2. A Sociologia estuda a acção social, isto é, o comportamento social decorrente da vida que os
indivíduos organizam em conjunto. A unidade mais pequena de observação social não é o
indivíduo, mas o relacionamento que ele estabelece com o outro – a interacção social entre dois
indivíduos.
O Que é a Interacção Social
São conjuntos de relações recíprocas entre, pelo menos, dois indivíduos e resultam de um jogo
de expectativas mútuas em relação ao comportamento dos interlocutores. De um simples cruzar
de dois indivíduos numa rua, a sistemas de relações organizadas, como uma família, uma grande
empresa ou uma cidade, encontramos múltiplas formas de os indivíduos se relacionarem.
As relações que se estabelecem entre dois ou mais indivíduos só têm êxito se houver um
conhecimento implícito do comportamento que cada um pode esperar dos outros em situações
específicas.
A forma mais simples de interacção social é a que se desenvolve entre duas pessoas. O
conhecimento que cada um tem ou não da presença do outro levará a dois tipos diferentes de
interacção:
Situação não formal de interacção social – Quando os indivíduos não se conhecem e
interagem pela primeira vez;
Situação formal – Quando existe uma relação formal de relacionamento. Neste segundo
caso há como que um jogo em que cada um estrutura a sua acção de acordo com um
conjunto de “pressões” a que ambos obedecem. Há uma certa forma de constrangimento
que obriga os indivíduos a transformarem-se em atores sociais representando papéis –
papéis sociais esperados.
“A maioria das pessoas das sociedades modernas vive em cidades e metrópoles, interagindo
constantemente com pessoas que não conhece pessoalmente. A desatenção civil é um entre
vários mecanismos que conferem à vida social urbana, com as suas multidões e contactos
impessoais, as suas características próprias.” – Anthony Giddens
A Relatividade da Acção Social
O relativismo é um princípio que permite ao observador ter uma visão objectiva das
culturas, cujos padrões e valores são tidos próprios e convenientes aos seus integrantes.
Pode-se afirmar que o relativismo cultural defende que o bem e o mal ou o “certo” e o
“errado” são relativos a cada cultura. Esses princípios descrevem convenções sociais e
devem ser baseados nas normas naquilo que reage em determinada sociedade. Enfim, suas
convenções relativas ao vem e mal, moral e amoral, ao belo e feio, ao certo e errado, ao
justo e injusto dentre outras. Contudo, pode se afirmar que não existem grupos-superiores
ou inferiores, mas diferentes, isso é uma postura relativista.
Estudar as interacções sociais implica considera-las no tempo e no espaço em que ocorrem.
Podemos então afirmar que as interacções sociais são relativas, devendo ser contextualizadas.
3. Estudar o casamento ou o namoro próprios de uma sociedade ocidental do nosso tempo é
diferente dos mesmos factos em épocas anteriores ou numa sociedade islâmica.
Grupos Sociais
O que é um Grupo Social
É um conjunto de interacções formais, estruturadas e contínuas entre agentes sociais que
desempenham papéis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais,
para a consecução de objectivos comuns. No entanto, nem todos os agrupamentos de que
fazemos parte têm as mesmas características ou servem os mesmos fins. De facto, poderemos
distingui-los, por exemplo, em função da sua estrutura e do tipo de relacionamento entre os seus
membros.
Agrupamentos como um clube de futebol, a empresa ou a família caracterizam-se por terem
sido criados com finalidades bem definidas. Assim, ao conjunto das diferentes posições
ocupadas pelos membros das colectividades e da teia de interacções resultantes corresponderá
uma ordenação, onde as partes e o todo se devem ajustar. Estamos, então, na presença de uma
estrutura duradoura. Quando detectarmos uma estrutura nos agrupamentos teremos encontrado
um grupo. A estrutura encontrada corresponde a uma situação formal de interacção social. Um
grupo será, uma colectividade estruturada, sendo exemplo de grupos a família, a escola, o
governo, entre outros.
Um grupo é uma colectividade estruturada
Um grupo tem uma finalidade, estrutura própria, valores comuns e comportamentos específicos.
Pode definir-se o grupo como um conjunto de seres humanos com relações recíprocas. Todos os
grupos compõem-se de indivíduos que têm em comum os seguintes elementos: relações,
comunicações, interacções, uma organização, interesses, uma finalidade, valores e normas e
uma linguagem.
Além disso, o grupo supõe uma certa duração, mensurável num período de tempo.
Tipos de grupos
Os grupos podem distinguir-se e classificar-se em função de diversos critérios, seja o da função
social que cumprem, o da proximidade entre os seus membros, o da apresentação de modelos de
comportamento de referência, entre outros.
4. Os grupos e o relacionamento entre os seus membros
Grupos Primários – Aquele que mais próximo está de nós, em termos cronológicos e
afectivos. Por isso, o tipo de relacionamento entre os seus elementos é informal, íntimo
e total. É o caso da família.
Grupos Secundários – A sua função é, sobretudo, utilitarista. Desse objectivo resulta um
tipo de relacionamento frio, formal, impessoal e segmentário. É o caso entre os
operários de uma fábrica.
Efectivamente, na comunidade contemporânea predominam os grupos secundários: a fria
sociedade anónima, os poderosos monopólios. É o império da eficácia. No entanto, e como
consequência da secundarização da sociedade actual, a necessidade de relacionamento afectivo
nas sociedades contemporâneas tem levado ao aparecimento de vários grupos primários.
O grupo de pertença e o grupo de referência
Grupo de Pertença – É aquele em que o indivíduo se insere ou pertence;
Grupo de Referência – É o grupo a que o indivíduo não pertence mas aspira pertencer.
Os grupos de referência são importantes porque os seus valores se constituem como modelo de
avaliação dos indivíduos. Quanto mais próximos estivermos desses padrões, mais próximos
estamos do grupo a que gostaríamos de pertencer, o grupo de referência.
A influência dos grupos de referência nos comportamentos dos indivíduos pode verificar-se ao
nível da formação de opiniões, na determinação de atitudes, na aquisição de representações, isto
é, os grupos de referência constituem verdadeiros modelos culturais a interiorizar neste tipo de
socialização.