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432    Curso Básico de Mecânica dos Fluidos


7.8 Cavitação
Nesta unidade, apresentamos o fenômeno de cavitação observado em instalações de
bombeamento.


Para que possamos compreender o fenômeno de cavitação, consideramos um trecho
de uma dada instalação de bombeamento representado pela figura 7.2, onde
calculamos a pressão na entrada da bomba.

                            (2)                        (s)
                                                   B
                                             (e)                Ze
                          (0)                                        PHR



                           (1)
                                                  Figura 7.2




Aplicando a equação da energia de (0) a (e),temos:

                       v2             
      p e = − γ .  Ze + e + Hp sucção                              equação 7.6
                       2g             
                                      

Através da temperatura de escoamento do fluido, com auxílio de um manual de
termodinâmica, podemos determinar a pressão de vapor - p vapor (tensão de vapor),

que representa a pressão que para a temperatura de escoamento, teríamos a mudança
de líquido para vapor em um processo isobárico.


Se a p e abs (p e + patm) for menor ou igual a p vapor , temos o fenômeno de

evaporação à temperatura de escoamento, que é denominado de cavitação.
433      Curso Básico de Mecânica dos Fluidos




Notas:

1 → O fenômeno de cavitação observado na entrada da bomba ( p e abs ≤ p vapor ) é

     denominado geralmente de supercavitação e é considerado um erro grosseiro
     do projetista.


2 → A pressão na entrada da bomba não representa o ponto de menor pressão do
     escoamento, este ocorre no interior do corpo da bomba, o que equivale a dizer
     que o fato de não ocorrer o fenômeno de cavitação na entrada da bomba não
     garante que o mesmo não ocorra em seu interior.


Ao considerar as figuras 7.3.a e 7.3.b, verificamos que a bolha de vapor ao ser lançada
na direção do difusor da bomba, onde a energia total é maior e a pressão maior que a
pressão atmosfera, esta irá sofrer a condensação repentina com grande liberação de
energia, ocorrendo a penetração do fluido nos espaços vazios do material (função do
tamanho dos grãos) do rotor, podendo promover o “arrancamento” de grãos.




               Figura 7.3                                 Figura 7.3.b


Nota: (1) – carcaça da bomba e (2) é o seu rotor.
434   Curso Básico de Mecânica dos Fluidos



O fenômeno de cavitação, geralmente propicia os seguintes problemas:


           1º → erosão
           2º → vibrações
           3º → diminuição do rendimento
           4o → diminuição do tempo vida da bomba ...


As figuras 7.4 e 7.5 mostram rotores de turbina e de bomba, respectivamente, que
foram submetidos ao fenômeno de cavitação durante um dado período.




                   Figura 7.4

                   Figura 7.5



Pelo fato do fenômeno de cavitação poder comprometer todo o projeto de uma
instalação de bombeamento alguns cuidados preliminares devem ser tomados para
evitá-lo, cuidados estes baseados na equação 7.6, onde objetiva-se trazer a p e o mais

perto possível da p atm , ou até mesmo superior a ela.


Nota: O gráfico1 a seguir fornece as pressões de vapor, na escala absoluta, para a água
           em temperaturas de 0° C a 100° C



1
    O gráfico foi extraído do livro Bombas e Instalações de Bombeamento (página 198)
435    Curso Básico de Mecânica dos Fluidos




     Os cuidados adotados para procurar-se evitar o fenômeno de cavitação são:


1º → a bomba deve ser instalada o mais perto possível do nível de captação com a
     finalidade de diminuir z e , ou, se possível, a bomba deve ser instalada abaixo

     do nível de captação (bomba “afogada”) com isto z e < 0 .


2º → a tubulação de sucção deve ser a menor possível com a finalidade de diminuir a
      H p sucção .



3º → na tubulação de sucção devem ser usados os acessórios estritamente necessários
     com a finalidade de diminuir a H p sucção .



4º → o diâmetro de sucção deve ser um diâmetro superior ao diâmetro de recalque
     com a finalidade, tanto de diminuir a carga cinética de entrada da bomba,
     quanto diminuir H p sucção .
436   Curso Básico de Mecânica dos Fluidos




5º → o ponto de trabalho da bomba deve estar o mais próximo do ponto de
       rendimento máximo.




Nota: Por questão de economia, sempre que possível, não se considera o cuidado 4º
       mencionado acima, já que quanto maior o diâmetro maior o custo da
       tubulação.



7.9 Verificação do Fenômeno de Cavitação


Como mencionado no item anterior a condição de p e abs > p vapor não é suficiente para

garantir a não existência fenômeno de cavitação. Por este motivo, introduzi-se um
novo parâmetro denominado de N P S H ≡ Net Positive Suction Head, ou A P L S ≡
Altura Positiva Líquida de Sucção, ou Altura de Sucção Absoluta; e que representa a
disponibilidade de energia que o líquido penetra na boca de entrada da bomba e que
lhe permitirá atingir o bordo da pá do rotor.


Existem dois NPSH, um fornecido pelo fabricante que é denominado de
NPSH requerido e o calculado pelo projetista que é o NPSH disponível .


Para a verificação do fenômeno, devemos lembrar que:


1º → O NPSH da figura 7.6 representa o NPSH requerido


2º → A equação 7.7 possibilita o calculo do NPSH disponível , onde a condição

        necessária e suficiente para que não ocorra o fenômeno de cavitação é:
         NPSH disponível > NPSH requerido , ou NPSH disponível − NPSH requerido = reserva

        contra a cavitação.
437     Curso Básico de Mecânica dos Fluidos




Figura 7.6
438      Curso Básico de Mecânica dos Fluidos



                                                        p vapor
         NPSH disponível = NPSH d = H e abs −
                                                           γ

                                          p vapor
        NPSH d = H 0 abs − H p sucção −
                                               γ


        NPSH d = Z 0 +
                          p o abs − p vapor
                                              − fs .
                                                       (Ls + ∑ Les) . vS
                                                                       2
                                                                                    equação 7.7
                                 γ                         DH           2g

onde:


Z0 → obtido com o PHR adotado no eixo da bomba:


vS → velocidade média de sucção obtida com a vazão do ponto de trabalho.


Notas:


1ª → Não é nosso objetivo “esgotar” o assunto sobre cavitação, mesmo porque este
        texto é básico.


2ª → Existem fórmulas especificas dos fabricantes para a determinação do
          NPSH requerido para exemplificar este fato fornecemos a fórmula comumente

         utilizada pela Sulzer:


        NPSH requerido = NPSH r = (0,3 ⋅ a ⋅ 0,5)× n × Q , onde:



                            m3
        n → em rps e Q → em
                             s
439     Curso Básico de Mecânica dos Fluidos




3ª → Mencionamos a seguir alguns materiais que na ordem crescente resistem ao
        fenômeno de cavitação:


      FºFº → Alumínio → bronze → aço fundido → aço doce laminado → bronze
      fosforoso → bronze manganês → aço-cromo → ligas de aço inoxidável
      especiais.


4ª → Atualmente recorre-se a elastômeros (neoprene, poliuretano), que são aplicados
      na forma líquida, aderindo ao metal e aumentando sua resistência a cavitação.
      Alguns podem, até ser usados na recuperação de rotores cavitados, outro
      método é através da solda elétrica e em seguida esmerilha-se o rotor.



Nota: Existem situações onde não temos o NPSH requerido , que é um parâmetro

      fundamental para verificarmos o fenômeno de cavitação, nestas situações pode-
      se recorrer ao fator de cavitação           (σ ⋅ ou ⋅ θ) ,   que também é denominado de
      fator de cavitação de Thoma2 e através dele determina-se o NPSH requerido , já

      que:

       NPSH requerido = σ × H B                                              equação 7.8

      O fator de cavitação de Thoma pode-se ser determinado em função da rotação
      específica3:
                      n× Q
       n s = 3,65 ×                                                          equação 7.9
                      4 H3
                         B




2
 Homenagem ao pesquisador Dieter Thoma
3
 Um excelente parâmetro para se especificar o tipo de rotor que propicia um bom rendimento, para tal
consulte o livro Bombas e Instalações de Bombeamento – página 171 a 183
440   Curso Básico de Mecânica dos Fluidos


        onde:
                n = rotação da bomba em rpm

                                                    m3
                Q = vazão do ponto de trabalho em
                                                     s
                H B = carga manométrica no ponto de trabalho em m
                n s = rotação específica em rpm


        Com a rotação específica na figura 7.7 (gráfico de Stepanoff4), obtemos o fator
         de cavitação de Thoma e com ele podemos determinar o NPSH requerido pela

         equação 7.8.




                                            Figura 7.7


4
    Ibidem – página 193
441   Curso Básico de Mecânica dos Fluidos


        É importante salientar que existem outras maneiras de determinarmos o fator de
         cavitação de Thoma e uma excelente fonte de consulta é o livro Bombas e
         Instalações de Bombeamento – páginas 192 a 194.


                                mor                                    almo
                               ouco                                 úcido
                         p      lo                                  MIGO

                                 undo e                             nico
                      t es       o (de)                            e
             Est ar viv                                        vr o
                                                       mund             conquist ar


                                       Para refletir: VIDA5


Há alguns anos, nas olimpíadas especiais de Seattle, nove participantes, todos
com deficiência mental ou física, alinharam-se para a largada da corrida dos 100
metros rasos. Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com
vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar.


Todos, com exceção de um garoto, que tropeçou no asfalto, caiu rolando e
começou a chorar. Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e
olharam para trás. Então eles viraram e voltaram. Todos eles.


Uma das meninas, com Síndrome de Down, ajoelhou, deu um beijo no garoto e
disse: "- Pronto, agora vai sarar". E todos os nove competidores deram-se os
braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os
aplausos duraram muitos minutos. E as pessoas que estavam ali, naquele dia,
continuam repetindo essa história até hoje.

5
    Autor desconhecido, ou se alguém o conhecer me envie a informação ralemao@fei.edu.br
442   Curso Básico de Mecânica dos Fluidos




Talvez os atletas fossem deficientes mentais... Mas, com      certeza, não eram
deficientes da sensibilidade...


Por que?


Porque, no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida é mais do
que ganhar sozinho.


O que importa nesta vida é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique
diminuir o passo e mudar de curso...


Pensem nisso e tenham um dia diferente...

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Cavitação

  • 1. 432 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos 7.8 Cavitação Nesta unidade, apresentamos o fenômeno de cavitação observado em instalações de bombeamento. Para que possamos compreender o fenômeno de cavitação, consideramos um trecho de uma dada instalação de bombeamento representado pela figura 7.2, onde calculamos a pressão na entrada da bomba. (2) (s) B (e) Ze (0) PHR (1) Figura 7.2 Aplicando a equação da energia de (0) a (e),temos:  v2  p e = − γ .  Ze + e + Hp sucção  equação 7.6  2g    Através da temperatura de escoamento do fluido, com auxílio de um manual de termodinâmica, podemos determinar a pressão de vapor - p vapor (tensão de vapor), que representa a pressão que para a temperatura de escoamento, teríamos a mudança de líquido para vapor em um processo isobárico. Se a p e abs (p e + patm) for menor ou igual a p vapor , temos o fenômeno de evaporação à temperatura de escoamento, que é denominado de cavitação.
  • 2. 433 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos Notas: 1 → O fenômeno de cavitação observado na entrada da bomba ( p e abs ≤ p vapor ) é denominado geralmente de supercavitação e é considerado um erro grosseiro do projetista. 2 → A pressão na entrada da bomba não representa o ponto de menor pressão do escoamento, este ocorre no interior do corpo da bomba, o que equivale a dizer que o fato de não ocorrer o fenômeno de cavitação na entrada da bomba não garante que o mesmo não ocorra em seu interior. Ao considerar as figuras 7.3.a e 7.3.b, verificamos que a bolha de vapor ao ser lançada na direção do difusor da bomba, onde a energia total é maior e a pressão maior que a pressão atmosfera, esta irá sofrer a condensação repentina com grande liberação de energia, ocorrendo a penetração do fluido nos espaços vazios do material (função do tamanho dos grãos) do rotor, podendo promover o “arrancamento” de grãos. Figura 7.3 Figura 7.3.b Nota: (1) – carcaça da bomba e (2) é o seu rotor.
  • 3. 434 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos O fenômeno de cavitação, geralmente propicia os seguintes problemas: 1º → erosão 2º → vibrações 3º → diminuição do rendimento 4o → diminuição do tempo vida da bomba ... As figuras 7.4 e 7.5 mostram rotores de turbina e de bomba, respectivamente, que foram submetidos ao fenômeno de cavitação durante um dado período. Figura 7.4 Figura 7.5 Pelo fato do fenômeno de cavitação poder comprometer todo o projeto de uma instalação de bombeamento alguns cuidados preliminares devem ser tomados para evitá-lo, cuidados estes baseados na equação 7.6, onde objetiva-se trazer a p e o mais perto possível da p atm , ou até mesmo superior a ela. Nota: O gráfico1 a seguir fornece as pressões de vapor, na escala absoluta, para a água em temperaturas de 0° C a 100° C 1 O gráfico foi extraído do livro Bombas e Instalações de Bombeamento (página 198)
  • 4. 435 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos Os cuidados adotados para procurar-se evitar o fenômeno de cavitação são: 1º → a bomba deve ser instalada o mais perto possível do nível de captação com a finalidade de diminuir z e , ou, se possível, a bomba deve ser instalada abaixo do nível de captação (bomba “afogada”) com isto z e < 0 . 2º → a tubulação de sucção deve ser a menor possível com a finalidade de diminuir a H p sucção . 3º → na tubulação de sucção devem ser usados os acessórios estritamente necessários com a finalidade de diminuir a H p sucção . 4º → o diâmetro de sucção deve ser um diâmetro superior ao diâmetro de recalque com a finalidade, tanto de diminuir a carga cinética de entrada da bomba, quanto diminuir H p sucção .
  • 5. 436 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos 5º → o ponto de trabalho da bomba deve estar o mais próximo do ponto de rendimento máximo. Nota: Por questão de economia, sempre que possível, não se considera o cuidado 4º mencionado acima, já que quanto maior o diâmetro maior o custo da tubulação. 7.9 Verificação do Fenômeno de Cavitação Como mencionado no item anterior a condição de p e abs > p vapor não é suficiente para garantir a não existência fenômeno de cavitação. Por este motivo, introduzi-se um novo parâmetro denominado de N P S H ≡ Net Positive Suction Head, ou A P L S ≡ Altura Positiva Líquida de Sucção, ou Altura de Sucção Absoluta; e que representa a disponibilidade de energia que o líquido penetra na boca de entrada da bomba e que lhe permitirá atingir o bordo da pá do rotor. Existem dois NPSH, um fornecido pelo fabricante que é denominado de NPSH requerido e o calculado pelo projetista que é o NPSH disponível . Para a verificação do fenômeno, devemos lembrar que: 1º → O NPSH da figura 7.6 representa o NPSH requerido 2º → A equação 7.7 possibilita o calculo do NPSH disponível , onde a condição necessária e suficiente para que não ocorra o fenômeno de cavitação é: NPSH disponível > NPSH requerido , ou NPSH disponível − NPSH requerido = reserva contra a cavitação.
  • 6. 437 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos Figura 7.6
  • 7. 438 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos p vapor NPSH disponível = NPSH d = H e abs − γ p vapor NPSH d = H 0 abs − H p sucção − γ NPSH d = Z 0 + p o abs − p vapor − fs . (Ls + ∑ Les) . vS 2 equação 7.7 γ DH 2g onde: Z0 → obtido com o PHR adotado no eixo da bomba: vS → velocidade média de sucção obtida com a vazão do ponto de trabalho. Notas: 1ª → Não é nosso objetivo “esgotar” o assunto sobre cavitação, mesmo porque este texto é básico. 2ª → Existem fórmulas especificas dos fabricantes para a determinação do NPSH requerido para exemplificar este fato fornecemos a fórmula comumente utilizada pela Sulzer: NPSH requerido = NPSH r = (0,3 ⋅ a ⋅ 0,5)× n × Q , onde: m3 n → em rps e Q → em s
  • 8. 439 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos 3ª → Mencionamos a seguir alguns materiais que na ordem crescente resistem ao fenômeno de cavitação: FºFº → Alumínio → bronze → aço fundido → aço doce laminado → bronze fosforoso → bronze manganês → aço-cromo → ligas de aço inoxidável especiais. 4ª → Atualmente recorre-se a elastômeros (neoprene, poliuretano), que são aplicados na forma líquida, aderindo ao metal e aumentando sua resistência a cavitação. Alguns podem, até ser usados na recuperação de rotores cavitados, outro método é através da solda elétrica e em seguida esmerilha-se o rotor. Nota: Existem situações onde não temos o NPSH requerido , que é um parâmetro fundamental para verificarmos o fenômeno de cavitação, nestas situações pode- se recorrer ao fator de cavitação (σ ⋅ ou ⋅ θ) , que também é denominado de fator de cavitação de Thoma2 e através dele determina-se o NPSH requerido , já que: NPSH requerido = σ × H B equação 7.8 O fator de cavitação de Thoma pode-se ser determinado em função da rotação específica3: n× Q n s = 3,65 × equação 7.9 4 H3 B 2 Homenagem ao pesquisador Dieter Thoma 3 Um excelente parâmetro para se especificar o tipo de rotor que propicia um bom rendimento, para tal consulte o livro Bombas e Instalações de Bombeamento – página 171 a 183
  • 9. 440 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos onde: n = rotação da bomba em rpm m3 Q = vazão do ponto de trabalho em s H B = carga manométrica no ponto de trabalho em m n s = rotação específica em rpm Com a rotação específica na figura 7.7 (gráfico de Stepanoff4), obtemos o fator de cavitação de Thoma e com ele podemos determinar o NPSH requerido pela equação 7.8. Figura 7.7 4 Ibidem – página 193
  • 10. 441 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos É importante salientar que existem outras maneiras de determinarmos o fator de cavitação de Thoma e uma excelente fonte de consulta é o livro Bombas e Instalações de Bombeamento – páginas 192 a 194. mor almo ouco úcido p lo MIGO undo e nico t es o (de) e Est ar viv vr o mund conquist ar Para refletir: VIDA5 Há alguns anos, nas olimpíadas especiais de Seattle, nove participantes, todos com deficiência mental ou física, alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos. Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar. Todos, com exceção de um garoto, que tropeçou no asfalto, caiu rolando e começou a chorar. Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás. Então eles viraram e voltaram. Todos eles. Uma das meninas, com Síndrome de Down, ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: "- Pronto, agora vai sarar". E todos os nove competidores deram-se os braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos. E as pessoas que estavam ali, naquele dia, continuam repetindo essa história até hoje. 5 Autor desconhecido, ou se alguém o conhecer me envie a informação ralemao@fei.edu.br
  • 11. 442 Curso Básico de Mecânica dos Fluidos Talvez os atletas fossem deficientes mentais... Mas, com certeza, não eram deficientes da sensibilidade... Por que? Porque, no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida é mais do que ganhar sozinho. O que importa nesta vida é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir o passo e mudar de curso... Pensem nisso e tenham um dia diferente...