1. Assunto a ensinar: porcentagem, proporcionalidade e regra de
três
Público alvo: 9º ano
Comida e água não faltam: o que falta é ação!
Há 23 milhões de miseráveis no Brasil – pessoas com renda insuficiente
para prover 75% das suas necessidades calóricas. Nesse mesmo país, 39 000
toneladas de comida em condições de ser aproveitada vão para o lixo todo
santo dia em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, quitandas, açougues,
fazendas. São 39 000 toneladas de iogurtes perto do vencimento, tomates
manchados, pães amanhecidos, carne esquecida no congelador e milhares de
itens que, por algum motivo estético, acabam nas latas de lixo. É suficiente
para dar café, almoço e jantar diariamente a 19 milhões de pessoas. Será que
não há uma maneira de fazer com que toda essa comida vá parar nos pratos
vazios do Brasil?
Em 1992, o Ceasa mineiro resolveu fazer algo a respeito. Comprou
máquinas para processar as sobras e passou a enlatar uma sopa, que
é distribuída em regiões carentes do Estado. Como a sopa é desidratada e
enlatada, demora um ano para estragar. Ou seja, de um dia para o outro,
transformam-se produtos perecíveis, prestes a serem perdidos, em alimentos
duráveis. O Ceasa incentiva os produtores rurais a doarem alimentos que
seriam descartados por imperfeições no tamanho, na forma ou na superfície –
comida segura, mas que não pode ser comercializada por não cumprir as
especificações estéticas. Vai tudo para o sopão. Deu tão certo que os Ceasas
de Pernambuco, Ceará, Distrito Federal, Paraná e de algumas cidades
paulistas seguiram a experiência. Imagine se todos os 5 000 municípios
brasileiros fizessem o mesmo com o que sobra nas suas feiras e em seus
sacolões?
Estima-se que haja por volta de 30 instituições como o Banco de
Alimentos no Brasil, umas governamentais, outras não – entre elas, o Prato
Amigo, de Salvador, o Lixo que Não é Lixo, em Curitiba, e entidades mantidas
pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) em várias cidades. Juntas, elas
2. distribuem cerca de 150 toneladas de comida por dia pelo Brasil. Um número
impressionante, sem dúvida, mas que não chega a 0,5% do volume de
alimentos que poderia ser aproveitado1
.
Algumas questões podem ser levantadas:
Quanto cada pessoa receberia diariamente se fosse distribuído o
alimento que é jogado fora?
As instituições governamentais ou não distribuem cerca de 0,5%
do volume que poderia ser aproveitado, equivalente a 150
toneladas. Qual deveria ser a quantidade necessária,
considerando esses valores como parâmetros?
O Brasil produz 350 mil toneladas de alface2
, três milhões de toneladas
de tomate3,
7,19 milhões de toneladas de bananas4
, 1,87 milhões de toneladas
de melancia5
, porém em média, 43,75% dessa produção é lançada no lixo.
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_268168.shtml
A ilustração acima representa o volume de alimento desprezado
na cadeia produtiva. Qual o total, em toneladas de alface, tomate,
banana e melancia que são lançados no lixo?
Estima-se que 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto, riqueza produzida no
Brasil durante um ano), segundo a Coordenadoria de Abastecimento da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo se perde na
cadeia produtiva. Em dados atualizados, o PIB do Brasil em 2012 foi de R$
4,403 trilhões de reais, segundo
3. http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnotici
a=2329 , consultado em 30/09/2013.
Segundo estimativas do Banco Central, o PIB de 2013 terá um
crescimento de 2,5%. Se esse valor de confirmar e caso as
perdas na cadeia produtiva não sejam reduzidas, qual o montante
do desperdício nesse ano?
São Paulo atualmente gasta cerca de R$ 3,318 bilhões com lixo, sendo
que aproximadamente 60% do lixo domiciliar representa resto de comida. Se
esse lixo fosse reciclado, o Estado economizaria R$ 22,12 bilhões anuais,
representando mais que o bolsa família distribuído à população carente.
Um outro dado alarmante atrelado ao desperdício está vinculado ao uso
da água: cerca de 72% da água disponível no país é direcionada à
irrigação,sendo que 46% se perdem pelos ralos, o que equivale a quase 6
bilhões de m3
por ano. Em relação à energia elétrica desperdiçamos 43
terawatt-hora (TWh), dos 430 (TWh) consumidos no país, segundo dados
veiculados em http://www.domtotal.com/diario_bordo/90.
Uso da água no Brasil
72%
9%
11%
1%
7%
Uso da água no Brasil IRRIGAÇÃO
URBANO
ANIMAL
RURAL
INDUSTRIAL
4. http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/03/agricultura-e-quem-mais-gasta-
agua-no-brasil-e-no-mundo
Os dados apresentados no texto e salientados no gráfico mostram
um grande consumo dos nossos recursos hídricos destinados a
irrigação. Se 46% da água direcionada à agricultura representam
6 bilhões m³, qual o total de água é destinado à irrigação?
Todos os anos, cerca de um terço de todos os alimentos para consumo
humano, aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas, é desperdiçado,
juntamente com toda a energia, água e produtos químicos necessários para
produzi-la e descartá-la.
Quase 30% das terras agrícolas do mundo, e um volume de água
equivalente à vazão anual do rio Volga, são usadas em vão. No seu relatório
intitulado "A Pegada do Desperdício Alimentar", a Organização das Nações
Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO) estima que a emissão de
carbono dos alimentos desperdiçados equivale a 3,3 bilhões de toneladas de
dióxido de carbonopor ano.
Se fosse um país, seria o terceiro maior emissor do mundo, depois da
China e dos Estados Unidos, sugerindo que um uso mais eficiente dos
alimentos poderia contribuir substancialmente para os esforços globais para
reduzir as emissões de gases do efeito estufa e diminuir o aquecimento global.
(1)
http://super.abril.com.br/cultura/comida-nao-falta-442790.shtml
(2)
http://www.almanaquedocampo.com.br/verbete/exibir/111
(3)
http://www.feagri.unicamp.br/tomates/socioeconomia.htm
(4)
http://www.cpac.embrapa.br/noticias/artigosmidia/publicados/287/
(5)
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/71666/1/Flavio.pdf