O documento discute a evolução histórica das teorias sobre as doenças infecciosas, desde a teoria dos miasmas no século 18 até a consolidação da teoria microbiana nos séculos 19-20. Apresenta as principais doenças que acometem crianças em creches e escolas e seus agentes causadores, assim como formas de transmissão e prevenção, especialmente lavagem correta das mãos.
Teoria dos Miasmas e o surgimento da Teoria dos Germes
1. Olha esse miasma nas costas, menino!
Tito Tortori
Mestre em Ensino de Ciências pela Fiocruz
Prof. de ciências ciclo V da EDEM
Pesquisador assistente da CCEAD/ PUC-Rio
2. O que sabemos e como sabemos?
Primeiro Obstáculo epistemológico
• A Experiência Primeira
“E o progresso do
espírito científico se
faz por rupturas com
o senso comum”.
Gaston Bachelard
Filósofo
3. Sec. XVIII e XIX:
Que reflexões existiam para explicar as causas das doenças ?
1546: Girolamo Fracastoro ("De Contagione“)
As doenças são transmitidas através do contato direto e
da manipulação de pertences de pessoas infetadas.
4. Teoria (hipótese) dos Miasmas
O cheiro do ar, associado aos
locais insalubres, seria à causa
de todas as doenças.
1832 epidemia de cólera em Paris.
1848 “comissão do cólera”
Medidas sanitárias:
Asseio em geral, limpeza de ruas, drenagem
de alagamentos, suprimento de água limpa,
canalização dos dejetos, melhora na
ventilação de ambientes e cidades, uso de
tabaco e perfumes (?)etc.
Efeito benéfico sobre
algumas doenças.
5. Teoria (hipótese) dos Miasmas
Inalação do ar fétido = Doença!
(malária = “mal” + “ar”)
6. Relatório da Academia Imperial de Medicina de Paris
“Envenenamento miasmático” (Séc. XVIII)
• Evitar a vizinhança com os lugares onde reina a enfermidade;
• Assentar habitações em lugares secos, elevados e arejados, evitando locais com águas paradas;
• As casas devem ser abertas de dia, limpas freqüentemente, e caiadas;
• Evitar a presença de roupa suja, e nem de qualquer outro objeto, que possa exalar mau cheiro;
• As camas devem ter de quatro a cinco palmos de altura do chão;
• Evitar locais sem ventilação adequada;
• Cuidado com a elevação ou variação da temperatura e mudanças atmosféricas;
• Cuidado com a chegada de ventos (provenientes das localidades infectadas);
• Evitar aglomerações de pessoas, especialmente em recinto fechado;
• Evitar regime alimentar pouco conveniente;
• Quando contaminado um aposento deve ser desinfetado por meio da água de Labarraque [cloro]
posta em bacias com água por espaço de 24 horas;
• Não trabalhar à chuva e, se tomar chuva, mudar de roupa e tomar um ponche quente, com água
fervendo, açúcar, aguardente (uma onça por pessoa), e cascas de limão ou laranja;
• Tomar também a mesma bebida pela manhã, antes de sair para o trabalho e ao cair da noite.
7. Relatório da Academia Imperial de Medicina de Paris
“Envenenamento miasmático” (Séc. XVIII)
• Evitar a vizinhança com os lugares onde reina a enfermidade;
• Assentar habitações em lugares secos, elevados e arejados, evitando locais com águas paradas;
• As casas devem ser abertas de dia, limpas freqüentemente, e caiadas;
• Evitar a presença de roupa suja, e nem de qualquer outro objeto, que possa exalar mau cheiro;
• As camas devem ter de quatro a cinco palmos de altura do chão;
• Evitar locais sem ventilação adequada;
• Cuidado com a elevação ou variação da temperatura e mudanças atmosféricas;
• Cuidado com a chegada de ventos (provenientes das localidades infectadas);
• Evitar aglomerações de pessoas, especialmente em recinto fechado;
• Evitar regime alimentar pouco conveniente;
• Quando contaminado um aposento deve ser desinfetado por meio da água de Labarraque [cloro]
posta em bacias com água por espaço de 24 horas;
• Não trabalhar à chuva e, se tomar chuva, mudar de roupa e tomar um ponche quente, com água
fervendo, açúcar, aguardente (uma onça por pessoa), e cascas de limão ou laranja;
• Tomar a mesma bebida pela manhã, antes de sair para o trabalho e ao cair da noite.
8. Relatório da Academia Imperial de Medicina de Paris
“Envenenamento miasmático” (Séc. XVIII)
• Evitar a vizinhança com os lugares onde reina a enfermidade;
• Assentar habitações em lugares secos, elevados e arejados, evitando locais com águas paradas;
• As casas devem ser abertas de dia, limpas freqüentemente, e caiadas;
• Evitar a presença de roupa suja, e nem de qualquer outro objeto, que possa exalar mau cheiro;
• As camas devem ter de quatro a cinco palmos de altura do chão (fugir da umidade);
• Evitar locais sem ventilação adequada;
• Cuidado com a elevação ou variação da temperatura e mudanças atmosféricas;
• Cuidado com a chegada de ventos (provenientes das localidades infectadas);
• Evitar aglomerações de pessoas, especialmente em recinto fechado;
• Evitar regime alimentar pouco conveniente;
• Quando contaminado um aposento deve ser desinfetado por meio da água de Labarraque [cloro]
posta em bacias com água por espaço de 24 horas;
• Não trabalhar à chuva e, se tomar chuva, mudar de roupa e tomar um ponche quente, com água
fervendo, açúcar, aguardente (uma onça por pessoa), e cascas de limão ou laranja;
• Tomar a mesma bebida pela manhã, antes de sair para o trabalho e ao cair da noite.
9. "Elementos de higiene“
Médico português Francisco de Mello Franco (1814 )
“O ar da noite é em geral mais úmido do que o de dia. Consideramos
esta umidade da noite de dois modos:
O primeiro é quando o vapor aquoso, que se acha no ar, pela frescura,
que ela traz, cai à maneira de orvalho mui sutil, e lhe chamamos sereno.
Este faz mal aos pouco acautelados que o apanham estando mal
cobertos, e principalmente parados, expondo-se deste modo a doenças
catarrosas pelo embaraço da transpiração.
O segundo é quando este vapor, ou orvalho sutil não vem da atmosfera
imediatamente, mas que é a evaporação de águas estagnadas, e
corruptas; a qual chegando a pequena altura, se precipita, e difunde os
miasmas malignos, que com ela subiram. “
10. Descoberta dos seres microscópicos (Séc. XVII)
1683 Antoni van Leeuwenhoek descobre os “animálculos”
11. Um pouco mais de História (Séc. XVII-XIX)
1795: Napoleão oferece 12 mil
francos por um novo método de
preservação de alimentos.
1809: Nicholas Appert
• confeiteiro, cozinheiro e inventor francês;
• Partiu da hipótese que os miasmas estragavam os
alimentos;
• Técnica de conservação em garrafas com rolhas e
cera e posteriormente, em latas.
12. Primeiros passos de uma teoria (Sec. XIX)
1856: Indústria de bebida com problemas =
má qualidade, gosto ácido e odor fétido.
1858: Louis Pasteur identifica dois
diferentes microrganismos envolvidos
no processo de fermentação
Leveduras
arredondadas
Saccharomyces cerevisiae
Fermentação
Alcoólica
Bom
vinho
Lactobacillus e Streptococcus.
Leveduras
alongadas
Fermentação
Lática
Vinho
Ruim
13. Teoria dos germes (SEC. XIX)
Germe - 1. Estado primitivo e rudimentar de um novo ser; embrião.
2. Causa; origem; princípio.
1846: Ignaz Semmelweis
Hipóteses das “Partículas cadavéricas”.
Os médicos carregam a morte!
Prescrições na maternidade!
• Isolamento dos casos;
• Desinfecção das mãos (cloro);
• Lavagem das mãos com sabão entre as consultas.
• Ferver instrumental e utensílios
As ideias de Semmelweis são criticadas, combatidas,
sendo excuído , proibido de lecionar e considerado
insano pela Sociedade Médica de Budapeste
Febre puerperal caiu de 12% para 1,2% em dois meses.
14. Teoria dos germes
1858: Louis Pasteur > Técnica de aquecer o alimento >
“Pasteurização”= Aquecer a 63 ºC por 30 min ou 72ºC por 15
s.
1860: Joseph Lister introduziu a anti-sepsia que
viria transformar a prática cirúrgica pela redução
da infecção pós-operatória
Pulverizador de ácido carbólico
15. Teoria dos germes(Sec.XIX-Sec.XX)
O “Ar” (miasma) não causa a doença, mas simplesmente e transporta
microrganismos patogênicos.
1877 = Robert Koch isolou a bactéria causadora do carbúnculo
(Antrax - Bacillus anthracis ).
1882 = Robert Koch identifica o bacilo da tuberculose
(bacilo de Koch - Mycobacterium tuberculosis ).
Em 1883, Koch descobre o microrganismo responsável
pela cólera asiática.
Em 1909, Carlos Chagas descobre o agente e o
transmissor da “doença de chagas”
16. Sec. XX e XIX
O que a microbiologia e a imunologia
têm a nos dizer sobre as doenças infecto-contagiosas?
17. As principais doenças infecciosas em escolas e creches
Sistema
atingido Doença Agente causador
Sistema
respiratório
Infecção das vias aéreas superiores
• Rinofaringite aguda(resfriados e
rinites)
• Faringoamigdalite (inflamação da
garganta)
• Rinossinusiteaguda (sinusite)
• Otite Média aguda (OMA)
80% Vírus (rinovírus, adeno vírus,
corano vírus, etc.)
20% bactérias (Streptococcus
pneumoniae, Haemophillus
influenzae, Staphylococcus aureus,
Streptococcus pyogenes etc)
Fungo (Aspergillus fumigatus)
Infecção das vias aéreas inferiores
• Laringite
• Bronquite
• Bronquiolite
• Asma
• Pneumonia
Bactérias: Mycoplasma pneumoniae,
Chlamydophila pneumoniae,
Bordetella pertussis, B. parapertussis
e outros
vírus (rino-, entero-, metapneumo-,
parainfluenza-, influenza-, entre
outros).
Múltiplos
órgãos
(Doença
bacteriana
invasiva )
• Meningite
• Fasciite necrotizante
• Encefalite
• Septicemia e outras
Haemophillus influenzae
Neisseria meningitidis
Streptococcus pneumoniae
Sistema
gastrointestinal • Doença diarréica
Vírus:Rotavírus e outros vírus
Bactérias: Shigella, Salmonella e E.
coli enteropatogênica
Protozoários: Ameba, Giárdia
Fígado
• Hepatite A Hepatovírus
• Hepatite B Hepadnavírus
pele
• Herpes Herpesvírus
• Pediculose Inseto: Pediculus humanus
• Escabiose (sarna) Àcaro: Sarcoptes scabiei
Forma de
transmissão
Gotículas
Gotículas
Gotículas
Contato fecal-oral
Contato fecal-oral
Contato direto
Contato direto
Contato direto
18. Como essas infecções são disseminadas e controladas?
Diarréias = Contato oro-fecal
Infecções respiratórias = Gotículas e contato direto
Gripes e
resfriados
19. Fatores de risco que facilitam a disseminação de doenças
Em relação aos hábitos:
• Levar as mãos e objetos à boca;
• Contato interpessoal muito próximo;
• Incontinência fecal na fase pré-controle esfincteriano;
• Falta da prática e autonomia para lavar as mãos e de
outros hábitos higiênicos;
• Necessidade de contato físico direto constante com os
adultos.
74% dos óbitos em crianças menores de 5 anos é
por diarréias e infecções respiratórias.
20. Como essas infecções são disseminadas e controladas?
Mitos e verdades sobre gripes e resfriados (6:25)
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM841886-7823-MITOS+E+VERDADES+SOBRE+GRIPES+E+RESFRIADOS,00.html
Vídeo do Espirro em câmera superlenta (1:36)
http://www.youtube.com/watch?v=z4uhZo54ls0
Animação da contaminação bacteriana (2:58)
http://www.youtube.com/watch?v=mYvY_lu2JIQ&feature=related
23. E como a gente se previne dessas doenças?
Lavando as mãos, certo?
https://www.youtube.com/watch?v=3v7mcJ8SQxw
24. Friccionar as palmas Friccionar o dorso Friccionar entre osdedos
Manter constantemente:
Água corrente com pia adequada
Sabão medicado ou não
Toalha de papel
Lixeira com tampa e pedal e/ou
Dispensadores de soluções anti-sépticas
alcóolicas
Hidratantes para as mãos
http://murchison-hume.com/sustainablestyleguide/wp-content/uploads/2009/05/washing-hands.bmp
25. Friccionar as pontas
dos dedos
Friccionar o polegar Friccionar a ponta dos
dedos na palma
26. Então lavar as mãos apenas resolve, certo?
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6a/Agar_Plate.jpg
http://pubs.caes.uga.edu/caespubs/pubcd/B693.htm#Hands
Mãos sujas sem lavar
Mãos lavadas por 20 s
apenas com água
27. Então lavar as mãos apenas resolve, certo?
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6a/Agar_Plate.jpg
http://pubs.caes.uga.edu/caespubs/pubcd/B693.htm#Hands
Mãos lavadas por 20 s
com água e sabão
Mãos lavadas por 40 s
com água e sabão
28. Então lavar as mãos apenas resolve, certo?
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6a/Agar_Plate.jpg
http://pubs.caes.uga.edu/caespubs/pubcd/B693.htm#Hands
Lavada e esterelizada
por um produto
antisséptico
Mãos lavadas por 40 s
com água e sabão
29. E as luvas precisam ser lavadas?
Lavada com água
Luva suja
Lavada com água e
sabão por 20s Lavada com água e
sabão por 40s
Lavada e esterelizada
por um produto
antisséptico
30. E lavando fica tudo limpo?
http://lh5.ggpht.com/_IXsl71520bI/SbzjFe6zJ2I/AAAAAAAAAD0/vVkluN7u9ZY/Lavagem-maos_thumb%5B3%5D.png?imgmax=800
31. Quando devemos lavar as mãos?
• Antes de comer;
• Antes de visitar uma pessoa doente;
• Antes de tocar em um corte ou ferida;
• Antes de tocar em uma criança com menos de 2 anos;
• Antes de trocar uma fralda;
• Antes de usar o banheiro;
• Quando chegar em casa;
• Quando chegar no trabalho;
• Quando sair de um local com pessoas doentes;
32. Quando devemos lavar as mãos?
• Após tocar uma pessoa se estou com uma doença contagiosa;
• Após tocar em um corte ou ferida;
• Após usar o banheiro;
• Após trocar uma fralda;
• Após assoar o nariz, tossir, coçar os olhos ou espirrar
• Após tocar objetos que possam conter agentes microbianos;
• Após tocar em vasos sanitários, alimentos não cozidos,
animais ou lixo,
• Após manusear dinheiro;
• Após usar um transporte público;
• Após o ato sexual;
40. Bibliografia
Varrela, Drauzio. Olhe esse vento nas costas, menino! Disponível
em :< http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/gripe.asp> Acesso
em 28 de maio de 2009.
Nesti, M.M.M, Goldbaum, M. As creches e pré–escolas e as doenças
transmissíveis. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-
75572007000500004&script=sci_arttext&tlng=>. Acesso em 20 maio de 2009.