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Defesa de Trabalho de Conclusão de Curso

                       Aluno: Thalles Diório Peixoto
                  Orientadora: Profa. Dra. Carlota de
                               Oliveira Rangel Yagui




“A diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem”
                          Paracelso – Médico e físico do séc. XVI
INTRODUÇÃO


OBJETIVO


MATERIAIS E MÉTODOS


RESULTADOS


CONCLUSÃO
 Asma: doença inflamatória crônica das vias
  aéreas
 Afeta cerca de 300 milhões de pessoas no
  mundo
 Brasil: 8º lugar em
prevalência
   Corticosteroides:
    ◦ Potentes anti-inflamatórios
    ◦ Classe terapêutica estudada para o tratamento da
      asma desde 1900
    ◦ Diversos avanços na classe durante o séc. XX, tanto
      molecularmente quanto nos dispositivos de
      veiculação e mesmo evoluções ambientais
    ◦ Tratamento de escolha para a maioria dos pacientes
      asmáticos
INTRODUÇÃO


OBJETIVO


MATERIAIS E MÉTODOS


RESULTADOS


CONCLUSÃO
O objetivo do presente trabalho é revisar e analisar
criticamente a literatura científica sobre a evolução
do uso de corticosteroides no tratamento da asma,
discorrendo e analisando o rico histórico de
mudanças e progressos dessa classe terapêutica ao
longo da cronologia médica e farmacêutica global,
com intuito de inferir a viabilidade de novos
tratamentos com tais moléculas nessa patologia.
INTRODUÇÃO


OBJETIVO


MATERIAIS E MÉTODOS


RESULTADOS


CONCLUSÃO
   Revisão da literatura internacional e guidelines
   Bases de Dados
    ◦ Pubmed/Medline
    ◦ ISI Web of Knowledge
    ◦ SCOPUS
   Palavras-chave:               Critérios (Inclusão)
    ◦   Asthma                     ◦ De 1990 até 2012
    ◦   Corticosteroids            ◦ Idiomas aceitos:
    ◦   Inhaler                       inglês, português, espanhol
                                       ou italiano
    ◦   Metered-dose inhaler
    ◦   Hydrofluoroalkane         Critérios (Exclusão)
                                   ◦ Foco puramente ambiental
    ◦   Chlorofluorocarbon           na discussão sobre os
    ◦   Epidemiology                 propelentes CFC e HFA
                                   ◦ Artigos sobre questões
                                     anatômicas da asma
                                   ◦ Tratamentos
                                     não medicamentosos
INTRODUÇÃO


OBJETIVO


MATERIAIS E MÉTODOS


RESULTADOS


CONCLUSÃO
   Corticosteroides na asma:
    ◦ Mais potente e efetivo tratamento disponível para
      asma atualmente
    ◦ Amplo espectro de ação anti-inflamatória nas vias
      aéreas
    ◦ Seu uso constante auxilia a reduzir as consequências
      fisiológicas    da        asma       (edema       de
      mucosa, hipersecreção e remodelamento das vias
      aéreas)
   Cortisol:
    ◦ Hormônio corticosteroide humano, produzido pela
      glândula suprarrenal
    ◦ Diretamente envolvido na resposta ao estresse
    ◦ Uso farmacológico: potente imunossupressor e anti-
      inflamatório
    ◦ A cortisona (derivado desse hormônio) foi a
      molécula pioneira para comprovação da alta eficácia
      dessa classe no tratamento sintomático de doenças
      inflamatórias, dentre elas a asma
   Uso de terapias anti-inflamatórias na asma:
    ◦ Corticosteroides inalatórios (CIs) – mais potente e
      efetivo grupo de moléculas
    ◦ Estabilizadores de mastócitos – Ex. cromoglicato
      sódico (tratamento de crianças com asma leve)
    ◦ Antagonistas de receptores de leucotrienos – Ex.
      montelucaste (têm como alvo a síntese e a atividade
      desses mediadores inflamatórios essenciais)
Tabela 1: Medicações recomendadas de acordo com a intensidade da asma em adultos e crianças maiores de 5 anos.
                                   Grau de                                                                             Outras opções
                                                              Medicação de controle diário
                                 intensidade                                                                           de tratamento

                          Etapa 1
                                                            Não necessário                                                      ---
                          Intermitente*

                                                                                                              • Teofilina de liberação
                          Etapa 2                           Corticoide inalatório (CI) de                     lenta;
                          Leve Persistente                  baixa dose                                        • Cromona;
                                                                                                              • Modificador de leucotrieno

                                                                                                              • CI média dose + teofilina
                                                                                                              de liberação lenta, ou
                                                                                                              • CI média dose + β2
                          Etapa 3
                                                            CI de média dose                                  agonista de longa ação, ou
                          Moderada Persistente
                                                                                                              • CI alta dose, ou
                                                                                                              • CI dose média +
                                                                                                              modificador de leucotrieno

                                                            CI dose elevada + um ou mais
                                                            dos seguintes, se necessário:
                          Etapa 4                            - teofilina de liberação lenta;
                                                                                                                                ---
                          Grave Persistente                  - β2 agonista de longa ação;
                                                             - modificador de leucotrieno;
                                                             - glicocorticoide oral.
                          Em todos os níveis: em adição ao medicamento de controle diário, β2 agonista de curta ação pode ser necessário para alívio dos
                          sintomas, mas não devem ser usados mais do que 3 a 4 vezes ao dia. A educação do paciente é necessária em todas as etapas.
                          * Pacientes com asma intermitente, mas exacerbações graves, devem ser tratados como tendo asma moderada persistente.



                                                                                           Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA). Global strategy for asthma management and prevention. 2011.
   Benefícios clínicos dos CIs:
    ◦ Melhoram os sintomas da asma e a função pulmonar
    ◦ Diminuem a necessidade de medicações de resgate
    ◦ Diminuem os índices de exacerbações agudas e
      assistência emergencial, quando o paciente faz uso
      regular da terapêutica com CIs
    ◦ Reduz a evolução das alterações da mucosa
      (remodelamento das vias aéreas)
   Segurança e biodisponibilidade dos CIs:
    ◦ Anos 50: uso pela via intramuscular: baixa
      segurança devido aos efeitos do cortisol sistêmico
    ◦ Atualmente: predomínio da terapia inalatória
      Ainda hoje existem tratamentos com corticosteroides
       orais na asma, pricipalmente naqueles pacientes que
       são sensíveis à terapêutica inalatória e em crises
        Efeitos adversos principais no uso contínuo de corticoides
         sistêmicos:     osteoporose,    aumento     da    pressão
         intraocular, catarata, adelgaçamento e equimoses da pele e
         descompensação da glicemia
   Inaladores de dose dosimetrada (MDI-spray):
    ◦ Grande evolução na veiculação dos ativos até o
      órgão alvo (pulmão)
    ◦ Necessário uso de gás propelente (questões
      ambientais envolvidas)
    ◦ Pode causar efeitos adversos orais, como candidíase,
      devido à deposição do agente imunossupressor na
      mucosa da boca
   Moléculas principais dessa classe terapêutica:
    ◦   beclometasona
    ◦   fluticasona
    ◦   mometasona
    ◦   ciclesonida
   Uso como sprays (inalatórios orais ou nasais)
    ou pó secos (inalatórios orais)
   Ciclesonida:
    ◦ CI inalatório mais recentemente introduzido na
      terapêutica
    ◦ Principal exemplo no quesito segurança
      fração livre na forma de metabólito inativo
      molécula necessita da presença das estearases
       pulmonares para ser transformada em des-CIC, sua
       molécula ativa
   Ciclesonida:
   Evolução Farmacotécnica:
    ◦ 1950: via IM
    ◦ Necessidade de um tratamento tópico
    ◦ 1958: prednisolona em spray (MDI com gás fréon)
      Via inalatória:
        Melhora adesão ao tratamento
        Menor taxa de eventos adversos
        Menores doses necessárias para obtenção da mesma
         eficácia clínica
Via
         Via oral   inalatória

Via IM
Tabela 2: Parâmetros farmacocinéticos dos corticoides utilizados por inalação no tratamento da asma.

                                          Disponibil
                                                               Disponibilidade              Meia-           Cmáx                        CL
                  Corticoide              idade oral                                                                    Vd (L/kg)
                                                              sistêmica inalada            vida (h)       (pg/mL)                     (L/min)
                                          sistêmica
                 ciclesonida                < 0,1%            <1% (estimado)               0,36-3,4          40            2,07      2,53-3,8

                mometasona                  < 0,1%            <1% (estimado)                  4,5           49,8            4,5        0,892

                                                           12-16% (Diskhaler*)             3,7-14,4          500        3,7-12,1      0,9-1,3
                                                            17% (Accuhaler*)                 ---             ---          ---           ---
                 fluticasona                 < 1%
                                                             26-31% - (MDI-
                                                                                              7,8            500            ---          ---
                                                                 Spray)

                                                             39% (Turbuhaler*)                2,8            700         2,7-4,3      0,9-1,4
                 budesonida                6 – 13%
                                                             26% (MDI-Spray)                  2,9            ---           ---          ---

              beclometasona               15 – 25%           25% (MDI-Spray)                  0,5            ---            ---          3,8

                                                               32-39% - (MDI-
                  flunisolida                 21%                                             1,6           2800            1,8          1,0
                                                                   Spray)

                triancinolona                 23%            22% (MDI-Spray)               1,5-3,6           500         1,3-2,1      0,7-1,2
           Abreviaturas: Cmáx = concentração máxima do fármaco no plasma; Vd = volume de distribuição; CL = clearance do plasma.
           * Formas farmacêuticas comercializadas como pó para inalação.




                                                                                 Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA). Global strategy for asthma management and prevention. 2011.
   A evolução ambiental ligada ao tratamento da asma:
    ◦ Propelente usado até meados do séc. XXI – CFC
      Gás conhecido pelos efeitos nocivos à camada de ozônio
    ◦ No Brasil – RDC 88/2008
      Dispõe sobre a adequação dos medicamentos que contém
       clorofluorcarbonos
      Tornou proibida a fabricação dos mesmos
     a partir de janeiro de 2011
      Gás substituinte  HFA (hidrofluoralcano)
   Vantagens do gás HFA:
    ◦ Não interage com a camada de ozônio
    ◦ Gera maior deposição pulmonar, pois:
      Os MDIs de HFA geram maior massa de partículas finas, com
       tamanho próximo a 1,1 μm, em comparação com os tamanhos de
       partículas de 3,5 μm a 5,0 μm gerados em MDIs por
       clorofluorcarbono (CFC)
      As formulações em solução produzem aerossol de partículas mais
       finas que as formulações de CIs em suspensão tradicionalmente
       utilizadas na maioria dos MDI de CFC, proporcionando assim melhor
       deposição pulmonar e maior percentagem de deposição da dose
       inalada nas vias aéreas menores
   Vantagens do gás HFA:
INTRODUÇÃO


OBJETIVO


MATERIAIS E MÉTODOS


RESULTADOS


CONCLUSÃO
   Corticosteroides são tratamento de escolha para a
    maioria dos pacientes com asma
   São altamente recomendados por importantes
    diretrizes internacionais de manejo da patologia
   Classe terapêutica que sofreu grandes evoluções ao
    longo dos últimos 100 anos
   Descoberta de subclasses mais seguras dessa
    família de moléculas nos últimos anos
   Forma mais comum de usar-se os corticosteroides
    na asma – MDIs (“bombinhas” para asma)
   Uso de gás propelente para veiculação do ativo
   Evolução ambiental nos últimos anos, dada a troca
    do gás propelente CFC para HFA
    ◦ Não danifica a camada de ozônio
    ◦ Importante destaque ao que se refere à deposição pulmonar
      e eficácia nas pequenas vias aéreas
   Existe ainda muito espaço para evoluções nessa
    importante classe terapêutica
   Novas terapias com corticosteroides para o tratamento
    da asma são possíveis e desejáveis
   Próximos passos mais prováveis:
    ◦ Melhoria da tecnologia de entrega do fármaco ao local de ação
      (atualmente na forma de MDIs)
    ◦ Perfeição da terapia tópica?
      Advento de uma formulação com 100% de aproveitamento
       pulmonar e zero biodisponibilidade sistêmica
      Importante lacuna a ser preenchida nessa patologia de grande
       prevalência e importância mundial
Muito
Obrigado!

            A evolução de terapias baseadas em corticosteroides
                                     para o tratamento da asma

                                  Aluno: Thalles Diório Peixoto
                             Orientadora: Profa. Dra. Carlota de
                                          Oliveira Rangel Yagui

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A evolução de terapias baseadas em corticosteroides para o tratamento da asma

  • 1. Defesa de Trabalho de Conclusão de Curso Aluno: Thalles Diório Peixoto Orientadora: Profa. Dra. Carlota de Oliveira Rangel Yagui “A diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem” Paracelso – Médico e físico do séc. XVI
  • 3.  Asma: doença inflamatória crônica das vias aéreas  Afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo  Brasil: 8º lugar em prevalência
  • 4.
  • 5.
  • 6. Corticosteroides: ◦ Potentes anti-inflamatórios ◦ Classe terapêutica estudada para o tratamento da asma desde 1900 ◦ Diversos avanços na classe durante o séc. XX, tanto molecularmente quanto nos dispositivos de veiculação e mesmo evoluções ambientais ◦ Tratamento de escolha para a maioria dos pacientes asmáticos
  • 8. O objetivo do presente trabalho é revisar e analisar criticamente a literatura científica sobre a evolução do uso de corticosteroides no tratamento da asma, discorrendo e analisando o rico histórico de mudanças e progressos dessa classe terapêutica ao longo da cronologia médica e farmacêutica global, com intuito de inferir a viabilidade de novos tratamentos com tais moléculas nessa patologia.
  • 10. Revisão da literatura internacional e guidelines  Bases de Dados ◦ Pubmed/Medline ◦ ISI Web of Knowledge ◦ SCOPUS
  • 11. Palavras-chave:  Critérios (Inclusão) ◦ Asthma ◦ De 1990 até 2012 ◦ Corticosteroids ◦ Idiomas aceitos: ◦ Inhaler  inglês, português, espanhol ou italiano ◦ Metered-dose inhaler ◦ Hydrofluoroalkane  Critérios (Exclusão) ◦ Foco puramente ambiental ◦ Chlorofluorocarbon na discussão sobre os ◦ Epidemiology propelentes CFC e HFA ◦ Artigos sobre questões anatômicas da asma ◦ Tratamentos não medicamentosos
  • 13. Corticosteroides na asma: ◦ Mais potente e efetivo tratamento disponível para asma atualmente ◦ Amplo espectro de ação anti-inflamatória nas vias aéreas ◦ Seu uso constante auxilia a reduzir as consequências fisiológicas da asma (edema de mucosa, hipersecreção e remodelamento das vias aéreas)
  • 14. Cortisol: ◦ Hormônio corticosteroide humano, produzido pela glândula suprarrenal ◦ Diretamente envolvido na resposta ao estresse ◦ Uso farmacológico: potente imunossupressor e anti- inflamatório ◦ A cortisona (derivado desse hormônio) foi a molécula pioneira para comprovação da alta eficácia dessa classe no tratamento sintomático de doenças inflamatórias, dentre elas a asma
  • 15.
  • 16.
  • 17. Uso de terapias anti-inflamatórias na asma: ◦ Corticosteroides inalatórios (CIs) – mais potente e efetivo grupo de moléculas ◦ Estabilizadores de mastócitos – Ex. cromoglicato sódico (tratamento de crianças com asma leve) ◦ Antagonistas de receptores de leucotrienos – Ex. montelucaste (têm como alvo a síntese e a atividade desses mediadores inflamatórios essenciais)
  • 18. Tabela 1: Medicações recomendadas de acordo com a intensidade da asma em adultos e crianças maiores de 5 anos. Grau de Outras opções Medicação de controle diário intensidade de tratamento Etapa 1 Não necessário --- Intermitente* • Teofilina de liberação Etapa 2 Corticoide inalatório (CI) de lenta; Leve Persistente baixa dose • Cromona; • Modificador de leucotrieno • CI média dose + teofilina de liberação lenta, ou • CI média dose + β2 Etapa 3 CI de média dose agonista de longa ação, ou Moderada Persistente • CI alta dose, ou • CI dose média + modificador de leucotrieno CI dose elevada + um ou mais dos seguintes, se necessário: Etapa 4 - teofilina de liberação lenta; --- Grave Persistente - β2 agonista de longa ação; - modificador de leucotrieno; - glicocorticoide oral. Em todos os níveis: em adição ao medicamento de controle diário, β2 agonista de curta ação pode ser necessário para alívio dos sintomas, mas não devem ser usados mais do que 3 a 4 vezes ao dia. A educação do paciente é necessária em todas as etapas. * Pacientes com asma intermitente, mas exacerbações graves, devem ser tratados como tendo asma moderada persistente. Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA). Global strategy for asthma management and prevention. 2011.
  • 19. Benefícios clínicos dos CIs: ◦ Melhoram os sintomas da asma e a função pulmonar ◦ Diminuem a necessidade de medicações de resgate ◦ Diminuem os índices de exacerbações agudas e assistência emergencial, quando o paciente faz uso regular da terapêutica com CIs ◦ Reduz a evolução das alterações da mucosa (remodelamento das vias aéreas)
  • 20. Segurança e biodisponibilidade dos CIs: ◦ Anos 50: uso pela via intramuscular: baixa segurança devido aos efeitos do cortisol sistêmico ◦ Atualmente: predomínio da terapia inalatória  Ainda hoje existem tratamentos com corticosteroides orais na asma, pricipalmente naqueles pacientes que são sensíveis à terapêutica inalatória e em crises  Efeitos adversos principais no uso contínuo de corticoides sistêmicos: osteoporose, aumento da pressão intraocular, catarata, adelgaçamento e equimoses da pele e descompensação da glicemia
  • 21. Inaladores de dose dosimetrada (MDI-spray): ◦ Grande evolução na veiculação dos ativos até o órgão alvo (pulmão) ◦ Necessário uso de gás propelente (questões ambientais envolvidas) ◦ Pode causar efeitos adversos orais, como candidíase, devido à deposição do agente imunossupressor na mucosa da boca
  • 22. Moléculas principais dessa classe terapêutica: ◦ beclometasona ◦ fluticasona ◦ mometasona ◦ ciclesonida  Uso como sprays (inalatórios orais ou nasais) ou pó secos (inalatórios orais)
  • 23. Ciclesonida: ◦ CI inalatório mais recentemente introduzido na terapêutica ◦ Principal exemplo no quesito segurança  fração livre na forma de metabólito inativo  molécula necessita da presença das estearases pulmonares para ser transformada em des-CIC, sua molécula ativa
  • 24. Ciclesonida:
  • 25. Evolução Farmacotécnica: ◦ 1950: via IM ◦ Necessidade de um tratamento tópico ◦ 1958: prednisolona em spray (MDI com gás fréon)  Via inalatória:  Melhora adesão ao tratamento  Menor taxa de eventos adversos  Menores doses necessárias para obtenção da mesma eficácia clínica
  • 26. Via Via oral inalatória Via IM
  • 27. Tabela 2: Parâmetros farmacocinéticos dos corticoides utilizados por inalação no tratamento da asma. Disponibil Disponibilidade Meia- Cmáx CL Corticoide idade oral Vd (L/kg) sistêmica inalada vida (h) (pg/mL) (L/min) sistêmica ciclesonida < 0,1% <1% (estimado) 0,36-3,4 40 2,07 2,53-3,8 mometasona < 0,1% <1% (estimado) 4,5 49,8 4,5 0,892 12-16% (Diskhaler*) 3,7-14,4 500 3,7-12,1 0,9-1,3 17% (Accuhaler*) --- --- --- --- fluticasona < 1% 26-31% - (MDI- 7,8 500 --- --- Spray) 39% (Turbuhaler*) 2,8 700 2,7-4,3 0,9-1,4 budesonida 6 – 13% 26% (MDI-Spray) 2,9 --- --- --- beclometasona 15 – 25% 25% (MDI-Spray) 0,5 --- --- 3,8 32-39% - (MDI- flunisolida 21% 1,6 2800 1,8 1,0 Spray) triancinolona 23% 22% (MDI-Spray) 1,5-3,6 500 1,3-2,1 0,7-1,2 Abreviaturas: Cmáx = concentração máxima do fármaco no plasma; Vd = volume de distribuição; CL = clearance do plasma. * Formas farmacêuticas comercializadas como pó para inalação. Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA). Global strategy for asthma management and prevention. 2011.
  • 28. A evolução ambiental ligada ao tratamento da asma: ◦ Propelente usado até meados do séc. XXI – CFC  Gás conhecido pelos efeitos nocivos à camada de ozônio ◦ No Brasil – RDC 88/2008  Dispõe sobre a adequação dos medicamentos que contém clorofluorcarbonos  Tornou proibida a fabricação dos mesmos a partir de janeiro de 2011  Gás substituinte  HFA (hidrofluoralcano)
  • 29. Vantagens do gás HFA: ◦ Não interage com a camada de ozônio ◦ Gera maior deposição pulmonar, pois:  Os MDIs de HFA geram maior massa de partículas finas, com tamanho próximo a 1,1 μm, em comparação com os tamanhos de partículas de 3,5 μm a 5,0 μm gerados em MDIs por clorofluorcarbono (CFC)  As formulações em solução produzem aerossol de partículas mais finas que as formulações de CIs em suspensão tradicionalmente utilizadas na maioria dos MDI de CFC, proporcionando assim melhor deposição pulmonar e maior percentagem de deposição da dose inalada nas vias aéreas menores
  • 30. Vantagens do gás HFA:
  • 32. Corticosteroides são tratamento de escolha para a maioria dos pacientes com asma  São altamente recomendados por importantes diretrizes internacionais de manejo da patologia  Classe terapêutica que sofreu grandes evoluções ao longo dos últimos 100 anos  Descoberta de subclasses mais seguras dessa família de moléculas nos últimos anos
  • 33. Forma mais comum de usar-se os corticosteroides na asma – MDIs (“bombinhas” para asma)  Uso de gás propelente para veiculação do ativo  Evolução ambiental nos últimos anos, dada a troca do gás propelente CFC para HFA ◦ Não danifica a camada de ozônio ◦ Importante destaque ao que se refere à deposição pulmonar e eficácia nas pequenas vias aéreas
  • 34. Existe ainda muito espaço para evoluções nessa importante classe terapêutica  Novas terapias com corticosteroides para o tratamento da asma são possíveis e desejáveis  Próximos passos mais prováveis: ◦ Melhoria da tecnologia de entrega do fármaco ao local de ação (atualmente na forma de MDIs) ◦ Perfeição da terapia tópica?  Advento de uma formulação com 100% de aproveitamento pulmonar e zero biodisponibilidade sistêmica  Importante lacuna a ser preenchida nessa patologia de grande prevalência e importância mundial
  • 35. Muito Obrigado! A evolução de terapias baseadas em corticosteroides para o tratamento da asma Aluno: Thalles Diório Peixoto Orientadora: Profa. Dra. Carlota de Oliveira Rangel Yagui