Este documento apresenta um estudo sobre a eficácia do ultra-som terapêutico na redução do fibro edema gelóide. O estudo foi realizado com voluntárias divididas em dois grupos, um submetido ao tratamento com ultra-som e outro grupo controle. Os resultados demonstraram que o ultra-som foi eficaz na redução dos sinais e sintomas do fibro edema gelóide quando comparado ao grupo controle.
Análise da eficácia do ultra som terapêutico na redução do fibro edema gelóide
1. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
LUCIANE WEIMANN
ANÁLISE DA EFICÁCIA DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO NA
REDUÇÃO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
CASCAVEL
2004
2. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
LUCIANE WEIMANN
ANÁLISE DA EFICÁCIA DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO NA
REDUÇÃO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Trabalho de Conclusão de Curso do curso de
Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná.
Orientadora: Celeide P. A. Peres
CASCAVEL
2004
3. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
TERMO DE APROVAÇÃO
LUCIANE WEIMANN
TÍTULO: Análise da Eficácia do Ultra-Som Terapêutico na
Redução do Fibro Edema Gelóide
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do
título graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
.....................................................................
Orientadora: Profª . Ms. Celeide Pinto Aguiar Peres
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
.....................................................................
Profª . Juliana C. Frare
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
.....................................................................
Profª . Graciana Grespan
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
Cascavel, 11/02/2004
4. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
Dedico este trabalho aos meus pais, Celso
Weimann e Enita Weimann, e ao meu irmão
Eduardo Weimann, por todo o amor,
incentivo e oportunidades oferecidas.
Ao Victor Santolin, uma pessoa especial,
pelo apoio, paciência e carinho.
iii
5. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
AGRADECIMENTOS
À Professora Celeide A. Peres, pela orientação, ajuda e disponibilidade na elaboração e
conclusão deste trabalho.
Às voluntárias deste trabalho, pela atenção e colaboração.
À Professora Juliana Frare, pela colaboração e materiais cedidos.
iv
6. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS........................................................................................................ix
LISTA DE ANEXOS..........................................................................................................x
RESUMO ..........................................................................................................................xi
ABSTRACT.....................................................................................................................xii
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................3
1.1.1 GERAL........................................................................................................................3
1.1.2 ESPECÍFICOS ..........................................................................................................3
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................4
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................................. 5
2.1 SISTEMA TEGUMENTAR...............................................................................................5
2.1.1 PELE...........................................................................................................................6
2.1.1.1 Epiderme...............................................................................................................7
2.1.1.1.1 Camada Germinativa ....................................................................................8
2.1.1.1.2 Camada Espinhosa ...................................................................................... 9
2.1.1.1.3 Camada Granulosa.......................................................................................9
2.1.1.1.4 Camada Lúcida ...........................................................................................10
2.1.1.1.5 Camada Córnea ..........................................................................................10
2.1.1.2 Derme ..................................................................................................................11
2.1.1.2.1 Camada Papilar...........................................................................................11
2.1.1.2.2 Camada Reticular .......................................................................................12
2.1.1.2.3 Colágeno ......................................................................................................12
2.1.1.2.4 Elastina .........................................................................................................13
2.1.2 HIPODERME OU TELA SUBCUTÂNEA ............................................................13
2.1.3 MICROCIRCULAÇÃO DA PELE..........................................................................14
2.1.4 SISTEMA LINFÁTICO ............................................................................................15
2.2 FIBRO EDEMA GELÓIDE.............................................................................................16
2.2.1 DEFINIÇÃO..............................................................................................................16
2.2.1.1 Definição Histológica.........................................................................................18
2.2.1.2 Definição Etiopatológica ...................................................................................18
2.2.1.3 Definição Clínica................................................................................................20
2.2.2 ETIOPATOGENIA ...................................................................................................20
2.2.2.1 Fatores Predisponentes ....................................................................................21
2.2.2.2 Fatores Determinantes .....................................................................................24
2.2.2.3 Fatores Condicionantes ....................................................................................26
2.2.2.4 As Teorias ...........................................................................................................27
2.2.2.4.1 Teoria Alérgica ............................................................................................27
8. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
2.3.4.4 Absorção .............................................................................................................62
2.3.4.5 Transmissão.......................................................................................................63
2.3.5 EFEITOS DO ULTRA-SOM ..................................................................................64
2.3.5.1 Físicos .................................................................................................................64
2.3.5.2 Químicos .............................................................................................................65
2.3.5.3 Elétricos...............................................................................................................66
2.3.5.4 Biológicos ............................................................................................................66
2.3.5.5 Terapêuticos.......................................................................................................67
2.3.5.6 Fonoforese..........................................................................................................67
2.3.6 INDICAÇÕES ..........................................................................................................68
2.3.7 CONTRA-INDICAÇÕES ........................................................................................69
2.3.8 APLICAÇÃO DO ULTRA-SOM.............................................................................69
2.3.8.1 Calibração ...........................................................................................................69
2.3.8.2 Agentes de Acoplamento .................................................................................71
2.3.8.3 Técnicas de Aplicação......................................................................................72
2.3.8.4 Manipulação do Cabeçote Transdutor ...........................................................73
2.3.8.5 Freqüência ..........................................................................................................74
2.3.8.6 Área de Radiação Efetiva.................................................................................75
2.3.8.7 Intensidade e Potência .....................................................................................75
2.3.8.8 Duração do Tratamento ....................................................................................77
2.3.8.9 Intervalos entre os Tratamentos......................................................................77
2.3.9 TERAPIA ULTRA-SÔNICA NO FIBRO EDEMA GELÓIDE.............................77
2.3.9.1 Freqüência Utilizada..........................................................................................77
2.3.9.2 Modo de Emissão..............................................................................................78
2.3.9.3 Intensidade Utilizada.........................................................................................78
2.3.9.4 Tempo de Aplicação..........................................................................................79
2.3.9.5 Técnica de Aplicação........................................................................................79
2.3.9.6 Efeitos do Ultra-som sobre o Fibro Edema Gelóide ....................................80
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................83
4 RESULTADOS ....................................................................................................................86
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................94
CONCLUSÃO...............................................................................................................100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... .101
ANEXOS .......................................................................................................................104
9. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Uso de anticoncepcional................................................................... 86
FIGURA 2 - Não tabagista.................................................................................... 87
FIGURA 3 - Alimentação gordurosa..................................................................... 87
FIGURA 4 - Permanência por tempo prolongado na postura
sentada............................................................................................. 88
FIGURA 5 - Forma clínica do fibro edema gelóide............................................... 90
viii
10. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Coeficiente de atenuação do ultra-som nos
tecidos............................................................................................ 60
TABELA 2 - Porcentagem da onda incidente refletida pelas várias
interfaces........................................................................................ 61
TABELA 3 - Perimetria....................................................................................... 89
TABELA 4 - Grau de satisfação......................................................................... 90
TABELA 5 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo direito das
participantes do grupo I.................................................................. 91
TABELA 6 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo esquerdo das
participantes do grupo I.................................................................. 92
TABELA 7 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo direito das
participantes do grupo II................................................................. 93
TABELA 8 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo esquerdo das
participantes do grupo II................................................................. 93
ix
11. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 - Ficha de avaliação inicial.................................................................. 104
ANEXO 2 - Ficha de evolução diária................................................................... 106
ANEXO 3 - Ficha de avaliação............................................................................ 107
ANEXO 4 - Fotos de antes e depois do tratamento do grupo
I......................................................................................................... 108
ANEXO 5 - Foto após dois meses de tratamento do grupo
I......................................................................................................... 109
ANEXO 6 - Fotos de antes e depois do tratamento do grupo
II........................................................................................................ 110
ANEXO 7 - Foto após dois meses de tratamento do grupo II............................. 111
x
12. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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RESUMO
A Fisioterapia Dermato Funcional é uma área da Fisioterapia que vem acabando com o
empirismo dos tratamentos estéticos, uma vez que atua na comprovação científica dos
métodos e técnicas utilizadas para o tratamento de patologias como o fibro edema
gelóide. Este trabalho teve como objetivo analisar a eficácia do ultra-som terapêutico na
redução do fibro edema gelóide encontrado na região glútea de mulheres jovens e
sedentárias. As 10 participantes selecionadas para esta pesquisa foram aleatoriamente
divididas em dois grupos, onde o primeiro grupo foi submetido à terapia com ultra-som,
e o segundo grupo não recebeu nenhuma intervenção terapêutica no período. O ultra-
som foi utilizado na freqüência de 3 MHz, no modo contínuo, com dose de 1,2 W/cm², e
foi aplicado por 7 minutos em cada glúteo. O tratamento consistiu de 20 sessões,
realizadas 3 vezes por semana, em dias alternados. Todas as voluntárias foram
submetidas à avaliação inicial, para verificar o tipo e grau do fibro edema gelóide
apresentado. Com o término do tratamento proposto nova avaliação foi realizada e
revelou que a utilização do ultra-som mostrou-se eficaz no tratamento do fibro edema
gelóide, uma vez que diminuiu o grau de acometimento. Após dois meses do término do
tratamento outra avaliação realizada demonstrou que não houve manutenção dos
resultados.
Palavras-chave: Fisioterapia Dermato Funcional, ultra-som, fibro edema gelóide.
xi
13. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
ABSTRACT
The Dermato Functional Physiotherapy is an area of the Physiotherapy that have
finished with the empiricism of the esthetic treatments, since it acts in the scientific
evidence of the methods and techniques used for the treatment of patologies as fibro
edema geloide. This work had as objective to analyse the effectiveness of the
therapeutical ultrasound in the reduction of fibro edema geloide found in the nadega
region of sedentary young women. The 10 participants selected for this research had
been aleatory divided in two groups, where the first group was submitted to the therapy
with ultrasound, and the second group did not receive any therapeutical intervention in
the period. The ultrasound was used in the frequency of 3 MHz, in the continuous way,
with dose of 1,2 W/cm², and was applied for 7 minutes in each nadega. The treatment
consisted of 20 sessions, performed 3 times per week, in alternating days. All the
volunteers had been submitted to the initial evaluation, to verify the type and degree of
fibro edema gelóide presented. With the ending of the considered treatment new
evaluation was developed and disclosed that the use of the ultrasound revealed to be
efficient in the treatment of fibro edema geloide, since it decreased the degree of the
fibro edema geloide. After two months of the ending of the treatment another evaluation
was carried through and it demonstrated that it did not have maintenance of the results.
Word-key: Dermato Functional Physiotherapy, ultrasound, fibro edema geloide.
xii
14. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 1
1 INTRODUÇÃO
A Fisioterapia Dermato Funcional é uma área da Fisioterapia que vem acabando
com o empirismo dos tratamentos estéticos amplamente utilizados, uma vez que atua
na comprovação científica dos métodos e técnicas abordados para o tratamento de
diversas patologias, como é o caso do fibro edema gelóide (LEITE, 2003).
Segundo GUIRRO (2002), o fibro edema gelóide consiste numa infiltração
edematosa do tecido conjuntivo, seguida de polimerização da substância fundamental
que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica consecutiva. Essa
polimerização (ou processo reativo) da substância fundamental amorfa, resultante de
uma alteração no meio interno, é favorecida por causas locais e gerais, em virtude da
qual os mucopolissacarídeos que a integram sofrem um processo de gelificação. Sendo
assim, o fibro edema gelóide pode ser definido clinicamente como um espessamento
não inflamatório das capas subdérmicas.
A reação fibrótica que ocorre no fibro edema gelóide como conseqüência do
edema do tecido conjuntivo e da hiperpolimerização da substância fundamental se
manifesta em forma de nódulos ou placas de variada extensão e localização, podendo,
inclusive, desenvolver problemas álgicos nas áreas atingidas (LOPES, 2003).
Para FERNANDES (2003), o fibro edema gelóide surge devido a um mau
funcionamento dos adipócitos, que retêm um maior teor de lipídio, diferente e alterado e
que estimula a retenção de líquidos, levando assim ao aumento de volume da célula,
gerando compressão dos vasos e comprometendo a circulação sanguínea. Além disso,
15. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2
o rompimento das fibras de colágeno e elastina, responsáveis pela sustentação da pele,
levaria ao inestético aspecto da pele.
Atualmente o público feminino, na busca pelo belo, tem recorrido a métodos e
técnicas com uma expectativa cada vez maior de bons resultados. Isto motivou uma
verdadeira revolução na indústria de cosméticos e aparelhos de estética, assim como
na pesquisa e introdução de novos conceitos que, quando interpretados e aplicados
convenientemente, proporcionam resultados que certamente virão ao encontro dos
anseios dos pacientes e profissionais (ROSSI, 2001).
O ultra-som, por exemplo, é um recurso amplamente utilizado no tratamento do
fibro edema gelóide, embora as bases fisiológicas dos seus efeitos sejam bastante
desconhecidas por inúmeros profissionais da área (LONGO, 2001).
A ação metabólica do ultra-som sobre o fibro edema gelóide é extremamente
benéfica, produzindo microvibrações moleculares que se traduzem como
micromassagem, mais intensa nas junções tissulares. E a ação térmica resultante das
fricções produzidas pela micromassagem estimula de maneira marcante a
microcirculação. Como conseqüência, os efeitos metabólicos (estimulando o
metabolismo e acelerando a cicatrização), os efeitos foréticos (pelo aumento da
permeabilidade celular) e os efeitos fibrolíticos (diminuindo a esclerose tecidual pelas
fricções moleculares) constituem um método valioso no tratamento do fibro edema
gelóide (ROSSI, 2001).
Dentre outros efeitos do ultra-som de acordo com GUIRRO (2002), pode-se
ainda destacar a fonoforese, a neovascularização com conseqüente aumento da
16. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 3
circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas, e melhora das
propriedades mecânicas do tecido.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 GERAL
Verificar a eficácia do uso do ultra-som terapêutico na redução do fibro edema
gelóide observado na região glútea de mulheres jovens e não praticantes de atividade
física.
1.1.2 ESPECÍFICOS
Ø Identificar o fibro edema gelóide na região glútea das participantes;
Ø Classificar o fibro edema gelóide quanto ao grau e tipo do acometimento;
Ø Analisar a eficácia do tratamento proposto, após 20 sessões de terapia;
Ø Verificar a manutenção, agravamento ou melhora dos resultados obtidos após
dois meses de tratamento;
17. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 4
1.2 JUSTIFICATIVA
Na Fisioterapia Dermato Funcional o campo da pesquisa científica não
disponibiliza de um embasamento teórico e científico suficiente para o tratamento do
fibro edema gelóide. Portanto, justifica-se este estudo pela importância da investigação
quanto a utilização do ultra-som terapêutico visando reduzir o fibro edema gelóide, um
problema que atinge um grande número de mulheres causando nestas um quadro
patológico e estético indesejável.
18. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 5
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 SISTEMA TEGUMENTAR
O tegumento é o maior órgão do corpo, constituindo 16% do peso corporal
(GARTNER , 1999).
O sistema tegumentar é constituído pela pele e tela subcutânea, juntamente com
os anexos cutâneos. O tegumento recobre toda a superfície do corpo e apresenta-se
constituído por uma porção epitelial de origem ectodérmica, a epiderme, e uma porção
conjuntiva de origem mesodérmica, a derme. Abaixo e em continuidade com a derme
está a hipoderme que, embora tenha a mesma origem e morfologia da derme, não faz
parte da pele, a qual é formada apenas por duas camadas. A hipoderme serve de
suporte e união da derme com os órgãos subjacentes, além de permitir à pele uma
considerável amplitude de movimento (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 1995).
Os anexos da pele representam apenas 0,1% da superfície total da pele e
incluem as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, os folículos pilosos e as
unhas. Todos, exceto as unhas, atravessam a epiderme (SIMÕES, 2001).
As funções realizadas pelo sistema tegumentar são múltiplas, entre as quais,
graças à camada córnea que reveste a epiderme, proteger o organismo contra a perda
de água por evaporação e contra o atrito. Além disso, através das suas terminações
nervosas, recebe estímulos do ambiente; por meio dos seus vasos, glândulas e tecido
adiposo, colabora na termorregulação do corpo. Suas glândulas sudoríparas participam
19. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 6
na excreção de várias substâncias. A melanina, que é produzida e acumulada na
epiderme, tem função protetora contra os raios ultravioleta (JUNQUEIRA e CARNEIRO,
1995).
2.1.1 PELE
A pele é o maior órgão do corpo humano, o mais externo e revestido de grande
complexidade. Com cerca de 1,5 – 2 m² de área, a pele é muito mais do que o simples
invólucro do corpo (SIMÕES, 2001).
A pele representa 12% do peso seco total do corpo com peso de
aproximadamente 4,5 quilos, e é o maior sistema de órgãos expostos ao meio
ambiente. Um pedaço de pele com aproximadamente 3 cm de diâmetro contém: mais
de 3 milhões de células, entre 100 e 340 glândulas sudoríparas, 50 terminações
nervosas e 90 cm de vasos sanguíneos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
A superfície da pele está coberta por uma delgada película líquida que tende
para a acidez. Oferece uma grande superfície de dispersão calórica e de evaporação e,
por isso, desempenha importante papel na termorregulação por meio de seus vasos e
glândulas. O fluxo sanguíneo pode ter uma grande variação. Sob condições normais, o
fluxo sanguíneo cutâneo é de aproximadamente 400 mililitros (mL) por minuto.
Funciona também como um vasto emunctório e com fábrica de vitamina D e melanina,
que tem função protetora contra os raios ultravioletas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
20. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 7
Sendo uma barreira por excelência, a pele não é contudo um órgão isolado.
Encontra-se associada a muitos sistemas, nomeadamente, músculo-esquelético,
neurológico, circulatório, endócrino e imunitário (SIMÕES, 2001).
A pele constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, para recepção de
estímulos táteis, térmicos e dolorosos. O seu teor de água é de cerca de 70% do peso
da pele livre de tecido adiposo, contendo perto de 20% do conteúdo total de água do
organismo. Sua espessura situa-se entre 0,5 e 4 milímetros (GUIRRO e GUIRRO,
2002).
A pele é composta de duas camadas principais: 1) a epiderme, camada
superficial composta de células epiteliais intimamente unidas e 2) a derme, camada
mais profunda composta de tecido conjuntivo denso irregular. O limite entre a epiderme
e a derme não é regular, mas caracteriza-se pela presença de saliências e reentrâncias
das duas camadas que se embricam e se ajustam entre si, formando as papilas
dérmicas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.1.1.1 Epiderme
É constituída essencialmente por um epitélio estratificado pavimentoso
queratinizado, de origem ectodérmica. Além desse epitélio, que constitui a maior parte
da epiderme, observa-se a presença de melanócitos, que são células responsáveis pela
produção de melanina (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
A porção mais profunda da epiderme é constituída de células epiteliais que se
proliferam continuamente para que seja mantido o seu número. Tipicamente, em todos
21. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 8
os epitélios, não há vasos sanguíneos na epiderme, embora a derme subjacente seja
bem vascularizada. Como resultado, o único meio pelo qual as células da epiderme
podem obter alimento é através da difusão dos leitos capilares da derme. Esse método
é suficiente para as células mais próximas da derme, mas à medida que as células se
dividem e são empurradas para a superfície, ficando assim longe da fonte de alimento
(derme), morrem (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Quando as células da epiderme morrem elas se convertem em escamas de
queratina que se desprendem da superfície epidérmica. A queratina é uma proteína que
se hidrata facilmente e isto explica a tumefação da pele por imersão na água
(DÂNGELO e FATTINI, 1995).
A espessura da epiderme apresenta variações topográficas ao longo do
organismo desde 75 a 150 milimicras, à exceção das palmas das mãos e plantas dos
pés onde sua espessura atinge desde 0,4 milímetros até 1 milímetro (SAMPAIO,
CASTRO e RIVITTI, 1992).
A epiderme é em geral descrita como uma estrutura constituída de quatro a cinco
camadas ou estratos, devido ao fato da camada lúcida estar ou não incluída (GUIRRO
e GUIRRO, 2002; SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992; JUNQUEIRA e CARNEIRO,
1995; AZULAY e AZULAY, 1999).
2.1.1.1.1 Camada Germinativa
É a camada mais profunda e assim denominada porque gera novas células e
apresenta intensa atividade mitótica. É responsável pela constante renovação da
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n. 01-2004 ISSN 1678-8265 9
epiderme, fornecendo células para substituir aquelas que são perdidas na camada
córnea. Nesse processo as células partem da camada germinativa e vão sendo
deslocadas para a periferia até a camada córnea, num período de 21 a 28 dias
(GUIRRO e GUIRRO , 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
Esta camada é constituída por dois tipos de células, as células basais e os
melanócitos (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992).
2.1.1.1.2 Camada Espinhosa
É também denominada camada malpighiana. É constituída por células de
Malpighi, ou células espinhosas, que vão se achatando à medida que exteriorizam, até
chegarem a perder seus núcleos e transformarem-se em verdadeiras lâminas acidófilas
anucleadas, que representam a camada córnea (AZULAY e AZULAY, 1999).
As células desta camada têm importante função na manutenção da coesão das
células da epiderme e, conseqüentemente, na sua resistência ao atrito (GUIRRO e
GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
2.1.1.1.3 Camada Granulosa
O citoplasma das células desta camada caracteriza-se por conter grânulos de
querato-hialina que parecem estar associados com o fenômeno de queratinização dos
epitélios. À medida que os grânulos aumentam de tamanho, o núcleo se desintegra,
resultando na morte das células mais externas da camada granulosa. Assim, a camada
23. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 10
granulosa é formada por células que estão em franca degeneração. O núcleo das
células já apresenta sinais de atrofia e os filamentos que as uniam à camada espinhosa
quase desaparecem (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
2.1.1.1.4 Camada Lúcida
É constituída por várias camadas de células achatadas e intimamente ligadas. As
camadas granulosa e lúcida constituem a chamada camada de transição, com
importante função de barreira entre o meio interno e o exterior, pois impede a saída de
água e impede a entrada de substâncias exógenas (AZULAY e AZULAY, 1999).
A camada lúcida é mais proeminente em áreas de pele espessa e pode estar
ausente em outros locais; não é observada com facilidade (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.1.1.1.5 Camada Córnea
É a camada mais superficial da epiderme. Consiste de vários planos de células
mortas e intimamente ligadas. A partir do momento em que seu citoplasma for
substituído por uma proteína fibrosa denominada queratina, estas células mortas são
referidas como corneificadas. Estas, formam uma cobertura ao redor de toda a
superfície do corpo e não apenas protegem o organismo contra agressões físicas,
químicas e biológicas, como também ajudam a restringir a perda de água do organismo.
Embora a camada córnea seja de pequena espessura (cerca de 20 micrômetros), sua
24. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 11
capacidade de retenção hídrica conserva a superfície da pele macia (GUIRRO e
GUIRRO, 2002; AZULAY e AZULAY, 1999).
2.1.1.2 Derme
É uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre a qual se apóia a epiderme,
comunicando esta com a hipoderme. É suprida por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e
terminações nervosas. Também contém glândulas especializadas e órgãos dos
sentidos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
A derme tem entre 1 a 4 mm de espessura e é constituída essencialmente por
fibroblastos que produzem, entre outros, colágeno e elastina. Estes dois constituintes
vão elaborar uma matriz que circunda as células e as estruturas dérmicas (SIMÕES,
2001).
São as fibras colágenas e elásticas que conferem à pele sua capacidade de
distender-se quando tracionada, voltando ao estado original desde que cesse a tração
(DÂNGELO e FATTINI, 1995).
Observa-se na derme a camada papilar, a mais superficial, e a camada reticular,
a mais profunda (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
2.1.1.2.1 Camada Papilar
É delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo. Nesta camada foram
descritas fibrilas especiais de colágeno, que se inserem na lâmina basal e penetram
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profundamente na derme. Estas fibrilas teriam a função de prender a derme à epiderme
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
2.1.1.2.2 Camada Reticular
É a mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso, e é assim
denominada devido ao fato de que os feixes de fibras colágenas que a compõem
entrelaçam-se em um arranjo semelhante a uma rede (GUIRRO e GUIRRO, 2002;
JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
Ambas as camadas contêm muitas fibras elásticas, responsáveis, em parte,
pelas características de elasticidade da pele. Uma grande diferença entre as duas
camadas diz respeito ao seu conteúdo de capilares. A camada papilar apresenta um
suprimento sanguíneo bastante rico, enquanto na camada reticular os capilares são
raros (GUIRRO e GUIRRO , 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).
2.1.1.2.3 Colágeno
O colágeno é uma proteína fibrosa, formada a partir da polimerização do
tropocolágeno, substância excretada pelos fibroblastos. A parte mais interior da derme
contém colágeno num estado de compactamento elevado, enquanto que a parte mais
exterior da derme contém colágeno numa forma mais laxa (SIMÕES, 2001).
As fibras colágenas compreendem 95% do tecido conectivo da derme. Os feixes
colágenos espessam-se da superfície para a profundidade, sendo mais finos na derme
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papilar e, grossos, entrelaçados e paralelos à superfície, na derme reticular. O colágeno
tem como função fornecer resistência e integridade estrutural a diversos tecidos e
órgãos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992).
2.1.1.2.4 Elastina
Tal como o colágeno, a elastina é produzida por um precursor secretado pelos
fibroblastos. Está organizada em fibras curtas e sobrepostas. É responsável pela
elasticidade da pele (SIMÕES, 2001).
2.1.2 HIPODERME OU TELA SUBCUTÂNEA
Tecido sobre o qual a pele repousa, formado por tecido conjuntivo que varia do
tipo frouxo ou adiposo ao denso nas várias localizações e nos diferentes indivíduos.
Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva participa no
isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo à pressões e traumatismos
s
externos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; GARTNER e HIATT, 1999; SAMPAIO, CASTRO
e RIVITTI, 1992).
A tela subcutânea compõe-se em geral de duas camadas, das quais a mais
superficial é chamada de areolar, que é composta por adipócitos globulares e
volumosos, em disposição vertical, onde os vasos sanguíneos são numerosos e
delicados. Na camada lamelar, mais profunda, ocorre aumento de espessura no ganho
de peso, com aumento de volume dos adipócitos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
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A proporção dessas camadas varia de acordo com diversos fatores: espessura
da pele (na pele espessa a camada areolar é preponderante sobre a lamelar, na pele
fina ocorre o inverso), região e segmento corporal, sexo (a mulher tem a camada
areolar mais espessa), idade (a camada areolar é mais espessa no adulto) (GUIRRO e
GUIRRO, 2002).
2.1.3 MICROCIRCULAÇÃO DA PELE
Apesar das variações topográficas da disposição vascular da pele, os vasos
cutâneos constituem sempre um plexo profundo em conexão com um plexo superficial.
O plexo profundo situa-se em nível dermo-hipodérmico e é formado por arteríolas,
enquanto o plexo superficial localiza-se entre as camadas papilar e reticular e é
composto por capilares, vênulas e arteríolas (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992).
A coloração rósea da pele é principalmente causada pelo sangue nas amplas
vênulas do plexo superficial, também chamado plexo subpapilar (CORMACK, 1991).
Os capilares que formam o plexo vascular dérmico não só transportam os
nutrientes, como são responsáveis pela termorregulação corporal e ainda pela
absorção de substâncias que tenham conseguido ultrapassar a barreira epidérmica
(SIMÕES, 2001).
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2.1.4 SISTEMA LINFÁTICO
O sistema linfático representa uma via acessória pela qual o líquido pode fluir
dos espaços intersticiais para o sangue. E, o que é mais importante, os linfáticos podem
transportar proteínas e material em grandes partículas, para fora dos espaços teciduais,
nenhum dos quais pode ser removido por absorção direta pelos capilares sanguíneos
(GUYTON e HALL, 1997).
Consiste de um conjunto particular de capilares, vasos coletores, troncos
linfáticos e linfonodos que servem como filtros do líquido coletado pelos vasos e pelos
órgãos linfóides que são encarregados de recolher, na intimidade dos tecidos, o líquido
intersticial e reconduzí-lo ao sistema vascular sanguíneo. Quando o líquido intersticial
passa para dentro dos capilares recebe o nome de linfa, que apresenta uma
composição semelhante ao plasma sanguíneo. A linfa difere do sangue justamente por
não conter células sanguíneas. A linfa absorvida nos capilares linfáticos é transportada
para os vasos pré-coletores e coletores, passa através de vários linfonodos, sendo aí
filtrada e recolocada na circulação até atingir os vasos sanguíneos (LEDUC e LEDUC,
2000).
Os vasos linfáticos estão dispostos em alças ao longo da derme papilar,
reunindo-se num plexo linfático subpapilar que através da derme desemboca num plexo
linfático profundo, de localização dermo-hipodérmica (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI,
1992).
29. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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2.2 FIBRO EDEMA GELÓIDE
2.2.1 DEFINIÇÃO
Para descrever ou definir o fibro edema gelóide é preciso ficar clara a
inadequação do termo para se designar esta afecção, a qual não afeta
preferencialmente o elemento celular. Este erro de conceituação existe há muitos anos
e ainda hoje conduz a várias controvérsias e discussões (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Celulite, palavra de origem latina, cellulite, quer dizer inflamação do tecido
celular, derivada do adjetivo celulae, que significa células, mais o sufixo ite, indicativo
de inflamação, o que não define o seu verdadeiro significado (GUIRRO e GUIRRO,
2002; PARIENTI, 2001).
Alguns outros termos são utilizados para designar a celulite, na tentativa de
adequar o nome às alterações histomorfológicas encontradas, dentre eles estão: a
Lipodistrofia Ginóide – Lipodistrofia significa gordura com crescimento anormal e
Ginóide faz referência ao sexo feminino; Paniculopatia Fibroesclerótica – Paniculopatia
é uma doença do tecido adiposo e Fibroesclerótica quer dizer endurecimento pelo
tecido fibroso; Lipodistrofia Edematofibroesclerótica – onde Edematofibroesclerótica
significa inchaço, retração e endurecimento. Contudo, a denominação de Fibro Edema
Gelóide (FEG) tem-se demonstrado como o conceito mais adequado para descrever o
quadro historicamente conhecido e erroneamente denominado de celulite (GUIRRO e
GUIRRO, 2002; CIPORKIN, 1992).
30. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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O fibro edema gelóide afeta os tecidos cutâneo e adiposo em diversos graus,
portanto ocorre comprovadamente nesta disfunção uma série de alterações estruturais
na derme (pele), na microcirculação e nos adipócitos. Sem dúvida trata -se de uma
desordem localizada que afeta o tecido dérmico e subcutâneo, com alterações
vasculares e lipodistrofia com resposta esclerosante, que resulta no inestético aspecto
macroscópico (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Para HORIBE (2000), o fibro edema gelóide é uma alteração genuína e
locorregional do panículo adiposo subcutâneo, determinante do formato corporal
característico da mulher, com perda do equilíbrio histofisiológico local e que atinge
principalmente a região dos quadris e coxas.
Segundo ZANI (1994), o fibro edema gelóide é uma disfunção crônica, sem
características inflamatórias, que acomete as células gordurosas da tela subcutânea, e
que ocorre quando há uma alteração na estrutura e disposição anatômica do tecido
gorduroso subcutâneo.
Para LEITE (2003), o fibro edema gelóide inicia com um aumento de líquido
dentro do adipócito, com conseqüente mudança no seu pH e alterações nas trocas
metabólicas. O adipócito comprime as células nervosas provocando dor à palpação e
devido ao aumento de tamanho ocorre a distensão do tecido conjuntivo, com perda da
elasticidade. O organismo responde a essas alterações formando tramas de colágeno
que tentam encapsular todo o extravasamento do adipócito. Formam-se assim, os
nódulos, que desenvolvem o aspecto em casca de laranja.
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O fibro edema gelóide é uma afecção benigna que atinge as mulheres, não
apresentando risco de vida ou potencial inabilitante, porém, um problema que afeta a
vida afetiva, causando importante desconforto emocional (NETO et al., 2003).
Segundo CARDOSO (2002), o fibro edema gelóide resulta, na maioria dos
casos, de um problema circulatório, uma vez que a circulação se processa lentamente.
Assim, os capilares se enfraquecem, propiciando a perda do plasma para o exterior dos
vasos sanguíneos e conseqüentemente levando ao aumento de líquido nos espaços
intercelulares. O organismo então reage criando uma barreira fibrosa, que encarcera as
células adiposas desenvolvendo, então, o fibro edema gelóide.
2.2.1.1 Definição Histológica
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), o fibro edema gelóide é uma infiltração
edematosa do tecido conjuntivo, não inflamatória, seguida de polimerização da
substância fundamental que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica
consecutiva.
2.2.1.2 Definição Etiopatológica
Acredita-se que uma alteração do fibroblasto causada por diversos fatores faz
com que as glicosaminoglicanas sofram alterações estruturais (hiperpolimerização),
elevando seu poder hidrofílico e a pressão osmótica intersticial (GUIRRO e GUIRRO,
2002).
32. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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Segundo PARIENTI (2001), esta alteração leva à hiperviscosidade da substância
fundamental ligada à estase capilovenular e linfática. Desencadeia-se, então, uma série
de sinais com transformação do tecido adiposo, em tecido celulítico. Estabelece-se um
verdadeiro círculo vicioso. Isso traduz uma descompensação histoangiológica que
evolui em quatro fases:
Ø 1ª fase: estase venosa e permeabilidade capilar anormal. Ela se traduz por uma
congestão do tecido subcutâneo com vasodilatação, bloqueios conjuntivos,
seguida de uma exsudação plásmica com formação de um edema intersticial.
Ø 2ª fase: organização progressiva e colagenização do exsudato plásmico. O
fenômeno de estase acentua-se. A parede dos vasos capilares torna-se porosa e
por esse motivo deixa de filtrar, no tecido subcutâneo, o soro que contém
mucopolissacarídeos e sódio. Esta etapa vai dissociar a trama das fibras
conjuntivas. Por essas razões, a pele perde sua elasticidade.
Ø 3ª fase: sulcos celulíticos. O fibrócito desencadeia a produção de elementos
fibrosos inelásticos que se entremeiam até dividir a hipoderme em
compartimentos com múltiplos alvéolos. A quantidade de adipócitos organiza-se
em micronódulos.
Ø 4ª fase: fase fibrocicatricial com alteração dos capilares. Os micronódulos
comprimem as arteríolas, os nervos. As fibras conjuntivas aderem
superficialmente à pele e em profundidade às aponeuroses musculares.
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2.2.1.3 Definição Clínica
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), trata-se de um espessamento não
inflamatório das capas subepidérmicas, às vezes doloroso, que se manifesta em forma
de nódulos ou placas de variada extensão e localização.
Devido a esta modificação na textura dos tecidos subcutâneos superficiais ocorre
aumento da sensibilidade e diminuição da mobilidade por meio de fenômenos de
aderência superficial e profunda (PARIENTI, 2001).
Trata-se de um tecido mal-oxigenado, subnutrido, desorganizado e sem
elasticidade, resultante de um mau funcionamento do sistema circulatório e das
consecutivas transformações do tecido conjuntivo. Com este quadro histopatológico,
compreende-se a aparência nodulosa na epiderme, e em fases mais avançadas a dor
ao contato, à pressão ou palpação (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.2 ETIOPATOGENIA
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), não se pode falar em causa, visto que
seria impossível garantir sua verdadeira influência, não sendo possível isolar cada um
desses fatores, que somados, contribuem para o aparecimento do distúrbio. De
maneira geral pode-se delinear uma etiologia para o fibro edema gelóide, enumerando
e subdividindo os fatores que provavelmente desencadeiam o processo em três
classes: fatores predisponentes, determinantes e condicionantes. Além disso, várias
teorias se postulam como candidatas para tentar explicar o desenvolvimento do fibro
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edema gelóide. Cada uma guarda propriedades que justificam seu grau de aceitação e
se complementam entre si.
2.2.2.1 Fat ores Predisponentes
São fatores que somados a outros se pode ter uma probabilidade razoável de
instalação do fibro edema gelóide (LOPES, 2003; GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI,
2001).
Ø Genéticos: São fornecidos pela presença de genes múltiplos com capacidade de
expressão em pele de tecido celular subcutâneo de certas regiões. Depende de
uma aptidão individual à capacidade de resposta (ROSSI, 2001). Segundo
GUIRRO e GUIRRO (2002), a incidência para o desenvolvimento do fibro edema
gelóide é maior na raça branca, quando comparada à raças negra e amarela.
s
Ø Sexo: Segundo ZANI (1994), o fibro edema gelóide acomete preferencialmente
as mulheres, representando 95% dos casos. GUIRRO e GUIRRO (2002),
ressaltam que a mulher apresenta um número duas vezes maior de adipócitos
em relação ao homem e que, o corpo feminino tem tendência ao acúmulo graxo
nos glúteos e coxas, gordura sexo-específica, ao passo que no homem, tais
acúmulos situam-se predominantemente no abdome.
Os estrógenos estimulam enzimas que produzem uma acumulação de
gordura nos adipócitos, com conseqüente aumento de tamanho. Por outro lado,
os estrógenos produzem retenção de líquidos gerando edema, ou seja,
infiltração de líquido dentro e fora das células, com surgimento de uma
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substância de aspecto gelatinoso que aumenta ainda mais o tamanho do
adipócito. Esses dois processos tendem a comprimir os pequenos vasos
sanguíneos, produzindo uma circulação deficiente e dor (BERTRANOU, 2003).
As fibras do tecido conjuntivo das mulheres são mais separadas que as
dos homens, mas não são entrelaçadas em forma reticular, o que favorece a
insuflação das células gordurosas depositadas. Seu número, entretanto, oscila
durante a vida, assim como o seu tamanho, que é influenciado pelos hábitos de
vida, idade, hormônios. Antes da puberdade o tecido conjuntivo conectivo de
ambos os sexos é exatamente igual. As fibras do tecido conjuntivo encontram-se
dispostas cruzadas e interlaçadas, formando uma trama firme que mantém os
lóbulos adiposos no fundo da hipoderme, impedindo sua subida. Sob o estímulo
dos hormônios sexuais femininos, o cruzamento das fibras é desfeito e as fibras
tomam uma posição paralela umas em relação às outras, ficando num ângulo de
aproximadamente 90º em relação à superfície da pele. Esta alteração torna-se
necessária para uma eventual gestação, mas favorece o aparecimento de fibro
edema gelóide. O tecido masculino normal, ao contrário do feminino, mantém as
fibras cruzadas e inclinadas num ângulo de aproximadamente 45º por toda a vida
(LEITE, 2003).
Ø Idade: As primeiras alterações do fibro edema gelóide apresentam-se muitas
vezes ainda durante a puberdade. Neste período, as alterações hormonais
elevam a taxa de estrogênios no sangue. Isto ativa não somente o ciclo
menstrual e a puberdade, mas também modifica a situação na região entre a
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pele e a hipoderme. O tecido conjuntivo torna-se espesso, permitindo que
moléculas gordurosas ali se depositem (ULRICH, 1982).
Ø Desequilíbrio hormonal: Os estrógenos e a progesterona induzem um tamanho
maior dos adipócitos e um número maior em certos locais. A testosterona faz
com que o tamanho e número dos adipócitos localizados nas regiões
trocantéricas sejam reduzidos. Os catecolestrógenos, considerados metabólitos
dos estrógenos, são produzidos com o extravasamento causado pela estase
circulatória. Estas substâncias competem com as catecolaminas que têm sua
taxa diminuída, ocasionando diminuição de glutation e cisteína. Esta redução
ocasiona uma série de alterações metabólicas, decisivas na etiologia da celulite,
pois a diminuição da taxa de glutation retarda o metabolismo celular, com
acúmulo de toxinas e metabólitos. Produz também um aumento da quantidade
de homocisteína que inibe a formação de pontes transversais entre o colágeno e
elastina, desestruturando o tecido conjuntivo. Por outro lado, ocorre uma redução
do metabolismo dos hormônios tireoideanos (na transformação de T4 em T3). A
diminuição de T3 provoca a diminuição da hialuronidase (que despolimeriza os
mucopolissacarídeos) com conseqüente aumento da viscosidade da substância
fundamental, com diminuição da difusão intercelular. A lipólise também se acha
diminuída pela redução do T3, produzindo um maior acúmulo de triglicérides intra
adipocitários (ROSSI, 2001).
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2.2.2.2 Fatores Determinantes
Estes fatores estabelecem que uma pessoa do sexo feminino, fumante, com
maus hábitos alimentares e ainda com um desequilíbrio hormonal, será alvo de fácil
acesso para as infiltrações teciduais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Ø Estresse: Segundo ZANI (1994), a ansiedade afeta as secreções hormonais,
interferindo no tecido gorduroso subcutâneo. Assim, pessoas agitadas,
sobrecarregadas de preocupações e problemas, têm maior propensão para
adquirir o fibro edema gelóide.
Ø Fumo: O uso, isolado ou concomitante, de café e fumo, favorece em grande
escala o aparecimento do fibro edema gelóide, ou o seu agravamento,
principalmente por alterações na microcirculação (ROSSI, 2001).
Ø Sedentarismo: A falta de exercício físico agrava tanto as alterações vasculares
quanto às das fibras; ambos os fatores concorrem para a deterioração do tecido
conjuntivo, que não consegue mais desempenhar a contento suas funções
(LEITE, 2003).
Ø Desequilíbrios glandulares e perturbações metabólicas do organismo em geral:
diabetes, hipotireoidismo e altas dosagens de cortisona determinam o
aparecimento do fibro edema gelóide (ROSSI, 2001).
Ø Maus hábitos alimentares: Uma dieta rica em gorduras e hidratos de carbono ou
mesmo o baixo consumo hídrico e excessivo consumo de sal agravam o quadro
microcirculatório com aumento da resistência capilar. Açúcares refinados,
alimentos gordurosos, chocolate e refrigerantes são alimentos que agravam o
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quadro metabólico. Recomenda-se ingesta hídrica em torno de 2 litros por dia
(ROSSI, 2001). O gás das bebidas, o gás carbônico – CO2, transforma-se,
quando dissolvido na água, em ácido carbônico. O excesso desta substância na
derme e hipoderme provoca a acidificação dos tecidos, cujo pH é normalmente
levemente alcalino. A alteração do pH provoca o endurecimento das fibras
protéicas (colágeno e elastina), que perdem sua capacidade de reter líquido,
com diminuição da elasticidade da pele e do tecido adiposo, além de induzir
alterações de permeabilidade e resistência dos capilares sanguíneos (LEITE,
2003).
Ø Patologias de base: As alterações renais e hepáticas, principalmente nos
quadros de insuficiência, concorrem para a piora do quadro, pela baixa
capacidade de filtração/eliminação das toxinas, além da perda (renal) ou falta de
produção (hepática) protéica, com diminuição da pressão oncótica e aumento do
transudato. Problemas circulatórios, insuficiência de retorno venoso e varizes
agravam o bloqueio da microcirculação, favorecendo também o extravasamento
de líquidos ao interstício, aumentando o edema, com conseqüente compressão
da microcirculação, agravando o quadro do fibro edema gelóide (ROSSI, 2001).
Ø Alterações posturais e ortopédicas: Hiperlordose lombar, anteversão pélvica,
joelhos valgos ou varos, são atribuídos, mas não confirmados, como
perturbações hemodinâmicas importantes, a ponto de serem fatores
condicionantes da etiologia do fibro edema gelóide. MARINO 1 (1985 apud
1
MARINO, M.I. Celulite e alterações posturais Tema Livre apresentado no VII Congr. Bras. De
.
Fisioterapia, Belo Horizonte, MG, 1985.
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n. 01-2004 ISSN 1678-8265 26
GUIRRO e GUIRRO, 2002), defende tal etiologia a partir da constatação de que
de 89 pacientes portadores de fibro edema gelóide, 85 deles (aproximadamente
95,5%) apresentavam hiperlordose lombar com anteversão pélvica. Salienta
ainda que a localização do fibro edema gelóide na região dos quadris, região
pélvica e porção superior da face externa da coxa é caracterizada pela presença
da hiperlordose lombar.
Ø Hábitos posturais e compressão interna: A posição preferencial durante o dia,
como o hábito de se sentar, pode, pela compressão das cadeias ganglionares da
região poplítea a inguino crural, agravar o quadro celulítico, pela resistência
oferecida à circulação de retorno veno-linfático, favorecendo a manutenção do
edema loco regional. A falta de orientação no uso do vestuário, com vestimentas
apertadas, causando compressão do plexo dérmico superficial por um longo
período, contribuem para a instalação de edema de toda a região comprimida,
com agravamento ou aparecimento do quadro. A gravidez atua como
componente mecânico dificultando o retorno venoso dos membros inferiores; o
aumento do estrogênio e progesterona concorre para diminuição da tonicidade
das paredes vasculares, favorecendo sua dilatação com conseqüente alteração
da permeabilidade vascular (ROSSI, 2001).
2.2.2.3 Fatores Condicionantes
A partir dos fatores acima citados criam-se perturbações hemodinâmicas locais,
que podem:
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Ø Aumentar a pressão capilar;
Ø Dificultar a reabsorção linfática;
Ø Favorecer a transudação linfática nos espaços intersticiais.
Estes fatores promovem alterações no tecido conjuntivo, e fazem com que ele se
torne mais hidrófilo. Assim sendo, o tecido passa a reter maior quantidade de água,
ocasionando um trânsito mais lento de líquidos na região, que associado a outros
fatores, principalmente hormonais, criam condições propicias à maior deposição de
gordura (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.2.4 As Teorias
2.2.2.4.1 Teoria Alérgica
LAGÉZE 2 (1929 apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), afirmou a natureza alérgica do
fibro edema gelóide, reconhecendo 3 etapas sucessivas:
Ø A primeira fase congestiva da invasão serosa, produzindo infiltração ainda
flácida, porém já dolorosa;
Ø A segunda fase de hiperplasia e formação fibrosa relacionada com uma
exsudação fibrinosa. É chamada de colagenização, com aspecto nodular,
aumentando de volume;
2
LAGÉZE, P. Sciatiques et Infiltrat Cellulalgiques. Thesis Méd, Lyon, 1929.
41. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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Ø A terceira fase de retração esclerosa, atrófica e cicatricial, irreversível, sendo
nervos e vasos encerrados em uma massa comprimida.
No decorrer desses 3 estados, pode-se observar a inexistência de fenômenos
inflamatórios, invocando, então, a natureza alérgica do fibro edema gelóide, a partir do
exame de cortes que mostram um exsudato de origem vascular, resultando de um
fenômeno de vasodilatação acentuada de controle nervoso, igual aos observados nas
manifestações anafiláticas. O fibro edema gelóide seria uma série de edemas se
repetindo e deixando persistir uma certa porção de exsudatos sobre os quais viria a se
enxertar um novo surto.
2.2.2.4.2 Teoria Tóxica
Para LAROCHE3 (1941 apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), o fibro edema gelóide
deve ser considerado como uma reação do organismo às toxinas que o invadem, por
insuficiência hepática ou renal. O acúmulo de resíduos (ácido úrico, colesterol, ácido
lático) tende a provocar um aumento de volume nas células e uma reação o que
causaria o aparecimento do fibro edema gelóide; logo, este seria um estado reativo de
natureza defensiva contra uma intoxicação tornando-se um processo cicatricial.
3
LAROCHE, G. Sur queques erreurs graves par mecannaissance de la cellulite. Press Méd, 42 -521,
1941.
42. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 29
2.2.2.4.3 Teoria Circulatória
MERLEN4 (1958 apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), reconheceu no fibro edema
gelóide uma origem hemodinâmica de natureza alérgica. Causas mais diversas têm
sido invocadas para explicar o déficit circulatório: restrições mecânicas externas, como
o uso de certos vestuários muito apertados, ou causas endógenas, como certas
modificações do estado físico-químico da substância fundamental conjuntiva, impedindo
a livre circulação dos líquidos intersticiais. A má circulação dos tecidos, causada por
uma estase devida à presença de varizes, favorece a formação do fibro edema gelóide,
pois a estagnação do sangue não permite uma boa nutrição.
2.2.2.4.4 Teoria Metabólica
DUVAL5 (1954, apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), menciona uma perturbação
nutritiva histológica de natureza metabólica e de caráter distrófico. Esse desvio
metabólico levaria a uma diminuição do anabolismo protéico e aumento do anabolismo
lipídico. Sugere-se que o fibro edema gelóide resulte de um acúmulo acima do normal
de gorduras, essencialmente por ácidos graxos saturados, às custas dos ácidos graxos
etilênicos.
4
MERLEN, J.F. La cellulite, entila clinique et mecanisme pathogenique. Concours Med., 80-2311,
1958.
5
DUVAL, A. R. Diagnostic et tratement de la cellulite. Sem. Med., 30:852, 1954.
43. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 30
2.2.2.4.5 Teoria Bioquímica
Essa hipótese afirma que, quaisquer que sejam as causas, o fibro edema gelóide
resulta, em última instância, de uma perturbação da fisiologia molecular no íntimo da
matriz intercelular conjuntiva, e, muito especialmente, de uma polimerização dos
mucopolissacarídeos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; CIPORKIN, 1992).
2.2.2.4.6 Teoria Hormonal
O fibro edema gelóide foi, de início, considerado como resultante de uma
deficiência glandular e, depois, atribuído a um estado de hiperfunção hormonal. O
estrógeno é o principal hormônio envolvido e principal responsável pelo agravamento
do fibro edema gelóide. São evidências desse fato: a maior incidência em mulheres,
surgimento após a puberdade, ciclo menstrual, agravamento com a gestação, lactação
e estrogenioterapia, além de sua relação com outros hormônios que interagem no fibro
edema gelóide (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.3 IDENTIFICAÇÃO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Um interrogatório bem conduzido certamente será de valor inestimável, haja vista
a importante influência que os hábitos diários e antecedentes patológicos, psicológicos
e hereditários exercem sobre a instalação e evolução do fibro edema gelóide (ROSSI,
2001).
44. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 31
Além disso, segundo PARIENTI (2001), a anamnese permite verificar
determinados pontos que irão orientar a estratégia terapêutica.
No exame físico, é importante a propedêutica de inspeção e palpação. A
inspeção deve ser efetuada com a paciente na posição ortostática. A posição de
decúbito não é adequada, uma vez que a acomodação dos tecidos, decorrente da ação
da gravidade, pode mascarar o grau de acometimento dos tecidos. Além das alterações
de relevo inspecionam-se alterações associadas como: coloração tecidual,
telangectasias, varizes, equimoses, estrias, hiperceratose folicular, tonicidade muscular
e alterações posturais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), o primeiro teste para reconhecer o fibro
edema gelóide consiste no “teste da casca de laranja”, onde pressiona-se o tecido
adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmas das mãos, e a pele se
parecerá com uma casca de laranja, com aparência rugosa. O outro teste é
denominado de “teste da preensão” (pinch test). Após a preensão da pele juntamente
com a tela subcutânea entre os dedos, promove-se um movimento de tração. Se a
sensação dolorosa for mais incômoda do que o normal, este também é um sinal do fibro
edema gelóide, onde já se encontra alteração da sensibilidade.
As quatro evidências clínicas encontradas na palpação do fibro edema gelóide,
classicamente conhecidas como “tétrade de Ricoux” são:
Ø Aumento da espessura do tecido celular subcutâneo;
Ø Maior consistência tecidual;
Ø Maior sensibilidade àdor;
Ø Diminuição da mobilidade por aderência aos planos mais profundos.
45. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 32
2.2.4 EXAMES COMPLEMENTARES
O diagnóstico paraclínico torna-se necessário para avaliar a importância das
infiltrações celulíticas, acompanhar a evolução desses acometimentos sob tratamento,
e objetivar a existência de enfermidades (afecções vasculares, tireoideanas, etc.) as
quais será preciso igualmente tratar em paralelo (PARIENTI, 2001).
O diagnóstico clínico de fibro edema gelóide baseado em uma anamnese
adequada, associada à aplicação de testes clínicos, pode ser ampliado por meio de
exames complementares: termografia cutânea, xerografia, ecografia bidimensional e
exames anátomo-patológicos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.4.1 Termografia
Trata-se de um método que mede a emissão infravermelha da superfície
cutânea. O método utiliza placas flexíveis, compostas de cristais termossensíveis de
colesterol, cuja função é avaliar e classificar o fibro edema gelóide de acordo com a
temperatura cutânea superficial, diretamente relacionada com alterações circulatórias
ocasionadas pelo distúrbio. Após o contato placa-pele por alguns segundos, surge um
“mapa” de cores, indicando diferença de temperaturas em áreas localizadas da
superfície cutânea. Imagem com coloração verde ou rosada significa menor
envolvimento circulatório da área, que clinicamente corresponderia ao grau I ou
ausência de fibro edema gelóide. Já zonas que indicam hipotermia, que no exame
aparecem como zonas escuras (“buracos negros” ou “pele de leopardo”), indicam um
46. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 33
grau mais avançado. Embora o exame seja inócuo, como método de avaliação único
não é seguro, pois fatores externos e internos podem alterar significativamente o
resultado do exame, como por exemplo: exposição solar, febre, tabagismo, época do
ciclo menstrual, temperatura e umidade da sala de exames (GUIRRO e GUIRRO, 2002;
PARIENTI, 2001).
2.2.4.2 Xerografia
O método consiste na radiação da pele com raios X. A passagem de radiação
por tecidos com diferentes espessuras, permite a formação de imagens (de cor azul, em
diversas tonalidades) que evidenciam a diversidade de espessuras dos tecidos
conjuntivos e musculares. Trata-se de um exame não inócuo que deve ser prescrito
apenas por médicos; além disso, não permite uma avaliação de alterações
microcirculatórias (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.4.3 Ecografia Bidimensional
Avalia a textura dos tecidos conjuntivos, bem como suas espessuras, sendo
possível a observação da ocorrência de edemas nestas regiões. Utilizando-se o método
associado ao efeito “Doppler”, pode-se avaliar também a circulação local (GUIRRO e
GUIRRO, 2002).
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2.2.4.4 Exame Anátomo-Patológico
Tem o inconveniente de ser um método invasivo. O exame pode ser realizado
através de biópsias com “punches” de 4 mm de diâmetro. As colorações aplicadas
podem ser, por exemplo, fucsina resorcina e fucsina ácida (Weigert – Van Gieson),
sendo demonstrativa de fibras elásticas, colágenas e musculares lisas, dentre outras
colorações (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.4.5 Impedância Bioelétrica
Mede a resistência à passagem de uma corrente elétrica através do corpo.
Impedância é menor em tecidos magros onde os eletrólitos e a água são bons
condutores de eletricidade, e maior na gordura que tem um conteúdo de água
diminuído. É proporcional ao volume total de água corporal. A fração de hidratação do
tecido magro permite calcular a massa magra; a diferença é a gordura corporal total. O
erro é de 0,3 a 5% (NETO et al., 2003).
2.2.5 ESTÁGIOS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
A classificação do fibro edema gelóide pode ser dividida em três ou quatro graus,
de acordo com o aspecto clínico e histopatológico. Entretanto, a classificação em
apenas três graus, a qual apresenta as alterações clínicas mais marcantes, é a
48. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 35
classificação mais condizente com a anamnese de rotina nos consultórios (GUIRRO e
GUIRRO, 2002).
Segundo ULRICH (1982), as lesões teciduais surgem em três estágios, sendo
esta classificação fundamentada na avaliação clínica, não fazendo menção às
alterações histopatológicas. São consideradas as alterações cutâneas macroscópicas e
a sensibilidade à dor, bem como o prognóstico.
2.2.5.1 Fibro Edema Gelóide Brando (Grau 1)
Somente é percebido pela compressão do tecido entre os dedos ou da contração
muscular voluntária. Nesta fase, não há alteração da sensibilidade à dor e, quanto ao
prognóstico, é sempre curável (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.5.2 Fibro Edema Gelóide Moderado (Grau 2)
As depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos, sujeitas,
portanto, a ficarem mais aparentes mediante a compressão dos mesmos. Já apresenta
alteração da sensibilidade, e é freqüentemente curável (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.5.3 Fibro Edema Gelóide Grave (Grau 3)
O acometimento tecidual pode ser observado tanto em posição ortostática como
em decúbito. A pele fica enrugada e flácida. A aparência assemelha-se a um “saco de
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nozes”. A sensibilidade à dor está aumentada e as fibras do conjuntivo estão quase
totalmente danificadas. Nesta fase, o fibro edema gelóide é considerado como
incurável, ainda que passível de melhora (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Os estágios do fibro edema gelóide não são totalmente delimitados, podendo
ocorrer uma sobreposição de graus em uma mesma área de uma mesma paciente
(GUIRRO e GUIRRO, 2002).
No que se refere a anatomia patológica do fibro edema gelóide, LAGÉZE2 (1929
apud GUIRRO e GUIRRO, 2002) a descreveu e a subdividiu em quatro fases. Foi o
primeiro a ter descrito tal anatomia, complementando os achados histológicos
apresentados por outros autores. As fases são:
Ø Primeira Fase: Não é percebida pelos pacientes; é uma fase breve, puramente
circulatória, que comporta essencialmente uma estase venosa e linfática. Disso
sofrem as estruturas do tecido, seguindo-se uma outra fase.
Ø Segunda Fase: Considerada como a fase exsudativa, nela a dilatação
arteriocapilar provocada pela estase acentua-se, sendo o tecido celular invadido
por um composto de mucopolissacarídeos e eletrólitos. Tal exsudato dissocia as
fibras conjuntivas e altera as terminações nervosas da região.
Ø Terceira Fase: É a fase dos nódulos propriamente ditos. Aparecem os
fibroblastos, formando um arcabouço fibroso, que progressivamente vai se
transformando em colágeno.
2
LAGÉZE, P. Sciatiques et Infiltrat Cellulalgiques. Thesis Méd, Lyon, 1929.
50. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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Ø Quarta Fase: Com fibrose cicatricial, atrófica e irreversível. Há retração
esclerótica. As arteríolas são atingidas, ocorrendo uma endoarterite e uma
periarterite, sendo os nervos comprimidos pelo conjunto de fibroses.
2.2.6 FORMAS CLÍNICAS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Segundo classificação feita por LEONARD 6 (1970 apud GUIRRO e GUIRRO,
2002) distinguem-se três tipos de fibro edema gelóide, sendo que pode-se entender
essas alterações teciduais como decorrência da tonicidade muscular associada ao
problema.
2.2.6.1 Fibro Edema Gelóide Consistente (Duro)
A pele está tensa e apresenta característica granulosa sub dérmica. A derme
está espessada e aderente aos planos profundos, oferecendo resistência a sua
mobilização. Sua incidência é maior em pessoas jovens e traduz estágios iniciais da
patologia (ROSSI, 2001).
As zonas atingidas conservam geralmente uma conformação bastante regular e
uniforme. Nesta forma, não são comuns as grandes deformações. Com uma
regularidade quase constante percebem-se varicosidades, equimoses e extremidades
frias. A pele fica cada vez mais seca, rugosa, e apesar do espessamento cutâneo
6
LEONARD, G.J. A celulite – causas e tratamentos. Publ. Europa-América, 1970.
51. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
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verificamos que a epiderme é de uma textura muito fina e delicada, podendo apresentar
estrias. Essa forma aparente do distúrbio é normalmente encontrada em indivíduos que
praticam atividade física constantemente, apresentando inclusive a musculatura bem
definida (GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI, 2001).
2.2.6.2 Fibro Edema Gelóide Brando ou Difuso (Flácido)
É a forma mais importante, tanto em número quanto nas manifestações
aparentes. Pode apresentar-se em grandes ou pequenas proporções, em indivíduos
com hipotonia muscular. Nestes casos, encontram-se os tecidos superficiais sem a
menor consistência, com as regiões atingidas manifestando uma deformação total,
tornando-se difícil encontrar os contornos da área afetada. Com o movimento, nota-se
uma oscilação dos tecidos superficiais. Na maioria das vezes é encontrado nos
indivíduos que obtiveram perda de peso sem a associação da atividade física. Nos
casos de indivíduos com peso normal ou abaixo, essa forma de fibro edema gelóide
normalmente pode ser encontrada naqueles que são sedentários, os quais apresentam
a massa muscular pouco desenvolvida (GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI, 2001).
2.2.6.3 Fibro Edema Gelóide Edematoso
Apresenta um aspecto exterior de um edema tecidual puro e simples, e a
consistência da pele é pastosa. Encontra-se quase que exclusivamente nos membros
inferiores. Apresenta consistência variável, às vezes muito firmes ou por vezes flácidas,
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situando-se quase sempre num grau médio entre esses dois extremos. Encontramos a
forma edematosa do fibro edema gelóide em qualquer faixa de idade ou de peso. Há
sinais e sintomas que destacam o comprometimento circulatório, como insuficiência de
retorno veno-linfático, varizes, telangectasias, fragilidade capilar, equimoses, prurido
local, sensação de pernas cansadas e fadiga muscular (GUIRRO e GUIRRO, 2002;
ROSSI, 2001).
2.2.7 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS
O fibro edema gelóide é um distúrbio de etiologia multifatorial; sendo assim, os
melhores resultados são obtidos com procedimentos variados e complementares entre
si, sendo ainda muito importante a orientação da paciente para uma manutenção e/ou
complementação doméstica (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Para isso, o tratamento envolve diversos profissionais, que dispõem de uma
gama de tratamentos e recursos que, quando perfeitamente integrados, proporcionam
bons resultados. Porém vale salientar que os melhores resultados serão obtidos quando
o corpo for submetido a um tratamento que recupere a saúde e não que vise somente a
eliminação do fibro edema gelóide. Sendo assim, a Fisioterapia Dermato Funcional
dispõe de diversas técnicas que possuem finalidades positivas no tratamento do fibro
edema gelóide (GUIRRO e GUIRRO, 2002; FRANCISCHELLI, 2003).
53. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265 40
2.2.7.1 Prevenção
Segundo ROSSI (2001) existem algumas medidas úteis na prevenção do fibro
edema gelóide:
Ø Quando há edema associado, torna-se importante a redução de sódio e hidratos
de carbono, para se diminuir a retenção hídrica intersticial;
Ø Como o silício participa ativamente da síntese de colágeno, é interessante um
aumento no fornecimento de fibras, ricas em silício;
Ø Em caso de sobrepeso, o balanço calórico deverá ser negativo, com diminuição
da ingesta associada preferentemente com o aumento do gasto calórico;
Ø O vestuário não deverá ser constritivo, para não permitir a compressão da rede
linfática superficial e venosa;
Ø A posição preferencial durante o dia deverá ser corrigida, evitando-se a
compressão de linfáticos do cavo poplíteo e inguino-crural, presente em pessoas
que trabalham sentadas;
Ø A atividade física deve ser estimulada;
Ø Os hábitos tóxicos devem ser abandonados ou reduzidos, principalmente o
fumo;
Ø Técnicas de relaxamento devem ser introduzidas, visando diminuir o estresse
diário.
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2.2.7.2 Tratamento Cirúrgico
Subcisão é uma técnica que consiste na introdução de uma agulha, com ponta
cortante, por baixo do furinho da celulite, para cortar as fibras que repuxam a pele,
desfazendo os nódulos. Além de liberar a pele, o hematoma decorrente do trauma leva
à formação de tecido colágeno na região, que também ajuda a elevar a pele. É
necessária a anestesia local. O procedimento só pode ser realizado por médicos
habilitados, e está indicado nos estágios mais avançados da celulite (ALVES, 2003).
A qualidade da pele e principalmente a capacidade de retração cutânea da
paciente, continuam sendo os critérios essenciais para a indicação operatória. O uso de
uma meia elástica durante 24 horas durante 6 semanas é imprescindível após a
intervenção. Os resultados serão visíveis dois meses após a intervenção, mas será
preciso aguardar 6 meses para obter uma cicatrização definitiva (PARIENTI, 2001).
A fisioterapia precoce diminui sobremaneira o risco de complicações, fazendo
uso da drenagem linfática, gelo, ultra-som e laser (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
2.2.7.3 Terapia Medicamentosa
2.2.7.3.1 Mesoterapia
A mesoterapia visa utilizar a derme como receptora e difusora de pequenas
quantidades de medicamentos. Neste grupo incluem-se anestésicos, corticosteróides,
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antibióticos, e outras substâncias utilizadas no tratamento do fibro edema gelóide. A
técnica tem origem francesa (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Esse método consiste em efetuar múltiplas injeções intradérmicas de uma
mistura de diferentes substâncias farmacológicas. Essa mistura é composta de
enzimas, vasodilatadores e de substâncias que auxiliam o metabolismo do tecido
conjuntivo. O composto é injetado com aplicador tipo pistola, o qual porta uma agulha,
geralmente de 4mm, ou simplesmente se efetua a penetração através de pressão. Os
medicamentos vasoativos injetados, potencialmente eficazes, permitem tratar as
enfermidades arteriais, mas principalmente venosas e linfáticas (GUIRRO e GUIRRO,
2002; PARIENTI, 2001).
Faz-se cerca de dez injeções na zona celulítica. Em cada ponto injeta-se 0,05 a
1ml da mistura medicamentosa escolhida. Os seguintes medicamentos podem ser
utilizados: procaína 2%, esberiven, fonzylane. Realiza-se uma sessão por semana
durante 3 semanas e, em seguida, a cada 15 dias durante 2 meses. Posteriormente é
realizada uma sessão por mês durante 6 meses e, finalmente, a cada 2-3 meses como
tratamento de manutenção (PARIENTI, 2001).
A mesoterapia tem como objetivo difundir lentamente esses produtos em
pequenas quantidades, em determinadas regiões do organismo que apresentem sinais
e sintomas de funções anormais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
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2.2.7.3.2 Ativos Farmacológicos
Os ativos farmacológicos utilizados na terapêutica do fibro edema gelóide atuam
no tecido conjuntivo ou na microcirculação, podendo ser utilizados por via tópica,
sistêmica ou transdérmica. Dentre os princípios ativos atuantes na microcirculação
encontram-se os extratos vegetais de hera e castanha-da-índia, ricos em saponinas,
além de ginkgo biloba e rutina, que contêm bioflavonóides. Estes agem diminuindo a
hiperpermeabilidade capilar e aumentando o tônus venoso. Estudos experimentais
demonstraram que o extrato de ginkgo biloba tem ação antiedematosa, melhorando o
retorno venoso e a circulação arterial (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Os princípios ativos conhecidos aos quais são atribuídos efeitos sobre o tecido
adiposo são as metilxantinas (teobromina, teofilina, aminofilina, cafeína, etc.). Os efeitos
sistêmicos da cafeína quando utilizada por via tópica foram testados e revelam que as
taxas séricas obtidas após uso criterioso de um gel hidroalcoólico a 5% foram inferiores
às obtidas após ingestão de uma xícara de café. Dentre os ativos utilizados com ação
no tecido conjuntivo, destacam-se o silício e a Centella asiática. O silício é um elemento
estrutural do tecido conjuntivo, regulador e normalizador do metabolismo e da divisão
celular. Na microcirculação, modifica favoravelmente a permeabilidade capilar venosa e
linfática (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Um estudo duplo-cego efetuado por HACHEM e BOURGOIN 7 (1979 apud
GUIRRO e GUIRRO, 2002) em 35 mulheres afetadas por fibro edema gelóide, com uso
7
HACHEM, A.;BOURGOIN, J. Etude anatomo clinique des effects de I extrait trite de centella
asiatica dans la lipodystrophie localisee. Publi. Therap., supl.AU-2, março, 1979.
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n. 01-2004 ISSN 1678-8265 44
oral de extrato de Centella asiática e placebo. Para evidenciar os r
esultados, foram
executadas biópsias antes e após o tratamento, da região deltóidea e trocantérica. Na
análise histológica evidenciaram a ação da Centella asiática sobre a fibrose paniculada,
podendo explicar assim sua ação sobre o fibro edema gelóide.
2.2.7.3.3 Enzimas de Difusão
As enzimas utilizadas para o tratamento do fibro edema gelóide tratam-se de
mucopolissacaridases e de hialuronidases com ação despolimerizante. As enzimas
podem ser encontradas na forma de comprimidos, supositórios, injetáveis e cremes. A
hialuronidase é uma das enzimas presentes no interstício, sendo encarregada de
manter o equilíbrio hídrico, com a finalidade de assegurar uma absorção normal da
substância fundamental amorfa através de todo o tecido conjuntivo. Despolimerizando o
ácido hialurônico, a hialuronidase reduz a viscosidade do meio intercelular, tornando o
tecido mais permeável à dispersão de outras substâncias e promovendo a reabsorção
do excesso de fluidos, mobilizando edemas e infiltrados no tecido conjuntivo (GUIRRO
e GUIRRO, 2002).
As técnicas de administração de princípios ativos utilizados pela fisioterapia são:
corrente contínua (ionização) e ultra-som (fonoforese). Deve-se evidenciar a não
recomendação dos tratamentos que associam as enzimas ao ultra-som, pois estudos
apontam o efeito deletério que esse recurso físico promove sobre as mesmas (GUIRRO
e GUIRRO, 2002).
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2.2.7.4 Terapia Física
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) o sedentarismo pode contribuir para o
agravamento do fibro edema gelóide através dos seguintes mecanismos:
Ø Diminuição da massa muscular, com aumento da massa gordurosa;
Ø Aumento da flacidez músculo-tendínea;
Ø Diminuição do mecanismo de bombeamento muscular dos membros inferiores,
dificultando o retorno venoso e linfático.
Isto pode favorecer o aparecimento de acúmulos de gordura, nódulos e placas
celulíticas, notadamente na região abdominal, face medial e trocantérica das coxas e
região glútea. O tecido afetado pelo fibro edema gelóide é mal-oxigenado e mal nutrido,
pelo fato da circulação sanguínea e linfática ser deficiente. A atividade física, portanto,
deve ser estimulada, no sentido de se promover uma boa circulação arterial e redução
da estase venosa, além de melhorar a função cardiorrespiratória, o tônus muscular,
aumentar o fluxo linfático e o metabolismo, e prover maior aporte nutricional aos tecidos
comprometidos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI, 2001).
Exercícios regulares melhoram a circulação, ajudam a queimar a gordura e a
tonificar os músculos. Os exercícios aeróbicos de longa duração e de intensidade
moderada são os mais indicados para o tratamento do fibro edema gelóide (ZANI,
1994).
As atividades físicas como caminhadas, corridas, bicicleta, natação e ginástica
aeróbica, são atividades que necessitam de energia para a contração muscular e esta é
ofertada através da degradação das gorduras e açúcares presentes no organismo. As
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gorduras fornecem mais energia que os açúcares, porém sua degradação é mais
demorada, ao contrário dos açúcares que são os primeiros a serem requisitados. Para
que as gorduras possam entrar como fornecedoras de energia os exercícios devem ser
realizados por um intervalo de tempo maior, acima de 20 minutos (FERNANDES, 2003).
Geralmente o fibro edema gelóide manifesta-se de forma localizada, daí a
importância dos exercícios localizados, visando desenvolver a musculatura local,
aumentando o seu tônus. Dentre os exercícios localizados, os exercícios resistidos são
de grande importância para o desenvolvimento da força muscular. Além do exercício
localizado, grande importância deve ser dada aos exercícios respiratórios e de
relaxamento, pois estes melhoram a oxigenação e promovem a diminuição do estresse
físico e mental (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
A força muscular pode também ser alterada quando o tecido mole se encurta
devido à adaptação que ocorre com o tempo. À medida que o músculo se encurta, ele
não é mais capaz de produzir o pico de tensão e desenvolve-se uma fraqueza com
retração. A perda da flexibilidade, pode também causar dor (GUIRRO e GUIRRO,
2002).
2.2.7.5 Eletroterapia
2.2.7.5.1 Corrente Galvânica
É utilizada na sua forma pura (galvanização) ou em associação a drogas
despolimerizantes (iontoforese). No caso da corrente galvânica pura os efeitos podem
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n. 01-2004 ISSN 1678-8265 47
promover um incremento na nutrição do tecido afetado conseqüente ao aumento da
circulação local, que ocorre principalmente no nível do pólo negativo, que é mais
estimulante (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
A iontoforese consiste em fazer penetrar no organismo substâncias
medicamentosas ionizáveis através do revestimento cutâneo por meio de uma corrente
elétrica unidirecional que possui propriedades polares iontoforéticas (PARIENTI, 2001;
ROSSI, 2001).
Segundo PARIENTI (2001), os primeiros resultados aparecem em geral por volta
da 6a ou 7a sessão de ionização. A duração é em média de 20 minutos. O número de
sessões é de 20, podendo-se realizar novas sessões após um descanso de 1 mês.
Existe uma série de ativos utilizados em eletroterapia, obtidos de derivados
vegetais (alcachofra, hera, gingko biloba), minerais (silício, argila verde), tieroideanos
(triiodotiroacetato), enzimas proteolíticas (tiomucase), que quebram as longas cadeias
de mucopolissacarídeos em cadeias menores. Os princípios ativos devem permitir o
aumento do catabolismo lipídico, maior eliminação de água retida no interstício,
promover a despolimerização dos mucopolissacarídeos e incrementar a microcirculação
cutânea (ROSSI, 2001).
2.2.7.5.2 Correntes Diadinâmicas
Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) as correntes diadinâmicas que podem ser
utilizadas no tratamento do fibro edema gelóide são: