PARCERIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: EMPRESAS PARCEIRAS DA RIO+20. COORDENAÇÃO DE CAPTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PARCERIAS.
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE DE ORGANIZAÇÃO DA CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO+20). O relatório apresenta as estratégias e ações adotadas pelo Comitê Nacional de Organziação da Conferência Rio+20 para integrar melhores práticas da sustentabilidade à organização logística. No pilar econômico da sustentabilidade, a coordenação de captação e desenvolvimento de parcerias buscou formatar acordos com empresas e entidades públicas e privadas que demonstrassem compromisso com o Desenvolvimento Sustentável para apoiar e contribuir para a organização da Conferência.
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE DA ORGANIZAÇÃO DA CONFERÊNCIA RIO+20
1. CRESCER, INCLUIR, PROTEGER
relatório
Rio+20
o Modelo
Brasileiro
relatório Rio+20 o Modelo Brasileiro
Relatório de Sustentabilidade da
Organização da Conferência
das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável
www.rio20.gov.br
2. “O Brasil se orgulha muito de
receber a Rio+20, de ter conseguido
realizar essa Conferência de forma
organizada e assegurar a mais ampla
participação de todas as conferên-
cias que já ocorreram tanto no que
se refere à questão dos diferentes
países como no que se refere a todos
os foros em que as pessoas tiveram
interesse de participar.
Mostramos que um país emergente
é capaz de fazer uma reunião com
padrão internacional e que este País
tem responsabilidade política de
construir um documento em con-
junto com as nações mais diversas
deste planeta.”
Dilma Rousseff
Presidenta da República
3. relatório
Rio+20
o Modelo
Brasileiro
Relatório de Sustentabilidade da
Organização da Conferência
das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável
4. Dilma Rousseff
Presidenta da República
Antonio de Aguiar Patriota
Ministro de Estado das Relações
Exteriores
Izabella Teixeira
Ministra de Estado do Meio
Ambiente
fundação
alexandre de gusmão
Embaixador José Vicente
de Sá Pimentel
Presidente
COMITÊ NACIONAL DE
ORGANIZAÇÃO DA RIO+20
Laudemar Aguiar
Secretário Nacional
José Solla
Secretário Nacional Adjunto
5. relatório
Rio+20
o Modelo
Brasileiro
Relatório de Sustentabilidade da
Organização da Conferência
das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável
Brasília, 2012
7. 66
Inclusão social,
103
PARCERIAS PARA O
acessibilidade e cultura DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Sumário executivo 8 Saiba mais
Siglas e abreviações 139
Mensagem
Agenda para o futuro 10 Saiba mais
referências 140
Uma palavra da ONU
Inovação, criatividade Saiba mais
e inclusão: sinônimos Sobre o Relatório 142
de sustentabilidade 12
Saiba mais
Apresentação Papel de plástico
Memória e legado da reciclado: um papel
organização da Rio+20 13 de grande futuro 143
Introdução COMITÊ NACIONAL DE
Sob a égide do ORGANIZAÇÃO DA RIO+20 144
Desenvolvimento
Sustentável 16 Expediente do
Relatório RIO+20 145
8. Sumário
executivo
Este relatório apresenta
os principais desafios
enfrentados para assegurar
a sustentabilidade da O Relatório Rio+20, o Modelo
Brasileiro relata as estratégias
organização da Rio+20, nos e as ações adotadas pelo Comitê
Nacional de Organização da
âmbitos ambiental, social e Conferência das Nações Unidas
econômico, e os resultados sobre Desenvolvimento Sustentável
– CNO Rio+20. Para integrar as me-
das iniciativas implementadas lhores práticas da sustentabilidade à
organização logística da Conferência,
para superá-los foi fundamental a coordenação
feita pela Casa Civil da Presidência
da República para a participação
de diversos órgãos brasileiros,
além do apoio sempre presente
da Prefeitura do Rio e da disposi-
ção do Governo do Estado do Rio
de Janeiro de somar forças com o
Governo Federal. Igualmente impor-
tante para o êxito dos trabalhos foi a
parceria inestimável firmada com o
Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD Brasil.
8 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
9. Foto oficial da Conferência Rio+20,
com os Chefes de Estado e
de Governo recepcionados pela
Presidenta Dilma Rousseff.
O capítulo sobre o pilar ambiental Como dimensão integradora desse Já o capítulo final, sobre o pilar eco-
narra a trajetória transversal, mul- esforço de organização logística nômico, apresenta as parcerias
tidisciplinar e em nove dimensões em nove dimensões, a comunicação firmadas pela organização da
do CNO Rio+20. Dentre elas, para a sustentabilidade procurou Rio+20 com entidades públicas
sobressaem as ações de mensu- sensibilizar e orientar os participan- e privadas, que reafirmaram seus
ração, mitigação e compensação tes sobre as ações da organização e respectivos compromissos com os
das emissões de gases de efeito seus significados para a sociedade. princípios e objetivos do desenvolvi-
estufa, além da iniciativa inédita de mento sustentável mediante o enga-
oferecer aos delegados ferramenta No segundo capítulo, sobre jamento na Conferência. O trabalho
digital para mensuração e com- o pilar social, registra-se o legado de captação e desenvolvimento de
pensação voluntária das emissões positivo deixado pela organização parcerias angariou meios para via-
relativas a viagens aéreas indivi- da Rio+20, que procurou aproximar bilizar uma visão mais ambiciosa no
duais para participar da Rio+20. o megaevento da população local que se refere à organização logística.
As ações de gestão de resíduos e incluir jovens de comunidades
sólidos, recursos hídricos, energia, pacificadas do Rio de Janeiro e se
compras públicas sustentáveis, tornou referência em termos de
construção sustentável, alimentação promoção da acessibilidade. Nesse
sustentável, turismo sustentável e contexto, o CNO Rio+20 aproveitou
transporte completam a narrativa a experiência dos catadores de
desse primeiro capítulo do relatório. materiais recicláveis como educa-
dores ambientais na Conferência
e explorou o potencial da cultura
para o fortalecimento e a divulgação
das melhores práticas do desen-
volvimento sustentável. Relatam-se
igualmente duas iniciativas de grande
impacto na participação da socieda-
de civil na Rio+20: os Diálogos para
o Desenvolvimento Sustentável e as
atividades da Arena Socioambiental.
SUMário executivo 9
10. Mensagem
Agenda
para o futuro
Quarta de uma série de grandes con-
ferências das Nações Unidas iniciadas
Por meio da busca de consensos, a em 1972, a Rio+20 renovou o compro-
misso político com o desenvolvimen-
Rio+20 estabeleceu uma nova agenda to sustentável, a partir da avaliação
de desenvolvimento sustentável, dos avanços e das lacunas existentes
e do tratamento de temas novos e
caracterizando-se como um emergentes. O momento não poderia
ter sido mais oportuno: neste início
importante ponto de partida para a de século, o mundo atravessa múlti-
plas crises no âmbito dos três pilares
construção do futuro que queremos do desenvolvimento sustentável. No
pilar ambiental, intensifica-se a ocor-
rência de fenômenos climáticos, agra-
vados pela perda da biodiversidade
e pelo avanço de processos de deser-
tificação; no social, aumentam o de-
A Conferência das Nações Unidas semprego e as desigualdades sociais;
sobre Desenvolvimento Sustentável e, no econômico, a crise econômico-
– Rio+20, realizada de 13 a 22 de -financeira tem colocado em cheque
junho, na cidade do Rio de Janeiro, o atual modelo produtivo – intensivo
marcou os 20 anos de outro en- no uso de recursos naturais e frágil na
contro histórico: a Conferência das eliminação da pobreza.
Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento – Rio 92. Em Desde a Rio 92, as discussões sobre
2012, dois temas principais orienta- desenvolvimento sustentável têm
ram os debates: a economia verde, se sobressaído na política externa
no contexto do desenvolvimento brasileira. Aprovada na 64ª sessão
sustentável e da erradicação da da Assembleia Geral das Nações
pobreza; e a estrutura institucional Unidas, em 2009, a proposta para
para o desenvolvimento sustentável. o Brasil sediar a Rio+20 alinhou-se
a essa prioridade, criando a oportu-
nidade para que o mundo voltasse
a se reunir no Rio de Janeiro para
discutir os rumos do desenvolvimen-
to sustentável nos próximos 20 anos.
10 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
11. Na qualidade de presidente da A Rio+20 foi fundamentalmente
Conferência, o Brasil coordenou diferente da Rio 92, que, há 20 anos,
Ministra Izabella Teixeira e Ministro
as discussões e tornou possíveis representou um ponto de chegada
Antonio de Aguiar Patriota: assim
como em 1992, a organização logística a formação de consensos e a mediante a finalização de longos pro-
da Rio+20 superou os desafios de adoção de decisões concretas sobre cessos de negociação e a assinatura
preparação da maior conferência da
os objetivos do desenvolvimento de documentos e convenções funda-
história das Nações Unidas.
sustentável. Como um dos principais mentais. Com seu olhar para o futuro,
legados do Rio de Janeiro, o docu- a Rio+20 foi um ponto de partida,
mento final da Rio+20 – O Futuro pois construiu uma nova agenda
que Queremos – aponta o combate para o desenvolvimento sustentável.
à pobreza como o maior desafio Contudo, tanto em 1992 como em
atual e destaca sua erradicação 2012, ressaltamos que a organização
como prioridade indissociável do logística superou plenamente os
desenvolvimento. O texto também grandes desafios na preparação
ressalta a necessidade de fortalecer daquela que, cada uma em sua época
o Programa da ONU para o Meio no Rio de Janeiro, foi a maior confe-
Ambiente e da criação de um órgão rência da história das Nações Unidas,
político que apoie e coordene contribuindo para o fortalecimento
ações internacionais para alcançar- do multilateralismo ao assegurar aos
mos o desenvolvimento sustentável. Estados-membros, negociadores e
participantes a tranquilidade e as
Nesse contexto, os Estados- condições necessárias para delibera-
membros das Nações Unidas rem sobre o futuro que queremos.
comprometeram-se a investir em
projetos, parcerias, programas e Antonio de Aguiar Patriota
ações, nos próximos dez anos, nas Ministro de Estado das
áreas de transporte, energia, econo- Relações Exteriores
mia verde, redução de desastres e
proteção ambiental, desertificação Izabella Teixeira
e mudança do clima, entre outras, Ministra de Estado do
relacionados à sustentabilidade. Meio Ambiente
mensagem 11
12. UMA PALAVRA DA ONU
Inovação, criatividade
e inclusão:
sinônimos de
sustentabilidade
A Conferência das Nações Unidas voluntário de Reduções Certificadas instrumento capaz de agregar valor
sobre Desenvolvimento Sustentável de Emissão – RCEs do Mecanismo às medidas de sustentabilidade
– Rio+20 entra para a história das de Desenvolvimento Limpo, do adotadas para grandes eventos.
conferências da ONU como uma Protocolo de Quioto, de projetos
referência de sustentabilidade realizados no Brasil. Dessa forma, Finalmente, sabemos que a susten-
operacional. Certamente, os resulta- as emissões relativas à organização tabilidade também passa pela in-
dos alcançados pela organização do foram completamente compensadas. clusão e pela participação de todos.
encontro servirão de modelo para Sob esse aspecto, cabe aqui ressaltar
futuras conferências e eventos Aos participantes que chegaram a relevância e os cuidados ado-
de grande porte em todo o mundo. de avião ao Rio de Janeiro, a tados pelo CNO Rio+20 quanto à
O Programa das Nações Unidas organização da Conferência, em questão da acessibilidade. A Rio+20
para o Desenvolvimento – PNUD, parceria com o PNUD Brasil e a foi a mais acessível conferência já
no papel de parceiro do Comitê Caixa Econômica Federal, ofereceu realizada na história da ONU, produ-
Nacional de Organização da Rio+20 um mecanismo de compensação zindo, assim, outro marco da mais
– CNO Rio+20, orgulha-se de ter voluntária por meio de doações elevada importância.
contribuído para que essas ideias e individuais e cancelamento de RCEs,
iniciativas se tornassem realidade. ampliando a conscientização dos Com isso, esperamos que os frutos
participantes sobre o impacto gerado deste que podemos chamar de
A adoção de mecanismos individualmente. Somou-se a isso “modelo brasileiro” possam ser colhi-
de compensação de emissões uma estratégia de gestão eficiente dos e replicados em nossas futuras
de gases de efeito estufa mostrou- de resíduos sólidos para minimizar conferências e grandes eventos ao
-se um instrumento inovador e os impactos ambientais e sociais redor do mundo.
oportuno. A partir do inventário causados por geração, transporte,
dessas emissões, foram adotadas destinação e disposição final dos Jorge Chediek
ações de mitigação, tais como resíduos sólidos produzidos Representante Residente
uso de biodiesel em geradores, pela Conferência. do PNUD no Brasil
etanol no transporte público Coordenador Residente
e outras energias e materiais renová- Além das economias geradas pelos do Sistema ONU no Brasil
veis. Para as emissões não passíveis processos licitatórios conduzidos
de redução, o CNO Rio+20 fez uso no âmbito da parceria com o
de ferramentas inovadoras de com- PNUD, a introdução de critérios de
pensação por meio do cancelamento green procurement, ou licitação
verde, adotados para as contrata-
ções de bens e serviços ligados à
Rio+20 passou a ser referência em
nossos próprios contratos de lici-
tação e consolidou-se como outro
12 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
13. APRESENTAÇÃO
Memória e
legado da
organização
da Rio+20
A Conferência Em junho de 2012, o Rio de Janeiro Atletas, 135 mil ao Pier Mauá, 18 mil
foi palco da maior conferência à Arena da Barra, 20 mil ao Galpão
mobilizou da história das Nações Unidas, da Cidadania, 40 mil ao Museu de
diretamente a exemplo do que já ocorrera, em
1992, com a Conferência das Nações
Arte Moderna – MAM e 300 mil à
Arena Socioambiental e à Cúpula
5 mil pessoas, Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a Rio 92. Ciente dos
dos Povos, no Parque do Flamengo.
entre servidores desafios de um evento dessa mag- Para receber altas autoridades,
nitude, o Governo brasileiro instituiu, delegações e participantes brasilei-
do Itamaraty, por meio do Decreto nº 7.495, de ros e estrangeiros, foram montadas
consultores e 7 de junho de 2011, o Comitê Nacional
de Organização da Conferência das
equipes do CNO Rio+20 com mais
de 500 profissionais e voluntários
colaboradores, Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável – CNO Rio+20, órgão
de recepção nos hotéis da confe-
rência e nos aeroportos do Galeão,
além de 1,6 mil executivo, vinculado ao Ministério Santos Dumont e Guarulhos e
das Relações Exteriores, que tive a nas bases aéreas do Galeão e de
contratados, honra de presidir. Santa Cruz. Entre os dias 18 e 24 de
quase 25 mil Enviaram delegações oficiais 191
junho, foram mais de 3 mil pousos e
decolagens. Esse serviço receptivo
agentes civis Estados-membros da ONU, dois
países observadores e 85 organis-
estendeu-se ainda aos jornalistas
estrangeiros, auxiliando-os em seus
e militares de mos internacionais e agências espe- trâmites de entrada.
cializadas da ONU. Registrou-se a
segurança e ampla presença de 80 chefes de Estado ou O sistema de transporte oficial
participação da de Governo, sete vice-presidentes,
nove vice-primeiros-ministros e
foi montado para assegurar a fluidez
necessária aos traslados das dele-
sociedade civil quatro membros de Casas Reais,
além de 487 ministros de Estado.
gações oficiais e dos participantes
credenciados da Rio+20. No total,
No plano nacional, a Rio+20 665 veículos executivos, dos quais
recebeu centenas de autoridades 89 blindados, e 213 veículos de
dos poderes Executivo, Legislativo segurança compuseram os comboios
e Judiciário, nas esferas federal, es- oficiais. Além das vans dedicadas
tadual e municipal. No total, a ONU a pessoas com deficiência, 359
credenciou 45.763 participantes no ônibus serviram a delegados,
Riocentro. Foram também registra- representantes da imprensa e
dos 171 mil acessos ao Parque dos demais credenciados.
apresentação 13
14. Nas diversas atividades coordena- Conferência e em iniciativas parale-
das pelo CNO Rio+20, trabalharam las por meio de ministérios, órgãos,
A coordenação da Casa Civil da diariamente cerca de 5 mil pessoas, autarquias e empresas estatais.
Presidência da República, conduzida
pela Ministra Gleisi Hoffmann, entre diplomatas e demais servido- A cooperação irrestrita da Prefeitura
foi fundamental para os trabalhos res do Itamaraty, consultores, for- do Rio e do Governo do Estado
de organização logística da necedores, motoristas, intérpretes do Rio de Janeiro não apenas
Conferência Rio+20.
e demais funcionários contratados. facilitou a missão do CNO Rio+20,
Para os diversos serviços requeridos mas também tornou realidade
no Acordo de Sede assinado pelo a visão de a capital fluminense
Governo brasileiro com as Nações abraçar a Conferência e receber
Unidas, foram contratados 1.600 de forma alegre, espontânea e
funcionários. Para garantir a segu- calorosa os visitantes brasileiros
rança e a tranquilidade de todos os e estrangeiros que debateram o
participantes, as forças de segu- futuro que queremos.
rança contaram com a participação
de quase 25 mil agentes militares Uma das marcas da Rio+20 foi, cer-
e civis. Nesse contexto, realço o tamente, a ampla participação da so-
trabalho dos 718 profissionais do ciedade civil nas atividades oficiais e
próprio CNO Rio+20. em cerca de 6 mil eventos paralelos
em toda a cidade do Rio de Janeiro.
Esse magnífico esforço conjugado Somente o Riocentro abrigou 488
não poderia ter sido realizado com eventos paralelos e mais de 280
êxito sem a coordenação da Casa reuniões bilaterais entre autoridades
Civil da Presidência da República, brasileiras e/ou estrangeiras. Foram
que auxiliou o CNO Rio+20 em seu credenciadas 9.116 pessoas apenas
trabalho de logística e organizou a para trabalhar no Riocentro, cuja
participação do Governo Federal na área total, de 571 mil m2, recebeu
14 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
15. ampla participação
191 488 571
Estados-membros da eventos paralelos no mil m2 de área à disposição
ONU enviaram delegações Riocentro enriqueceram dos delegados da Rio+20
à Conferência a agenda oficial apenas no Riocentro
mais 100 mil m2 de construções Unidas. As soluções de transmissão ademais, nos legados, sobretu-
efêmeras para a Rio+20. A título de de dados, voz e imagem fizeram do imateriais, a serem deixados
comparação, somente no Riocentro a interconexão entre o Riocentro, não apenas no contexto das Nações
a área utilizada pela Rio+20 cor- os demais espaços oficiais geridos Unidas, mas também para futuras
respondeu ao dobro da área da pelo CNO Rio+20, os aeroportos iniciativas no Brasil, visto que
Rio 92, há 20 anos, quando existiam Santos Dumont e Galeão e 61 hotéis, a sequên ia de megaeventos desta
c
ali apenas três dos atuais cinco totalizando 169 pontos de conexão. década em território nacional conti-
pavilhões permanentes. Com 300 pontos de acesso e 10 Gbps nua com as Jornadas da Juventude
de banda, a rede de acesso à internet Católica, em 2013, a Copa do Mundo,
Esse engajamento começou a se sem fio do Riocentro foi a maior já em 2014, e os XXXI Jogos Olímpicos
formar graças à decisão de alocar instalada no Brasil para a realização e os XV Jogos Paralímpicos, em 2016.
diversas áreas para eventos para- de eventos, podendo atender até
lelos ao segmento oficial realizado 30 mil usuários simultâneos. Neste relatório, portanto, procu-
no Riocentro: o Parque dos Atletas, ramos deixar um registro desses
com 45 mil m², o Pier Mauá, com 18 De fato, a Rio+20 surpreendeu esforços, a fim de divulgar os apren-
mil m², o Galpão da Cidadania, com centenas de milhares de dizados de uma experiência única
6 mil m², o MAM e seu auditório participantes não apenas por sua – em todos os sentidos –, que foi o
anexo, com toda sua área interna magnitude, mas também pelas desafio de organizar uma confe-
e externa ocupadas, e a Arena da inovações apresentadas na orga- rência como a Rio+20, com êxito am-
Barra, com mais de 5 mil m² apenas nização do evento. A maior delas, plamente reconhecido pelas Nações
de área interna. Houve ainda sublinho, foi a ousadia do esforço Unidas e por delegados, imprensa,
eventos em espaços alternativos, empreendido de traduzir os con- parceiros e demais participantes.
como a iniciativa Humanidade ceitos dos pilares ambiental, social
2012, no Forte de Copacabana, e a e econômico do desenvolvimento Laudemar Aguiar
Kari-Oca, na Colônia Juliano Moreira, sustentável nas atividades comuns e Secretário Nacional
além daqueles organizados pela quotidianas da organização e da lo- Comitê Nacional de Organização
Universidade Federal do Rio de gística da própria Conferência desde da Rio+20
Janeiro, pela Pontifícia Universidade a fase de planejamento. Desde o
Católica e pelo Instituto Federal de início, pareceu-nos clara a necessi-
Educação, Ciência e Tecnologia do dade de termos áreas dedicadas a
Rio de Janeiro, entre outros. esses pilares, o que foi a gênese das
coordenações de Sustentabilidade,
Para garantir acesso e conectivi- Acessibilidade e Inclusão e Social e
dade na Conferência, foi montada de Desenvolvimento de Parcerias.
uma estrutura de tecnologia da
informação e comunicação sem Como parte intrínseca do acervo
precedentes na história das Nações de relatórios da Rio+20, pensamos,
apresentação 15
16. INTRODUÇÃO
Sob a égide do
Desenvolvimento
Sustentável
Duas décadas após a histórica Estocolmo, uma família de conferên-
Conferência Rio 92, a tarefa de cias das Nações Unidas que congrega,
organizar um evento das Nações em intervalos de tempo significativos,
Unidas de complexidade logísti- todos os países do mundo para
ca ainda maior trouxe ao Brasil debater em profundidade e no longo
enormes desafios, mas também prazo temas do desenvolvimento
excelentes oportunidades. sustentável, que pressupõe equilíbrio
entre os aspectos econômico, social e
Estava claro que todos os esforços ambiental do desenvolvimento.
seriam feitos para preparar devi-
damente a Conferência, tendo sido Em resposta à proposta apresentada
esse o encargo dado ao Comitê pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula
Nacional de Organização da Rio+20. da Silva, em 2007, as Nações Unidas
No lugar de restringi-los a trabalhos aprovaram, em 2009, a realização
de organização triviais, decidiu-se da Rio+20 durante dez dias, congre-
aproveitar a oportunidade oferecida gando no Rio de Janeiro formadores
pelo megaevento mais sui generis de opinião especializados de todo
dentre aqueles programados para o mundo: Chefes de Estado e de
ocorrer no Brasil na atual década. Governo, altas autoridades governa-
mentais, membros de Casas Reais,
Um número nada desprezível de negociadores internacionais, juristas,
turistas nacionais e estrangeiros parlamentares, altos executivos
deverá acompanhar a etapa final das corporativos, sindicalistas, jornalistas,
duas maiores jornadas esportivas do representantes de empresas, da
mundo moderno, a Copa do Mundo sociedade civil e da comunidade
e a Olimpíada. Na Jornada Mundial científica e tecnológica, entre
da Juventude, religião e fé marcarão outros. Intensos debates sobre os
o encontro entre o Papa Bento XVI rumos do planeta como integrantes
e devotos católicos brasileiros e es- das delegações oficiais, de países
trangeiros. Certamente, a Conferência observadores e dos nove Grupos
Rio+20 diferencia-se desses outros Principais reconhecidos pelas
megaeventos por sua própria natu- Nações Unidas: Iniciativa Privada,
reza. Inaugurou-se, há 40 anos, em Trabalhadores & Sindicatos, Mulheres,
16 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
17. A Presidenta Dilma Rousseff
e o Secretário-Geral da ONU,
Ban Ki-moon, durante a sessão
de encerramento da Rio+20.
Crianças & Juventude, Agricultores, desenvolvimento sustentável que
Por meio das Povos Indígenas, Autoridades Locais, pautariam os debates no Rio de
ONGs e Comunidade Científica Janeiro. Atendendo a essa visão, o
coordenações de & Tecnológica. CNO Rio+20 estabeleceu as coor-
Sustentabilidade, Experiências brasileiras de imple-
denações de Sustentabilidade, de
Acessibilidade e Inclusão Social e
de Acessibilidade mentação do conceito de desen-
volvimento sustentável puderam
de Captação e Desenvolvimento
de Parcerias, a fim de ampliar os
e Inclusão Social ser amplamente divulgadas nesse impactos positivos de suas inicia-
contexto em meio ao público interno tivas sobre a comunidade local
e de Captação e e à comunidade internacional, e analisar e propor ações para
Desenvolvimento ressaltando avanços alcançados na
erradicação da pobreza e na inclu-
reduzir e/ou compensar impactos
socioambientais decorrentes das
de Parcerias, são social, apresentando inovações
tecnológicas nacionais e ratificando
atividades da Conferência.
o CNO Rio+20 nosso firme compromisso com o O pilar ambiental da organização da
fortalecimento do equilíbrio entre Conferência certamente seria objeto
pôde gerir com os pilares ambiental, social e eco- de escrutínio interno e externo, em
mais eficiência a nômico. Muitos países, organismos
e agências da ONU, entidades
particular as medidas tomadas em
relação à mudança do clima e ao
organização da e empresas estrangeiras, sediadas ou
não no Brasil, também puderam di-
tratamento da questão de resíduos
durante o evento. Foi sobre as
Conferência vulgar aqui suas iniciativas, ati- emissões de gases de efeito estufa
vidades e políticas voltadas para a primeira pergunta da imprensa na
o desenvolvimento sustentável. primeira coletiva sobre os trabalhos
de organização do Comitê Nacional.
Validar uma visão mais ambiciosa Resíduos era um tema que tampouco
sobre a realização da Conferência poderia receber tratamento ordinário,
Rio+20, para além das negocia- pois acabara de entrar com força na
ções, dos espaços expositores e agenda nacional, com a promulgação
dos eventos paralelos, significava da Lei nº 12.305/10, imediatamente
trazer para a própria organiza- seguida dos trabalhos de regulamen-
ção logística os conceitos do tação capitaneados pelo Ministério
introdução 17
18. A composição de equipes
qualificadas possibilitou a inserção
dos temas da sustentabilidade na
organização logística da Conferência
do Meio Ambiente. A análise das a saber, gestão das emissões de orientações de integrar, o máximo
ações de sustentabilidade de gases de efeito estufa, gestão de possível, produtos e serviços
grandes eventos no Brasil e no resíduos sólidos, gestão de recur- mais sustentáveis à logística da
exterior anteriores à Rio+20, como sos hídricos, energia, transporte, Conferência. Dentro do espírito
o Rock in Rio IV, o Réveillon de construções sustentáveis, compras da transversalidade, especialis-
2011, o carnaval de 2012, as mais públicas sustentáveis, turismo tas das nove diferentes áreas da
recentes Conferências das Partes sustentável e alimentos sustentáveis. Coordenação de Sustentabilidade
da Convenção-Quadro das Nações Simultaneamente, realizou-se um auxiliaram colaboradores, for-
Unidas sobre Mudança do Clima trabalho de comunicação para divul- necedores, parceiros, gestores e
e a IV Conferência das Nações gar essas ações de forma educativa, fiscais de contratos, trabalhadores
Unidas sobre os Países de Menor tornando-as mais explícitas para e voluntários.
Desenvolvimento Relativo, em 2011, delegados, participantes, fornecedo-
confirmou o acerto de se dispen- res e público geral. Informações mais detalhadas sobre
sar atenção antecipada à questão o trabalho da Coordenação de
pelo CNO Rio+20. No plano interno, a Coordenação de Sustentabilidade são dadas no pri-
Sustentabilidade desenvolveu um meiro capítulo deste relatório, O Pilar
Uma das primeiras orientações à trabalho transversal, amplo e multi- Ambiental: Estratégia Multidisciplinar.
Coordenação de Sustentabilidade disciplinar de implantação da estra- Temos certeza de que a principal
foi fixar objetivos e metas, traçar es- tégia, aproximando-se das demais lição aprendida nessa área foi sobre
tratégia para alcançar os resultados coordenações do CNO Rio+20. Outra a importância fundamental de contar
desejados, definir perfil e número de preocupação essencial foi vincular com uma equipe de sustentabilida-
especialistas necessários e, somente as ações propostas às característi- de montada, ativa e integrada aos
então, contratar profissionais para cas nacionais e ao posicionamento trabalhos desde as fases iniciais
compor a equipe. De fato, ao per- brasileiro nos debates multilaterais de planejamento.
correr essa trajetória, o CNO Rio+20 sobre desenvolvimento sustentável.
pôde contar com profissionais qua- Seguindo essas premissas, sempre A experiência de despender esforços
lificados que, cientes dos objetivos foi mantido estreito contato com os na área social no contexto de um
e metas, souberam contribuir para ministérios das Relações Exteriores grande evento não é nova no Brasil.
a execução da estratégia adotada, e do Meio Ambiente, que presidiram Implementados nos XV Jogos Pan-
implementando e sugerindo as conjuntamente a Comissão Nacional Americanos, em 2007, os projetos
melhores práticas para a realidade para a Rio+20. sociais voltados para jovens em co-
local e as dos espaços oficiais da munidades cariocas de alto risco de
Conferência sob nossa gestão. Editais de licitação foram modifica- vulnerabilidade foram um dos êxitos
dos em seus termos de referência comemorados pelos organizadores
Elegeram-se nove dimensões para prever – e, depois, cobrar ao fim daquele evento.
para concentrar os esforços da das futuras empresas licitadas –
Coordenação de Sustentabilidade, que as contratações seguissem as
18 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
19. Equipes com monitoria
e voluntários auxiliaram os
delegados e demais participantes
da Rio+20.
Centro de controle de imagens
da plenária oficial da Rio+20.
Mais de 4 mil jornalistas, brasileiros
e estrangeiros, dispuseram de amplos
espaços e serviços no Riocentro, Parque
dos Atletas, Arena da Barra e Píer Mauá
para a cobertura de imprensa da Rio+20.
introdução 19
20. a conferência e o cno rio+20
2007 2009 2011
ano em que o ex-presidente ano em que a Assembleia ano da criação formal
Luiz Inácio Lula da Silva Geral da ONU convocou do CNO Rio+20
propôs, na ONU, a a realização da Rio+20 e do início oficial de
realização da Rio+20 no Brasil seus trabalhos
Seguir o caminho trilhado em 2007 do reequipamento e da adaptação prioritariamente a participação no
foi uma possibilidade levantada da cidade do Rio de Janeiro como evento de jovens de baixa renda de
desde os primeiros dias do Grupo legado principal dos preparativos comunidades pacificadas do Rio de
de Trabalho de Logística – GTL do para os Jogos Paralímpicos, em 2016. Janeiro. Sem dúvida, ao promover
Ministério das Relações Exteriores, com ímpeto os direitos das pessoas
em 2010, ainda na fase embrionária Impedido de avançar mais pela com deficiência, o CNO Rio+20
do CNO Rio+20. Decidiu-se fazer falta de pessoal, o CNO Rio+20 teve ampliou a percepção de todos sobre
uma abordagem similar com sistema de aguardar, contudo, sua criação esse aspecto do pilar social do de-
de voluntariado, elaborada em con- formal para, a partir de julho de senvolvimento sustentável, provendo
junto com o Programa das Nações 2011, inserir esses temas sociais na soluções logísticas de acessibilidade
Unidas para o Desenvolvimento agenda da logística da Rio+20. O que não encontram precedentes na
no Brasil – PNUD Brasil, após conceito de sustentabilidade pôde história da organização de conferên-
esgotarmos os entendimentos com ser levado à sociedade por meio cias das Nações Unidas.
o Ministério da Justiça para repro- do trabalho da Coordenação de
duzir nos mesmos moldes aquela Acessibilidade e Inclusão Social, Um relato mais aprofundado sobre
experiência. E deu muito certo. que organizou seus trabalhos em esse magnífico esforço de forta-
quatro dimensões: Comunidades lecer, pela prática e pelo exemplo,
A acessibilidade dos espaços físicos Sustentáveis, Cultura+20, Programa o pilar social do desenvolvimento
e dos serviços ligados à Conferência de Voluntariado e Acessibilidade. sustentável encontra-se no segundo
foi outro tema social levantado capítulo, O Pilar Social: Legado
no GTL, no final de 2010, pois a Valendo-se das ações recentes e Positivo. Adicionalmente, nele são
Rio+20 poderia acender o debate paulatinas do poder público brasilei- registrados iniciativas de caráter no-
na sociedade brasileira sobre ro de reintegrar à cidade territórios tadamente social da Coordenação
as graves lacunas ainda presentes que estavam sob o jugo de quadri- de Sustentabilidade e os eventos
quotidianamente no País nessa lhas armadas, verificou-se, no caso culturais que receberam apoio
área. Um detalhe chamou-nos a das duas primeiras dimensões, o direto e decisivo do CNO Rio+20.
atenção à época: fica em município interesse e a oportunidade de se Lenta e gradualmente, firma-se a
vizinho ao Rio de Janeiro a maior promover a inclusão social mediante importância do papel da cultura
sede de uma entidade do gênero na o desenvolvimento comunitário e a na consolidação do conceito de
América Latina e uma das maiores conscientização individual e coletiva desenvolvimento sustentável e das
do mundo, a Associação Niteroiense sobre os temas da Conferência em melhores práticas sustentáveis.
dos Deficientes Físicos – Andef. áreas em que Unidades de Polícia
Dadas as necessidades dessa parcela Pacificadora – UPP já haviam Garantir a capacidade de ação do
significativa e pouco atendida da sido instaladas. Iniciativa de igual CNO Rio+20 tornara-se essencial
população carioca, entendemos impacto social teve o Programa de diante desse ambicioso e caro
ainda que a Rio+20 poderia contri- Voluntariado da Rio+20, concebido conjunto de iniciativas voltadas para
buir ao antecipar questões a respeito pelo CNO Rio+20 para incentivar dar sustentabilidade à organização
20 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
21. da Conferência. Estimávamos organização, inclusive produtos e
igualmente dar-lhe mais agilidade serviços sustentáveis. Seria, assim,
O Secretário-Geral para a Rio+20, diante das conhecidas dificuldades estendida a instituições e empresas
Sha Zukang, e líderes dos setores e da lentidão burocrática, a serem públicas e privadas sediadas no
público e privado após a coletiva
de imprensa que anunciou os mais enfrentadas no processo de licita- Brasil a oportunidade de cooperar
de 700 compromissos voluntários ções e de contratações. com a organização da Rio+20
alcançados durante a Conferência. por meio de um acordo de coope-
Recursos orçamentários haveria em ração técnica internacional com o
quantidade suficiente para organizar PNUD Brasil.
o evento em si. Adaptações no
planejamento original e cortes em Responsabilidade social corporativa,
A seleção atividades e iniciativas não essen- ciclo de vida de produtos e serviços
ciais seriam feitos, caso esse volume e gestão das relações comerciais
de parceiros de recursos fosse menor que o com fornecedores foram critérios
oficiais para o necessário. De fato, após um longo
processo de análise, foi concedido
na verificação prévia das credenciais
de compromisso com o desen-
evento levou em ao CNO Rio+20, na forma de crédito
especial, em dezembro de 2011, o
volvimento sustentável de poten-
ciais parceiros. Houve também o
consideração orçamento solicitado, de R$ 200 cuidado do CNO Rio+20 de explicitar
milhões. O Tesouro Nacional ainda o objetivo de firmar parcerias, e não
critérios como teve restituídos, porém, recursos de buscar “patrocinadores”, ao ser
responsabilidade orçamentários e financeiros ao fim
dos trabalhos do CNO Rio+20.
criada a Coordenação de Captação
e Desenvolvimento de Parcerias, em
corporativa, Receávamos, contudo, um resulta-
junho de 2011.
relacionamento do em que esses recursos seriam Trabalhando de forma intensa, dado
insuficientes para prover estruturas que os prazos normais de captação
com fornecedores e serviços condizentes com a classe venciam no mês seguinte ou
oficiais e análise hierárquica dessa Conferência da
ONU ou uma situação de restrição
no máximo em agosto, foi possível
estabelecer diversos processos de
do ciclo de vida orçamentária em que iniciativas de
sustentabilidade pudessem vir a
negociação desde a fase inicial das
atividades. Regras, prazos e procedi-
dos produtos ser interpretadas como elementos mentos rigidamente aplicados a cada
acessórios. Elaborou-se, portanto, ano foram alterados por não poucas
um plano de captação de parce- empresas parceiras e fornecedoras, a
rias baseado em contrapartidas fim de se adaptarem às necessidades
escalonadas em troca de apoio à e ao calendário dos organizadores da
introdução 21
22. Rio+20 – ainda que muitas delas já Reafirmar o compromisso das en-
tivessem predefinidas suas atividades tidades e empresas parceiras A mudança
para 2012 ao serem contatadas pelo com os princípios do desenvolvi-
CNO Rio+20. mento sustentável previamente dos padrões
A sustentabilidade já foi reconhecida
identificados por meio do engaja-
mento na Conferência foi a etapa
de produção
pela vanguarda do segmento empre-
sarial como oportunidade essencial
seguinte. Terminado o processo de
pré-seleção, sempre estimulamos
e consumo será
para a promoção da competitividade. a reflexão interna e a participa- determinante
No caso das empresas estatais, a ção ativa nos debates e nas ativida-
adoção de práticas sustentáveis é des da Rio+20. para se alcançar
esperada, desejada e, cada vez mais,
cobrada pela sociedade brasileira, Em resposta, os parceiros foram
os objetivos de
o que permitiu avanços muito
importantes nos últimos 20 anos,
participantes, expositores, palestran-
tes, debatedores, observadores e
desenvolvimento
tanto na vertente social, quanto na colaboradores na Rio+20, divulgando sustentável nas
ambiental. Setores muito sensíveis suas tecnologias, experiências e boas
em razão do impacto socioambien- práticas, trocando conhecimento e próximas décadas
tal de suas atividades econômicas informações com terceiros, prestando
têm tido de demonstrar compro- serviços e conduzindo programa-
misso mais forte e determinado ções próprias ou em conjunto com
com o desenvolvimento sustentável, outras entidades, no Riocentro, em
dada a própria natureza dessas outros espaços oficiais geridos pelo
atividades econômicas. CNO Rio+20 e em eventos paralelos
à margem da Conferência. Nesse
Particular satisfação foi constatar contexto, a maioria dos parceiros pro-
que as entidades e empresas con- moveu atividades e reflexões sobre os
tatadas atenderam com solicitude e temas do desenvolvimento sustentável
empenho aos convites à negociação e da Rio+20 em meio a seus quadros
e, posteriormente, ao chamamento de empregados – e até mesmo suas
público do CNO Rio+20, confir- famílias –, colaboradores, fornecedores
mando análises e expectativas do e comunidades em que atuam.
processo de pré-seleção. O oposto
seria motivo de grave preocupa- A superação dos desafios do desen-
ção, como constatar a ausência de volvimento sustentável nos próximos
interesse ou encontrar uma recepção 20 anos passa pela necessária
fria, que nunca houve. mudança de padrões de produção
22 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
23. A organização logística da Rio+20
assegurou aos Estados-membros,
delegados e participantes
as condições necessárias para
deliberar e negociar.
O monumento símbolo do Rio de
Janeiro recebeu iluminação especial
em homenagem à Rio+20.
e consumo, transição a padrões mais órgão especializado vinculado ao O terceiro capítulo, O Pilar
sustentáveis que avança com maior Itamaraty. Instrumento essencial de Econômico: Compromisso e
ou menor velocidade de acordo com todo o processo, o projeto viabilizou Engajamento, apresenta os parceiros
o engajamento do setor produtivo. o trabalho de captação de parce- da Rio+20, exibindo as credenciais
Dentro desse espírito, o CNO Rio+20 rias, que, por sua vez, sustentou de compromisso com a sustentabi-
somou forças com os setores público todo o apoio dado pelo PNUD lidade de seus negócios e o enga-
e privado, promovendo a renovação Brasil ao CNO Rio+20 para a organi- jamento e a participação deles nos
do compromisso político com o de- zação da Conferência. debates sobre os temas da Rio+20.
senvolvimento sustentável ao mesmo
tempo em que se desincumbia dos Facilitadores do processo de prepa- Já a divulgação deste relatório
trabalhos de organização da Rio+20. ração da Rio+20, os advogados da cumpre os objetivos de deixar
A meta principal do desenvolvimento União proveram os elementos neces- registro dos trabalhos internos do
das parcerias captadas foi, portanto, sários para dar segurança jurídica aos CNO Rio+20 e informar a experiência
alcançada, superando-se a utilidade atos administrativos praticados em adquirida para garantir a integridade
da contribuição material dada à orga- prol da organização da Conferência. e a sustentabilidade da organização
nização do evento por cada parceiro Esmeraram-se em prestar a melhor logística da Rio+20, primeiro dos
conforme seu nível. assessoria e em emitir os parece- megaeventos a serem realizados no
res dos contratos firmados com Brasil nesta década. Sempre procu-
Foi possível montar a arquitetura quase 40 empresas captadas, cada ramos evidenciar a importância da
desse programa de parcerias graças qual com seus muitos pormenores adoção de uma estratégia multidis-
ao inestimável apoio do PNUD Brasil, e especificidades legais. ciplinar estabelecida desde a con-
parceiro institucional do Sistema cepção dos projetos originais para
das Nações Unidas e braço direito Importa ainda reconhecer e enfati- viabilizar ferramentas e medidas
da organização brasileira, assim zar o papel proativo e crucial que bem-sucedidas de redução e de
como da Advocacia-Geral da União, tiveram a Casa Civil e a Secretaria de compensação de impactos socioam-
que constituiu uma equipe dedi- Comunicação Social da Presidência bientais, contribuindo para avançar-
cada de profissionais competentes da República no que se refere às par- mos rumo ao futuro que queremos.
para atuar como consultoria jurídica cerias com as empresas públicas e
do CNO Rio+20. as sociedades de economia mista da José Solla
União. Todo o trabalho de captação Secretário Nacional Adjunto
O Projeto de Cooperação Técnica e desenvolvimento de parcerias que Comitê Nacional de Organização
Internacional “Parcerias para reali- vinha sendo feito pelo CNO Rio+20 da Rio+20
zação da Conferência das Nações beneficiou-se após o envolvimento
Unidas sobre Desenvolvimento desses dois órgãos de assessora-
Sustentável – Rio +20” foi avaliado e mento direto e imediato da Senhora
avalizado com grande presteza pela Presidenta da República como
Agência Brasileira de Cooperação, catalisadores desse processo.
introdução 23
24.
25. logística e
sustentabilidade
Com enfoque sistemático e abrangente,
a organização da Rio+20 atuou em
nove dimensões, buscando integrar o
discurso à prática ao mitigar impactos
ambientais da Conferência desde
o planejamento até a desmontagem.
26. O Pilar Ambiental
Estratégia
multidisciplinar
Uma das principais lições
aprendidas na organização da
Rio+20 é a necessidade de integrar
aos trabalhos o conceito de
desenvolvimento sustentável desde
sólidos e de recursos hídricos, além
a primeira etapa do projeto do uso de energia, do sistema oficial
de transporte terrestre, da sustenta-
bilidade das construções efêmeras,
das compras públicas mediante
licitações, do turismo receptivo e
Desde o início dos trabalhos, o da oferta de alimentação aos parti-
Comitê Nacional de Organização cipantes. Em seguida, desenhou-se
Rio+20 – CNO Rio+20 buscou uma estratégia e montou-se uma
colocar em prática uma abordagem equipe de especialistas, com perfil
multidisciplinar, a fim de fortalecer as e número adequados aos desafios
atividades da organização logística da realidade carioca e de cada
da Conferência Rio+20 com foco no espaço da Conferência, sob adminis-
desenvolvimento sustentável. tração do CNO Rio+20. As diferentes
abordagens evidenciam os principais
Dado o desafio de reduzir ou com- esforços dessa equipe de especia-
pensar impactos socioambientais, listas, visando ao aperfeiçoamento
o CNO Rio+20 criou a Coordenação da mão de obra, à substituição
de Sustentabilidade para propor de insumos, à redução de resíduos
novas iniciativas e processos para o e de emissões de gases de efeito
usual trabalho de organização, esti- estufa – GEE e à racionalização do
mulando colaboradores, parceiros e consumo de recursos naturais.
fornecedores a fazer uso de pro-
dutos e serviços mais sustentáveis.
Para tanto, foram definidos objetivos
gerais, tendo como área de concen-
tração a gestão das emissões de
gases de efeito estufa, dos resíduos
26 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
27. Neste capítulo, relatam-se as ações Embora haja neste capítulo certa
conduzidas nessas nove dimensões ênfase em aspectos ambientais
trabalhadas pela Coordenação de do desenvolvimento sustentável, Na visita ao Parque dos Atletas, a
Presidenta Dilma Rousseff conheceu
Sustentabilidade do CNO Rio+20, essas ações do CNO Rio+20 devem os voluntários da Rio+20 e espaços
aliadas aos esforços de comunicação ser entendidas dentro de um concebidos conforme os princípios
para promover a sustentabilidade enfoque sistemático e abrangen- da construção sustentável, como
o Pavilhão Rio de Janeiro, ao fundo.
entre participantes, fornecedores, te, considerando todas as etapas
trabalhadores e voluntários. do processo de gestão logística
do evento. Nesse contexto, foram
A organização da Rio+20 deixou incluídas as etapas de planejamento,
como uma de suas principais lições montagem, realização e desmon-
o caráter crucial a ser sempre atribu- tagem dos espaços oficiais geridos
ído à incorporação do conceito de pelo CNO Rio+20. Como o próprio
desenvolvimento sustentável desde a nome da coordenação sugere, o
primeira etapa do projeto. Para obter impacto de suas ações ultrapassou
a adequada integração do discurso a esfera ambiental para fortalecer
às atividades práticas de logística, o responsabilidades no campo social
conceito deve ser disseminado entre e sugerir mudanças de práticas de
os membros das diferentes equipes negócios, em particular em meio às
de trabalho. Sem esse esforço empresas licitadas para o forneci-
interno, arrisca-se a perder a coe- mento de produtos e serviços para a
rência e a por em risco o resultado organização logística da Conferência.
final da organização no que tange ao
desejado equilíbrio entre os pilares
ambiental, social e econômico.
logística e sustentabilidade 27
28. O Governo brasileiro fundamentou
a estratégia de gestão das
emissões de gases de efeito estufa,
seguindo padrões científicos e
metodologias internacionalmente
reconhecidas e respeitando as
características nacionais.
Gestão das emissões de de projetos brasileiros registra- avaliação, realizada após o término
gases de efeito estufa dos pelo Conselho Executivo do da Conferência (ex post).
As ações do CNO Rio+20 para Mecanismo de Desenvolvimento
mitigar e compensar emissões de Limpo – MDL do Protocolo Nos dois casos, as estimativas foram
GEE decorrentes da organização de Quioto, após aprovação da desenvolvidas em conjunto com os
da Conferência estiveram alinhadas Comissão Interministerial de especialistas da Coordenação de
à posição brasileira nos debates Mudança Global do Clima, estabe- Sustentabilidade do CNO Rio+20 e
sobre a mudança do clima e lecida em 1999 para atuar como seguindo as orientações do Ministério
contaram com o apoio da Divisão a Autoridade Nacional Designada das Relações Exteriores, que ajuda-
de Clima, Ozônio e Segurança brasileira. O processo de cancela- ram a definir as seguintes fontes de
Química do Ministério das Relações mento das RCEs é acompanhado emissões de GEE:
Exteriores. O modelo utilizado diretamente pelo PNUD Brasil para
assegurou transparência e inte- garantir a transparência e a inte- • uso de combustíveis nos espaços
gridade ambiental aos processos gridade ambiental dos processos oficiais da Conferência geridos
de mitigação e de compensação, de compensação. pelo CNO Rio+20;
respeitando o princípio de “res-
ponsabilidades comuns, porém Mensuração e mitigação • uso de combustíveis nos veículos
diferenciadas”, expresso na As estimativas de emissões terrestres da frota oficial;
Declaração do Rio sobre Meio de GEE relacionadas às atividades
Ambiente e Desenvolvimento, de organização da Rio+20 foram • uso de energia elétrica nos
de junho de 1992. feitas com base em padrões cientí- espaços oficiais da Conferência
ficos e metodologias reconhecidas geridos pelo CNO Rio+20;
Ao compensar emissões decorren- internacionalmente, respeitando-se
tes da organização do evento, o as características nacionais2. Uma • disposição de resíduos gerados nos
CNO Rio+20 decidiu fazê-lo por primeira estimativa foi realizada antes espaços oficias da Conferência.
meio do cancelamento de Reduções do início do evento (ex ante),
Certificadas de Emissão – RCE, sendo complementada por nova
créditos de carbono1 provenientes
1 Uma tonelada de dióxido de carbono 2 Metodologias fundamentadas no Segundo
(CO2) corresponde a uma Redução Certificada Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas
de Emissão. por Fontes e Remoções por Sumidouros
de Gases de Efeito Estufa não Controlados
pelo Protocolo de Montreal. Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/index.php/content/
view/328762.html>.
28 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
29. A realização das estimativas de emis- Parte dessa redução pode ser
sões pelo CNO Rio+20 envolveu creditada ao fato de ter havido
grande esforço, em decorrência da diminuição de 57% das estimativas
necessidade de superar um con- do consumo de combustíveis em
junto de incertezas associadas, por geradores nos espaços oficiais da
exemplo, a consumo de combustí- Conferência sob administração
veis, uso de geradores e demanda do CNO Rio+20 e de 61% do volume
de energia elétrica. de combustíveis consumidos pelos
veículos terrestres da frota oficial.
As emissões locais identificadas Adicionalmente, cabe assinalar
no inventário ex post foram cerca o cuidado do CNO Rio+20 em não
de 60% menores do que as iden- subestimar emissões ao realizar
tificadas no levantamento ex ante. seu inventário ex ante.
Estimativa ex ante e inventário ex post das emissões de GEE nos
espaços oficiais geridos pelo CNO Rio+20 e nos hotéis da Rio+20
(em tCO2 e)*
Local Ex ante Ex post Variação Razões para a
variação
Riocentro 2.983 942 -68%
Parque dos Atletas 265 159 -40% Uso de B20/
Redução no consumo
Pier Mauá 133 73 -45% de energia
MAM 59 8 -86%
Arena da Barra 26 33 27%
Galpão da Cidadania 21 22 5% Aumento no consumo
de energia
Auditório anexo
9 22 142%
ao MAM
Ocupação dos hotéis
Hotéis 736 699 -5%
em 95%
Total 4.232 1.957 -54%
bs.: Inclui consumo de combustíveis de fontes estacionárias, resíduos
O
sólidos e energia elétrica.
Os gases de efeito estufa são o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o
*
hidrofluorcarboneto (HFCs), o perfluorcarboneto (PFCs) e o hexafluoreto
de enxofre (SF6), cujas emissões podem ser medidas individualmente, con-
vertidas e expressas mediante o conceito de carbono equivalente (CO2e).
Estimativa ex ante e inventário ex post das emissões de GEE dos
veículos terrestres da frota oficial da Rio+20 (em tCO2 e)
Veículos Ex ante Ex post Variação Explicação
Gasolina 63 45 -28%
Redução média de 61%
Diesel 361 106 -71% do volume consumido
Etanol 1 0,47 -60% de combustíveis em
relação ao previsto.
Total 425 151 -64%
logística e sustentabilidade 29
30. mitigação de EMISSÕES DE gee DA ORGANIZAÇÃO DA RIO+20
54% 57% 64%
de redução das de redução do consumo de redução das
emissões de GEE em de combustíveis emissões de GEE da frota
relação ao estimado para pelos geradores dos oficial de veículos
os espaços oficiais espaços oficiais
e hotéis
Ademais, os processos de mitigação geradores fixos como fonte de supri-
das emissões de GEE da Rio+20 mento ininterrupta. A alternativa de
foram beneficiados pelas carac- uso do diesel B20 (20% de biodie-
terísticas da economia brasileira: sel), no caso dos espaços oficiais
ampla oferta de álcool hidratado geridos pelo CNO Rio+20, contribuiu
(etanol), historicamente utilizado no para reduzir essas emissões no
abastecimento da frota nacional de inventário ex post. Quanto à utiliza-
veículos, e uma matriz elétrica limpa, ção de biocombustíveis, o transporte
com mais de 80% de suprimento terrestre oficial durante a Rio+20
por fontes renováveis. pode ser considerado um caso
de sucesso de mitigação de GEE.
Outra ação bem-sucedida de mi- A quantidade de etanol consumida
tigação, em especial do metano, correspondeu a aproximadamente
foi a destinação dos resíduos 50% de todo o volume de com-
orgânicos para compostagem e bustível utilizado pela frota oficial,
dos resíduos sólidos não recicláveis além do fato de a gasolina brasileira
para aterro sanitário que captura ser comercializada com adição
o gás metano para reaproveitamento. entre 20% e 25% de etanol e o diesel
Evitaram-se, assim, todas as pos- veicular de uso corrente possuir
síveis emissões de metano desses 5% de biodiesel.
tipos de resíduos.
Por motivo de segurança, a
energia consumida nos espaços ofi-
ciais geridos pelo CNO Rio+20, em
especial o Riocentro, manteve a rede
elétrica brasileira como backup e
30 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
31. Os preparativos finais da
organização da Conferência Rio+20
foram discutidos em reunião de
coordenação dos Governos Federal,
Estadual e Municipal, em abril, no
Palácio da Cidade, em Botafogo,
Rio de Janeiro.
Reencontro na Rio+20: O Senador
Fernando Collor de Mello e o
canadense Maurice Strong, que,
em 1992, eram respectivamente o
Presidente da República e o Secretário
Geral da Conferência Rio 92.
logística e sustentabilidade 31
32. DOAÇÕES E CANCELAMENTO VOLUNTÁRIO DE RCEs
Fornecedor SETOR DA ATIVIDADE DE PROJETO NO MDL Gás ATESTADO DO MDL
oficial mitigado DE CANCELAMENTO
VOLUNTÁRIO DE RCEs
Gestão e tratamento de resíduos e geração de
Novo Gramacho energia Recuperação e queima dos gases de decomposição e
CO2 e CH4 CDM20521, 27/10/2012
– Gás Verde aproveitamento para produção de energia elétrica, em São Paulo.
Número de Referência da Atividade de Projeto no MDL: 0373.
Geração de energia Cogeração de energia elétrica e térmica,
Tractebel Energia evitando emissões de metano de resíduos de biomassa de
CO2 e CH4 CDM20522, 27/10/2012
– GDF Suez madeireiras, em Santa Catarina. Número de Referência da Atividade
de Projeto no MDL: 0268.
Gestão e tratamento de resíduos Recuperação e queima dos gases
Estre de decomposição de resíduos sólidos, em São Paulo. Número de CH4 EU40421, 14/11/2012
Referência da Atividade de Projeto no MDL: 1134.
Reflorestamento e florestamento Reflorestamento como fonte
renovável de suprimento de madeira para produção em larga escala
Plantar CO2 CDM20518, 27/10/2012
de carvão vegetal, em Minas Gerais. Número de Referência da
Atividade de Projeto no MDL: 2569.
Metalurgia e produção de magnésio Conversão de SF6 para o gás
Rima de cobertura alternativo SO2 na produção de magnésio, em Minas SF6 CDM20519, 27/10/2012
Gerais. Número de Referência da Atividade de Projeto no MDL: 2486.
Geração de energia Reaproveitamento de gás de alto-forno para
Vallourec
produzir energia por meio de usina termelétrica para a produção
Mannesmann CO2 CDM20520, 27/10/2012
de tubos de aço sem costura, em Minas Gerais. Número de
do Brasil
Referência da Atividade de Projeto no MDL: 0143.
Gestão e tratamento de resíduos e geração
de energia Recuperação e queima dos gases de decomposição
Governo do Estado
e consequente aproveitamento para a produção de energia elétrica,
do Rio de Janeiro,
no Rio de Janeiro. A Haztec doou RCEs referentes a esse projeto CO2 e CH4 NL28963, 07/09/2012
Prefeitura do Rio
ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e à Prefeitura do Rio de
de Janeiro e Haztec
Janeiro, que posteriormente as cederam ao CNO Rio+20. Número
de Referência da Atividade de Projeto no MDL: 0008.
Iniciativa inédita emitidas pelo Conselho Executivo
A destinação Inédita em megaeventos no Brasil, do MDL originadas por projetos
a estratégia de compensação das realizados no Brasil, em quantitativo
correta dos resíduos emissões de GEE da Rio+20 ocorreu suficiente para trabalhar com conforto
compostáveis e dos em duas etapas, sempre no âmbito
do MDL por meio do cancelamento
e segurança em relação ao resulta-
do final. Para tanto, o CNO Rio+20
resíduos sólidos de RCEs emitidas pelo Protocolo de
Quioto para projetos brasileiros:
selecionou como referência eventos
de grande porte das Nações Unidas,
não recicláveis para como edições recentes da Conferência
• (A) compensação das emissões das Partes da Convenção-Quadro
aterro sanitário locais de GEE associadas à organi- das Nações Unidas sobre Mudanca
com captura do gás zação da Rio+20, feita diretamente
pelo CNO Rio+20 por iniciativa
do Clima e da Reunião das Partes do
Protocolo de Quioto. Essa decisão
metano resultou na voluntária do Governo brasileiro. visava garantir, antes da realização da
Rio+20, que todo o universo possível
mitigação total das • (B) ferramenta de compensação de fontes de GEE locais associadas
voluntária de emissões de GEE à organização do evento seria com-
emissões associadas decorrentes do transporte aéreo pensado de maneira segura e robusta.
a essa fonte dos participantes e delegações
(ver box das páginas 34 e 35).
A estratégia deu ao CNO Rio+20 a
segurança de que as emissões locais
da Rio+20 associadas à organização
Para a primeira etapa (A) da da Conferência poderiam ser com-
estratégia de compensação, o pensadas pela iniciativa voluntária
CNO Rio+20 definiu o objetivo brasileira mesmo se o evento viesse a
voluntário de obter a doação de RCEs ter um público maior.
32 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
33. Feito o inventário ex post, ficou Rio, Haztec asseguraram créditos
confirmado que o Governo brasileiro em número suficiente, dentro do
disporia de créditos suficientes prazo necessário (ver tabela na
para realizar a compensação volun- página ao lado).
tária das emissões locais de GEE
associadas à organização da Rio+20, Cada empresa doadora recebeu
tendo o PNUD Brasil como verifi- um título de fornecedor oficial
cador externo nesse processo de de RCEs da Rio+20. A diversidade
cancelamento das RCEs doadas. de setores, localidades e gases
Essa condição foi alcançada graças mitigados pelos fornecedores
às doações de sete empresas oficiais confirmam a abrangência
sediadas no Brasil: Novo Gramacho e o sucesso do MDL no Brasil. As
– Gás Verde, Tractebel Energia – GDF RCEs doadas foram canceladas
Suez, Estre, Plantar, Rima, Vallourec junto ao MDL com acompanhamento
Mannesmann do Brasil e, por direto do PNUD Brasil, garantindo à
meio do Governo do Estado do estratégia brasileira eficácia, transpa-
Rio de Janeiro e da Prefeitura do rência e integridade ambiental.
Emissões locais de GEE da rio+20 vs. cancelamento de RCEs (em tco₂e)
4.657
(Inventário ex ante) 2.108 RCEs canceladas para a
compensação voluntária das
emissões locais de GEE associadas
à organização do evento
2.108 1.957 151
(Inventário ex post) (Espaços oficiais sob (Transporte terrestre oficial
gestão do CNO Rio+20) oferecido pelo CNO Rio+20)
logística e sustentabilidade 33
34. Compensação
voluntária
O esforço conjunto do
CNO Rio+20, do PNUD Brasil
e da Caixa permitiu aos Para cobrir uma demanda total prevista em 50 mil parti-
participantes rápida e eficaz cipantes, solicitou-se aos fornecedores oficiais de RCEs
da Rio+20 manter disponível para potenciais doadores
compensação voluntária um montante de RCEs adicionais em quantitativo sufi-
cientemente confortável e seguro em relação à robustez
de suas emissões relativas do resultado final. Antes mesmo do início da Conferência,
ao transporte aéreo estava assegurado o montante necessário. Durante o
evento, o Governo brasileiro enviou informações sobre
a estratégia brasileira com convite a cada chefe de
A compensação de emissões de GEE decorrentes delegação para participar da iniciativa de compensação
da organização da Rio+20 não poderia incluir as emis- voluntária das emissões de GEE decorrentes das viagens
sões decorrentes do transporte aéreo dos participan- aéreas dos delegados oficiais.
tes da Rio+20, pois ao Governo brasileiro não caberia
tal encargo. Entretanto, por meio da parceria com Os recursos doados foram administrados pelo PNUD
o PNUD Brasil e a Caixa Econômica Federal – Caixa, Brasil com o objetivo de cancelar RCEs adicionais
foi possível oferecer às delegações oficiais e institucio- emitidas pelos fornecedores oficiais de RCEs da Rio+20.
nais a facilidade de uma ferramenta digital para a com- Cada doador recebeu mensagem eletrônica de confirma-
pensação voluntária dessas emissões. ção da Caixa. Finalizado o processo de cancelamento
em relação ao Conselho Executivo do MDL, o doador
Essa ferramenta de compensação voluntária permi- recebeu um certificado nominal do CNO Rio+20 e
tiu aos participantes realizar doações, via cartão de do PNUD Brasil, atestando a integridade ambiental
débito ou de crédito, de recursos equivalentes para da compensação voluntária.
compensar suas respectivas emissões de GEE decorrentes
de transporte aéreo para o Rio de Janeiro. Para efetuar As equipes do CNO Rio+20, do PNUD Brasil e da
a compensação de 1 tCO2e, a doação correspondente CAIXA souberam superar as dificuldades operacionais
foi de R$ 10,00 (dez reais), valor equivalente a US$ 5,00 decorrentes do prazo muito exíguo para a implantação
(cinco dólares norte-americanos). dessa ferramenta inédita como segunda etapa (B) da
estratégia de compensação de emissões de GEE na
Um grupo de 30 voluntários foi especialmente trei- Rio+20 (veja na página anterior). Os resultados alcan-
nado pela Coordenação de Sustentabilidade do çados e o reconhecimento público e institucional au-
CNO Rio+20 para abordar delegados e demais partici- torizam a conclusão de que esse aspecto da estratégia
pantes no Riocentro, no Parque dos Atletas e na Arena de compensação de emissões de GEE pode ser con-
da Barra. Como se tratou de uma iniciativa pioneira, siderado um importante legado da Rio+20 e do Brasil
nessa etapa o objetivo principal foi promover a conscien- para outros eventos de qualquer porte ou categoria,
tização individual e pública dessa parte das emissões com grande potencial de replicação em futuras confe-
indiretas relacionadas ao evento. rências e reuniões das Nações Unidas.
34 Relatório Rio+20, o Modelo Brasileiro
35. A Secretária Executiva da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima, Christiana
Figueres, compensou as emissões de
GEE de toda a sua delegação.
Rápida e eficaz, a ferramenta digital criada para
a Rio+20 permitiu a compensação voluntária das
emissões de GEE decorrentes do transporte aéreo
dos delegados oficiais.
Durante os Diálogos Federativos, a Ministra Ideli
Salvatti compensou as emissões de GEE da sua
viagem aérea ao Rio de Janeiro.
Embora residente na cidade, o vice-prefeito do
Rio de Janeiro e secretário municipal de Meio
Ambiente, Carlos Alberto Vieira Muniz, fez questão
de contribuir para o êxito da iniciativa inédita.
logística e sustentabilidade 35
36. Coletores de resíduos sólidos feitos
de plástico verde disponibilizados
com sinalização educativa no
Parque dos Atletas, conforme o
padrão definido no Plano de Gestão
de Resíduos Sólidos da Rio+20.
Gestão dos O Departamento de Ambiente reutilização, reciclagem, tratamen-
resíduos sólidos Urbano do Ministério do Meio to e disposição final adequada.
O planejamento estratégico do Ambiente, a Companhia Municipal de A análise das peculiaridades dos
CNO Rio+20 e o apoio de diversas Limpeza Urbana do Rio de Janeiro – espaços oficiais geridos pelo
instituições parceiras revelaram-se COMLURB e a Gerência de Educação CNO Rio+20, a legislação vigente
fundamentais para a gestão adequa- Ambiental do Instituto Estadual do nas esferas federal, estadual e
da dos resíduos gerados na Rio+20. Ambiente – Geam/Inea contribuíram municipal e a realidade carioca
O compartilhamento de experiências para a elaboração do PGRS Rio+20 determinaram a estratégia de
permitiu desenvolver, em con- e para viabilizar a participação de adotar a coleta seletiva simplifi-
junto, um sistema eficaz baseado catadores de materiais recicláveis cada, organizada em quatro tipos
no respeito às características da como educadores ambientais e básicos de resíduos: recicláveis; não
realidade carioca. de suas cooperativas. Ao todo, recicláveis; compostáveis; e pilhas,
114 voluntários, 14 monitores, 69 celulares e baterias. Além da etapa
Para realizar a gestão de resíduos educadores ambientais e 22 coope- de realização da Conferência, foi
sólidos, a Coordenação de rativas constituíram grupo essencial considerada a geração de resíduos
Sustentabilidade do CNO Rio+20 para colocar em prática as ações nas etapas de montagem e desmon-
elaborou o Plano de Gestão de de monitoramento (leia mais sobre tagem de estruturas.
Resíduos Sólidos da Rio+20 – PGRS o Programa de Voluntariado e
Rio+20, gerenciando sua execução sobre os catadores educadores Os esforços para orientar a segrega-
nos espaços oficiais da Conferência no capítulo sobre acessibilidade ção adequada dos resíduos sólidos
sob responsabilidade do CNO Rio+20: e inclusão social). decorrentes das atividades da
Riocentro, Parque dos Atletas, Arena Rio+20 contaram, sempre que possí-
da Barra, Pier Mauá, Galpão da O PGRS Rio+20 fundamentou-se vel, com a sinalização dos coletores
Cidadania, Museu de Arte Moderna na Política Nacional de Resíduos em português e inglês. No descarte
e auditório anexo ao MAM. Sólidos, instituída pela Lei de resíduos sólidos recicláveis, foram
nº 12.305/10, enfatizando modelo utilizados lixeiras azuis e sacos
de gestão que consolidasse a transparentes e, para recolhimento
hierarquia de não geração, redução, dos não recicláveis, lixeiras cinzas e
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