Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do Desenvolvimento.pdf
1. Avaliação Neuropsicológica Em Transtorno Global Do
Desenvolvimento (TGD)
O Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) é caracterizado por um conjunto de
prejuízos cognitivos e de integração sensório-motora que podem afetar o
desenvolvimento, sobretudo na infância nos primeiros 5 anos de vida.
Dificuldade nas interações sociais, leitura, linguagem e outros comportamentos
atípicos, podem apresentar-se.
Quadros de TGD incluem diferentes transtornos, como:
Transtorno do Espectro Autista (TEA);
Síndrome de Kanner;
Psicoses infantis;
Síndrome de Rett.
A Neuropsicologia é indicada para atuar na Avaliação e Reabilitação, existe a
possibilidade de diagnóstico precoce ainda na infância e quanto antes iniciada a
reabilitação, melhores os resultados e a qualidade de vida dos pacientes e familiares.
A seguir, esclareço as principais dúvidas sobre TGD, qual o papel da Neuropsicologia
no diagnóstico e reabilitação desses casos e algumas características atípicas
apresentadas por essas crianças na fase de desenvolvimento.
É fundamental que os pais e educadores tomem conhecimento, pois é através dessa
identificação primária, que os casos chegam até nós e possibilita o diagnóstico
precoce de suma importância no transtorno do desenvolvimento.
Os primeiros sinais que indicam possíveis transtornos do desenvolvimento cognitivo e
social são apresentados na infância.
A princípio, serão notadas variações na atenção, coordenação motora, habilidades
sociais e dificuldade nas atividades não só no ambiente escolar, como na rotina diária
de uma criança.
Algumas características comuns em casos de TGD
Evitam o contato visual e podem apresentar dificuldade de interação. Preferem brincar
sozinhos, por exemplo, ao interagir com outras crianças.
Estereotipia: ações motoras e comportamentos repetitivos. Exemplo: movimentar o
corpo para frente e para trás e outros.
Mudanças bruscas de humor sem nenhuma causa aparente. A criança pode ter
acessos de agressividade e dificuldade de autocontrolo.
A comunicação é muito afetada e em alguns casos a fala pode ficar totalmente
comprometida, ou seja, a criança não pronuncia frases, o que já seria adequado para
a idade.
Os interesses são extremamente focados. Podem passar horas observando um objeto
e suas formas diariamente.
Algumas crianças apresentam ecolalia, repetem a fala dos outros. É comum também
fazerem entonações diferentes para essa repetição vocal.
Possuem dificuldades motoras incomuns para a idade, por exemplo, em vestir-se
sozinho, pegar no lápis ou giz de cera, e outros.
2. Podem possuir comprometimento intelectual, atrasos na escrita, leitura e
compreensão. No entanto, não é uma regra, há crianças que não apresentam
comprometimento cognitivo, inclusive tiram excelentes notas na escola.
Apresentam rejeição ao toque físico e uma maior sensibilidade tátil. Não significa que
não gostam de carinho, mas possuem a própria maneira de demonstração.
Existem casos severos, como a Síndrome de Rett, por exemplo. Tem inicio a partir dos
18 meses com comprometimento progressivo nas funções motoras e intelectuais,
tornando a pessoa completamente dependente dos cuidados. É mais comum em
meninas.
Na Síndrome de Kanner ocorre paralisação do neurodesenvolvimento e ausência de
avanços na comunicação e relacionamentos. Por se tratar de casos com fortes
evidências neurobiológicas, a intervenção e tratamento ainda é um desafio.
Variações apresentadas em casos de TGD e a
complexidade na precisão do diagnóstico
Graças a disseminação das informações a respeito sobre os Transtornos Globais do
Desenvolvimento, mais casos podem chegar até nós, profissionais, o que é positivo.
Porém, é fundamental esclarecer que embora existam classificações pré-
estabelecidas com reconhecimento mundial, há muitas variações em cada quadro.
É fundamental uma avaliação precisa e multidisciplinar. O trabalho da Neuropsicologia
será na identificação precoce, diagnóstico preciso e por meio da avaliação detalhada a
intervenção necessária e individual para o quadro.
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, possuem
características que variam muito entre si.
Portanto, seguimos as classificações e ao mesmo tempo, é fundamental compreender
sobre essas variações, se são pertinentes ou não ao quadro. Esse é um dos desafios
para o profissional Neuropsicólogo ao longo da investigação.
Disseminar sobre as variações é tão importante quanto falar sobre as características
mais comuns.
No caso de pacientes com TEA, por exemplo, a dificuldade de interação social,
comprometimento na comunicação verbal e motora, além da sensibilidade aguçada
dos mecanismos sensórios, o que gera rejeição a texturas dos alimentos, toque e
sons.
Todavia, essas características não se aplicam para todos os quadros.
Há crianças com TEA com comprometimento intelectual, outras não; existem aquelas
que possuem dificuldade de interação social, não gostam do toque físico, porém não é
uma regra, há outras que são totalmente sociáveis, aceitam bem o toque.
Por conta da complexidade desses quadros existe o trabalho da avaliação
neuropsicológica, o que inclui não só os critérios de classificação já estabelecidos nos
manuais de diagnóstico.
As funções executivas, capacidade de desenvolvimento e planeamento de estratégias
serão avaliadas, levando em conta os resultados individuais e o contexto social em
que essa criança está inserida.
3. O que faz a avaliação neuropsicológica em casos de
TGD
Avalia a possibilidade de lesões, possíveis disfunções cerebrais e mecanismos
envolvidos.
Investiga aspectos cognitivos, comportamentais e emocionais por meio dos testes
direcionados.
Os testes consistem em: tarefas objetivas, respostas geradas por questionários e
entrevista clínica. A família participa fornecendo informações sobre as dificuldades
enfrentadas pelo paciente no dia-a-dia.
Possibilita a precisão do diagnóstico e o direcionamento das estratégias clínicas e
educativas para a reabilitação.
A avaliação neuropsicológica irá investigar com profundidade as disfunções, tal como
as funções que estão preservadas no quadro. O que é fundamental para o
planeamento de metas para a reabilitação nos diferentes casos clínicos e contextos
individuais.