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CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTORES E DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE
UVAS NA REGIONAL DE JALES – SP
thi_grilo@yahoo.com.br
APRESENTACAO ORAL-Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia
THIAGO VIEIRA COSTA1; MARIA APARECIDA ANSELMO TARSITANO2;
MARCO ANTONIO FONSECA CONCEIÇÃO3; REGINALDO TEODORO SOUZA4.
1,2.UNESP, ILHA SOLTEIRA - SP - BRASIL; 3,4.EMBRAPA UVA E VINHO, JALES - SP
- BRASIL.
CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTORES E DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE
UVAS NA REGIONAL DE JALES – SP1

Grupo de pesquisa: Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia
RESUMO: Este trabalho faz parte de um projeto maior que está sendo realizado em
parceria com a Embrapa Uva e Vinho Unidade de Jales (SP), cujo foco é a promoção da
sustentabilidade dos sistemas de produção de uva em pequenas propriedades rurais. O
objetivo foi caracterizar os produtores e a tecnologia utilizada na produção de uvas de
mesa na Regional de Jales, localizado na região noroeste do Estado de São Paulo. Os dados
foram levantados a partir de entrevistas e da aplicação de questionários. Foram abordadas
questões socioeconômicas, tecnológicas e ambientais. Dezenove produtores foram
entrevistados sendo os dados tabulados e sistematizados em tabelas e gráficos. Muito
embora os produtores possuam bom nível técnico, algumas questões abordadas neste
trabalho, tais como: manejo da irrigação, quantidades adequadas de fertilizantes conforme
resultado da análise de solo, utilização de EPI, número de pulverizações, entre outros,
ainda apresentam problemas. Esses resultados estão subsidiando a realização de outras
pesquisas, através de programas de planejamento e transferência de tecnologia,
proporcionando ao produtor um manejo mais adequado da cultura, bem como o
desenvolvimento sustentável rural regional.

Palavras-chaves: Transferência de tecnologia, Perfil do produtor, Uva de mesa, Manejo
da videira.

1

Auxilio Pesquisa Embrapa/SEG – Macroprograma 2- Competitividade e Sustentabilidade

1

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
CHARACTERIZATION OF GRAPES SYSTEM PRODUCTION AND
PRODUCERS IN THE JALES REGION, SÃO PAULO STATE, BRAZIL.

ABSTRACT: This work is part of a bigger project conduced in partnership with
Embrapa Grape and Wine Unit of Jales São Paulo state, which focus the promotion of the
sustainability of the grape output systems in small rural property. The objective was
characterize the producers and the technology in table grapes output in Jales Region,
located in the northwest region of São Paulo State. The data was obtained from interviews
and application of questionnaires. It was approached environmental, technological, and
socioeconomic questions. Nineteen producers was interviewed and the data’s organized in
tables and graphics. Even though the producers had good technical knowledge, some
matter approached in this research, like irrigation handling, appropriate fertilization as
show the soil analyzes, use of Equipment for Individual Protection, quantities of spraying,
among others, with still present problems. Those results are subsidizing the possibility of
other researches, through programs of planning and technology transference, providing to
the producer a correct culture handling, and the regional rural sustainable development.

Key words: Transference of technology, Producer profile, Grape producer, Table
grape, Grape handling.

2

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
1. INTRODUÇÃO
A produção mundial de uva de mesa em 2007/2008 foi de 16,3 milhões de
toneladas, a China é a maior produtora com 6,7 milhões, seguida pela Turquia com
2,1milhões, a União Européia com quase 2 milhões e o Brasil que ocupa a 4 ª posição com
1,3 milhões de toneladas (Sant’Anna et al., 2010).
O Estado de São Paulo é o maior produtor nacional de uva para mesa, em 2008
produziu 190, 6 mil toneladas, em mais de 10 mil ha. O Escritório de Desenvolvimento
Rural (EDR) de Campinas com 38,8%, seguido pelo EDR de Itapetininga com 25,6% e de
Jales com 12,1% da produção total estadual são os maiores produtores de uva de mesa
(IEA, 2009).
No estado de São Paulo o cultivo da uva é realizado em pequenas propriedades
rurais, no EDR de |Jales cerca de 87% do número total de Unidade Produção
Agropecuária2 (UPA’s), possui área inferior a 50 ha, ocupando, no entanto, apenas 40% da
área total da região de Jales. Esta estrutura agrária favoreceu o desenvolvimento da
fruticultura na região, com a utilização da mão-de-obra familiar no trabalho na
propriedade, além da contratação de trabalhadores temporários e permanentes.
A viticultura é uma atividade relevante para os produtores de Jales, sobretudo
aqueles detentores de pequenas áreas. O valor da produção da uva na regional de Jales foi
de R$41 milhões em 2008 (IEA, 2009), representando cerca de 8% do valor total da
agropecuária deste EDR realizado por Tsunechiro et al. (2009).
Nesta região a uva exige grande conhecimento técnico, sendo a irrigação e o
sistema de podas fundamentais para a produção de frutas com qualidade e fora da época de
produção de outras regiões. Muito embora dificuldades com os altos custos de produção e
a queda nos preços verificada nos últimos anos venham desestimulando muitos produtores,
outros apostam em novas variedades e novas tecnologias de produção.
O desenvolvimento da presente pesquisa tem como objetivo caracterizar questões
tecnológicas, socioeconômicas e ambientais da produção de uvas no EDR de Jales, região
noroeste do Estado de São Paulo.

2. METODOLOGIA

2

A Unidade Produção Agropecuária (UPA) corresponde à definição de imóvel adotada pelo INCRA, ou seja, uma
área contínua de terra pertencente ao(s) mesmo(s) proprietário(s).

3

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
A abrangência do estudo tem como referência o EDR de Jales, uma das 40
Unidades Administrativas da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
(CATI)/Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Figura 1),
situado na porção noroeste do estado de São Paulo.

Figura 01. Mapa do Estado de São Paulo, dividido em 40 Escritórios de Desenvolvimento
Rural (EDRs).
Fonte: http://www.cati.sp.gov.br/novacati/index.php
A escolha da região baseou-se no fato de uma das três unidades que compõem o
Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho – CNPUV, localizado em Bento GonçalvesRS, pertencente à Embrapa, estar localizado no município de Jales, a qual atuará como
parceira no desenvolvimento da pesquisa, além de ser o maior pólo produtor de uvas de
mesa da região noroeste do estado de São Paulo. O presente trabalho faz parte de um
projeto maior que está sendo realizado em parceria com a Embrapa Uva e Vinho unidade
de Jales, cujo foco é a promoção de “Tecnologia para a sustentabilidade de sistemas de
produção de uva em pequenas propriedades rurais”.
Para seleção dos produtores que fizeram parte da pesquisa foram contatados os técnicos
da assistência técnica do EDR de Jales e da Embrapa, visando levantar questões gerais e de
ordem logística para a realização da pesquisa. A idéia é que fossem produtores de uvas que
apresentassem diferenças em relação a área cultivada, técnicas de cultivo, variedades,
formas de comercialização da fruta, que tivessem um mínimo de organização para que as
informações pudessem ser levantadas e que mostrassem interesse em participar da
pesquisa. Foram selecionados 19 produtores de uvas.
Os dados foram levantados em 2009 a partir da elaboração de questionário e do
acompanhamento periódico das atividades desenvolvidas pelos produtores selecionados.
Entre os objetivos pretendidos, um deles foi obter informações do entrevistado
quanto aos problemas, dificuldades e expectativas relacionados ao cultivo de uvas de mesa.
Nesse caso, as entrevistas foram não dirigidas, em que o entrevistador não fez perguntas
4

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
específicas, com o claro propósito de possibilitar que o entrevistado abordasse os temas na
forma que ele quisesse.
Também foram realizadas entrevistas dirigidas através da elaboração prévia de um
roteiro (questionário) contendo todos os pontos de interesse. Os questionários
contemplaram perguntas abertas e sua aplicação tomou mais de uma hora do tempo do
interlocutor, muito embora Richardson, et al. (1999), considerem que este tempo não deva
exceder uma hora. Cabe ainda destacar que, em alguns casos, foram necessárias duas ou
mais entrevistas com o mesmo entrevistado até que todos os itens fossem explorados e as
dúvidas totalmente esclarecidas.
Para avaliar e comparar sistemas de produção utilizados pelos produtores que
fizeram parte da pesquisa foram levantados os seguintes parâmetros, nos questionários:
•

Parâmetros socioeconômicos: tempo de trabalho na agricultura, faixa etária, nível
de escolaridade, área ocupada com uva, mão-de-obra utilizada, motivos para
implantação e produção de uvas de mesa, principais fragilidades e potencialidades,
problemas e ou dificuldades, metas para o futuro, fonte de recursos financeiros,
investimentos realizados, entre outros;
• Parâmetros tecnológicos: preparo do solo, variedades utilizadas, sistemas de poda,
adubação química e/ou orgânica, quantidades utilizadas de defensivos, número e
formas de aplicações, irrigação, produtividade, entre outros;
• Parâmetros ambientais: área de preservação permanente (APP), reserva legal,
destino das embalagens dos insumos, ações relacionadas à preservação do meio
ambiente, reposição de matas ciliares, conhecimento da legislação ambiental, entre
outros.
Após as entrevistas, os dados recolhidos foram tabulados no software Microsoft
Excel for Windows e sistematizados em gráficos e tabelas.
Visando atender aos objetivos listados no projeto, inicialmente foi realizado um
pré-teste dos instrumentos de coleta de dados (questionários), para uma melhor adequação
dos mesmos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Caracterização dos produtores de uva pesquisados da regional de Jales (SP)
A maior parte das propriedades pesquisadas (7) pertence ao município de Jales, 5
são de Urânia, 4 de Palmeira D’Oeste, 2 de Santa Salete e 1 de Aspásia. Quase 90 % do
total residem nas propriedades, apenas 10% se encontram morando na área urbana do
município, evidenciando que a fruticultura (uva) fixa o homem no campo. A média de
idade dos produtores foi de 49 anos, variando de 26 a 66 anos de idade, indicando que a
maioria destes se encontra em idade produtiva.
Quanto ao índice de escolaridade, optou-se por classificá-la segundo a
nomenclatura atual de ensino, conforme Figura 02. Dentre os produtores entrevistados,
10,5 % possuem ensino fundamental de 1° - 4° série, 31,6 % o fundamental de 5° - 8°
5

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série, 5,2% possuem ensino médio 1° - 2° ano, 42,1% o médio completo, apenas 1
produtor possui ensino superior incompleto e 1 ensino superior completo.

Produtores (%)

60

40

20

0
1° - 4°S.
E.F.

5° - 8°S.
E.F.

1° - 2°S.
E.M.

E.M.
E.S.
E.S.
Completo Incompleto Completo

Figura 02. Grau de escolaridade dos produtores de uva pesquisados, do EDR de Jales
(SP), 2008/2009.
Dentre os dados referentes ao produtor, buscou-se efetuar o levantamento do tempo
dos mesmos na agricultura e com a cultura da uva: 95% dos produtores declararam ter
nascido na área rural, revelando grande experiência na área agrícola; o tempo médio de
experiência dos produtores com a cultura da uva foi de 17 anos, variando de 6 a 25 anos, o
que indica a forte tradição regional com a atividade, conforme Figura 03.

Produtores (%)

60

40

20

0
5--10

11--15

16--20

21--25

Tempo médio (Anos)

Figura 03. Experiência dos produtores com a cultura da uva.
Todos os produtores pesquisados no EDR, produzem uva em terra própria, sendo a
área média das propriedades igual a 20,9 ha, variando de 2,1 ha a 52,8 ha e a área média
com parreiras de uva de 2,4 ha, variando de 0,35 ha a 8 ha.
6

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
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Das formas de organização coletiva de produtores, dentre os entrevistados, 52,6%
relataram estar envolvido com alguma forma de organização coletiva de produtores, sendo
que destes, 30 % estão ligados à cooperativa e 70% participam de associações.
Quanto a assistência técnica, 84% dos produtores não contam com nenhum técnico
comprometido em acompanhar a propriedade, porém quando necessitam, buscam auxilio
técnico oferecido pela Casa da Agricultura local e nas revendas de produtos agropecuários
da região. Do total dos produtores, apenas 16% contratam assistência técnica particular.
Aproximadamente 74% dos produtores utilizam financiamento, destes cerca de
14% possuem mais de um financiamento e as fontes de financiamento podem ser
observadas na Figura 04. A maioria 64% utiliza recursos do Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar), 22% utilizam recursos do PROGER (Programa
de Geração de Emprego e Renda), 28% optam por financiamento através de empresa
privada. Os recursos foram direcionados para custeio de produção, aquisição de trator ou
pulverizador.

Produtores (% )

Pronaf + E. Privada
Pronaf
Proger
Empresa Privada
0

10

20

30

40

50

60

70

Fontes de Crédito

Figura 04. Fontes de crédito utilizadas pelos produtores de uva pesquisados do EDR de
Jales (SP), 2008/2009.

3.2. Caracterização do Sistema de Produção de Uva no EDR de Jales (SP)
Nesta região, a uva exige grande conhecimento técnico, sendo exigente em tratos
culturais, necessita de irrigação, duas podas ao ano e intenso tratamento fitossanitário.
Os principais avanços tecnológicos da produção de uva nesta região se devem a
Embrapa no desenvolvimento de novas variedades de uvas de mesa para regiões tropicais,
o que abrange projetos na área de melhoramento vegetal, destacando-se o desenvolvimento
de variedades de uvas finas de mesa sem sementes, de uva comum para mesa e para
produção de vinho e suco. Deve-se ressaltar também a participação do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC) e da UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Ilha
Solteira e de Jaboticabal.
7

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Para a descrição dos sistemas de produção predominantes na região estudada, foram
tabulados e analisados os dados dos questionários obtidos com os 19 produtores de uva
pesquisados.
Na realização das entrevistas e análise dos dados verificou-se que alguns
entrevistados não tinham respostas para algumas informações mais técnicas, por outro
lado, foram encontrados produtores que possuíam todas as informações registradas e que
forneceram detalhadamente como é o sistema de produção.
Após as entrevistas foi realizada análise de solo, e de acordo com os resultados
obtidos se verificou excesso de nutrientes nos solos de todas as parreiras. Este é um dos
problemas levantados nesta pesquisa e que está sendo estudado pelo pessoal da área de
solos da UNESP Campus de Ilha Solteira e por pesquisadores do IAC.
Quando perguntado ao produtor sobre a realização de análise do solo, 84%
responderam afirmativamente e apenas 16% não realizam. Do total que realizam (16),
37,5% adubam de acordo com análise, a mesma porcentagem, 37,5% segue parcialmente
as recomendações, geralmente aplicando quantidades maiores, 25% não seguem a
recomendação da análise de solo. Importa ressaltar que o intervalo médio observado para a
realização de análise de solo foi de 1 a 3 anos, sendo que mais da metade realizam
anualmente.
Apesar de a adubação ser realizada por todos os produtores, mais da metade ainda
não acatam as quantidades recomendadas, utilizando os fertilizantes de forma inadequada,
geralmente utilizando quantidades maiores, ocasionando desequilíbrios nutricionais, o que
leva ao aumento dos custos e prejuízos ambientais.
A adubação deve ser realizada de forma equilibrada, utilizando-se como parâmetro
pelo menos os resultados da análise de solo, para que os ganhos econômicos sejam
maximizados e os danos ambientais minimizados.
A técnica de 2 podas, utilizada na região noroeste do estado de São Paulo, é
fundamental para os produtores direcionarem sua produção para a época de entressafra
(julho-novembro), de outros pólos produtores, o que possibilita obtenção de melhores
preços.
Essas podas podem ser classificadas em curta ou de formação, em que os
produtores deixam em média duas gemas, e longa ou de produção em que o número de
gemas varia um pouco mais em função da variedade, sendo em média 6 a 8 gemas.
De acordo com dados levantados, a época da poda de formação (agosto a
dezembro), depende do término da colheita, as respostas variaram de 15 até 60 dias após a
colheita, 37% dos produtores entrevistados realizam esta poda 30 dias após a colheita.
Com relação a época da realização da poda de produção (fevereiro à junho) as respostas
variaram muito, entretanto pode-se destacar com cerca de 37% dos produtores
entrevistados março como o mês para realização da poda de produção. Após a realização
das podas tanto de formação quanto de produção, diversas desbrotas são realizadas. O
intervalo médio relatado, entre a poda de produção e a colheita para as uvas finas é de
aproximadamente de 150 dias e para uva comum (Niagara) 110 dias.
No caso de uvas rústicas de mesa (Niagara) para produção em época não
convencional, a poda de produção ocorre em meses de ocorrência de temperaturas abaixo
de 10 °C, o que prejudica emissão e desenvolvimento da brotação dos ramos e conseqüente
produção. Após a adoção de um procedimento denominado “Técnica Fracaro”, que
8

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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
consiste na aplicação de um hormônio vegetal conhecido como ethephon, 20 a 30 dias
antes da poda de produção, alavancou a produção de uva Niagara rosada. A aplicação do
ethephon ocasiona desfolha das plantas, esta é uma prática que facilita a poda e
provavelmente a translocação de assimilados das folhas para os órgãos de reservas
(FRACARO, 2000).
A utilização da “Técnica Fracaro” permitiu aos produtores aumentar a produção e a
qualidade dos frutos na época da entressafra, nos últimos 4 anos a produção aumentou 24%
no EDR de Jales.
Nesta região produzir uva no segundo semestre só é possível, além das 2 podas, o
uso da irrigação.
A irrigação da cultura da videira compreende segmentos distintos, que englobam
diversos aspectos tais como, escolha do sistema de irrigação, correto manejo da fonte de
água, monitoramento hídrico do solo e das plantas.
De acordo com os produtores, no início da implantação das primeiras parreiras (há
cerca de 20 anos), o sistema de irrigação predominante era o de irrigação por aspersão.
Entretanto o alto consumo de água por este sistema aliado a maior incidência de doenças,
justificou a contínua substituição deste sistema de irrigação pelo sistema de microaspersão
e gotejamento, que contribui para o uso mais racional da água.
O sistema de irrigação por microaspersão está sendo utilizado em 68% das parreiras
pesquisadas, 6 produtores apresentam 2 tipos de sistemas de irrigação (microaspersão e
aspersão por baixo da copa), apenas um produtor relatou utilizar irrigação por
microaspersão e gotejamento.
A idade média de uso dos sistemas de irrigação, variou de 3 até 24 anos, 48%
possuem o equipamento com tempo de uso de 6 à 10 anos, muito embora tenha um
produtor com um sistema de irrigação com 24 anos.
O manejo da irrigação visa aplicar água à cultura na quantidade certa, no momento
adequado, entretanto o uso das tecnologias disponíveis para adequado manejo da irrigação
ainda não é uma realidade na região.
O método mais utilizado para tomada de decisão, irrigar ou não, realizado por 78%
dos produtores, é a verificação da umidade do solo manualmente, sem uso de equipamento.
O intervalo entre as irrigações no período da seca varia conforme o sistema de
irrigação sendo em média de 2 à 3 vezes por semana quando se utiliza o sistema de
microaspersão, e de 1 à 2 vezes por semana no sistema de aspersão. Na época das águas a
irrigação é reduzida, ficando as parreiras por um período médio de dois meses sem que seja
necessário irrigar.
Com relação aos cuidados que se tem com o sistema de irrigação, 55% não
possuem filtro, dentre os 45% que possuem 89% utiliza filtro tipo disco e 11% filtro tipo
tela.
A aplicação de adubos via água de irrigação conhecida como fertirrigação, é uma
tecnologia ainda não empregada pelos produtores participantes da pesquisa. A utilização
desta tecnologia pode ser uma forma de aumentar a eficiência da adubação e do sistema de
irrigação com economia de mão de obra.
Os córregos presentes na região em sua maioria são de pequeno porte
(HERNANDEZ, 1997). O que pode ser um fator limitante para a utilização da água de
irrigação, entretanto, dentre os produtores pesquisados, nenhum relatou problemas com
9

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
falta de água para irrigação. A Figura 05 indica as principais fontes de água utilizadas para
irrigação.

Açude

Fontes

Córrego
Poço
Represa
Tanque
0

5

10

15

20

25

30

35

40

Porcentagem (%)

Figura 05. Principais fontes de água utilizadas para irrigação pelos produtores de uva
entrevistados do EDR de Jales (SP), 2008/2009.
Em 69% das propriedades a análise de água utilizada para irrigação não é realizada,
o restante (31%), já fez análise da água pelo menos uma vez. Somente seis produtores
conheciam o pH da água utilizada, que teve variação entre 6 e 7,5.
Em nenhum dos casos foi descrito problemas com o resultado das análises da água.
O número de variedades plantadas em uma mesma propriedade variou de 1 a 6, em
84,2% dos casos, havia ao menos 3 variedades diferentes na propriedade.
A variedade com maior área dentre os produtores pesquisados é a niagara, com 13,6
hectares, seguida da variedade Itália, 6,8 ha.
A Figura 06 ilustra a área ocupada com as principais variedades cultivadas pelos
produtores pesquisados. Verifica-se que a Niagara ocupa maior área, principalmente por
ser menos exigente nos tratos culturais, seguida pela itália e Benitaka. Mesmo ocupando a
segunda posição em área, a Itália ainda é cultivada por 73,7% dos produtores participantes
da pesquisa (Figura 07). As variedades Benitaka e Niagara, estão presentes em 63,15% das
propriedades.

10

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
14,00

Área (ha)

12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
Benitaka Brasil Centenial

Itália

Niagara

Red
Globe

Red
Meire

Rubi

Variedades

Figura 06. Área cultivada com as principais variedades de uva pelos produtores
entrevistados no EDR de Jales (SP), 2008/2009.

Benitaka

Variedades Cultivadas

Brasil
Centenial
Itália
Niagara
Red Globe
Red Meire
Rubi
0

10

20

30

40

50

60

70

80

Número de Produtores (%)

Figura 07. Participação percentual das principais variedades cultivadas pelos produtores
pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009.

As variedades Bordo, Isabel e Cabernet Sauvignon utilizadas principalmente para
produção de vinho e suco estão presentes em apenas uma propriedade, as variedades BRS
Morena e BRS Clara3 (variedades sem sementes), também estão presentes em apenas uma
propriedade.
A ocorrência de pragas e doenças na cultura pode gerar grandes perdas e tornar-se
fator limitante à viticultura na região, sendo importante, a realização de pesquisas que
visem a adequação do correto manejo das diversas pragas e doenças que atacam a cultura.
3

Variedades sem sementes obtidas na Estação Experimental de Viticultura Tropical – EEVT, da Embrapa Uva e
Vinho, em Jales (SP).

11

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Dentre os entrevistados, 79% não realizam monitoramento de doenças (Figura 08),
no caso da uva os produtores consideram que o tratamento tem que ser preventivo,
acreditam que se a doença se instalar, podem perder parte da produção, ou ainda obter uma
fruta de baixa qualidade.

21%

79%

Faz monitoramento de Doenças
Não faz monitoramento de
Doenças

Figura 08. Percentual de produtores pesquisados que realizam monitoramento de doenças
no EDR de Jales (SP), 2008/2009.
O conhecimento das diversas pragas e doenças bem como os estágios de maior
suscetibilidade e da forma como o manejo destas tem sido realizado, serve como subsídio
para o estabelecimento de um programa de controle adequado de pragas e doenças,
viabilizando manejos mais eficientes, com redução de custos e riscos ao meio ambiente.
As principais doenças encontradas em uvas na região foram: Míldio (94,73%),
Oídio (89,47%), Alternária (84,47%), Declínio da Videira (47,36%), Podridão dos cachos
(42,1%), Antracnose (36,84%) e Ferrugem (26,31%).
O controle químico de pragas e doenças na cultura da videira, principalmente com
as variedades finas é intensivo. O período após a poda de formação e produção, conhecido
com época de brotação, é o período mais critico para o controle de doenças, neste período
as pulverizações chegam a ser diárias. As quantidades médias de pulverizações podem ser
melhor visualizada na Figura 09. Verifica-se que a maioria se encontra na faixa de 101 a
150 pulverizações por ciclo de produção. Variedades mais resistentes a doenças e pragas,
assim como investimento na capacitação dos produtores para redução do número de
pulverizações, já foram relatadas por Tarsitano, 2001, e que ainda hoje persistem.

12

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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Número de Pulverizações

151 -- 200

101 -- 150

51 -- 100

0 -- 50
0

10

20

30

40

50

60

Número de Produtores (%)

Figura 09. Número de pulverizações realizadas na cultura da videira pelos produtores
pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009.
Buscando soluções para controle eficaz de doenças sem a necessidade de
excessivas pulverizações, pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho unidade de Jales, vem
realizando diversas pesquisas relacionadas ao cultivo de uva sob cobertura plastica,
conhecida como plasticultura, os primeiros resultados indicam redução da incidência de
algumas doenças e consequente redução das pulverizações, mas ainda os estudos não são
conclusivos.
No referente ao estado de conservação dos equipamentos de pulverização, 58,8%
dos pulverizadores, não possuem manômetro funcionando, 41,2% estão com o manômetro
funcionando corretamente, destes todos possuem regulagem para 100, 200 e 300 lbf/pol².
Apenas um produtor relatou problema de vazamento no pulverizador, todos os
produtores estão com os filtros da entrada do tanque e entrada da bomba em bom estado.
A principal mão de obra utilizada na condução das parreiras é a mão de-obra
familiar, o empregado permanente está presente em 57,9% das propriedades, seguida da
contratação de diaristas por 47,36%, o sistema de parceira (o parceiro é responsável por
todas as operações manuais) ocorre em 26,3% das parreiras e em 21% dos casos é utilizado
somente mão de obra familiar (Figura 10).
A falta de mão de obra é um dos problemas apontados pelos produtores como fator
limitante para o aumento da área com uva. De acordo com os dados apresentados, verificase, que embora a atividade na região seja considerada como uma alternativa para
agricultura familiar, esta tem exigido mão de obra além da disponível pelas famílias.
A contratação de diaristas ocorre principalmente para as atividades de desbrota,
penteamento dos cachos.

13

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Figura 10. Diferentes tipos de mão de obra utilizadas na cultura da videira pelos
produtores pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009.
O preparo e aplicação de agrotóxicos devem ser conduzidos de forma a evitar
contaminação da água e da terra das áreas adjacentes, além de proteger os trabalhadores
rurais envolvidos na atividade.
Quando questionados sobre o uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), a
maior parte (52%), relata não utilizar, 16% diz usar raramente, e 32% utiliza o EPI em
todas as pulverizações com defensivos (Figura 11). A principal justificativa para o não uso
do EPI é o desconforto.

16%

32%

Sim

52%

Não
Raramente

Figura 11. Percentual de produtores pesquisados que utilizam EPI na cultura da videira do
EDR de Jales (SP), 2008/2009.

A maioria das propriedades (68,43%) possui algum tipo de fonte de água (Figura
12), as principais fontes são córregos (46,6%), nascentes (40%), lagoas (6,67%) e represas
(6,67%). Em 94% das propriedades existem poços, utilizados também como fonte de água.

14

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
50
45
Propriedades (%)

40
35
30
25
20
15
10
5
0
Córrego

Lagoa

Nascente

Represa

Figura 12. Principais fontes de água nas propriedades dos produtores pesquisados do EDR
de Jales (SP), 2008/2009.
Quando questionados sobre a existência de algum cuidado especial com a fonte de
água da propriedade, 57,15% dos produtores responderam que sim, destes 75% relatam
estarem plantando árvores para recuperação de mata ciliar, 25%, mencionaram estarem
conservando a mata ciliar existente. De acordo com os produtores a fiscalização ambiental
ocorreu em apenas 10,53% das propriedades pesquisadas.
A preocupação com o destino das embalagens, principalmente de agrotóxicos no
setor rural, é recente. Do total pesquisado, 89,4% dos produtores fazem a tríplice lavagem
das embalagens, armazenam em local adequado e devolvem nos postos de recebimento,
10,6% apesar de realizarem adequadamente a tríplice lavagem das embalagens, estão
armazenando estas na propriedade sem previsão de descarte.
Os problemas e dificuldades relacionados a cultura da uva, são diversos, entretanto
dificuldades relacionadas a doenças (31,6%), comercialização (26,3%) e mão-de-obra
(15,8%) foram os mais relatados pelos produtores, a freqüência de respostas obtidas, à
partir deste tema podem ser melhor visualizadas na Figura 13. Além desses, foram
relatados também, por apenas 5,3% dos produtores, problemas na formação de cachos,
ataque de ácaros, excesso de chuvas e a falta de interesse dos filhos na continuidade da
atividade.

15

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Ácaro
Chuva
Comercialização
Doenças
z

Falta de Cacho
Mão de Obra
Não continuidade dos filhos
Não tem problema
0

5

10

15

20

25

30

35

Produtores (%)

Figura 13. Principais problemas e dificuldades enfrentados pelos produtores pesquisados
do EDR de Jales (SP), 2008/2009.
Quando questionados sobre o interesse por alternativas de renda, 26,3% dos
produtores mostraram-se satisfeitos com a atividade, declarando não ter interesse em outra,
21% gostariam de aumentar a área com uva, 10,5% aumentar a área com laranja e outros
10,5% tem interesse em iniciar o plantio de laranja, os resultados das respostas podem ser
observados na Figura 14.

Aumentar área com Uva
Aumentar área com
Laranja
Aumentar área com Limão
Aumentar área com
Maracujá
Implantar Seringueira
Implantar Laranja
Implantar Caju
Não tem interesse
0

5

10

15

20

25

30

Produtores (% )

Figura 14. Interesse por alternativas de renda pelos produtores pesquisados do EDR de
Jales (SP), 2008/2009.
16

Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
4. CONCLUSÕES
Os resultados permitiram avaliar e caracterizar o sistema de produção de uva no EDR
de Jales. A cultura é exigente nos tratos culturais, principalmente no tratamento
fitossanitário, na irrigação, na adubação e no sistema de podas, exigindo um rigoroso
controle e acompanhamento de todo ciclo de produção.
Investimentos na capacitação dos produtores e no desenvolvimento de pesquisas que
visem melhores técnicas em relação ao sistema de cultivo tem papel essencial para o
fortalecimento da atividade na região.
Os resultados deste trabalho devem subsidiar a realização de outras pesquisas, assim
como programas de planejamento e transferência de tecnologia, proporcionando ao
produtor um manejo mais adequado da cultura, bem como o desenvolvimento sustentável
rural regional.

REFERÊNCIAS
FRACARO, A.A. Efeito de doses crescentes de ethephon em videira ‘Rubi’ (Vitis
vinifera L.), cultivada na região Noroeste do Estado de São Paulo. 2000. 88f.
Dissertação (Mestrado em Sistemas de Produção) - Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira, Universidade Estadual Paulista. Ilha Solteira, 2000.
HERNANDEZ, F.B.T. Sistemas de irrigação, relações hídricas, fisiológicas e de
fertilidade de gemas para produção da uva de mesa no noroeste paulista. Disponível
em: http://www.agr.feis.unesp.br/cbh_marin.htm. Acesso em: 20 jun. 2009.
INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA – IEA. Banco de dados IEA. 2009.
Disponível em <http://www.integração.gov.br>. Acesso em: 11 jan. 2010.
RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
Capítulo 13, p. 207-219. Entrevista.
SANT’ANNA A.; FERRAZ, J.V.; SILVA, M.L.M et al. (Coord). AGRIANUAL 2010:
ANUÁRIO DA AGRICULTURA BRASILEIRA. São Paulo: iFNP, 2010. P.514
(AGRIANUAL), 2010.
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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
TARSITANO, M.A.A. Avaliação econômica da cultura da videira na região de JalesSP. 2001. 121f. Tese (Livre-Docência) – Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho, Ilha Solteira, 2001.
TSUNECHIRO, A. et al. Valor da produção agropecuária e florestal do estado de São
Paulo em 2009: estimativa preliminar. Informações Econômicas. São Paulo, v.39, n.10,
2009. P.83-95.

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Caracterização dos produtores e do sistema de produção de uvas na regional de jales sp

  • 1. CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTORES E DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE UVAS NA REGIONAL DE JALES – SP thi_grilo@yahoo.com.br APRESENTACAO ORAL-Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia THIAGO VIEIRA COSTA1; MARIA APARECIDA ANSELMO TARSITANO2; MARCO ANTONIO FONSECA CONCEIÇÃO3; REGINALDO TEODORO SOUZA4. 1,2.UNESP, ILHA SOLTEIRA - SP - BRASIL; 3,4.EMBRAPA UVA E VINHO, JALES - SP - BRASIL. CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTORES E DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE UVAS NA REGIONAL DE JALES – SP1 Grupo de pesquisa: Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia RESUMO: Este trabalho faz parte de um projeto maior que está sendo realizado em parceria com a Embrapa Uva e Vinho Unidade de Jales (SP), cujo foco é a promoção da sustentabilidade dos sistemas de produção de uva em pequenas propriedades rurais. O objetivo foi caracterizar os produtores e a tecnologia utilizada na produção de uvas de mesa na Regional de Jales, localizado na região noroeste do Estado de São Paulo. Os dados foram levantados a partir de entrevistas e da aplicação de questionários. Foram abordadas questões socioeconômicas, tecnológicas e ambientais. Dezenove produtores foram entrevistados sendo os dados tabulados e sistematizados em tabelas e gráficos. Muito embora os produtores possuam bom nível técnico, algumas questões abordadas neste trabalho, tais como: manejo da irrigação, quantidades adequadas de fertilizantes conforme resultado da análise de solo, utilização de EPI, número de pulverizações, entre outros, ainda apresentam problemas. Esses resultados estão subsidiando a realização de outras pesquisas, através de programas de planejamento e transferência de tecnologia, proporcionando ao produtor um manejo mais adequado da cultura, bem como o desenvolvimento sustentável rural regional. Palavras-chaves: Transferência de tecnologia, Perfil do produtor, Uva de mesa, Manejo da videira. 1 Auxilio Pesquisa Embrapa/SEG – Macroprograma 2- Competitividade e Sustentabilidade 1 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 2. CHARACTERIZATION OF GRAPES SYSTEM PRODUCTION AND PRODUCERS IN THE JALES REGION, SÃO PAULO STATE, BRAZIL. ABSTRACT: This work is part of a bigger project conduced in partnership with Embrapa Grape and Wine Unit of Jales São Paulo state, which focus the promotion of the sustainability of the grape output systems in small rural property. The objective was characterize the producers and the technology in table grapes output in Jales Region, located in the northwest region of São Paulo State. The data was obtained from interviews and application of questionnaires. It was approached environmental, technological, and socioeconomic questions. Nineteen producers was interviewed and the data’s organized in tables and graphics. Even though the producers had good technical knowledge, some matter approached in this research, like irrigation handling, appropriate fertilization as show the soil analyzes, use of Equipment for Individual Protection, quantities of spraying, among others, with still present problems. Those results are subsidizing the possibility of other researches, through programs of planning and technology transference, providing to the producer a correct culture handling, and the regional rural sustainable development. Key words: Transference of technology, Producer profile, Grape producer, Table grape, Grape handling. 2 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 3. 1. INTRODUÇÃO A produção mundial de uva de mesa em 2007/2008 foi de 16,3 milhões de toneladas, a China é a maior produtora com 6,7 milhões, seguida pela Turquia com 2,1milhões, a União Européia com quase 2 milhões e o Brasil que ocupa a 4 ª posição com 1,3 milhões de toneladas (Sant’Anna et al., 2010). O Estado de São Paulo é o maior produtor nacional de uva para mesa, em 2008 produziu 190, 6 mil toneladas, em mais de 10 mil ha. O Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Campinas com 38,8%, seguido pelo EDR de Itapetininga com 25,6% e de Jales com 12,1% da produção total estadual são os maiores produtores de uva de mesa (IEA, 2009). No estado de São Paulo o cultivo da uva é realizado em pequenas propriedades rurais, no EDR de |Jales cerca de 87% do número total de Unidade Produção Agropecuária2 (UPA’s), possui área inferior a 50 ha, ocupando, no entanto, apenas 40% da área total da região de Jales. Esta estrutura agrária favoreceu o desenvolvimento da fruticultura na região, com a utilização da mão-de-obra familiar no trabalho na propriedade, além da contratação de trabalhadores temporários e permanentes. A viticultura é uma atividade relevante para os produtores de Jales, sobretudo aqueles detentores de pequenas áreas. O valor da produção da uva na regional de Jales foi de R$41 milhões em 2008 (IEA, 2009), representando cerca de 8% do valor total da agropecuária deste EDR realizado por Tsunechiro et al. (2009). Nesta região a uva exige grande conhecimento técnico, sendo a irrigação e o sistema de podas fundamentais para a produção de frutas com qualidade e fora da época de produção de outras regiões. Muito embora dificuldades com os altos custos de produção e a queda nos preços verificada nos últimos anos venham desestimulando muitos produtores, outros apostam em novas variedades e novas tecnologias de produção. O desenvolvimento da presente pesquisa tem como objetivo caracterizar questões tecnológicas, socioeconômicas e ambientais da produção de uvas no EDR de Jales, região noroeste do Estado de São Paulo. 2. METODOLOGIA 2 A Unidade Produção Agropecuária (UPA) corresponde à definição de imóvel adotada pelo INCRA, ou seja, uma área contínua de terra pertencente ao(s) mesmo(s) proprietário(s). 3 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 4. A abrangência do estudo tem como referência o EDR de Jales, uma das 40 Unidades Administrativas da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI)/Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Figura 1), situado na porção noroeste do estado de São Paulo. Figura 01. Mapa do Estado de São Paulo, dividido em 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs). Fonte: http://www.cati.sp.gov.br/novacati/index.php A escolha da região baseou-se no fato de uma das três unidades que compõem o Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho – CNPUV, localizado em Bento GonçalvesRS, pertencente à Embrapa, estar localizado no município de Jales, a qual atuará como parceira no desenvolvimento da pesquisa, além de ser o maior pólo produtor de uvas de mesa da região noroeste do estado de São Paulo. O presente trabalho faz parte de um projeto maior que está sendo realizado em parceria com a Embrapa Uva e Vinho unidade de Jales, cujo foco é a promoção de “Tecnologia para a sustentabilidade de sistemas de produção de uva em pequenas propriedades rurais”. Para seleção dos produtores que fizeram parte da pesquisa foram contatados os técnicos da assistência técnica do EDR de Jales e da Embrapa, visando levantar questões gerais e de ordem logística para a realização da pesquisa. A idéia é que fossem produtores de uvas que apresentassem diferenças em relação a área cultivada, técnicas de cultivo, variedades, formas de comercialização da fruta, que tivessem um mínimo de organização para que as informações pudessem ser levantadas e que mostrassem interesse em participar da pesquisa. Foram selecionados 19 produtores de uvas. Os dados foram levantados em 2009 a partir da elaboração de questionário e do acompanhamento periódico das atividades desenvolvidas pelos produtores selecionados. Entre os objetivos pretendidos, um deles foi obter informações do entrevistado quanto aos problemas, dificuldades e expectativas relacionados ao cultivo de uvas de mesa. Nesse caso, as entrevistas foram não dirigidas, em que o entrevistador não fez perguntas 4 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 5. específicas, com o claro propósito de possibilitar que o entrevistado abordasse os temas na forma que ele quisesse. Também foram realizadas entrevistas dirigidas através da elaboração prévia de um roteiro (questionário) contendo todos os pontos de interesse. Os questionários contemplaram perguntas abertas e sua aplicação tomou mais de uma hora do tempo do interlocutor, muito embora Richardson, et al. (1999), considerem que este tempo não deva exceder uma hora. Cabe ainda destacar que, em alguns casos, foram necessárias duas ou mais entrevistas com o mesmo entrevistado até que todos os itens fossem explorados e as dúvidas totalmente esclarecidas. Para avaliar e comparar sistemas de produção utilizados pelos produtores que fizeram parte da pesquisa foram levantados os seguintes parâmetros, nos questionários: • Parâmetros socioeconômicos: tempo de trabalho na agricultura, faixa etária, nível de escolaridade, área ocupada com uva, mão-de-obra utilizada, motivos para implantação e produção de uvas de mesa, principais fragilidades e potencialidades, problemas e ou dificuldades, metas para o futuro, fonte de recursos financeiros, investimentos realizados, entre outros; • Parâmetros tecnológicos: preparo do solo, variedades utilizadas, sistemas de poda, adubação química e/ou orgânica, quantidades utilizadas de defensivos, número e formas de aplicações, irrigação, produtividade, entre outros; • Parâmetros ambientais: área de preservação permanente (APP), reserva legal, destino das embalagens dos insumos, ações relacionadas à preservação do meio ambiente, reposição de matas ciliares, conhecimento da legislação ambiental, entre outros. Após as entrevistas, os dados recolhidos foram tabulados no software Microsoft Excel for Windows e sistematizados em gráficos e tabelas. Visando atender aos objetivos listados no projeto, inicialmente foi realizado um pré-teste dos instrumentos de coleta de dados (questionários), para uma melhor adequação dos mesmos. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Caracterização dos produtores de uva pesquisados da regional de Jales (SP) A maior parte das propriedades pesquisadas (7) pertence ao município de Jales, 5 são de Urânia, 4 de Palmeira D’Oeste, 2 de Santa Salete e 1 de Aspásia. Quase 90 % do total residem nas propriedades, apenas 10% se encontram morando na área urbana do município, evidenciando que a fruticultura (uva) fixa o homem no campo. A média de idade dos produtores foi de 49 anos, variando de 26 a 66 anos de idade, indicando que a maioria destes se encontra em idade produtiva. Quanto ao índice de escolaridade, optou-se por classificá-la segundo a nomenclatura atual de ensino, conforme Figura 02. Dentre os produtores entrevistados, 10,5 % possuem ensino fundamental de 1° - 4° série, 31,6 % o fundamental de 5° - 8° 5 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 6. série, 5,2% possuem ensino médio 1° - 2° ano, 42,1% o médio completo, apenas 1 produtor possui ensino superior incompleto e 1 ensino superior completo. Produtores (%) 60 40 20 0 1° - 4°S. E.F. 5° - 8°S. E.F. 1° - 2°S. E.M. E.M. E.S. E.S. Completo Incompleto Completo Figura 02. Grau de escolaridade dos produtores de uva pesquisados, do EDR de Jales (SP), 2008/2009. Dentre os dados referentes ao produtor, buscou-se efetuar o levantamento do tempo dos mesmos na agricultura e com a cultura da uva: 95% dos produtores declararam ter nascido na área rural, revelando grande experiência na área agrícola; o tempo médio de experiência dos produtores com a cultura da uva foi de 17 anos, variando de 6 a 25 anos, o que indica a forte tradição regional com a atividade, conforme Figura 03. Produtores (%) 60 40 20 0 5--10 11--15 16--20 21--25 Tempo médio (Anos) Figura 03. Experiência dos produtores com a cultura da uva. Todos os produtores pesquisados no EDR, produzem uva em terra própria, sendo a área média das propriedades igual a 20,9 ha, variando de 2,1 ha a 52,8 ha e a área média com parreiras de uva de 2,4 ha, variando de 0,35 ha a 8 ha. 6 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 7. Das formas de organização coletiva de produtores, dentre os entrevistados, 52,6% relataram estar envolvido com alguma forma de organização coletiva de produtores, sendo que destes, 30 % estão ligados à cooperativa e 70% participam de associações. Quanto a assistência técnica, 84% dos produtores não contam com nenhum técnico comprometido em acompanhar a propriedade, porém quando necessitam, buscam auxilio técnico oferecido pela Casa da Agricultura local e nas revendas de produtos agropecuários da região. Do total dos produtores, apenas 16% contratam assistência técnica particular. Aproximadamente 74% dos produtores utilizam financiamento, destes cerca de 14% possuem mais de um financiamento e as fontes de financiamento podem ser observadas na Figura 04. A maioria 64% utiliza recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), 22% utilizam recursos do PROGER (Programa de Geração de Emprego e Renda), 28% optam por financiamento através de empresa privada. Os recursos foram direcionados para custeio de produção, aquisição de trator ou pulverizador. Produtores (% ) Pronaf + E. Privada Pronaf Proger Empresa Privada 0 10 20 30 40 50 60 70 Fontes de Crédito Figura 04. Fontes de crédito utilizadas pelos produtores de uva pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. 3.2. Caracterização do Sistema de Produção de Uva no EDR de Jales (SP) Nesta região, a uva exige grande conhecimento técnico, sendo exigente em tratos culturais, necessita de irrigação, duas podas ao ano e intenso tratamento fitossanitário. Os principais avanços tecnológicos da produção de uva nesta região se devem a Embrapa no desenvolvimento de novas variedades de uvas de mesa para regiões tropicais, o que abrange projetos na área de melhoramento vegetal, destacando-se o desenvolvimento de variedades de uvas finas de mesa sem sementes, de uva comum para mesa e para produção de vinho e suco. Deve-se ressaltar também a participação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e da UNESP – Univ Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira e de Jaboticabal. 7 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 8. Para a descrição dos sistemas de produção predominantes na região estudada, foram tabulados e analisados os dados dos questionários obtidos com os 19 produtores de uva pesquisados. Na realização das entrevistas e análise dos dados verificou-se que alguns entrevistados não tinham respostas para algumas informações mais técnicas, por outro lado, foram encontrados produtores que possuíam todas as informações registradas e que forneceram detalhadamente como é o sistema de produção. Após as entrevistas foi realizada análise de solo, e de acordo com os resultados obtidos se verificou excesso de nutrientes nos solos de todas as parreiras. Este é um dos problemas levantados nesta pesquisa e que está sendo estudado pelo pessoal da área de solos da UNESP Campus de Ilha Solteira e por pesquisadores do IAC. Quando perguntado ao produtor sobre a realização de análise do solo, 84% responderam afirmativamente e apenas 16% não realizam. Do total que realizam (16), 37,5% adubam de acordo com análise, a mesma porcentagem, 37,5% segue parcialmente as recomendações, geralmente aplicando quantidades maiores, 25% não seguem a recomendação da análise de solo. Importa ressaltar que o intervalo médio observado para a realização de análise de solo foi de 1 a 3 anos, sendo que mais da metade realizam anualmente. Apesar de a adubação ser realizada por todos os produtores, mais da metade ainda não acatam as quantidades recomendadas, utilizando os fertilizantes de forma inadequada, geralmente utilizando quantidades maiores, ocasionando desequilíbrios nutricionais, o que leva ao aumento dos custos e prejuízos ambientais. A adubação deve ser realizada de forma equilibrada, utilizando-se como parâmetro pelo menos os resultados da análise de solo, para que os ganhos econômicos sejam maximizados e os danos ambientais minimizados. A técnica de 2 podas, utilizada na região noroeste do estado de São Paulo, é fundamental para os produtores direcionarem sua produção para a época de entressafra (julho-novembro), de outros pólos produtores, o que possibilita obtenção de melhores preços. Essas podas podem ser classificadas em curta ou de formação, em que os produtores deixam em média duas gemas, e longa ou de produção em que o número de gemas varia um pouco mais em função da variedade, sendo em média 6 a 8 gemas. De acordo com dados levantados, a época da poda de formação (agosto a dezembro), depende do término da colheita, as respostas variaram de 15 até 60 dias após a colheita, 37% dos produtores entrevistados realizam esta poda 30 dias após a colheita. Com relação a época da realização da poda de produção (fevereiro à junho) as respostas variaram muito, entretanto pode-se destacar com cerca de 37% dos produtores entrevistados março como o mês para realização da poda de produção. Após a realização das podas tanto de formação quanto de produção, diversas desbrotas são realizadas. O intervalo médio relatado, entre a poda de produção e a colheita para as uvas finas é de aproximadamente de 150 dias e para uva comum (Niagara) 110 dias. No caso de uvas rústicas de mesa (Niagara) para produção em época não convencional, a poda de produção ocorre em meses de ocorrência de temperaturas abaixo de 10 °C, o que prejudica emissão e desenvolvimento da brotação dos ramos e conseqüente produção. Após a adoção de um procedimento denominado “Técnica Fracaro”, que 8 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 9. consiste na aplicação de um hormônio vegetal conhecido como ethephon, 20 a 30 dias antes da poda de produção, alavancou a produção de uva Niagara rosada. A aplicação do ethephon ocasiona desfolha das plantas, esta é uma prática que facilita a poda e provavelmente a translocação de assimilados das folhas para os órgãos de reservas (FRACARO, 2000). A utilização da “Técnica Fracaro” permitiu aos produtores aumentar a produção e a qualidade dos frutos na época da entressafra, nos últimos 4 anos a produção aumentou 24% no EDR de Jales. Nesta região produzir uva no segundo semestre só é possível, além das 2 podas, o uso da irrigação. A irrigação da cultura da videira compreende segmentos distintos, que englobam diversos aspectos tais como, escolha do sistema de irrigação, correto manejo da fonte de água, monitoramento hídrico do solo e das plantas. De acordo com os produtores, no início da implantação das primeiras parreiras (há cerca de 20 anos), o sistema de irrigação predominante era o de irrigação por aspersão. Entretanto o alto consumo de água por este sistema aliado a maior incidência de doenças, justificou a contínua substituição deste sistema de irrigação pelo sistema de microaspersão e gotejamento, que contribui para o uso mais racional da água. O sistema de irrigação por microaspersão está sendo utilizado em 68% das parreiras pesquisadas, 6 produtores apresentam 2 tipos de sistemas de irrigação (microaspersão e aspersão por baixo da copa), apenas um produtor relatou utilizar irrigação por microaspersão e gotejamento. A idade média de uso dos sistemas de irrigação, variou de 3 até 24 anos, 48% possuem o equipamento com tempo de uso de 6 à 10 anos, muito embora tenha um produtor com um sistema de irrigação com 24 anos. O manejo da irrigação visa aplicar água à cultura na quantidade certa, no momento adequado, entretanto o uso das tecnologias disponíveis para adequado manejo da irrigação ainda não é uma realidade na região. O método mais utilizado para tomada de decisão, irrigar ou não, realizado por 78% dos produtores, é a verificação da umidade do solo manualmente, sem uso de equipamento. O intervalo entre as irrigações no período da seca varia conforme o sistema de irrigação sendo em média de 2 à 3 vezes por semana quando se utiliza o sistema de microaspersão, e de 1 à 2 vezes por semana no sistema de aspersão. Na época das águas a irrigação é reduzida, ficando as parreiras por um período médio de dois meses sem que seja necessário irrigar. Com relação aos cuidados que se tem com o sistema de irrigação, 55% não possuem filtro, dentre os 45% que possuem 89% utiliza filtro tipo disco e 11% filtro tipo tela. A aplicação de adubos via água de irrigação conhecida como fertirrigação, é uma tecnologia ainda não empregada pelos produtores participantes da pesquisa. A utilização desta tecnologia pode ser uma forma de aumentar a eficiência da adubação e do sistema de irrigação com economia de mão de obra. Os córregos presentes na região em sua maioria são de pequeno porte (HERNANDEZ, 1997). O que pode ser um fator limitante para a utilização da água de irrigação, entretanto, dentre os produtores pesquisados, nenhum relatou problemas com 9 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 10. falta de água para irrigação. A Figura 05 indica as principais fontes de água utilizadas para irrigação. Açude Fontes Córrego Poço Represa Tanque 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Porcentagem (%) Figura 05. Principais fontes de água utilizadas para irrigação pelos produtores de uva entrevistados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. Em 69% das propriedades a análise de água utilizada para irrigação não é realizada, o restante (31%), já fez análise da água pelo menos uma vez. Somente seis produtores conheciam o pH da água utilizada, que teve variação entre 6 e 7,5. Em nenhum dos casos foi descrito problemas com o resultado das análises da água. O número de variedades plantadas em uma mesma propriedade variou de 1 a 6, em 84,2% dos casos, havia ao menos 3 variedades diferentes na propriedade. A variedade com maior área dentre os produtores pesquisados é a niagara, com 13,6 hectares, seguida da variedade Itália, 6,8 ha. A Figura 06 ilustra a área ocupada com as principais variedades cultivadas pelos produtores pesquisados. Verifica-se que a Niagara ocupa maior área, principalmente por ser menos exigente nos tratos culturais, seguida pela itália e Benitaka. Mesmo ocupando a segunda posição em área, a Itália ainda é cultivada por 73,7% dos produtores participantes da pesquisa (Figura 07). As variedades Benitaka e Niagara, estão presentes em 63,15% das propriedades. 10 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 11. 14,00 Área (ha) 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 Benitaka Brasil Centenial Itália Niagara Red Globe Red Meire Rubi Variedades Figura 06. Área cultivada com as principais variedades de uva pelos produtores entrevistados no EDR de Jales (SP), 2008/2009. Benitaka Variedades Cultivadas Brasil Centenial Itália Niagara Red Globe Red Meire Rubi 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Número de Produtores (%) Figura 07. Participação percentual das principais variedades cultivadas pelos produtores pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. As variedades Bordo, Isabel e Cabernet Sauvignon utilizadas principalmente para produção de vinho e suco estão presentes em apenas uma propriedade, as variedades BRS Morena e BRS Clara3 (variedades sem sementes), também estão presentes em apenas uma propriedade. A ocorrência de pragas e doenças na cultura pode gerar grandes perdas e tornar-se fator limitante à viticultura na região, sendo importante, a realização de pesquisas que visem a adequação do correto manejo das diversas pragas e doenças que atacam a cultura. 3 Variedades sem sementes obtidas na Estação Experimental de Viticultura Tropical – EEVT, da Embrapa Uva e Vinho, em Jales (SP). 11 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 12. Dentre os entrevistados, 79% não realizam monitoramento de doenças (Figura 08), no caso da uva os produtores consideram que o tratamento tem que ser preventivo, acreditam que se a doença se instalar, podem perder parte da produção, ou ainda obter uma fruta de baixa qualidade. 21% 79% Faz monitoramento de Doenças Não faz monitoramento de Doenças Figura 08. Percentual de produtores pesquisados que realizam monitoramento de doenças no EDR de Jales (SP), 2008/2009. O conhecimento das diversas pragas e doenças bem como os estágios de maior suscetibilidade e da forma como o manejo destas tem sido realizado, serve como subsídio para o estabelecimento de um programa de controle adequado de pragas e doenças, viabilizando manejos mais eficientes, com redução de custos e riscos ao meio ambiente. As principais doenças encontradas em uvas na região foram: Míldio (94,73%), Oídio (89,47%), Alternária (84,47%), Declínio da Videira (47,36%), Podridão dos cachos (42,1%), Antracnose (36,84%) e Ferrugem (26,31%). O controle químico de pragas e doenças na cultura da videira, principalmente com as variedades finas é intensivo. O período após a poda de formação e produção, conhecido com época de brotação, é o período mais critico para o controle de doenças, neste período as pulverizações chegam a ser diárias. As quantidades médias de pulverizações podem ser melhor visualizada na Figura 09. Verifica-se que a maioria se encontra na faixa de 101 a 150 pulverizações por ciclo de produção. Variedades mais resistentes a doenças e pragas, assim como investimento na capacitação dos produtores para redução do número de pulverizações, já foram relatadas por Tarsitano, 2001, e que ainda hoje persistem. 12 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 13. Número de Pulverizações 151 -- 200 101 -- 150 51 -- 100 0 -- 50 0 10 20 30 40 50 60 Número de Produtores (%) Figura 09. Número de pulverizações realizadas na cultura da videira pelos produtores pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. Buscando soluções para controle eficaz de doenças sem a necessidade de excessivas pulverizações, pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho unidade de Jales, vem realizando diversas pesquisas relacionadas ao cultivo de uva sob cobertura plastica, conhecida como plasticultura, os primeiros resultados indicam redução da incidência de algumas doenças e consequente redução das pulverizações, mas ainda os estudos não são conclusivos. No referente ao estado de conservação dos equipamentos de pulverização, 58,8% dos pulverizadores, não possuem manômetro funcionando, 41,2% estão com o manômetro funcionando corretamente, destes todos possuem regulagem para 100, 200 e 300 lbf/pol². Apenas um produtor relatou problema de vazamento no pulverizador, todos os produtores estão com os filtros da entrada do tanque e entrada da bomba em bom estado. A principal mão de obra utilizada na condução das parreiras é a mão de-obra familiar, o empregado permanente está presente em 57,9% das propriedades, seguida da contratação de diaristas por 47,36%, o sistema de parceira (o parceiro é responsável por todas as operações manuais) ocorre em 26,3% das parreiras e em 21% dos casos é utilizado somente mão de obra familiar (Figura 10). A falta de mão de obra é um dos problemas apontados pelos produtores como fator limitante para o aumento da área com uva. De acordo com os dados apresentados, verificase, que embora a atividade na região seja considerada como uma alternativa para agricultura familiar, esta tem exigido mão de obra além da disponível pelas famílias. A contratação de diaristas ocorre principalmente para as atividades de desbrota, penteamento dos cachos. 13 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 14. Figura 10. Diferentes tipos de mão de obra utilizadas na cultura da videira pelos produtores pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. O preparo e aplicação de agrotóxicos devem ser conduzidos de forma a evitar contaminação da água e da terra das áreas adjacentes, além de proteger os trabalhadores rurais envolvidos na atividade. Quando questionados sobre o uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), a maior parte (52%), relata não utilizar, 16% diz usar raramente, e 32% utiliza o EPI em todas as pulverizações com defensivos (Figura 11). A principal justificativa para o não uso do EPI é o desconforto. 16% 32% Sim 52% Não Raramente Figura 11. Percentual de produtores pesquisados que utilizam EPI na cultura da videira do EDR de Jales (SP), 2008/2009. A maioria das propriedades (68,43%) possui algum tipo de fonte de água (Figura 12), as principais fontes são córregos (46,6%), nascentes (40%), lagoas (6,67%) e represas (6,67%). Em 94% das propriedades existem poços, utilizados também como fonte de água. 14 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 15. 50 45 Propriedades (%) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Córrego Lagoa Nascente Represa Figura 12. Principais fontes de água nas propriedades dos produtores pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. Quando questionados sobre a existência de algum cuidado especial com a fonte de água da propriedade, 57,15% dos produtores responderam que sim, destes 75% relatam estarem plantando árvores para recuperação de mata ciliar, 25%, mencionaram estarem conservando a mata ciliar existente. De acordo com os produtores a fiscalização ambiental ocorreu em apenas 10,53% das propriedades pesquisadas. A preocupação com o destino das embalagens, principalmente de agrotóxicos no setor rural, é recente. Do total pesquisado, 89,4% dos produtores fazem a tríplice lavagem das embalagens, armazenam em local adequado e devolvem nos postos de recebimento, 10,6% apesar de realizarem adequadamente a tríplice lavagem das embalagens, estão armazenando estas na propriedade sem previsão de descarte. Os problemas e dificuldades relacionados a cultura da uva, são diversos, entretanto dificuldades relacionadas a doenças (31,6%), comercialização (26,3%) e mão-de-obra (15,8%) foram os mais relatados pelos produtores, a freqüência de respostas obtidas, à partir deste tema podem ser melhor visualizadas na Figura 13. Além desses, foram relatados também, por apenas 5,3% dos produtores, problemas na formação de cachos, ataque de ácaros, excesso de chuvas e a falta de interesse dos filhos na continuidade da atividade. 15 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 16. Ácaro Chuva Comercialização Doenças z Falta de Cacho Mão de Obra Não continuidade dos filhos Não tem problema 0 5 10 15 20 25 30 35 Produtores (%) Figura 13. Principais problemas e dificuldades enfrentados pelos produtores pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. Quando questionados sobre o interesse por alternativas de renda, 26,3% dos produtores mostraram-se satisfeitos com a atividade, declarando não ter interesse em outra, 21% gostariam de aumentar a área com uva, 10,5% aumentar a área com laranja e outros 10,5% tem interesse em iniciar o plantio de laranja, os resultados das respostas podem ser observados na Figura 14. Aumentar área com Uva Aumentar área com Laranja Aumentar área com Limão Aumentar área com Maracujá Implantar Seringueira Implantar Laranja Implantar Caju Não tem interesse 0 5 10 15 20 25 30 Produtores (% ) Figura 14. Interesse por alternativas de renda pelos produtores pesquisados do EDR de Jales (SP), 2008/2009. 16 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 17. 4. CONCLUSÕES Os resultados permitiram avaliar e caracterizar o sistema de produção de uva no EDR de Jales. A cultura é exigente nos tratos culturais, principalmente no tratamento fitossanitário, na irrigação, na adubação e no sistema de podas, exigindo um rigoroso controle e acompanhamento de todo ciclo de produção. Investimentos na capacitação dos produtores e no desenvolvimento de pesquisas que visem melhores técnicas em relação ao sistema de cultivo tem papel essencial para o fortalecimento da atividade na região. Os resultados deste trabalho devem subsidiar a realização de outras pesquisas, assim como programas de planejamento e transferência de tecnologia, proporcionando ao produtor um manejo mais adequado da cultura, bem como o desenvolvimento sustentável rural regional. REFERÊNCIAS FRACARO, A.A. Efeito de doses crescentes de ethephon em videira ‘Rubi’ (Vitis vinifera L.), cultivada na região Noroeste do Estado de São Paulo. 2000. 88f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Produção) - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista. Ilha Solteira, 2000. HERNANDEZ, F.B.T. Sistemas de irrigação, relações hídricas, fisiológicas e de fertilidade de gemas para produção da uva de mesa no noroeste paulista. Disponível em: http://www.agr.feis.unesp.br/cbh_marin.htm. Acesso em: 20 jun. 2009. INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA – IEA. Banco de dados IEA. 2009. Disponível em <http://www.integração.gov.br>. Acesso em: 11 jan. 2010. RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. Capítulo 13, p. 207-219. Entrevista. SANT’ANNA A.; FERRAZ, J.V.; SILVA, M.L.M et al. (Coord). AGRIANUAL 2010: ANUÁRIO DA AGRICULTURA BRASILEIRA. São Paulo: iFNP, 2010. P.514 (AGRIANUAL), 2010. 17 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
  • 18. TARSITANO, M.A.A. Avaliação econômica da cultura da videira na região de JalesSP. 2001. 121f. Tese (Livre-Docência) – Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho, Ilha Solteira, 2001. TSUNECHIRO, A. et al. Valor da produção agropecuária e florestal do estado de São Paulo em 2009: estimativa preliminar. Informações Econômicas. São Paulo, v.39, n.10, 2009. P.83-95. 18 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural