sua mae: ele so- brevive melhor se maior ao nascer, mas seria 0 parto mais facil para a mulher se menor ele fora. Eis que 0 trabalho parturiente nao ha de ser visto sempre como processo harmonioso, apenas porque natural. E,ao contnirio, solus;ao imperfeita para problema complexo, ainda em evolus;ao, confiito crescente representado pela cabes;a fetal, que ha-de transitar atraves da pelve, durante o trabalho, e que a necessidade de andar exigiria fosse estreita, e a necessidade de pensar, inseparavel de cerebro desenvolvido, somente acomodado em cranio volumoso, levando, consequente- mente, ao parto dist6cico. Estaria a solus;ao na evolus;ao natural: nascem os humanos cada vez mais cedo. Fora exigida maturidade funcional identica it do chimpanze, a gravidez da mulher duraria cerca de 17 meses . ....ANATOMIA E a bacia ou pelve 0 canal osseo, constituido pelos dois ilia- cos, 0 sacra e 0 coccige, com as respectivas articulas;6es (sfnfise pubica, sacro-ilfacas, sacrococc[gea) (Figs. 2, 3 & 4). Entre 0 sacro e a 5." vertebra lombar, podemos acrescentar a articula~iio lombossacra, cujo vertice constitui 0 promontorio. A pelve divide-se em grande e pequena bacia ou escava~iio. Saliente-se a reduzida expressao obstetrica da primeira e 0 realce com que a ultima deve ser estudada (trajeto duro do parto). E limitada a grande bacia (ou pelve falsa), lateralmente, pelas fossas ilfacas internas, e, posteriormente, pela coluna vertebral; os
  • 2. ESPINHA ILIACA ANTERIORE SUPERIOR ESPINHA ILiACA 1I--Espn'HA ILIACA ANTERIOR E INFERIOR OBSTETRfClA PEQUENA CHANFRADURA CIATICA TUBEROSIDADE ISQUIATICA ARTICULACAo SACRO·ILIACA PROMONTORIO SINFISE PUBICA FIG. 2 - Ossa iliaco (face external. lindes anteriores sao representados pelo espa~o que os poderosos musculos abdominais demarcam. Superiormente, tra~a-se-Ihe circunferencia, ou contorno, formado atras pela base do sacro, lateralmente pel as cristas ilfacas e adiante pela borda anterior do osso ilfaco. De pequena importancia em Obstetricia, sua forma e dimen- soes dao, contudo, no~oes relativas a forma e as dimensoes da escava~ao (Fig. 3). Continuada na parte inferior pela escava~ao, a grande bacia e dela separada pelo anel do estreito superior. A pequena bacia, escava~ao pelvica ou simplesmente esca- vaf:tlo, acha-se limitada, acima, pelo estreito superior, e, abaixo, pelo inferior. o estreito superior e constituido, indo-se de tras para diante, pela saliencia do promontorio, borda anterior da asa do sacro, articula~ao sacro-iliaca, linha inominada, eminencia ileopectinea e borda superior do corpo do pube e da sinfise pubica. CRISTA ILiACA ANTERIOR E SUPERIOR ESPINHA ILIACA ESPINHA ILIACA - POSTERIOR E SUPERIOR ESPINHA ILIACA POSTERIOR E INFERIOR PEQUENO LlGAMENTO SACROCIATICO FIG. 3 - 0550 iliaco (face internal. FIG. 4 - A bacia. A. Vista de cima. B. Em corte sagital. o estreito inferior e composto pela borda inferior dos do pubes (revestidos pelo ligamento arcuatum), ramos isquiop bicos (ramos descendentes do pube e ascendentes do lsquic tuberosidades isqui<'iticas, borda medial ou interna dos grand, ligamentos sacroci<'iticos e extremidade do coccige (articula~i sacrococcfgea, depois da retropulsao do coccige); e, pois, par osseo, parte ligamentoso. Entre os dois estreitos esta a escava~ao, onde se descreve quatro paredes: anterior, posterior e laterais. A parede anteri, e constitufda pela face posterior ou pel vica do corpo do pube do seu ramo horizontal; pelo lado interno do buraco obturado a face intern a da respectiva membrana, a face interna do ran isquiopubico e de parte da tuberosidade isqui<'itica. A por~ao posterior tern por altura, em linha reta, de 11 12 cm, do promontorio ao apice do coccige, e, seguin do encurvamento do sacro, de 15 a 16 cm. E constituida pe face anterior ou pelvica do sacro e do coccige, medindo SUpl riOl'mente cerca de 11 cm de largura, ao nivel da articula~ii lombossacra. 0 grau de concavidade da parede posterior c escava~ao varia, natural mente, com a forma do sacro, e e rna acentuado na mulher. o estreito medio come~a atras, no apice do sacro, pas~ pelas apofises transversas da 5." vertebra sacra, borda inferi( dos pequenos ligamentos sacroci<'iticos, espinhas ci<'iticas,arcc tendineos do elevador do ana e, finalmente, termina, adiante-dc seus feixes pubococcfgeos, na face posterior do pube.
  • 3. Estudo da Bacia DIMENSOES. Na grande bacia podem-se considerar diame- [{OS transversos e anteroposterior. De uma espinha iliaca antero-superior a do lado oposto obtem-se 0 diametro biespinha (BE), que mede cerca de 24 em; da parte mais saliente, de uma crista illaca, a do lado oposto, tem-se 0 diametro bicrista (Be) que mede, em ge- ral, 28 cm (Fig. 5-A). Tra<;a-se 0 diametro anteroposterior da fosseta situ ada abaixo da ap6fise espinhosa da ultima vertebra lombar (base do sacro), a borda superior da sinfise pubica; e chamado tambem diametro sacrop~ibico externo, de Baudelocque ou conjugata externa. Habitualmente, mede 20 cm (Fig. 5-B). Na pequena bacia vamos referir, sucessivamente, os diametros do estreito superior, do estreito medio e do estreito inferior (Figs. 6 & 7). No estreito superior ha urn diametro anteroposterior, tra<;ado do promontorio a borda superior da sfnfise pubica, chamado conjugata vera anatomica, medindo 11 cm. Do mesmo promontorio a face posterior do pube, tra<;a-se a conjugata vera obstetrica (l0,5 cm), e, ainda, a conjugata diagonalis, que nao e do estreito superior nem do inferior, mas, simplesmente, recurso cl:fnico para avaliar os mencionados dia- metros anteroposteriores do estreito superior. Tem, em geral, a extensao de 12 cm. o diametro trans verso maximo vai do ponto mais afastado da linha inominada ao do lado oposto, situado, habitual mente, na jun<;ao do ter<;o posterior com os dois ter<;os anteriores do diametro anteroposterior, e mede 13 a 13,5 cm. Os diametros oblfquos, chamados outrora de insinua<;t1o,vaG de um ponto correspondente a eminencia ileopect:fnea de urn lado a sfnfise sacro-ilfaca do lado oposto. Merecem, dos autores fran- ceses, 0 nome de esquerdo e direito de acordo com a eminencia ileopectfnea de onde partem; dos germanicos, ganham a designa<;ao de direito e esquerdo, conforme procedam da sfnfise sacro-il:faca de urn lado ou de outro; assim, 0 diametro oblfquo esquerdo dos franceses e 0 direito dos alemaes e vice-versa. Para dirimir a di- vergencia de nomenclatura, propos Bar (1902) que se chamasse primeiro diametro oblfquo ao que palte da eminencia ileopectfnea esquerda e vai a sfnfise sacro-ilfaca direita; e segundo diametro obZfquo ao que se origina da eminencia ileopectfnea direita e se encaminhaa sinfise sacro-ilfacaesquerda. Medemde 12 cma 12,75 cm, e e 0 primeiro ligeiramente maior que 0 segundo. No estreito medio consideramos urn diiimetro anteroposterior me- dindo 12 cm, e outro transverso, biespinha ciatica, com 10,5 cm. No estreito inferior ha um diametro anteroposterior (conjugata exitus), coccige subpLlbico,medindo 9,5 cm; e esse diametro substi- tuido pelo subsacro subpLibico,medindo 11cm, apos a retropulsao do coccige. 0 diiimetro transverso e 0 biisquiatico, medindo 11 cm. FIG. 5 - Pelvimetria externa. Representac:;aodos principais diametros. B FIG. 6 - A. 0 estreito superior da bacia, visto de cima. B. 0 plano de maiores dimens6es da escavac:;ao,visto de baixo. C. 0 plano de menores dimens6es, estreito medio, visto de baixo. O. 0 estreito inferior, visto de baixo. No centro, corte sagital indicando os pianos sinalados em A, B, C & 0 (Adaptado de Beck, A. C. & Rosenthal, A. H. Obstetrical practice, 6.' ed., Baltimore, Williams & Wilkins, 1955). MORFOLOGIA. Ha quatro tipos fundamentais de bacia (Fig. 8); ginec6ide, antrop6ide, andr6ide e platipel6ide. 0 ele- mento dominante na determina<;ao do tipo de bacia e fornecido pela por<;aoposterior do estreito superior, limitada pelo diametro transverso maximo, enquanto a regiao anterior tern importancia FIG. 7 - Corte sagital da bacia mostrando de cima para baixo, e com os valores norma is: conjugata vera anatomica, conjugata vera obstetrica, conjugata diagonalis, conjugata exitus, antes e depois da retropulsao do coccige.
  • 4. OBSTETRiCiA ~ill:i "1 <:,.,11' -" II;' ,,1111 , ... ,1 Ginecoide Platlpelolde Antropolde Androlde FIG. 8 - Morfologia da pelve. Os 4 tipos fundamentais. secundaria; os tipos puros ocorrem menos freqiientemente que os mistos, originados de combina<;6es entre os varios grupos fundamentais. As principais caracteristicas destes tipos de bacia sao vistas na Tabela 1 e nas Figs. 9 a 13. PLANOS DA BACIA. Sao imaginarios, tra<;ados na entrada, na safda e em varias alturas da escava<;ao pelvica. Merecem refe- rencia os pianos paralelos de Hodge (Fig. 14): 0 primeiro plano paralelo passa pela borda superior do pube e pelo promont6rio; Principais caracteristicas dos 4 tipos pelvicos fundamentais Ginec6ide ,:~ (bacia normal Tipo de pelve feminina) Freqiiencia 50% Estreito superior Arredondado Diametro trans verso Afastado do maximo promontorio e do pube (pon;ao ,,:1 posterior da bacia " espa"osa) ., Chanfradura ciatica Ampla, pouco -- profunda Espinhas ciaticas ...'P" Sacro Largo, concavo, inclina"ao media Paredes da escava"ao Angulo subpubico Medio Diametro Grande biisq uiatico Diametro Grande anteroposterior do estreito inferior Prognostico Muito born 25% Elfptico, alongado no sentido anteroposterior Diminufdo e proximo do pube Antrop6ide (bacia dos macacos) FIG. 9 - A forma da bacia importa mais do que seus diametro equivalencia das medidas pode corresponder morfologia diferente tra<;ocheio, 0 estreito superior da bacia ginec6ide; em pontilhado, 0 est superior da bacia andr6ide (Redesenhado de Moloy, H. C. Evaluatic the pelvis in obstetrics, Philadelphia, Saunders, 1951J. o segundo corresponde a borda inferior do pube; 0 terceiro e <;adonas espinhas ciaticas; e 0 quarto parte da ponta do coc< e confunde-se com 0 assoalho pelvico. EIXOS DA BACIA. Eixos, em Obstetrfcia, sao as peq diculares baixadas ao centro de cada plano. Ha urn eix( Andr6ide (bacia masculina) Platipel6ide (bacia achatada) 20% Levemente triangular 5% Oval ado com diametro anteroposterior reduzid Aumentado e eqiiidistani do sacro e do pube Perto do sacro (por"ao posterior da bacia angusta) Mais ampla, P9uCOprofunda Estreitada, profunda AmpJa, pouco profunda Nao proeminentes Muito proeminentes Proeminentes Estreito, longo Estreitado, plano, longo, Largo, curto, concavo inclinado para diante Paralelas Convergentes Divergentes Levemente estreitado Estreitado Muito amplo Menor Reduzido Aumentado Maior Pequeno Menos reduzido Aumento na incidencia de posteriores (obJfquas e diretas) Se nao houver distocia no estreito superior nao hayed no resto da bacia Mau Aumento da incidencia de posteriores obJfquas e diretas Distocias crescentes com a progressao da apresenta"ao Insinua"ao, pelo geral, nQ diametros transversos Distocia maior na insinua"ao, amenizand se depois
  • 5. Estudo da Bacia FIG. 10 - A. 0550 ilfaco tfpico da bacia ginec6ide. Chanfradura ciatica ampla, espinha ciatica romba. 8. 0550 ilfaco peculiar a bacia andr6ide. Chanfradura ciatica estreita, espinhas ciaticas proeminentes (Redesenhado de Moloy, H. C. - op. cit.). plano do estreito superior, que passa no meio da conjugata anatomica e se prolonga, para cima e para diante, pela cicatriz umbilical, e, para tnis e para baixo, pelo coccige. 0 eixo do plano do estreito inferior, prolongado, passaria pela superficie do promontorio e, embaixo, perfuraria 0 perineo, urn pouco adiante do ano. o canal dsseo do parto divide-se, segundo Sellheim, em tres espa~os ou segmentos; urn superior, reto, de sec~ao oval, 0 espa- ~o de estreito superior; outro medio, reto, de sec~ao transversal circular, a escava~ao; e, finalmente, outro inferior. 0 primeiro compreende 0 espa~o entre 0 plano que passa pelas espinhas do pube e 0 promontorio, ate 0 plano das linhas inominadas; 0 se- gundo vai desse ultimo ate 0 plano que passa pela borda inferior da sinfise pubica e das espinhas ciaticas; 0 terceiro, entre esse plano ate 0 da arcada do pube. o eixo dos dois primeiros se continua em linha reta, 0 do ultimo e concavo, em torno da borda inferior da sinfise, formando, com 0 estreito superior, angulo obtuso, aberto para diante. Tern grande valor pratico: orientam 0 obstetra sobre a dire~ao a dar as tra~6es, assim no parto a forcipe e na grande extra~ao, como nas embriotomias. Estando a paciente colocada na borda do leito ou de mesa adequada, a dire~ao do eixo de entrada tra~a-se de tras para diante e de cima para FIG. 11 - 0 sacro. A. Encontrado na bacia ginec6ide: curto, largo, composto de 5 vertebras. 8. Caracterfstico da bacia antrop6ide: estreito, longo, composto de 6 vertebras (Redesenhado de Moloy, H. C. - op. cit.). FIG. 12 - Curvatura e inclina<;:ao do sacro influindo na capacidade da escava<;:ao(Inspirado em Moloy, H. C. - op. cit.). baixo, no sentido do coccige (ou dos pes do obstetra); quase paralelo ao plano de apoio da paciente e 0 eixo do estreito inferior (para os joelhos e depois para 0 peito do tocologo); e, orientado para cima, 0 eixo do estreito vulvar (no senti do da face do operador). A ~ B c FIG. 13 - A abertura do arco subpubico, variavel com a morfologia da pelve. A. Na bacia ginec6ide. 8. Na bacia antrop6ide. C. a bacia andr6ide. As rela<;:6escom a cabe<;:ado feto, no perfodo final do parto, estao igualmente figuradas (Redesenhado de Wilson, ). R. Management of obstetrics difficulties, 5t. Louis, Mosby, 7967).
  • 6. OBSTETRICIA FIG. 14 - Os pianos de Hodge. ....EXAME DA BACIA A semiologia da pelve e fundamental. 0 progn6stico do parto pode ser razoavelmente entrevisto, no seu aspeto medinico, ao cabo de correto emprego dos metodos habituais de exame da bacia. Faz-se 0 estudo da capacidade da b~cia por meio da pelvi- metria, que procura estimar-Ihe os diametros, ora medindo-os externamente (pelvimetria externa), ora internamente (pelvime- tria interna); 0 julgamento da forma faz-se pela pelvigrafia, que analisa os elementos constituintes da bacia, em sua regularidade individual e no conjunto deles. PEl VIMETRIA EXTERNA. Executa-se por meio de instrumentos, sob a forma geral de compassos, chamados pelvfmetros (de BaudeJoc- que, de Budin, de Thoms etc.), que sao aplicados sobre os diversos extremos dos diametros da bacia (Fig. 5). Inclui-se nesse lan<;oa delimita<;ao do quadrilatero de Michaelis (Fig. 15). A pelvimetria extell1ada grande bacia esta hoje praticamente abandonada em face do seu valor semi6tico reduzido, na assistencia moderna ao parto. Na pelvimetria externa do estreito inferior tem serventia 0 diametro biisquiatico (ou inteltuberoso), que se mede coni 0 pel- vimetro de Thoms, e tem, normalmente, 9 cm ou mais (Fig. 16). FIG.1;;,-0 quadrilatero de Mic.haelis.Saoseuspontos de reparo: superiormente, a apoflse espmhosa da 5:' vertebra lombar; inferiormente, a extremidade s~perior?a cissura interglutea, lateralmente, de um e de outro lado, asespinhas dlacas poste~o-supenore~. A d~formac;:aoda figura geometrica, representada pelo quadnlatero (proJec;aocutanea do sacro), exibe 0 vrcio pelvico. FIG. 16 - Medida do diametro biisquiatico com 0 pelvrmetro de (Adaptado de Benson, R. C. Handbook of obstetrics and gynecolc ed., Los Altos, Lange Medical, 1968). PElVIMETRIA INTERNA. Na pratica obstetrica atual, a 2 <;aodas mensura<;6es internas da bacia e perfunct6ria. Impc o acesso ao estreito superior, procura-se medir a chamada, gata oblfqua ou diagonalis, de cujo valor se deduz 1,5 cn obter a conjugata vera obstetrica. Introduzindo 0 dedo, procura-se aplicar seu extren fndice, no toque unidigital, e do medio, no bidigital) s( saliencia do promont6rio, e duas hip6teses podem ocorre ele inatingfvel ou esta acessfvel. Aplicado sobre 0 promo o dedo explorador, faz-se com que a borda radial do ind coloque sob 0 ligamento arcuatum e marca-se, com 0 fnd outra mao, 0 ponto de encontro da face anterior do pube mao que toca. Mede-se, a seguir, a distancia entre este pOI polpa digital do dedo que se aplicou no promont6rio, tend valor da conjugata diagonalis (Fig. 17). Nos casos de pI< t6rio inatingivel, concluir-se-a que 0 diametro anteropostl amplo. Nao basta, porem, para considerar normal ou espa bacia, que esse diametro tenha grandes propor<;6es, pois ( pelvico pode se localizar noutros sftios. Se atentarmos n a conjugata diagonalis que desejamos avaliar, mas a conJ vera obstetrica, e que a diferen<;a entre ambas nao e con como se supunha (l,5 cm), podendo variar de 0 a 3 cn cumpre levar em conta a situa<;ao do promont6rio, mais ou mais elevada, a altura, a inclina<;ao e a espessura de : pubic a, verificaremos que 0 problema nao esta-resoJvid( Pode medir-se tambem a conjugata exitus com a ma, pregando-se tecnica semelhante a da mensura<;ao da c0f1:. diagonalis. PEl VICRAFIA EXTERNA. Aqui, procura-se conhecer c primento e a espessura da sinfise e precisar 0 angulo de at da arcada pubica (estreito: men or que 90°; medio: igual a largo: maior que 90°). PEl VICRAFIA INTERNA (Fig. 18). Come<;a-se com 0 exa arco subpubico e se continua seguindo 0 estreito superio promont6rio. As bacias de paredes convergentes, arco sub] estreito e diametros transversais reduzidos, restringem os mentos laterais dos dedos expJoradores (Fig. IS-A). Loca a espinha cilitica de um dos Jados (Fig. IS-B), passand aprecia<;ao da oposta, com movimentos de prona<;ao e sup da mao. 0 exame clfnico da por<;ao media e inferior da
  • 7. Estudo da Bacia FIG. 17 - Medicla cia conjugata diagonalis. A cabe<;a cia gestante cleve ficar baixa e as coxas ligeiramente fletidas sobre a bacia e em abdu<;ao Redesenhado de Benson, R. C. - op. cit.). B FIG. 18 - Tempos principais da pelvigrafia interna (Inspirado em Moloy, H. C. - op. cit.). E objetiva a localiza~ao da ponta do sacro e da extremidade do coccige (Fig. IS-C), aprecia~ao das espinhas ciaticas e inves- tiga~ao dos ramos pubicos, pela face posterior. Mede-se, com os dedos exploradores, a cO/1iugata exitus (Fig. I8-D); sobem eles, delicadamente, pelas paredes p61vicas, avaliando-lhes 0 paralelismo ou a convergencia, ajuizando da posi~ao e relevo das espinhas ciaticas e, posteriormente, das peculiaridades do sacro e sua inclina~ao, comprimento e curvatura. A fase subseqilente deve ser a medida da conjugata diagonalis (Fig. IS-E). 1-0 ~ RADIOPEl VIMETRIA. Atribui-se ao emprego dos raio X uma s6rie de inconvenientes ligados aos riscos de sua a~ao obre 0 feto. 0 uso da radiopelvimetria, nas ultimas semanas de ge ta- ~ao, para apreciar, a16m da bacia, a natureza e as dimen 6e da apresenta~ao esta, entre n6s, praticamente abandonado. PElVIMETRIA ULTRA-SONOGRAFICA. Aplica~ao restrita. Permite obter, com precisao, as medidas da conjugata vera obst6trica e do diametro biespinha ciatica, al6m do diametro biparietal (OEP) do concepto.
  • 8. ,~.~ OBSTETRfclA ....BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR American College of Obstetricians and Gynecologists, Statement of Policy. "Guidelines for Diagnostic X-ray Examination of Fertile Women". Chicago, 1977. American College of Obstetricians and Gynecologists. Guidelines for Diagnostic Imaging during Pregnancy. Washington, American College of Obstetricians and Gynecologists, 1995, Technical Bulletin nO158. Caldwell, W. E., Moloy, H.C., Swenson, P.C. The use of the roentgen ray in obstetrics, 1. Roentgen pelvimetry and cephalometry; technique of pel viroentgenography. Am. I. Roentgenol1939, 4/:305. Grant, I. M. Back to the future. Beisky's pelvimeter and Baudelocque conjugate. Br. 1. Obst. Gynecol., 2000, 107:VII. Iarcho, T. The Pelvis in Obstetrics. New York, Hoeber, 1933. Kratochwil, A. Ultrasonic Pelvimetry. In Sanders, R. C. & James Ir., A. E. The Principles and Practice of Ultrasonography in Obstetrics and Gynecology. 2" ed. New York, Appleton, 1980. Lenck, L. C. Apport de l'echographie dans l'etude du plancher pelvien de la feme. Rev. Fr. Gynec. Obst. 1996,91:367. Leon, 1. Semiologia Obstetrica. Buenos Aires, El Ateneo, 1946. Maguire, F. A. The Anatomy of the Bony Pelvis and the Pelvic Floor. Tn Bowes, K. Modem Trends in Obstetrics and Gynaecology. London, Butterworth,1950. Mengert, W. F. Pelvic capacity. Tn Rovinsky, I. I. Davis' Gynecology and Obstetrics, III, 9. New York London, Harper & Row, 1972. Moloy, H. C. Evaluation of the Pelvis in Obstetrics. Philadelphia, Saunders, 1951. Moraes, A. Propedeutica Obstetrica. 6" ed. Rio de Ianeiro, Franc Alves, s/data. Morrison, I. I., Sinnatambyr, R., Hackett, G. A. et ai. Obstetric vimetry in the UK: an appraisal of current practice. Br. I. ( Gynec. 1995,102:748. Neme, B. Obstetricia Basica. Sao Paulo, Sarvier, 1994. Rezende, I. Pelvilogia. Rev. Gynec. Obst. 1935,30:274-82. Rezende,1. 0 mecanismo do parto e a escola obstetrica brasileira . Ginec. Obst. 1944,38:9. Rosenberg, K. & Trevathan, W. Birth, obstetrics and human evolu Br. I. Obst. Gynaec. 2002, 109:l199. Rouanet, J.P', Mares, P., Courtier, C. et ai. L'IRM statique et dynam du plancher pelvien feminine normal et pathologique. I. Gy Obst. BioI. Reprod. 2000,29:237. Rouviere, H. Anatomie Humaine. Paris, Masson, 1943. Schetfer, I. P. Morris's Human Anatomy, 11' ed. New York, McG Hill, 1953. Smith, R. Parturition. N Engl I Med 2007; 356:27l. Steer, C. M. Moloy's Evaluation of the Pelvis in Obstetrics. 3rd. New York, Plenum, 1975. Steer, C. M. The bony pelvis. In Sciarra, 1.I. & Gerbie, A. B. Gyneco and Obstetrics, Vol. 2, Chap. 1. Philadelphia, Harper & Row, 19 Steer, C. M. Clinical Examination of the Pelvis. In Sciarra, I. I. & ' bie, A. B. Gynecology and Obstetrics. Vol. 2, Cap. 2, Hagest( Harper & Row, 1984. Suonin, S., Saarikoski, S. et ai. Clinical assessment of the pelvic Cl and outlet. Arch. Gynec. 1986,239:11. Vaclavinkova, V. A method of measuring the interspinous diametE ultrasound. Acta. Obst. Gynec. Scand. 1973,52:161.