Palestra apresentada durante o primeiro curso de saneamento básico rural, na Embrapa Instrumentação, São Carlos - SP, outubro de 2013
Disponível em : http://saneamento.cnpdia.embrapa.br/programacao.html
1. Uso do efluente tratado na agricultura
Vantagens e Limitações
2. “AGRICULTURA - A INDÚSTRIA DO FUTURO”
Alimento
Fibras
Energia
Materiais
Saúde
Químicos
3. Uso da água
O problema da escassez de
água é agravada em virtude
da falta de manejo e uso
sustentável
dos
recursos
naturais.
A
demanda crescente por
água tem feito do reuso
planejado deste recurso
um tema atual e de grande
importância.
4. Uso da água
Atualmente de toda
água retirada da
natureza
• 70% é destinada à
agricultura irrigada
• 12% aos processos
industriais
• 8% ao consumo
humano.
6. Uso de resíduos como
fertilizantes e/ou corretivos
• Compostagem
• Fossa Séptica Biodigestora
• Biodigestores anaeróbios tipo “Canadense”
7. A OFERTA DE FERTILIZANTES NO BRASIL
30
29,77
25
Milhões de t
20
15
17,3
12,90
9,67
10
7,15
5
2,8
5,27
0,48
0
1994
1995
1996
1997
IM P OR TAÇÃO
1998
1999
2000
P R ODUÇÃO
Fonte: ANDA (2008) e MDIC (2008) / Ali Aldersi Saab.
2001
2002
2003
TOTAL
2004
2005
2006
ES TOQUE
2007
8. Produção e Importação de fertilizantes no Brasil (estimativa 2007
(Participação da produção nacional e da importações na oferta total)
Insumos
Produção
Total NPK (%, mil t)
Importação
Nitrogênio (%, mil t)
96%
533
75%
73%
68%
2.318
8.613
1.578
32%
747
27%
757
3.253
4%
1983
1983
2007
Fósforo (%, mil t)
25%
757
2006
Potássio (%, mil t)
100%
100%
1.045
727
91%
4.096
49%
51%
2.107
2.199
289
9%
0%
0%
1983
2007
Fonte: ANDA (Estimativa 2007: MB Agro) / Ali Aldersi Saab
1983
2007
13. Uso de resíduos agrícolas no
solo requer antecipadamente:
• Análise de elementos tóxicos fixos e lixiviáveis
• Análise de microorganismos patogênicos
• Análise da dosagem a ser utilizada em função
do tipo de solo e de cultura
• Avaliação qualidade do solo e da planta após
períodos pré-determinados, para saber se há
algum efeito não previsto.
15. Aspecto do efluente gerado
-Líquido
-“sem odores”
-Valores admissíveis de
coliformes
termotolerantes
(0 a 104 UFC/100 mL)
16. O uso do efluente tratado no
solo...
• Do ponto de vista da engenharia sanitária:
– É um excelente sistema de depuração (tratamento
terciário)
• Do ponto de vista do agricultor:
– É um excelente fertilizante
17. Mas o uso deve ser feito com critério:
• Somente no solo
• Não usar aspersão ou adubação folear
• Não pode entrar em contato direto com
alimento
• Usar de forma dosada (Nitrogênio Total ~ 500
mg/L)
• No caso de pastagem, deve ser preservado
um período de carência (mínimo de 20 dias),
– Neste caso recomenda-se o uso de um filtro de
areia prévio para eliminar algum ovo de helminto
18. Diretrizes do PROSAB para o uso
agrícola de esgotos sanitários
FLORENCIO, L.; BASTOS,
R.K.X.; AISSE, M.M. Reuso das
águas de esgoto sanitário
inclusive desenvolvimento de
tecnologias de tratamento
para esse fim. Rio de Janeiro:
ABES, 2006. 427 p. Projeto
PROSAB.
19.
20. Características químicas do efluente
do ponto de vista de macronutrientes
pH
Nitrogênio Total (mg / L)
Fósforo Total (mg fosfato / L)
Potássio (mg / L)
Carbono (mg / L)
8,0-8,5
~ 500
~ 50
~ 100
~ 240
21. Resultados – Micronutrientes solúveis e
Sódio
300
Na
K
P
Ca
Mg
250
Fe
Mn
Zn
Cu
1,0
-1
0,8
mg L
mg L
-1
200
1,2
150
0,6
100
0,4
50
0,2
0
0,0
FSC3
1O3
2O3
3O3
1B3
2B3
3B3
FSC3
1O3
Amostras de efluente da terceira caixa: média de 3 coletas.
2O3
3O3
1B3
2B3
3B3
22. Matéria Orgânica (M.O.)
Os resíduos provenientes do tratamento de
esgoto são ricos em M.O.:
● melhora o estado de agregação das
partículas do solo;
● diminui a densidade;
● aumenta a aeração;
● capacidade de retenção de água;
● aumenta o poder tampão do solo;
Logan et al., 1996.
23. Problemas do uso de material orgânico
não estabilizado no solo
•
A explosão da atividade microbiana provocando deficiência de
oxigênio para as raízes,
•
Aumento excessivo da temperatura do solo devido à atividade
microbiana,
•
Efeito competitivo entre as bactérias e as plantas pelos mesmos
nutrientes (N, P),
•
Diminuição da quantidade final de matéria orgânica do solo,
•
Possibilidade da transmissão de doenças ou pragas.
24.
25. Fotos de pés de graviola. a) Aplicação de adubação química e b) aplicação do
efluente o biodigestor.
26.
27. Uso do efluente tratado no Solo
Fazenda Santa Cândida
Latossolo Vermelho/Amarelo –
fase arenosa
Plantação de goiaba (250
Ton/ano em 20 ha)
Adubação mineral/efluente –
50L/planta a cada 3 meses
Coleta em agosto/2006
Adubados com efluente e NPK,
solo sem efluente e de mata
0-10; 10-20 e 20-40 cm
28. Aplicação no solo: pH e Condutividade
Amostras
CE
NPK
SE
M
pH
0-10cm
5,15 ± 0,01
4,81 ± 0,01
4,84 ± 0,01
3,57 ± 0,01
✔
✔
10-20cm
4,59 ± 0,01
4,40 ± 0,01
4,81 ± 0,01
3,64 ± 0,01
20-40cm
4,68 ± 0,01
4,47 ± 0,01
4,91 ± 0,01
3,73 ± 0,01
Maior valor de pH na camada de 0-10cm;
Calagem;
CE – com efluente; NPK – nitrogênio, fósforo e potássio; SE – sem efluente; M – mata.
Faustino, 1997.
29. Aplicação no solo: Condutividade Elétrica
Amostra
CE
NPK
SE
M
Condutividade a 25ºC (dS/m)
0-10cm
0,18 ± 0,01
0,20 ± 0,00
0,17 ± 0,01
0,33 ± 0,00
10-20cm
0,14 ± 0,01
0,11 ± 0,01
0,19 ± 0,01
0,20 ± 0,01
20-40cm
0,12 ± 0,01
0,10 ± 0,01
0,15 ± 0,03
0,19 ± 0,01
Condutividade – teor de sais;
✔ Não observou-se excesso de
sais nos solos analisados;
✔ 0,0-2,0 dS/m, os efeitos de salinidade são geralmente negligenciáveis.
✔
CE – com efluente; NPK – nitrogênio, fósforo e potássio; SE – sem efluente; M – mata.
Faustino, 1997.
32. Condutividade elétrica do efluente está
entre 3 e 5 dS / cm
Concentração considerável de sais
Água pode ser classificada como salobra
33. Efeito da salinização nas plantas
Planta absorve água do
solo
Solo Normal
Raiz
H2 O
H2O
H2O
H2O
H2 O
H2 O
H2O
34. Efeito da salinização nas plantas
Planta perde água para o solo
por osmose
Solo Sanilizado
Raiz
Excesso de
Sais
H2 O
H2O
Excesso de
Sais
H2O
H2 O
H2O
Excesso de
Sais
H2 O
H2O
H2O
Excesso de
Sais
35. Efeito do íon sódio na
desestruturação da argila
Na+
+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+ Na+
Argila
Desestruturada
Argila
(desfoleada)
Boa capacidade de absorção de água
Baixa capacidade de absorção de água
Boa CTC
Baixa CTC
36. EFLUENTE DE ESGOTO TRATADO PARA USO EM
IRRIGAÇÃO
Santos et al., Eclética Química, 2009
37. EFLUENTE DE ESGOTO TRATADO PARA USO EM
IRRIGAÇÃO
Santos et al., Eclética Química, 2009
40. Portanto:
• Uso do efluente tratado deve ser feito como
fertilizante.
• O uso deve ocorrer somente no solo
• O cálculo da dosagem pode ser feito em função
da quantidade de nitrogênio (nutriente em maior
quantidade, ~500 mg/L) e complementado com
outros elementos
41. Portanto:
• O efluente não deve ser utilizado como única
fonte de água para uma planta
• Excesso de aplicação pode provocar
salinização e lixiviação do excesso de
nutrientes
• O manuseio do efluente deve ser feito com
luvas, calças e calçados fechados
43. As tecnologias por si só, não resolvem o
problema.
• O sucesso só se dará com o apoio dos
interessados.
• É um processo que deve ser construído com a
comunidade.
• Jamais deve ocorrer “de cima para baixo”.
48. A questão do gênero
X
Na sua maioria, mais preocupado com os
aspectos produtivos
Nas sua maioria, mais preocupada com o
bem estar da família
49. Sugestão:
• Ter um apoio local
• Contatar as lideranças com o apoio local
• Reunir a comunidade para apresentação
• Fazer dia de campo, preferencialmente com
instalação de unidade demonstrativa
• Fazer o povo “ver para crer”
• Instalar novas unidades
• Acompanhar
50. Formas de financiamento
• Fundação BB – Banco de tecnologias sociais
• Pronaf
• Programa água é vida (SP)
• Microbacias (SP e PR)
• Programa nacional de habitação rural
• Minha casa minha vida rural
51. Políticas Públicas
LEI Nº 16.654 DE 1º DE JULHO DE 2013.
Dispõe sobre a criação do “Dia Municipal de
Saneamento Básico Rural”.
52. Art. 1º: Fica instituída a data
de 10 de julho como o “Dia
Municipal de Saneamento
Básico Rural”, in memoriam
ao pesquisador Dr. Antônio
Pereira de Novaes, por ter
sido
o
idealizador
e
divulgador da tecnologia
denominada “Fossa Séptica
Biodigestora” utilizada no
saneamento básico rural.
53. Apoios na divulgação do sistema
Fundação Banco do Brasil / Banco
de Tecnologias Sociais
USP, UFT, UFSCar, UFTPr, IF-BA
Ministério do Desenvolvimento
Agrário / INCRA
Prefeituras
CATI
Comitês de Bacias Hidrográficas
Sítio S. João / Amigos do Ribeirão
Feijão
Instituto Trata Brasil
Centro Paula Souza
Petrobrás Ambiental
Fundação Cargill / USAID
Vale
SOBLOCO / Fazenda Sta. Cândida
Banco Mundial / projeto microbacias
WWF
...
Pref. Municipal de São Carlos
Iniciativa Verde, Instituto Terra
54. Agradecimentos
Ladislau Martin-Neto
Flávio Marchesin
Adriana Soares Faustino
Aline Borgia
Natália Galindo
Letícia Franco
Luisa Mattiello
Lílian F. de A. Martelli
Terezinha Arruda
Luciana Poppi
Sandra Protter Gouvea
Márcia Toffani
Lourenço Magnoni Jr.
João Clemente
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Luiz Godoy
Pedro Bonfim
Joana Silva
Mônica Laurito
Edilson Fragalle
Marcelo Simões
Joana Bresolin
Débora Milori
Aleudo Santana (in memorian)
Gilberto Morceli (in memorian)
Gilberto Batista
José Tundisi
Clóvis Biscegli