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Vanessa Aparecida R Anastacio
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        Quais características os alunos precisam conhecer e dominar para
desenvolver a competência escritora?


      Inicialmente, é necessário salientar que o processo da escrita está inteiramente
atrelado à leitura, dessa forma, não podemos pensar em desenvolver a competência
escritora sem antes desenvolver as habilidades de leitura. Pesquisas relacionadas à
Educação em nosso país apontam que grandes partes dos alunos não são capazes de
compreender textos longos, de identificar e recuperar informações literais, de criar
formular e reformular hipóteses interpretativas, sintetizar, argumentar e avaliar
criticamente o que lêem. Não cabe aqui, nesse momento, questionarmos os motivos,
mas, reflitamos sobre algumas questões:
      - os desenvolvimentos das competências linguísticas (tanto a leitura, quanto a
escrita) estão diretamente ligados às práticas do cotidiano, no seu mais amplo sentido,
isto é, não somente no período em que o aluno se encontra no ambiente escolar; esses
alunos leem?! Quais são as leituras disponibilizadas em sala de aula? Trabalham com a
leitura dos textos contextualizados, sabem identificar as tipologias, os gêneros textuais ao
entrarem em contato com os textos?
      Antes de escrever, o aluno precisa estruturar o seu conhecimento, organizar suas
idéias, de maneira a qual, possa transmiti-las com coerência e clareza, ou seja, a
competência escritora, exige um crescente controle produtivo sobre as operações
linguísticas de acesso, seleção lexical e sobre a organização sintática do enunciado
guiado pelas intenções comunicativas. Vale salientar ainda que, de nada adianta se ter
conhecimento em relação às regras que dirigem a organização formal da linguagem se
não soubermos controlar a sua aplicação no desenvolvimento do texto.
      Não basta apenas ter conhecimento generalizado e disciplinar a respeito dos
gêneros e tipologias textuais, é preciso que o aluno saiba identificá-las dentro de um
contexto, até porque esses gêneros caracterizam-se muito mais por suas funções nos
aspectos comunicativos (ex: cartas pessoais ou comerciais, diários, agendas, e-mail,
facebook, lista de compras, cardápios, etc.), cognitivos e institucionais, do que por suas
peculariedades linguísticas e estruturais.
       Vejamos, por exemplo:
       Um aluno pode saber perfeitamente apontar quais são as características de um
texto argumentativo e, em contrapartida pode não saber identificar essas características
quando em contato com um texto. Como já fora dito, conhecer um gênero de texto é
conhecer também suas condições de uso, sua pertinência, sua adequação em relação às
especificidades do contexto social. Por exemplo, o termo “Era uma vez”, é sem dúvida a
forma mais tradicional e comumente usada para dar início a um conto, no entanto, não
seria perfeitamente adequada para a composição de uma carta informativa ou
instrucional.
       Entendamos competência como o estoque de “conhecimentos, subsídios,
habilidades, capacidades” que detém o indivíduo e, que assim justificam o seu alto
desempenho em determinada tarefa e/ou assunto, isto é, competência envolve
contextualização, manobra e adequação, mobilização de conhecimentos. Dessa forma,
em relação aos gêneros, pensemos; “Quais habilidades o aluno precisa deter para que
possa ser competente a escrever determinado tipo de texto intencional, ou proposto, sem
que confunda-o estrutural, ou linguisticamente:
       Primeiramente, é preciso que ele conheça as peculariedades de cada tipologia
textual, o que faz com que meu discurso seja descritivo? Quais as características
evidenciam que estou narrando? Que frases e/ou palavras apontam que estou
argumentando, defendendo um ponto de vista, uma ideia?!
       Na tipologia descritiva, conhecer características que lhe são peculiares como o uso
frequente de adjetivos inferidos a algo ou alguém, inferir detalhes, uso frequente de
verbos de ligação, metáforas e/ou figuras de linguagens, resultando a 'visão, a imagem'
física e/ou psicológica de algo e/ou alguém;
       Na narrativa, observar o texto, há enredo?! Conflito, cenário, tempo, espaço,
alguém fala?! Há discurso, 1ª ou 3ª pessoa, verbos de ação …
       Na argumentativa, observar se há objetividade, defesa de um ponto de vista, uma
ideia, a linguagem é denotativa ...
       É importante que o aluno compreenda, que os inúmeros gêneros textuais, verbais
ou não verbais, visuais, sonoros, imagéticos, ou ainda o agrupamento de todos, são
incontáveis e, não são elementos fechados que acolhem apenas um único sentido. Se por
um lado o aluno (leitor) não está livre para atribuir qualquer sentido ao que lê, por outro
lado, quando as marcas textuais são observadas, identificadas e, por conseguinte, as
relações com outros textos são estabelecidas esse aluno/leitor acaba descobrindo
inúmeras possibilidades de leitura e reconhecimento de suas respectivas peculariedades,
assim, o acesso a diferentes gêneros textuais é de suma importância para que os alunos
criem uma “bagagem” textual e, com isso, saibam escolher cada um deles em dado
contexto. Essa bagagem é que os propicia a escolha adequada de uma produção textual
em dada situação comunicativa, isto é, a partir desse estoque, dessa bagagem que o
aluno será capaz de (re)produzir de maneira concreta, isto é, de escrever a respeito
daquilo que compreende, questionar, defender ou descrever com competência.


      Um dos métodos para se ensinar gênero para o aluno é usando sequências
didáticas. O que são sequências didáticas? Por que usar sequências didáticas no
ensino de gênero?


       As sequências didáticas, pressupõe a elaboração de um conjunto de atividades
ligadas entre si e planejadas para ensinar determinado conteúdo etapa por etapa. As
atividades sequenciais trabalham com conhecimentos prévios dos alunos, promovendo
uma    aprendizagemsignificativa,   através   da   interação   e   contextualização   dos
conhecimentos, elas auxiliam o professor a organizar o ensino em sala de aula de
maneira gradual, ouso dizer ainda que, esse procedimento de ensino através de
sequências é um recurso quase que instintivo do professor, posto que, ele geralmente já
faz isso no ensino de sua disciplina, sem talvez necessariamente usar esse nome ...
      Essa organização de atividades em sequência age de maneira a oportunizar os
alunos a desenvolver competências a determinada disciplina e/ou assunto, por exemplo, o
trabalho com sequencias auxilia o aluno a compreender os mais diversificados gêneros
textuais que permeiam a vida em sociedade, oferecendo subsídios para melhorar sua
capacidade de ler e por conseguinte, escrever.
      Consideremos a exemplo, uma situação hipotética; a organização de uma
sequência de atividades para estudar o gênero textual “Crônica” nas aulas de Literatura.
      A sequência será planejada para ser desenvolvida em oito oficinas, com cerca de
duas aulas cada uma. O trabalho será iniciado com a apresentação do gênero, bem como
as situações sociais em que estes textos são produzidos, com que finalidade, onde estes
textos são encontrados e quem são os leitores. Na etapa seguinte, o professor irá
apresentar aos alunos gêneros textuais diversos para que identifiquem entre esses textos
a “crônica”. Depois, apresentará sua situação de produção, nessa etapa o aluno elaborará
crônicas que serão lidas em sala e posteriormente, avaliadas pelo professor e
encaminhadas para reescrita quando necessário.
       Esse trabalho com sequência didática, permite portanto que o aluno trabalhe a
evolução de seus conhecimentos e competências através da leitura de diferentes textos
de um mesmo gênero, no hipoteticamente trabalhado temos por exemplo, a crônica
narrativa, jornalística, humorística, dissertativa, descritiva, história, entre outras.
       Estruturalmente a sequencia didática abordará a apresentação da situação, no
caso, do gênero, sua situação de uso, variantes, a produção inicial, um 'módulo' de
comentário do professor a respeito das dúvidas dos alunos, das dificuldades encontradas
na produção (por parte dos alunos) e da correção (por parte do professor) e a produção
final, que é a possibilidade de reescrita, do qual o professor tem a oportunidade de
observar se o aluno evoluiu sua aprendizagem em relação ao gênero e ao que lhe foi
solicitado no momento da produção e, ao aluno é proporcionado a capacidade de avaliar
sobre a sua própria evolução em relação ao conhecimento do gênero e de suas
habilidades na produção.
       Por fim, durante todo esse percurso do Curso de Formação, temos trabalhado a
respeito da importância da leitura, da escrita, da intertextualidade, da prática da interação
e contextualização dos conhecimentos disciplinares com os sociais, culturais e individuais
do aluno, nesse contexto, o trabalho com gêneros pelos subsídios da sequencia didática,
possibilitam o aluno a participar de maneira ativa na construção de seus próprios saberes,
estratégias de ensino como esta possibilitam trabalhar a educação de maneira interativa,
preservando e aprimorando o conhecimento que o aluno já tem, que já conhece, que
domina, contribuindo assim para a construção positiva do indivíduo, no seu mais amplo
sentido, como cidadão, capaz de pensar, agir e argumentar a respeito de si e da
sociedade em que vive.

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Ensinando gêneros textuais com sequências didáticas

  • 1. Vanessa Aparecida R Anastacio Letras - Português Dissertação Apresentada ao Curso de Formação de Professores do Estado de São Paulo. Outubro/2012. Quais características os alunos precisam conhecer e dominar para desenvolver a competência escritora? Inicialmente, é necessário salientar que o processo da escrita está inteiramente atrelado à leitura, dessa forma, não podemos pensar em desenvolver a competência escritora sem antes desenvolver as habilidades de leitura. Pesquisas relacionadas à Educação em nosso país apontam que grandes partes dos alunos não são capazes de compreender textos longos, de identificar e recuperar informações literais, de criar formular e reformular hipóteses interpretativas, sintetizar, argumentar e avaliar criticamente o que lêem. Não cabe aqui, nesse momento, questionarmos os motivos, mas, reflitamos sobre algumas questões: - os desenvolvimentos das competências linguísticas (tanto a leitura, quanto a escrita) estão diretamente ligados às práticas do cotidiano, no seu mais amplo sentido, isto é, não somente no período em que o aluno se encontra no ambiente escolar; esses alunos leem?! Quais são as leituras disponibilizadas em sala de aula? Trabalham com a leitura dos textos contextualizados, sabem identificar as tipologias, os gêneros textuais ao entrarem em contato com os textos? Antes de escrever, o aluno precisa estruturar o seu conhecimento, organizar suas idéias, de maneira a qual, possa transmiti-las com coerência e clareza, ou seja, a competência escritora, exige um crescente controle produtivo sobre as operações linguísticas de acesso, seleção lexical e sobre a organização sintática do enunciado guiado pelas intenções comunicativas. Vale salientar ainda que, de nada adianta se ter conhecimento em relação às regras que dirigem a organização formal da linguagem se não soubermos controlar a sua aplicação no desenvolvimento do texto. Não basta apenas ter conhecimento generalizado e disciplinar a respeito dos gêneros e tipologias textuais, é preciso que o aluno saiba identificá-las dentro de um contexto, até porque esses gêneros caracterizam-se muito mais por suas funções nos aspectos comunicativos (ex: cartas pessoais ou comerciais, diários, agendas, e-mail,
  • 2. facebook, lista de compras, cardápios, etc.), cognitivos e institucionais, do que por suas peculariedades linguísticas e estruturais. Vejamos, por exemplo: Um aluno pode saber perfeitamente apontar quais são as características de um texto argumentativo e, em contrapartida pode não saber identificar essas características quando em contato com um texto. Como já fora dito, conhecer um gênero de texto é conhecer também suas condições de uso, sua pertinência, sua adequação em relação às especificidades do contexto social. Por exemplo, o termo “Era uma vez”, é sem dúvida a forma mais tradicional e comumente usada para dar início a um conto, no entanto, não seria perfeitamente adequada para a composição de uma carta informativa ou instrucional. Entendamos competência como o estoque de “conhecimentos, subsídios, habilidades, capacidades” que detém o indivíduo e, que assim justificam o seu alto desempenho em determinada tarefa e/ou assunto, isto é, competência envolve contextualização, manobra e adequação, mobilização de conhecimentos. Dessa forma, em relação aos gêneros, pensemos; “Quais habilidades o aluno precisa deter para que possa ser competente a escrever determinado tipo de texto intencional, ou proposto, sem que confunda-o estrutural, ou linguisticamente: Primeiramente, é preciso que ele conheça as peculariedades de cada tipologia textual, o que faz com que meu discurso seja descritivo? Quais as características evidenciam que estou narrando? Que frases e/ou palavras apontam que estou argumentando, defendendo um ponto de vista, uma ideia?! Na tipologia descritiva, conhecer características que lhe são peculiares como o uso frequente de adjetivos inferidos a algo ou alguém, inferir detalhes, uso frequente de verbos de ligação, metáforas e/ou figuras de linguagens, resultando a 'visão, a imagem' física e/ou psicológica de algo e/ou alguém; Na narrativa, observar o texto, há enredo?! Conflito, cenário, tempo, espaço, alguém fala?! Há discurso, 1ª ou 3ª pessoa, verbos de ação … Na argumentativa, observar se há objetividade, defesa de um ponto de vista, uma ideia, a linguagem é denotativa ... É importante que o aluno compreenda, que os inúmeros gêneros textuais, verbais ou não verbais, visuais, sonoros, imagéticos, ou ainda o agrupamento de todos, são incontáveis e, não são elementos fechados que acolhem apenas um único sentido. Se por um lado o aluno (leitor) não está livre para atribuir qualquer sentido ao que lê, por outro lado, quando as marcas textuais são observadas, identificadas e, por conseguinte, as
  • 3. relações com outros textos são estabelecidas esse aluno/leitor acaba descobrindo inúmeras possibilidades de leitura e reconhecimento de suas respectivas peculariedades, assim, o acesso a diferentes gêneros textuais é de suma importância para que os alunos criem uma “bagagem” textual e, com isso, saibam escolher cada um deles em dado contexto. Essa bagagem é que os propicia a escolha adequada de uma produção textual em dada situação comunicativa, isto é, a partir desse estoque, dessa bagagem que o aluno será capaz de (re)produzir de maneira concreta, isto é, de escrever a respeito daquilo que compreende, questionar, defender ou descrever com competência. Um dos métodos para se ensinar gênero para o aluno é usando sequências didáticas. O que são sequências didáticas? Por que usar sequências didáticas no ensino de gênero? As sequências didáticas, pressupõe a elaboração de um conjunto de atividades ligadas entre si e planejadas para ensinar determinado conteúdo etapa por etapa. As atividades sequenciais trabalham com conhecimentos prévios dos alunos, promovendo uma aprendizagemsignificativa, através da interação e contextualização dos conhecimentos, elas auxiliam o professor a organizar o ensino em sala de aula de maneira gradual, ouso dizer ainda que, esse procedimento de ensino através de sequências é um recurso quase que instintivo do professor, posto que, ele geralmente já faz isso no ensino de sua disciplina, sem talvez necessariamente usar esse nome ... Essa organização de atividades em sequência age de maneira a oportunizar os alunos a desenvolver competências a determinada disciplina e/ou assunto, por exemplo, o trabalho com sequencias auxilia o aluno a compreender os mais diversificados gêneros textuais que permeiam a vida em sociedade, oferecendo subsídios para melhorar sua capacidade de ler e por conseguinte, escrever. Consideremos a exemplo, uma situação hipotética; a organização de uma sequência de atividades para estudar o gênero textual “Crônica” nas aulas de Literatura. A sequência será planejada para ser desenvolvida em oito oficinas, com cerca de duas aulas cada uma. O trabalho será iniciado com a apresentação do gênero, bem como as situações sociais em que estes textos são produzidos, com que finalidade, onde estes textos são encontrados e quem são os leitores. Na etapa seguinte, o professor irá apresentar aos alunos gêneros textuais diversos para que identifiquem entre esses textos a “crônica”. Depois, apresentará sua situação de produção, nessa etapa o aluno elaborará crônicas que serão lidas em sala e posteriormente, avaliadas pelo professor e
  • 4. encaminhadas para reescrita quando necessário. Esse trabalho com sequência didática, permite portanto que o aluno trabalhe a evolução de seus conhecimentos e competências através da leitura de diferentes textos de um mesmo gênero, no hipoteticamente trabalhado temos por exemplo, a crônica narrativa, jornalística, humorística, dissertativa, descritiva, história, entre outras. Estruturalmente a sequencia didática abordará a apresentação da situação, no caso, do gênero, sua situação de uso, variantes, a produção inicial, um 'módulo' de comentário do professor a respeito das dúvidas dos alunos, das dificuldades encontradas na produção (por parte dos alunos) e da correção (por parte do professor) e a produção final, que é a possibilidade de reescrita, do qual o professor tem a oportunidade de observar se o aluno evoluiu sua aprendizagem em relação ao gênero e ao que lhe foi solicitado no momento da produção e, ao aluno é proporcionado a capacidade de avaliar sobre a sua própria evolução em relação ao conhecimento do gênero e de suas habilidades na produção. Por fim, durante todo esse percurso do Curso de Formação, temos trabalhado a respeito da importância da leitura, da escrita, da intertextualidade, da prática da interação e contextualização dos conhecimentos disciplinares com os sociais, culturais e individuais do aluno, nesse contexto, o trabalho com gêneros pelos subsídios da sequencia didática, possibilitam o aluno a participar de maneira ativa na construção de seus próprios saberes, estratégias de ensino como esta possibilitam trabalhar a educação de maneira interativa, preservando e aprimorando o conhecimento que o aluno já tem, que já conhece, que domina, contribuindo assim para a construção positiva do indivíduo, no seu mais amplo sentido, como cidadão, capaz de pensar, agir e argumentar a respeito de si e da sociedade em que vive.