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O Espírito da Intimidade: uma lição
de filosofia africana sobre o amor
Prof.Dr.Renato Noguera
Departamento de Educação e Sociedade
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Resumo
• O que uma sociedade ancestral africana tem a dizer sobre o
amor?
• A cultura dagara através de uma leitura filosófica da
pensadora contemporânea Sobonfu Somé –burquinense da
etnia dagara com formação ocidental – que nos brinda com
o livro “O espírito da intimidade”. O texto é uma aventura
filosófica e antropológica que critica algumas perspectivas
ocidentais. No idioma dagara não existe uma palavra com o
mesmo sentido de “sexo”, amor é um conceito que inclui
sexo, intimidade e espiritualidade. Sobonfu Somé adverte
que um dos maiores problemas para as relações de
conjugalidade é que as pessoas optam por iniciar
um relacionamento afetivo baseadas na paixão.
Sobonfu Somé e o
espírito da intimidade
Sobonfu Somé é da etnia
Dagara e nascida em
Burkina Fasso. Uma
pensadora que tem se
dedicado ao ensino e
pesquisa nas áreas de
filosofia e
psicologia, promovendo o
pensamento africano.
1. África
“A África e a Ásia, atualmente na periferia do
mundo tecnicamente desenvolvido, estavam na
vanguarda do progresso durante os primeiros
quinze mil séculos da história do mundo... a
África foi o cenário principal da emergência do
homem como espécie soberana na terra, assim
como do aparecimento de uma sociedade
política”.
Joseph Ki-Zerbo (1922-2006)
2. África
“O mito da homogeneização racial do
mundo negro e das visões de mundo
dela decorrentes não resiste à análise”
diz o filósofo camaronês Celéstin
Monga.
Mapas do continente
Norte da África , África Ocidental,
África Central, África Oriental, África
Meridional(Austral).
Afroasiáticas, Nilosaarianas, Níger-
Congo A, Níger-Congo B
(Bantu), Khoisan, Austronesias
3. África
O historiador, físico, antropólogo e filósofo
nascido no Senegal Cheikh Anta Diop (1923-
1986) fala de uma unidade africana. O conceito
de África ultrapassa o significado de continente;
mas, se transforma num paradigma cultural.
• Matrifocalidade
• Xenofilia
• Valor da ancestralidade
4. O nome “África”
• Ki-Zerbo explica que seis teses são plausíveis: 1. Teria vindo
do nome de um povo (berbere) situado ao sul de Cartago:
os Afrig. Daí, Afrigaou Africapara designar a região dos
Afrig. 2. Teria origem e termo fenício, Pharikia- região das
frutas. 3. Derivaria do latim apricao - ensolarado ou do
grego apriké- isento de frio. 4. Poderia ser a raiz fenícia
faraga - separação, diáspora, a mesma raiz encontrada em
algumas línguas africanas, como por exemplo, o bambara.
5. Em sânscrito e hindi, a palavra remete a ocidente. 6.
Uma tradição histórica retomada por Leão, o Africano, diz
que um chefe iemenita chamado Africus teria invadido a
África do norte no segundo milênio antes da Era Cristã e
fundado uma cidade chamada Afrikyah.
A Filosofia’ é o rótulo de maior status no
humanismo ocidental. Pretender-se com direito à
Filosofia é reinvindicar o que há de mais
importante, mais difícil e mais fundamental na
tradição do Ocidente (APPIAH, 1997, p.131).
“A Filosofia é a mais branca dentre todas as áreas
no campo das Humanidades” (MILLS, (1999, p.13)
.
Definição sumária de
Filosofia Africana
• “Por ‘Filosofia Africana’ refiro-me a um
conjunto de textos, especificamente ao
conjunto de textos escritos pelos próprios
africanos e descritos como filosóficos por
seus próprios autores”
(HOUNTONDJI, 1977, p.107).
O caráter pluriversal da filosofia
O filósofo sul-africano Mogobe Ramose critica a
ideia de universalidade, advogando a favor do
conceito de pluriversalidade. Com isso, a
contradição que posta pelo ocidente que a
Grécia seria o exclusivo particular-universal da
filosofia fica desnuda. “A contradição precisa ser
solucionada através do reconhecimento da
particularidade como um critério válido para
toda ou para nenhuma filosofia”
(RAMOSE, 2011, p.11 )
A filosofia e seus registros
O filósofo Joseph Omoregbe faz uma observação muito
importante, não podemos confundir a filosofia com o seu
registro. Afinal, mesmo que algumas filósofas
permaneçam anônimas, “nós temos fragmentos de suas
reflexões filosóficas e suas perspectivas foram
preservadas e transmitidas por meio de outros registros
como mitos, aforismos, máximas de
sabedoria, provérbios tradicionais, contos
e, especialmente, através da religião. (...) Além das
mitologias, máximas de sabedoria e visões de mundo, o
conhecimento filosófico pode ser preservado e
reconhecido na organização político-social elaborada por
A filosofia dagara na
formulação de Sobnfu Somé
Por filosofia dagara se entende aqui um
conjunto de reflexões e inflexões baseadas
numa cosmovisão da África ocidental do
universo linguístico Níger-Congo, um sistema
crítico de pensamento que problematiza e
desbanaliza perspectivas sobre a realidade.
Tradição Dagara:
a gestão da comunidade
• A gestão da comunidade é feita por um
conselho de anciões.
• Em geral, cinco homens e cinco mulheres
• A cosmovisão dagara entende que o mundo se
articula a partir de cinco elementos:
terra, água, mineral, fogo e natureza.
• A gestão conta com uma mulher e um homem
de cada elemento.
Conceito de família
A família é extensa, as “mulheres dormem de
um lado da casa e os homens, do outro” (SOMÉ,
2007, p.24). As crianças podem dormir onde
escolherem até a adolescência. Elas podem
dormir com os homens, com as mulheres ou
com avós, etc. Importante frisar que os primos
são chamados de irmãos, assim como uma tia é
chamada de mãe e um tio, pai.
1. Intimidade como Canção do Espírito
• “Intimidade, em termos gerais, é uma canção
do espírito, que convida duas pessoas a
compartilharem seu espírito” (Idem, p.25).
• “(...) existe uma dimensão espiritual em todos
os relacionamentos, independentemente de
sua origem. Duas pessoas unem-se porque o
espírito as quer juntas” (Ibidem)
2. Intimidade como Canção do Espírito
• O papel do espírito é guiar as pessoas em seus
propósitos e na manutenção da sanidade.
• Por espírito devemos entender a força vital, o
poder de realização que atravessa e constitui
todas as coisas.
• “É muito fácil nos perdermos na nossa vida
mundana e esquecermos a conexão com o
espírito” (Ibidem, p.28).
Conexão com o espírito
“Quem vive no Ocidente pode começar a
fortalecer seus relacionamentos íntimos
mantendo sua conexão com o espírito. Pode-se
fazer isso por meio de preces e pela conexão
com a terra, com o fogo, minerais e montanhas
e pela associação com forças naturais, com
caminhadas na natureza, por exemplo.”
(Idem, p. 27).
O amor é espiritual
“Quando um relacionamento íntimo é tirado de seu
contexto espiritual, fica exposto a muitos perigos.
Uma desconexão profunda é criada, não só no
plano espiritual, mas também no plano pessoal.
Pessoas envolvidas em um relacionamento
puramente sexual, por exemplo, carregam dentro
de si um gigantesco buraco energético, de mágoas
da tenra infância, que as isola completamente de
seu verdadeiro ser” (Ibidem, p. 30).
Ego e controle são entraves
para um relacionamento íntimo
“Vejo tantos relacionamentos românticos no
Ocidente movidos pelo ego e pelo controle. As
pessoas precisam começar a ver que o espírito
está por trás de sua união e pôr o ego e o
controle de lado, para trazer saúde ao
relacionamento” (Idem, p. 32).
Da união de dois espíritos
nasce o espírito da intimidade
• O povo dagara faz um ritual anualmente para
proteger o espírito da intimidade da
desconexão, do ego, do controle.
• O espírito da intimidade não pode se nutrir
sozinho, ele precisa da comunidade.
• Nas sociedades ocidentais, a comunidade tem se
tornado cada vez mais virtual. Entre os dagara e
em grande parte dos povos africanos, a
comunidade envolve os ancestrais e os que
virão, além dos que estão presentes em corpo.
1. A comunidade é indispensável
• Um fator que cria desconexão entre
relacionamentos é que os
casais, principalmente no padrão
ocidental, cuidam de si isoladamente.
• A comunidade ajuda uma pessoa a expressar
quem ela é. A ausência de comunidade
“enfraquece a psique, tornando a pessoa
vulnerável ao consumismo e todas as coisas
que o acompanham” (idem, p. 35).
2. A comunidade é indispensável
“Um dos princípios do conceitos dagara de
relacionamento é que este não é um assunto
privado. Quando falamos sobre ‘nosso
relacionamento’, na aldeia, a palavra ‘nosso’ não
é limitada a dois. É por isso que achamos difícil
viver um relacionamento em uma cultura
moderna, que não tem verdadeira comunidade”
(Idem, p.36).
3. A comunidade é indispensável
Uma pessoa não tem capacidade de enxergar
com amplitude o seu propósito, o mesmo ocorre
com um casal, “ou mesmo da família direta, é
exigir demais” (Idem, p.37). Todas pessoas
precisam de outras que possam apoiá-las e
alimentá-las em suas jornadas.
4. A comunidade é indispensável
“Em meu próprio casamento, envolvo o máximo
de pessoas possível no relacionamento (...)
Monitoramos o relacionamento constantemente
e, por meio de rituais, criamos uma comunidade
que nos dá o apoio que precisamos (...) Quando
há desentendimentos em meu
casamento, chamo essa comunidade. Sem sua
ajuda, talvez o fogo de nossa relação já estivesse
extinto” (Idem, p. 38).
5. A comunidade é indispensável
Amigos e familiares também podem ser nocivos
para relacionamentos se existem questões mal
resolvidas no espírito da família, no espírito da
amizade. Mas, a benção da comunidade é muito
importante. “Muitas pessoas divorciam-se
simplesmente por causa da pressão da
comunidade, da família ou dos amigos que não
apoiavam o casamento ou não tinham
compreensão espiritual da relação” (Idem, p.
39)
6. A comunidade é indispensável
“Se uma criança cresce achando que sua mãe e
seu pai são sua única comunidade, quando tem
um problema e os pais não conseguem resolvê-
lo, ela não tem ninguém a quem recorrer”
(Idem, p. 43). É terrível uma criança “depender”
de dois adultos, ou pior de um adulto. A criança
deve ter muitas opções dentro da
comunidade, essa é maneira de crescer segura e
apta a alcançar o seu propósito. Porque
Os fundamentos da comunidade
1. Espírito
2. Crianças
3. Anciões
4. Responsabilidade
5. Generosidade
6. Confiança
7. Ancestrais
8. Ritual
1. Nutrição do espírito
para homens e mulheres
• “Há coisas que os homens devem fazer para
nutrir o seu ser feminino, e há coisas que as
mulheres devem fazer para nutrir o seu ser
masculino” (Idem, p. 48).
• Homens tendem a vestir a máscara de guerreiro
mesmo na intimidade; mulheres tendem a nutrir
expectativas equívocas a respeito dos homens.
Uma mulher “não deve esperar que seu marido
substitua suas amigas e cuide delas da mesma
forma” (Ibidem).
2. Nutrição do espírito
para homens e mulheres
• As energias feminina e masculina precisam
estar equilibradas.
• Mulheres fazem um ritual que se vestem
como homens, caçam e assumem funções que
são exercidas com mais frequência pelos
homens.
• “Durante o ritual, os homens cuidam uns dos
outros” (Idem, p. 49).
O que é um ritual?
• Um ritual é uma cerimônia em que o espírito é
convidado para ser guia e orientar nossas ações.
• Um ritual é um evento fora de série, varia
conforme o objetivo. Todo ritual tem um objetivo
específico.
• No ritual o espírito percebe obstáculos que não
conseguimos enxergar e removê-los para que
possamos alcançar os propósitos de nossas vidas.
A importância do ritual
“ a mente não sabe como sentir; sua lógica não
pode satisfazer o desejo do coração” (Idem, p.
66). Por isso, o ritual é fundamental na
resolução da crise. Não se trata de um exercício
lógico; mas, uma experiência espiritual. Quando
um relacionamento vai mal, o primeiro passo é
comunicar aos ancestrais
Como um relacionamento se inicia
Padrão ocidental: inicio no topo Padrão dagara: começa na base
Em que ponto se deve
começar o espírito do relacionamento
• O relacionamento deve começar na base e ser
empurrado lenta e consistentemente pela
comunidade e pelo espírito.
• Um conflito é um aviso de que o propósito do
espírito da intimidade está fora do curso
adequado.
O que somos:
seres espirituais com propósitos
• Uma pessoa tem (escolhe) um propósito antes de
nascer.
• Um ritual é realizado para que a comunidade
descubra qual é o propósito da criança, esta fala
através da voz da mãe.
• Ao nascer a criança sabe do seu propósito;
mas, por volta dos cinco ou seis anos, esquece.
Num ritual durante a adolescência o retoma.
• Cada pessoa nasce num dos cinco grupos
elementares dagara.
Os cinco elementos:
vibrações cósmicas fundamentais
• Fogo: sonho, criação e conexão com a
ancestralidade
• Água: sabedoria, concentração e reconciliação
• Terra: identidade e capacidade de nutrição e
suporte da comunidade.
• Mineral: comunicação, história e memória
• Natureza: conhecimento de si, capacidade de
atravessar mudanças e desafios
Os cinco elementos
Como identificar
o elemento de uma pessoa
• Fogo: final do ano de nascimento dois e sete
• Água: final do ano de nascimento um e seis
• Terra: final do ano de nascimento zero e cinco
• Mineral: final do ano de nascimento quatro e
nove
• Natureza: final do ano de nascimento três e
oito
Iniciação
• Meninas são iniciadas depois da primeira
menstruação; meninos no inicio da
puberdade.
• Após iniciados e elucidados sobre seus
propósitos, os anciões trabalham para
encontrar o par de cada pessoa.
• “ (...) entre dezesseis e vinte anos -, ocorrem
os casamentos” (Idem, p. 78)
A escolha do par
• Os anciões consultam o espírito para verificar
se as energias são compatíveis.
• É preciso saber se os propósitos de vida estão
alinhados.
• Se o espírito aprovar a união, a noiva e o noivo
são comunicados juntamente com a
comunidade.
1. Casamento: o espírito
da intimidade em comunhão
• Casamento é uma forma do espírito apoiar
duas pessoas para que elas alcancem uma
energia maior, explorem e desenvolvam os
seus dons.
• Uma pessoa se casa conhecendo as forças e
fraquezas do seu par, sem as idealizações
comuns no mundo ocidental.
2. Casamento: o espírito
da intimidade em comunhão
• “As pessoas acham, que quando dizem sim
uma vez, significa para sempre. Mas, para o
mundo africano, não” (Idem, p.85).
• Os votos devem ser renovados pelo menos
uma vez por ano. Ou quando outras pessoas
se casam é um momento oportuno para
rituais de revitalização.
3. Casamento: o espírito
da intimidade em comunhão
• O povo dagara é matrilinear e patrilocal. Uma
mulher passa ser membro da família do
marido. A família do noivo dá uma vaca que
será sacrificada para que a recém-casada fique
satisfeita e confortável na nova casa.
• Um casamento que se pauta na busca do
prazer tem um espírito da intimidade restrito
e de curta duração.
4. Casamento: o espírito
da intimidade em comunhão
• O povo dagara não tem um termo específico
para sexo, o encontro sexual é descrito como
uma jornada para um lugar desconhecido que
amplifica o poder de ambos na realização de
seus propósitos individuais e do espírito da
intimidade.
• Uma situação íntima genuína aumenta o
horizonte espiritual.
5. Casamento: o espírito
da intimidade em comunhão
• Pode acontecer que um cônjuge se interesse por
uma terceira pessoa, o que é muito perigoso.
Porque traz energia estranha para o
relacionamento e desequilibra o espírito da
intimidade.
• A sexualidade é sagrada, uma dimensão da vida
que faz parte do espírito.
• O “romance”, a “paixão” são empecilhos ao
conhecimento do espírito da intimidade e
encontro com o sagrado.
1. Ritual de renovação
Para nos comunicarmos em estados profundos
de intimidade, precisamos lidar com
divergências e desagrados do cônjuge. Muitas
vezes, uma tensão é soterrada por “gentileza”;
mas, o acúmulo de tensões tende a ampliar o
desapontamento e as frustrações. No ritual, o
desejo destrutivo de agradar o cônjuge
irrestritamente pode ser abandonado em prol
de um encontro autêntico.
2. Ritual de renovação
• A mulher se senta voltada para o norte, de
costas para o homem, sentada de frente para
o sul dentro de um círculo de cinzas.
• Cada um conta suas frustrações para o
espírito, o que pode ser feito em sussurros ou
gritos sem emprestar sua atenção ao que a
outra pessoa diz.
• Após as narrativas cada um derrama água
sobre o outro.
3. Ritual de renovação
• Os conflitos são percebidos como
oportunidades para que o casal avance.
• Não se pode viver sem conflito, tampouco em
conflito todo o tempo.
• O ritual equilibra os desafios trazidos pelos
conflitos.
• É importante fazer rituais de ruptura diante de
divórcio (que não existe na cultura dagara) e
de viuvez.
Ritual de separação
É importante destacar que as pessoas viúvas podem
casar novamente depois de um adequado ritual de
separação. A razão é que o espírito da pessoa que
está sem corpo faz parte de outra dimensão
existencial, manter as duas pessoas conectadas
seria prejudicial e até mesmo perigoso. Ora, após a
videira ser cortada e o tempo de luto – que pode
envolver a dissipação de energias como a raiva e a
tristeza através de choro, sussurros ou gritos – a
pessoa pode encontrar um novo espírito da
intimidade.
1. Guardiães/Guardiões dos portões
“Na aldeia, a homossexualidade é vista
diferentemente do que no Ocidente, em parte
porque toda sexualidade tem base no espírito.
Tirada de seu contexto espiritual, torna-se uma
fonte de controvérsia, passível de exploração.
Nunca se vê guardiães nem ninguém
demonstrando ou comentando a sexualidade
dos outros” (Idem, p. 142).
2. Guardiães/Guardiões dos portões
• O povo dagara não tem expressões
equivalentes para gays e lésbicas, existe o
termo guardião/guardiã que serve para
designar pessoas responsáveis por cuidados
espirituais e capacidade de canalizar sua
energia sexual para o espírito.
• Guardiães são percebidos como pessoas
dotadas de um poder de fazer conexões com o
espírito.
3. Guardiães do portões
“(...) guardiães estão na divisa entre os dois
sexos. São mediadores entre os dois. Eles(as)
garantem que haja paz e harmonia entre
mulheres e homens”. Porque agem com o que é
denominado espada da verdade sem escolher
um lado. Guardiães têm acesso a todos os
portões deste mundo para o outro, capazes de
se comunicar com os seres mágicos e sábios que
podem apoiar as pessoas neste mundo, os
kontombile.
4. Guardiães do portões
Para Sobonfu Somé, no mundo ocidental a vida
LGBT é resultado de pressões inadequadas que
os (as) deslocou de seus verdadeiros papéis.
No povo dagara, um guardião dá suporte
para mulheres, assim como uma guardiã é
convidada pelos homens para auxiliá-los em
seus círculos. Guardiães têm todas as chaves dos
portões e auxiliam conselheiros(as) e anciões.
Casamento pessoas do mesmo
sexo na concepção dagara
Os rituais para fortalecer o espírito da
intimidade de pessoas do mesmo sexo não
diferem dos casamentos heterossexuais – exceto
que a presença de guardiães é necessária.
Sobonfu Somé diz que no Ocidente é importante
que todos os casais experimentem revitalizar o
espírito da intimidade. Mas, na sociedade
dagara geralmente guardiães trabalham
exclusivamente para abrir e fechar portões de
outras dimensões espirituais.

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O Espírito da Intimidade

  • 1. O Espírito da Intimidade: uma lição de filosofia africana sobre o amor Prof.Dr.Renato Noguera Departamento de Educação e Sociedade Programa de Pós-Graduação em Filosofia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
  • 2. Resumo • O que uma sociedade ancestral africana tem a dizer sobre o amor? • A cultura dagara através de uma leitura filosófica da pensadora contemporânea Sobonfu Somé –burquinense da etnia dagara com formação ocidental – que nos brinda com o livro “O espírito da intimidade”. O texto é uma aventura filosófica e antropológica que critica algumas perspectivas ocidentais. No idioma dagara não existe uma palavra com o mesmo sentido de “sexo”, amor é um conceito que inclui sexo, intimidade e espiritualidade. Sobonfu Somé adverte que um dos maiores problemas para as relações de conjugalidade é que as pessoas optam por iniciar um relacionamento afetivo baseadas na paixão.
  • 3. Sobonfu Somé e o espírito da intimidade Sobonfu Somé é da etnia Dagara e nascida em Burkina Fasso. Uma pensadora que tem se dedicado ao ensino e pesquisa nas áreas de filosofia e psicologia, promovendo o pensamento africano.
  • 4. 1. África “A África e a Ásia, atualmente na periferia do mundo tecnicamente desenvolvido, estavam na vanguarda do progresso durante os primeiros quinze mil séculos da história do mundo... a África foi o cenário principal da emergência do homem como espécie soberana na terra, assim como do aparecimento de uma sociedade política”. Joseph Ki-Zerbo (1922-2006)
  • 5. 2. África “O mito da homogeneização racial do mundo negro e das visões de mundo dela decorrentes não resiste à análise” diz o filósofo camaronês Celéstin Monga.
  • 6. Mapas do continente Norte da África , África Ocidental, África Central, África Oriental, África Meridional(Austral). Afroasiáticas, Nilosaarianas, Níger- Congo A, Níger-Congo B (Bantu), Khoisan, Austronesias
  • 7.
  • 8.
  • 9. 3. África O historiador, físico, antropólogo e filósofo nascido no Senegal Cheikh Anta Diop (1923- 1986) fala de uma unidade africana. O conceito de África ultrapassa o significado de continente; mas, se transforma num paradigma cultural. • Matrifocalidade • Xenofilia • Valor da ancestralidade
  • 10. 4. O nome “África” • Ki-Zerbo explica que seis teses são plausíveis: 1. Teria vindo do nome de um povo (berbere) situado ao sul de Cartago: os Afrig. Daí, Afrigaou Africapara designar a região dos Afrig. 2. Teria origem e termo fenício, Pharikia- região das frutas. 3. Derivaria do latim apricao - ensolarado ou do grego apriké- isento de frio. 4. Poderia ser a raiz fenícia faraga - separação, diáspora, a mesma raiz encontrada em algumas línguas africanas, como por exemplo, o bambara. 5. Em sânscrito e hindi, a palavra remete a ocidente. 6. Uma tradição histórica retomada por Leão, o Africano, diz que um chefe iemenita chamado Africus teria invadido a África do norte no segundo milênio antes da Era Cristã e fundado uma cidade chamada Afrikyah.
  • 11. A Filosofia’ é o rótulo de maior status no humanismo ocidental. Pretender-se com direito à Filosofia é reinvindicar o que há de mais importante, mais difícil e mais fundamental na tradição do Ocidente (APPIAH, 1997, p.131). “A Filosofia é a mais branca dentre todas as áreas no campo das Humanidades” (MILLS, (1999, p.13) .
  • 12. Definição sumária de Filosofia Africana • “Por ‘Filosofia Africana’ refiro-me a um conjunto de textos, especificamente ao conjunto de textos escritos pelos próprios africanos e descritos como filosóficos por seus próprios autores” (HOUNTONDJI, 1977, p.107).
  • 13. O caráter pluriversal da filosofia O filósofo sul-africano Mogobe Ramose critica a ideia de universalidade, advogando a favor do conceito de pluriversalidade. Com isso, a contradição que posta pelo ocidente que a Grécia seria o exclusivo particular-universal da filosofia fica desnuda. “A contradição precisa ser solucionada através do reconhecimento da particularidade como um critério válido para toda ou para nenhuma filosofia” (RAMOSE, 2011, p.11 )
  • 14. A filosofia e seus registros O filósofo Joseph Omoregbe faz uma observação muito importante, não podemos confundir a filosofia com o seu registro. Afinal, mesmo que algumas filósofas permaneçam anônimas, “nós temos fragmentos de suas reflexões filosóficas e suas perspectivas foram preservadas e transmitidas por meio de outros registros como mitos, aforismos, máximas de sabedoria, provérbios tradicionais, contos e, especialmente, através da religião. (...) Além das mitologias, máximas de sabedoria e visões de mundo, o conhecimento filosófico pode ser preservado e reconhecido na organização político-social elaborada por
  • 15. A filosofia dagara na formulação de Sobnfu Somé Por filosofia dagara se entende aqui um conjunto de reflexões e inflexões baseadas numa cosmovisão da África ocidental do universo linguístico Níger-Congo, um sistema crítico de pensamento que problematiza e desbanaliza perspectivas sobre a realidade.
  • 16. Tradição Dagara: a gestão da comunidade • A gestão da comunidade é feita por um conselho de anciões. • Em geral, cinco homens e cinco mulheres • A cosmovisão dagara entende que o mundo se articula a partir de cinco elementos: terra, água, mineral, fogo e natureza. • A gestão conta com uma mulher e um homem de cada elemento.
  • 17. Conceito de família A família é extensa, as “mulheres dormem de um lado da casa e os homens, do outro” (SOMÉ, 2007, p.24). As crianças podem dormir onde escolherem até a adolescência. Elas podem dormir com os homens, com as mulheres ou com avós, etc. Importante frisar que os primos são chamados de irmãos, assim como uma tia é chamada de mãe e um tio, pai.
  • 18. 1. Intimidade como Canção do Espírito • “Intimidade, em termos gerais, é uma canção do espírito, que convida duas pessoas a compartilharem seu espírito” (Idem, p.25). • “(...) existe uma dimensão espiritual em todos os relacionamentos, independentemente de sua origem. Duas pessoas unem-se porque o espírito as quer juntas” (Ibidem)
  • 19. 2. Intimidade como Canção do Espírito • O papel do espírito é guiar as pessoas em seus propósitos e na manutenção da sanidade. • Por espírito devemos entender a força vital, o poder de realização que atravessa e constitui todas as coisas. • “É muito fácil nos perdermos na nossa vida mundana e esquecermos a conexão com o espírito” (Ibidem, p.28).
  • 20. Conexão com o espírito “Quem vive no Ocidente pode começar a fortalecer seus relacionamentos íntimos mantendo sua conexão com o espírito. Pode-se fazer isso por meio de preces e pela conexão com a terra, com o fogo, minerais e montanhas e pela associação com forças naturais, com caminhadas na natureza, por exemplo.” (Idem, p. 27).
  • 21. O amor é espiritual “Quando um relacionamento íntimo é tirado de seu contexto espiritual, fica exposto a muitos perigos. Uma desconexão profunda é criada, não só no plano espiritual, mas também no plano pessoal. Pessoas envolvidas em um relacionamento puramente sexual, por exemplo, carregam dentro de si um gigantesco buraco energético, de mágoas da tenra infância, que as isola completamente de seu verdadeiro ser” (Ibidem, p. 30).
  • 22. Ego e controle são entraves para um relacionamento íntimo “Vejo tantos relacionamentos românticos no Ocidente movidos pelo ego e pelo controle. As pessoas precisam começar a ver que o espírito está por trás de sua união e pôr o ego e o controle de lado, para trazer saúde ao relacionamento” (Idem, p. 32).
  • 23. Da união de dois espíritos nasce o espírito da intimidade • O povo dagara faz um ritual anualmente para proteger o espírito da intimidade da desconexão, do ego, do controle. • O espírito da intimidade não pode se nutrir sozinho, ele precisa da comunidade. • Nas sociedades ocidentais, a comunidade tem se tornado cada vez mais virtual. Entre os dagara e em grande parte dos povos africanos, a comunidade envolve os ancestrais e os que virão, além dos que estão presentes em corpo.
  • 24. 1. A comunidade é indispensável • Um fator que cria desconexão entre relacionamentos é que os casais, principalmente no padrão ocidental, cuidam de si isoladamente. • A comunidade ajuda uma pessoa a expressar quem ela é. A ausência de comunidade “enfraquece a psique, tornando a pessoa vulnerável ao consumismo e todas as coisas que o acompanham” (idem, p. 35).
  • 25. 2. A comunidade é indispensável “Um dos princípios do conceitos dagara de relacionamento é que este não é um assunto privado. Quando falamos sobre ‘nosso relacionamento’, na aldeia, a palavra ‘nosso’ não é limitada a dois. É por isso que achamos difícil viver um relacionamento em uma cultura moderna, que não tem verdadeira comunidade” (Idem, p.36).
  • 26. 3. A comunidade é indispensável Uma pessoa não tem capacidade de enxergar com amplitude o seu propósito, o mesmo ocorre com um casal, “ou mesmo da família direta, é exigir demais” (Idem, p.37). Todas pessoas precisam de outras que possam apoiá-las e alimentá-las em suas jornadas.
  • 27. 4. A comunidade é indispensável “Em meu próprio casamento, envolvo o máximo de pessoas possível no relacionamento (...) Monitoramos o relacionamento constantemente e, por meio de rituais, criamos uma comunidade que nos dá o apoio que precisamos (...) Quando há desentendimentos em meu casamento, chamo essa comunidade. Sem sua ajuda, talvez o fogo de nossa relação já estivesse extinto” (Idem, p. 38).
  • 28. 5. A comunidade é indispensável Amigos e familiares também podem ser nocivos para relacionamentos se existem questões mal resolvidas no espírito da família, no espírito da amizade. Mas, a benção da comunidade é muito importante. “Muitas pessoas divorciam-se simplesmente por causa da pressão da comunidade, da família ou dos amigos que não apoiavam o casamento ou não tinham compreensão espiritual da relação” (Idem, p. 39)
  • 29. 6. A comunidade é indispensável “Se uma criança cresce achando que sua mãe e seu pai são sua única comunidade, quando tem um problema e os pais não conseguem resolvê- lo, ela não tem ninguém a quem recorrer” (Idem, p. 43). É terrível uma criança “depender” de dois adultos, ou pior de um adulto. A criança deve ter muitas opções dentro da comunidade, essa é maneira de crescer segura e apta a alcançar o seu propósito. Porque
  • 30. Os fundamentos da comunidade 1. Espírito 2. Crianças 3. Anciões 4. Responsabilidade 5. Generosidade 6. Confiança 7. Ancestrais 8. Ritual
  • 31. 1. Nutrição do espírito para homens e mulheres • “Há coisas que os homens devem fazer para nutrir o seu ser feminino, e há coisas que as mulheres devem fazer para nutrir o seu ser masculino” (Idem, p. 48). • Homens tendem a vestir a máscara de guerreiro mesmo na intimidade; mulheres tendem a nutrir expectativas equívocas a respeito dos homens. Uma mulher “não deve esperar que seu marido substitua suas amigas e cuide delas da mesma forma” (Ibidem).
  • 32. 2. Nutrição do espírito para homens e mulheres • As energias feminina e masculina precisam estar equilibradas. • Mulheres fazem um ritual que se vestem como homens, caçam e assumem funções que são exercidas com mais frequência pelos homens. • “Durante o ritual, os homens cuidam uns dos outros” (Idem, p. 49).
  • 33. O que é um ritual? • Um ritual é uma cerimônia em que o espírito é convidado para ser guia e orientar nossas ações. • Um ritual é um evento fora de série, varia conforme o objetivo. Todo ritual tem um objetivo específico. • No ritual o espírito percebe obstáculos que não conseguimos enxergar e removê-los para que possamos alcançar os propósitos de nossas vidas.
  • 34. A importância do ritual “ a mente não sabe como sentir; sua lógica não pode satisfazer o desejo do coração” (Idem, p. 66). Por isso, o ritual é fundamental na resolução da crise. Não se trata de um exercício lógico; mas, uma experiência espiritual. Quando um relacionamento vai mal, o primeiro passo é comunicar aos ancestrais
  • 35. Como um relacionamento se inicia Padrão ocidental: inicio no topo Padrão dagara: começa na base
  • 36. Em que ponto se deve começar o espírito do relacionamento • O relacionamento deve começar na base e ser empurrado lenta e consistentemente pela comunidade e pelo espírito. • Um conflito é um aviso de que o propósito do espírito da intimidade está fora do curso adequado.
  • 37. O que somos: seres espirituais com propósitos • Uma pessoa tem (escolhe) um propósito antes de nascer. • Um ritual é realizado para que a comunidade descubra qual é o propósito da criança, esta fala através da voz da mãe. • Ao nascer a criança sabe do seu propósito; mas, por volta dos cinco ou seis anos, esquece. Num ritual durante a adolescência o retoma. • Cada pessoa nasce num dos cinco grupos elementares dagara.
  • 38. Os cinco elementos: vibrações cósmicas fundamentais • Fogo: sonho, criação e conexão com a ancestralidade • Água: sabedoria, concentração e reconciliação • Terra: identidade e capacidade de nutrição e suporte da comunidade. • Mineral: comunicação, história e memória • Natureza: conhecimento de si, capacidade de atravessar mudanças e desafios
  • 40. Como identificar o elemento de uma pessoa • Fogo: final do ano de nascimento dois e sete • Água: final do ano de nascimento um e seis • Terra: final do ano de nascimento zero e cinco • Mineral: final do ano de nascimento quatro e nove • Natureza: final do ano de nascimento três e oito
  • 41. Iniciação • Meninas são iniciadas depois da primeira menstruação; meninos no inicio da puberdade. • Após iniciados e elucidados sobre seus propósitos, os anciões trabalham para encontrar o par de cada pessoa. • “ (...) entre dezesseis e vinte anos -, ocorrem os casamentos” (Idem, p. 78)
  • 42. A escolha do par • Os anciões consultam o espírito para verificar se as energias são compatíveis. • É preciso saber se os propósitos de vida estão alinhados. • Se o espírito aprovar a união, a noiva e o noivo são comunicados juntamente com a comunidade.
  • 43. 1. Casamento: o espírito da intimidade em comunhão • Casamento é uma forma do espírito apoiar duas pessoas para que elas alcancem uma energia maior, explorem e desenvolvam os seus dons. • Uma pessoa se casa conhecendo as forças e fraquezas do seu par, sem as idealizações comuns no mundo ocidental.
  • 44. 2. Casamento: o espírito da intimidade em comunhão • “As pessoas acham, que quando dizem sim uma vez, significa para sempre. Mas, para o mundo africano, não” (Idem, p.85). • Os votos devem ser renovados pelo menos uma vez por ano. Ou quando outras pessoas se casam é um momento oportuno para rituais de revitalização.
  • 45. 3. Casamento: o espírito da intimidade em comunhão • O povo dagara é matrilinear e patrilocal. Uma mulher passa ser membro da família do marido. A família do noivo dá uma vaca que será sacrificada para que a recém-casada fique satisfeita e confortável na nova casa. • Um casamento que se pauta na busca do prazer tem um espírito da intimidade restrito e de curta duração.
  • 46. 4. Casamento: o espírito da intimidade em comunhão • O povo dagara não tem um termo específico para sexo, o encontro sexual é descrito como uma jornada para um lugar desconhecido que amplifica o poder de ambos na realização de seus propósitos individuais e do espírito da intimidade. • Uma situação íntima genuína aumenta o horizonte espiritual.
  • 47. 5. Casamento: o espírito da intimidade em comunhão • Pode acontecer que um cônjuge se interesse por uma terceira pessoa, o que é muito perigoso. Porque traz energia estranha para o relacionamento e desequilibra o espírito da intimidade. • A sexualidade é sagrada, uma dimensão da vida que faz parte do espírito. • O “romance”, a “paixão” são empecilhos ao conhecimento do espírito da intimidade e encontro com o sagrado.
  • 48. 1. Ritual de renovação Para nos comunicarmos em estados profundos de intimidade, precisamos lidar com divergências e desagrados do cônjuge. Muitas vezes, uma tensão é soterrada por “gentileza”; mas, o acúmulo de tensões tende a ampliar o desapontamento e as frustrações. No ritual, o desejo destrutivo de agradar o cônjuge irrestritamente pode ser abandonado em prol de um encontro autêntico.
  • 49. 2. Ritual de renovação • A mulher se senta voltada para o norte, de costas para o homem, sentada de frente para o sul dentro de um círculo de cinzas. • Cada um conta suas frustrações para o espírito, o que pode ser feito em sussurros ou gritos sem emprestar sua atenção ao que a outra pessoa diz. • Após as narrativas cada um derrama água sobre o outro.
  • 50. 3. Ritual de renovação • Os conflitos são percebidos como oportunidades para que o casal avance. • Não se pode viver sem conflito, tampouco em conflito todo o tempo. • O ritual equilibra os desafios trazidos pelos conflitos. • É importante fazer rituais de ruptura diante de divórcio (que não existe na cultura dagara) e de viuvez.
  • 51. Ritual de separação É importante destacar que as pessoas viúvas podem casar novamente depois de um adequado ritual de separação. A razão é que o espírito da pessoa que está sem corpo faz parte de outra dimensão existencial, manter as duas pessoas conectadas seria prejudicial e até mesmo perigoso. Ora, após a videira ser cortada e o tempo de luto – que pode envolver a dissipação de energias como a raiva e a tristeza através de choro, sussurros ou gritos – a pessoa pode encontrar um novo espírito da intimidade.
  • 52. 1. Guardiães/Guardiões dos portões “Na aldeia, a homossexualidade é vista diferentemente do que no Ocidente, em parte porque toda sexualidade tem base no espírito. Tirada de seu contexto espiritual, torna-se uma fonte de controvérsia, passível de exploração. Nunca se vê guardiães nem ninguém demonstrando ou comentando a sexualidade dos outros” (Idem, p. 142).
  • 53. 2. Guardiães/Guardiões dos portões • O povo dagara não tem expressões equivalentes para gays e lésbicas, existe o termo guardião/guardiã que serve para designar pessoas responsáveis por cuidados espirituais e capacidade de canalizar sua energia sexual para o espírito. • Guardiães são percebidos como pessoas dotadas de um poder de fazer conexões com o espírito.
  • 54. 3. Guardiães do portões “(...) guardiães estão na divisa entre os dois sexos. São mediadores entre os dois. Eles(as) garantem que haja paz e harmonia entre mulheres e homens”. Porque agem com o que é denominado espada da verdade sem escolher um lado. Guardiães têm acesso a todos os portões deste mundo para o outro, capazes de se comunicar com os seres mágicos e sábios que podem apoiar as pessoas neste mundo, os kontombile.
  • 55. 4. Guardiães do portões Para Sobonfu Somé, no mundo ocidental a vida LGBT é resultado de pressões inadequadas que os (as) deslocou de seus verdadeiros papéis. No povo dagara, um guardião dá suporte para mulheres, assim como uma guardiã é convidada pelos homens para auxiliá-los em seus círculos. Guardiães têm todas as chaves dos portões e auxiliam conselheiros(as) e anciões.
  • 56. Casamento pessoas do mesmo sexo na concepção dagara Os rituais para fortalecer o espírito da intimidade de pessoas do mesmo sexo não diferem dos casamentos heterossexuais – exceto que a presença de guardiães é necessária. Sobonfu Somé diz que no Ocidente é importante que todos os casais experimentem revitalizar o espírito da intimidade. Mas, na sociedade dagara geralmente guardiães trabalham exclusivamente para abrir e fechar portões de outras dimensões espirituais.