Número de devedores atinge quase 40% da população adulta. Dívidas em atraso de 90 a 180 dias aumentam 24,74% e contas de água e luz lideram o avanço da inadimplência
Comércio deve contratar apenas 12,5 mil trabalhadores temporários
Inadimplência sobe 4,6% no 1o semestre
1. Inadimplência aumenta 4,60% no primeiro
semestre, mostra indicador SPC Brasil
Número de devedores atinge quase 40% da população adulta. Dívidas em atraso de 90 a
180 dias aumentam 24,74% e contas de água e luz lideram o avanço da inadimplência
A análise do balanço semestral de consumidores com contas atrasadas e registrados
nos cadastros de inadimplência mostra que o número de devedores piorou em
relação ao ano passado. Nos seis primeiros meses de 2015, o indicador apresentou
um aumento de 4,60%. De acordo com os dados do Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), é o pior
resultado semestral dos últimos três anos e reflete a forte deterioração da
economia nesse ano.
O mesmo ocorre com os dados semestrais da quantidade de dívidas: os seis
primeiros meses do ano acumulam alta de 6,65%. Os destaques são o registro de
dívidas mais recentes: aquelas com atraso de até 90 dias avançaram 19,30% e as
pendências entre 91 a 180 dias cresceram 24,74%. Também é destaque no
semestre a inadimplência na quantidade de dívidas do setor de Água e Luz, que
registrou variação de 11,83%.
De acordo com o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, tal resultado se deve à
maior dificuldade para o consumidor pagar as suas pendências em dia. “O aumento
das contas de água e luz e a aceleração da inflação e do desemprego faz com que o
planejamento financeiro seja prejudicado, já que há perda constante do poder de
compra”, explica. “A tomada de crédito também foi reduzida e isso reflete na
organização das famílias na hora de pagar as contas.”
O SPC Brasil e a CNDL estimam que, em junho de 2015, 56,5 milhões de
consumidores estejam listados em cadastros de devedores inadimplentes. O
resultado reflete a estabilidade do número de devedores, que registrou variação de
-0,03% em junho na comparação com maio. Assim, entre dezembro de 2014 e
junho de 2015 houve um aumento líquido de dois milhões de novos adultos
inadimplentes, e é importante ressaltar que, mesmo tendo permanecido estável no
último mês, o número representa 39,8% da população entre 18 e 95 anos.
Na comparação mensal, inadimplência se mantém estável
Após fortes altas entre março e maio de 2015, o indicador mensal de inadimplência
mostra estabilidade no dado de devedores e queda no dado de dívidas em junho, na
2. comparação com maio. O número de devedores diminuiu 0,03%, muito próximo da
estabilidade. No caso do número de dívidas em atraso, em junho houve uma queda
na variação mensal de 0,86%.
“Ainda que o resultado mensal pareça positivo, quando analisadas as variações
anuais e o balanço semestral, elas podem ser consideradas como uma acomodação e
não uma mudança de tendência”, analisa a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela
Kawauti. “Em ambos os casos houve uma leve desaceleração em relação ao mês
anterior, mas, ao observar o balanço semestral, a inadimplência ainda é
preocupante.”
Na comparação anual, com junho de 2014, o número de devedores aumentou
4,52%, e o número de dívidas registradas cresceu 5,75%. “Os números revelam
uma leve desaceleração dos indicadores anuais em relação a maio, quando o avanço
foi de 6,70%, mas é bastante expressivo”, analisa Kawauti. Os destaques são o
crescimento acima da média das pendências com atraso de até 90 dias, com uma
alta de 8,47%; e também a alta de 15,76% das pendência com atrasos acima de 3
anos e abaixo de 5 anos.
Dívidas de Água e Luz aumentam 15,61%
De acordo com a economista do SPC Brasil, a situação da economia atinge cada vez
mais a capacidade para quitar as pendências de contas básicas, como de água e luz.
Prova disso é que ambos os setores lideram o avanço da inadimplência na
comparação com junho do ano passado, com uma alta de 15,61%. Já na variação
mensal, o número de dívidas em atraso de Água e Luz registrou aumento de 8,05%
- bem acima da média de -0,86% de todos os setores.
O segundo maior crescimento na variação anual ficou por conta das pendências com
Bancos (9,55%). Esse também é o setor credor que lidera a participação no total de
dívidas em atraso, com 48,40% - quase metade do total.
Aumenta o número de inadimplentes mais velhos
Quando o SPC Brasil e a CNDL analisam o número de dívidas por faixa etária do
devedor, observa-se uma queda expressiva de 8,75% na faixa etária de 18 a 24
anos e, em contrapartida, um crescimento de 9,07% na faixa de 85 a 94 anos,
na comparação anual. “Essa é uma tendência observada há meses, de
crescimento acima da média no número de dívidas entre consumidores em idade
mais avançada e diminuição dos números entre consumidores mais jovens”, alerta
Kawauti.
Essa diferença entre as faixas etárias também aparece no indicador de devedores: o
indicador anual revela queda de 10,69% do número de devedores mais jovens (18
3. a 24 anos) e aumento acima da média, de 9,47% do número de devedores mais
velhos (85 a 94 anos).
A maior parte das dívidas, porém, se mantém concentrada na faixa etária de 30 a 39
anos, representando 29,13% do total, seguida pela categoria de 40 a 49 anos, com
20,15%. “Uma das razões para essa grande participação é que nesta fase da vida os
gastos como a compra de imóveis, carros e despesas com os filhos são bastante
consideráveis. Esses gastos já não aparecem de forma tão intensa em faixas de
idade mais jovens e mais velhas”, justifica a economista.
Baixe o material completo e a série histórica em:
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