SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  3
Neoclassicismo 
A nível formal, a poesia de Ricardo Reis revela um estilo trabalhado, rigoroso e 
clássico. A precisão verbal, o uso de expressões em latim, o uso de formas estróficas 
como a Ode (poesia própria para canto) e métricas como os versos decassilábicos, 
revelam um estilo rigoroso e denso, com preocupação de traduzir ideias através de 
uma expressão perfeita, sendo tudo isto marcas do neoclassicismo erudito de Reis. 
O neoclassicismo de reis, para além de ter um sentido amplo, onde os seus 
temas são constantes e universais, tem um sentido mais preciso, que aborda temas da 
literatura greco-latina, alimentada por conceitos de vida pagãos e ainda no recurso a 
processos linguísticos que evocam a poesia horaciana e a poesia neoclássica românica. 
Ao contrário de Pessoa ortónimo, que tende a subtrair-se às cadeias temporais, 
Ricardo Reis devido a ter um estilo antigo e antiquado, faz com que os seus poemas 
nos façam recuar a épocas determinadas, como a Antiguidade da Grécia Clássica, onde 
adopta o paganismo, pois tem nos gregos o modelo da sabedoria, pois estes souberam 
aceitar o destino e usufruir o bem da vida.
Neopaganismo 
No que diz respeito ao neopaganismo, Ricardo reis aceita a antiga crença nos 
deuses, pois estes são o ideal humano, enquanto disciplinadora das nossas emoções e 
sentimentos, e nas presenças quase divinas que habitam todas as coisas, recorrendo à 
mitologia greco-latina, e considera a brevidade, a fugacidade e a transitoriedade da 
vida, pois sabe que o tempo passa e tudo é efémero. O poeta considera que a 
verdadeira sabedoria de vida é viver de forma equilibrada e serena. 
As referências aos deuses são uma forma de referir a primazia do corpo, das 
formas, da natureza, dos aspectos exteriores, e da realidade, sem considerar a 
subjectividade ou a interioridade - ensinamentos de Caeiro, o mestre de todos os 
heterónimos. 
Em grande parte devido ao seu paganismo, aceita o destino com naturalidade, 
considerando que os deuses estão acima do homem por uma questão de grau, mas 
que acima dos deuses, apenas se encontra o Fado, que tudo submete (domina), tal 
como mostra o excerto do poema Só esta liberdade nos concedem do poeta: 
Nem outro jeito os deuses, sobre quem 
O eterno fado pesa, 
Usam para seu calmo e possuído 
Convencimento antigo 
De que é divina a sua vida. 
(ou seja, os deuses são submetidos a uma vontade superior a eles) 
(para além disso,)Reis sente que tem de viver em conformidade com as leis do 
destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa verdadeira ilusão da felicidade. O 
poeta considera também que estando o destino acima dos próprios deuses, temos 
necessidade do autodomínio, de sermos donos de nós próprios, construindo o nosso 
"fado voluntário", ou seja, procurar construir um destino a que nos sujeitamos 
voluntariamente, o que acaba por ser uma ilusão de liberdade (pois o destino é 
inevitável).
Em suma, Reis é o heterónimo que projecta Pessoa para a Antiguidade da Grécia 
Clássica, refugiando-se na aparente felicidade pagã , onde procura alcançar a quietude 
e a perfeição dos deuses, indiferentes mas omnipresentes, que se confundem 
connosco sempre que os imitamos, pois estes não são mais que homens mais perfeitos 
ou aperfeiçoados.

Contenu connexe

Tendances

Mensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãMensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãSofia_Afonso
 
Características poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo ReisCaracterísticas poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo ReisDina Baptista
 
Caracteristicas de Cesário Verde
Caracteristicas de Cesário VerdeCaracteristicas de Cesário Verde
Caracteristicas de Cesário VerdeMariaVerde1995
 
Álvaro de Campos
Álvaro de CamposÁlvaro de Campos
Álvaro de CamposAna Isabel
 
O heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto CaeiroO heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto Caeiroguest155834
 
Mensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de PortugalMensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de PortugalMaria Teixiera
 
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaSebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaAntónio Aragão
 
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhosAlberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhosBruno Meirim
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemPaulo Vitorino
 
Sebastianismo: Os Lusíadas & Mensagem
Sebastianismo: Os Lusíadas & MensagemSebastianismo: Os Lusíadas & Mensagem
Sebastianismo: Os Lusíadas & MensagemInesa M
 
Análise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última NauAnálise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última NauMaria Freitas
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...FilipaFonseca
 
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimocaracterísticas temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimoDina Baptista
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaMargarida Rodrigues
 
Num bairro moderno
Num bairro modernoNum bairro moderno
Num bairro modernoaramalho340
 

Tendances (20)

Mensagem - Antemanhã
Mensagem - AntemanhãMensagem - Antemanhã
Mensagem - Antemanhã
 
Fernando Pessoa-Ortónimo
Fernando Pessoa-OrtónimoFernando Pessoa-Ortónimo
Fernando Pessoa-Ortónimo
 
Características poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo ReisCaracterísticas poéticas de Ricardo Reis
Características poéticas de Ricardo Reis
 
Caracteristicas de Cesário Verde
Caracteristicas de Cesário VerdeCaracteristicas de Cesário Verde
Caracteristicas de Cesário Verde
 
Álvaro de Campos
Álvaro de CamposÁlvaro de Campos
Álvaro de Campos
 
áLvaro de campos
áLvaro de camposáLvaro de campos
áLvaro de campos
 
O heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto CaeiroO heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto Caeiro
 
Mensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de PortugalMensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
Mensagem - D. Sebastião Rei de Portugal
 
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaSebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
 
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhosAlberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
 
Ceifeira
CeifeiraCeifeira
Ceifeira
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Sebastianismo: Os Lusíadas & Mensagem
Sebastianismo: Os Lusíadas & MensagemSebastianismo: Os Lusíadas & Mensagem
Sebastianismo: Os Lusíadas & Mensagem
 
Análise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última NauAnálise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última Nau
 
O Mostrengo
O MostrengoO Mostrengo
O Mostrengo
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
 
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimocaracterísticas temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando Pessoa
 
Num bairro moderno
Num bairro modernoNum bairro moderno
Num bairro moderno
 

Similaire à Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo

Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa suzana patricia
 
fernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbb
fernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbbfernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbb
fernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbbMatildeMatos10
 
Correção síntese fernando_pessoa
Correção síntese fernando_pessoaCorreção síntese fernando_pessoa
Correção síntese fernando_pessoaTiago Novais
 
A poesia no Olhar das Palavras
A poesia no Olhar das PalavrasA poesia no Olhar das Palavras
A poesia no Olhar das PalavrasJosé Mesquita
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo' Paan
 
Fernando pessoa e seus heterónimos
Fernando pessoa e seus heterónimosFernando pessoa e seus heterónimos
Fernando pessoa e seus heterónimosVanessa Pereira
 
Amor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De Andrade
Amor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De AndradeAmor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De Andrade
Amor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De Andradecatiasgs
 
Uma Viagem através da Luz
Uma Viagem através da LuzUma Viagem através da Luz
Uma Viagem através da LuzJosé Mesquita
 
Síntese da subunidade.ppt
Síntese da subunidade.pptSíntese da subunidade.ppt
Síntese da subunidade.pptCecliaGomes25
 

Similaire à Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo (17)

Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
Ricardo Reis - Heterónimo de Fernando Pessoa
 
Heterónimos Fernadno Pessoa.pptx
Heterónimos Fernadno Pessoa.pptxHeterónimos Fernadno Pessoa.pptx
Heterónimos Fernadno Pessoa.pptx
 
fernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbb
fernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbbfernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbb
fernando_pessoa_ricardo_reis.pdfhhbhbbhbb
 
Meninas 3a
Meninas 3aMeninas 3a
Meninas 3a
 
Ricardo reis
Ricardo reisRicardo reis
Ricardo reis
 
Correção síntese fernando_pessoa
Correção síntese fernando_pessoaCorreção síntese fernando_pessoa
Correção síntese fernando_pessoa
 
A poesia no Olhar das Palavras
A poesia no Olhar das PalavrasA poesia no Olhar das Palavras
A poesia no Olhar das Palavras
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Fernando pessoa e seus heterónimos
Fernando pessoa e seus heterónimosFernando pessoa e seus heterónimos
Fernando pessoa e seus heterónimos
 
Amor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De Andrade
Amor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De AndradeAmor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De Andrade
Amor, Pois Que é Palavra Essencial; Carlos Drummond De Andrade
 
Parnasianismo
Parnasianismo Parnasianismo
Parnasianismo
 
Antologia Poética - Vinícius de Moraes - 3ª A - 2011
Antologia Poética - Vinícius de Moraes - 3ª A - 2011Antologia Poética - Vinícius de Moraes - 3ª A - 2011
Antologia Poética - Vinícius de Moraes - 3ª A - 2011
 
Ricardo reis
Ricardo reisRicardo reis
Ricardo reis
 
Uma Viagem através da Luz
Uma Viagem através da LuzUma Viagem através da Luz
Uma Viagem através da Luz
 
Síntese da subunidade.ppt
Síntese da subunidade.pptSíntese da subunidade.ppt
Síntese da subunidade.ppt
 
Barroco
BarrocoBarroco
Barroco
 
Ricardo Reis
Ricardo ReisRicardo Reis
Ricardo Reis
 

Dernier

Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdfProjeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdfHELENO FAVACHO
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptjricardo76
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfamarianegodoi
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Maria Teresa Thomaz
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxAntonioVieira539017
 
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...Francisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.pptAula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.pptPedro Luis Moraes
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxandrenespoli3
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptssuser2b53fe
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffNarlaAquino
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...HELENO FAVACHO
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*Viviane Moreiras
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxMarcosLemes28
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptxJssicaCassiano2
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...andreiavys
 

Dernier (20)

Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdfProjeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
 
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.pptAula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 

Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo

  • 1. Neoclassicismo A nível formal, a poesia de Ricardo Reis revela um estilo trabalhado, rigoroso e clássico. A precisão verbal, o uso de expressões em latim, o uso de formas estróficas como a Ode (poesia própria para canto) e métricas como os versos decassilábicos, revelam um estilo rigoroso e denso, com preocupação de traduzir ideias através de uma expressão perfeita, sendo tudo isto marcas do neoclassicismo erudito de Reis. O neoclassicismo de reis, para além de ter um sentido amplo, onde os seus temas são constantes e universais, tem um sentido mais preciso, que aborda temas da literatura greco-latina, alimentada por conceitos de vida pagãos e ainda no recurso a processos linguísticos que evocam a poesia horaciana e a poesia neoclássica românica. Ao contrário de Pessoa ortónimo, que tende a subtrair-se às cadeias temporais, Ricardo Reis devido a ter um estilo antigo e antiquado, faz com que os seus poemas nos façam recuar a épocas determinadas, como a Antiguidade da Grécia Clássica, onde adopta o paganismo, pois tem nos gregos o modelo da sabedoria, pois estes souberam aceitar o destino e usufruir o bem da vida.
  • 2. Neopaganismo No que diz respeito ao neopaganismo, Ricardo reis aceita a antiga crença nos deuses, pois estes são o ideal humano, enquanto disciplinadora das nossas emoções e sentimentos, e nas presenças quase divinas que habitam todas as coisas, recorrendo à mitologia greco-latina, e considera a brevidade, a fugacidade e a transitoriedade da vida, pois sabe que o tempo passa e tudo é efémero. O poeta considera que a verdadeira sabedoria de vida é viver de forma equilibrada e serena. As referências aos deuses são uma forma de referir a primazia do corpo, das formas, da natureza, dos aspectos exteriores, e da realidade, sem considerar a subjectividade ou a interioridade - ensinamentos de Caeiro, o mestre de todos os heterónimos. Em grande parte devido ao seu paganismo, aceita o destino com naturalidade, considerando que os deuses estão acima do homem por uma questão de grau, mas que acima dos deuses, apenas se encontra o Fado, que tudo submete (domina), tal como mostra o excerto do poema Só esta liberdade nos concedem do poeta: Nem outro jeito os deuses, sobre quem O eterno fado pesa, Usam para seu calmo e possuído Convencimento antigo De que é divina a sua vida. (ou seja, os deuses são submetidos a uma vontade superior a eles) (para além disso,)Reis sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa verdadeira ilusão da felicidade. O poeta considera também que estando o destino acima dos próprios deuses, temos necessidade do autodomínio, de sermos donos de nós próprios, construindo o nosso "fado voluntário", ou seja, procurar construir um destino a que nos sujeitamos voluntariamente, o que acaba por ser uma ilusão de liberdade (pois o destino é inevitável).
  • 3. Em suma, Reis é o heterónimo que projecta Pessoa para a Antiguidade da Grécia Clássica, refugiando-se na aparente felicidade pagã , onde procura alcançar a quietude e a perfeição dos deuses, indiferentes mas omnipresentes, que se confundem connosco sempre que os imitamos, pois estes não são mais que homens mais perfeitos ou aperfeiçoados.