O documento discute estereótipos sobre racismo e racistas, apontando que eles geralmente simplificam uma realidade complexa. O racismo pode se manifestar de forma sutil na sociedade e nas instituições, não se resumindo a atos isolados de violência. Uma educação antirracista deve reconhecer essa complexidade e empoderar grupos minorizados, sem esvaziar ou relativizar o racismo.
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Estereótipos sobre o racista
1. ESTEREÓTIPOS SOBRE O RACISTA:
Educação Antirracista e Compreensão da Pluralidade de
Manifestações do Racismo
Prof. Dr. Fernando de Sá Moreira (IFPR)
https://98.academia.edu/FernandoDeS%C3%A1Moreira
https://www.researchgate.net/profle/Fernando_De_Sa_Moreira
2. 2
Postulados e Dados
●
Vivemos em um PAÍS PROFUNDAMENTE RACISTA;
●
De modo geral, o governo, os partidos políticos, a mídia e a população
brasileira concordam com a frase acima;
●
A maior parte dos brasileiros já presenciou ou sofreu ataques racistas
(97% dos brasileiros, segundo uma pesquisa do IBOPE de setembro de
2017);
●
Porém, poucas pessoas reconhecem a si mesmas como preconceituosas
de alguma forma (17%), mesmo que 70% reconheçam que usam
expressões preconceituosas;
●
Racismo só é crime desde 1989; em outubro de 2001, eram menos de
150 processos correndo em todo o Brasil;
●
NEGRO não é um conceito biológico, é um conceito SÓCIO-POLÍTICO.
●
A EDUCAÇÃO deve assumir um importante papel no combate ao
RACISMO.
3. 3
Paradigmas de Educação
1. Educação Racista:
● A atuação educacional visa a ensinar e/ou fortalecer padrões
racistas nas estruturas e/ou indivíduos envolvidos;
2. Educação Não Racista:
● A atuação educacional não visa a ensinar e/ou fortalecer
padrões racistas nas estruturas e/ou indivíduos envolvidos;
3. Educação Antirracista:
● A atuação educacional visa a enfraquecer e/ou eliminar
padrões racistas nas estruturas e/ou indivíduos envolvidos.
4. 4
Estereótipos Racistas Antinegro
●
Alguns dos estereótipos negativos de cunho racistas
clássicos são: “inferior”, “burro”, “violento”, “supersticioso”,
“teimoso”, “mal-educado”, “intelectualmente lento”, “aproveitador”,
“criminoso”, “estuprador”, “incivilizado”, “primitivo”, “feio”,
“preguiçoso” etc;
●
Devemos desconfar também dos estereótipos
“positivos” de cunho racista: “inocente” (naïf), “alegre”,
“malandro”, “forte”, “rápido”, “vigoroso”, “sexualmente incansável”,
“incrivelmente fértil”, “exótico”, “absurdamente resistente” etc;
●
O combate a tais estereótipos é uma de nossa
principais tarefas.
Lembrem-se de Diogo Cintra, Jesse Washington e
Massacre de Porongos
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Estereótipos sobre o Racista Antinegro
Estereótipo 1: Racista é
alguém que participa ou se
envolve com grupos de
intolerantes
reconhecidamente racistas
(KKK, Neo-Nazis, Skin Heads
etc).
Exemplo: Professor de
história de Pomerode.
Exceção: Torcida/torcedora
do Grêmio em 2014.
PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS RACISTAS
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Estereótipos sobre o Racista Antinegro
Estereótipo 2: Racista é
alguém que usa de violência
verbal ou física com a intenção
de ferir uma pessoa
pertencente a um grupo
minoritário.
Exemplo: Bullying de fundo
racista nas escolas. Violência
contra os sit-ins nos EUA.
Exceção: Tratar negros e
negras como “suspeito-
padrão”.
AÇÃO DECLARADA, VIOLENTA E INTENCIONAL
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Estereótipos sobre o Racista Antinegro
Estereótipo 3: Racista é
alguém ignorante, irracional,
acéfalo, alguém que não sabe
argumentar.
Exemplo: O(a) “sogro(a)” que
não aceita o relacionamento
amoroso de seus(suas)
flhos(as) com pessoas negras,
sem conseguir dar qualquer
justifcativa para isso.
Exceção: Racismo científco.
IGNORÂNCIA, BURRICE, DESCONHECIMENTO
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Estereótipos sobre o Racista Antinegro
Estereótipo 4: Sustenta um
discurso pseudo-biológico sobre as
raças humanas, vendo-as como fxas,
imutáveis, hierarquizadas. Propõe
que as raças não devem se misturar.
Exemplo: Racismo científco nos
EUA, racismo nazista alemão,
Apartheid na África do Sul.
Exceção: O professor universitário
da UFES em 2014, racismo científco
brasileiro, branqueamento brasileiro,
aldeamentos indígenas no Paraná,
ocidentalização forçada da África
Negra.
DISCURSO BASEADO EM FALSA BIOLOGIA
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Estereótipos sobre o Racista Antinegro
Estereótipo 5: Odeia as
“raças inferiores” e gostaria de
vê-las eliminadas/mortas.
Exemplo: Vários genocídios
étnicos ao redor do mundo.
Exceção: A escravidão no
Brasil foi racial, mas não se
baseou no princípio de
eliminação. A “casa-grande
moderna” também não. O
princípio de submissão/abuso é
mais comum.
DISCURSO OU AÇÕES DE ÓDIO E ELIMINAÇÃO
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Estereótipos sobre o Racista Antinegro
Estereótipo 6: É alguém
que adoraríamos odiar.
Exemplo: o clone do
Hitler.
Exceção: Aquele parente
próximo carinhoso, aquele
herói nacional, aquele
nome de escola, aquele
jornalista famoso e bem-
sucedido.
CARACTERIZAÇÃO REPULSIVA DO(A) RACISTA
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Estereótipos sobre o Racista Antinegro
Estereótipo 7: É uma pessoa doente
que fala de raças o tempo todo.
Estereótipo 8: É uma pessoa doente.
Estereótipo 9: É uma pessoa.
Exceção: O racismo se esconde também
no “daltonismo social”. O racismo não
diz respeito apenas à relação entre
indivíduos (um agressor e um agredido),
mas também a estruturas sociais,
instituições, formas de organização do
trabalho, alocação de recursos etc. Na
maior parte das vezes, o racismo não é
uma ação isolado de uma pessoa. Em
geral, ele não se declara. Ainda assim,
ele deixa sintomas e sinais,
consequências e mazelas.
RACISMO E INDIVIDUALIDADES
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Racismo e sociedade
Lembram-se de Diogo Cintra, Jesse Washington e do
Massacre de Porongos???
O RACISMO É UMA RACIONALIDADE
O RACISMO É NORMATIZADO
O RACISMO FAZ PARTE DE NOSSA ESTRUTURA
SOCIAL, DE NOSSA HISTÓRIA, ATÉ MESMO DE
NOSSOS SONHOS COMO NAÇÃO
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Apontando caminhos para uma
educaçao antirracista
• Uma educação antirracista não esvazia e relativiza o
racismo em favor da manutenção do status quo.
• Ela também entende que o racismo está também no
modo como construímos nossa história e nossos
conceitos. A educação antirracista está disposta a
revistá-los sob uma afroperspectiva.
• Desconfa de toda individualização e patologização
apressada do(a) racista. Compreende que isso está
relacionado a criação de bodes expiatórios
apropriados à manutenção de um sistema racista.
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Apontando caminhos para uma
educaçao antirracista
●
Não ensina as pessoas negras a assumir uma cidadania
meramente passiva.
●
Fornece ferramentas para o empoderamento de pessoas
negras, sem tomar o lugar delas. Por exemplo, sabe que a
ancestralidade negra vai para além da biologia e entende
que essa ancestralidade deve infuir na educação.
●
Uma educação antirracista não sabe qual é o futuro das
pessoas negras, não sabe qual é o lugar da(o) negra(o).
●
Sabe que agir “como as crianças” ou tirar fotos de negros
e brancos lado a lado não vão acabar com o racismo.
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Referências
●
Pesquisa de 2017 sobre preconceito no Brasil.
●
Notícia sobre o racismo no Brasil em 2001.
●
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
●
Notícia sobre Diogo Cintra em 2017 em SP.
●
Sobre Jesse Washington.
●
BERND, Zilá. O que é negritude. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988.
●
TOWA, Marcien. A ideia de uma flosofa negro-africana. Belo Horizonte: Nandyala;
Curitiba: NEAB-UFPR, 2015.
●
Caso Aranha x Torcida do Grêmio em 2014.
●
Professor de História de Pomerode em 2014.
●
Racismo intelectualizado de professor universitário.
●
Sílvio Almeida: O que é racismo estrutural.
●
Massacre de Porongos.
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Referências para começar uma refexão
●
BORBA, Telêmaco. Actualidade Indigena. Curitiba: Typ. e Lytog. a vapor Impressora
Paranaense, 1908. Disponível em <
http://www.etnolinguistica.org/biblio:borba-1908-actualidade>. Acesso em 24/02/2016.
●
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História. São Paulo, v. 8, nº 16, pp. 161-188, mar./ago. 1988.
●
NABUCO, Joaquim. O abolicionismo; Conferências e discursos abolicionistas. Obras
completas de Joaquim Nabuco VII. São Paulo: Instituto Progresso Editorial S. A., 1949.
●
MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião negra. São Paulo: Brasiliense, 1983.
●
MONTEIRO LOBATO. O presidente negro. Edição Kindle. São Paulo: Editora Globo, 2009.
●
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Tradução de Alfredo Margarido. Salvador: EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2008.
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NEME, Mário. Difícil África Negra. São Paulo: Editora Coliseu, 1966.
●
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http://www.museuparanaense.pr.gov.br/arquivos/File/Livros/ebook_o_botocudo_tibagyano
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>. Acesso em 09/01/2017.
18. 18
Referências para começar uma refexão
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Paulo: Companhia das Letras; Publifolha, 2000.
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1, Vitória, janeiro/junho de 2015.
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