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FOCCA – FACULDADE DE OLINDA 
Grupo: Allana Figueredo, Inaldo Bento e Tatyane Patrícia. 
Professora: Elizabeth Carvalho. 
Disciplina: Literatura Brasileira.
 Título: Esaú e Jacó 
 Autor: Machado de Assis 
 Ano de publicação: 1904 
Falecimento de Carolina Xavier 
(Esposa de Machado)
Isaac Blessing Jacob, Govert Flinck, c. 1638
 Numa época em que os Realistas se desdobravam em detalhes 
grosseiros, Machado preferia sugerir a declarar. Olhando a natureza 
como um míope, ele, em compensação, devassa e penetra a alma dos 
homens, para aí sim, exibi-la em opulência de detalhes. 
 Como diz José Barreto Filho em seu livro Introdução à obra de 
Machado de Assis , “Machado nos quis dizer um segredo, mas o fez 
com tanta reserva que não pôde formular talvez, nem para si mesmo”. 
 O livro possui uma particularidade: faz refletir a posição política de um 
homem tido como alheio a movimentos de tal natureza. Acusado de 
indiferente, frio e inteiramente desligado das paixões políticas, Machado 
de Assis, nesta obra, discute e analisa uma das mais importantes 
épocas da política brasileira.
 O livro é uma alegoria daquele momento histórico brasileiro, 
de transição entre Monarquia e República. Os gêmeos (o 
monarquista conservador Pedro e o liberal republicano Paulo) 
são opostos na essência, mas são tão idênticos fisicamente a 
ponto de Flora não conseguir distingui-los. A crítica de 
Machado está aí: no Brasil, não se consegue perceber a 
diferença entre Monarquia e República — diferentes no 
discurso, mas semelhantes em suas práticas políticas.
 A construção narrativa é feita para causar estranhamento. 
Apesar da aparência de simplicidade, a estrutura não é 
simples. A apresentação da advertência no início do livro, 
explicando que o texto foi encontrado no meio de cadernos 
manuscritos, torna o Conselheiro Aires, que é personagem, 
num autor suposto. Mas Aires não é o narrador: quem narra é 
o narrador onisciente. A voz machadiana, que conversa com o 
leitor, se sobrepõe à do Conselheiro. O esquema narrativo é 
complexo, pois há um narrador em terceira pessoa que 
também dialoga em primeira pessoa com o leitor.
 Pedro: Jovem monarquista. Formado em medicina, apaixona-se pela jovem Flora e 
a disputa com seu irmão. É amigo do Conselheiro Aires, por quem tem grande 
estima. Torna-se deputado republicano conservador e, no fim da narrativa, rompe 
laços com seu irmão. 
 Paulo: Irmão gêmeo de Pedro, republicano, formado em direito. Como o irmão, 
apaixona-se por Flora e a disputa com ele. Sofre com a morte da amada. É amigo 
do conselheiro Aires. Elege-se deputado reformista ao final da narrativa, rompendo 
definitivamente laços com Pedro. 
 Flora: Jovem misteriosa, firme e ingênua a um só tempo. Apaixona-se pelos 
gêmeos Pedro e Paulo. Indecisa, acaba ficando perturbada mentalmente e 
morrendo. Pode ser entendida como a metonímia do Brasil, sem esperança entre 
os jogos de interesse políticos. 
 Natividade: Mãe de Pedro e de Paulo, Natividade é uma mulher forte e 
condescendente. Viveu para os filhos, os amigos e a família. Tentou, em vão, 
estabelecer a paz entre os gêmeos, sonhando toda a vida com a “grandiosidade” 
anunciada pela cabocla.
 Conselheiro Aires: Conselheiro do império, Aires é um homem 
viajado, diplomata experiente e tido em alta conta pelos amigos. É 
quem auxilia Natividade na campanha de paz entre os gêmeos e 
ajuda Flora a lidar com seu sofrimento. É refinado, discreto e um 
tanto cético. 
 Santos: Pai de Pedro e Paulo, marido de Natividade. Homem de 
origem humilde, que fez fortuna com usura e tornou-se banqueiro. 
De fé duvidosa, converte-se ao espiritismo. 
 Batista: Pai de Flora e marido de D. Cláudia. É um oportunista, sem 
opinião firme e influenciável facilmente. Considera-se conservador, 
mas quando se dá a queda destes, alia-se aos liberais. Não 
consegue ter o seu sonhado retorno à política concretizado. 
 D. Cláudia: Mãe de Flora e mulher de Batista. Mulher superficial, 
interesseira e fútil. Está sempre buscando maneiras de reconduzir o 
marido à política, para reaver a satisfação pessoal.
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Do realismo ao naturalismo

  • 1. FOCCA – FACULDADE DE OLINDA Grupo: Allana Figueredo, Inaldo Bento e Tatyane Patrícia. Professora: Elizabeth Carvalho. Disciplina: Literatura Brasileira.
  • 2.  Título: Esaú e Jacó  Autor: Machado de Assis  Ano de publicação: 1904 Falecimento de Carolina Xavier (Esposa de Machado)
  • 3. Isaac Blessing Jacob, Govert Flinck, c. 1638
  • 4.  Numa época em que os Realistas se desdobravam em detalhes grosseiros, Machado preferia sugerir a declarar. Olhando a natureza como um míope, ele, em compensação, devassa e penetra a alma dos homens, para aí sim, exibi-la em opulência de detalhes.  Como diz José Barreto Filho em seu livro Introdução à obra de Machado de Assis , “Machado nos quis dizer um segredo, mas o fez com tanta reserva que não pôde formular talvez, nem para si mesmo”.  O livro possui uma particularidade: faz refletir a posição política de um homem tido como alheio a movimentos de tal natureza. Acusado de indiferente, frio e inteiramente desligado das paixões políticas, Machado de Assis, nesta obra, discute e analisa uma das mais importantes épocas da política brasileira.
  • 5.  O livro é uma alegoria daquele momento histórico brasileiro, de transição entre Monarquia e República. Os gêmeos (o monarquista conservador Pedro e o liberal republicano Paulo) são opostos na essência, mas são tão idênticos fisicamente a ponto de Flora não conseguir distingui-los. A crítica de Machado está aí: no Brasil, não se consegue perceber a diferença entre Monarquia e República — diferentes no discurso, mas semelhantes em suas práticas políticas.
  • 6.
  • 7.  A construção narrativa é feita para causar estranhamento. Apesar da aparência de simplicidade, a estrutura não é simples. A apresentação da advertência no início do livro, explicando que o texto foi encontrado no meio de cadernos manuscritos, torna o Conselheiro Aires, que é personagem, num autor suposto. Mas Aires não é o narrador: quem narra é o narrador onisciente. A voz machadiana, que conversa com o leitor, se sobrepõe à do Conselheiro. O esquema narrativo é complexo, pois há um narrador em terceira pessoa que também dialoga em primeira pessoa com o leitor.
  • 8.  Pedro: Jovem monarquista. Formado em medicina, apaixona-se pela jovem Flora e a disputa com seu irmão. É amigo do Conselheiro Aires, por quem tem grande estima. Torna-se deputado republicano conservador e, no fim da narrativa, rompe laços com seu irmão.  Paulo: Irmão gêmeo de Pedro, republicano, formado em direito. Como o irmão, apaixona-se por Flora e a disputa com ele. Sofre com a morte da amada. É amigo do conselheiro Aires. Elege-se deputado reformista ao final da narrativa, rompendo definitivamente laços com Pedro.  Flora: Jovem misteriosa, firme e ingênua a um só tempo. Apaixona-se pelos gêmeos Pedro e Paulo. Indecisa, acaba ficando perturbada mentalmente e morrendo. Pode ser entendida como a metonímia do Brasil, sem esperança entre os jogos de interesse políticos.  Natividade: Mãe de Pedro e de Paulo, Natividade é uma mulher forte e condescendente. Viveu para os filhos, os amigos e a família. Tentou, em vão, estabelecer a paz entre os gêmeos, sonhando toda a vida com a “grandiosidade” anunciada pela cabocla.
  • 9.  Conselheiro Aires: Conselheiro do império, Aires é um homem viajado, diplomata experiente e tido em alta conta pelos amigos. É quem auxilia Natividade na campanha de paz entre os gêmeos e ajuda Flora a lidar com seu sofrimento. É refinado, discreto e um tanto cético.  Santos: Pai de Pedro e Paulo, marido de Natividade. Homem de origem humilde, que fez fortuna com usura e tornou-se banqueiro. De fé duvidosa, converte-se ao espiritismo.  Batista: Pai de Flora e marido de D. Cláudia. É um oportunista, sem opinião firme e influenciável facilmente. Considera-se conservador, mas quando se dá a queda destes, alia-se aos liberais. Não consegue ter o seu sonhado retorno à política concretizado.  D. Cláudia: Mãe de Flora e mulher de Batista. Mulher superficial, interesseira e fútil. Está sempre buscando maneiras de reconduzir o marido à política, para reaver a satisfação pessoal.