1. A cultura da criação de gado em Lagarto, século
XVII e XVIII: uma sociedade construtora da primeira
atividade econômica.
Tamires dos Anjos Oliveira
Graduando em Historia Licenciatura
Pela Universidade Federal de Sergipe
Oliveiratamires91@hotmail.com
Resumo:
O seguinte artigo tem como principio abordar a expansão do gado do território
baiano para as terras sergipanas, sendo importante frisar o todo poderoso Garcia D’
Avila, colonizador e dono da casa da Torre na praia do Forte BA, cujo expandiu seus
gados no território de Sergipe até o Vaza-Barris. Contudo a vila de Nossa Senhora do
Lagarto será uma das maiores produtora de gado, vendendo seus animais para os
engenhos da própria capitania e aos engenhos da Bahia e Pernambuco. Mostrando-se
que essa economia foi um dos fatores responsáveis para construção de sua sociedade.
Palavra-chave:
Colonização – Gado - Abastecimento
Introdução
“Os primórdios da colonização do território de que constituiria a vila
de N. Sr do Lagarto datam do inicio do século XVII com a doação de sesmaria que
determinavam como alegam os peticionários, á criação do gado. Seguindo o curso do Vaza-
barris, os rebanhos exandiram-se, tornando-se a pecuária a base econômica da região. Quando
da invasão holandesa, o gado, que escapou a destruição causada pelas tropas de Bagnuolo e
dos soldados de Nassau, foi tangido para áreas mais distantes alcançando as matas de Simão
Dias”. 1
Em 1697, a freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, eleva-se a
categoria de vila, pelo Ouvidor Diego Pacheco Pereira, que cumpria a ordem do
Governador Dom João de Lacastro, esse mandara os seus homens irem aos lugares do
território de Itabaiana e Lagarto para formar vilas nessas localidades.
Juntamente como o Brasil a primeira atividade econômica de Sergipe foi
exploração do pau- Brasil, na região da floresta da encosta do Atlântico, pois nessa
época as indústrias têxteis da Europa necessitavam de madeira que tingissem tecidos
como o pau-brasil. Nessa região os franceses realizavam-se o escambo com os
1
NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro/1996
2. Tupinambás, trocavam-se miçangas, tecidos, facas etc, por madeiras cortadas, além do
pau-brasil outros produtos completavam a carga dos navios como algodão, aves e
pimentas. Os traficantes franceses foram expulsos do litoral sergipano em 1590, por
Cristóvão de Barros.
A pecuária será a principal atividade dos colonizadores nas terras sergipanas.
“Os pastos de Sergipe eram de bastante boa qualidade e os moradores começaram
logo a meter gado neles, e com tanta fartura que daí a poucos anos a nova capitania abastecia
2
de bois os engenhos da Bahia até a de Pernambuco”
Felesbelo Freire complementava-se com a seguinte frase:“Antes do sergipano se
agricultor foi pastor” 3
Com tudo a expansão do gado da Bahia para o território sergipano, um dos
motivos foram as boas pastagens que essas terras favorecia, é importante ressaltar a
presença do colonizador Garcia d´Avila e Casa da Torre nessa conquista, onde era
dono dos maiores rebanhos de gado da capitania de Sergipe del Rei, portanto seus
rebanhos atingia-se a margem direita do Rio Real. A criação de gado exigia poucos
recursos, pois os animais situavam-se em pastos naturais, cujo não necessitava de
muita mão-de-obra.
Com a distribuição das sesmarias na capitania, o gado será a atividade de
subsistência, aos poucos o gado foi se expandindo pelo território sergipano.
“A expansão do gado se iniciou com a colonização sergipana a partir do rio Real. Em
1607, segundo as cartas de doação de sesmaria, os colonizadores com seus rebanhos já
alcançavam as matas de Itabaiana e Simão Dias num movimento expansionista do sudeste para
sudoeste, segundo o curso do Vasa-Barris, distanciando do litoral, estabelecendo-se nas
regiões semiúmido já em transição para o semiárido, recobertas de pastagens” 4
A pecuária a primeira atividade econômica da vila Nossa
Senhora do Lagarto, e o abastecimento do gado para regiões da
própria capitania e os engenhos da Bahia e Pernambuco.
A vila de Lagarto foi uma das mais antigas unidades politico-administrativas de
Sergipe, que era subordinado á capitania da Bahia.
Em 1596, com a distribuição de sesmarias aos donatários, no território do
município de Lagarto, surgirá o povoado de Santo Antônio, será construída uma igreja
nas imediações do povoado em 13 de junho de 1604. Um dos donatários foi Antônio
2
NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de Janeiro: Tempo
brasileiro, 1989.
3
Idem
4
Idem
3. Gonçalves de Santana, seria um soldado do conquistador português Cristóvão de
Barros, que invadira as terras sergipanas em 1590.
Aos poucos o território do município de Lagarto estava se povoando, e
construindo uma sociedade de criadores de gado, essa criação seria uma dos grandes
fatores de um aumento populacional da época, e construtora da sociedade lagartense,
foram surgindo grandes fazendas de gado no local.
“Em 1604, ás margens do Riacho Urubutinga, estabeleceu-se Muniz
Álvarez, outro nome importante na fundação de Lagarto, pois juntamente com sua família
dedicava-se á criação de gado, foi o responsável pela fundação de grandes fazendas de gado
na região. Mas a colonização centraliza-se em duas atividades principais: a cana-de-açúcar, o
crescimento do comercio e a criação de gado animaram o aumento populacional” 5
O gado em Lagarto teve uma importância para expansão territorial de sua vila e
na construção de sua sociedade, seria esse um elemento fundamental que permaneceu
por muitas décadas, sendo a principal fonte econômica. Essa vila enquadra-se numa
das frases mais famosa de felibeslo Freire “Antes do sergipano se agricultor foi
pastor”. Portanto mostra que a economia sergipana antes da agricultura canavieira,
foram grandes criadores de gado, ao contrario da Bahia e Pernambuco que de inicio
foram agricultores com dimensões de canaviais. No entanto quando a plantação de
cana-de açúcar implantado no território de Sergipe durante o século XVII, a pecuária
será à base da organização dos engenhos, pois de inicio eram movidos á banguês, ou
seja, a força animal.
A pecuária esteve presente no movimento de colonização do Estado de
Sergipe, ocorrendo o surgimento de muitas vilas ligadas a pecuária, como campos do
Rio Real (Tobias Barreto), Itabaiana, Simão Dias e Lagarto.
O Estado de Sergipe era propicio para criação de gado e poucos recursos eram
utilizados, desde a expansão do gado das terras baianas paras as sergipanas
principalmente com Garcia D’ Avila que expandiu seus gados para o território
sergipano, formando diversos currais por onde o gado passava. Entretanto a vila de
Lagarto tem suas origens com essa colonização dos territórios sergipanos, ou seja, a
cultura da criação de gado em Lagarto foi um marco importante para sua colonização.
Algumas ocupações de vilas sergipanas ocuparam-se por motivos de defesa e
estratégia para ocupar o território.
“Mas Lagarto, Santa Luzia e Propriá na zona do agreste do agreste e
Santo Amaro, na zona da mata, tem ligação, com a ocupação do território pela criação de gado
e cultivo da cana-de-açucar”.6
5
Souza, Ítala Santana- Mandiocultura, produção do espaço e pequena produção familiar do município de
Lagarto/SE. São Cristovão, 2011.
6
Almeida, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis:
vozes, 1984
4. A vila de Lagarto tornara-se caminhos de passagem, da Bahia para Pernambuco,
onde levavam de uma capitania para outra mercadorias juntos com os comerciantes e
ate mesmo as boiadas.
“Cedo, Lagarto Itabaiana tornaram-se centros de passagem dos
caminhos interesses ligando Pernambuco á Bahia. Por elas, no inicio do século XIX passavam
as trilhas seculares que atravessavam o interior sergipano, trilhas de tropeiros e boiadas, de
viajantes, comerciantes e mercadorias” 7
A criação de gado em Lagarto tem sua importância com desenvolvimento da
vila e o aumento populacional, desde meados do século XVII e inicio do século XIX,
nessa vila criava-se o gado miúdo, sua agricultura consistia na mandioca, milho e
feijão.
“Lagarto responde á vocação pecuária do interior e, em 1775, torna-
se a segunda vila mais populosa da capitania, mantendo os índices do seu desenvolvimento sem
oscilações, graças á regularidade da procura de uma certa diversifação que já se verificava em
sua agricultura” 8
Portanto a criação de gado tornou-se a principal atividade econômica da
capitania de Sergipe ate o fim do século XVIII, e primeiro produto econômico da vila
Nossa Senhora do Lagarto, no entanto esses gados serviam para suprir os engenhos da
própria capitania também supríamos engenhos da capitania da Bahia e de Pernambuco,
contudo tinha uns dos maiores rebanhos bovino de Sergipe, esses gados eram vendidos
para essas regiões, na qual a Bahia e Pernambuco eram abastecidos com esses animais
no auge da produção do açúcar.
proclamadas pelos primeiros cronistas, a criação de gado torna-se a
principal atividade da c“Aproveitando-se das ricas e naturais pastagens da região, apitania de
Sergipe até fins do século XVIII, para suprimento dos engenhos e cidades da Bahia e de
Pernambuco. O que se plantava de cana-de-açúcar e se construíra de engenhos ainda era
muito pouco e se mantinha circunscrito ás áreas tidas com mais propicias á lavoura canavieira
os vales do Vaza-barris e do Contiguiba/Sergipe”. 9
Portanto a vila de lagarto que foi ocupada pela pecuária tinha a finalidade de
abastecer o recôncavo baiano e os engenhos pernambucanos, pois o gado era
comercializado e vendido em muita quantidade para a Bahia e Pernambuco, com o
proposito de abastecer e mover os engenhos.
Conclusão.
O desenvolvimento da capitania sergipana está ligado á sua geografia, o clima
de Sergipe está classificado em úmido, semiúmido e semiárido. Os rios que banha
7
Almeida, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis:
vozes, 1984
8
Idem
9
Idem
5. Sergipe são divididos em seis bacias principais: Sergipe, Vaza-Barris, São Francisco,
Japaratuba, Real e Piauí.
A exploração do pau-brasil segundo Nunes, iniciou na costa sergipana em 1504,
com o pirata francês Bino Paumier de Gonneville, essa exploração intensificará após a
destruição da França Antártica em 1565, intensificando-se o escambo com os índios
Tupinambás.
“Os indígenas, estimulados pela procura de nossos negociantes,
preparavam enormes depósitos de madeira, que amontoavam sobre a costa; somente, como não
sabiam poupar riquezas, abatiam essas arvores ao acaso. Muitas vezes mesmo, a fim de evitar
o trabalho de as cortar, punham fogo em sua parte interior e o incêndio se propagava pelo
resto da floresta”.10
Para Felisbelo Freire, os sergipanos foram criadores de gado antes de serem
agricultores, pois as boas pastagens de Sergipe fez expandir o gado do recôncavo
baiano para essas terras. A pecuária aqui implantada servirá para abastecer os
engenhos de outras regiões. Lagarto tornara-se caminhos para passagem dos
comerciantes e dos rebanhos da capitania da Bahia e Pernambuco, sendo um dos
maiores produtores de gado da capitania de Sergipe que irá abastecer todas essas
regiões, portanto a criação de gado em Lagarto foi um fator primordial para construção
da sociedade, sendo essa grandes proprietárias de fazendas.
Referências bibliográficas.
ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de – Sergipe: fundamentos de uma economia
dependente. Petrópolis: vozes, 1984
ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de – Textos para a Historia de Sergipe. Aracaju:
Universidade Federal de Sergipe/ Banese, 1991
NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de
Janeiro: Tempo brasileiro, 1989.
NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro/1996
PASSOS SUBRINHO, Josué Modesto dos – Historia Economica de Sergipe (1850-1930).
Aracaju, UFS, Programa editorial da UFS, 1987.
SOUZA, Ítala Santana- Mandiocultura, produção do espaço e pequena produção
familiar do município de Lagarto/SE. São Cristovão, 2011.
10
NUNES, Maria Thetis – Sergipe Colonial I. Universidade Federal de Sergipe; Rio de Janeiro: Tempo
brasileiro 1989.