Boas práticas de programação com Object Calisthenics
Agas 275
1. mercado
A
Supermercadistas argentinos
comemoram crescimento da economia
e do consumo no país. Ainda enfrentam,
no entanto, questões que ameaçam o
franco desenvolvimento do setor
nimados,
pero no mucho
Svendla Chaves
depois dos difíceis anos de crise, a Argentina já seguindo a tendência de dezembro, quando a alta
pode saudar sua recuperação – e, em vários aspectos, foi de 22,8%. Além de comprar mais, os argentinos
até mesmo um crescimento real. Os reflexos da es- voltam a privilegiar marcas em detrimento de preços.
tabilização política e do avanço do PIB, na média de Conforme estudo da CCR Auditoria de Mercado,
8% ao ano, podem ser observados no consumo e no as marcas líderes e premium, que perderam espaço
faturamento das redes varejistas. O volume de ven- em 2003, apresentam hoje consumo maior do que
das dos supermercados foi 24,9% maior em janeiro os patamares de 2001, último ano pré-crise.
do que no mesmo mês de 2007, informam dados do “A recuperação vem acontecendo ao longo dos
Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), últimos três anos”, salienta Roberto Gilio, presidente
da Federação Argentina de Supermercados e Auto-
Gilio, da Fasa: empresas Serviço (Fasa), entidade empresarial que congrega
nacionais precisam de crédito câmaras regionais. “Não podemos pensar, no en-
tanto, que o setor vá crescer interminavelmente. Já
se percebe um crescimento mais orientado a certas
categorias de produtos, como bebidas e perfumaria,
e não a outras, como alimentos.”
Os mesmos fatores que contribuem para o
desenvolvimento econômico geram o fantasma da
inflação na Argentina. A recomposição financeira
da classe média aumentou a demanda e também os
preços. O índice de 8,5% de inflação em 2007, divul-
gado pelo governo argentino, vem sendo contestado
por economistas e consumidores. Segundo dados
não-oficiais, a taxa poderia chegar a 20%.
Para tentar reduzir o impacto dos aumentos de
preços no bolso do consumidor, a presidente Cris-
tina Kirchner segue a cartilha iniciada pelo marido
Néstor: aposta no controle de preços. A política,
42 Revista AGAS (março/abril 2008)
2. adotada há aproximadamente dois anos,
envolve a negociação de tabelas e reajustes
com a indústria e o comércio. No final de
fevereiro, por exemplo, o governo acordou
com os setores produtivo e varejista uma
“cesta básica escolar” de 50 produtos, que
mantiveram preços semelhantes aos prati-
cados em março do ano passado.
Aliado a uma crise energética, fortes
chuvas e vantagens na exportação, o controle
de preços provocou dificuldades de abaste-
cimento em 2007. Produtos básicos e de
preços mais baixos começaram a sumir das
gôndolas, criando um cenário atípico. “Por Hipermercado Jumbo em Palermo, bairro
um lado, o grande volume de compras deixa da moda em Buenos Aires: 50 check-outs e
de configurar poder de negociação, pois a indústria já um setor de vinhos com mais de 100m2
está com sua produção comprometida, o que afeta
as grandes cadeias. De outra parte, as pequenas e
médias empresas são as mais prejudicadas, princi- dependem do sistema financeiro argentino, não
palmente no interior do país, pois enfrentam custos conseguem financiamento de médio e longo
maiores de logística e transporte”, explica Gilio. prazos para fazer novos investimentos”.
A abertura do varejo aos domingos, tema
Desafios para as pequenas ainda não regulamentado por lei, parece um
ponto-chave para compreender a distância
Como no Brasil, o setor supermercadista entre grandes e pequenos. Conforme indica-
de médio porte enfrenta dificuldades em fun- ção dos trabalhadores do setor, para abrir aos
ção de altos tributos, informalidade e segurança domingos as empresas devem remunerar em
pública. Segundo o presidente da Fasa, no dobro os funcionários. Como as vendas nesse
entanto, a grande concentração do ramo é o dia beneficiam mais os hipermercados do que
principal obstáculo para o desenvolvimento das os negócios de menor porte, Gilio afirma que
redes menores (veja quadro na página 44). muitas câmaras regionais já se colocaram a
“Nos anos 90 aconteceram diversas favor de uma legislação que proíba a abertura
aquisições por empresas multinacionais, o que de todos os estabelecimentos.
gerou uma diferença muito grande entre os Pesquisas da CCR e da Nielsen Argentina
grandes atores deste negócio e os grupos de indicam que 2008 será novamente um bom
médio e pequeno portes.” O executivo afirma ano para o supermercadismo no outro lado
que há aproximadamente 30 cadeias com bom do Rio da Prata, principalmente no interior do
posicionamento regional. “Embora tenham país. Apesar das dificuldades de abastecimento
volumes de compra e poder de negociação e da ameaça da inflação, o consumidor argenti-
muito inferiores aos das grandes redes, estas no está otimista e tem mais dinheiro no bolso.
empresas apresentam um bom desempenho “Tudo indica que manteremos o crescimento
a partir do manejo eficiente dos negócios e em 2008. Os prognósticos médios são de um
da proposta comercial.” Um exemplo são crescimento inferior ao de 2007, mas aceitável.
os Supermercados Todo, dirigidos por Gilio, Se o sistema financeiro não voltar a oferecer
presentes na Cordilheira Sul: a rede detém de crédito ao mercado, é difícil acreditar em um
30% a 40% dos mercados em que atua. grande desenvolvimento das pequenas. Quanto
Entre as dificuldades enfrentadas está o às grandes, o Wal-Mart fez anúncios de investi-
acesso ao crédito: “As empresas multinacionais mentos, e a tendência é que os outros atores o
podem obter financiamento externamente, acompanhem. Mas em geral são investimentos
por meio de suas matrizes. Mas as demais, que táticos e moderados”, finaliza Gilio.
(março/abril 2008) Revista AGAS 43
3. mercado As maiores e mais poderosas
As seis maiores redes de supermercados concentram, segundo dados extra-oficiais, 85% do
mercado argentino. Apenas duas são controladas por grupos nacionais.
Carrefour
Com 22 hipermercados, 132 supermercados e 249 lojas de descon-
tos, o grupo francês Carrefour – que se instalou no país vizinho em 1982
– lidera o mercado argentino. Segundo dados do Instituto Nacional de
Estatística e Censos (Indec) publicados pelo jornal El Clarín em março
de 2007, a rede conta com 31,3% das vendas do setor. Além da bandeira
que leva seu nome, a empresa também atua na
Argentina por meio dos Supermercados Norte, Na Av. 9 de Julho, coração de
rede local adquirida em 2000. Está presente em Buenos Aires, um Carrefour Express
praticamente todas as províncias argentinas. marca presença com 12 check-outs
Cencosud
A poderosa chilena também aterrissou na Argentina em 1982 e apresentou sólido desenvolvimento nas últi-
mas duas décadas. Além dos hipermercados Jumbo e dos supermercados Disco e Vea (estes adquiridos em 2004),
a Cencosud está no país por meio de shopping centers, home centers, centros de entretenimento e restaurantes.
Com 264 lojas, entre híper e supermercados, a rede concentra aproximadamente 25% do mercado. A Cencosud
chegou, em 2007, aos mercados brasileiro, peruano e colombiano, por meio de aquisições e joint venture.
Coto
Loja “de Única rede de capital argentino a competir com as grandes, a
cercanía” da Coto iniciou no ramo de açougues em 1970. O primeiro supermer-
Coto, no centro cado foi aberto em 1987 em Mar de Ajó, na província de Buenos
da capital federal Aires, e a expansão se deu na capital federal e adjacências. Hoje,
são 105 lojas, que contam com cerca de 15% de participação no
mercado. A empresa é dirigida por seu fundador, Alfredo Coto.
Wal-Mart
A gigante norte-americana ainda não tem participação massiva entre os hermanos: uma fatia que não
passa dos 5%. Com 21 supercenters distribuídos nas regiões de Buenos Aires, Central, Cuyo, Pampa e
Chaco, o Wal-Mart chegou à Argentina em 1995 e orgulha-se de ser um grande gerador de empregos – 6.900
colaboradores diretos no país, segundo dados da empresa. Em 2003 firmou acordo com a Cencosud para a
implantação de home centers da bandeira Easy junto a seus hipermercados.
La Anónima
Com um século de história, a Sociedad Anónima Importadora y Exportadora de la Patagonia iniciou suas
atividades com fazendas, armazéns e uma frota de navios. Conhecida como La Anónima, a empresa voltou-se
ao ramo supermercadista nos anos 60 e hoje conta com 113 lojas em 59 cidades argentinas, no centro-sul do
país. No setor, opera com as bandeiras La Anónima, Quijote Supermercados e Best Minimercados.
Libertad
Controlada desde 1998 pelo grupo francês Casino (que no Brasil é sócio de Abílio Diniz no Pão de Açúcar),
a rede Libertad migrou do ramo atacadista e abrange a metade norte da Argentina com hipermercados e negócios
variados, que incluem móveis e alimentação. O grupo Casino também apresenta no mercado argentino os produtos
da marca Leader Price, comercializados em lojas próprias, pelo Libertad e, em parceria, por La Anónima.
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