O documento discute como ferramentas como hipermídia, hipertexto e objetos de aprendizagem, juntamente com os princípios da neurociência, podem ser usados pelos professores para melhorar a aprendizagem dos alunos. Ele fornece exemplos de como conceitos neurocientíficos como plasticidade cerebral podem informar estratégias de ensino e sugere que o uso de múltiplos recursos digitais estimula aprendizagem significativa de maneira semelhante ao funcionamento do cérebro.
1. UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina
Joao Vicente Alfaya dos Santos
Marco Aurélio Ramos
Werley Rabelo Ferreira
Resumo
O artigo apresenta informações bibliográficas que visam intrumentalizar os professores para o uso das ferramentas de hipermídia, hipertexto, objetos de
apendizagem e neurociência nos diversos niveis de ensino para que possam potencializar a capacidade de apreendizado dos seus alunos.Hipermídia, de modo
geral, é a reunião de várias mídias num suporte computacional, suportado por sistemas eletrônicos de comunicação. Hipertexto é o termo que remete a um
texto em formato digital, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá
através de referências específicas denominadas de links. Objetos de aprendizagem visam estimular o raciocínio e o pensamento crítico dos estudantes,
associando o potencial das Tic´s às novas abordagens pedagógicas. A meta que se pretende atingir disponibilizando esses conteúdos digitais é melhorar a
aprendizagem das disciplinas da educação em todos os níveis e a formação cidadã do aluno. A Neuroeducação relaciona as descobertas sobre aprendizagem,
memória,linguagem e outras áreas da neurociência cognitiva para informar os educadores sobre as melhores estratégias de ensino e aprendizagem. Os
professores precisam ser orientados e informados sobre como os seus alunos aprendem e memorizam as informações ensinadas.
Palavras chave: Hipermídia, Hipertexto, Objetos de aprendizagem, Neurociência, Aprendizagem e Neuroeducação.
1- Introdução
Neurociência é um ramo científico complexo, composto por uma gama de conhecimentos científicos de área diferentes e que busca responder a questões
igualmente diversas como comportamentais, desenvolvimentais, cognitivas, emotivas, bioquímicas, linguísticas, entre outras. Podemos usar uma definição
simplificada de neurociência do site cerebronosso.bio.br: "Neurociência é o estudo do sistema nervoso: sua estrutura, seu desenvolvimento, funcionamento,
evolução, relação com o comportamento e a mente, e também suas
alterações."
Uma área de concentração da neurociência está centrada nas questões de
aprendizagem e, por consequência, de ensino. Afinal, compreendendo
melhor
como funciona o sistema nervoso, como este reage a estímulos, como se
processa esse fenômeno da aprendizagem, é possível buscar formas de
potencializar o ensino, buscando resultados mais efetivos. Alguns
pesquisadores consideram, inclusive, a emergência de uma nova ciência: a
neuroeducação (ZARO, et al., 2010). Para entender um pouco mais sobre
neuroeducação, alguns exemplos estão contidos na seguinte apresentação,
que pode servir como fonte inspiradora para que educadores planejem
suas atividades.
Desta forma, pretendemos aqui oferecer uma possibilidade de sequência
didática/módulo de ensino sobre alguns aspectos básicos da neurociência
e a conexão desta com o aprendizado, pautada não em um, mas sim em uma pluralidade de recursos utilizados pelas tecnologias da informação e
comunicação (TIC), como sites, vídeos, animações. Tais recursos, futuramente, poderão ser agregados em um único objeto de aprendizagem, em formato de
hipermídia. Pesquisas em ensino de ciências têm mostrado que o uso de tecnologias que contemplem diferentes formatos favorecem uma aprendizagem
mais significativa (CASTRO e STRUCHINER, 2009; MACHADO e NARDI, 2007). Além disso, um módulo de ensino que mescle vários recursos diferentes se
aproxima mais do entendimento sobre o funcionamento cerebral que temos hoje: possibilidades de novas conexões sinápticas, uma verdadeira rede de
conexões que, quanto mais explorada for em situações diferenciadas, mais se desenvolverá. A outra vantagem desta proposta é que a ordem dos elementos
a ser trabalhados poderá ser alterada conforme convier ao educador, da mesma forma o educando poderá percorrer caminhos múltiplos, caso seja feita uma
hipermídia baseada nesta proposta.
2- Sistema Nervoso
O que é o sistema nervoso, como ele se organiza e como funciona? Essas questões de ordem anatômica e fisiológica podem ser elucidadas no site
de Anatomia e Fisiologia Humana. Mas somente a morfologia cerebral não diz como este órgão funciona. Para isso, é necessário entender um pouco sobre os
componentes celulares e a bioquímica cerebral. Uma explicação sintetizada pode ser visualizada neste vídeo.
Como pode ser visto, as conexões neuronais (sinapses) são inúmeras e o cérebro um órgão dotado de plasticidade. Assim como um músculo não utilizado
atrofia e bem utilizado se fortalece, o cérebro também pode ser "trabalhado". Conexões sinápticas não utilizadas são enfraquecidas, podendo até ser
eliminadas, ao passo que outras são criadas. E essa criação de novas sinapses pode ocorrer de muitas formas, não sendo necessariamente associada a um
comportamento respondente. Essa plasticidade cerebral, quase ilimitada, os comportamentalistas não abrangeram em suas teorias, mesmo porque esse
conhecimento é relativamente recente.O próximo passo então é entender um pouco sobre alguns dos vieses da neurociências: a morfologia e fisiologia do
sistema nervoso.
3- O Aprendizado
Um das teorias que marcou psicologia e, por extensão, a educação no século passado foi a comportamentalista, tendo B.F. Skinner como um dos seus
representantes mais icônicos. Para saber um pouco mais sobre essa teoria acesse a página sobre Skinner e sua teoria da aprendizagem. O que é interessante
notar aqui, é que o modelo defendido por Skinner, segundo qual poderia ser possível "mensurar" a aprendizagem, tem por base o que se entendia sobre o
funcionamento cerebral na época. Mais especificamente, para os behavioristas a mente era vista como uma "caixa preta", o funcionamento interno da mente
2. só poderia ser conhecido ao se examinar os inputs (estímulos/condicionantes) e os outputs (respostas/comportamentos) (SAMPAIO, 2011).
Mais sobre Skinner e sua teoria da aprendizagem podem ser vistos nos seguintes vídeos:
B.F. Skinner
Máquina de Ensinar
O que se entende por aprendizagem hoje certamente é diferente do que Skinner concebia em sua época, assim como o conhecimento sobre o sistema
nervoso e seu funcionamento. Certamente, um dos aspectos desconhecidos e por isso desconsiderados nessas teorias de aprendizagem é a diferença de
habilidades presentes nos hemisférios cerebrais, os quais conferem habilidades e competências distintas (lógica, expressão artística, linguagem, emoções)
mas que, ao serem trabalhados conjuntamente, explorando essas múltiplas capacidades humanas, atuam de forma sinérgica, tornando o aprendizado mais
agradável e durador.
Com o advento do uso das TIC´S em educação uma mudança de paradigma está em curso e é possível perceber que o uso de estratégias adequadas em um
processo de ensino dinâmico e prazeroso esta se tornando cada vez mais premente. Aprendizagem baseada em projetos que podemos exercitar no curso
oferecido na seguinte página, nos permite explorar os princípios gerais já sedimentados da neuroeducação encontrados no seguinte artigo e link se
apresenta como uma opção para superar os métodos tradicionais de aulas expositivas e dialogadas.
4- Tecnologias e Neuroeducação
Diante do que já foi exposto até agora cabe nos perguntar: se estamos vivendo um novo paradigma da educação, consolidado, em partes, pelo avanço das
neurociências, qual a relação das tecnologias com esse novo paradigma? E como estas podem auxiliar, especificamente, o ensino de neurociências?
Pozo (2002), citado por Malaggi e Marcon (2012), traz algumas considerações importantes no
que se referem essas questões: cada sociedade é possuidora de uma cultura própria e, por
consequência, uma forma de aprendizagem própria. De forma que aprender uma cultura é
aprender sobre a cultura da aprendizagem. Ao aprendermos e apreendermos uma cultura,
passamos a fazer parte dela. E, embora seja impossível (nem desejável) uma unificação
cultural, hoje passamos por uma época em que as tecnologias da comunicação e informação
possuem uma certa transversalidade nos diversos contextos, pois essas tecnologias, de
alguma forma, ampliam as possibilidades de interação social. Talvez essa nova cultura, ao
considerar as pessoas como nós de uma rede infinda de conhecimento conectadas por essas
tecnologias, ajude a transformar a educação no sentido de superar a dicotomia entre polos
de emissão de saber e polos de recepção do saber, num processo de construção coletiva e
colaborativa.
É possivel estabelecer uma analogia entre esses novos processos de aprendizagem através das
tecnologias com os processos neuronais: ocorrem em rede, não são lineares, permitem
múltiplos caminhos, são criativos, plásticos e, fundamentalmente, se ampliam com a interação social (e como vimos, as TIC possibilitam um incremento
desta). Desta forma, cremos que o uso de recursos variados, em rede, sobre as neurociências, atua em sinergia para o aprendizado desta, pois os caminhos
percorridos reforçam ao aluno um viés de metaconsciência, a consciência da própria consciência, o entendimento sobre como o cérebro trabalha e processa
informações.
Como forma de avaliação deste módulo de ensino/sequência didática, sugerimos que os alunos trabalhem em equipes e, de forma colaborativa, trabalhem
em uma ferramenta wiki ou em um blog sobre temas que envolvam as neurociências (mediadores químicos, dependência química, anatomia do sistema
nervoso, comportamento, etc).
REFERÊNCIAS:
CASTRO, J.C.; STRUCHINER, M. Análise do Processo de Desenvolvimento de um Sistema Hipermídia para Ensino de Neurociência com Base na Teoria da
Atividade. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.2, n.3, p.3-33, nov. 2009.
MACHADO, D.I.; NARDI, R. Construção e validação de um sistema hipermídia para o ensino de Física Moderna. REEC, v. 6, n. 1, p. 90-116, 2007.
MALAGGI,V.; MARCON, K. Cibercultura e Educação: algumas reflexões sobre processos educativos na sociedade tecnológica contemporânea. Revista Espaço
Acadêmico, n. 132, p. 115-123, 2012.
3. SAMPAIO, M.R.R. O CAMINHO DA APRENDÊNCIA E AS CONTRIBUIÇÕES DAS NEUROCIÊNCIAS. Fólio – Revista de Letras, v. 3, n. 2 p. 251-273, jul./dez., 2011.
ZARO, M.A.; et al.Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para agregar valor à pesquisa educacional.Ciências & Cognição, v. 15, n.1,
p. 199-210 , 2010.
SITES:
http://www.cerebronosso.bio.br/o-que-neurocincia/. Acesso em 05 de maio de 2012.
http://www.intel.com/education/la/pt/elementos/pba/content.htm. Acesso 7 de maio de 2012.
http://prezi.com/np2sto3weg3i/uso-de-tecnologias-para-apoio-ao-ensino-e-aprendizagem/ Acesso 7 de maio de 2012
http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3224316. Acesso dia 7 de maio de 2012