O documento descreve a história do Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil, que homenageia o líder quilombola Zumbi e a luta contra a escravidão. Foi criado em 2003 para promover a reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação cultural brasileira.
África: consciência negra - Jornal Caramuru - Turma 1601
1. História do Dia Nacional da Consciência Negra
Esta data foi estabelecida pelo projeto lei
número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003.
Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois
foi neste dia, no ano de 1695, que morreu
Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que
justa, pois este personagem histórico
representou a luta do negro contra a
escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele
morreu em combate, defendendo seu povo e
sua comunidade. Os quilombos representavam
uma resistência ao sistema escravista e
JORNAL DO CARAMURU – 1ª EDIÇÃO – GEO DE SANTA TERESA – 28-09-2015
PROFESSORA: TÂNIA ALMEIDA
2. também um forma coletiva de manutenção da
cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até
a morte por esta cultura e pela liberdade do
seu povo.
A criação desta
data foi importante, pois serve como um
momento de conscientização e reflexão sobre
a importância da cultura e do povo africano na
formação da cultura nacional. Os negros
africanos colaboraram muito, durante nossa
história, nos aspectos políticos, sociais,
gastronômicos e religiosos de nosso país. É um
dia que devemos comemorar nas escolas, nos
espaços culturais e em outros locais,
valorizando a cultura afro-brasileira.
A abolição da escravatura, de forma
oficial, só veio em 1888. Porém, os negros
sempre resistiram e lutaram contra a opressão
e as injustiças advindas da escravidão.
3. Vale dizer também que sempre ocorreu
uma valorização dos personagens históricos de
cor branca. Como se a história do Brasil tivesse
sido construída somente pelos europeus e seus
descendentes. Imperadores, navegadores,
bandeirantes, líderes militares entre outros
foram sempre considerados heróis nacionais.
Agora temos a valorização de um líder negro
em nossa história e esperamos que em breve
outros personagens históricos de origem
africana sejam valorizados por nosso povo e
por nossa história. Passos, de grande
importância, estão sendo tomados nas escolas
brasileiras, nas quais já é obrigatória a inclusão
de disciplinas e conteúdos que visam estudar a
história da África e a cultura afro-brasileira.
4. A Máscara tem origem no latim mascus ou
masca = “fantasma”, ou no árabe maskharah =
“palhaço”, “homem disfarçado”.
Principais funções de uma máscara são: o
disfarce, o símbolo de identificação, esconder-
revelando, transfiguração, representação de
espíritos da natureza, deuses, antepassados,
seres sobrenaturais ou rosto de animais,
participação em rituais (muitas vezes
presente, porém sem utilização prática),
interação com dança ou movimento,
fundamental nas religiões animistas ou ainda
um mero adereço.
Uma das sociedades que mais se
expressam simbolicamente através de suas
expressões artísticas e tornou-se conhecida
através de suas máscaras são as etnias
africanas. Dentro da África encontram-se várias
sociedades, onde cada uma possui traços
específicos e particulares respeitando seu
contexto cultural.
5. Dentro da arte africana, as esculturas
são as expressões de maior destaque e mais
conhecidas universalmente. Diferente da
concepção artística ocidental, a arte
africana possui um teor e um sentido mágico
religioso.
Para os africanos, as esculturas são
objetos rituais, comunicação com os deuses e
uma maneira de se mostrar e distinguir-se das
demais comunidades.
O continente africano é enorme e
habitado por várias etnias, por isso apresenta
diferenças Culturais, estéticas e religiosas de
uma região para outra. Consequentemente, a
máscara africana não tem traços homogêneos,
cada comunidade possui seu próprio estilo
artístico.
A maioria das máscaras é feita em
madeira, afinal para os africanos a árvore é
guardiã de poderes mágicos. O artista parte de
um tronco cilíndrico e vai afinando com o
auxilio de suas ferramentas. A madeira
escolhida deve ser verde e para que não rache,
ele a carboniza jogando óleos de palmeira.
6. Além da madeira, outros materiais
podem ser usados nas esculturas, como pedra,
marfim, ouro, cobre e bronze.
Não é qualquer um que pode
esculpir máscaras em uma sociedade africana.
O artista não é um ser individual, pois através
de suas mãos a coletividade fala. Cabe a ele o
papel de interpretar os valores de todos e
concretizar em sua obra.
Na maioria dos casos, o escultor
pertence a uma família ou casta de artistas.
Inclusive será ali que ele irá aprender o uso e
os instrumentos para a atividade artística. No
entanto, pode acontecer de algum jovem da
aldeia se interessar pela arte, mesmo sem ser
da família de artistas. Neste caso, ele começará
como aprendiz, copiando os modelos do
mestre para depois criar os seus próprios,
sempre obedecendo ao estilo vigente.
Totalmente oposto a nossa a visão
ocidental do artista, o escultor africano embora
tenha uma posição de respeito e poder, deve
ficar incógnito e passar por um processo de
7. abstinência e purificação antes de iniciar a
escultura. Pois confeccionar uma máscara é um
ato sagrado, e quem o faz deve estar livre de
todas as impurezas. Não importa quem é o
artista, mas a mensagem social de que é
portador.
8. A
Abará: bolinho de feijão.
Acará: peixe de esqueleto ósseo.
Acarajé: bolinho de feijão frito (feijão
fradinho).
Agogô: instrumento musical constituído por
uma dupla campânula de ferro, produzindo
dois sons.
Angu: massa de farinha de trigo ou de
mandioca ou arroz.
B
Banzar: meditar, matutar.
Banzo: nostalgia mortal dos negros da África..
Batuque: dança com sapateados e palmas.
Banguela: desdentado.
Berimbau: instrumento de percussão com o
qual se acompanha a capoeira.
Búzio: concha.
9. C
Cachaça: aguardente.
Cachimbo: aparelho para fumar.
Cafundó: lugar afastado, de acesso difícil.
Cafuné: carinho.
Calombo: quisto, doença.
Camundongo: rato.
Candomblé: religião dos negros iorubás.
Candonga: intriga, mexerico.
Canjica: papa de milho verde ralado.
Carimbo: instrumento de borracha.
Caxambu: grande tambor usado na dança
harmônica.
Caxumba: doença da glândula falias.
Chuchu: fruto comestível.
Cubata: choça de pretos; senzala.
D
Dendê: fruto do dendezeiro.
Dengo: manha, birra.
E
Exu: deus africano de potências contrárias ao
10. homem.
F
Fubá: farinha de milho.
G
Guandu: o mesmo que andu (fruto do
anduzeiro), ou arbusto de flores amarelas, tipo
de feijão comestível.
I
Inhame: planta medicinal e alimentícia com
raiz parecida com o cará.
Iemanjá: deusa africana, a mãe d’ água dos
iorubanos.
J
Jiló: fruto verde de gosto amargo.
Jongo: o mesmo que samba.
L
Libambo: bêbado (pessoas que se alteram por
causa da bebida).
Lundu: primitivamente dança africana.
M
Macumba: religião afro-brasileira.
Maracatu: cortejo carnavalesco que segue uma
11. mulher que num bastão leva uma bonequinha
enfeitada, a calunga.
Marimbondo: o mesmo que vespa.
Maxixe: fruto verde.
Miçanga: conchas de vidro, variadas e miúdas.
Mandinga: feitiçaria, bruxaria.
Moleque: negrinho, menino de pouca idade.
Muamba: contrabando.
O
Ogum: Deus das lutas e das guerras.
Orixá: divindade secundário do culto jejênago,
medianeira que transmite súplicas dos devotos
suprema divindade desse culto, ídolo africano.
P
Puita: corpo pesado usado nas embarcações de
pesca em vez fateixa.
Q
Quenga: vasilha feita da metade do coco.
Quiabo: fruto de forma piramidal, verde e
peludo.
Quilombo: valhacouto de escravos fugidos.
Quitute: comida fina, iguaria delicada.
12. Quizília: antipatia ou aborrecimento.
S
Samba: dança cantada de origem africana de
compasso binário ( da língua de Luanda, semba
= umbigada).
Senzala: alojamento dos escravos.
T
Tanga: pano que cobre desde o ventre até as
coxas.
Tutu: iguaria de carne de porco salgada,
Toicinho, feijão e farinha de mandioca.
U
Urucungo: instrumento musical.
V
Vatapá: comida.
X
Xendengue: magro, franzino.
Z
Zambi ou Zambeta: cambaio , torto das pernas.
Zumbi: fantasmas.
13. A maioria dos vegetais mais
importantes na comida africana tem origem
fora da África. Milho, feijão, mandioca e
abóbora são originários das Américas e foram
introduzidos na África pelos europeus no
século 16. A maior parte dos vegetais verdes
africanos são resistentes à seca. A comida
africana tradicional provê uma dieta variada
geralmente rica em vitaminas e sais minerais,
incluindo vitamina A, ferro e cálcio.
Por volta do século 16 a alimentação
cotidiana na África, que foi incorporada à
comida brasileira pelos escravos, incluía arroz,
feijão, sorgo, milho e cuscuz. A carne era
predominante de caça (antílopes, gazelas,
búfalos e aves). Os alimentos eram preparados
assados, tostados ou cozidos. Como tempero
14. utilizava-se pimentas e óleos vegetais como o
azeite-de-dendê.
A alimentação dos escravos nas
propriedades ricas incluía canjica, feijão-preto,
toucinho, carne-seca, laranjas, bananas,
farinha de mandioca e o que conseguisse
pescar e caçar; e nas pobres era de farinha,
laranja e banana. Os temperos utilizados na
comida eram o açafrão, o óleo de dendê e o
leite de coco. O cuscuz já era conhecido na
África antes da chegada dos portugueses ao
Brasil, e tem origem no norte da África, entre
os berberes. No Brasil, o cuscuz é consumido
doce, feito com leite e leite de coco, a não ser
o cuscuz paulista, consumido com ovos
cozidos, cebola, alho, cheiro-verde e outros
legumes. O leite de coco é usado para regar
peixes, mariscos, arroz-de-coco, cuscuz,
mungunzá e outras iguarias.