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Design de Ícones e
Semiótica da Interação
Humano Computador
Frederick van Amstel @usabilidoido
Escola de Arquitetura e Design - PUCPR
www.usabilidoido.com.br
Ícone mais antigo que sobreviveu à iconoclastia da
Igreja Ortodoxa: Cristo Pantocrátor (Século VI)
O ícone provavelmente representaria a posição dual de
Jesus Cristo como homem e como Deus
A contradição entre representação e realidade deu
origem ao movimento iconoclasta Bizantino (séc. VIII)
A contradição entre representação e realidade se
intensificou no século XX (René Magritte, 1928)
A representação se tornou tão oposta à realidade que
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Representações computacionais eram abstratas demais
para quem não era matemático ou engenheiro (1964)
Ícones em computadores poderiam ser abstratos e
concretos ao mesmo tempo (David Smith, 1975)
Esboços da metáfora desktop, que aproveitava a
experiência concreta do escritório (Tim Mott, 1973)
Primeiros ícones aplicados a interfaces gráficas no
Xerox Alto baseados na metáfora desktop (1974)
Primeira família de ícones do Xerox Star testada com
usuários (1981)
Ícones “icônicos" do Macintosh que concretizavam o
conceito de Computação Pessoal (Susan Kare, 1984)
iPhone: o primeiro produto feito de ícones (2007)
iPhone X: animojis transformam expressões faciais em
ícones em tempo real (2017)
Porque ícones são relevantes na
Interação Humano Computador
• Relacionam conceitos abstratos a experiências
concretas
• Mnemônicos (fácil memorizar e reconhecer)
• Localização rápida na tela
• Economia de espaço na tela
• Internacionalização
• Afeto emocional
Anatomia do ícone: partes constitutivas
Borda
Rótulo
Fundo
Cor predominante
Iluminação
Ação
Figura
Processo de memorização do ícone
Silhueta da 

figura e cor
Figura e 

fundo
Traço
distintivo
Imagem
complexa
Processo de reconhecimento do ícone
Significado do ícone: radares militares, roubo,
normalização da vigilância, pais preocupados, etc.
Engenharia Semiótica
• Teoria brasileira de
Interação Humano
Computador
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uma máquina capaz de
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Estrutura frasal de um ícone: sujeito (usuário) verbo
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Ícones padrão da iOS Toolbar e Navigation Bar possuem
verbos sem predicados, pois estão implícitos.
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implícito (ver) com diversos predicados.
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Uma linguagem de ícones deve utilizar verbos,
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Interrupção da semiose (breakdown): não há como
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Interrupções na semiose seriam causadas por uma
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  • 1. Design de Ícones e Semiótica da Interação Humano Computador Frederick van Amstel @usabilidoido Escola de Arquitetura e Design - PUCPR www.usabilidoido.com.br
  • 2. Ícone mais antigo que sobreviveu à iconoclastia da Igreja Ortodoxa: Cristo Pantocrátor (Século VI)
  • 3. O ícone provavelmente representaria a posição dual de Jesus Cristo como homem e como Deus
  • 4. A contradição entre representação e realidade deu origem ao movimento iconoclasta Bizantino (séc. VIII)
  • 5. A contradição entre representação e realidade se intensificou no século XX (René Magritte, 1928)
  • 6. A representação se tornou tão oposta à realidade que foi necessário construir máquinas semióticas (1939)
  • 7. Representações computacionais eram abstratas demais para quem não era matemático ou engenheiro (1964)
  • 8. Ícones em computadores poderiam ser abstratos e concretos ao mesmo tempo (David Smith, 1975)
  • 9. Esboços da metáfora desktop, que aproveitava a experiência concreta do escritório (Tim Mott, 1973)
  • 10. Primeiros ícones aplicados a interfaces gráficas no Xerox Alto baseados na metáfora desktop (1974)
  • 11. Primeira família de ícones do Xerox Star testada com usuários (1981)
  • 12. Ícones “icônicos" do Macintosh que concretizavam o conceito de Computação Pessoal (Susan Kare, 1984)
  • 13. iPhone: o primeiro produto feito de ícones (2007)
  • 14. iPhone X: animojis transformam expressões faciais em ícones em tempo real (2017)
  • 15. Porque ícones são relevantes na Interação Humano Computador • Relacionam conceitos abstratos a experiências concretas • Mnemônicos (fácil memorizar e reconhecer) • Localização rápida na tela • Economia de espaço na tela • Internacionalização • Afeto emocional
  • 16. Anatomia do ícone: partes constitutivas Borda Rótulo Fundo Cor predominante Iluminação Ação Figura
  • 17. Processo de memorização do ícone Silhueta da 
 figura e cor Figura e 
 fundo Traço distintivo Imagem complexa Processo de reconhecimento do ícone
  • 18. Significado do ícone: radares militares, roubo, normalização da vigilância, pais preocupados, etc.
  • 19. Engenharia Semiótica • Teoria brasileira de Interação Humano Computador • O computador como uma máquina capaz de processar signos • A interface como um processo de comunicação baseado em signos
  • 20. Metacomunicação segundo a Engenharia Semiótica
  • 22. Designer como um tradutor da linguagem de programação para a linguagem de interação
  • 23. Diferenças entre linguagens Programação • Instruções para o computador • Código definido por poucos • Formal • Expressa conceitos computacionais Interação • Instruções para o usuário • Código definido por muitos • Informal • Expressa diversos tipos de conceitos
  • 24. Padrões de interação (patterns) são as unidades básicas da linguagem de interação.
  • 25. Ícones são interpretados como parte de uma linguagem de interação. Ícones não são meras palavras. Ícones são frases.
  • 26. Estrutura frasal de um ícone: sujeito (usuário) verbo (ação possível) advérbio (qualificativo da ação) predicado (objeto) adjetivo (qualificativo do objeto). Firefox Crystal Everaldo Coelho Visual Interactive Syntax Learning
  • 27. Ícones padrão da iOS Toolbar e Navigation Bar possuem verbos sem predicados, pois estão implícitos.
  • 28. Ícones padrão da iOS Tab Bar possuem o mesmo verbo implícito (ver) com diversos predicados.
  • 29. Os predicados dos ícones do Home Screen do iOS possuem muitos adjetivos para qualificar a experiência.
  • 30. Uma linguagem de ícones deve utilizar verbos, substantivos e adjetivos de maneira consistente (Spotify).
  • 31. Porém, uma linguagem de ícones deve apresentar também variação formal (@MegDraws).
  • 32. O que é interface? Forma que possibilita Informação Estrutura que possibilita Interação Função que possibilita Experiência Sistemas Pessoas Interface é uma área cinza com diversas possibilidades de comportamento.
  • 33. O signo triádico de Peirce aplicado ao ícone de uma pasta com fotos. Objeto: Dados no disco rígido Representamen: Pasta na janela do Finder Interpretante: meu álbum de fotos
  • 34. Semiose ilimitada: um signo leva à outro signo. Interpretante: Ideia de imprimir o álbum Representamen: Meu álbum virtual de fotos Objeto: Meu álbum impresso Objeto: Álbum impresso de presente
  • 35. Interrupção da semiose (breakdown): não há como encomendar livros pelo Fotos estando no Brasil
  • 36. Expressões de comunicabilidade para distinguir diferentes tipos de breakdowns (De Souza et al, 1999)
  • 37. Interrupções na semiose seriam causadas por uma mensagem com ruídos ou desvios de interpretação. designer usuário Onde estou? Obrigado, mas não quero deletar o DVD.
  • 38. Na minha visão, a semiose é, na maior parte do tempo, interrompida pela falta de interesse ou atenção.
  • 39. O que mais interessa aos usuários não é como o ícone foi desenhado (sintática), nem o que ele representa computacionalmente (semântica), mas o que é possível fazer com ele (pragmática).
  • 40. Emojis são os ícones mais populares do momento porque não representam um conceito computacional.
  • 41. Ícones representam cada vez mais conceitos não- computacionais. Isso torna ícones cada vez mais sujeitos às contradições da sociedade, em particular, entre representação e realidade. Porque mulheres não deveriam ser representadas se elas figuram na lista de contatos? iOS 10 iOS 11
  • 42. Relações entre o representamen e ele mesmo: qualidade, particularidade e lei. Sinsigno Qualisigno Legisigno
  • 43. Relações entre representamen e objeto: similaridade, causalidade, arbitrariedade (Nadin, 2017).
  • 44. Relações entre representamen e interpretante: certeza, fato e possibilidade (Van Amstel, 2005). Rema Dicente Argumento
  • 45. Representamens podem estar mais próximos do objeto (reality) ou do interpretante (meaning) (McCloud, 1993)
  • 46. O representamen não determina o interpretante do signo, pois o objeto tem caráter dinâmico. Ora o signo representa uma coisa, ora outra.
  • 47. 1. Definir parâmetros de representação antes de pensar no representamen (Kare, 1982).
  • 48. 2. Gerar alternativas para encontrar representamens potenciais do objeto (Bigelajzen, 2008).
  • 49. 3. Testar com usuários para verificar a relação entre representamen e interpretante. 70% de concordância ou mais 50% de concordância Recursivas Hotsites Mercado Arquitetura da Informação Usabilidade Links Programação Consultoria
  • 50. A melhor maneira de projetar um novo ícone, muitas vezes é não fazê-lo.
  • 51. Se existe um ícone que atingiu o status de símbolo para aquele objeto, é melhor utilizá-lo do que criar um novo.
  • 52. Bibliotecas de ícones • iconfinder.com • icons8.com • flaticon.com • nounproject.com
  • 53. Porém, a contradição entre representação e realidade corrói até os símbolos mais convencionais.
  • 54. Exercício 1 • Conversar todo mundo no mesmo chat sobre o uso de ícones em aplicativos • Só é permitido utilizar emojis para se expressar • Discutir as facilidades e dificuldades de comunicação
  • 55. Exercício 2 • Jogar uma partida do jogo de tabuleiro Concept • Cronometrar a rodada para no máximo 5 minutos • Discutir o processo de decomposição de conceitos através de analogias com ícones
  • 56. Obrigado! Frederick van Amstel @usabilidoido Escola de Arquitetura e Design - PUCPR www.usabilidoido.com.br