1. ENTREVISTA
Entrevista com
Jon "maddog" Hall,
da Linux Internacinal
ENTREVISTA
Entrevista com
http://revista.espiritolivre.org | #008 | Novembro 2009 Danilo Rodrigues César,
do Projeto Robótica Livre
Comunidades e
Movimentos Livres
CAPA COTIDIANO UBUNTU 9.10
Colaborativos... Cuidado com o "teco" Conheças as novidades
Até que ponto?! em informática deste release
3. EDITORIAL / EXPEDIENTE
EXPEDIENTE
Só no movimento... Diretor Geral
João Fernando Costa Júnior
A cada mês, uma vitória. Este não poderia ser diferente. Mesmo quando
muitos acham que estamos cansados a ponto de desistir eis que despontamos Editor
em mais uma edição de qualidade, como os leitores por si só comentam. Esta João Fernando Costa Júnior
edição da Revista Espírito Livre traz como tema de capa Comunidades e
Movimentos Livres, apresentando aos leitores um pouco mais sobre este tema Revisão
tão vasto. Tivemos contato com diversas comunidades que se prontificaram a Pamella Castanheira
apresentar suas histórias, seus cases, sua visão em matérias que demonstram Tatiana Al-Chueyr
o real valor e pontencial destas que iniciativas que arrastam exércitos e
movem montanhas. Nossos agradecimentos a estes redatores convidados. Arte e Diagramação
João Fernando Costa Júnior
Como as comunidades de software livre se manifestam? Como se
apresentam diantes da rede? Será que ao constituir uma comunidade tudo Capa
será mil maravilhas? Tentamos, através de várias matérias, apresentar as res- Carlos Eduardo Mattos da Cruz
postas consisas e focadas sobre estas e muitas outras indagações que permei-
am as comunidades de software livre/código aberto. Contribuiram nesta edição
Alex Sandro Gomes
Tivemos a honra de trazer como entrevistado principal Jon "maddog" Alexandre Oliva
Hall, considerado por muitos um exemplo de vida, superação e engajamento Ana Luiza de Souza Rolim
no movimento do software livre. Maddog "peregrina" em diversos eventos por Andre Gondim
todo o mundo e sempre está alí disposto para mais aquela foto e para um bom Andressa Martins
papo sobre novas tecnologias. Ele muito prontamente respondeu aos Bruno de Sousa Monteiro
questionamentos passados pela equipe da revista, respondendo com bom Cárlisson Galdino
humor sem igual! Danilo Rodrigues, do Projeto Robótica Livre também Cezar Taurion
conversou com nossa equipe e explicou um pouco mais sobre este Clayton Lobato
interessante projeto. Danilo Rodrigues César
Fernando Leme
Tivemos ainda novas participações em nossa equipe. Fernando Leme
Filipe Saraiva
estava para fazer parte do corpo editorial e nesta edição ele aparece com Gleibson Rodrigo Silva de Oliveira
falando sobre as armadilhas do mercado. João Marcello também foi uma grata Hailton David Lemos
surpresa... Ele começa sua participação na revista apresentando um case bem Ivanildo José de Melo Filho
interessante sobre o "teco" de informática. Clayton Lobato é outro que estava João Marcello Pereira
para entrar em nossa equipe já a algum tempo, mas diversos fatores sempre Jomar Silva
atrapalhavam. Pois bem Clayton participa dessa edição com um assunto Jon "maddog" Hall
polêmico sobre as comunidades. José James F. Teixeira
Continuamos uma nova coluna do Cárlisson, a Warning Zone, que Luiz Eduardo Borges
apresenta uma perspectiva diferente sobre a narração da história em questão. Mônica Paz
Vale a pena conferir. Wagner Emmanoel, da Fuctura, apresenta ainda um Otávio Gonçalves de Santana
Pamella Castanheira
review bem interessante sobre a mais nova versão do Linux para as massas, o
Paulo de Souza Lima
Ubuntu 9.10 Karmic Koala.
Roberto Salomon
O pessoal da ASL e do Ubuntu-BR também participaram enviando Rodrigo Carvalho
materiais, enriquecendo ainda mais a publicação. Já os colunistas fixos tais Rosângela S. Carvalho
como Alexandre Oliva, Cezar Taurion, Sinara Duarte, Jomar Silva, Filipe Sinara Duarte
Saraiva, Luiz Eduardo e aos tantos outros que de alguma forma participaram Stefanie Silveira
desta edição, meus sinceros agradecimentos! Tatiana Al-Chueyr
Wagner Emmanoel
A revista continua premiando os leitores que nos acompanham pelo Wallisson Narciso
Twitter, Identi.ca e demais veículos, então fique atento, pois novas promoções Wanny Figueiredo
sempre estão pipocando nestes lugares. Também fiquem atentos ao site ofici- Wesley Samp
al da revista [http://revista.espiritolivre.org], tem sempre novidade por lá. Yuri Almeida
Agradecemos a todos que não foram citados acima e continuamos a
Contato
convidar cada vez mais o leitor a participar do processo de
revista@espiritolivre.org
criação da revista. Quer saber como ajudar? Entre em
contato, contamos com você!
O conteúdo assinado e as imagens que o
integram, são de inteira responsabilidade
de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
João Fernando Costa Júnior opinião da Revista Espírito Livre e de
seus responsáveis. Todos os direitos
Editor sobre as imagens são reservados a seus
respectivos proprietários.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03
4. EDIÇÃO 008
SUMÁRIO
CAPA
27 Colaboração no mundo dos
negócios
Veja como isto é possível
Entrevista com
30 Difundindo ideias em busca
de uma sociedade livre Jon "maddog"
Ideias em movimento...
Hall
33 Das armadilhas do mercado
Tome cuidado...
PÁG. 22
35 Um site de rede social para a
comunidade de software
livre do Brasil
Socializando...
38 Colaborativos... Até que Entrevista com
ponto?!
Perguntinha difícil esta Danilo Rodrigues,
do projeto
41 O que faz uma comunidade
forte
Anota a receita!
Robótica Livre
43 Ubuntu-BR
Comunidade do Ubuntu no Brasil
PÁG. 59
COLUNAS
11 A Distopia do Remoto
Controle
Eu vejo tudo enquadrado...
15 Warning Zone
Episódio 2 - Reset
93 AGENDA 06 NOTÍCIAS
18 Open Source e Serviços
O Open Source já deixou de ser notícia...
20 Participação e Comunidade
Vivemos em comunidade...
5. FORUM EM DEBATE
45 Ética em informática
Você tem?
62 Paciente informado e web 2.0
Vai um remedinho aí?
48 O Desenvolvimento da
Computação e das Redes -
Parte 3
REVIEW
Uma nova forma de distribuição cultural
65 Novidades do Ubuntu 9.10
Lá vai o Karmic Koala...
51 Por que o cidadão
consciente deveria optar
pelo software livre - Parte 1
Introdução e uma pitada de história e COTIDIANO
filosofia
70 Cuidado com o "teco" em
informática
TECNOLOGIA Te pega daqui, te pega de lá...
55 Qual é a importância dos
padrões abertos para o SOFTWARE PÚBLICO
software livre?
Pensando na coletividade 73 Amadeus
Interação para educação a distância
ENTREVISTA
EDUCAÇÃO
59 Entrevista com Danilo
Rodrigues César
Projeto Robótica Livre
79 Software Livre e Ciências
A química perfeita!
EVENTOS
84 8ª Oficina para Inclusão
Digital - Belo Horizonte/MG
Release sobre o evento
86 Ekaaty na Feira dos
Formandos 2009 -
Salvador/BA
Relato do evento
08 LEITOR 10 PROMOÇÕES 88 Eventos sobre Software
Público - Brasília/DF
Relato do evento
QUADRINHOS
Os Levados da Breca
91 Nanquim2 - Helpdesk
Agenda Lotada
6. NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior
Go: a linguagem de programação do Google Startup Litl lança "webbook" baseado em
O Google apresentou recen- Linux
temente seu mais novo proje- A startup Litl, funda-
to: a nova linguagem de da uns dois anos
programação Go. Buscando atrás, lançou enfim
resolver alguns problemas seu primeiro produ-
encontrados em outras lin- to: um “webbook”,
guagens já existentes, o Goo- ou seja, um notebo-
gle anuncia que GO é: ok voltado para o
simples, rápida, tem compila- uso da web. Seguin-
ções e builds em frações de segundo (com códi- do a filosofia de que
go compilado executado a velocidades “menos é mais”, o sistema operacional e o
semelhantes às do C/C++), segura (quanto os ti- hardware foram simplificados para não ficar en-
pos de dados e no acesso à memória), concor- tre o usuário e a internet. Uma das característi-
rente (preparada para a execução de milhares cas mais interessantes do webbook é a
de rotinas sem problemas de stack overflows), di- possibilidade de dobrar o teclado para trás da te-
vertida (une as vantagens de uma linguagem de la, de forma que a ser possível apoiar o notebo-
programação dinâmica à velocidade e seguran- ok “em pé” sobre armários em qualquer lugar da
ça de uma linguagem estática e é claro... open casa. Mais informações no site oficial
source. Existe um vídeo bastante rico em infor- http://www.litl.com.
mações no site oficial, bem como tutoriais.
Fundador do KDE recebe condecoração na
Firefox completa 5 anos Alemanha
Há 5 anos atrás, a versão O fundador do KDE, Matthi-
1.0 do browser Firefox era as Ettrich, foi condecorado
disponibilizada para downlo- na Alemanha com a Cruz
ad pela Mozilla Organizati- Federal de Mérito, por sua
on. Um browser open contribuição ao Software Li-
source que, além de ser rá- vre. A Cruz Federal de Méri-
pido e prático, permitia ao to é a mais prestigiosa,
usuário alterá-lo conforme assim como a única decoração geral entregue
suas necessidades. O resultado é que ao fim de pela República Federal da Alemanha. É outorga-
5 anos, já na sua terceira versão, o Firefox con- da pelo presidente para as destacadas realiza-
ta com 24% da quota de mercado mundial, ten- ções nas diferentes esferas política, econômica,
do já superado o número de usuários do cultural e outros. Ettrich começou no projeto
Internet Explorer 6. KDE a 13 anos. Mais informações em:
http://dot.kde.org.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06
7. NOTÍCIAS
Lançado Mandriva 2010 nas a interface, a biblioteca que faz a comunica-
Foi lançado o Mandriva ção ou se o conjunto todo será aberto. O
2010, que traz programas re- anúncio pode ser conferido aqui: http://sha-
centes e algumas outras novi- re.skype.com/sites/linux/2009/11/skype_open_-
dades. Existem melhorias source.html.
no que diz respeito ao tem-
po necessário para o boot, Lançado OpenSUSE 11.2
que ficou um pouco mais rápi-
do. A versão ainda conta Acaba de ser lançada a
com os ambientes KDE e Gnome disponíveis versão 11.2 do OpenSU-
nas versões 4.3.2 e 2.28.1, respectivamente. Es- SE, a distribuição Linux
ta versão ainda conta com o LXDE, um ambien- patrocinada pela Novell,
te mais leve, destinado a PCs mais antigos ou que conta com kernel
lentos. Mais informações em http://wiki.mandri- 2.6.31, KDE 4.3, sistema
va.com/en/2010.0_Tour. de arquivos ext4 como
default, GNOME 2.28, entre outras novidades.
Screenshots e detalhes podem ser vistos em:
Curso online gratuito de Metasploit http://pt.opensuse.org/OpenSUSE_11.2.
Excelente curso online gratui-
to sobre como utilizar a fra- Yahoo! doa seu Traffic Server à Fundação
mework Metasploit. A Apache
Metasploit Framework (MSF)
é considerada como uma das O Yahoo! decidiu publicar o
melhores ferramentas de audi- código do Traffic Server,
toria livres que existem para os profissionais de uma plataforma que eles
segurança atualmente. Para saber mais visite: mesmos desenvolveram
http://www.offensive-security.com/metasploit-un- para gerenciar o tráfego de
leashed/. seu webmail e outros serviços web. Entre outras
coisas, a plataforma se encarrega do caching,
processamento e balanceamento de carga no
Skype open source para Linux Yahoo!, além disso é utilizado para gerenciar o
Os desenvolvedores do Sky- tráfego nos serviços de virtualização de
pe anunciaram que preten- armazenamento interno do Yahoo!
dem lançar o cliente Skype
para Linux como open sour-
ce. O anúncio não deixa claro
se o que será aberto será ape-
Quer contribuir?
Então participe entrando em contato através do email
revista@espiritolivre.org
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07
8. COLUNA DO LEITOR
EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu
Ainda não teve seu comentário publicado por matérias voltadas para educação. Parabéns pe-
aqui? Então o que está esperando?! Envie sua lo trabalho...
mensagem e ajude a revista a ficar ainda me- Kilson Araujo Lima Junior - Fortaleza/CE
lhor! Contribua, enviando suas sugestões e críti-
cas. Abaixo listamos alguns comentários que Eu acredito que ela é a representação da liber-
recebemos neste mês: dade e da solidariedade que que habita em ca-
da ser que usa o software livre.
É uma revista muito interessante, onde tratam Carlos Alberto Lages - Santarém/PA
de assuntos relacionados a tecnologia (software
livre) e cultura de uma forma muito dinâmica. Acho a revista otima, com otimos topicos e as-
Gosto muito. suntos sempre interessantes, espero algum dia
Geysa Galvão - Jaboatão dos Guararapes/PE poder participar e ajudar presentemente com a
revista.
A melhor revista sobre Software Livre da Améri- Wagner Gonçalves - Rio de Janeiro/RJ
ca Latina.
Diemesleno Carvalho - Campo Grande/MS Atualmente, a revista tem conquistado seu espa-
ço na comunidade de software livre. Particular-
Revista show de bola... Oferece conteúdo de mente, despertei interesse na revista assim que
qualidade e mantém o espírito livre até na forma acessei o site pela primeira vez e a cada lança-
de distribuição do material. mento é grande a expectativa para ler as matéri-
Filipe Seiti Nakamura - São Paulo/SP as. Parabéns!
Josué José Júnior - Lauro de Freitas/BA
Eu adoro ler a Revista Espírito Livre, assim, pos-
so me manter informada do que ocorre no mun- A melhor iniciativa que conheço, acompanho
do da informática de uma forma muito fácil e desde a primeira edição, e assim que tiver expe-
agradável. riência para falar ou ensinar alguma coisa pode-
Fátima Aparecida Tagliaferro - Mogi Mirim/SP rão contar com a minha contribuição. Sou
usuário linux a 4 anos e não troco nem se me
Uma ótima fonte de informação, de um mundo pagarem! Faço propaganda de todas as edi-
que precisa muito que as pessoas tenham co- ções da revista na faculdade e levo a "boa no-
nhecimento. va" do software livre aonde posso, profetizando
Janayna Alves Rocha - Palmas/TO uma era em que seremos todos livres e não fica-
remos mais acorrentados as "janelas".
Gostei muito da revista, bem ilustrada, abrange Luiz F. Silva - São Bernardo do Campo/SP
assuntos bem diversificados. Gostei muito das
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08
9. COLUNA DO LEITOR
Acho a revista espirito livre uma revista muito diversificado, atendendo a diversos nichos. A in-
boa para minha área e tambem para a profissão teração com leitores -- como não poderia deixar
pois com ela consegui tirar algumas dúvidas de- de ser nessa seara! -- é valorizada, agregando
cisivas. uma qualidade essencial para uma revista de
Alessandro Marchi Panccione - Caçador/SC software livre. Toda a equipe editorial está de
parabéns!
Revista de conteúdo técnico de alta qualidade. Fábio Malagoli Panico - Ribeirão Preto/SP
Indo ao encontro dos profissionais de TI; princi-
palmente aqueles adeptos do software livre. A Espírito Livre, ajuda não só a mim, mas tam-
Sérgio Adão da Silva - São José/SC bém todos os meus amigos alguns até que não
são da área de informática. Ajudo divulgando a
Acho deveras interessante a Revista Espírito Li- revista na minha rede de contatos para que os
vre. Ela de fato me orienta nos diversos estudos mesmos possam ter um conhecimento com fon-
que tenho feito a respeito de softwares. Todos tes confiavéis e de boa base.
que estão ligados ao processo de produção da Diogo Alvez P. da Silva - Belo Horizonte/MG
mesma estão de parabéns!
Janine Louise Brioude - Belo Horizonte/MG A revista pode ser resumida em uma palavra:
F@NTÁSTIC@!!
Tem pouco tempo que leio a revista. Recebi a in- Alexandro Sousa dos Santos - Araguaína/TO
dicação de uma amiga, pois precisava pesqui-
sar sobre Wikis. A revista é muito bacana e A revista espírito livre é um excelente canal de
trata de forma clara assuntos que antes conside- informação para a disseminação da cultura e co-
rava de 'setes cabeças'. Parabéns a toda equi- nhecimento da comunidade de software livre
pe. brasileira.
Anderson B. dos Santos - Belo Horizonte/MG Odair Rubleski - Nova Trento/SC
Conheci a revista há pouco tempo, desde então Acompanho a revista, desde sua 2ª edição. Re-
tenho utilizado bastante seu conteúdo e tam- comendo ela a todos meus amigos que gostam
bém divulgado para outros educadores. Ela opor- de Software Livre. A última edição estava ótima,
tuniza uma atualização constante sobre como tem sido desde a sua 1ª edição, aprecio
software livre, o que eu acredito ser muito impor- muito o trabalho. Quando me perguntam o que
tante. é a Revista Espírito Livre, respondo: Uma Revis-
Ana Paula Leme Baptistella - São Paulo/SP ta de qualidade, que ajuda a divulgar o Software
Livre, e que está no mesmo nível de outras
A Revista Espírito Livre é a publicação que falta- grandes revistas de informática e tecnologia do
va no mercado brasileiro. Agora que o modelo Brasil, com a grande vantagem de ser gratuita.
de produção open-source começa a ser percebi- Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC
do como um campo com vasto potencial, sendo
até mesmo "transportado" para outras áreas do Revista dinâmica que prende o leitor do início
conhecimento, carecia uma revista que trouxes- ao fim, mas mantendo-o livre nas páginas do co-
se, como faz a Espírito Livre, com competência nhecimento.
e ludicidade, material de leitura e atualização pa- Adriano euclides m Gomes - Maceió/AL
ra os entusiastas (profissionais ou amadores)
do software livre. A diagramação é muito bonita, Uma ótima revista pois é feita de/para pessoas
moderna e prática, o conteúdo sempre muito in- que apóiam e utilizam software livre.
teressante e de excelente qualidade é bastante Nathan Scapini - Erechim - RS
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09
10. PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES
PROMOÇÕES
Na edição #007 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções bem como promoções através
de nosso site e canais de relacionamento com os leitores, como o Twitter e o Identi.ca, onde
sorteamos diversos brindes, entre eles associações, kits, cds, inscrições a eventos e camisetas.
Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma das promoções. Fique ligado!
Ganhadores da Promoção VirtualLink:
1. Robson Ferreira Vilela - Prata/MG
2. Daniel Gianni - Ribeirão Preto/SP Ganhadores da promoção SOLISC 2009:
3. Marco Aurélio Capela - Ananindeua/PA
4. Alexandre da Costa Leite e Silva - São Gonçalo/RJ 1. Kaléu Puskas Caminha - Florianópolis/SC
5. Tomas Waldow - Guaíra/PR 2. Carlos A. de Freitas - São José dos Campos/SP
3. Yuri dos Santos Radziwill - Blumenau/SC
4. Rodigo Carvalho Silva - Rio de Janeiro/RJ
Ganhadores da promoção PHP Conf: 5. Rafael Schmidt Sampaio - Florianópolis/SC
6. Luiz Alberto Avelino Filho - Uberlândia/MG
1. Diogo Freitas - São Paulo/SP 7. Kelvin Pinho da Silva - Rio Branco/AC
2. Gabriel da Silveira Costa - Carapicuiba/SP 8. Daniela Barbosa de Oliveira - Cuiaba/MT
3. Alberto Barbi Brescia - Belo Horizonte/MG 9. Nathan Scapini - Erechim/RS
4. Marcos P. Gonçalves de Moura - Guaratinguetá/SP 10. Thiago Corbari Feldhaus - Caçador/SC
5. Kaio Rocha Ribeiro - Goiânia/GO 11. Marcoantonio Gemelli - Lages/SC
12. Leandro Amaral - Biguaçu/SC
13. Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC
Ganhadores da promoção Clube do Hacker: 14. Odair Rubleski - Nova Trento/SC
15. Jurandir R. da Silva - Francisco Morato/SP
1. Ricardo Esteves Pontes - Campinas/SP
2. Jardel Segalla Flores - São Leopoldo/RS
3. Allan Denis Muniz Alves - Atalaia/AL
A organização do GOPHP e a Revista Espírito Livre estarão sorteando 3
inscrições entre os leitores. Basta se inscrever neste link e começar a torcer!
A promoção continua! A VirtualLink em parceria
com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever
neste link e começar a torcer!
Não ganhou? Você ainda tem chance! O
Clube do Hacker em parceria com a Revista
Espírito Livre sorteará associações para o
clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10
11. COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
A Distopia do Bar
tek
Am
Remoto Controle
broz
ik - sx
c.hu
Por Alexandre Oliva
Muito já se falou e escreveu sobre o risco
de ceder controle sobre seu computador a al-
guém potencialmente mal intencionado. A confi-
Meu amor cadê você? ança cega que alguns depositam em
Eu acordei fornecedores de software privativo dificulta a
Não tem ninguém ao lado... aceitação da plausibilidade do risco, mas fatos
recentes corroboram o perigo, mostrando que
nem só de más intenções se o constrói.
Pela janela do quarto Veja o caso da Amazon.com. Vendeu mi-
Pela janela do carro lhares de cópias da distopia orwelliana 1984,
restritas ao seu leitor portátil de livros eletrôni-
Pela tela, pela janela cos, antes de descobrir que tal distribuição não
Quem é ela? Quem é ela? fora autorizada. Presumivelmente por receio das
Eu vejo tudo enquadrado perdas que sofreria numa disputa e provável der-
rota judicial, achou por bem interromper as ven-
Remoto controle... das da obra e cancelar as vendas já concluídas:
comandou os equipamentos que carregavam có-
pias da obra a que as removessem imediata-
-- Adriana Calcanhotto, em Esquadros
mente. Para usar o termo escolhido pelo próprio
fabricante para batizar o produto, ateou fogo nos
livros. É capaz disso porque mantém controle re-
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |11
12. COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
Fornecedores de progra-
mas que funcionam através da In-
Fornecedores de ternet, por exemplo, podem
determinar, a cada acesso ao
programas que funcionam serviço, qual versão do progra-
ma executar ou oferecer ou não
através da Internet, por exemplo, para o usuário. Computadores
podem determinar, a cada acesso possuídos pelo Microsoft Win-
dows também consultam seu
ao serviço, qual versão do mestre todos os dias, e podem
ser comandados a instalar atuali-
programa executar ou oferecer ou zações sem sequer avisar ao
usuário. O mesmo pode aconte-
não para o usuário... cer com computadores possuí-
dos por qualquer outro software
Alexandre Oliva privativo, seja sistema operacio-
nal, seja aplicativo. Não podendo
moto sobre esses equipamentos que suposta- estudar o código fonte, adaptá-lo às próprias ne-
mente já não mais lhes pertencem. Curioso é cessidades e preferências ou contar com a aju-
que, etimologicamente, a palavra “remòto” pro- da de terceiros à sua escolha para fazê-lo,
vém justamente do particípio passado do verbo usuários podem classificar software privativo em
“removère”, remover. A obra foi “remòta” remota- dois grupos: os que sabidamente estão sob con-
mente, clientes reclamaram, Amazon.com trole remoto de seus mestres e os que talvez es-
prometeu não fazer mais, mas o prospecto de tejam. Todo software privativo carrega o risco
que fatos semelhantes se repitam é cada vez me- de que o fornecedor decida ou seja obrigado a
nos, digamos, remoto. dar uma, digamos, amazoneada orwelliana no
Há semelhanças com o caso da nVidia, le- programa. O usuário acorda no outro dia e des-
vada ao tribunal e condenada pela implementa- cobre que sua amada funcionalidade não está
ção de uma otimização nos chipsets que mais ao seu lado.
desenvolveu para diversas placas mãe. Não con- Pode ocorrer de o usuário se ver impedido
seguiu obter permissão para uso da tecnologia, de acessar seus próprios dados, sem aviso pré-
então acabou tendo de fazer todo o possível pa- vio. A empresa canadense i4i, por exemplo, pro-
ra desabilitar a otimização, até nas placas que cessou a Microsoft por uso de algumas técnicas
já estavam nas mãos de clientes. Precisou con- de representação de dados em formato XML, en-
vencer todos os fabricantes de placas mãe com tendendo que o Microsoft Word praticava essas
os chipsets otimizados a preparar e publicar “atu- técnicas. Microsoft foi multada e proibida de co-
alizações” da BIOS que impediriam o uso da oti- mercializar o Word nos EUA. Cabe recurso, mas
mização. Ante o risco jurídico, foi fácil o juiz até que foi complacente. Poderia ordenar
convencê-los a também remover as versões anti- que a Microsoft fizesse tudo que estivesse ao
gas que o permitiriam. Diversos usuários manti- seu alcance para que usuários em qualquer lu-
veram o bom desempenho de seus gar do mundo não mais pudessem se valer des-
equipamentos evitando a atualização. Felizmen- sas técnicas desenvolvidas e distribuídas a
te para eles, a nVidia não tinha mecanismos à partir dos EUA pela Microsoft. Ela teria de utili-
sua disposição para providenciar a remoção re- zar sua porta dos fundos em cada computador
mota da funcionalidade. Mas há quem tenha... possuído pelo Windows para forçar a atualiza-
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |12
13. COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
ção do Word para uma versão sem essas funcio- mo última atualização silenciosa a remoção da
nalidades. Verdade seja dita, não seria um gran- funcionalidade, baseada em plugins do navega-
de desastre: com algum esforço da Microsoft, dor, que permitiria receber outras atualizações?
continuaria possível abrir arquivos OpenXML, ain- Quantos conseguirão ler na Internet as notícias
da que com alguma perda. Mas outras patentes a respeito, antes de terem os navegadores infra-
poderiam ser tão amplas a ponto de exigir a re- tores silenciosamente “remòtos” de seus compu-
moção de todo o suporte a um determinado for- tadores?
mato de arquivos, deixando usuários cujos Patentes de software são uma péssima
computadores são controlados remotamente ime- ideia, como já previa o visionário Bill Gates em
diatamente incapazes de acessar os dados que 1991. Enquanto a Corte Suprema dos EUA ten-
assim armazenaram. O pior é que não parece ta por um fim à distorção de decisões anteriores
que juízes ou titulares de patentes estejam incli- que deu margem a essa aberração, o órgão res-
nados a se preocupar com os usuários e, dados ponsável por receber pedidos de patentes no
os termos típicos de licenciamento de software Brasil se empenha em desprezar nossa lei e im-
privativo, haveria pouquíssimas possibilidades portar a interpretação distorcida, impondo um
para demandar do fornecedor sequer reparação enorme risco desnecessário e daninho a todos
pela perda de funcionalidade. os desenvolvedores, distribuidores e usuários
Há outro caso aterrorizante, que materiali- de software do país.
za os piores pesadelos de Tim Berners-Lee. A Mesmo revertidos esses desmandos, o ris-
empresa americana Eolas obteve patente sobre co aqui exposto permaneceria enquanto fornece-
plugins para navegadores, processou a Micro- dores mantiverem o poder de controlar
soft em 1999, teve a patente anulada em 2004, remotamente os computadores de seus usuári-
reverteu a anulação em 2005 e acabaram che- os. Mesmo sendo bem intencionados, havendo
gando a um acordo judicial em 2007, permitindo qualquer munição jurídica capaz de levar um
à Microsoft reativar facilidades que desativara pa- juiz a ordenar que façam tudo que estiver ao
ra contornar a patente. Eolas teve recentemente seu alcance para evitar que usuários se valham
outra patente concedida nos EUA, agora sobre de certas funcionalidades de programas que de-
tecnologias AJAX, aquelas que tornam páginas
web interativas sem precisar de
plugins. Armada dessas paten-
tes, processou Google, Yahoo,
Apple, Sun, Amazon.com, Citi-
group, JPMorgan, eBay, Go
Daddy, Playboy, YouTube e ou-
Quantos
tras 14 empresas. Quantas delas conseguirão ler na Internet as
cederão às ameaças e pagarão
pela proteção para usar essas notícias a respeito, antes de terem
tecnologias para servir seus cli-
entes? Quantas resistirão, tentan- os navegadores infratores
do invalidar ou contornar as
patentes, correndo o risco de se- silenciosamente “remòtos” de
rem obrigadas, por ordem judici-
al, a puxar o tapete dos clientes?
seus computadores?
Quantos clientes desprevenidos
cairão? Quantos receberão co- Alexandre Oliva
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13
14. COLUNA · ALEXANDRE OLIVA
les receberam, podem ser obrigados a usar o * http://homembit.com/2009/10/openxml-who-fooled-
controle remoto de maneira daninha aos usuári- who.html
os e a si mesmos. Ainda que não reconheça- * http://arstechnica.com/tech-policy/news/2009/10/compa
mos patentes de software ou outros poderes de ny-that-won-585m-from-microsoft-sues-apple-google.ars
exclusão injustos, um juiz remoto pode dar a or- * http://en.wikipedia.org/wiki/Eolas
dem na origem do software e afetar usuários no * http://www.groklaw.net/article.php?story=20091002212
mundo inteiro. 330353
* http://www.groklaw.net/staticpages/index.php?page=
Fornecedores de software e hardware, pe-
2009022607324398
lo seu próprio bem, deveriam deixar de manter
controle remoto sobre os computadores de seus
clientes. Nós, usuários, não deveríamos jamais
ceder o controle sobre nossos computadores e
dados, exorcizando o software privativo que os
Copyright 2009 Alexandre Oliva
possui: utilizando somente Software Livre, do
qual nosso controle não é “remòto”, escapamos
Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste
do enquadramento. “Quem é ela? Quem é
artigo são permitidas em qualquer meio, em todo o
ela?”, que vislumbramos cortada e destroçada
mundo, desde que sejam preservadas a nota de
nas telas e janelas de quartos e carros do e-mun-
copyright, a URL oficial do documento e esta nota de
do distópico do remoto controle? Seu nome é Li-
permissão.
berdade! Ame-a e cuide para não acordar um
dia e descobrir que ela foi, tipo assim, “remòta”!
http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/distopia-do-
remoto-controle
Para mais informações:
* http://letras.mus.br/adriana-calcanhotto/43856/
* http://www.theregister.co.uk/2009/07/18/amazon_
removes_1984_from_kindle/
* http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=
106989048
* http://www.defectivebydesign.org/blog/1248
* http://www.fsf.org/news/amazon-apologizes
* http://www.etimo.it/?term=remoto
* http://www.nforcershq.com/forum/bios-update-warning-
t72851.html
* http://www.dvhardware.net/article30967.html
* http://www.ngohq.com/news/14892-nvidia-forced-to-
disable-chipset-pci-prefetch.html
* http://fsfla.org/blogs/lxo/pub/isca-anzol-rede
* http://www.findmysoft.com/news/Microsoft-Pushes-
Windows-Updates-without-User-Permission/ ALEXANDRE OLIVA é conselheiro da
* http://www.fsf.org/blogs/rms/mac-osx-mistakes-and- Fundação Software Livre América Latina,
mantenedor do Linux-libre, evangelizador
malfeatures do Movimento Software Livre e engenheiro
* http://news.bbc.co.uk/2/hi/8197990.stm de compiladores na Red Hat Brasil.
Graduado na Unicamp em Engenharia de
* http://www.groklaw.net/article.php?story=20090817235 Computação e Mestrado em Ciências da
436439 Computação.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14
15. COLUNA · CÁRLISSON GALDINO
Por Carlisson Galdino
No episódio anterior, um acidente na
instalação da SysAtom Technology termina
fazendo com que o vírus ationvir, que vinha
sendo desenvolvido na empresa, infecte a
equipe de trabalho. Darrell e Pandora fogem,
enquanto os outros se reúnem com Oliver para
ouvir seu plano de dominação global.
Episódio 02 -
Reset
Tungstênio: Agora vocês vão ouvir o meu
plano de dominação global! Bwahahahaha!
Seamonkey: ?
Minotaur: Tá, chefe. Mas o que é que é pra
fazer com o refém? Eu trouxe esse sujeito aqui.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |15
16. COLUNA · CÁRLISSON GALDINO
Ele diz que se chama Nazareno. Darrell: Calma, Pandora. Temos que entender
porque sua voz está assim. Parece até que
Tungstênio: Não importa o nome dele. Ele foi engoliu um plugin do XMMS.
trazido pra cá pra fazermos testes sobre
infecção do ationvir em novos contágios, não Pandora: Muito engraçado você. Fica assim
lembra? Isso ficou bem claro no capítulo porque não aconteceu nada com você. Eu vi lá:
anterior, droga! Arsen! Ou melhor, Montanha! nossos colegas viraram monstros! Você não viu?
Cuide disso pra mim, tá?
Darrell: O que quer que tenha acontecido nos
Montanha: Pois não chefe. Louise, me ajuda? transformou. Eu tenho algumas habilidades
especiais agora.
Tungstênio: Que Louise?! Ela escolheu o nome
dela! É Seamonkey! Chame ela de Seamonkey Pandora: Ah, é? Como é que você sabe? Tava
então, ué! Será que nem vocês leram o primeiro no changelog do Darrell 2.0? O da Pandora 2.0
episódio desta história!? estava vazio! Quem me programou é muito
preguiçoso ou eu não tenho importância
Seamonkey: Tá, muito bonito tudo isso, mas mesmo...
tem um problema.
Darrell: Você sabe que você é importante, né
Tungstênio: E o que foi agora? Pandora? É importante pra mim.
Seamonkey: Vamos fazer testes como!? Já viu Vamos deixar os dois pombinhos se acertando
onde a gente tá? e voltar nossa atenção para a sede da SysAtom
Technology. Antigamente, uma das grandes
Só então Oliver se dá conta de que o prédio da empresas de tecnologia do Brasil. Hoje, só...
Sysatom não existe mais. Está tudo em ruínas. Bem... Hoje...
Minotaur: Ainda tem o projeto da casa pra Tungstênio: Acho que ficou bom!
gente recompilar? Kkkkkk!
Seamonkey: Ficou uma merda!
Tungstênio: Vamos pensar em alguma coisa
nós três. Seamonkey, vá vendo o que pode Montanha: E o que você queria? Quem não
fazer com esse sujeito aí. ajudou não tem direito de reclamar não. Fique
calada que calada ainda tá errada.
Pandora: Ó, a gente devia ir ver o que está Minotaur: Pô, eu achei massa!
acontecendo com eles, Bem! Que será que está
havendo lá? Seamonkey: Tá parecendo... Uma cabana de
índio, só que feita de ferro!
Darrell: Não faço idéia. E temos que entender
também o que está havendo conosco. Minotaur: Ué, por isso que ficou legal!
Pandora: É mesmo, né? E minha voz desse Seamonkey: Espero que a Pandora não veja
jeito... Vou chorar! isso...
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |16
17. COLUNA · CÁRLISSON GALDINO
Minotaur: Designers... Tudo um bando de Darrell: ...ou qualquer coisa parecida com isso.
fresco, isso sim!
Minotaur: Ei, Louise!
Tungstênio: Que Pandora? Chamem pelo
codinome! Seamonkey: Se o Oliver vir você me chamando
pelo nome vai ficar doido contigo.
Seamonkey olha pra Tungstênio com cara de Minotaur: Pior é você chamar o nome dele. Ei,
raiva, com o canto dos olhos. Seamonkey não é um nome do Mozilla?
Seamonkey: É. É como ficou conhecida a suíte
Seamonkey: E qual é? de navegação que antes se chamava Mozilla
Suite.
Tungstênio: É mesmo. Não sabemos. Onde ela
está? E o Darrell? Precisamos deles agora! Minotaur: Ah... E não dá problema?
Temos que saber como vamos chamá-los!
Seamonkey: O quê?
Os fortes raios do Sol bahiano já se
enfraquecem na segunda metade da tarde Minotaur: Sei lá, usar o nome deles!
quando Darrell e Pandora se aproximam da
sede. E o que eles encontram é... Bem... Seamonkey: Se der, pior é seu caso.
Darrell: PQP! Como diria Valdid: que peste é Minotaur: Como assim?
isso?
Seamonkey: Minotaur é como o Thunderbird
Pandora observa espantada a estranha era conhecido antes.
construção
Minotaur: Era? Mas não são mais, então tá
Darrell: Vamos? liberado pra eu usar!
Pandora permanece em estado de choque. Seamonkey: Não. Eles mudaram de nome
porque foram processados.
Darrell: Ei!!! Minha flor, vamos indo?
Minotaur: Que merda! Preciso mudar de nome
Pandora: Eles... Eles... antes que seja tarde demais!
Darrell: É, eles fizeram uma casa nova usando
chapas de ferro e cabos de aço.
CARLISSON GALDINO é Bacharel em
Pandora: Eles... Ciência da Computação e pós-graduado
em Produção de Software com Ênfase
em Software Livre. Já manteve projetos
Darrell: Vamos, não podemos ser vistos. como IaraJS, Enciclopédia Omega e
Temos que encontrar uma janela. Losango. Hoje mantém pequenos
projetos em seu blog Cyaneus. Membro
da Academia Arapiraquense de Letras e
Darrell para por uns instantes. Artes, é autor do Cordel do Software
Livre e do Cordel do BrOffice.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |17
18. COLUNA · CEZAR TAURION
Open Source e Serviços
Por Cezar Taurion
Wagner Magni - sxc.hu
Open Source já está dei- res, um crescimento de 25%
xando de ser notícia de mídia. sobre o ano anterior. Em 2013,
Não que o assunto tenha se es- as previsões são que alcan-
gotado, mas é que não é mais cem 12,7 bilhões de dólares! A
novidade. Open Source já está receita de serviços acumulada
no dia a dia das empresas. E entre 2008 e 2013 será de
um dos negócios em torno do mais de 54 bilhões de dólares.
Open Source que está crescen- Realmente, estamos falando
do bastante são exatamente de muito dinheiro.
os serviços. Neste modelo, O que estes números re-
não se ganha dinheiro direta- presentam? Indiscutivelmente
mente com venda de licenças, que Open Source já criou um
mas principalmente com servi- ecossistema forte e saudável e
ços. Segundo o IDC, neste que não tem como ser ignora-
ano de 2009 o mercado mundi- do.
al de serviços em torno do
Open Source deverá atingir a Open Source já está atin-
casa dos sete bilhões de dóla- gindo a maturidade e as dis-
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |18
19. COLUNA · CEZAR TAURION
cussões ideológicas estão sen- pela Black Duck Software Source é a demanda de maior
do deixadas de lado. Lembro (http://www.blackducksoftware. oportunidade. Assim, não tem
que em 2004 e 2005 as discus- com/) e OpenLogic sentido uma empresa ser espe-
sões se centravam na luta en- (http://www.openlogic.com/) cializada 100% em Open Sour-
tre o bem e o mal, com o mal que vasculham código e vali- ce.
simbolizado pelo software pro- dam se existe alguma violação Adicionalmente sugiro
prietário. Pouquíssimas discus- de patentes. prestar atenção à rápida disse-
sões eram pragmáticas...Não Também já vemos Open minação da chamada Internet
se falava em mercado, das difi- Source entrando em outros se- das coisas, onde sensores e
culdades das empresas em tores de software, como um sis- outros dispositivos estarão atu-
adotar Open Source. Muitas ini- tema de sistema de trouble ando em tempo real, integra-
ciativas eram, no âmbito gover- ticket, o OTRS dos à infraestrutura física do
namental, definidas por (http://www.otrs.org/), e siste- planeta. As oportunidades de
decreto, sem uma visão clara e mas de shopping cart para co- novos negócios usando tecno-
consistente dos desafios a se- mércio eletrônico como o logias Open Source serão ab-
rem enfrentados. Na época, a osCommerce (http://www.os- solutamente imensas.
IBM era a única das grandes commerce.com/) ou o Zen Cart
empresas de software a acredi- (http://www.zen-cart.com/). Exis-
tar e investir em Open Source. tem soluções para integração
Já em 2001, a IBM anunciava de dados e ETL, como o Ta-
investimentos de um bilhão de lend (http://www.talend.com/) e Para mais informações:
dólares em iniciativas ligadas diversos outros softwares.
ao Linux. Foi um marco para a Site Black Duck Software
indústria de software, sinalizan- Mas, voltando aos servi- http://www.blackducksoftware.com/
do que Open Source era coisa ços, o segmento de maior cres-
séria. cimento é exatamente o de Site OpenLogic
integração. Curiosamente, os http://www.openlogic.com/
Hoje o contexto é diferen- de menor oportunidade de ne-
te. Muitos projetos de software gócios são as atividades de Site OTRS
Open Source já estão amadure- educação e treinamento. Por http://www.otrs.org/
cidos. O Linux já tem 18 anos, outro lado, os treinamentos
o MySQL 14 anos, o Post- abrem portas para os serviços Site osCommerce
greSQL é de 1996, o Apache de maior valor agregado como http://www.oscommerce.com/
surgiu em 1995, o Eclipse em consultoria e integração.
2001, Mozilla em 1998 e o Site Zen Cart
OpenOffice.org em 2000. OK, e que sugestões po-
http://www.zen-cart.com/
demos fazer para empreende-
A industria de software, dores que queiram entrar
salvo ainda raras exceções já neste setor? Apenas duas: Ge-
Site Talend
entendeu que Open Source é ir- rar dinheiro com software
http://www.talend.com
reversível. E muitas empresas Open Source é diferente do mo- CEZAR TAURION é
de software misturam código delo proprietário. Não existem li- Gerente de Novas
Open Source com seu código cenças e portanto devem
Tecnologias da IBM
Brasil.
proprietário, criando soluções buscar receita em serviços ou Seu blog está
híbridas. Estas alternativas obter ganhos indiretos. E não
disponível em
www.ibm.com/develo
abrem espaço para produtos esquecer que integração entre perworks/blogs/page/
inovadores como os ofertados sistemas proprietários e Open ctaurion
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |19
20. COLUNA · ROBERTO SALOMON
B S K - sxc.hu
Participação e Comunidade
Por Roberto Salomon
Cada um de nós tem um O envolvimento nas co-
motivo para participar de uma munidades de Software Livre,
comunidade. Na maioria das ve- no entanto, é gradual, quase
zes, somos membros a comuni- imperceptível. É um processo
dade onde vivemos, da de crescimento onde começa-
comunidade onde trabalhamos mos como "ouvintes" de listas
e outras comunidades físicas. de discussão, vendo outros fa-
Estas participações acabam se zerem as perguntas que gosta-
dando mais pela proximidade fí- riamos de ter feito mas não
sica da comunidade que neces- tinhamos coragem de fazê-lo.
sariamente por afinidades Grande bobagem! Com o tem-
culturais ou de outro tipo. Nas po, descobrimos que repetir
comunidades de Software Li- uma pergunta nos custa, no
vre, no entanto, uma coisa dife- máximo, uma resposta man-
rente parece acontecer: dando ver a mensagem tal. Is-
aparentemente, apenas por afi- so quando temos sorte. Alguns
nidade intelectual, nos filiamos poucos mal-educados, e eles
a comunidades de completos existem em qualquer comuni-
estranhos. Pessoas que conhe- dade, mandam a gente procu-
cemos apenas por e-mail e rar direito antes de fazer uma
que atendem por nicks e não pergunta. Ainda bem que são
por nomes. exceções.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |20
21. COLUNA · ROBERTO SALOMON
ção só é possível pela
existência destas comunida-
Crescemos e, apesar dos des virtuais.
trolls, começamos a perguntar. Gosto de lembrar de
quando conheci o Asrail que
Com o tempo descobrimos que assumiu a coordenação do pro-
cesso de QA do BrOffice.org.
também podemos responder as Tivemos boas discussões so-
bre métodos e resultados sem
perguntas dos outros ou até nunca nos termos encontrado.
Na verdade um não tinha a me-
mesmo comentar uma nor ideia de como era o outro.
Não era necessário. Quando fi-
resposta de alguém mais nalmente nos conhecemos, a
experiente... reação foi muito semelhante:
ele achava que eu era mais no-
Roberto Salomon vo, e eu que ele era mais ve-
lho. Às vezes fico imaginando
como teria sido a dinâmica do
trabalho se este encontro tives-
Crescemos e, apesar dos de comunidade. Em uma lista se ocorrido antes.
trolls, começamos a perguntar. de discussão não há rostos.
Com o tempo descobrimos As pessoas discutem e argu-
que também podemos respon- mentam livremente sem ne- Para mais informações:
der as perguntas dos outros ou nhum pré-conceito sobre os
até mesmo comentar uma res- demais. Infelizmente, tende- Blog do Roberto Salomon:
posta de alguém mais experien- mos a imaginar a capacidade in- http://rfsalomon.blogspot.com
te, dando ao tema uma nova telectual do outro pela sua
abordagem (ou perspectiva, co- aparência física. Em uma lista Artigo na Wikipédia sobre Troll
mo queiram). E, quando me- de discussão, isso não existe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Troll_
nos esperamos, estamos tão A discussão se dá sem a inter- (internet)
enfronhados na comunidade ferência de padrões culturais
que alguém chega para pergun- que nos são impostos pelas
tar se não gostariamos de nos nossas criações. Exagerando,
tornar mais ativos, assumindo mas não tanto assim, é possí-
alguma coordenação ou ativida- vel acompanhar uma divertida
de. discussão entre um PHD em fí-
É sempre assim. A partici- sica nuclear e um estudante
pação em comunidade é envol- de segundo grau sobre qual a
ROBERTO
vente e natural do ser humano. melhor solução para um deter- SALOMON é
Gostamos de nos sentir úteis. minado problema que ambos arquiteto de software
vem enfrentando. Seja na for- na IBM e voluntário
do projeto
E, no caso específico das matação de um texto científico, BrOffice.org.
comunidades de Software Li- ou na codificação mais eficien-
vre, há uma coisa que as distin- te de um algorítmo, esta intera-
gue de todos os outros tipos
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |21
22. CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
Entrevista com
Jon "maddog" Hall
Por João Fernando Costa Júnior, Tatiana Al-Chueyr e Pamella Castanheira
Revista Espírito Livre: Jon "maddog"
Hall, hoje você é um ícone na área de softwa-
re livre. De volta para o passado... Você ti-
nha interesse em tecnologia durante a
infância?
Jon Maddog Hall: Sim. Quando criança,
eu estava constantemente desmontando coisas
para ver como elas funcionavam. Frequente-
mente eu não conseguia montá-las novamente,
mas, em geral, quando eu tinha acesso a elas,
elas já tinham parado de funcionar de qualquer
forma, então meus pais não ligavam muito.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |22
23. CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
gramas pequenos custavam em
torno de 5 dólares, e os maiores
Uma boa parte da cha- em torno de 15 dólares) e eles
chegavam pelo correio em fita de
mada "inovação" de hoje consiste papel.
em tornar as coisas menores, Então eu experimentava os
programa, e, se eles fossem
mais rápidas, mais eficientes, bons, eu fazia copias e os vendia
para os meus colegas por um dó-
mais consistentes. Trata-se de lar ou dois cada um, para cobrir
os custos da nova fita de papel e
um bom trabalho de engenharia, para reembolso do que havia pa-
go para receber o primeiro.
mas não é o que eu chamaria de Desde que os programas
"inovador". eram livremente distribuíveis e co-
piáveis, isso não era ilegal na épo-
Jon "maddog" Hall
ca.
Até os meus 15 anos meu pai tinha um se- REL: Desde então, a tecno-
gundo trabalho em uma loja de brinquedos. Ain- logia mudou um pouquinho... Como você se
da muito novo eu ia lá e o ajudava a montar manteve atualizado?
bicicletas, karts, casas de bonecas e outras coi- JMH: Antes de tudo, minha educação foi
sas que necessitavam leitura e execução de ins- muito intensa. Estudei engenharia elétrica, e
truções de manuais. aprendi como os transistores podem ser coloca-
Eu também sempre gostei de ficção científi- dos em uma unidade de armazenamento (cha-
ca, de ler revistas técnicas e, muitos livros. mada de “flip-flop”), como os flip-flops poderiam
ser colocados em regístros e memórias, como
barramentos funcionavam, etc. Eu programei
REL: Há relatos de que seu primeiro con- em linguagem de máquina, estudei como compi-
tato com software livre foi quando você traba- ladores e sistemas operacionais funcionam.
lhou no Digital Equipment Corporation, Quando vieram as redes e processamento gráfi-
como foi? co, também estudei esses assuntos.
JMH: Bem, estes relatos parecem estar er- Eu trabalhava para a Western Electric, a fili-
rados. Meu primeiro contato com software livre al industrial da Bell System quando eu estava
foi em 1969 quando eu era um estudante univer- na faculdade, e mais tarde no Bell Laboratories.
sitário na Drexel University, na Philadelphia,
Enquanto eu provavelmente teria alguma
Pennsylvania. Eu encomendava programas da bi-
dificuldade em escrever código no atual kernel
blioteca da Digital Equipment Corporation's User
do Linux, eu não tenho dificuldades em enten-
Society, DECUS. DECUS publicava um catálo-
der como ele funciona.
go impresso (na época esse catálogo custava
15 dólares) dos programas que eles possuíam. Uma boa parte da chamada "inovação" de
Eu lia o catálogo e via qual programa eu precisa- hoje consiste em tornar as coisas menores,
va, então eu encomendava (geralmente os pro- mais rápidas, mais eficientes, mais consisten-
tes. Trata-se de um bom trabalho de engenha-
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |23
24. CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
ria, mas não é o que eu chamaria de
"inovador".
Além disso, eu continuo lendo re-
Tudo que faço pelo
vistas técnicas, participando de confe-
rências, etc.
Linux é tentar explicar de forma
REL: O seu apelido “maddog”, clara e concisa, o que é Soft-
foi dado por estudantes do estado
de Hartford State Technical College ware Livre e como ele ajuda as
quando você foi chefe do departa-
mento de ciência da computação,
pessoas e nações.
devido ao seu temperamento, na Jon "maddog" Hall
época. Hoje em dia, você sempre
aparece extremamente calmo duran-
te as conferências de software livre
ao redor do mundo... Existe ainda alguma coi- REL: Você é também um dos embaixa-
sa que o transforma num velho “maddog”? dores do Koolu, o qual permitiu grandes
avanços na aplicação do software livre em
JMH: Sim, quando as pessoas são grossei-
dispositivos de baixo consumo de energia.
ras, ou pensam que são melhores que as ou-
Quais são os avanços recentes neste cam-
tras. Fanatismo, sexismo, racismo. As pessoas
po?
que se recusam a ajudar aqueles que tentam aju-
dá-las. Políticos que tem dificuldades para ler e JMH: O Koolu, em si, decidiu se concen-
entender a constituição dos Estados Unidos. trar, por enquanto, em “cloud computing”, a qual
pode ser feita através de thin clientes e servido-
res virtuais, por isso não está tão envolvido com
REL: Quais são as suas atividades atu- as coisas de baixo consumo.
ais como diretor executivo do Linux Internati-
onal?
REL: Atualmente, em que projetos você
JMH: Infelizmente a entidade “Linux Interna-
está engajado?
tional” tem estado adormecida durante algum
tempo devido à falta de verba, mas eu tenho um JMH: Ah! Continuo envolvido e interessado
plano para reativá-la e revitalizá-la em breve, en- por “coisas de baixo consumo”, e estou traba-
tão fiquem atentos. lhando com a Universidade de São Paulo para
testar e desenvolver a próxima geração de um
Tudo o que faço pelo Linux é tentar expli-
“Open phone”, muito parecido com o Openmoko
car de forma clara e concisa, o que é o software
FreeRunner, mas para ter o telefone sob uma li-
livre e como ele ajuda as pessoas e nações. Re-
cença livre, para que as fábricas no Brasil e no
centemente tenho me concentrado no que cha-
resto da América Latina possam produzi-los. Is-
mo de “economias emergentes”, pois acredito
so criaria empregos na América Latina e reduzi-
que o software livre tem mais impacto nelas, e
ria o custo dos telefones para o cliente final.
pode ajudar ainda mais a vida das pessoas.
Eu também estou profundamente envolvi-
Neste verão passei um tempo no Vietnã mi-
do com o Projeto Cauã, que é um projeto que
nistrando alguns cursos gratuitos, patrocinados
usa computação em thin client para reduzir o
pelo WITFOR, uma organização parcialmente
uso de eletricidade, torna a computação mais
fundada pelas Nações Unidas, sobre como utili-
fácil, cria uma bolha de Internet wireless grátis
zar software livre para fazer negócios.
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |24
25. CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
ra que as pessoas acreditem que
acontece, mas continuarei tentando.
O governo, por
exemplo, não deve proteger mo- REL: Apesar de afetar as com-
panias que desenvolvem tecnolo-
nopólios para que alguns pou- gia, você vê o movimento do
software livre se espalhando para
cos "fiquem ricos". O governo outros setores?
deve buscar levar a sociedade tá criando uma revolução nas artes e
JMH: A Creative Commons es-
adiante. em publicidade. Empresas de seguro
(por exemplo) têm me perguntado co-
Jon "maddog" Hall mo eles podem usar técnicas de
Software Livre para colaborar com
seus concorrentes para reduzir cus-
para a Inclusão Digital, e cria 1-2 milhões de tra- tos.
balhos na área de alta-tecnologia no Brasil, e
mais 1-2 milhões para América Latina. Nós faze-
mos tudo isso de modo capitalista e sustentável, REL: Em paralelo ao envolvimento de
sem financiamento do governo. empreendimentos, mais e mais governos
Promover a paz no mundo terá que espe- têm se mobilizado e encorajado a utilizar e
rar até o mês que vem. :-) promover tecnologias open source. Qual é o
papel dos governos neste campo?
JMH: Eu gosto de pensar que a maioria
REL: Com tantas atividades, há tempo pa- dos governos são “das pessoas e pelas pesso-
ra dormir? Quantas horas você dorme por dia? as”. Portanto o que é bom para as pessoas em
JMH: Eu geralmente gosto de dormir oito geral é o que o governo deveria fazer. O gover-
horas, mas como estou ficando mais velho isso no, por exemplo, não deve proteger monopólios
se torna mais difícil. Normalmente durmo em tor- para que alguns poucos "fiquem ricos". O gover-
no de seis horas ou menos por noite. no deve buscar levar a sociedade adiante.
Este é o motivo para eu acreditar que as
patentes de software devem ser demanteladas
REL: Suas conferências são mágicas e
por lei. Patentes de software, se elas algum dia
desmistificam crenças como “não é possível
tiveram qualquer efeito positivo na economia, ho-
ganhar dinheiro com software livre”. Em que
je têm um papel prejudicial que se sobrepõe a
ponto você vê as empresas “comprando” es-
qualquer benefício que elas poderiam gerar.
ta ideia?
Os governos não devem conceder paten-
JMH: A empresa Red Hat parece ter com-
tes de software, e devem ter um programa acele-
prado. Assim como a IBM, Hewlett Packard, Goo-
rado de abolir antigas patentes de software.
gle, etc. Mais perto de vocês, o Metrô de São
Paulo e a Caixa Econômica Federal, e muitas ou- REL: Em sua opinião, como a recente cri-
tras. Eu realmente não sei quantos casos que fo- se global afetou o desenvolvimento e utilização
ram bem sucedidos em "fazer dinheiro com de software livre nos Estados Unidos e no mun-
Software Livre" que eu precisarei apresentar pa- do como um todos?
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |25
26. CAPA · ENTREVISTA COM JON MADDOG HALL
JMH: Completamente. As pessoas estão REL: Quais os principais desafios na
buscando fazer mais com menos dinheiro, e é aí área de software livre? E cultura livre?
que o software livre aparece. Infelizmente eles JMH: Fazer as pessoas entenderem que é
não estão também implementando muitos novos necessário trabalho e dedicação pra fazer acon-
projetos, que é outro lugar onde o Software Li- tecer... não é mágica... e se as flores da Cultura
vre se destaca. Conforme a economia for recupe- Livre não forem regadas e adubadas, elas irão
rada, eu espero que as lições de Software Livre murchar e morrer.
aprendidas durante a recessão inspirem o uso
de Software Livre em novos projetos.
E é claro, o Vista foi a melhor coisa que a REL: Muito obrigado pela entrevista. Vo-
Microsoft poderia ter feito para o Linux. Talvez o cê gostaria de deixar uma mensagem para
grande número de licenças do Windows 7 dirija os leitores da Revista Espirito Livre?
mais pessoas ao software livre. JMH: O projeto que mencionei antes, o Pro-
jeto Cauã, é uma homenagem ao meu afilhado
brasileiro. O nome vem dos índios Tupi - signifi-
REL: A filosofia do software livre foi es- ca "Águia" - e por isso escolhi este nome para o
tendida para outras áreas através de movi- projeto.
mentos sociais frequentemente chamados
de “cultura livre”. Qual foi a demostração de A águia é provavelmente um dos espíritos
“cultura livre” mais impressionante que você mais livres que eu possa imaginar. Então, da
já viu? música "The Eagle & The Hawk" de John Den-
ver e Mike Taylor, eu deixo esta mensagem:
JMH: “Big Buck Bunny”, um filme livre feito
com a utilização do Blender. Aqueles caras de "And reach for the heavens and hope for the future
Amsterdam estão pegando fogo! And all that we can be and not what we are"
"E busque pelos céus e tenha esperança pelo futuro
REL: O que você pensa ser importante E tudo o que nós podemos ser e não o que somos"
para manter viva a comunidade do software li-
vre ou a cultura livre? Esta é a mensagem para o Software Livre
JMH: É preciso uma massa crítica de pes- e para a Cultura Livre.
soas, juntamente com comunicação de alta velo- Carpe Diem!
cidade de comunicação e baixo custo e
compartilhamento de conhecimento.
Acho que não foi por acaso que o projeto
do kermel do Linux decolou da maneira que fez,
justamente quando os custos de acesso a Inter-
net permitiram que a Internet estivesse nas ca-
sas das pessoas, computadores razoavelmente
poderosos passaram a ser acessíveis tanto a
Para mais informações:
amadores quanto a estudantes universitários, e Site oficial Linux Internacional:
vários papers sobre como escrever um sistema http://www.li.org
operacional estavam disponíveis. Tudo o que fal-
tava era adicionar um estudante com força de Site oficial Koolu:
vontade de Helsinki, Finlândia... http://koolu.com
Revista Espírito Livre | Novembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |26
27. CAPA · COLABORAÇÃO NO MUNDO DOS NEGÓCIOS
Colaboração no
mundo dos negócios
A interação entre empresas usuárias de software livre com
suas comunidades
Por Rodrigo Carvalho
Mark Normand - sxc.hu
A cada dia, mais empresas começam a en- 1. Ter contato direto com a comunidade;
xergar o software livre como uma opção viável e 2. Terceirizar este contato;
estratégica para seus negócios, gerando inde- 3. Se tornar parte da comunidade;
pendência de fornecedores e economia. No mo-
delo proprietário, existe a figura do fornecedor, Contato direto com a comunidade
que dá suporte a problemas e consultoria, figura Normalmente feito por empresas de maior
esta que normalmente não existe no modelo li- porte, é quando ela decide que irá interagir dire-
vre. Algumas vezes, existem empresas especiali- tamente com os desenvolvedores do software.
zadas em prestar serviços a determinados Na prática, isto normalmente significa que um
softwares livres, mas, o que acontece na maio- grupo de pessoas da área de TI desempenhará
ria dos casos, é que a comunidade é seu princi- funções de:
pal mantenedor, tornando necessária a
interação da empresa usuária com ela. 1. Reporte de problemas (bugs);
2. Pedidos de novas funcionalidades;
Esta interação pode ser feita de várias for- 3. Repasse de dúvidas para a comunidade;
mas, cabendo à empresa decidir como a fará,
mas elas podem ser enquadradas em alguma O problema deste tipo de interação é que
destas três categorias: é bastante passiva e não trás garantias de que
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