O documento descreve a censura e repressão política no Brasil durante a ditadura militar (1964-1985) e como isso influenciou a arte e a música da época. Também discute a luta pela redemocratização e anistia que se seguiu, culminando no fim do regime em 1985. No entanto, questões sobre os crimes da ditadura permanecem sem respostas, levando a manifestações atuais que buscam justiça e verdade sobre esse período.
24. TIRO AO ÁLVARO - 1973 [Primeira Gravação em 1980]
(Adoniran Barbosa e Oswaldo Moles)
De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece, sabe o que?
Táuba de tiro ao álvaro
Não tem mais onde furar
Não tem mais
Teu olhar mata mais do que
Bala de carabina
Que veneno istriquinina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais
Que atropelamento de artomórve
Mata mais que bala de revórve
25. ARUEIRA - 1967 [1971 na Coleção Abril HMPB]
(Geraldo Vandré)
Vim de longe vou mais longe
Quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar
Noite e dia vem de longe
Branco e preto a trabalhar
E o dono senhor de tudo
Sentado mandando dar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar
Marinheiro, marinheiro quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro eu também sei governar
Madeira de dar em doido vai descer até quebrar
É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar
https://www.youtube.com/watch?v=EGyb1
1knYYo
26. BOI VOADOR NÃO PODE - 1973
(Chico Buarque e Ruy Guerra)
Quem foi, quem foi
Que falou no boi voador
Manda prender esse boi
Seja esse boi o que for
O boi ainda dá bode
Qual é a do boi que revoa
Boi realmente não pode
Voar à toa
É fora, é fora, é fora
É fora da lei, é fora do ar
É fora, é fora, é fora
Segura esse boi
É proibido voar https://www.youtube.com/watch?v=tgQ_sz
gCKBA
27. ACORDA AMOR - 1974
(Leonel Paiva e Julinho da Adelaide)
Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição
São os homens e eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses
Convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo e pode me esquecer
Acorda amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção
Não demora
Dia desses chega a sua hora
Não discuta à toa não reclame
Clame, chame lá, clame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão
Chame o ladrão
Não esqueça a escova, o sabonete e o violão
https://www.youtube.com/watch?v=kMmlX
CcRjJc
28.
29. ANGÉLICA - 1977
(Miltinho e Chico Buarque)
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar
https://www.youtube.com/watch?v=bxsix8
bNfFE
30. SOLANGE [SO LONELY] - 1985
(Sting - versão: Leo Jaime e Leoni)
Eu tinha tanto pra dizer
Metade eu tive que esquecer
E quando eu tento escrever
Seu nome vem me interromper
Eu tento me esparramar
E você quer me esconder
Eu já não posso nem cantar
Meus dentes rangem por você
Solange, Solange
É o fim Solange
Eu penso que vai tudo bem
E você vem me reprovar
E eu já não posso nem pensar
Que um dia ainda eu vou me vingar
Você é bem capaz de achar
Que o que eu mais gosto de fazer
Talvez só dê pra liberar
Com cortes pra depois do altar
Solange, Solange, Solange
É o fim, Solange
Para de me censolange
Ye ye ye I feel so lonely Ye ye ye
So so so, lan lan lan
Solange, Solange, Solange, é o fim Solange
https://www.youtube.com/watch?v=sV_cW
YMKxrI
31. CÁLICE – 1973 [Gravação em 1978]
(Gilberto Gil e Chico Buarque)
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
32. CÁLICE - 1973 (cont.)
(Gilberto Gil e Chico Buarque)
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
35. “Conta a teu filho, meu filho, daquilo que nós passamos
Que havia fitas gravadas, retratos de corpo inteiro
Conta que nos encolhemos como animais espancados
Que ninguém teve coragem, que respirávamos baixo
Olhos fugindo dos olhos, as mãos frias e suadas
E conta que faz dez anos que temos pouca esperança
Que pedimos testemunho e não aguentamos mais
Talvez teu filho, meu filho, viva em mundo mais aberto
Mas é grave que lhe contes calmamente e nos mínimos detalhes
A história desses punhais cravados em nossas tardes
Porém, se por tudo isso renuncias a ter filhos como (alguns) renunciamos
Deixa inscritos, como eu deixo, sinais em troncos de árvores
Letras em papéis esquivos
Pra que não escureça essa lâmpada mesquinha
Relâmpago, fogo fátuo
Pura lembrança dos dias em que livres,
Fomos filhos de pais muito mais felizes
Conta a quem possas, meu filho
O que em ti forem palavras
Nos outros serão raízes”.
Renata Pallottini / 1974
36. Em 1978,
Geisel acaba com o AI-5,
restaura o habeas-corpus e
abre caminho para a volta
da democracia no Brasil
44. Campanha pelas
Diretas Já
Em 1984, políticos de oposição,
artistas, jogadores de futebol e
milhões de brasileiros
participam do movimento das
Diretas Já.
45.
46.
47.
48.
49. Para a decepção do povo, a
emenda Dante de Oliveira
não foi aprovada pela
Câmara dos Deputados
50.
51. 15 de janeiro de 1985
Colégio Eleitoral escolheria
o deputado Tancredo
Neves, que concorreu com
Paulo Maluf, como novo
presidente da República.
52. Tancredo Neves
fazia parte da Aliança Democrática – o
grupo de oposição formado pelo
PMDB e pela Frente Liberal.
Era o fim do regime militar.
Porém Tancredo Neves fica doente
antes de assumir e acaba falecendo.
55. Em 1988 é aprovada
uma nova
constituição para o
Brasil.
56. “História serve pra contar, pra
não acabar, pra não esquecer”.
(Darcy Ribeiro, antropólogo)
A gente AINDA quer ter voz ativa...
57.
58. Depoimento do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra à Comissão
da Verdade
https://www.youtube.com/watch?v=xT5W
HIRIs8g
59.
60.
61.
62.
63.
64. Harry Shibata, legista da ditadura militar, sofre
"esculacho popular" em SP. TV Carta Maior.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=DJXAMo-
IUUc.
65.
66. SE O REGIME MILITAR TEVE FIM
EM 1985, O QUE EXPLICA A
EXISTÊNCIA, ATUALMENTE, DE
MANIFESTAÇÕES COMO O
“ESCULACHO” E A INSTAURAÇÃO
DA “COMISSÃO NACIONAL DA
VERDADE?”