O mercado aprendeu a distinguir investimentos lucrativos e reais de impacto daqueles que buscam “fazer bem ao planeta” e reduzir os riscos ambientais/sociais configurados como “woke investing”.
Investimentos de Impacto - por Roberto Goldstajn.pdf
1. OPINIÃO
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REVISTA RI
Maio 2024
Muitos negócios de “woke investing” tem se mostrado frá-
geis em termos de retorno financeiro. Com isto, inúmeros
investidores que se posicionaram junto ao movimento li-
derado por Larry Fink (BlackRock) para apoiar causas de
ambientais e sociais optaram por trocar suas posições para
papéis mais lucrativos.
Isto significa que investimentos de impacto “miaram”?
Claro que não!
Isto só comprova que o mercado aprendeu a distinguir in-
vestimentos lucrativos e reais de impacto daqueles que bus-
cam “fazer bem ao planeta” e reduzir os riscos ambientais/
sociais configurados como “woke investing”.
Os reais investimentos de impacto visam o lucro com a pos-
sibilidade de gerar um impacto positivo na sociedade en-
quanto os negócios “ambientais/sociais” buscam o mesmo
sem a obrigação de alto retorno aos seus investidores sem-
pre com viés de cumprir com as metas globais de redução
da pegada de carbono e desigualdade social.
Um bom exemplo de investimentos de impacto são as in-
dústrias veganas que comercializam e distribuem produtos
de qualidade com grande eficiência, menor consumo de
água e baixa emissão de gás carbônico de olho no mercado
em expansão de pessoas veganas, “flexitarianas”, dentre ou-
tros, que buscam uma alimentação mais saudável.
Investimentos de impacto
estão com os dias contados?
por ROBERTO GOLDSTAJN
A onda de “woke investing” – que leva em consideração causas
ambientais/sociais - vem sofrendo pesadas baixas no mercado
financeiro com abandono de grandes investidores que buscam
remunerar o seu capital com retorno compatível ao risco.
Os reais investimentos de
impacto visam o lucro com
a possibilidade de gerar
um impacto positivo na
sociedade enquanto os
negócios “ambientais/sociais”
buscam o mesmo sem a
obrigação de alto retorno
aos seus investidores sempre
com viés de cumprir com
as metas globais de redução
da pegada de carbono e
desigualdade social.
2. OPINIÃO
80 REVISTA RI Maio 2024
Enquanto isto muito negócios “ambientais/sociais” – sem
desmerecer e apoiar estas belas iniciativas - são erguidos
para “fazer bem ao planeta” e contribuir para o cumpri-
mento de metas globais estabelecidas de comum acordo
entre as nações.
Nunca é demais reforçar a importância de incentivar in-
vestimentos em bons projetos ambientais e sociais bem
geridos que tragam benefícios para sociedade e, conse-
quentemente, agreguem valor reputacional aos titulares
do capital investido.
Frise-se, por oportuno, que os perfis de investidores para
cada uma destas frentes são distintos e com interesses di-
versos, o que por si só justifica um olhar mais cuidadoso dos
empreendedores antes de acessarem recursos de terceiros
necessários para expansão de seus projetos.
Ora, os recursos destinados aos negócios ambientais/sociais
estão pipocando por todo o mundo com único propósito de
contribuir para redução de riscos climáticos e redução de
desigualdade social.
Vale destacar importantes linhas de créditos disponíveis no
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Corpora-
ção Andina de Fomento (CAF), Banco Nacional de Desenvol-
vimento Econômico Social (BNDES) e muitos outros bancos
de fomentos locais e internacionais.
Também existem grandes iniciativas filantrópicas locais e
internacionais focadas em contribuir com a agenda de mi-
tigação de riscos climáticos e desigualdade social sem a exi-
gência de retorno financeiro.
Da mesma maneira o capital disponível para investimento
em negócios de impactos com alto potencial de retorno fi-
nanceiro continua disponível com um olhar mais cuidado-
so antes de eventuais aportes.
E como forma de destoar dos demais “players” de mercado,
os empreendedores deverão apresentar sólidos planos de
negócios, destacando-se o tamanho do mercado, dimensão
do impacto e a competência do time envolvido para o alcan-
ce dos resultados almejados.
Por fim, recomenda-se aos empreendedores que - anseiam
pelo crescimento sustentável de seus projetos - invistam na
criação e/ou aprimoramento de sua governança corporati-
va para melhor atender as exigências dos investidores de
retornos financeiros e/ou reputacionais.
Dentro deste contexto, resta evidente que os investimentos
de impacto permanecem em alta assim como as possibi-
lidades existentes para os negócios menos lucrativos e/ou
filantrópicos. RI
ROBERTO GOLDSTAJN
é advogado atuante no segmento jurídico
empresarial,com mais de vinte anos de carreira
em empresas multinacionais e nacionais.
Ampla vivência em projetos de “Compliance”,
Governança Corporativa e “Legal”.Experiência
como integrante independente de Conselhos
Consultivos de Empresas,Negócios Sociais
e Organizações da Sociedade Civil.
rgoldstajn@gmail.com
Nunca é demais reforçar a importância de
incentivar investimentos em bons projetos
ambientais e sociais bem geridos que tragam
benefícios para sociedade e, consequentemente,
agreguem valor reputacional aos titulares
do capital investido.