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A cultura da criação de gado em Lagarto, século
XVII e XVIII: uma sociedade construtora da primeira
atividade econômica.
                                                                          Tamires dos Anjos Oliveira

                                                               Graduando em Historia Licenciatura

                                                               Pela Universidade Federal de Sergipe

                                                                    Oliveiratamires91@hotmail.com

           Resumo:
           O seguinte artigo tem como principio abordar a expansão do gado do território
    baiano para as terras sergipanas, sendo importante frisar o todo poderoso Garcia D’
    Avila, colonizador e dono da casa da Torre na praia do Forte BA, cujo expandiu seus
    gados no território de Sergipe até o Vaza-Barris. Contudo a vila de Nossa Senhora do
    Lagarto será uma das maiores produtora de gado, vendendo seus animais para os
    engenhos da própria capitania e aos engenhos da Bahia e Pernambuco. Mostrando-se
    que essa economia foi um dos fatores responsáveis para construção de sua sociedade.

           Palavra-chave:
           Colonização – Gado - Abastecimento

           Introdução
                         “Os primórdios da colonização do território de que constituiria a vila
de N. Sr do Lagarto datam do inicio do século XVII com a doação de sesmaria que
determinavam como alegam os peticionários, á criação do gado. Seguindo o curso do Vaza-
barris, os rebanhos exandiram-se, tornando-se a pecuária a base econômica da região. Quando
da invasão holandesa, o gado, que escapou a destruição causada pelas tropas de Bagnuolo e
dos soldados de Nassau, foi tangido para áreas mais distantes alcançando as matas de Simão
Dias”. 1

         Em 1697, a freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, eleva-se a
categoria de vila, pelo Ouvidor Diego Pacheco Pereira, que cumpria a ordem do
Governador Dom João de Lacastro, esse mandara os seus homens irem aos lugares do
território de Itabaiana e Lagarto para formar vilas nessas localidades.

           Juntamente como o Brasil a primeira atividade econômica de Sergipe foi
    exploração do pau- Brasil, na região da floresta da encosta do Atlântico, pois nessa
    época as indústrias têxteis da Europa necessitavam de madeira que tingissem tecidos
    como o pau-brasil. Nessa região os franceses realizavam-se o escambo com os

1
    NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro/1996
Tupinambás, trocavam-se miçangas, tecidos, facas etc, por madeiras cortadas, além do
    pau-brasil outros produtos completavam a carga dos navios como algodão, aves e
    pimentas. Os traficantes franceses foram expulsos do litoral sergipano em 1590, por
    Cristóvão de Barros.

           A pecuária será a principal atividade dos colonizadores nas terras sergipanas.

        “Os pastos de Sergipe eram de bastante boa qualidade e os moradores começaram
logo a meter gado neles, e com tanta fartura que daí a poucos anos a nova capitania abastecia
                                                    2
de bois os engenhos da Bahia até a de Pernambuco”

       Felesbelo Freire complementava-se com a seguinte frase:“Antes do sergipano se
agricultor foi pastor” 3

           Com tudo a expansão do gado da Bahia para o território sergipano, um dos
    motivos foram as boas pastagens que essas terras favorecia, é importante ressaltar a
    presença do colonizador Garcia d´Avila e Casa da Torre nessa conquista, onde era
    dono dos maiores rebanhos de gado da capitania de Sergipe del Rei, portanto seus
    rebanhos atingia-se a margem direita do Rio Real. A criação de gado exigia poucos
    recursos, pois os animais situavam-se em pastos naturais, cujo não necessitava de
    muita mão-de-obra.

            Com a distribuição das sesmarias na capitania, o gado será a atividade de
    subsistência, aos poucos o gado foi se expandindo pelo território sergipano.

        “A expansão do gado se iniciou com a colonização sergipana a partir do rio Real. Em
1607, segundo as cartas de doação de sesmaria, os colonizadores com seus rebanhos já
alcançavam as matas de Itabaiana e Simão Dias num movimento expansionista do sudeste para
sudoeste, segundo o curso do Vasa-Barris, distanciando do litoral, estabelecendo-se nas
regiões semiúmido já em transição para o semiárido, recobertas de pastagens” 4

     A pecuária a primeira atividade econômica da vila Nossa
Senhora do Lagarto, e o abastecimento do gado para regiões da
própria capitania e os engenhos da Bahia e Pernambuco.


       A vila de Lagarto foi uma das mais antigas unidades politico-administrativas de
Sergipe, que era subordinado á capitania da Bahia.

      Em 1596, com a distribuição de sesmarias aos donatários, no território do
município de Lagarto, surgirá o povoado de Santo Antônio, será construída uma igreja
nas imediações do povoado em 13 de junho de 1604. Um dos donatários foi Antônio


2
   NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de Janeiro: Tempo
brasileiro, 1989.
3
  Idem
4
  Idem
Gonçalves de Santana, seria um soldado do conquistador português Cristóvão de
Barros, que invadira as terras sergipanas em 1590.

         Aos poucos o território do município de Lagarto estava se povoando, e
construindo uma sociedade de criadores de gado, essa criação seria uma dos grandes
fatores de um aumento populacional da época, e construtora da sociedade lagartense,
foram surgindo grandes fazendas de gado no local.

                        “Em 1604, ás margens do Riacho Urubutinga, estabeleceu-se Muniz
Álvarez, outro nome importante na fundação de Lagarto, pois juntamente com sua família
dedicava-se á criação de gado, foi o responsável pela fundação de grandes fazendas de gado
na região. Mas a colonização centraliza-se em duas atividades principais: a cana-de-açúcar, o
crescimento do comercio e a criação de gado animaram o aumento populacional” 5

             O gado em Lagarto teve uma importância para expansão territorial de sua vila e
    na construção de sua sociedade, seria esse um elemento fundamental que permaneceu
    por muitas décadas, sendo a principal fonte econômica. Essa vila enquadra-se numa
    das frases mais famosa de felibeslo Freire “Antes do sergipano se agricultor foi
    pastor”. Portanto mostra que a economia sergipana antes da agricultura canavieira,
    foram grandes criadores de gado, ao contrario da Bahia e Pernambuco que de inicio
    foram agricultores com dimensões de canaviais. No entanto quando a plantação de
    cana-de açúcar implantado no território de Sergipe durante o século XVII, a pecuária
    será à base da organização dos engenhos, pois de inicio eram movidos á banguês, ou
    seja, a força animal.

           A pecuária esteve presente no movimento de colonização do Estado de
    Sergipe, ocorrendo o surgimento de muitas vilas ligadas a pecuária, como campos do
    Rio Real (Tobias Barreto), Itabaiana, Simão Dias e Lagarto.

            O Estado de Sergipe era propicio para criação de gado e poucos recursos eram
    utilizados, desde a expansão do gado das terras baianas paras as sergipanas
    principalmente com Garcia D’ Avila que expandiu seus gados para o território
    sergipano, formando diversos currais por onde o gado passava. Entretanto a vila de
    Lagarto tem suas origens com essa colonização dos territórios sergipanos, ou seja, a
    cultura da criação de gado em Lagarto foi um marco importante para sua colonização.

            Algumas ocupações de vilas sergipanas ocuparam-se por motivos de defesa e
    estratégia para ocupar o território.

                         “Mas Lagarto, Santa Luzia e Propriá na zona do agreste do agreste e
Santo Amaro, na zona da mata, tem ligação, com a ocupação do território pela criação de gado
e cultivo da cana-de-açucar”.6



5
  Souza, Ítala Santana- Mandiocultura, produção do espaço e pequena produção familiar do município de
Lagarto/SE. São Cristovão, 2011.
6
  Almeida, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis:
vozes, 1984
A vila de Lagarto tornara-se caminhos de passagem, da Bahia para Pernambuco,
onde levavam de uma capitania para outra mercadorias juntos com os comerciantes e
ate mesmo as boiadas.

                          “Cedo, Lagarto Itabaiana tornaram-se centros de passagem dos
caminhos interesses ligando Pernambuco á Bahia. Por elas, no inicio do século XIX passavam
as trilhas seculares que atravessavam o interior sergipano, trilhas de tropeiros e boiadas, de
viajantes, comerciantes e mercadorias” 7

            A criação de gado em Lagarto tem sua importância com desenvolvimento da
    vila e o aumento populacional, desde meados do século XVII e inicio do século XIX,
    nessa vila criava-se o gado miúdo, sua agricultura consistia na mandioca, milho e
    feijão.

                         “Lagarto responde á vocação pecuária do interior e, em 1775, torna-
se a segunda vila mais populosa da capitania, mantendo os índices do seu desenvolvimento sem
oscilações, graças á regularidade da procura de uma certa diversifação que já se verificava em
sua agricultura” 8

       Portanto a criação de gado tornou-se a principal atividade econômica da
capitania de Sergipe ate o fim do século XVIII, e primeiro produto econômico da vila
Nossa Senhora do Lagarto, no entanto esses gados serviam para suprir os engenhos da
própria capitania também supríamos engenhos da capitania da Bahia e de Pernambuco,
contudo tinha uns dos maiores rebanhos bovino de Sergipe, esses gados eram vendidos
para essas regiões, na qual a Bahia e Pernambuco eram abastecidos com esses animais
no auge da produção do açúcar.

                          proclamadas pelos primeiros cronistas, a criação de gado torna-se a
principal atividade da c“Aproveitando-se das ricas e naturais pastagens da região, apitania de
Sergipe até fins do século XVIII, para suprimento dos engenhos e cidades da Bahia e de
Pernambuco. O que se plantava de cana-de-açúcar e se construíra de engenhos ainda era
muito pouco e se mantinha circunscrito ás áreas tidas com mais propicias á lavoura canavieira
os vales do Vaza-barris e do Contiguiba/Sergipe”. 9

       Portanto a vila de lagarto que foi ocupada pela pecuária tinha a finalidade de
abastecer o recôncavo baiano e os engenhos pernambucanos, pois o gado era
comercializado e vendido em muita quantidade para a Bahia e Pernambuco, com o
proposito de abastecer e mover os engenhos.

           Conclusão.
           O desenvolvimento da capitania sergipana está ligado á sua geografia, o clima
    de Sergipe está classificado em úmido, semiúmido e semiárido. Os rios que banha

7
 Almeida, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis:
vozes, 1984
8
    Idem
9
    Idem
Sergipe são divididos em seis bacias principais: Sergipe, Vaza-Barris, São Francisco,
     Japaratuba, Real e Piauí.

        A exploração do pau-brasil segundo Nunes, iniciou na costa sergipana em 1504,
com o pirata francês Bino Paumier de Gonneville, essa exploração intensificará após a
destruição da França Antártica em 1565, intensificando-se o escambo com os índios
Tupinambás.

                         “Os indígenas, estimulados pela procura de nossos negociantes,
preparavam enormes depósitos de madeira, que amontoavam sobre a costa; somente, como não
sabiam poupar riquezas, abatiam essas arvores ao acaso. Muitas vezes mesmo, a fim de evitar
o trabalho de as cortar, punham fogo em sua parte interior e o incêndio se propagava pelo
resto da floresta”.10

             Para Felisbelo Freire, os sergipanos foram criadores de gado antes de serem
     agricultores, pois as boas pastagens de Sergipe fez expandir o gado do recôncavo
     baiano para essas terras. A pecuária aqui implantada servirá para abastecer os
     engenhos de outras regiões. Lagarto tornara-se caminhos para passagem dos
     comerciantes e dos rebanhos da capitania da Bahia e Pernambuco, sendo um dos
     maiores produtores de gado da capitania de Sergipe que irá abastecer todas essas
     regiões, portanto a criação de gado em Lagarto foi um fator primordial para construção
     da sociedade, sendo essa grandes proprietárias de fazendas.




          Referências bibliográficas.



      ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia
dependente. Petrópolis: vozes, 1984

        ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de – Textos para a Historia de Sergipe. Aracaju:
Universidade Federal de Sergipe/ Banese, 1991

        NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de
Janeiro: Tempo brasileiro, 1989.

          NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro/1996

        PASSOS SUBRINHO, Josué Modesto dos – Historia Economica de Sergipe (1850-1930).
Aracaju, UFS, Programa editorial da UFS, 1987.

SOUZA, Ítala Santana- Mandiocultura, produção do espaço e pequena produção
familiar do município de Lagarto/SE. São Cristovão, 2011.

10
  NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de Janeiro: Tempo
brasileiro 1989.
A cultura da criação de gado em Lagarto Sergipe

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  • 1. A cultura da criação de gado em Lagarto, século XVII e XVIII: uma sociedade construtora da primeira atividade econômica. Tamires dos Anjos Oliveira Graduando em Historia Licenciatura Pela Universidade Federal de Sergipe Oliveiratamires91@hotmail.com Resumo: O seguinte artigo tem como principio abordar a expansão do gado do território baiano para as terras sergipanas, sendo importante frisar o todo poderoso Garcia D’ Avila, colonizador e dono da casa da Torre na praia do Forte BA, cujo expandiu seus gados no território de Sergipe até o Vaza-Barris. Contudo a vila de Nossa Senhora do Lagarto será uma das maiores produtora de gado, vendendo seus animais para os engenhos da própria capitania e aos engenhos da Bahia e Pernambuco. Mostrando-se que essa economia foi um dos fatores responsáveis para construção de sua sociedade. Palavra-chave: Colonização – Gado - Abastecimento Introdução “Os primórdios da colonização do território de que constituiria a vila de N. Sr do Lagarto datam do inicio do século XVII com a doação de sesmaria que determinavam como alegam os peticionários, á criação do gado. Seguindo o curso do Vaza- barris, os rebanhos exandiram-se, tornando-se a pecuária a base econômica da região. Quando da invasão holandesa, o gado, que escapou a destruição causada pelas tropas de Bagnuolo e dos soldados de Nassau, foi tangido para áreas mais distantes alcançando as matas de Simão Dias”. 1 Em 1697, a freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, eleva-se a categoria de vila, pelo Ouvidor Diego Pacheco Pereira, que cumpria a ordem do Governador Dom João de Lacastro, esse mandara os seus homens irem aos lugares do território de Itabaiana e Lagarto para formar vilas nessas localidades. Juntamente como o Brasil a primeira atividade econômica de Sergipe foi exploração do pau- Brasil, na região da floresta da encosta do Atlântico, pois nessa época as indústrias têxteis da Europa necessitavam de madeira que tingissem tecidos como o pau-brasil. Nessa região os franceses realizavam-se o escambo com os 1 NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro/1996
  • 2. Tupinambás, trocavam-se miçangas, tecidos, facas etc, por madeiras cortadas, além do pau-brasil outros produtos completavam a carga dos navios como algodão, aves e pimentas. Os traficantes franceses foram expulsos do litoral sergipano em 1590, por Cristóvão de Barros. A pecuária será a principal atividade dos colonizadores nas terras sergipanas. “Os pastos de Sergipe eram de bastante boa qualidade e os moradores começaram logo a meter gado neles, e com tanta fartura que daí a poucos anos a nova capitania abastecia 2 de bois os engenhos da Bahia até a de Pernambuco” Felesbelo Freire complementava-se com a seguinte frase:“Antes do sergipano se agricultor foi pastor” 3 Com tudo a expansão do gado da Bahia para o território sergipano, um dos motivos foram as boas pastagens que essas terras favorecia, é importante ressaltar a presença do colonizador Garcia d´Avila e Casa da Torre nessa conquista, onde era dono dos maiores rebanhos de gado da capitania de Sergipe del Rei, portanto seus rebanhos atingia-se a margem direita do Rio Real. A criação de gado exigia poucos recursos, pois os animais situavam-se em pastos naturais, cujo não necessitava de muita mão-de-obra. Com a distribuição das sesmarias na capitania, o gado será a atividade de subsistência, aos poucos o gado foi se expandindo pelo território sergipano. “A expansão do gado se iniciou com a colonização sergipana a partir do rio Real. Em 1607, segundo as cartas de doação de sesmaria, os colonizadores com seus rebanhos já alcançavam as matas de Itabaiana e Simão Dias num movimento expansionista do sudeste para sudoeste, segundo o curso do Vasa-Barris, distanciando do litoral, estabelecendo-se nas regiões semiúmido já em transição para o semiárido, recobertas de pastagens” 4 A pecuária a primeira atividade econômica da vila Nossa Senhora do Lagarto, e o abastecimento do gado para regiões da própria capitania e os engenhos da Bahia e Pernambuco. A vila de Lagarto foi uma das mais antigas unidades politico-administrativas de Sergipe, que era subordinado á capitania da Bahia. Em 1596, com a distribuição de sesmarias aos donatários, no território do município de Lagarto, surgirá o povoado de Santo Antônio, será construída uma igreja nas imediações do povoado em 13 de junho de 1604. Um dos donatários foi Antônio 2 NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1989. 3 Idem 4 Idem
  • 3. Gonçalves de Santana, seria um soldado do conquistador português Cristóvão de Barros, que invadira as terras sergipanas em 1590. Aos poucos o território do município de Lagarto estava se povoando, e construindo uma sociedade de criadores de gado, essa criação seria uma dos grandes fatores de um aumento populacional da época, e construtora da sociedade lagartense, foram surgindo grandes fazendas de gado no local. “Em 1604, ás margens do Riacho Urubutinga, estabeleceu-se Muniz Álvarez, outro nome importante na fundação de Lagarto, pois juntamente com sua família dedicava-se á criação de gado, foi o responsável pela fundação de grandes fazendas de gado na região. Mas a colonização centraliza-se em duas atividades principais: a cana-de-açúcar, o crescimento do comercio e a criação de gado animaram o aumento populacional” 5 O gado em Lagarto teve uma importância para expansão territorial de sua vila e na construção de sua sociedade, seria esse um elemento fundamental que permaneceu por muitas décadas, sendo a principal fonte econômica. Essa vila enquadra-se numa das frases mais famosa de felibeslo Freire “Antes do sergipano se agricultor foi pastor”. Portanto mostra que a economia sergipana antes da agricultura canavieira, foram grandes criadores de gado, ao contrario da Bahia e Pernambuco que de inicio foram agricultores com dimensões de canaviais. No entanto quando a plantação de cana-de açúcar implantado no território de Sergipe durante o século XVII, a pecuária será à base da organização dos engenhos, pois de inicio eram movidos á banguês, ou seja, a força animal. A pecuária esteve presente no movimento de colonização do Estado de Sergipe, ocorrendo o surgimento de muitas vilas ligadas a pecuária, como campos do Rio Real (Tobias Barreto), Itabaiana, Simão Dias e Lagarto. O Estado de Sergipe era propicio para criação de gado e poucos recursos eram utilizados, desde a expansão do gado das terras baianas paras as sergipanas principalmente com Garcia D’ Avila que expandiu seus gados para o território sergipano, formando diversos currais por onde o gado passava. Entretanto a vila de Lagarto tem suas origens com essa colonização dos territórios sergipanos, ou seja, a cultura da criação de gado em Lagarto foi um marco importante para sua colonização. Algumas ocupações de vilas sergipanas ocuparam-se por motivos de defesa e estratégia para ocupar o território. “Mas Lagarto, Santa Luzia e Propriá na zona do agreste do agreste e Santo Amaro, na zona da mata, tem ligação, com a ocupação do território pela criação de gado e cultivo da cana-de-açucar”.6 5 Souza, Ítala Santana- Mandiocultura, produção do espaço e pequena produção familiar do município de Lagarto/SE. São Cristovão, 2011. 6 Almeida, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis: vozes, 1984
  • 4. A vila de Lagarto tornara-se caminhos de passagem, da Bahia para Pernambuco, onde levavam de uma capitania para outra mercadorias juntos com os comerciantes e ate mesmo as boiadas. “Cedo, Lagarto Itabaiana tornaram-se centros de passagem dos caminhos interesses ligando Pernambuco á Bahia. Por elas, no inicio do século XIX passavam as trilhas seculares que atravessavam o interior sergipano, trilhas de tropeiros e boiadas, de viajantes, comerciantes e mercadorias” 7 A criação de gado em Lagarto tem sua importância com desenvolvimento da vila e o aumento populacional, desde meados do século XVII e inicio do século XIX, nessa vila criava-se o gado miúdo, sua agricultura consistia na mandioca, milho e feijão. “Lagarto responde á vocação pecuária do interior e, em 1775, torna- se a segunda vila mais populosa da capitania, mantendo os índices do seu desenvolvimento sem oscilações, graças á regularidade da procura de uma certa diversifação que já se verificava em sua agricultura” 8 Portanto a criação de gado tornou-se a principal atividade econômica da capitania de Sergipe ate o fim do século XVIII, e primeiro produto econômico da vila Nossa Senhora do Lagarto, no entanto esses gados serviam para suprir os engenhos da própria capitania também supríamos engenhos da capitania da Bahia e de Pernambuco, contudo tinha uns dos maiores rebanhos bovino de Sergipe, esses gados eram vendidos para essas regiões, na qual a Bahia e Pernambuco eram abastecidos com esses animais no auge da produção do açúcar. proclamadas pelos primeiros cronistas, a criação de gado torna-se a principal atividade da c“Aproveitando-se das ricas e naturais pastagens da região, apitania de Sergipe até fins do século XVIII, para suprimento dos engenhos e cidades da Bahia e de Pernambuco. O que se plantava de cana-de-açúcar e se construíra de engenhos ainda era muito pouco e se mantinha circunscrito ás áreas tidas com mais propicias á lavoura canavieira os vales do Vaza-barris e do Contiguiba/Sergipe”. 9 Portanto a vila de lagarto que foi ocupada pela pecuária tinha a finalidade de abastecer o recôncavo baiano e os engenhos pernambucanos, pois o gado era comercializado e vendido em muita quantidade para a Bahia e Pernambuco, com o proposito de abastecer e mover os engenhos. Conclusão. O desenvolvimento da capitania sergipana está ligado á sua geografia, o clima de Sergipe está classificado em úmido, semiúmido e semiárido. Os rios que banha 7 Almeida, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis: vozes, 1984 8 Idem 9 Idem
  • 5. Sergipe são divididos em seis bacias principais: Sergipe, Vaza-Barris, São Francisco, Japaratuba, Real e Piauí. A exploração do pau-brasil segundo Nunes, iniciou na costa sergipana em 1504, com o pirata francês Bino Paumier de Gonneville, essa exploração intensificará após a destruição da França Antártica em 1565, intensificando-se o escambo com os índios Tupinambás. “Os indígenas, estimulados pela procura de nossos negociantes, preparavam enormes depósitos de madeira, que amontoavam sobre a costa; somente, como não sabiam poupar riquezas, abatiam essas arvores ao acaso. Muitas vezes mesmo, a fim de evitar o trabalho de as cortar, punham fogo em sua parte interior e o incêndio se propagava pelo resto da floresta”.10 Para Felisbelo Freire, os sergipanos foram criadores de gado antes de serem agricultores, pois as boas pastagens de Sergipe fez expandir o gado do recôncavo baiano para essas terras. A pecuária aqui implantada servirá para abastecer os engenhos de outras regiões. Lagarto tornara-se caminhos para passagem dos comerciantes e dos rebanhos da capitania da Bahia e Pernambuco, sendo um dos maiores produtores de gado da capitania de Sergipe que irá abastecer todas essas regiões, portanto a criação de gado em Lagarto foi um fator primordial para construção da sociedade, sendo essa grandes proprietárias de fazendas. Referências bibliográficas. ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis: vozes, 1984 ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de – Textos para a Historia de Sergipe. Aracaju: Universidade Federal de Sergipe/ Banese, 1991 NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1989. NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro/1996 PASSOS SUBRINHO, Josué Modesto dos – Historia Economica de Sergipe (1850-1930). Aracaju, UFS, Programa editorial da UFS, 1987. SOUZA, Ítala Santana- Mandiocultura, produção do espaço e pequena produção familiar do município de Lagarto/SE. São Cristovão, 2011. 10 NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de Janeiro: Tempo brasileiro 1989.